UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA PERFIL DA PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE BOVINO PRODUZIDO NO SERTÃO PARAIBANO THIAGO PALMEIRA DA COSTA Zootecnista AREIA FEVEREIRO DE 2010 ii THIAGO PALMEIRA DA COSTA PERFIL DA PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE BOVINO PRODUZIDO NO SERTÃO PARAIBANO Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Zootecnia. Comitê de Orientação: Profª. Drª. Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga (CCS/UFPB) Prof. Dr. Celso José Bruno de Oliveira (CCA/UFPB) Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto (CCA/UFPB) AREIA FEVEREIRO DE 2010 iii Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB. C837p Costa, Thiago Palmeira da Perfil da produção e qualidade do leite bovino produzido no Sertão Paraibano / Thiago Palmeira da Costa. — Areia - PB: CCA/UFPB, 2010. 76 f. : il. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2010. Bibliografia. Orientador (a): Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga. Co-orientador: Severino Gonzaga Neto. 1. Leite– produção– Sertão Paraibano 2. Leite bovino– Qualidade 3. Leite bovino– fatores de risco I. Queiroga, Rita de Cássia Ramos do Egypto (Orientadora) II. Título. UFPB/BSAR CDU: 637.1(043.3) iii iv Pegadas Na Areia (Margareth Fishback Powers) Uma noite eu tive um sonho... Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e através do céu, onde passavam cenas da minha vida. Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro era do Senhor. Quando a última cena passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia. Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso me aborreceu deveras e perguntei então ao Senhor: - Senhor, Tu me disseste que, uma vez que resolvi te seguir, Tu andarias sempre comigo, em todo o caminho. Contudo, notei que durante as maiores atribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia. Não compreendo porque nas horas em que eu mais necessitava de Ti, Tu me deixaste sozinho. O Senhor me respondeu: - Meu querido filho. Jamais eu te deixaria nas horas de provas e de sofrimento. Quando viste, na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas, e neste momento, exatamente neste momento que eu em meus braços... te carreguei. Dedico a este ser superior e ao mesmo tempo consegue ser tão igual, tão parecido, tão perto e presente em toda a minha caminhada, felicidade e conquista... v DEDICO AGRADECIMENTOS Á Deus por me levar em seus braços nas horas difíceis de meu viver... Á minha família, Moacir Martins da Costa, Elisete Francisca Palmeira e Thalys Theodoro da Costa, por toda a criação e amor a mim oferecidos tão carinhosamente, e por me fazer ver que a família é o início de tudo... A minha avó Edvirges por todo o amor e apoio, e por acreditar que eu sou capaz... Ao Programa de Pós Graduação em Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba por me acolher como estudante e me propiciar esta pós-graduação... A Professora Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga, por toda a compreensão e atendimento... Ao Professor Severino Gonzaga Neto por todo o apoio, orientação, consideração e amizade prestados durante estes cinco anos... Ao Professor Celso Bruno, pela colaboração, e seus conselhos acertivos... A Capes por me fornecer o aporte logístico através do programa REUNI, aonde pude alem de tudo poder conviver mais com a instituição que atuo... Ao Samer, peça fundamental na construção desta caminhada, por todo o apoio cultural e amizade a mim oferecidas... Aos meus melhores amigos desta luta infinda, Sidnei, Aldivan e Wiara por simplesmesnte compartilhar a vida... Aos meus sogros Severino e Catarina por terem trazido minha riqueza ao mundo e por todo apoio... Aos meus amigos de luta, Rosângela, Samer, Wellington, Darklê, Aluska, Taisa, Mariany, Henrique, Andréia, Dulciana, Ana Cristina, Ana Paula, Ivan, Tiago, Sidnei, Cleber, Aldivan, Israel por toda a amizade outrora vivida e que se eternizará nos próximos anos do prolongamento dessa vida acadêmica... A minha metade, que pode até não ter sido a primeira a ser lembrada, mas com certeza é, e sempre será a última a ser esquecida, Sara Maria, por me acompanhar em tantas horas difíceis de meu lado, quem sempre me apóia e a quem divido tudo... E por fim a todos que infelizmente não me recordei até o momento da confecção deste trabalho, mas que também contribuíram direta e indiretamente para que eu pudesse realizar este sonho. vi SUMÁRIO Lista de Tabelas............................................................................................. viii Lista de Figuras.............................................................................................. ix Resumo Geral................................................................................................ x Abstract.......................................................................................................... xi CAPÍTULO 1. REFERENCIAL TEÓRICO..................................................... 01 1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 02 1.1 Caracterização da produção e das propriedades leiteiras...... 04 1.2 O leite e o cenário atual.............................................................. 06 1.3 Qualidade microbiológica........................................................... 07 1.4 Contagem de células somáticas................................................ 09 1.5 Composição físico-química........................................................ 11 1.6 Considerações Finais.................................................................. 14 2. BIBLIOGRAFIA................................................................................... CAPÍTULO 2. 15 INFLUÊNCIA DO PERFIL DE PRODUÇÃO NA QUALIDADE FISICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE BOVINO PRODUZIDO NO SERTÃO PARAIBANO...................................................................... 20 Resumo......................................................................................................... 21 Summary....................................................................................................... 22 1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 23 2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 25 2.1 Local de execução....................................................................... 25 2.2 Amostragem “In Loco” e analise............................................... 25 2.2.1 Colheita da amostras......................................................... 25 2.2.2 Densidade e Temperatura................................................. 26 2.2.3 Teste de Acidez Dornic..................................................... 26 2.3 Questionário................................................................................ 27 2.4 Análises Laboratoriais................................................................ 27 2.4.1 Contagem bacteriana total (CBT)..................................... 27 2.4.2 Contagem de células somáticas (CCS)........................... 27 2.4.3 Analise físico-química....................................................... 28 vii 2.5 Análise dos dados....................................................................... 28 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 29 3.1 Perfil dos Proprietários............................................................... 29 3.1.2 Caracterização da propriedade quanto às instalações.. 30 3.1.3 Caracterização dos rebanhos........................................... 31 3.1.4 Características do volumoso e do manejo alimentar..... 32 3.1.5 Manejo sanitário e práticas de ordenha.......................... 33 3.1.6 Informações sobre a água................................................ 34 3.2 Análises microbiológicas........................................................... 35 3.3 Contagem de células somáticas................................................ 39 3.4 Análises físico-químicas............................................................. 43 4. CONCLUSÕES.................................................................................... 46 5. BIBLIOGRAFIA................................................................................... 47 viii ix LISTA DE TABELAS Capítulo 2 Pagina Tabela 1. Distribuição percentual das propriedades em função de diferentes valores para Unidades Formadoras de Colônias (UFC/ml) x 1000............................................................................ 36 Tabela 2. Possíveis fatores de risco associados à elevada contagem de Unidades Formadoras de Colônias (> 3 x 105 UFC/mL) em leite bovino cru produzido no Sertão Paraibano................................... 38 Tabela 3. Distribuição das unidades produtoras de leite bovino cru Sertão Paraibano em função de diferentes valores para contagem de células somáticas........................................................................ 40 Tabela 4. Possíveis fatores de risco associados à contagem de células somáticas superior a 2 x 105 por mL de leite bovino cru produzido no Sertão Paraibano..................................................... 42 Tabela 5. Composição físico-química de 70 amostras de leite bovino cru refrigerado colhidas em propriedades localizadas no Sertão Paraibano em relação aos valores de referência estabelecidos pela IN 51 para alguns parâmetros............................................... 43 x LISTA DE FIGURAS Capítulo 1 Figura 1. Produção formal e informal no Brasil (Bilhões de Litros)............... 04 Capítulo 2 Figura 2. Mesorregiões da Paraíba e municípios participantes do estudo.... 26 Figura 3. Escolaridade percentual dos produtores de leite entrevistados..... 30 Figura 4. Composição racial do percentual dos rebanhos leiteiros estudados..................................................................................... 31 Figura 5. Origem da água utilizada na produção de leite.............................. 35 Figura 6. Panorama da contagem bacteriana total (UFC/ml) em amostras de leite in natura das propriedades, de acordo com os limites adotados pela IN 51 para a Região Nordeste............................... 37 Figura 7. Panorama das propriedades para Valores de células somáticas por mL de acordo com os limites adotados pela IN 51 para a Região Nordeste........................................................................... 41 xi RESUMO GERAL COSTA, T. P1. Perfil da Produção e Qualidade do Leite Bovino Produzido no Sertão Paraibano 2. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Programa de PósGraduação em Zootecnia. UFPB. Areia-PB. Orientador (a): Prof.ª Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga3. Resumo. A qualidade do leite depende de fatores como saúde do animal, produtor, assepsia do úbere, higienização dos equipamentos de ordenha, bem como a qualidade da água. Em locais onde a qualidade do leite torna-se um entrave para a seguridade alimentar do consumidor faz-se necessário um monitoramento periódico sobre as condições de obtenção do leite nas propriedades. Assim, o objetivo do presente trabalho foi diagnosticar e avaliar quais fatores de produção estão relacionados com os problemas qualitativos que oferecem risco ao leite cru em diferentes sistemas de produção no sertão paraibano. Para tanto, após prévio diagnóstico da realidade das 70 propriedades fornecedoras de leite de um laticínio no município de Patos/PB realizadas através de um questionário sócio-econômico, foram colhidas amostras de leite in natura, sendo estas submetidas à Contagem bacteriana Total expressa em Unidades Formadoras de Colônias (UFC/ml), Contagem de Células Somáticas (CCS), bem como analises físico-químicas de gordura (G%), proteína (PB%), Extrato seco Total (EST) e desengordurado (ESD) e analises de plataforma de densidade e acidez. Todas as propriedades foram consideradas deficientes em pelo menos um aspecto que envolve o sistema de produção e obtenção do leite. A composição microbiológica, CCS, gordura, proteína, EST e ESD, apresentaram 4,12 x 105 UFC/ml, 2,32 x 105 cels./ml, 3,80%, 3,07%, 12,25%, 8,44% respectivamente. Dos fatores observados nas propriedades, problemas como falta de assistência técnica e qualidade da água foram apontados como predisponentes para reduzir a qualidade do leite. Todas as propriedades necessitam de algum tipo de ajuste em seu sistema de produção e obtenção de leite, fazendo-se necessário uma maior capacitação dos produtores, presença de assistência técnica para uma melhoria significativa na qualidade do leite da região. Palavras Chave: Laticínios, Normativa 51, Sistema de Produção. 1. Mestrando do PPGZ/CCA/UFPB email: [email protected]; 2. Projeto de Dissertação do Orientado de Mestrado; xii GENERAL SUMMARY COSTA, T. P1. Profile Production and Quality of Bovine Milk Produced in the Sertão Paraibano. Dissertation (Master's Degree in Zootecnia). PostGraduation Program in Zootecnia. UFPB. Areia-PB. Mastermind: Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga. Abstract. The quality of milk depends on factors such as animal health, production, udder sterilization, cleaning of milking equipment, and water quality. In places where the quality of the milk becomes an obstacle to the food security of the consumer it is necessary periodic monitoring of the conditions of getting the milk on the properties. Thus, the purpose of this study was to diagnose and evaluate which factors are related to the quality problems that offer risk to raw milk in different production systems on the paraibano. So, after a previous diagnosis of the reality of the 70 farms which supply milk to a dairy plant in the city of Patos / PB made through a socio-economic survey, samples were collected from fresh milk, which were submitted to bacterial count expressed as Total Units colony forming (CFU / ml), Somatic Cell Count (SCC) as well as physical-chemical analysis of fat (F%), protein (CP%), total solids (EST) and nonfat (ESD) and analysis of platform density and acidity. All properties were found to be deficient in at least one aspect involving the production system and getting the milk. The microbiological composition, SCC, fat, protein, EST and ESD showed 4.12 x 105 CFU / ml, 2.32 x 105 cells / ml, 3.80%, 3.07%, 12.25%, 8 44% respectively. Factors observed in the properties, problems like lack of technical assistance and water quality were identified as predisposing to reduce milk quality. All properties need some kind of adjustment in your production system and obtain milk, making it necessary for greater empowerment of producers, technical assistance for the presence of a significant improvement in the quality of milk in the region. Keywords: Dairy, Normative 51, Production System. 1 CAPITULO 1 REFERENCIAL TEÓRICO PERFIL DA PRODUÇÃO E QUALIDADE DO LEITE BOVINO PRODUZIDO NO SERTÃO PARAIBANO 2 CAPITULO 1 _______________________________________________________________ REFERENCIAL TEÓRICO 1. INTRODUÇÃO Por suas características peculiares, o leite como alimento destaca-se pelo fator marcante para a sobrevivência e manutenção dos mamíferos, pois serve como fonte nutricional a todas as faixas etárias. Entre os leites explorados de forma comercial, destaca-se o leite bovino, tanto pela sua alta disponibilidade no mercado como pelo seu consumo, em relação a outras espécies leiteiras. O leite obtido a partir do úbere saudável sob condições sanitárias e com a aplicação de boas práticas higiênicas contém relativamente poucos microrganismos, mas pode tornar-se contaminado por bactérias tanto no momento da ordenha quanto nas demais ações executadas durante todo o seu processamento, pois o leite cru se constitui em um excelente meio nutritivo para o crescimento de microrganismos, tornando-se sensível tanto à deterioração microbiana quanto ao desenvolvimento de microrganismos patogênicos (LORENZETTI et al., 2005). Desta forma o leite merece atenção especial na sua produção, beneficiamento, comercialização e consumo, pois estará sempre sujeito a uma série de alterações, partindo da premissa de que não há nada que se possa fazer para a melhora da qualidade do leite após sua saída do úbere, podendo-se somente conservar suas qualidades iniciais. A produção de leite assim como todo sistema de produção é composta por um segmento de elos, que em conjunto, determina o sucesso ou o fracasso da exploração. A globalização de mercados, em função da grande e variada oferta de produtos lácteos importados com preços competitivos, induz o consumidor brasileiro a tornar-se mais exigente em relação à qualidade dos produtos oferecidos no Brasil. A indústria de lácteos, por sua vez, deve se modernizar e exigir do produtor um leite de melhor qualidade, na tentativa de tornar-se mais competitiva, ao mesmo tempo em que deve estar monitorando todos os elos de produção para garantir a recepção de uma matéria-prima de boa qualidade. 3 A qualidade de qualquer produto, em todas as suas dimensões, melhora à medida que o mercado exige, reconhece e valoriza produtos e serviços que oferecem um padrão superior aos consumidores. Este foi um dos motivos foi criada a Instrução Normativa 51 (IN 51) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2002) em função das exigências internacionais de qualidade do leite. Para tanto no Brasil, a partir de 2002, foram estabelecidos limites para contagem de células somáticas, contagem bacteriana total, no leite bovino cru e pasteurizado, respeitando-se diferenças e particularidades regionais. A qualidade do leite produzido no Brasil e no Nordeste tem sido relacionada, com a influência das estações do ano, as práticas de produção e manuseio na fazenda, localização geográfica, temperatura de permanência do leite e a distância do transporte entre a fazenda e a plataforma de recepção da indústria. Além destes, também contribuem para a presença e o desenvolvimento de microrganismos contaminantes no leite a qualidade bacteriológica da água, qualidade do ar dos estábulos, sanidade dos ordenhadores e dos animais e principalmente, utensílios não perfeitamente higienizados (HUHN et al., 1980). O Nordeste por sua vez, com reconhecido potencial para produção, enfrenta entraves de ordem qualitativa. Fato acarretado provavelmente pelos índices de informalidade encontrados na produção e comercialização assim como ocorre em todo território brasileiro (BARROS e SIMÃO FILHO, 2009). Muito embora a informalidade do leite percentualmente tenha decrescido no decorrer dos anos (Figura 1), a sua associação com a falta de uma maior fiscalização pelos órgãos competentes, afetam diretamente o complexo lácteo, que na região tem se mostrado fora dos parâmetros equacionados pelo governo federal para sua composição. Este fato pode ser confirmado por Barbosa et al. (2008), nos quais ressaltam que em torno de 46% do leite produzido na região Nordeste e estados do Pará e Tocantins está fora dos padrões bacteriológicos aceitáveis de higiene. 4 Fonte: Barros e Simão Filho, (2009). Figura 1. Produção formal e informal no Brasil (Bilhões de Litros). Desde julho de 2007, a Instrução Normativa 51 (de 18 de setembro de 2002) está em pleno vigor administrativo na região Nordeste, no entanto ainda não se sabe do real impacto dessa regulamentação, pois ainda não se tem observado mudanças satisfatórias na qualidade do leite produzido nesta região, gerando-se desta forma, uma necessidade de monitoramento dos fatores envolvidos com a cadeia industrial, desde a produção até a tecnologia dos derivados, na busca de sanar os gargalos que por ventura tragam severos prejuízos financeiros às indústrias, às redes de distribuição e aos consumidores. Torna-se então relevante, efetivar um diagnóstico da cadeia bem como realizar uma avaliação dos fatores que interferem diretamente na qualidade do leite dos sistemas de produção em propriedades do sertão da Paraíba a fim de avaliar e propor soluções para os problemas enfrentados pela sua cadeia produtiva. 1.1 Caracterização da produção e das propriedades leiteiras A formação da cadeia produtiva do leite no Brasil, teve seu marco inicial, a partir do momento que a produção local de leite não tinha aporte suficiente para o crescimento populacional nos centros urbanos (FARIA E MARTINS, 2008). As propriedades leiteiras juntamente com as grandes empresas compradoras de leite migraram para o interior e as bacias leiteiras tomaram então lugar de destaque, e estas por possuírem baixa tecnificação, cresceram quantitativamente para atender a demanda (FARIA E MARTINS, 2008). 5 Segundo Clemente, (2009) a baixa tecnificação da cadeia do leite decorria do fato dela se constituir, na maioria das vezes, apenas num subproduto da pecuária de corte produzida em moldes extensivos, o que comprometia a produtividade e a qualidade do leite, como pelo tabelamento dos preços praticados pelo governo até meados de 1991. Após décadas de exploração, o país cresceu em produção de forma horizontal haja vista que em 1968 eram produzidos 7 bilhões de litros anuais, ao passo que em 2008 esse numero se aproximava dos 27 bilhões com praticamente a mesma produtividade das fazendas/rebanhos (FARIA e MARTINS, 2008). A partir dos anos 90 a cadeia produtiva do leite no Brasil, passou a sofrer um profundo processo de reestruturação que resultou na formação de um ambiente extremamente competitivo (CLEMENTE, 2009). Estas mudanças derivaram da desregulamentação do mercado, da abertura comercial externa (criação do MERCOSUL), da estabilização da economia brasileira a partir de 1994 (Plano Real) e também da implementação de normas sanitárias mais rígidas para o setor (GALAN e JANK, 1998). Todavia, o setor agrário brasileiro sempre apresentou disparidades regionais em relação ao perfil tecnológico e de crescimento do complexo leite, evidenciando distintas formas de produção e de estrutura social dos empreendedores rurais, (CLEMENTE, 2009). Desta forma torna-se plausível a justificativa do Brasil ainda não possuir um sistema de produção definido (FARIA e MARTINS, 2008). A produção de leite na Mesorregião do Sertão Paraibano teve seu inicio marcado com a pecuária de corte, a qual era praticada de modo ultraextensivo, surgindo o binômio gado/algodão a partir do século XVIII, associada a uma policultura alimentar tradicional e diversificada (MOREIRA, 1997). O inicio do desenvolvimento efetivo da atividade deu-se com o declínio dos plantios de algodão no inicio da década de 80, com a atuação do bicudo e das secas históricas registradas no sertão, o que causou uma forte deterioração na condição de vida na região (MOREIRA, 1997). Por sua vez, como a alternativa encontrada pelas propriedades para a crise do algodão da época, a expansão 6 das áreas de pastagens, e aumento da exploração de bovinos tanto para corte como para leite aconteceu de forma progressiva (MOREIRA, 1997). 1.2 O leite e o cenário atual Com a globalização da economia, a qualidade dos produtos alimentares passou a ser uma das principais preocupações da indústria. O sistema agroindustrial do leite por sua vez, é um dos mais importantes no agronegócio brasileiro, sendo o setor primário responsável por envolver cerca de cinco milhões de pessoas, incluindo os 1,3 milhão de produtores de leite (ZOCCAL et al., 2008). No cenário mundial, o Brasil é o sexto maior produtor de leite, com 4,6% da produção mundial com 26,1 bilhões de litros em 2007 (ZOCCAL et al., 2008). Estatísticas mostram que no país há aproximadamente 4,8 milhões de estabelecimentos rurais, dos quais cerca de 85% podem ser considerados de produção familiar, onde a pecuária de leite constitui-se em uma das principais atividades (ZOCCAL, 2004). O agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2004). Nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio internacional do agronegócio quanto o Brasil. Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de produtos agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2004). Apesar de o Brasil ocupar a sexta posição entre os maiores produtores de leite do mundo (FAO, 2007), é o país que apresenta o maior potencial de crescimento. Sendo o décimo maior PIB nominal do planeta, há uma capacidade de aumento de consumo de produtos lácteos latente, é o quinto em extensão territorial, o que lhe dá condições de expansão de área para produção; e tem a quinta maior população, que lhe garante um grande mercado doméstico (ALVIM et al.,2009). Segundo IBGE (2003) no ano de 2002, a região Nordeste correspondia a 10,9% da produção de leite do Brasil, ou seja, mais de 2 bilhões de litros de leite. Atualmente observa-se que o crescimento da produção de leite na região Nordeste supera a média nacional sendo responsável por 12,8% da produção, 7 ou seja, mais de 3 bilhões de litros IBGE (2007). Na região se encontram 43 mesorregiões, ocupando área de 1,5 milhão de km2, o que corresponde a 18,26% da área total do País IBGE (2007). No estado da Paraíba, segundo dados do IBGE (2007), existem aproximadamente 47.269 propriedades destinadas à produção de leite bovino. Nestes estabelecimentos a produção de leite aproxima-se de 237.053 mil litros de leite/ano. Os números apontados pelos levantamentos estatísticos revelam uma preocupação, pois a Paraíba encontra-se em penúltimo lugar no ranking de produção dos estados que compõem a região Nordeste. Entretanto segundo as mesmas fontes, o estado é o que mais cresceu entre os anos de 2006-2007 na região (8,8%), superando inclusive as médias de crescimento regional e nacional. A microrregião de Patos, situada no alto sertão do Estado, possui atualmente cerca de 1000 propriedades, que correspondem a aproximadamente 3% da produção do estado da Paraíba (IBGE, 2007). 1.3 Qualidade microbiológica A qualidade microbiológica do leite reflete diretamente a seriedade com que a fazenda conduz suas atividades, sendo reflexo direto do manejo sanitário praticado no rebanho, bem como o manejo de ordenha e os cuidados dispensados com a saúde do úbere. Segundo a International Dairy Foods (1980) a vaca estando em condições normais de saúde, o leite é estéril ao ser secretado nos alvéolos do úbere. Esta contaminação pode variar de 5 a 20 UFC/ml sendo, portanto, de pouca importância no aspecto quantitativo (PRATA, 2001). Contudo, ao ser ordenhado, o leite pode se contaminar por um pequeno número de microrganismos, provenientes dos canais lactíferos, da cisterna da glândula e canal do teto (SANTOS e FONSECA, 2007). No leite cru encontra-se uma diversidade de bactérias, incluindo as psicrófilas, que podem se multiplicar a 7ºC ou menos, independentemente de sua temperatura ótima de crescimento (PINTO et al., 2006), as termodúricas, que podem sobreviver ao tratamento térmico da pasteurização (CHEN et al., 2003), as láticas, que acidificam rapidamente o leite cru não refrigerado 8 (CHAMPAGNE et al., 1994), os coliformes e as bactérias patogênicas, principalmente as que causam mastite (PINTO et al., 2006). A ação das bactérias ou de suas enzimas sobre os componentes lácteos, por sua vez, causa várias alterações no leite e seus derivados, provocando defeitos que incluem sabores e aromas indesejáveis, diminuição da vida de prateleira, interferência nos processos tecnológicos e redução do rendimento, especialmente de queijos (PINTO et al., 2006). A contaminação bacteriana do leite cru pode ocorrer a partir do próprio animal, do homem e/ou do ambiente, sendo apontados como os de maior relevância aqueles microrganismos que contaminam o leite durante e após a ordenha, incidindo diretamente no processo tecnológico deste, (PINTO et al., 2006). Com a aprovação da IN 51, foi estabelecido um limite máximo da Contagem Bacteriana Total (CBT) de 1.000.000 de Unidades Formadoras de Colônias (UFC/mL) para o leite cru refrigerado até julho de 2010 (BRASIL, 2002), após esse período reduzindo para 750 mil UFC/mL até 2012 quando passará para 300.000 UFC/mL. Esses balizamentos são estabelecidos em função do número e do tipo de microrganismos, a partir do momento em que causam alterações indesejáveis, afetando assim a segurança do produto, pois, alguns microrganismos podem representar risco à saúde do consumidor (SANTOS e FONSECA, 2007). Assim, a qualidade microbiológica do leite pode ser enfocada sob dois diferentes prismas: a qualidade industrial e o risco à saúde pública (FONSECA e SANTOS, 2000). No que se refere à indústria, várias pesquisas têm enumerado os principais prejuízos devidos à alta carga microbiana, destacando-se os problemas com acidificação e coagulação, produção de gás, geleificação, sabor amargo, coagulação sem acidificação, aumento da viscosidade, alteração de cor, produção de sabores e odores variados, entre outros causando a diminuição da vida de prateleira e bem como o seu rendimento industrial (GUIMARÃES, 2002). Com o processo de coleta a granel do leite e conseqüente melhoria nas condições de transporte e de refrigeração propostas, tais problemas em 9 decorrência da carga microbiana do leite deveriam ser amenizados, porém este fator tratado isoladamente não é responsável pela garantia de um produto seguro, isto porque bactérias denominadas psicrófilas quando presentes no leite encontram em ambientes resfriados condições ideais de proliferação (SANTOS e FONSECA, 2007). 1.4 Contagem de células somáticas A contagem de células somáticas (CCS) é um dos parâmetros utilizados mundialmente para definir a qualidade do leite cru pelas indústrias, produtores e entidades governamentais (SANTOS e FONSECA, 2007). Segundo Andrade et al. (2007), a CCS constitui um importante recurso para o monitoramento da qualidade do leite e da saúde da glândula mamária nos rebanhos, sendo de grande importância por indicar a ocorrência de mastite sub-clínica e de possíveis perdas econômicas dela decorrentes, estando de acordo com Braga et al., (2006), onde referem-se a manutenção da baixa contagem de células somáticas como sendo importante para reduzir os defeitos em produtos lácteos processados. A CCS do leite é afetada principalmente pelo nível de infecção intramamária (SANTOS e FONSECA, 2007), por sua vez torna-se um eficiente indicador de mastite sub-clínica, no qual pode ser utilizada para quantificar as perdas de produção de leite, em função desta enfermidade (MACHADO et al., 2000). Nos países com maior tradição na exploração leiteira, o limite legal para contagem de células somáticas já passou por um processo de evolução continuada, revelando uma evidente melhoria na qualidade do leite a exemplo dos Estados Unidos onde atualmente o limite é de 750 mil céls. mL-1, no Canadá onde o limite é de 500 mil céls. mL-1, na Nova Zelândia, Austrália e Europa com limite de 400 mil céls. mL-1 (MACHADO et al., 2000). Os limites legais de células somáticas foram sendo estabelecidos de maneira progressiva, a exemplo dos relatos de, Dekkers et al. (1996) onde informam que no Canadá o programa de redução teve seu início com um limite de 800 mil cél. mL-1 sendo progressivamente reduzido ao longo de 6 anos em 50 mil cél. mL-1 por ano até se chegar ao limite atual de 500 mil cél. mL-1. Nos 10 EUA, segundo Spomer (1998), o limite legal foi reduzido de 1500 mil cél. mL-1 para 1000 e em sua última fase para 750 mil cél. mL-1. No Brasil, a partir de 2005, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com a implantação da Instrução Normativa 51/2002, estabeleceu o limite máximo de 1.000.000 cél. mL-1 para o leite produzido nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, de julho de 2005 a julho de 2010. De julho de 2010 a julho de 2012, o limite máximo é de 750.000 cél. mL-1, e após esse período o máximo estabelecido para será de 400.000 cél. mL-1 (BRASIL, 2002). Atualmente, três procedimentos são aceitos pela Federação Internacional de Laticínios (IDF) (IDF, 1995) e pela Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL) (BUENO et al., 2005) para a enumeração de células somáticas: o método de contagem microscópica, o método de citometria de fluxo por meio de equipamento automático e a contagem em Coulter Counter. Segundo Smith et al. (2000), a contagem eletrônica de células somáticas de animais individuais ou de tanque de expansão tem sido utilizada em países desenvolvidos há mais de 25 anos, desde o surgimento de equipamentos eletrônicos que tornou esta prática acessível aos produtores. A citometria de fluxo é um recurso emergente que permite uma análise rápida, objetiva e quantitativa de células em suspensão (FALDYNA et al., 2001). É uma técnica utilizada para contar, examinar e classificar partículas microscópicas suspensas em meio líquido em fluxo. Permite a análise de vários parâmetros simultaneamente, sendo conhecida também por citometria de fluxo multiparamétrica. Através de um aparelho de detecção óptico-eletrônico são possíveis análises de características físicas e/ou químicas de uma simples célula (ROITT et al., 1999). As células da amostra em suspensão são marcadas com anticorpos monoclonais específicos ligados a fluorocromos, que permitem a identificação e a quantificação de células pelo tamanho, granulosidade e intensidade de fluorescência (ROITT et al., 1999). O citômetro de fluxo é um aparelho utilizado para avaliação da emissão de fluorescência das células (FACS – Fluorescence Activated Cell Sorter). 11 Alguns aparelhos são capazes de separar fisicamente as células, de acordo com as características citométricas (ROITT et al., 1999). Uma linha de pesquisa tem relacionado fatores que interferem na qualidade do leite, denominado fatores de risco, estudando aspectos do comportamento individual, como hábitos, exposição ambiental, dentre outras características como aspectos hereditários ou congênitos, associados à uma condição com base em evidências epidemiológicas. (OTT e NOVAK, 2001). Estudos epidemiológicos prévios sobre fatores de risco em propriedades identificam características relacionadas ao animal, ao ambiente, aos procedimentos de manejo e ao equipamento de ordenha, associadas à mastite bovina e à variação da CCS (Peeler et al., 2000; Ott e Novak, 2001; Berry e Hillerton, 2002; Sousa et al., 2005). Em vacas, estudos sobre os fatores de risco para CCS relacionam a raça a ordem da lactação, (Schepers et al., 1997), produção de leite, intervalo entre ordenhas (Sieber and Farnsworth, 1981), produção de leite na secagem (Rajala-Schultz et al., 2005), e limpeza da vaca (Schreiner e Ruegg, 2003). 1.5 Composição físico-química Com base na Instrução Normativa 51, a composição mínima de proteína no leite produzido nas propriedades, deve ser de 2,9% (BRASIL, 2002). A quantidade de proteína e sua composição são os fatores considerados importantes pela indústria, na determinação da qualidade do produto lácteo, onde neste aspecto uma inflamação da glândula mamária pode ocasionar uma mudança na permeabilidade da membrana que separa o sangue do leite provocando influxo de albumina, aumento de 252% no leite, e de imunoglobulina, aumento de 316%, para o interior da glândula, promovendo um aumento na concentração de proteína total e do soro (NG-KWAI-HANG et al., 1993). Bueno et al. (2005) demonstraram que há redução expressiva da caseína do leite quando a CCS aumenta, devido à ação de proteases leucocitárias e sanguíneas, ao mesmo tempo em que ocorre aumento das proteínas plasmáticas do leite em decorrência da resposta inflamatória. Dessa forma, a porcentagem de proteína total do leite com elevada CCS reduz 12 apenas 1% em relação à concentração encontrada no leite de vacas sem mastite (BUENO et al. 2005). As alterações nas frações de proteína do leite causadas pela mastite apresentam importantes implicações sobre o potencial do leite como matériaprima para a fabricação de derivados, em especial de queijo, pois o rendimento industrial do leite está associado principalmente à fração de caseína (MA et al., 2000). Para o percentual mínimo de gordura, a Instrução Normativa 51, regulamenta um valor não inferior a 3% (BRASIL, 2002). Fonseca e Santos (2000) ressaltam que a gordura é o item mais variável na composição do leite, e suas alterações no leite quando relacionadas com CCS alta não têm sido tão estudadas como para as proteínas. Alguns estudos relatam menores concentrações de gordura no leite de vacas com mastite, demonstrando que vacas com CCS acima de 300.000 cél./mL apresentam menores concentrações de gordura no leite, quando comparadas com vacas sadias (AULDIST et al., 1995). As células somáticas liberam enzimas, que agem no leite a partir do momento em que ele é retirado, agindo na destruição de proteínas, reduzindo os lipídios e conseqüentemente a gordura do leite, sendo que nesse processo ocorre maior formação de ácidos graxos de cadeia curta (Santos, 2002). Ambas as enzimas atuam sobre a membrana dos glóbulos de gordura, expondo os triglicerídeos à ação de outras lipases, acarretando elevação de ácidos graxos livres e aparecimento da rancidez do leite (DUNCAN et al., 1991). O conteúdo de lactose no leite sem alterações de ordem qualitativa é relativamente constante, entre 4,8 e 5,2% sendo que o leite proveniente de vacas infectadas por microrganismos causadores de mastite e o colostro apresentam baixos teores de lactose para compensar os elevados níveis de minerais e manter o balanço osmótico (Kitchen, 1981; Goff e Hill, 1993). Observa-se, durante o quadro de mastite, diminuição no nível de lactose, gordura, sólidos não gordurosos e caseína no leite, além do aumento do número de células somáticas (COSTA et al.,1995). Auldist et al. (1995), 13 relataram que há diminuição na concentração de lactose no leite de quartos ou vacas com altas CCS, em consequência da lesão tecidual ocasionada pela mastite reduzindo a capacidade de síntese de lactose pelo epitélio glandular, o que afeta significativamente a quantidade de leite produzido, devido ao papel central da lactose como agente regulador osmótico do volume do leite. No leite a acidificação natural é um fato de observação cotidiana. Em alguns casos a fermentação da lactose com a acidificação do leite é um fenômeno devidamente controlado e dirigido, é aproveitado na indústria de laticínios para obtenção de diversos produtos derivados do leite: iogurte, leite acidófilo, queijos, requeijões, ácido lático, caseínas, etc. (KNIPSCHILDT, 1986). Entretanto a acidificação do leite devido a problemas sanitários é atualmente um dos problemas de maior destaque na qualidade do leite nacional, principalmente em períodos chuvosos. A acidez é normalmente utilizada como indicador do estado de conservação do leite em função da relação entre disponibilidade de lactose e produção de ácido láctico por ação microbiana, que acarreta um aumento na acidez e diminuição no teor de lactose (QUEIROGA et al., 2009). O leite possui uma acidez natural que varia de 14 a 16° Dornic, entretanto, quando existe um desenvolvimento bacteriano, a lactose é transformada em ácido lático, causando dentre outros transtornos a rejeição do leite pelo laticínio (ROGERS et al., 1989). Rogers et al., (1989) e Shuster et al. (1991) relacionam uma diminuição do teor de lactose no leite em decorrência do aumento da contagem de células somáticas. Este fato também foi relatado por Santos e Fonseca, (2007), evidenciando a redução da lactose como sendo decorrente da lesão tecidual do tecido mamário, no qual reduz a capacidade de síntese de lactose pelo epitélio glandular e, conseqüentemente, a quantidade de leite produzido. Segundo os mesmos autores, adicionalmente a este fato, ocorre a passagem de lactose do leite para o sangue, o que pode ser comprovado pelas concentrações mais elevadas de lactose no sangue e na urina de vacas com mastite. 14 1.6 Considerações Finais Atualmente a qualidade do leite é um tema comumente explorado no contexto da cadeia produtiva do leite em todo o planeta. Importantes informações já foram obtidas, mas a certeza maior é que ainda existe uma infinidade de questões que devem ser respondidas, principalmente em se considerando sistemas de produção no Nordeste, pois possui um potencial de produção forte e ainda com questões inexploradas. O diagnóstico da produção e qualidade do leite e sua relação com os possíveis fatores relacionados, neste contexto tentam trazer algumas respostas que ajudem a lapidar e estruturar a cadeia produtiva do leite. 15 2. BIBLIOGRAFIA ALVIM, R.S.; LUCCHI, B.B.; MARTINS, M.C. Cenário para o agronegócio do leite no Brasil A visão do setor primário. 7º Congresso Internacional do Leite. Anais... Juiz de Fora. 2009. ANDRADE, L.M.; FARO, L.E.; CARDOSO, V.L.; et al. Efeitos genéticos e de ambiente sobre a produção de leite e a contagem de células somáticas em vacas holandesas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.2, p.343-349, 2007. AULDIST, M.J.; COAST, S.; ROGERS, G.L.; et al. Changes in the composition of milk from normal mastitic dairy cows during the lactation cycle. Australian Journal of Experimental Agriculture, v.35, p.427-436, 1995. BARBOSA, S.B.P.; Jatobá, R.B.; Batista, A.M.V.B. (2008). 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Com o presente trabalho objetivou-se avaliar os fatores de produção em fazendas leiteiras, relacionados com os problemas qualitativos que oferecem risco ao leite cru no sertão paraibano. Foi realizado um questionário em todas as 70 propriedades fornecedoras de leite de um laticínio no município de Patos/PB. Foram colhidas amostras de leite in natura, sendo estas submetidas ä contagem bacteriana total expressa em unidades formadoras de colônias (UFC/mL), contagem de células somáticas (CCS), bom como as análises físico-químicas de gordura (G%), proteína (PB%), extrato seco total (EST) e extrato seco desengordurado (ESD) e análises de plataforma de densidade e acidez. A composição microbiológica, CCS, gordura, proteína, EST e ESD, apresentaram 4,12 x 105 UFC/mL, 2,32 cels./mL, 3,80%, 3,07%, 12,25%, 8,44% respectivamente. Os fatores observados nas propriedades, que estão relacionados com os problemas de qualidade do leite são a falta de assistência técnica e qualidade da água. Todas as propriedades foram consideradas deficientes em pelo menos um aspecto que envolve o sistema de produção e obtenção do leite. Palavras Chave. Manejo, vacas leiteiras, segurança alimentar. 22 CHAPTER 2 Influence of Production Profile in quality Physico-Chemical and Microbiological in Bovine Milk on the Sertão Paraibano. Abstract. The present work aimed to evaluate the factors of production on dairy farms, the problems related to providing quality risk to raw milk on the paraibano. We conducted a questionnaire to all 70 farms which supply milk to a dairy plant in the city of Patos, PB. We collected samples of fresh milk, which were subjected to total bacterial count expressed as colony forming units (CFU / mL), somatic cell count (SCC), as the good physical-chemical analysis of fat (F%), protein (CP%), total solids (EST) and nonfat dry (ESD) platform and analysis of density and acidity. The microbiological composition, SCC, fat, protein, EST and ESD showed 4.12 x 105 CFU / mL, 2.32 cells / mL, 3.80%, 3.07%, 12.25%, 8.44 % respectively. The factors observed in the properties, which are related to milk quality problems are lack of technical assistance and water quality. All properties were found to be deficient in at least one aspect involving the production system and getting the milk. Keywords. Management, dairy, food security. 23 1. INTRODUÇÃO A cadeia produtiva do leite apresenta grande importância na economia rural brasileira, destacando-se por um crescimento acelerado, especialmente na última década. A agropecuária representou em 2007 cerca 5% do PIB brasileiro segundo DIEESE (2008), no qual o sexto produto agropecuário é o leite, com produção superior a vinte e sete bilhões de litros em 2008. O setor primário envolve cerca de cinco milhões de pessoas, incluindo os 1,3 milhão de produtores de leite (ZOCCAL, 2008). Por ser um alimento de grande disponibilidade de nutrientes, o leite deve estar presente na dieta de todas as faixas etárias dos seres humanos. Para tanto, a Organização Mundial para a Saúde (OMS) recomenda que cada indivíduo venha a consumir, em média, 600 mL/dia ou 219 litros/ano, na forma de leite fluído ou equivalente em derivados lácteos, semelhante ao consumo recomendado pelo Ministério da Saúde citado por Zoccal (2008), que é 242 litros/ano ou 663 mL/dia. Segundo a mesma autora, com o volume de leite produzido em 2008 (27,5 bilhões de litros), é suficiente para que cada brasileiro tenha disponível, diariamente, dois copos de leite (403 mL/habitante/dia). Contudo o que se observa é que apesar de existir relativa disponibilidade de leite no mercado, o consumo do brasileiro encontra-se abaixo destas recomendações uma vez que a FAO (2008), relatou que em 2008 cada habitante brasileiro consumiu, em média, 130 litros de equivalente leite, e que projeções para o futuro do consumo de leite no país este índice permaneça constante. Os dados de consumo per capita brasileiro estão associados não só pela falta de uma campanha de marketing mais efetiva do setor, mas também pela qualidade do leite ordenhado que retrata a forte inserção de estudos voltados para este segmento científico (ALVIM, 2009). Um dos principais fatores que dificultam a implementação de um sistema de qualidade, por parte das pequenas e médias empresas, é a falta de um diagnóstico de produção mais efetivo (CORREIA et al., 2006). 24 Um diagnóstico completo da atividade, por sua vez, permite determinar e relacionar quais são os fatores que apresentam riscos a qualidade do leite em suas características microbiológicas e físico-químicas. Estudos realizados por Sousa et al. (2005), indicam que os fatores de risco para a qualidade do leite estejam relacionados ao animal, ao meio ambiente e aos procedimentos de manejo. Fatores associados ao manejo e características como tamanho do rebanho e tipo de ordenha (manual ou mecânica) e procedimentos durante a ordenha (não desinfecção das tetas antes e após a ordenha) foram associados à ocorrência de novas infecções intra mamárias e ao aumento da contagem de células somáticas (OLIVER et al., 1993; BRITO et al., 1998). LOPES Jr., (2009) indicam associação da ausência de lavagem dos tetos com qualidade microbiológica inadequada, evidenciando que propriedades onde a ordenha é realizada em tetos sujos pode acarretar em 5,25 vezes maior probabilidade na contaminação do leite. No mesmo estudo, foi avaliada a utilização do pós-dipping, onde propriedades que não praticam tal manejo apresentaram 450% mais chances de terem carga microbiana elevada. O mesmo autor ainda revela que em sistemas de produção no Cariri Paraibano, existe uma associação intima ao manejo de alimentação, onde propriedades que não arraçoavam seus animais após ordenhas, apresentaram 200% mais chances de apresentar índices de mastite acima de 200.000 celulas/ml. Todos estes dados revelam que as práticas básicas de manejo dentro da propriedade são fundamentais para a determinação da qualidade do leite, que com medidas simples poderiam facilmente ser resolvidas. Desta forma para que a qualidade do leite nacional consiga atender em tempo as metas estabelecidas pela Instrução Normativa 51, diagnósticos específicos sobre a situação da cadeia leiteira na região se fazem necessários para a implementação de medidas que visem o aumento da produção e da qualidade do leite paraibano. Com o presente trabalho, objetiva-se avaliar a qualidade físico-química e microbiológica do leite bem como quais fatores envolvidos na produção estão relacionados com os problemas qualitativos que oferecem risco ao leite cru em diferentes sistemas de produção no sertão paraibano. 25 2. MATERIAL E METODOS 2.1 Local de execução O experimento foi conduzido no período de janeiro a agosto de 2009. Foram coletadas amostras de leite e questionários em propriedades da mesorregião do sertão paraibano, que apresenta, segundo a classificação de Koopen, tipo climático AW' - quente e úmido com chuvas de verão e outono. Embora as precipitações não sejam pequenas com médias em torno de 800 mm a irregularidade dá lugar a características de aridez semelhantes ao Bsh, ocorrendo anos de período chuvoso quase ausente. O período chuvoso concentra-se de Janeiro a Março e a estação chuvosa inicia-se em maio indo até dezembro. As médias de temperatura nunca são inferiores a 24º C e a umidade relativa do ar inferior a 65%. 2.2 Amostragem “in loco” e análise Foi feito um estudo observacional, em todas as propriedades fornecedoras de leite a um laticínio alocado na cidade de Patos, sendo este selecionado por possuir maior representatividade na região e por centralizar o escoamento de leite local. No período do experimento havia setenta propriedades, fornecedoras de leite para o laticínio nos municípios de Condado, Malta, Patos, São José de Espinharas e São José do Bonfim (Figura 2). Nas propriedades foram realizadas visitas para reconhecimento da logística das rotas para colheita mais eficiente dos dados, a aplicação do questionário, e por fim analises “in loco” e colheita das amostras de leite para as seguintes análises laboratoriais. 2.2.1 Colheita da amostras Todas as amostras foram colhidas, homogeneizadas e acondicionadas em isopor contendo gelo, em recipientes de 40 ml cada para cada tipo de análise realizada, todas identificadas, contendo comprimidos de Bronopol e Azidiol, conservantes apropriados para análises de leite. 26 Figura 2. Mesorregiões da Paraíba e municípios participantes do estudo. 2.2.2 Densidade e temperatura Uma alíquota de 300 mL de cada amostra foi transferida para uma proveta de 500 mL, sendo a seguir determinada a densidade do produto através de um termolactodensímetro de Quevene. Leituras realizadas em temperaturas diferentes de 15ºC foram ajustadas com o emprego de uma tabela de correção conforme preconizado pela técnica (Instituto Adolfo Lutz, 2005), e o resultado expresso em g/mL. 2.2.3 Teste de acidez dornic Com o auxílio da pipeta volumétrica foi adicionado, 10 mL de leite em um erlenmeyer. Em seguida foram adicionadas de 3 a 4 gotas da solução alcoólica de fenolftaleína. Em uma bureta contendo solução de soda Dornic, foi procedida a titulação do leite até que adquirisse uma coloração rósea persistente por cerca de um minuto. Foi anotado o volume gasto de soda Dornic (IAL, 2005). Com a informação que cada 0,1 mL de soda Dornic gasto corresponde a acidez de um grau Dornic (1 °D), foi calculada a acidez das amostras de leite em graus Dornic. 27 2.3 Questionário Para colheita de informações, foi adaptado um questionário de Lopes Jr., (2009), no qual foram abordados aspectos relacionados ao perfil dos proprietários, à caracterização das instalações e do rebanho, assim como características relacionadas ao manejo nutricional, sanitário e aos procedimentos de ordenha e, ainda, informações sobre a origem da água utilizada. Os questionários foram aplicados por meio de perguntas diretas e inspeção visual. 2.4 Análises Laboratoriais As amostras colhidas segundo as normas de colheita de amostras, foram enviadas ao laboratório do PROGENE (Programa de Gerenciamento de Rebanhos Leiteiros, da UFRPE), que na região Norte e Nordeste é o laboratório certificado pela Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL), que integra o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL). 2.4.1 Contagem bacteriana total (CBT) As amostras de 40 mL foram assepticamente, acondicionadas em frascos plásticos esterilizados com capacidade de 50 mL contendo o conservante Azidiol e identificadas. Após a adição do leite, os frascos com conservantes foram homogeneizados por inversão até completa dissolução dos mesmos. As amostras foram encaminhadas ao laboratório em condições isotérmicas submetidas a contagem bacteriana total em equipamento automatizados (Bentley Combi 2300 e IBC Bentley). 2.4.2 Contagem de células somáticas (CCS) As amostras de 40 ml foram assepticamente, acondicionadas em frascos plásticos esterilizados com capacidade de 50 mL contendo o conservante Bronopol e identificadas. Após a adição do leite e do conservante, foram homogeneizados por inversão até completa dissolução dos mesmos e enviadas ao laboratório para a contagem de células somáticas, que foi 28 realizada no equipamento Bentley Combi System 2300, que tem por princípio a citometria de fluxo. 2.4.3 Analise físico-química As amostras para análises físico-químicas foram colhidas no mesmo recipiente contendo Bronopol para análise da contagem de células somáticas. As análises foram realizadas no equipamento Bentley Combi System 2300®, composto por uma unidade do equipamento Bentley 2000 e uma do equipamento Somacount 300, com capacidade para analisar até 300 amostras por hora. 2.5 Análises dos dados Os dados coletados nas propriedades, juntamente com o resultado do laboratório, foram tabulados em planilhas Excel®, Os dados foram analisados através de estatística descritiva convencional, através da qual foram determinadas médias aritméticas e valores de mínimos e máximos. Para tanto, utilizando a metodologia utilizada por Lopes Jr, (2009) foram avaliados os coeficientes de correlação entre variáveis físico-químicas, microbiológicas e contagem de células somáticas. A avaliação dos possíveis fatores de risco associados à qualidade do leite foi realizada através de medida de associação entre variáveis explicativas e variáveis resposta através de análise bivariada, realizada a partir de tabelas de contingência. Neste experimento foi utilizado o teste exato de Fisher ao nível de significância de 90%. Para tanto, variáveis contínuas foram categorizadas utilizando medidas de tendência central obtidas na estatística descritiva. Os limites estabelecidos pela IN 51 serviram como balizamento referencial para algumas variáveis abordadas por essa legislação, tais como contagem bacteriana total, contagem de células somáticas, gordura, proteína, acidez e estrato seco total e desengordurado e densidade. 29 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Perfil dos Proprietários Do total de produtores entrevistados (n=70), 20% deles estavam na atividade há menos de 10 anos, 37% entre 10 e 20 anos e a maioria dos produtores, 43% estavam na atividade a mais de 20 anos, tempo maior que os dados encontrados por Finamore et al., (2009), e Sousa et al., (2005) ao constatarem que produtores gaúchos estavam na atividade em média a 15 anos. A maior concentração de produtores encontra-se entre 41 e 60 anos, assemelhando-se aos dados apresentados por Finamore et al. (2009), no qual relatam que os produtores gaúchos tem em média 48 anos, e os produtores de leite de Minas Gerais, estado tradicional com média etária de 50 anos. Segundo Pedrico et al. (2009) o nível de escolaridade dos produtores é um aspecto positivo no que diz respeito à introdução de práticas de manejo, para atingir uma produção mais higiênica do leite produzido na propriedade. Para Vicente, (2004) a eficiência econômica da agricultura, tem a educação como fator de influência direta e contribui para o aumento da rentabilidade na produção e consequentemente na qualidade de vida do produtor. O índice de analfabetismo presente entre os produtores (Figura 3) encontra-se abaixo deste índice para a população rural brasileira (23,3%) segundo dados do IPEA (2008). Entretanto quando comparados aos dados de Pedrico et al., (2009) onde os produtores rurais entrevistados em seu estudo são em sua grande maioria alfabetizados (96%) com diversos graus de escolaridade, percebe-se claramente que para o produtores estudados, se faz necessário um trabalho de alfabetização, não só em prol da atividade como também da qualidade de vida e o resgate da dignidade do produtor rural leite. 30 Figura 3. Escolaridade percentual dos produtores de leite entrevistados. A renda média mensal dos produtores entrevistados (R$ 580,00) apresenta um acréscimo de 14% em relação a um salário mínimo atual, com variações que partem de R$ 200,00 até R$ 2.100,00, que muito embora tenham possibilidade de melhora, quando comparados aos dados brasileiros em 2009, são considerados satisfatórios, pois segundo Jank Jr., (2009) produtores de leite brasileiros no ano de 2008 receberam mensalmente um faturamento médio em torno de R$ 238,00. Muito embora alguns produtores estejam recebendo mais de dois salários mínimos, esta fatia dos produtores representam apenas 17% do universo amostral, indicando que a renda dos produtores em geral está aquém das necessidades e expectativas destes, o que nesse contexto causa desestímulo, haja vista que, 51% dos produtores residem na propriedade e 64% dos produtores entrevistados não possuem outra atividade a não ser o leite, dependendo prioritariamente desta atividade para sustento familiar. Fatores desta natureza desestruturam a motivação para o produtor se especializar, aumentar a produção e com isso melhorar sua qualidade de vida com a atividade leiteira, o que provavelmente refletirá diretamente na qualidade dos serviços e consequentemente na qualidade do produto gerado na fazenda. 3.1.2 Caracterização da propriedade quanto às instalações Das 70 propriedades visitadas, 86% (n=60) não possuíam sala de ordenha. Estes dados relacionam-se diretamente com a adequação das instalações onde 80% destas foram consideradas inadequadas para uma ordenha com padrões mínimos de higiene. Piso de barro com lama, pedras no 31 curral, falta de cobertura, foram os itens detectados com maior freqüência nas propriedades visitadas. Apenas 20% das propriedades estavam parcialmente adequadas com uma correta higienização de ordenha, e nenhuma delas foi considerada totalmente adequada. Na análise visual subjetiva, no momento da aplicação do questionário, foi observado que das estruturas físicas da sala de ordenha dos produtores que a possuíam, apenas 16% era cimentada, apenas 13% possuíam paredes revestidas, e somente 15% das instalações estavam em bom estado de conservação. Este cenário revela um dos entraves na melhoria da qualidade do leite no país, uma vez que grande parte dos locais de ordenha não apresenta condições mínimas de obtenção de um produto de qualidade aceitável. 3.1.3 Caracterização dos rebanhos Das propriedades entrevistadas 66% apresentavam rebanhos em lactação superiores a 20 vacas, 31% entre 10 e 20 vacas e apenas 3% tinham rebanhos inferiores a 10 vacas em lactação. A média de produção foi de 146 litros/fazenda/dia e produtividade de 9,2 litros/vaca/dia as propriedades presentes no estudo apresentaram composições raciais distintas. A Figura 4 mostra a caracterização genética dos rebanhos. A avaliação dos animais levou em consideração aspectos fenotípicos relativos aos diferentes graus sanguíneos de mestiçagem e as características de raças puras. Figura 4. Composição percentual dos rebanhos leiteiros estudados, em função do Genótipo. Como visto na Figura 4, a maioria dos rebanhos comerciais da região 32 seguem em algum grau de mestiçagem entre animais holandeses e zebuínos. Somando-se as diferentes categorias, 78% dos rebanhos apresentam sangue das duas espécies. Estes números revelam a incessante busca por animais rústicos e produtivos que se adéqüem as condições climáticas da região onde estão alocados. Outras explorações zootécnicas foram encontradas nas propriedades onde a produção de caprinos destinados a produção de leite tomou lugar de destaque presente em 20% das propriedades entrevistadas. Seguido da ovinocultura com 16%, gado de corte com 6% e, por fim, a avicultura com 1% de presença nas propriedades. No entanto, em todas as propriedades entrevistadas, a atividade leiteira representa pelo menos 60% da renda da propriedade. 3.1.4 Características do volumoso e do manejo alimentar Das propriedades entrevistadas, 47% (n=33) relataram possuir alimentação disponível, mesmo que só em quantidade, para todos os animais o ano inteiro. Os outros 37 produtores (53%) não dispunham de alimentação para o rebanho o ano inteiro, que no período seco entram em processo de subnutrição e em alguns casos até a morte dos animais. A intensificação do sistema de alimentação revela que 11% (n=8) utilizam o sistema exclusivamente extensivo de alimentação, 66% (n=46) o semi-intensivo e 23% (n=16) o sistema intensivo de alimentação. O volumoso mais utilizado no período chuvoso é o pasto nativo, e no período seco a capineira de capim elefante (Pennisetum purpureum cv. Schum) fornecida no cocho presente em 60% das propriedades entrevistadas. A silagem e o pasto irrigado ocupam lugares secundários com presença de 36% e 10% nas propriedades, respectivamente. A palma foi o volumoso menos disponível nas propriedades com presença em 4% (n=3) das propriedades. Do manejo de arraçoamento dos animais 47% (n=33) praticam o fornecimento do alimento após o período de ordenha. 33 3.1.5 Manejo sanitário e práticas de ordenha Todos os produtores relataram vacinar seus animais contra Febre Aftosa. Entretanto apenas 34% dos produtores (n=24) realizam todas as vacinações periodicamente contra carbúnculo, clostridiose e raiva. SANTOS et al. (2006) destacam que a adoção de medidas higiênicas eficientes auxilia no controle de várias doenças. Outra medida preventiva importante diz respeito à vacinação e aos programas de controle e erradicação da tuberculose e brucelose, o que causa preocupação pelos dados apresentados, pois, apenas 14% dos produtores (n=10) relataram executar corretamente os exames de tuberculose e 23% (n=16) relataram fazer os exames de brucelose no rebanho. Este fato reafirma Pedrico et al. (2009) onde aponta em seu estudo que embora 76% dos produtores conheçam o programa de controle e erradicação da brucelose e tuberculose preconizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a maioria dos produtores (51% e 68%) não realiza os testes de diagnósticos para brucelose e tuberculose (respectivamente) mesmo em casos de suspeita. De acordo com Santos et al. (2006), em rebanhos infectados pela tuberculose, ocorre uma diminuição de 10% a 25% da produtividade, sendo ambos os testes obrigatórios, revelando mais que um problema sanitário, apontam um problema de segurança alimentar, uma vez que são zoonoses (doenças que acometem os animais que são passíveis de transmissão ao homem), ainda mais levando-se em consideração que em estudos feitos por Leite et al. (2003) evidenciam uma prevalência de 44% de brucelose em rebanhos bovino no estado da Paraíba. Já para a tuberculose estudos realizados por Leite e Lage (1999), revelam uma prevalência de tuberculose em 25% dos rebanhos bovinos no estado da Paraíba. Em torno de 20% (n=14) dos produtores relataram não vermifugarem periodicamente seus animais. Em contrapartida 100% das propriedades adotam manejo de controles curativos de ectoparasitos, dos quais a maior incidência ainda é do carrapato (Boophilus micropulus) com presença relatada em 68% das propriedades seguida da mosca de chifre (Haematobia irritans) presente em 32% das propriedades. 34 Nas propriedades entrevistadas, 7% dos produtores relataram fazer uso do CMT (California Mastitis Test) enquanto que apenas 3% fazem uso da caneca telada. Desta forma, o monitoramento da mastite clínica e sub-clínica é deixado de lado nas prioridades da fazenda, número que embasa o fato de 88% dos produtores relatarem ter problemas com mastite, seja clínica ou subclínica. Entre os produtores, 40% realizam o manejo de secagem das vacas com aplicação de antibióticos por via intramamária. Nenhum produtor realiza a linha de ordenha. O manejo de cria dos bezerros mais adotado nas propriedades foi o de bezerro ao pé com 91% de presença. Dos produtores entrevistados, 89% realizam ordenha manual, e apenas 5% dos produtores realizam pós dipping. Nenhum produtor realiza o pré dipping obrigatório. Na analise subjetiva visual, a limpeza dos procedimentos de ordenha, limpeza dos equipamentos e dos estábulos e asseio do ordenhador foram considerados deficientes em 74%, 52%, 54% e 59% respectivamente, evidenciando um gargalo em um dos procedimentos mais importantes da atividade. Quanto ao processo de armazenamento do leite, cerca de 98% armazenam o leite em latões, mesma percentagem demonstrada para o tipo de coleta pelo laticínio. O tempo entre a ordenha e o resfriamento do leite mais evidente entre as propriedades foi de até 2 horas com 60% nos relatos. 3.1.6 Informações sobre a água Águas de superfície (açudes e/ou rios) são a fonte de abastecimento em 80% das propriedades. A Figura 5 apresenta a composição da origem da água das propriedades na região. Ao passo que apenas 20% possuem caixa de água, apenas 19% fazem algum tipo de tratamento desta água. Os outros 20% dos produtores abastecem sua propriedade com água advinda de poços. 35 Figura 5. Origem da água utilizada na produção de leite 3.2 Análises microbiológicas A contagem bacteriana total, expressa em UFC/mL das propriedades, apresentou média de 4,12 x 105 atendendo as exigências na Normativa 51 até julho de 2010. Entretanto a partir desta data, 37% dos produtores não atenderão esta exigência (Tabela 1), indicando que devem admitir medidas emergenciais para se adequarem ao sistema de exigência da qualidade do leite. Lopes Jr., (2009) avaliando a qualidade do leite bovino em sistemas de produção no Cariri Oriental da Paraíba relatou que 82% das propriedades estariam em conformidade com os limites da IN 51 até julho de 2010, apresentando uma média de 2,6 x 105 UFC/mL. Os valores encontrados apresentam-se abaixo dos valores relatados por Barbosa et al. (2008), no qual com relação à CBT, o valor médio observado para a região Nordeste e nos estados de Pará e Tocantins foi de 1,4 x 108 UFC/ML, com valores extremos variando de 2 x 103 até 7,6 x 108. Segundo o mesmo autor esses valores estão muito acima dos observados por Mesquita et al. (2006), Fonseca et al (2006) e Machado e Cassoli, (2006), para a região centro-oeste do estado de Minas Gerais e para o Brasil respectivamente, mas semelhante ao relatado por Sousa et al. (2006) para os estados de Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, no período de julho/2005 a junho/2006. 36 Tabela 1. Distribuição percentual das propriedades em função de diferentes valores para Unidades Formadoras de Colônias (UFC/ml) x 1000. Contagem Padrão em Placas* Amostras** (%) < 300 28 40,0 301 a 750 16 23,0 751 a 1.000 07 10,0 > 1.000 09 27,0 (UFC/mL) x 1000 * Os limites 1,0 x 106, 7,5 x 105 e 3,0 x 105 UFC/mL referem-se aos valores de referência estabelecidos pela Instrução Normativa 51 (BRASIL, 2002) para os anos de 2007 a 2010, 2010 a 2012 e a partir de 2012, na Região Nordeste, respectivamente. ** Número de amostras = Número de propriedades. Após julho de 2010, observando o quadro geral das propriedades, somente 63% dos produtores estarão dentro dos referidos padrões (Figura 6). A percentagem de propriedades que não estão em conformidade com a IN51 encontrados no estudo (27%) estão próximos com os resultados encontrados por Cassoli et al. (2008), onde na região sudeste em 2008, 21% das propriedades não estariam em conformidade com os padrões exigidos. Os resultados deste estudo são inferiores aos dados de Barbosa et al. (2008), onde foi relatado que em torno de 46% das propriedades na Região Nordeste e nos estados do Pará e Tocantins não estariam em conformidade com os parâmetros exigidos, mas bem acima dos relatos de Mesquita et al. (2008) onde para a região Centro-Oeste e Norte do Brasil apenas 6% das propriedades não estavam de acordo com a IN51. Em médio prazo, as propriedades devem adotar medidas gerenciais para aumentar a qualidade do leite, pois se estes resultados perdurarem até 2012, apenas 40% das propriedades atenderiam a legislação vigente. 37 Figura 6. Panorama da contagem bacteriana total (UFC/ml) em amostras de leite in natura das propriedades, de acordo com os limites adotados pela IN 51 para a Região Nordeste. Segundo Ramires et al., (2009) a obtenção de leite de boa qualidade é dependente de alguns fatores relacionados com o perfil de produção, tais como, estado sanitário do rebanho, limpeza dos equipamentos e utensílios de ordenha, a higiene do local de sua obtenção, bem como da qualidade da água utilizada na propriedade. Completando esta informação Bramley e Mckinnon, (1990) citam que em virtude das interações entre os fatores de risco, fora da glândula mamária, o leite pode apresentar contagem bacteriana desde valores abaixo de 103 UFC/mL até valores acima de 106 UFC/mL. A falta de sala de ordenha foi o fator que mais se relacionou com os altos índices de contagens bacterianas, fato comprovado pela falta desta instalação em 86% das propriedades entrevistadas. A Tabela 2 mostra as variáveis significativamente associadas à carga microbiana maior que 3,0 x 105 UFC/mL de leite cru através da contagem bacteriana total. Para os resultados apresentados na tabela, as propriedades que não possuem alguma estrutura física que propiciem condições higiênicas 38 mínimas de ordenha, tem 6,43 vezes mais chance de terem contagens bacterianas acima de 3 x 105 UFC/mL. Tabela 2. Possíveis fatores de risco associados à elevada contagem de Unidades Formadoras de Colônias (> 3 x 105 UFC/mL) em leite bovino cru produzido no Sertão Paraibano Possível fator de risco Probabilidade (p)* Odds-Ratio (intervalo de confiança) Ausência de sala de ordenha 0,08 6,43 (1,30 - 32,2) Ausência de assistência técnica 0,03 3,14 (1,36 - 7,22) Uso da água de superfície 0,05 2,73 (1,18 - 6,30) Resfriamento > 2 horas 0,01 26,00 (8,83 - 76,55) * Probabilidade calculada pelo Teste Exato de Fisher. No presente estudo a falta de um local apropriado para ordenha foi considerada como fator de risco a carga microbiana alta, onde propriedades que não continham sala de ordenha possuíam 6,43 vezes mais chances de apresentarem um leite com características microbiológicas elevadas. A este fato alia-se ao de que 75% das propriedades obtiveram a higiene de seus procedimentos de ordenha considerados como deficientes. A ausência de assistência técnica apresentou associação com carga microbiana elevada (p=0,03), apontando que propriedades não assistidas têm chance de 6,34 mais vezes de apresentarem altas contagens bacterianas. Lopes Jr., (2009) também associou cargas microbianas elevadas com a ausência de assistência técnica ao apontar que em propriedades não assistidas a probabilidade de elevada carga microbiana foi cinco vezes maior. A falta de assistência técnica não só sugere que há uma necessidade de uma atuação mais efetiva de profissionais comprometidos com a qualidade do leite, como existe um mercado de trabalho aos profissionais das ciências agrárias, o que não só beneficiaria os produtores e o laticínio, como também abriria mais postos no mercado de trabalho. Houve uma correlação significativa entre altas contagens bacterianas e a fonte da água ser originária de águas de superfície (p=0,05) que muito embora 39 não se tenha feito a análise de sua qualidade, foi evidenciado que o uso desta fonte de água gerou uma probabilidade de 2,73 vezes mais probabilidade de possuir uma carga microbiana elevada. Segundo Lacerda et al., (2009), muito embora seja evidente a importância que a água exerce sobre a qualidade do leite, poucos produtores e indústrias de laticínios têm monitorado a qualidade da água, podendo-se inclusive dizer que, seguramente, a baixa qualidade da água é um dos aspectos mais importantes que contribui para a produção de leite com alta contagem bacteriana total (CBT). O aumento no tempo entre a ordenha e o resfriamento do leite apresentou uma relação significativa na incidência das quantidades de propriedades com alta carga microbiana (p=0,01). Tomando-se em consideração que após a saída do úbere, nenhum processo que se faça com o leite melhora sua qualidade, e quanto pior for á carga microbiana inicial, mais rápida será sua deterioração, pode afirmar que pela demora no resfriamento do leite relatado, um conseqüente aumento na carga microbiana tenha acontecido. Desta forma, produtores que demoram mais de duas horas entre o período de ordenha e de resfriamento do leite têm 26 vezes mais chances de possuírem carga microbiana elevada. Esta relação não só apresenta que a carga microbiana inicial dos produtores encontra-se alta, como também comprova a importância de se resfriar o leite dentro dos padrões estabelecidos pela Normativa 51 que é de no máximo duas horas. 3.3 Contagem de células somáticas A contagem de células somáticas (CCS) foi o fator que mais apresentou variação dos resultados, onde propriedades apresentaram desde 1,70 x 103 cels./mL até 2,70 x 105 cels./mL com média geométrica em torno de 2,32 x 105 cels./mL. Os resultados encontrados estão de acordo com os dados apontados por Sousa et al. (2008) para a região Sudeste que apresentou valores de 3,72 x 10,005 cels./mL, e com dos dados encontrados por Barbosa et al. (2008) para a região Nordeste e estados do Pará e Tocantins, que encontrou valores médios 40 de 4,82 x 105 cels./mL e os resultados de Cassoli et al. (2008) para a região sudeste entre 2005 e 2008 que foi de 4,89 x 105 cels./ml. De sobremaneira a qualidade do leite na região estudada para a contagem de Células Somáticas ainda precisa de uma melhoria considerável, entretanto revela estar no caminho para atingir os limites aceitáveis até mesmo para o ano de 2012. Na Tabela 3 encontra-se o percentual das propriedades dentro das estratificações para valores de CCS (cels./mL). Tabela 3. Distribuição das unidades produtoras de leite bovino cru Sertão paraibano em função de diferentes valores para contagem de células somáticas (CCS/mL x 1000). CCS/mL x 1.000 Amostras** (%) ≤ 400 50 71,43 401 a 750 15 21,43 751 a 1.000 02 02,86 03 04,28 > 1.000 * 6 5 5 Os limites de 1,0 x 10 , 7,5 x 10 e 4,0 x 10 cels./mL referem-se aos valores de referência estabelecidos pela Instrução Normativa 51 (BRASIL, 2002) para os anos de 2007 a 2010, 2010 a 2012 e a partir de 2012, na Região Nordeste, respectivamente. ** Número de amostras = Número de propriedades. Segundo os resultados apresentados na Tabela 3, até julho de 2010, 95% das propriedades estão dentro dos padrões para Contagem de Células somáticas exigidos pela IN51, que corroboram os dados de Barbosa et al. (2008) onde o mesmo valor foi encontrado, o que também concorda com Mesquita et al. (2006), Fonseca et al (2006), Sousa et al. (2006) e Machado et al. (2006). Nos estudos de Lopes Jr., (2009) encontrou-se que para o limite estabelecido ate julho de 2010 cerca de 94% das propriedades estariam de acordo com os padrões. A importância de estudos com CCS é evidenciada por Santos e Fonseca (2007) onde citam que elevações na CCS do leite acima de 2,0 x 105 cels./mL indicam a ocorrência de mastite, a qual reduz a quantidade de leite produzido pelo animal e causa alteração na composição do leite. Estes mesmos autores afirmam ainda que CCS acima de 2,0 x 105 cels./mL podem causar perdas ao produtor de 15%, e mais de 10% ao laticínio. Desta maneira, se o laticínio envolvido no estudo adotasse um dos programas de bonificação em funcionamento no país, remunerando o produtor 41 de leite que apresentasse um produto com baixa CCS, e repassando a este 5% de premiação ainda sim poderia aumentar consideravelmente a renda bruta do laticínio, levando-se em consideração apenas o aumento do rendimento dos produtos lácteos. Na Figura 7 encontra-se o panorama das propriedades segundo os limites estabelecidos pela IN 51, para contagem de células somáticas. A referida figura mostra que a região não está longe de atender os requisitos da IN 51 até mesmo para os limites adotados para 2012, haja vista que, apenas 25% (n=18) não estariam de acordo com legislação para este período. Figura 7. Panorama das propriedades para Valores de células somáticas por mL de acordo com os limites adotados pela IN 51 para a Região Nordeste. Fatores de risco associados por Oliver et al., (1993) ao manejo da propriedades e características como tamanho do rebanho e tipo de ordenha (manual ou mecânica) e por Brito et al., (1998) onde procedimentos durante a ordenha (não desinfecção dos tetos antes e após a ordenha) foram associados à ocorrência de novas infecções intramamárias e ao aumento da contagem de células somáticas (CCS). Estudos epidemiológicos feitos por Ott e Novak, (2001) sobre fatores de risco identificaram que características relacionadas ao 42 ambiente, aos procedimentos de manejo (SOUSA et al., 2005), estão associados à mastite bovina e à variação da CCS. Na Tabela 4, são apresentados os possíveis fatores de risco associados a elevadas contagens de células somáticas em propriedades produtoras de leite no sertão paraibano. Dentro dos possíveis fatores relaciona-se da mesma forma que para a contagem bacteriana total, a ausência de assistência técnica, evidenciando a necessidade deste segmento na cadeia produtiva. Tabela 4. Possíveis fatores de risco associados à contagem de células somáticas superior a 2 x 105 por mL de leite bovino cru produzido no Sertão Paraibano. Possível fator de risco Probabilidade (p)* Odds-Ratio (intervalo de confiança) Ausência de assistência técnica 0,00 7,39 (2,95 - 18,45) Deficiência na limpeza de utensílios 0,00 7,71 (3,14 - 18,94) Uso da água de superfície 0,10 2,17 (0,90 - 5,20) Ausência de alimentação pós-ordenha 0,01 6,38 (2,42 - 16,72) * Probabilidade calculada pelo Teste Exato de Fisher. A deficiência na limpeza dos utensílios foi apontada como possível fator de risco a contagem de células somáticas. Da mesma forma, Sousa et al. (2005), apontaram a deficiência na limpeza dos utensílios como possível fator de risco associado a alta CCS, onde produtores que obtiveram seus equipamentos de ordenha considerados em estado sanitário deficiente apresentaram 15 vezes mais chance de possuírem alta contagem de células somáticas. A qualidade da água além de influenciar a qualidade microbiológica, também foi apontado como possível fator de risco a alta contagem de células somáticas apresentadas no leite. Este fator corrobora com os dados encontrados por Lacerda et al. (2009). A ausência de alimentação após a ordenha assim como relatado por Lopes Jr. (2009), foi relacionado como fator de risco a altas contagens de 43 células somáticas. Ainda segundo Lopes Jr. (2009), a alimentação pós-ordenha tem sido recomendada para o controle da mastite, uma vez que evita o decúbito dos animais nos momentos posteriores à ordenha, o que neste caso facilitaria a contaminação. 3.4 Análises físico-químicas Na Tabela 5 são apresentados os valores médios e desvios padrão referentes à composição do leite nas 70 propriedades estudadas, bem como os limites estabelecidos pela IN 51. Na referida tabela apresentam-se ainda o número e porcentagem de propriedades estudadas que tiveram seu leite dentro dos padrões estabelecidos pela referida normativa. Os valores de gordura (expressos em %) estão de acordo com as exigências atuais da Normativa 51 em 85% das propriedades. Estes dados aproximam-se aos de Barbosa et al. (2008) onde para a Região Nordeste e estados de Pará e Tocantins cerca de 92% e com dados de Cassoli et al. (2008) onde na região Sudeste no período de 2005 a 2008 em torno de 91% das propriedades estavam de acordo com o percentual de gordura exigidos. Tabela 5. Composição físico-química de 70 amostras de leite bovino cru refrigerado colhidas em propriedades localizadas no Sertão Paraibano em relação aos valores de referência estabelecidos pela IN 51 para alguns parâmetros. Constituintes (g /100 g) propriedades dentro dos valores de referência 1,55 – 5,16 (3,80) ≥ 3,0 60 (85%) Proteína 2,53 – 4,14 (3,07) ≥ 2,9 51 (73%) Lactose 3,21 – 5,07 (4,35) NE**** ---- 9,97 – 18,98 (12,25) NE**** ---- 6,66 – 16,65 (8,44) ≥ 8,4 32 (46%) 0,11 – 0,19 (0,14) 0,14 a 0,18 46 (66%) ESD** *** Acidez Extrato seco total ** referência Número (%) de Gordura EST* * Variação (média) Valores de Extrato seco desengordurado 44 *** Acidez expressa em gramas (g) de ácido láctico/ 100 g de amostra **** Constituinte não especificado na IN 51 Os valores médios apresentados para proteína expõem que 73% das propriedades encontram-se dentro dos limites estabelecidos, o que em se comparando com trabalhos da mesma área tais como os relatos de Barbosa et al. (2008) onde 89% das propriedades atendem as exigências. Entretanto em se comparando com os dados apresentados por Cassoli et al. (2008) dos quais descreve que no Sudeste entre 2005 e 2008 apenas 6% das propriedades estavam abaixo dos limites preconizados pela IN51. Como o teor de proteína no leite é muito pouco variável o que se espera é que com a melhoria de todo o complexo da qualidade do leite este item também atinja a plenitude de resultados satisfatórios. O extrato seco total das propriedades analisadas, apresentou uma média nas propriedades de 12,25%, valores que estão em conformidade aos encontrados por Fonseca et al. (2008) para os dados de Minas Gerais entre os anos de 2007 e 2008. O extrato seco total (EST) de uma amostra de leite expressa a concentração de proteínas, lipídios, carboidratos e minerais e é um indicador importante devido à exigência de padrões mínimos no leite e pela influência no rendimento dos produtos lácteos, o que fundamenta sua adoção como parâmetro de pagamento por qualidade do leite em alguns sistemas de produção (PEREIRA et al., 2005). O extrato seco desengordurado (ESD) mostrado na tabela 3 apresentou um índice relativamente baixo para a quantidade de propriedades dentro dos padrões. Contrapondo estes dados Mesquita et al. (2008) mostra que a percentagem de propriedades que atendem chega a 87% e os dados de Cassoli et al. (2008) com 83% dentro dos padrões, contudo aproximando-se aos dados apresentados por Barbosa et al. (2008) no qual 56% das propriedades estão de acordo com a IN 51 para este item. Um fato que preocupa neste estudo, é a afirmação que 34% das amostras coletadas ainda encontravam-se fora dos padrões recomendados para a acidez no leite, evidenciando problemas tecnológicos inerentes aos processos de ordenha, armazenamento e transporte, sendo necessários 45 maiores estudos para detectar em quais elos este parâmetro sofre maiores interferências. No presente estudo não foram relacionados fatores de risco associados a qualidade físico-química do leite. 46 4. CONCLUSÕES Todos os produtores de leite do Sertão Paraibano necessitam de adequações de algum tipo de manejo seja de ordem, nutricional, sanitária e/ou ambiental. Apesar de todos os problemas de qualidade do leite no sertão paraibano, as propriedades não estão longe de atenderem as exigências da Normativa 51 para o ano de 2011. A falta de assistência técnica está relacionada com problemas qualitativos do leite no sertão paraibano. 47 5. BIBLIOGRAFIA ALVIM, R.S.; LUCCHI, B.B.; MARTINS, M.C. Cenário para o agronegócio do leite no Brasil A visão do setor primário. 7º Congresso Internacional do Leite. Anais... Juiz de Fora. 2009. BARBOSA, S.B.P., JATOBÁ, R.B., BATISTA, A.M.V.B. A Instrução Normativa 51 e a Qualidade do Leite na Região Nordeste e nos Estados do Pará e Tocantins. In III Congresso Brasileiro para Qualidade do Leite. 2008, Recife. Anais. Recife: CCS Gráfica e Editora, 2008, p 25-33. BRAMLEY, A.J.; McKINNON, C.H. The microbiology of raw milk. In: ROBINSON, R.K. 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