Entendendo os indicadores de desenvolvimento socioeconômico da Região Sul* A análise do Índice de Desenvolvimento socioeconômico (Idese) do RS, principalmente em relação à Região Sul do Estado, tem proporcionado muitas inquietações a respeito das políticas de desenvolvimento regional. O Idese é um indicador síntese de desenvolvimento dos municípios do RS e serve para avaliar e monitorar políticas públicas. O Estado do Rio Grande do Sul está dividido em 28 regiões de planejamento, definidas a partir da área geográfica dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento-COREDEs. A Região Sul, área de abrangência do COREDE-SUL é constituída por 22 municípios: Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Arroio Grande, Capão do Leão, Canguçu, Cerrito, Chuí, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Piratini, Pinheiro Machado, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Santana da Boa Vista, São José do Norte, São Lourenço do Sul, Tavares e Turuçú. É a terceira maior região do Estado em população, com mais de 846.868 habitantes. Os últimos indicadores divulgados pela Fundação de Economia e Estatística do RS- FEE apresentam números preocupantes sobre a região. O primeiro é em relação à posição da região no IDESE geral, que analisa o desempenho dos municípios nos três blocos: saúde, educação e renda. Nesse indicador, a Região Sul está na 22ª posição. Nas primeiras posições estão as Regiões: Serra, Noroeste Colonial e Vale do Taquari. Em relação à educação, o bloco mais preocupante, a posição regional é a 26ª. Isto significa que entre as 28 regiões, a Região Sul possui o menor número de alunos matriculados na pré-escola e no ensino médio, menos adultos com o ensino fundamental completo e desempenho mais baixo nas Provas Brasil do 5º e 9º ano. No Bloco saúde, a posição da Região Sul é a 24ª, também entre as posições de mais baixo desempenho. Estes números mostram que em relação as demais regiões do RS, a Região Sul apresenta maiores taxas de mortalidade infantil (pré-natal e menores de 5 anos), o menor desempenho no índice de condições gerais de saúde, avaliado a partir dos dados sobre óbitos por causas mal definidas ou evitáveis e da baixa expectativa de vida (longevidade). Para entender melhor estes dados, pode-se comparar os dados sobre expectativa de vida. Enquanto no RS, a expectativa de vida é de 72,05 anos, na Região Sul é de 69,54 anos. Comparando os indicadores de longevidade entre alguns municípios com mais de 100 mil habitantes, identifica-se que enquanto a expectativa de vida em Pelotas é de 69,61 anos e Rio Grande de 68,64 anos, em Santa Maria, Caxias e Bento Gonçalves é de respectivamente 74,01 anos, 74,11 anos e 77,41 anos, ou seja, a diferença entre a expectativa de vida dos municípios de Rio Grande e Bento Gonçalves é de quase 9 anos. O terceiro Bloco do Idese é o da Renda, calculado a partir dos indicadores do PIB per capita e renda domiciliar per capita de todos os trabalhos. Neste indicador a Região Sul ocupa a 15ª posição. Análise realizada por Marcos Vinício Wink Jr., pesquisador da FEE e professor da UFRGS, sobre o Idese e a pobreza extrema dos municípios do RS, percebe-se entre os dez municípios com o maior número de extrema pobreza, Porto Alegre na 1ª posição com 13.506, seguido por Pelotas com 6.659, Viamão com 4.477 e, em 4ª posição, com 3.914, o município de Rio Grande. Na 7ª posição o município de Canguçu, com 3.703. Ou seja, entre os dez municípios com o maior número de extrema pobreza, três estão da Região Sul. Refletir sobre esses dados não significa ter uma postura pessimista em relação ao desenvolvimento da Região Sul, pelo contrário, é um importante exercício a ser feito em um momento em que a Região Sul possui expectativas de retomada do dinamismo, alavancada pela implantação do Polo Naval. É buscar identificar quais políticas públicas precisam ser mais efetivas e construir propostas para a construção do desenvolvimento regional com qualidade de vida. *Roselani Sodré da Silva – Vice-Presidente do COREDE-SUL, Mestre em Política Social e Doutorando em Ciência Política.