0 Universidade de Pernambuco – UPE Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável Sandra Rosa Vespasiano Borges APOIADORES INSTITUCIONAIS DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO: ANÁLISE SOBRE A SUA FORMAÇÃO NA PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO ECOLÓGICA. Recife 2013 1 Sandra Rosa Vespasiano Borges APOIADORES INSTITUCIONAIS DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO: ANÁLISE SOBRE A SUA FORMAÇÃO NA PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO ECOLÓGICA. Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências da Administração da Universidade de Pernambuco como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Gestão em Desenvolvimento Local Sustentável. Orientador: Prof.: Dr. José Luiz Alves Recife 2013 2 3 Sandra Rosa Vespasiano Borges APOIADORES INSTITUCIONAIS DA POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO: ANÁLISE SOBRE A SUA FORMAÇÃO NA PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO ECOLÓGICA Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências da Administração da Universidade de Pernambuco como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Gestão em Desenvolvimento Local Sustentável. Aprovada em: __/__/2013 Nota: _____________________ Orientador: ___________________________________________ Prof. Dr. José Luiz Alves Examinadores: ___________________________________________ Prof. Dr. Arandi Campelo ___________________________________________ Prof. Dr. Luiz Marcio Assunção ___________________________________________ Prof.ª Drª Theresa Frazão 4 AGRADECIMENTOS À Energia maior que rege toda a natureza e os seres vivos, que nos mostra o quanto é importante o conhecimento que se constrói para salvar nosso planeta e todos aqueles que vivem nele. Aos meus pais que tanto fizeram para que eu galgasse sempre um caminho a mais do que eu realmente pudesse percorrer. Ao Jorge que em muitos momentos desse Mestrado esteve do meu lado, como parceiro e companheiro inseparável. Aos meus irmãos e familiares que realmente torceram para que eu concluísse mais uma etapa da minha vida. Aos amigos/irmãos da turma 6 do mestrado GDLS, pela cumplicidade e amizade verdadeira. Ao meu orientador Prof. Dr José Luiz pela confiança no meu empenho, sua dedicação, tolerância e competência. Minha eterna gratidão. Aos membros da Banca, os professores Arandi Campelo, Luiz Márcio, Theresa Frazão, Andrea Karla, agradeço a disponibilidade e dedicação por essa causa. Agradeço imensamente. Aos professores do curso de mestrado Andréa Karla, Múcio Banja, Maria Auxiliadora, Fábio Pedrosa, Geraldo Jorge, José Maria, Luiz Márcio, Emanuel Leite e especialmente Ivo Pedrosa, José Gilson e Célia Ximenes (professora da vida e do coração). Agradeço também a Lidiane e Angélica, nossos apoios e a Lourdinha da copa. E em especial a Profª Drª Maria de Fátima Gomes da Silva que me fez perceber o quanto sou capaz de vencer desafios, principalmente quando se coloca a prova a minha competência. 5 “A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos, encontrar propósito e direção para suas vidas.” Rudolf Steiner 6 RESUMO BORGES, Sandra Rosa Vespasiano. Apoiadores institucionais da Política Nacional de Humanização: Análise sobre a sua formação na perspectiva de uma educação ecológica. 2013. 199f. Dissertação (Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável) – Programa de Pós-Graduação em Administração. Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco. Universidade de Pernambuco. Recife. A presente pesquisa busca examinar a percepção dos Apoiadores Institucionais da Política Nacional de Humanização que trabalham como servidores públicos em hospitais referenciados da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, quanto a sua formação para a humanização dos serviços e se esta apresenta a perspectiva da educação ecológica. O aprendizado sobre os princípios ecológicos para a práxis em saúde pública é fundamental para compreender e intervir nos modos de atenção e gestão nessa atividade, que alavanca-se no Estado, atualmente, considerado o segundo maior polo médico do país e uma região em franco desenvolvimento sustentável. A pesquisa realizada com os 62% dos apoiadores institucionais revelou que a formação recebida por eles está distante daquela sugerida pelo Ministério da Saúde no que tange uma formação para inovações e mudanças. Também está, a atual formação, limitada a implantação do dispositivo Acolhimento com Classificação de Risco, havendo a necessidade da implementação de outros. Por fim, a formação de apoiador institucional em Pernambuco está pouco conectada com a realidade, valores, especificidades e cultura da região e dos próprios serviços de saúde. E fim, há sugestão de proposta de curso de formação de apoiadores institucionais da Política Nacional de Humanização para o Estado de Pernambuco, onde os conteúdos oferecidos são baseados nas produções literárias do Ministério da Saúde para a humanização dos serviços e de autores que abordam a educação ecológica como a ciência que ensina o homem, a saber, conviver com a natureza e a buscar o que se entende por sustentabilidade. Palavras chave: Apoiador Institucional; Política Nacional de Humanização; Educação Ecológica 7 ABSTRACT BORGES, Sandra Rosa Vespasiano. Apoiadores institucionais da Política Nacional de Humanização: Análise sobre a sua formação na perspectiva de uma educação ecológica. 2013. 199f. Dissertação (Mestrado em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável) – Programa de Pós-Graduação em Administração. Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco. Universidade de Pernambuco. Recife. The present research aims to examine the perception of Institutional Supporters of the national policy of Humanizing working as public servants in hospitals referenced the Secretariat of Health of the State of Pernambuco, about his training for the humanization of the services and if this presents the perspective of ecological education. Learning about the ecological principles to the praxis in public health is fundamental to understand and intervene in attention and management modes in this activity, which lever in the State, currently considered the second largest medical hub in the country and a region in sustainable development. The research conducted with 62% of institutional supporters has revealed that the training received by them is who from that suggested by the Ministry of health concerning a training for innovations and changes. Also, the current formation, limited deployment of the Host device with risk Classification, and there is the need of implementing others. Finally, the formation of institutional supporter in Pernambuco's little connected with reality, values, and culture of the region and specificities of their own health services. And end, there is the suggestion of proposed training course of institutional supporters of the national policy of Humanisation to the State of Pernambuco, where the content provided are based on the literary productions of the Ministry of health for the humanization of the services and of authors that discuss ecological education as the science that teaches man, to learn, to live with nature and get what is meant by sustainability. Key-words: Institutional Supporter; National policy of Humanization; Ecological Education 8 LISTA DE SIGLAS A3P – Agenda Ambiental da Administração Pública ACCR – Acolhimento com Classificação de Risco ASQ – American Society for Quality CAAE – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CEFOSPE – Centro de Formação dos Servidores do Estado de Pernambuco CEP – Comitê de Ética e Pesquisa CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde CNUMAD – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CRH – Centro de Recursos Humanos ENANPAD – Encontros Anuais da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração GDLS – Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável HAM – Hospital Agamenon Magalhães HBL – Hospital Barão de Lucena HOF – Hospital Otávio de Freitas HR – Hospital da Restauração MMA – Ministério do Meio Ambiente MS – Ministério da Saúde PNH – Política Nacional de Humanização SES – Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco SUAPE – Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros SUS – Sistema Único de Saúde TCLE – Termo de Consentimento e Livre Esclarecido UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UP – Unidade de Produção UPE – Universidade de Pernambuco USP – Universidade de São Paulo 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Percentual de profissionais de saúde de Pernambuco que participaram da formação na Rede Temática “Urgência e Emergência dos hospitais HAM, 71 HOF, HBL e HR .......................................................................................... Figura 2. Quantitativo de profissionais de saúde e respectivas notas durante a formação de Apoiador Institucional pela Secretaria de Saúde do Estado de 71 Pernambuco .................................................................................................. Figura 3. Percentual de Apoiadores Institucionais que foram investigados nesse 72 estudo ........................................................................................................... 10 LISTA DE QUADROS Conteúdo programático e atividades da formação dos Apoiadores Institucionais da PNH no ano de 2008 ..................................................... 42 Quadro 2. Práticas Sustentáveis mais conhecidas nas organizações ......................... 51 Quadro 3. Estratégias sustentáveis das organizações de saúde ................................. 55 Quadro 4. Nível de comportamento sustentável das organizações ........................... 59 Quadro 5. Nível de Responsabilidade Socioambiental Corporativa ......................... 60 Quadro 6. Critérios de avaliação para o Prêmio Saúde Sustentável em Portugal ..... 63 Quadro 7. Práticas humanizadoras categorizadas no estudo como práticas sustentáveis nos serviços no Estado de Pernambuco ............................... 82 Quadro 8. Frequência dos indicativos relacionados às práticas humanizadoras caracterizadas no estudo como práticas sustentáveis ............................... 83 Quadro 9. Inferências relacionadas às dimensões de análise e as categorias de análise a partir dos elementos do discurso dos participantes ................... 93 Quadro 1. 11 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Perfil dos participantes em relação à formação acadêmica .................... 79 Tabela 2. Perfil dos participantes em relação ao tempo de serviço ........................ 79 Percepção dos participantes quanto à formação de apoiador Tabela 3. institucional como potencial instrumento de mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde no Estado de Pernambuco ............................ 80 Percepção dos participantes quanto à perspectiva da educação Tabela 4. ecológica na formação de apoiador institucional no Estado de Pernambuco ............................................................................................ 81 Percepção dos participantes quanto à motivação da formação de Tabela 5. apoiador institucional para a promoção de práticas sustentáveis na humanização dos serviços de saúde no Estado de Pernambuco ............. 81 12 SUMÁRIO 1 1.1 1.2 1.2.1 1.2.2 1.3 1.4 2 2.1 2.2 2.3 3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.2 3.3 INTRODUÇÃO .................................................................................................. Justificativa da investigação ................................................................................. Objetivos da pesquisa ........................................................................................... Objetivo geral ....................................................................................................... Objetivos específicos ............................................................................................ Definição do problema ......................................................................................... Estrutura de organização do trabalho ................................................................... FORMAÇÃO DE APOIADORES DA PNH E OS MODOS DE ATENÇÃO E GESTÃO DA SAÚDE ................................................................ Discutindo as bases epistemológicas da formação dos apoiadores institucionais.......................................................................................................... A formação do apoiador institucional como estratégia para operacionalização da Política Nacional de Humanização .................................................................. A propósito de mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde com base na formação de apoiadores e na construção de redes................................................. FORMAÇÃO DE APOIADORES NA PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO ECOLÓGICA ............................................................................. Conteúdo programático da proposta atual da formação dos Apoiadores Institucionais da PNH ........................................................................................... A formação do apoiador no âmbito nacional: Ministério da Saúde.................... A formação do apoiador no âmbito estadual: Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco ..................................................................................................... Estratégias metodológicas aplicadas pelos apoiadores institucionais na gestão da saúde ................................................................................................................ Construção da formação dos Apoiadores institucionais na perspectiva da educação ecológica com bases na Pedagogia de Waldorf .................................... 4.3.1 4.3.2 PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS DOS APOIADORES EM ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE SOB A PERSPECTIVA DA HUMANIZAÇÃO ............................................................................................... A propósito da sustentabilidade: conceitos atuais ............................................... Gestão sustentável integrada à gestão humanizada .............................................. Práticas sustentáveis em serviços de saúde: a indissociabilidade entre Humanização e Sustentabilidade .......................................................................... Experiências no exterior ....................................................................................... Experiências no Brasil .......................................................................................... 5 5.1 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.2 5.3 5.4 METODOLOGIA ............................................................................................... As abordagens de pesquisa utilizadas ................................................................... A abordagem quantiqualitativa na pesquisa ........................................................ A opção pela pesquisa exploratória neste estudo................................................. O instrumento para a coleta de dados .................................................................. A análise de dados através da análise de conteúdo .............................................. O lócus e os sujeitos da pesquisa .......................................................................... As categorias analíticas da pesquisa ..................................................................... 4 4.1 4.2 4.3 14 14 16 16 16 16 19 21 22 29 32 36 38 39 42 44 46 50 52 58 62 62 63 65 65 65 67 67 69 70 72 13 5.4.1 5.4.2 5.4.3 5.4.4 5.4.5 Interdependência .................................................................................................. Reciclagem ............................................................................................................ Parceria ................................................................................................................ Flexibilidade ......................................................................................................... Diversidade ........................................................................................................... 73 74 75 75 76 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................. Percepções dos Apoiadores Institucionais da Política Nacional de Humanização: interface entre sua formação e a educação ecológica ................... Dados correspondentes aos participantes da pesquisa ........................................ Percepções dos Apoiadores Institucionais sobre as mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde nos serviços de referências no Estado de Pernambuco .......................................................................................................... Percepções dos Apoiadores Institucionais quanto a sua formação na perspectiva uma educação ecológica do sujeito .................................................. Percepções dos Apoiadores Institucionais em relação à sustentabilidade das práticas desenvolvidas nas organizações de saúde no Estado de Pernambuco .. Inferências sobre a relação entre o discurso dos participantes e as categorias de análise ................................................................................................................... 77 6.1 6.1.1 6.1.2 6.1.3 6.1.4 6.2 77 78 83 87 90 92 7.1.3 7.1.4 PROPOSTA DE FORMAÇÃO DOS APOIADORES DA HUMANIZAÇÃO NO ESTADO DE PERNAMBUCO .................................. Projeto de intervenção na formação dos apoiadores institucionais da Política Nacional de Humanização no Estado de Pernambuco ......................................... Objetivos ............................................................................................................... Ações a desenvolver na formação dos apoiadores institucionais do Estado de Pernambuco .......................................................................................................... Procedimentos de avaliação ................................................................................. Responsáveis pela execução do projeto ............................................................... 8 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 98 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 100 APÊNDICE.......................................................................................................... Apêndice A – Roteiro de pré-análise da aplicação do questionário ..................... Apêndice B – Análise das dimensões da pesquisa ............................................... Apêndice C – Questionário aplicado na pesquisa ................................................ 105 106 107 109 ANEXO ................................................................................................................ Anexo A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE ........................ 110 111 7 7.1 7.1.1 7.1.2 96 96 96 96 97 97 14 1. INTRODUÇÃO Há dez anos foi criada pelo Ministério da Saúde (MS), uma política pública de natureza social, que tinha como propósito inicial dar qualidade às atividades de assistência e gestão desenvolvidas no âmbito da saúde pública no Brasil. A referida política, conhecida como Política Nacional de Humanização (PNH) buscava, e busca encantar os sujeitos que vivenciam esse cenário, promovendo dentre tantas ações, a formação de profissionais para intervir na produção de saúde de forma holística e competente. Dentre os desafios estavam, exatamente, a própria formação dos profissionais para serem humanizadores e esses se transformarem em atores de novas formas de dar assistência e gerir a Saúde nas regiões brasileiras. Em muitos Estados do país essa formação acontece, se reformula e se adapta às mudanças que ocorrem diante do desenvolvimento sustentável, ao qual o Brasil está se adequando. No entanto, outros estados não conseguem esse feito. Ou a formação dos humanizadores não acontece como orientada pela PNH, ou acontece de forma “capenga”, com lacunas, longe da realidade das regiões e sem vínculo com as questões voltadas a problemática ambiental. 1.1 Justificativa da investigação O Estado de Pernambuco é considerado o segundo maior polo de saúde do país. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) (2010), o Estado de Pernambuco possui no serviço público um quantitativo de aproximadamente 86.785 profissionais de várias categorias atuando segundo os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e de políticas públicas transversais a ele. Neste estudo questiona-se a veracidade dessa afirmação, principalmente em relação a formação quanto a políticas públicas transversais ao SUS, como é o caso da PNH. Será que esses profissionais de saúde recebem formação adequada e atualizada em relação a políticas públicas? É sabido que tais políticas são norteadoras de ações próprias de profissionais de saúde, no serviço público, que acreditam ser competentes e promovedores de novos modos de produzir saúde com qualidade. 15 Em Pernambuco, as formações sobre a utilização de políticas públicas na atenção e gestão da saúde são realizadas para profissionais vinculados ao setor público. No entanto esse fenômeno carece de estudo para que os próprios sujeitos submetidos às formações possam referir suas percepções sobre os moldes da formação e se essa traz em sua composição curricular a temática da sustentabilidade. Em virtude de Pernambuco ter apresentado um grande avanço quanto ao processo de desenvolvimento sustentável, deverá ser proposta essa atitude em todas as áreas governamentais. Como a área de Saúde está inserida nesse contexto? Como os trabalhadores da saúde estão sendo formados para essa atitude, de ser sustentável e transformar a instituição em que trabalha em sustentável, também? Quando se propõe uma investigação como essa no Estado de Pernambuco, é relevante mencionar que diante da construção do Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros (SUAPE) e, mais recentemente, do Polo Industrial de Goiana, na área norte do Estado, inúmeras indústrias e empresas, contrataram milhares de trabalhadores que são considerados cidadãos brasileiros, e, portanto, usuários do SUS. Por este fato, surge a necessidade de melhorar os centros de oferta de serviços de saúde pública e qualificar os profissionais a partir dos princípios e dispositivos da PNH tornando-os Apoiadores Institucionais. Algumas reflexões sobre essa temática serão analisadas a partir da percepção dos Apoiadores Institucionais da PNH, no Estado de Pernambuco sobre sua formação diante da perspectiva da Educação Ecológica (Ecoalfabetização), que é o objetivo central desta pesquisa. Se na realidade, essa formação para humanizar a saúde pública está aliada aos conceitos de sustentabilidade colaborando para a estruturação de sujeitos capazes de desenvolver práticas de atenção e gestão na saúde menos fragmentadas e mais promovedoras de vínculos saudáveis e de co-responsabilização entre os sujeitos e o meio ambiente. Diante deste pressuposto o presente estudo justifica-se e traz questionamentos de relevância que incitaram a busca de informações sobre o processo de formação/intervenção na humanização da saúde através das seguintes questões de partida: 16 Em que medida a formação de apoiadores institucionais da PNH tem potencial para produzir mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde, identificadas nos serviços de saúde do Estado de Pernambuco? Até que ponto a formação de Apoiadores Institucionais da PNH está orientado na perspectiva de uma educação ecológica do sujeito? Até que ponto as práticas dos Apoiadores Institucionais da PNH são sustentáveis no que concerne à perspectiva da humanização? 1.2 Objetivos da pesquisa 1.2.1 Objetivo geral Analisar a proposta pedagógica da formação de Apoiadores Institucionais da PNH no Estado de Pernambuco, no sentido da formação do sujeito para humanização da saúde na perspectiva da educação ecológica. 1.2.2 Objetivos específicos Apresentar a proposta pedagógica do curso de formação de Apoiadores Institucionais da PNH estabelecido pelo MS; Verificar se a formação de apoiadores Institucionais do Estado de Pernambuco está orientada numa perspectiva de uma educação ecológica; Evidenciar a práticas sustentáveis dos Apoiadores Institucionais do Estado de Pernambuco a partir da educação ecológica para a humanização em saúde. 1.3 Definição do problema Surge, então, como inquietação a ser investigada no estudo, a formação de sujeitos, denominados Apoiadores Institucionais através de proposta pedagógica da PNH. A investigação também identifica se a formação provoca nos apoiadores atitudes de intervenção e de promoção de mudanças na gestão das organizações de saúde, como uma estratégia para o desenvolvimento sustentável. 17 O conceito subjacente ao termo “desenvolvimento sustentável”, neste estudo, foi proposto para levar o entendimento da relação estreita entre desenvolvimento econômico, com a preservação ambiental, principalmente, à gestão de resíduos sólidos e ao aproveitamento de energia nas instituições de saúde. (KEINERT, 2006, p.04). Keinert, Castro e Gomes (2004) defendem que a humanização nas organizações é um importante componente para a sustentabilidade organizacional e sendo esse aspecto, aquele que demanda maior aprofundamento conceitual, poderá representar uma mudança na gestão da saúde e melhoria na qualidade aos serviços prestados aos sujeitos pertencentes a esse cenário. Para se humanizar as organizações de saúde é preciso que as pessoas que a constituem sejam formadas (eco-alfabetizadas) para definir metas, planejar estratégias que promovam a melhoria do ambiente em que se vivencia (FLORIANO, 2004, p.05), gerar resultados permanentes, elaborar planos de ação que colaborem com preservação do meio ambiente (ecológico e institucional) e fortaleçam o que se chama de cidadania corporativa (VERGARA, BRANCO, 2006). No Brasil, afirmam Vergara e Branco (2006), empresas de vários setores, consideradas organizações humanizadas, apresentam dentre seus projetos, a capacitação de educadores, de agentes denominados “apoios empresariais” os quais auxiliam a gestão no planejamento e criação de centros de formação de outros apoios. Uma das finalidades desses apoiadores é incentivar a todos os trabalhadores e gestores da instituição, a manutenção dos compromissos e responsabilidades sociais com as pessoas e com o meio ambiente. É papel fundamental do apoiador da instituição, inclusive, monitorar as condições de trabalho oferecidas, em todos os níveis da gestão, para que os resultados alcançados levem a excelência na gestão. O presente trabalho surge a partir do conhecimento em relação às experiências descritas e encontradas no site do HumanizaSUS, do MS. As iniciativas de implantação da PNH, retratadas através de experimentos e experiências bem sucedidas no país, são relatadas evidenciando, entre outras estratégias, a formação de Apoiadores Institucionais, (BRASIL, 2010a). Há interesse em identificar se tal formação realizada em Pernambuco repercutiu em 18 mudanças nos modos de oferecer assistência aos usuários do SUS e de gerir unidades de produção de saúde, considerando os vieses da sustentabilidade. Outro aspecto que incitou ao presente estudo foi a necessidade de promoção de novos modos de atuação em saúde, com base na PNH no Estado de Pernambuco, associada ao processo de educação e gestão ambiental integrado às ações de saúde. É momento de buscar a sustentabilidade organizacional nos centros de saúde pública e construir planos de intervenção partir das orientações dos manuais de educação ecológica (e corporativa) aliada a políticas sociais como é o caso da PNH. Há necessidade de mudanças nas estruturas de atendimento na saúde, na atuação dos profissionais a partir de uma prática mais humanista e sustentável, que não poderão acontecer aleatoriamente ao modelo de atenção na saúde presente na gestão do SUS. Essas mudanças deverão ser orientadas a partir da formação do trabalhador da área da saúde no sentido de formar o indivíduo para intervir coletivamente na busca de melhorias da qualidade de vida e do meio ambiente, em que vive e trabalha, assim como em todo o planeta. Contudo, o desafio em implantar a cultura da humanização nas práticas assistenciais e gerenciais do trabalhador da saúde no que se relaciona à ambiência (BRASIL, 2010a), demanda a percepção de critérios que ultrapassam os aspectos biológicos e socioculturais na atenção e na gestão da saúde. Tende a perceber (sensivelmente) a condição do sujeito/trabalhador como um ser modificador, e ao mesmo tempo, cuidador de seres, cuidador do meio ambiente de vida e do meio ambiente laboral. Em síntese, é preciso sensibilizar os trabalhadores da saúde a serem e agirem como um cidadão planetário. Pressupõe-se que a formação tanto dos profissionais de saúde como gestores dentro da temática do apoio institucional, poderá repercutir em bons resultados na gestão, com inovações, empreendedorismo e incluindo a abordagem da sustentabilidade, em suas dimensões e perspectivas. Tal formação é uma proposta de educação pedagógica/corporativa da PNH (BRASIL, 2010). A intensão é de fomentar nos profissionais formados o sentido de colaborar na construção da rede de saúde pública, no exercício pleno de suas condições, compartilhando outras formações e intervenções nos seus espaços de trabalho e no planejamento de ações humanizadores, em uma perspectiva inovadora. E, quem sabe, sustentável? 19 É essencial para essa pesquisa analisar qual a percepção dos profissionais que participaram da formação de apoiadores institucionais e sobre as modificações que ocorreram a partir desse processo. Também se faz importante investigar se os apoiadores da PNH do Estado de Pernambuco estão integrados à construção do conhecimento e promoção de práticas humanizadoras com baseadas na perspectiva da sustentabilidade. Assim, justifica-se a proposta de análise da percepção dos apoiadores institucionais da PNH, em Pernambuco, mais especificamente ligados diretamente à Secretaria Estadual de Saúde, com práticas de implantação da PNH e seus dispositivos estabelecidos como estratégia de gestão na produção da saúde. 1.4 Estrutura de organização do trabalho Neste trabalho, foi utilizada a pesquisa com abordagem mista: qualiquantitativa. Foi utilizado um questionário semiestruturado para a coleta de dados para se obter respostas aos objetivos definidos através da análise de conteúdo e da triangulação dos dados coletados quantitativamente. A estrutura capitular deste trabalho será organizada em oito capítulos, a saber: Capítulo 1 – A introdução do trabalho contendo a justificativa, definição do problema e a organização do mesmo. O Capítulo 2 – Trará a abordagem relativa à PNH, o seu processo de educação pedagógico/corporativa de formação de apoiadores institucionais (RIOS, 2009) e o papel destes no processo de qualificar e inovação a atenção e gestão na saúde, além da contribuição destes para a sustentabilidade organizacional. O Capítulo 3 – A formação dos apoiadores institucionais a partir de uma educação ecológica tendo como autores Capra (2000; 1997), Capra, Stone e Barlow (2006) e Júnior (2007). O Capítulo 4 – As práticas sustentáveis que surgem em um ambiente humanizado, que se inicia a partir da implantação da cultura de humanização e que promover mudanças nas pessoas e nos processos. O Capítulo 5 – Metodologia que traz o embasamento teórico e as escolhas feitas para essa investigação sob a visão de Gil (2011) e Bardin (1977). O Capítulo 6 – A interpretação dos dados captados dos questionários ocorreu por disposição e interesse do próprio autor, e será desenvolvida a análise dos dados recolhidos conforme os estudiosos mencionados nos capítulos anteriores. O Capítulo 7 – Apresenta uma proposta de intervenção na formação dos apoiadores da PNH em aliança com a Gestão da Educação Corporativa (GEDUC) no Centro de Formação dos 20 Servidores do Estado de Pernambuco (CEFOSPE). E finalmente, o Capítulo 8 – A Conclusão do estudo é apresentada apontando as reflexões, questionamentos e inferências sobre a formação para apoiador da humanização aliada a educação ecológica. 21 2. FORMAÇÃO DE APOIADORES DA PNH E OS MODOS DE ATENÇÃO E GESTÃO DA SAÚDE O objeto de estudo empírico desse trabalho é a Formação para Apoiadores Institucionais da PNH instituída pelo MS, portanto, julgo ser relevante iniciar as discussões nesse trabalho, a partir do que se tem publicado no Brasil em relação a este processo educativo políticopedagógico. A articulação entre a educação e o trabalho no SUS é um dos princípios norteadores da formação do Apoiador Institucional da PNH. Não se limitando a esse, outros princípios são direcionadores da prática pedagógica e corporativa na produção de saúde no Brasil (RIOS, 2009, p. 95) como a produção de processos e práticas de desenvolvimento nos locais de trabalho; as mudanças nas práticas de formação e de produção de saúde, tendo em vista a integralidade e humanização; a articulação entre ensino, gestão, atenção e participação popular e controle social em saúde; e a produção de conhecimento para o desenvolvimento da capacidade pedagógica dos serviços e do sistema de saúde. Como resultados esperados, em relação ao processo de educação para a função de apoio institucional, pode-se prever a formação de profissional crítico, capaz de aprender a aprender, de trabalhar em equipe (parceria e cooperação), de levar em consideração a realidade social para prestar atenção humanizada e de qualidade (RIOS, 2009, p. 95), e pautada a partir da Educação Permanente. Mas será que o processo educacional voltado para esse profissional, nos moldes estabelecidos há dez anos atrás pelo MS, promove atitudes realmente voltadas para a reflexão crítica dos modos de produzir saúde? Portanto, neste estudo, serão buscados indícios – através de relatos dos apoiadores institucionais da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco (SES) – de que tal formação para a humanização da saúde incita ou não a uma formação na perspectiva da Consciência Ecológica1. Tal preocupação surge principalmente, devido ao fato de haver entre os dispositivos da PNH a ser implantados nos serviços de saúde, aquele que se designa a modificar o meio ambiente interno e externo nas organizações, que se denomina “Ambiência ou Projetos de Ambiência” (BRASIL, 2010). 1 Capacidade de compreender os princípios de organização da ecologia e aplica-los ao cotidiano das práticas sociais e laborais (CAPRA, 2000, p.27). 22 Falar sobre o Apoio Institucional, com base na PNH no âmbito hospitalar é uma oportunidade de promover futuros debates em relação à formação pedagógica e corporativa na produção de saúde no Brasil. É importante fazer uma retrospectiva em relação ao estabelecimento desta estratégia, denominada Apoiador Institucional da PNH no processo de humanização da saúde e de sua colaboração nas mudanças nos modos de assistir e gerenciar as práticas do SUS. Vale também identificar se essa função está voltada a práticas de responsabilidade socioambiental nos serviços já que sua atuação ocorre em ambientes interno e externo às organizações de saúde. De acordo com (GUEDES, BARROS, ROZA, 2011, p. 94) o apoio institucional na PNH é tomado como dispositivo de intervenção que propõe um “modo de fazer” mudanças necessárias para que o SUS se afirme como política efetivamente pública. É considerado, o apoio, como uma função que viabiliza a criação de modos de trabalhar em saúde que ratificam o público, em toda sua dimensão de potência coletiva. Os autores referem-se ao apoio institucional quase como um instrumento de gestão em saúde para a coletividade, no entanto não demonstram se há indissociabilidade entre a sua atuação na organização de saúde e na comunidade em que essa está inserida. Com a função “apoio”, então, procurou-se expressar os princípios do SUS em modos de operar nas unidades de saúde da atenção básica, buscando uma articulação das ações dos serviços que compõem a rede, propiciando, em/nas equipes, trocas solidárias e comprometidas com a dupla tarefa de produção de saúde e produção de sujeitos. Porém muito pouco se tem escrito em relação às bases epistemológicas da formação do apoiador institucional (MELLO, 2008). As discussões são pertinentes, pois tal processo educacional tem repercussões amplas na sociedade devido a visão humanista da formação do apoiador e da sua atuação direta com seres humanos e suas realidades. 2.1 Discutindo as bases epistemológicas da formação dos apoiadores institucionais Em 2003, o MS instituiu a humanização como uma proposta de criação de ações voltadas para a melhoria na qualidade da assistência no SUS e também da gestão de saúde pública no país (BRASIL, 2010). Nasce, então, a PNH que emerge no cenário de reforma sanitária brasileira, da construção do campo da saúde coletiva e que propõe mudanças no 23 sentido e na forma de organização de se produzir saúde no Brasil. Mas sem a visão da reforma sanitária na perspectiva da preservação do meio ambiente, prevenindo doenças e doentes. Segundo Guedes, Barros, Roza (2011, p. 94), a PNH se afirma como política pública de saúde muito além do caráter governamental. É processual e se constrói a partir de experiências cotidianas, dos processos de trabalho em curso nos serviços de saúde, afirmandose nas práticas concretas dos trabalhadores, usuários e gestores que integram as equipes do SUS. Tem-se privilegiado o Apoiador Institucional como um instrumento relevante na tarefa de promoção do exercício político público no âmbito do SUS. Mas até então, não há menção em detrimento ao conhecimento desse apoiador em relação aos impactos socioambientais provocados pela produção de saúde e prevenção de doenças no Brasil. Na realidade, eis que a humanização presta-se a dar ênfase aos sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Eles se tornam protagonistas e co-responsáveis neste processo em que a valorização da dimensão humana está intrínseca a toda prática de saúde (PASCHE, PASSOS, 2008, p. 92), mas não apresentam relação com a prática da conscientização ecológica para minimizar a produção de doenças e doentes no país. É, senão, a formação do sujeito para o processo de humanização da saúde, porém com a visão muito distante dos processos voltados ao equilíbrio do homem em seu meio buscando a sua cura e evitando novas morbidades. Mesmo assim Mello (2008, p. 15) refere que a formação do apoiador institucional apresenta bases epistemológicas cedidas da corrente filosófica humanista e que está pautada no conjunto das seguintes crenças: O ser humano é bom e capaz de realizações a favor da humanidade; A massificação e perda da sociabilidade podem ser revertidas pela intervenção social; A existência de uma sociedade mais consciente, harmônica e feliz é possível; O estímulo ao autoconhecimento, a autoestima e aos mecanismos de reflexão e interação são importantes. O apoiador no processo de humanização da saúde é tomado como dispositivo de intervenção que propõe um “modo de fazer” inovador, de mudanças necessárias, com a 24 finalidade de afirmar o SUS como uma política efetivamente púbica e de excelência. O apoio vem, neste cenário, como uma “função” que viabiliza a criação de modos de trabalhar em saúde em toda a sua dimensão de potência coletiva. No entanto, como pode a atuação do apoiador institucional ser inovadora se ao menos há qualquer preocupação em forma-lo com a consciência ecológica, ou da sustentabilidade, visto que atualmente, inovação é sinônimo de sustentabilidade (BACHA, SANTOS, SCHAUN, 2010). Através da função de apoio, a PNH procura expressar os princípios do SUS em modos de operacionalizar as práticas de produção de saúde, estabelecendo como fundamental neste processo, a busca de articulações entre os serviços que compõem a rede – unidades de produção –, propiciando nas equipes a cooperação e a parceria – trocas solidárias – e formando o sujeito a se comprometer tanto com a produção de saúde como a formação de outros sujeitos – apoios institucionais (BRASIL, 2010). Mas, a função de apoio não é orientada ou instruída a identificar nos modos de produzir saúde, que pontos vão de encontro a necessidade de uma atitude mais voltada para as questões socioambientais envolvidas nesse processo. O apoio institucional na PNH é considerado dispositivo de intervenção que propõe um “modo de fazer” mudanças, necessárias para que o SUS se afirme como política efetivamente pública (GUEDES, BARROS, ROZA, 2011, p. 93). No entanto essa estratégia até o momento não evolui para uma atuação mais voltada para a sustentabilidade, ou questões socioambientais, principalmente diante de culturas que já se dizem sustentáveis, como acontece no Estado de Pernambuco. A visão de Guedes, Barros e Roza (2011, p. 4805) em relação ao apoio institucional é que esse dispositivo da PNH é uma estratégia de fomento à gestão compartilhada dos processos de trabalho, exercida nas práticas cotidianas concretas e que parte da premissa de que todo trabalhador é gestor de seu trabalho. Isso implica dizer que toda essa valorização do trabalho de apoiador institucional deveria ser estruturada em integração com os movimentos de modernização do sujeito para a consciência quanto aos impactos socioambientais e à sustentabilidade relacionada à produção da saúde. De acordo com Brasil (2010) é na gestão compartilhada, onde o apoiador se coloca ao lado dos sujeitos na análise de seus processos de trabalho, de modo a não deixar ocorrer, 25 nos grupos e organizações, formas autoritárias de atenção e gestão. O apoio procura instrumentos que provoquem mudanças nas práticas de gestão e assistência, acolhendo e fortalecendo tudo no grupo, e modificando a forma tradicional de gerir uma organização e as pessoas que pertencem a ela. Com a formulação de uma PNH da Atenção e da Gestão do SUS2 (PNH) em 2003, o MS constituiu a criação de práticas que demonstram a preocupação com a Humanização na saúde. (GUEDES, BARROS, ROZA, 2011). Utilizando-se de princípios, métodos, diretrizes e dispositivos a PNH vêm se dedicando à tarefa de definir novos modos de atuação na área da saúde para que, entre outros, haja o desenvolvimento sustentável na gestão de instituições aliadas ao SUS. Através do apoiador institucional a PNH visa promover mudanças na atenção e gestão na saúde a partir de enfrentamentos dos inúmeros desafios que o trabalho do campo da saúde coloca (CAMPOS, 2003, p.86). O apoiador institucional é uma estratégia metodológica para o enfrentamento de problemas da atenção e gestão do SUS. Essa pode auxiliar na elaboração de ações ou projetos de intervenção e que viabiliza melhoria na qualidade dos serviços da unidade de saúde e promovam o desenvolvimento sustentável da mesma. A função de apoiador institucional foi proposta por Campos (2000) como resultante da ação de sujeitos que “atravessam” o processo de trabalho de coletivos, ajudando-os nas tarefas de qualificar suas ofertas clínicas e de saúde pública, de um lado, e ampliar o grau de grupalidade, de outro lado. A função de apoio institucional tem sido implantada e experimentada em vários serviços de saúde do país, apresentando-se como uma das principais novidades na gestão do trabalho em saúde no Brasil (SÃO PAULO, 2008). O apoiador da PNH pode ser considerado como uma função gerencial que reformula o modo tradicional de se fazer coordenação, planejamento, supervisão e avaliação em saúde (CAMPOS, 2000). Um de seus principais objetivos é fomentar e acompanhar processos de 2 Como a PNH é uma política pública transversal à Política Nacional de Saúde, ela ultrapassa todas as instâncias do SUS, atuando na descentralização, isto é, na autonomia administrativa da gestão da rede de serviços, de maneira a integrar os processos de trabalho e as relações entre os diferentes profissionais. 26 mudança nas organizações, misturando e articulando conceitos e tecnologias advindas da análise institucional e da gestão. Como segundo objetivo, o apoiador institucional, segundo Campos (2000), é capaz de oferecer suporte ao movimento de mudança deflagrado por coletivos. Esse apoio busca fortalecer os colaboradores no exercício da produção de novos sujeitos sociais capazes de promover processos de mudanças na gestão, sendo essa a tarefa primordial do apoio. A partir de autores como Mello e Bottega (2009, p. 740) que se preocupam com a formação para a saúde, as ações que surgem como produto diante da formação dos apoiadores institucionais para promover mudanças se articulam através de três eixos centrais da PNH, a saber: Direito à saúde: acesso com responsabilização e vínculo; continuidade do cuidado em rede; garantia dos direitos aos usuários; aumento de eficácia das intervenções e dispositivos; Trabalho criativo e valorizado: construindo redes de valorização e cuidado aos trabalhadores da saúde e Produção e disseminação de conhecimentos: aprimoramento de dispositivos da PNH, formação, avaliações, divulgação e comunicação. Especificam os autores que no primeiro eixo tem-se, dentre os objetivos propostos, como destaque a “qualificação do apoio institucional a processos de mudanças no modelo de atenção e de gestão no SUS”. A sua meta é “instituir apoio/supervisão aos trabalhos da PNH em 100% de suas atividades”, tendo como uma de suas ações previstas “realizar processos de formação e educação permanente em Apoio Institucional para: profissionais de outras áreas do MS que apoiam processos de mudança, coordenadores de Grupo de Humanização das Secretarias Estaduais, principais cidades e hospitais” (MELLO, BOTTEGA, 2009, p. 740). No eixo dois tem-se como objetivo estimular a criação da cultura de cuidado e valorização dos trabalhadores da saúde, tanto aqueles que estão na assistência como os que participam dos setores administrativos das instituições. O terceiro eixo, por sua vez, tem como um de seus objetivos “incrementar a oferta de processos de formação/educação/conhecimento sobre a PNH”, tendo como objetivo formar multiplicadores em gestão compartilhada do 27 cuidado e apoiadores institucionais para processos de mudanças”. Uma das ações deste eixo é a “criação de cursos/capacitações em Humanização, priorizando a gestão compartilhada da atenção clínica e formação de apoiadores institucionais a processos de inovações (presenciais ou à distância)”. (MELLO, BOTTEGA, 2009; BRASIL/MS, 2007). Entende-se que a função de apoio é chave para a instauração de mudança em grupos e organizações, pois o objeto de trabalho do apoiador institucional é o processo de trabalho de coletivos que se organizam para produzir formas inovadoras de atuação na área da Saúde. A diretriz do apoiador é a democracia institucional e a autonomia dos sujeitos, ressalta Campos (2000). Assim sendo, o apoiador deve estar sempre inserido em movimentos coletivos, auxiliando na análise da instituição, buscando novos modos de operacionalizar e de produzir das organizações. A função de apoiador da PNH trabalha em uma região limítrofe entre a clínica e a política, entre o cuidado e a gestão, no sentido da transversalidade das práticas e dos saberes no interior das organizações. O apoiador institucional apresenta, segundo o Documento Base do MS para Gestores e Trabalhadores (BRASIL, 2010), as atribuições a seguir: Estimular a criação de espaços coletivos, por meio de arranjos ou dispositivos que propiciem a interação entre os sujeitos; Reconhecer as relações de poder, afeto e a circulação de conhecimentos propiciando a viabilização dos projetos pactuados pelos atores institucionais e sociais; Mediar junto ao grupo a construção de objetivos comuns e a pactuação de compromissos e contratos; Trazer para o trabalho de coordenação, planejamento e supervisão os processos de qualificação das ações institucionais; Propiciar que os grupos possam exercer a crítica e, em última instância, que os profissionais de saúde sejam capazes de atuar com base em novos referenciais, contribuindo para melhorar a qualidade da gestão no SUS. Nesta medida, a função de apoiador também se apresenta como diretriz e dispositivo para ampliar a capacidade de reflexão, entendimento e análise de coletivos, que assim poderiam qualificar sua própria intervenção, sua capacidade de produzir mais e melhor saúde com os outros (BRASIL, 2010). Vem sendo praticado na PNH como método/dispositivo de 28 intervenção em práticas de produção de saúde pública e, nesse sentido, propõe um “modo de fazer” mudanças necessárias para que o SUS se torne cada vez mais um exercício do comum, do público. Com essa prática procurou-se expressar os princípios do SUS em modos de operar nos diferentes equipamentos de saúde e propor a articulação das ações que se atualizam no cotidiano das unidades de saúde, propiciando, nas equipes, trocas solidárias e comprometidas com a dupla tarefa de produção de saúde e produção de sujeitos (BRASIL, 2010). É com esse entendimento que o método do apoio institucional busca fomentar nos atores a construção de uma rede de exercício pleno com análises compartilhadas e intervenções nos seus espaços de trabalho. O sentido da prática do apoiador está no acompanhamento e na construção dos processos dessa transformação, e do experimentar/produzir as mudanças (SANTOS FILHO et al, 2009). Nesse sentido, o apoio institucional é uma estratégia de fomento à gestão compartilhada dos processos de trabalho exercida nas práticas cotidianas concretas e que estimula todo trabalhador a ser gestor de seu trabalho. No método do apoio institucional não é o apoiador quem produz a mudança ou é a causa da transformação. Ele trabalha com dispositivos e metodologias que provocam análise dos processos de trabalho, como acontecimentos do cotidiano, pesquisas, oficinas, matriciamentos, visitas institucionais, atividades de formação etc., praticados em rodas que favoreçam a circulação da palavra, e ainda a melhoria de aspectos relacionados ao desenvolvimento da instituição (BRASIL, 2010). O apoiador da PNH lida ainda com a imprevisibilidade dos rumos que o processo irá tomar. A construção de dispositivos dispara e expõe indicadores antes não percebidos nos diferentes grupos institucionais, em especial sustentados pela concentração dos poderes/saberes em cargos e corporações. Sustenta-se de acordo com o desejo dos grupos em praticar a análise dos processos de trabalho em saúde, construir e monitorar indicadores (econômicos, sociais e ambientais) e elaborar planos de intervenção nessa realidade, ampliando as práticas de produção de saúde no SUS (BARROS, MORI, BASTOS, 2006). 29 A produção desta inovação é complexa e exige, de um lado, vontade política e, de outro lado, capacidade de realização de mudanças (SANTOS FILHO et al, 2009). O apoiador institucional exerce a função de colaborar e prestar suporte para que os coletivos alterem seus processos de trabalho, tornando-os mais democráticos e criativos, dotando-os de maior capacidade de acolher e resolver necessidades de assistência e gestão, e ampliando o grau de realização dos trabalhadores da saúde. Dessa forma, esta função é fundamental tanto para a implantação de processos de mudança, quanto para a sustentabilidade da instituição. Logo, o trabalho de apoiador institucional construído na PNH visa à produção de uma ética que afirma modos singulares de se trabalhar em saúde produzindo o viver com qualidade e a gestão com sustentabilidade e competência. 2.2 A formação do apoiador Institucional como estratégia para operacionalização da Política Nacional de Humanização A formação do apoiador institucional da PNH é um desafio constante. Neste processo o grande vilão é criar estratégias que envolvam os sujeitos trabalhadores da saúde para reafirmar e ampliar o exercício da descentralização e da autonomia na atenção e gestão da saúde, fomentando condições para a construção e sustentabilidade dos modos de funcionamento das práticas do SUS. Salientando que, tal processo deve funcionar a partir do dialogismo e da educação pedagógica/corporativa, visando transformação radical dos sujeitos e das práticas em saúde. A partir de 2005, a PNH se afirmou como ação prioritária da Agenda de Compromissos do Ministério da Saúde (MS, 2007), por se apresentar como política transversal capaz de melhorar o acesso, o acolhimento e a qualidade dos serviços prestados pelo SUS. A política induz inovações nas práticas gerenciais e de saúde, entendendo que a gestão dos processos de trabalho em saúde não é dissociada das práticas de cuidado, que, portanto necessita de uma formação humanizadora específica para os trabalhadores. Inicialmente ao processo de formação dos apoiadores, ocorreu em 2006 a capacitação dos formadores dos apoiadores da PNH. Foi desenvolvida em São Paulo/SP, 30 sendo apresentada como uma estratégia de implementação do Eixo 33 da PNH e das diretrizes da Centro de Recursos Humanos (CRH) da Secretaria Estadual de Saúde e Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP) relativas à capacitação dos profissionais do campo da saúde. O Curso surgiu da confluência das metas e ações da PNH e de acúmulos da política decorrentes do trabalho dos consultores da PNH na região do estado de São Paulo relata Moura (2008). Tal prática pedagógica aliada ao desenvolvimento da Política de Humanização da Assistência à Saúde-PH/SES-SP e teve como meta a formação de trabalhadores da saúde com capacidade de intervir em serviços de saúde do estado, em harmonia com a gestão. O Curso visa formar sujeitos dotados de capacidade para disparar, fomentar e consolidar processos de mudanças na gestão e nos modos de atenção à saúde, em conformidade com as proposições da PNH. No ano de 2007, o primeiro processo de formação de apoiadores institucionais surgiu com a perspectiva de qualificar e potencializar ações estratégicas da PNH sendo uma parceria entre Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Política Nacional de Humanização, a Universidade Federal Fluminense e a Educação a Distância da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fiocruz, visando ao apoio institucional em serviços de saúde, com o sentido da Humanização da Atenção e da Gestão. O primeiro curso de formação de apoiadores institucionais da PNH (MS, 2007) teve como objetivos formar 140 (cento e quarenta) apoiadores institucionais capazes de compreender a complexa dinâmica da produção da tríade saúde-doença-atenção e de intervir sobre problemas de gestão dos serviços e processos de trabalho em saúde com soluções criativas, tomando por referência a PNH e partindo dos espaços de intervenção de sua clientela, ou seja, os sistemas e serviços de saúde geridos pelo SUS. 3 O eixo 3, por sua vez, tem como um de seus objetivos “incrementar a oferta de processos de formação/educação/conhecimento sobre a Política Nacional de Humanização”, tendo como objetivo formar multiplicadores em gestão compartilhada do cuidado e apoiadores institucionais para processos de mudanças”. Uma das ações deste eixo é a “criação de cursos/capacitações em Humanização, priorizando a gestão compartilhada da atenção clínica e formação de apoiadores institucionais a processos de inovações (presenciais ou à distância)”. (BRASIL/MS, 2007). 31 Esse acontecimento educativo pedagógico/corporativo permitiu que os profissionais/alunos extraíssem de suas vivências e experiências os elementos motivadores do estudo e da pesquisa, ao mesmo tempo em que possam operar sobre estas realidades, buscando construir soluções inovadoras para os problemas de gestão e de organização da rede de saúde, tomando por referência a PNH e seus dispositivos. Na realidade o objetivo principal do processo de formação é a produção de mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde nos serviços de referência dos apoiadores (PAVAN, 2010, p. 127). O público alvo do referido curso eram trabalhadores da saúde inseridos em atividades de gestão, planejamento de serviços de saúde e cuidado, nos âmbitos municipal, regional e estadual. Neste sentido, o Curso enfatizava a construção de fundamentos teóricos e metodológicos que instrumentalizam e habilitam os alunos a intervir sobre problemas complexos presentes no cenário e contexto das instituições de saúde e dos coletivos que nela operam. Como conteúdo programático, o curso de formação de apoiadores oferecia material didático específico (PASSOS, 2006) e apresentava basicamente três unidades: o apoiador institucional, a PNH e o apoio na PNH. O primeiro capítulo do livro que compunha o material didático oferecia subsídio para a construção de ação humanizadora baseada na Ambiência das unidades de saúde do SUS. O processo avaliativo foi realizado por meio de diversas atividades ao longo do Curso e por um relatório monográfico apresentado ao final, construído a partir da sua intervenção direta no processo de trabalho. Os momentos presenciais, sob supervisão do formador, também fornecem elementos para avaliação. Os alunos aprovados no Curso deveriam ter alcançado os conceitos A, B ou C (notas entre 6,0 a 10,0)4. Aqueles que obtiveram conceito D não recebiam o certificado de Apoiador Institucional da PNH. A certificação era concedida da seguinte maneira: apoiador graduado - recebe o Certificado de Aperfeiçoamento em Formação de Apoiadores para a PNH da Gestão e da Atenção à Saúde, expedido pela Escola 4 A avaliação do desempenho do apoiador é expressa por conceitos que correspondem às notas: conceito A/Excelente – notas 9,0 a 10,0; conceito B/Bom – notas 7,5 a 8,9; conceito C/Regular – notas 6,0 a 7,4; conceito D/Insuficiente – notas iguais ou menores que 5,9. 32 Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fiocruz. A instituição é credenciada pelo Ministério da Educação para desenvolver educação a distância pela Portaria 1.725/02, de 12/06/02, publicada no DOU de 13/06/02 e republicada em 15/06/02, Parecer CES/CNE n. 098/02; apoiador com ensino médio - recebe o Certificado de Conclusão do Curso emitido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz. As práticas de gestão e de atenção são entendidas como espaços privilegiados para a introdução de mudanças nos serviços, pois são lugares importantes para a reorganização dos processos de trabalho, ampliação e qualificação das ofertas em saúde. Neste sentido, o curso visa à formação de apoiadores institucionais, conforme proposição de Gastão Campos (CAMPOS, 2000), cuja tarefa principal é promover, acompanhar e apoiar processos de mudança nos modelos de atenção e nos modos de gestão em saúde, tomados como indissociáveis. A formação na área da saúde tem se apresentado como um grande desafio tanto para os centros de formação como para os gestores do sistema de saúde. Isto se deve, de um lado, à complexidade do Campo da Saúde e, de outro lado, às exigências postas pelo sistema de saúde brasileiro, sobretudo a equação de problemas sanitários, organizacionais e gerenciais, entre outros, problemas que ainda permanecem no cenário da saúde do país, mesmo decorridos 25 anos da criação do SUS. 2.3 A propósito de mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde com base na formação de apoiadores institucionais e na construção de redes. Quando se pensa ou se fala em rede, as imagens que se formam remetem a fios entrelaçados, a uma teia, a uma malha virtual de informação, etc. Questiona-se se o termo “rede”, aqui utilizado, possui mesma concepção em todos os contextos? No entanto, nesse momento será enfatizado o termo referido na produção de saúde no Brasil, a partir da PNH e da formação dos apoiadores institucionais. A construção de rede de saúde com base na PNH é uma estratégia importante para a qualificação e a inovação da atenção e gestão do SUS. Essa rede deve ser composta por serviços e equipamentos de saúde que interligue e promova a integração dos territórios 33 geográficos e das esferas da saúde; que possua um modelo comunicacional estabelecido para diferentes equipes e os “diferentes”. Essa construção é uma tarefa considerada complexa, pois requer a implementação de tecnologias que qualifiquem a integração/interligação entre os diversos serviços, especialidades e saberes. Na realidade, é um movimento coletivo de inovação na produção de saúde, novos modos de fazer saúde pública no Brasil. A inovação deste “fazer saúde” em rede é promover a mudanças na comunicação e interligação entre os serviços, resultando em modos de atenção e gestão mais eficientes e eficazes que promovam a integridade das ações e das pessoas inseridas nos processos, com base na cooperação e pactuação das responsabilidades complementares e interdependentes sobre a produção de saúde (BRASIL, 2010, p.108). O apoio à rede se concretiza a partir do envolvimento de sujeitos no processo de produção de saúde, com suas experiências concretas de relações cotidianas e intencionando mudanças nos modos de atenção e gestão de forma coletiva, histórica e determinada por múltiplos vetores indissociáveis do campo da saúde, que são (GUEDES, BARROS, ROZA, 2011, p. 94): Sujeitos com seus desejos, necessidades e interesses; Processos de trabalho com os diversos saberes; Poder com competência com modos de estabelecer as relações de trabalho e sociais, e Políticas públicas com a coletivização dessas relações. A partir desse entendimento é que a função de apoiador institucional busca fomentar, nos atores, a construção da rede e o exercício pleno e público de suas condições como trabalhadores/agentes. Protagonistas estes realizam análises compartilhadas e intervenções nos seus espaços de trabalho. Portanto, a estratégia de apoio se efetiva com o acompanhamento da construção dos caminhos dessa transformação, uma vez que apoiar é colocar-se de lado, não é fazer pelo outro, mas afirmar a potência criadora do humano numa visão coletiva e sustentável. 34 O apoiador institucional surge com uma aposta de um modo novo de trabalhar na saúde. Surge, então a partir da necessidade de construir a rede de saúde, como proposta de tecer caminhos variados e inovadores que se diferenciem da “mesmice” dos velhos paradigmas e dos meios de produzir saúde. É através do apoiador que novas inflexões nos modos de agir em saúde começam a florar e contagiar os demais (RIOS, 2009). A atuação do apoiador visa fortalecer as negociações e os diálogos, rejeita as práticas hierarquizadas, centralizadoras e burocráticas, que tentam inibir movimentos inventivos. A proposta de apoiador privilegia a perspectiva de invenção de práticas que possam indagar questões sobre temáticas da humanização da saúde, bem como as relações de poder estabelecidas nos modelos de gestão das unidades de saúde. Essa função nasce, principalmente, do desejo de mudar os modos de funcionamento das ações de supervisão e avaliação, da atenção e gestão da saúde, desenvolvidas nos diversos cenários. É estratégia metodológica que facilita a construção de espaços de escuta e reflexão, onde os diagnósticos organizacional e situacional são construídos de forma interativa, como também a elaboração de novos modos de produção do cuidado com competência e autonomia dos profissionais, a partir da compreensão do seu próprio processo de trabalho (BARROS, DIMENSTEIN, 2010, p. 54). Como referência, tem-se a abordagem humanística de Campos (2003, p. 86) sobre o apoio institucional e a metodologia Paideia5 associada, transformando o apoiador em um instrumento de mudanças nos processos de trabalho em saúde a partir de uma formação transformadora. Portanto, Campos refere-se ao Apoio institucional como Apoio Paideia a seguir: O Apoio Paidéia reúne uma série de recursos metodológicos voltados para lidar com estas relações entre sujeitos de um outro modo. Um modo interativo, um modo que reconhece a diferença de papéis, de poder e de conhecimento, mas que procura estabelecer relações construtivas entre os distintos atores sociais. Assim a supervisão e avaliação deveriam envolver os próprios avaliados tanto na construção dos diagnósticos como na elaboração de novas formas de agir; ou seja, formas democráticas para coordenar e planejar o trabalho. 5 O Método Paideia busca o aperfeiçoamento de pessoas e instituições. Procura realizar um trabalho sistemático junto aos próprios sujeitos, ampliando sua capacidade de atuar sobre o mundo que os cerca, particularmente sobre as instituições e organizações. O método objetiva aumentar a capacidade de compreensão e de intervenção das pessoas sobre o mundo e sobre si mesmo, contribuindo para instituir processos de construção de sociedades com grau crescente de democracia e de bem-estar social (BRASIL, 2010, p. 129). 35 Nessa perspectiva a postura do apoiador é a de incluir-se ativamente nos processos de gestão e atenção da saúde, oferecendo suporte humanístico às equipes, capacitando os profissionais a se motivarem na elaboração de projetos de renovação e mudanças nos modos de trabalho no cenário da saúde. O apoio institucional possibilita a ampliação da capacidade de análise das equipes, na medida em que busca incluir os sujeitos no trabalho, facilitando a reflexão a cerca das dificuldades do cotidiano, o fazer e o agir construindo vínculos e desejos em buscar os interesses da coletividade (BARROS, DIMENSTEIN, 2010, p. 54). É de fato, a aposta em novos modos de produção de saúde, novas formas de organizar o trabalho em equipe, possibilitando mudanças na cultura de atenção aos usuários, da gestão dos processos de trabalho e da interação entre os sujeitos. Também pode-se considerar o apoiador uma importante estratégia para a reorganização do processo de trabalho em direção a uma abordagem mais integral, e porque não dizer, numa abordagem mais sustentável. Na realidade, é considerado apoiador institucional a pessoa que pertence à organização de saúde e que propaga os princípios e diretrizes da PNH de forma cotidiana, informativa e pedagógica (GUEDES, BARROS, ROZA, 2011). Quando Campos (2005) refere que algumas diretrizes (trabalho em equipe, interdisciplinaridade, construção de vínculo entre profissionais e usuários e responsabilidade sanitária) da PNH irão reforçar a ação do apoiador também em temáticas mais direcionadas a qualificação dos ambientes de produção e gestão de saúde. A consciência de um ambiente adequado para a produção de saúde sugere a implantação coletiva da noção da variável ecológica nos processos de humanização da ambiência nas organizações, que certamente inovarão a atenção e gestão na área da saúde pública. No capítulo a seguir serão abordados os vários entendimentos em relação à variável ecológica e a internalização desta a partir da Educação Ecológica, como conhecimento promovedor de práticas sustentáveis e humanizadoras na gestão ambiental das organizações de saúde. 36 3. FORMAÇÃO DE APOIADORES NA PERSPECTIVA DE UMA EDUCAÇÃO ECOLÓGICA O capítulo a seguir detalha a formação do apoiador institucional da PNH a partir do currículo pedagógico elaborado pelo MS e explica a necessidade de construção de currículo voltado para a educação ecológica como iniciativa adequada para a atuação deste profissional voltada à sustentabilidade na saúde. Um dos pilares para uma visão ecossocial dos problemas da saúde encontra-se no desenvolvimento da chamada abordagem ecossistêmica, o que significa ter a compreensão em relação aos “princípios ecológicos”, “princípios da ecologia” ou “princípios da sustentabilidade” (CAPRA, 1997) e ser capaz de incluí-los na vida diária das comunidades humanas (CAPRA, 2000, p. 27). Essa compreensão do conhecimento ecológico é o que Capra (2000) refere ser a alfabetização ecológica. O indivíduo ecologicamente alfabetizado é capaz de inserir a variável ecológica 6 nas discussões políticas e de gestão, tendo como resultado novos conhecimentos, os quais serão utilizados, principalmente para a solução de problemas sociais influenciados pelo meio ambiente ecológico. Um exemplo clássico seria a elaboração de estratégias metodológicas para produzir saúde em ambientes de maior índice de doenças negligenciadas, onde um dos protagonistas desse processo é o próprio portador da doença. As questões ecológicas e discussões sobre promoção da saúde reforçam a ideia de que a saúde é muito mais que a ausência de doenças, e que muitas medidas isoladas de redução de doenças, sem a aquisição de conhecimento ecológico prévio, podem gerar efeitos contrários aos esperados. A necessidade de o indivíduo ser ecologicamente alfabetizado, segundo Capra (2000, p. 28) surge da necessidade de ver o mundo de um modo mais complexo e pensar de forma mais coletiva diante das problemáticas sociais, especialmente, na produção de saúde, e não apenas na eliminação das doenças. 6 Refere-se à situação ecológica geral que cerca a organização (HALL, 1984), incluindo as condições físicas e geográficas (tipo de terreno, clima, vegetação, etc.) e sua utilização pelo homem. Oliveira (1988) e Vasconcellos Filho (1985) citam como componentes das variáveis ecológicas o nível de desenvolvimento ecológico; o índice de poluição (sonora, atmosférica, hidrológica, visual) e a legislação sobre uso do solo e meio ambiente. Vasconcellos Filho (1985) lembra que existem outros componentes a serem considerados de acordo com o âmbito de atuação de cada organização. 37 Para tanto uma abordagem ecossistêmica em saúde passaria pela combinação de vários pressuposto filosóficos e humanísticos provenientes da ecologia, das teorias sobre sistemas complexos, do desenvolvimento de análises integradas e metodologias participativas, dentre outras perspectivas teórico-metodológicas que vêm assumindo um papel de relevância no campo ambiental. Tais perspectivas contribuem intelectual e metodologicamente para a construção de processos sociais e decisórios que possibilitem soluções adaptativas e inovadoras dos problemas socioambientais, a partir de perspectivas participativa e democrática, própria do processo de humanização da saúde. Para Capra, Stone e Barlow (2006, p. 71) os novos saberes nas ciências, nas políticas, ou nos novos modos de falar sobre o mundo representa uma ameaça às ideias dominantes e os grupos que as apoiam, de maneira que eles se defrontam com forte oposição. Atualmente, os modos de pensar e aprender deve mudar de acordo com as necessidades do mundo e da sociedade. Mudar, a partir dos valores que se deve ter em relação a afinidade com as pessoas, com a natureza e com a vida. É a biofilia. Callenbach (1998) apud Capra, Stone e Barlow (2006, p. 73) explica que biofilia é um dos valores ainda muito adormecido nos seres humanos. Mas ressalta que se for transformada em alfabetização ecológica (educação ambiental através da compreensão dos princípios da ecologia) acabará conduzindo as pessoas ecoalfabetizadas à formação de uma sociedade mais sustentável. Para que práticas sustentáveis sejam executadas em organizações de saúde pública integradas aos princípios da humanização é preciso que os apoiadores institucionais sejam formados a partir de uma visão ecopedagógica voltada para a produção da saúde, envolvendo não apenas a assistência aos usuários do sistema de saúde, mas também a qualificação dos processos a partir da gestão ambiental (BATISTA et al, 2009). Por Morin (2000, p. 64) a dificuldade de compreender e conhecer o Mundo na sua complexidade surge da condição humana de se acomodar em relação à aquisição de novos conhecimentos. A exigência dessa era planetária é desenvolver a aptidão de contextualizar e de pensar na globalidade, na complexidade dos processos e das ações das partes sobre o todo. 38 A produção da saúde não é o todo das partes, mas talvez uma parte do todo. Compreender o processo de produção de saúde é considerar que a formação necessária para resolver os problemas desse cenário deve ter uma abrangência multidimensional, complexa e voltada para o pensamento policêntrico. Segundo Morin (2000, p. 64), o pensamento policêntrico aponta para a singularidade e diversidade da condição humana, das culturas do mundo. Formar o indivíduo para esse pensamento é a finalidade da educação do futuro. É a formação para a sustentabilidade, tanto nos âmbitos sociais como institucionais. Neste sentido, a formação de Apoiadores da PNH dá ênfase para a construção de fundamentos teóricos e metodológicos que instrumentalizem e habilitem os profissionais a intervir sobre problemas presentes no cenário e contexto das instituições de saúde do Brasil. Isto permitirá que extraiam de suas vivências e experiências os elementos motivadores para operacionalizar sobre as realidades, buscando construir soluções inovadoras para os problemas de gestão e de organização da rede de saúde, tomando por referência a PNH e seus dispositivos. Neste sentido, a formação de Apoiadores Institucionais, cuja proposição de Gastão Campos (2000), é de promover, acompanhar e apoiar processos de mudança nos modelos de atenção e nos modos de gestão em saúde, tomados como indissociáveis e de extrema complexidade. 3.1 Conteúdo programático da proposta de formação dos Apoiadores Institucionais da PNH O processo de ensinar, formar e educar para o SUS se apresenta como um grande desafio diante dessa inovação pedagógico/corporativa. A tradição nos métodos e didáticas para o ensino em saúde se confronta com a soberania do conhecimento médico e das disciplinas do campo biomédico. A qualificação da formação em saúde, então, decorre da necessidade de se romper paradigmas, instituindo novas ciências (MORIN, 2005, p.26), superando dicotomias entre saúde coletiva e a clínica, o indivíduo e a comunidade. Esse movimento de formação do indivíduo como um sistema requer uma abordagem transdisciplinar que estimule a produção de conhecimentos entre disciplinas e saberes. 39 3.1.1 A formação do apoiador no âmbito nacional: Ministério da Saúde A primeira formação de apoiadores institucionais da PNH foi instituída em 2007 numa parceria entre a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, Ministério da Saúde/SAS /P.N.H. e o Departamento de Medicina Preventiva da USP. Os profissionais formados apoiadores institucionais da PNH participaram de um curso cuja a perspectiva voltava-se a qualificar e potencializar ações e estratégias da PNH, onde os principais objetivos eram ampliar o acesso e qualificar o acesso, o acolhimento e a melhoria dos serviços prestados no SUS. Na realidade, a proposta de formação de apoiadores da PNH em São Paulo apresentava como estratégia “incrementar a oferta de processos de formação/educação/conhecimento sobre a PNH, tendo como objetivo formar multiplicadores em gestão compartilhada do cuidado e apoiadores institucionais para processos de mudanças e inovações, presenciais ou à distância” (BRASIL/MS, 2007). Historicamente, o primeiro curso de formação de apoiadores surgiu da confluência das metas e ações da PNH e de acúmulos da política decorrente dos trabalhos dos consultores da PNH no estado de São Paulo, tendo como meta a formação de trabalhadores da saúde para serem capazes de intervir em serviços de saúde, exclusivamente de São Paulo. A partir dessa formação os sujeitos formados teriam a competência para promover, fomentar e consolidar processos de mudanças na gestão e no modos de atenção à saúde, em conformidade com as proposições da PNH. Após vinte e cinco anos da criação do SUS, a formação na área da saúde tem se apresentado como um grande desafio tanto para os centros de formação como para os gestores do próprio sistema de saúde. Este fato é real, em decorrência da complexidade do Campo da Saúde e, sobretudo, de questões relacionadas a problemas sanitários, econômicos e sociais. Há a necessidade de criar novas estratégias educacionais que permitam melhor analisar, compreender e intervir nos âmbitos da saúde. Novas habilidades, novos conhecimentos e novas atitudes passam a ser exigidos dos trabalhadores da saúde. Exige-se a competência do trabalhador da saúde para intervir nos serviços e práticas de saúde, inovando e atingidos resultados. 40 O curso de formação de apoiadores da PNH permitirá que os participantes desse processo educativo possam extrair de suas experiências e vivências no trabalho do SUS, elementos motivadores que os direcionem a estudos, pesquisas e intervenções sobre a realidade da produção de saúde no Brasil. A atitude a ser tomada é a de construir soluções inovadoras em parceria e cooperação para a gestão e a organização da rede de saúde, tendo como referência a PNH e seus dispositivos (BRASÍLIA, 2007, p. 11). A ênfase dessa formação é orientada para a construção de fundamento teóricos e metodológicos que instrumentalizem e habilitem os profissionais do SUS a intervir obre questões complexas pertinentes ao contexto das organizações de saúde. A produção das mudanças no serviços, disparadas pelos apoiadores, serão priorizadas em relação aos espaços de gestão e atenção da saúde, indissociavelmente, a partir de práticas de reorganização dos processos de trabalho, ampliação de ambientes e qualificação de procedimentos em saúde (CAMPOS, 2000). O primeiro curso de formação de apoiadores da PNH tinha como objetivo principal “formar 120 apoiadores institucionais capazes de compreender a complexa dinâmica da produção da tríade saúde-doença-atenção e intervir sobre problemas de gestão dos serviços e processos de trabalho em saúde com soluções criativas, tomando por referência a PNH da Gestão e da Atenção à Saúde – PNH”. Como objetivos específicos, pretendia: Ampliar o grupo de trabalhadores de saúde afinados com os princípios de humanização do SUS no estado de São Paulo; Compreender a dinâmica de produção de sujeitos e grupos nas organizações de saúde; Construir referenciais teóricos e metodológicos para a produção de processos de mudança dos modelos de gestão e de atenção nas organizações de saúde; Refletir sobre os problemas que se apresentam no cotidiano dos serviços de saúde pública; Promover processos de mudanças nas práticas de saúde. Na realidade a formação inicial dos apoiadores fundamentava-se na necessidade de capacitar profissionais de saúde a introduzir mudanças nos processos de gestão dos serviços e práticas de saúde que fossem de encontro a formas tradicionais de organização da rede de 41 atenção e dos processos de trabalho em saúde embasados na forma piramidal ou taylorista de gerir uma organização. Segundo Campos (2000) a produção da mudança em saúde, no que se refere à gestão e organização dos serviços e práticas, não pode desconsiderar que ela depende da própria mudança dos sujeitos nela engajados. Um dos objetos que será modificado a partir dessa reformulação dos profissionais, agora considerados, apoiadores institucionais é da gestão da Saúde Pública nos mais diversos níveis governamentais. Reformular as práticas na saúde pública para a qualificação dos serviços e práticas é o mesmo que interferir para a melhoria da ação sanitária e das condições de saúde da população, no país. A formação tem como perspectiva central instrumentalizar profissionais para operacionalizar com eficácia política obre realidades concretas no campo da saúde. O molde da formação dos apoiadores da PNH foi desenvolvido em duas etapas. Na primeira etapa há a capacitação dos formadores da referida política. Na segunda etapa (quadro 1) o curso é voltado para a formação de apoiadores da PNH. As atividades de ambos os cursos serão desenvolvidas sob duas estratégias: a) encontros presenciais e atividades de dispersão, b) elaboração de relatório monográfico final explicitando o uso das ferramentas trabalhadas no curso em articulação com as questões advindas do cotidiano de trabalho e tendo como eixo a Humanização dos serviços de saúde. Os relatórios monográficos serão apresentados e debatidos entre os participantes do curso, os formadores e o núcleo de coordenação. Os quadros a seguir ilustram o conteúdo programático da formação de apoiadores institucionais (BRASÍLIA, 2007, p. 15). 42 Quadro 1. Conteúdo programático e atividades da formação dos Apoiadores Institucionais da PNH no ano de 2007 ITEM ETAPAS DETALHAMENTO Os apoiadores (alunos) estarão trabalhando os módulos temáticos na companhia do coletivo de formadores, apoiadores pedagógicos, consultores da PNH e consultores convidados. 01 Cinco Encontros Presenciais Gerais com duração de dois dias na cidade de São Paulo Módulos Temáticos: a) “O SUS no contexto histórico-conjuntural e a construção da PNH”; b) “Eixos, dispositivos de intervenção da PNH e a função apoio institucional”; c) “Redes sociais, processos de sustentação éticopolítico e de re-existência no/do SUS”; d) “Cuidado em Redes e reconstrução das práticas de saúde”; e) “Avaliação do curso” Quatro Encontros Presenciais Loco-Regionais de 8hs cada um Neste âmbito, os apoiadores (alunos) estarão com apoiadores pedagógicos e formadores de suas regiões para o aprofundamento das temáticas 03 Onze Encontros Presenciais Locais de 6hs cada um Aqui, os Apoiadores (alunos) estarão com os respectivos Formadores para a construção e acompanhamento dos Planos de Intervenção. Tais planos serão construídos a partir da escolha de diretrizes/ dispositivos da PNH a serem implementados pelas UPs nos serviços. O Plano de Intervenção mais o Plano de Estudos (outro subsídio importante para a implementação dos apoiadores institucionais) comporão o Plano de Trabalho de cada UP. Plano de estudos é a definição de uma sequência de temas (dispositivos da PNH, textos sobre: SUS, políticas públicas, produção de subjetividade, etc.) a serem trabalhados juntamente com os formadores. 04 Encontros de Educação à Distância (120h) 02 As atividades à distância ocorrerão em todo o processo de formação, para o qual serão preparados material e estratégias pedagógicas específicas. Fonte: Adaptação da própria autora. 3.1.2 A formação do apoiador no âmbito estadual: Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco A partir dos registros neste estudo, entende-se por Apoiador Institucional da PNH do SUS (PNH) àqueles profissionais de saúde que tratam da implantação da referida política 43 pública, ou de algum dispositivo relacionado a ela (GUEDES, BARROS, ROZA, 2011). Nesse estudo realizado em Pernambuco, os apoiadores institucionais são profissionais que especificamente foram capacitados pela Secretaria Estadual de Saúde para implantar algum dispositivo da PNH. Nesse estudo foi escolhido um público alvo que teve a formação para a implantação do dispositivo denominado “Acolhimento com Classificação de Risco” (ACCR) nas urgências e emergências de hospitais de alta complexidade no Estado. Tais profissionais, ora apoiadores, possuem em sua maioria nível superior, são efetivos da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e são capacitados (formados) para implantar o sistema de classificação de risco nas grandes emergências do Estado de Pernambuco com a utilização de um protocolo de diagnóstico conhecido como Protocolo de Manchester. Em 2011, profissionais das áreas Médica e de Enfermagem do Hospital da Restauração (HR) e do Hospital Otávio de Freitas (HOF) foram encaminhados a participar do curso para Multiplicadores em ACCR. A formação dos profissionais foi ministrada pelo Grupo Brasileiro de Classificação de Risco de Minas Gerais, que segue os parâmetros do Protocolo de Manchester, segundo SES/PE. Criado em 1997, o Protocolo de Manchester tem reconhecimento internacional, sendo o principal objetivo estabelecer a prioridade clínica do paciente através dos sintomas apresentados. Na realidade a referida formação, realizada por empresa privada7 contratada para oferecer o treinamento, limita-se a capacitar profissionais para serem triadores no processo de implantação do dispositivo da PNH com o objetivo de gerir os riscos em relação ao tempo de atendimento dos usuários do SUS que chegam às urgências e emergências do Estado. Pode-se julgar a partir das informações ora apresentadas, que a capacitação dos apoiadores no Estado de Pernambuco está muito longe de ser considerada uma formação para apoiadores institucionais voltada às diretrizes e princípios da PNH. No entanto, é o único fenômeno na gestão da saúde pública do Estado, sob a gestão da coordenadora de políticas de Humanização da SES, Lígia Lima, que trata da implantação de um dispositivo pertencente à política pública referida, sendo então caracterizado como uma modalidade de formação de apoiadores, segundo refere. 7 MV Consultoria em Gestão de Saúde 44 Durante a capacitação, os dezoito primeiros profissionais a serem formados, assistiram aulas sobre a Metodologia e a Classificação de Risco, e também a metodologia da formação de multiplicadores e auditores. Por esse motivo, aqueles profissionais que foram aprovados na capacitação, poderiam exercer três funções: triadores, multiplicadores e auditores da Classificação de Risco. O interessante é que no conteúdo da capacitação, não é referida qualquer relação entre a Classificação de Risco com a PNH. É certo que o objetivo da capacitação seja apenas treinar os profissionais a aplicarem o Protocolo de Manchester na implantação da Classificação de Risco. Mas diante da complexidade da gestão de saúde pública no Estado, especialmente no que se refere à Rede Urgência e Emergência, não deve ser tão simples assim acolher, classificar e orientar o usuário do SUS que adentra uma Emergência em momento de agonia e em busca de salvar a vida. Atualmente, quatro hospitais da rede pública estadual de saúde8 possuem uma estrutura física própria para a implantação doa Atendimento com Classificação de Risco e classificadores/apoiadores institucionais lotados para a execução do serviço de forma exclusiva, em regime de plantão. Nos últimos anos outras capacitações ocorreram e tem-se, no momento, 59 classificadores/apoiadores atuando nas urgências e emergências dos referidos hospital. 3.2 Estratégias metodológicas aplicadas pelos apoiadores institucionais na gestão da saúde sob a perspectiva da sustentabilidade. A formação na área da saúde, mais especificamente, para os apoiadores institucionais, apresenta um grande desafio tanto para os centros de formação como apara os gestores do sistema de saúde, devido ao processo de desenvolvimento sustentável que o Brasil vem galgando implantar nos últimos vinte anos. De acordo com a Agenda 219 (1992a, cap 36, 8 Hospital Otávio de Freitas, Hospital Agamenon Magalhães, Hospital Barão de Lucena e Hospital da Restauração. 9 A Organização das Nações Unidas – ONU realizou, no Rio de Janeiro, em 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). A CNUMAD é mais conhecida como Rio 92, referência à cidade que a abrigou, e também como “Cúpula da Terra” por ter mediado acordos entre os Chefes de Estado presentes. 179 países participantes da Rio 92 acordaram e assinaram a Agenda 21 Global, um programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada 45 p.8) é importante promover uma força de trabalho que seja flexível e adaptável, de vária idade, que possam enfrentar problemas crescentes de meio ambiente e desenvolvimento e as mudanças ocasionadas pela transição para uma sociedade sustentável. A construção do SUS com o entendimento de um conjunto de ações e serviços capazes de acolher e processar as necessidades de saúde da população brasileira é acompanhado da precisão em introduzir novas estratégias educacionais para a formação de profissionais e gestores para terem a competência de analisar, compreender e intervir sobre o campo da saúde. Essas análises e intervenções sociais dos profissionais formados devem ser constantemente renovadas e atualizadas (BRASIL/MS, 2007, p. 7). Com uma visão mais atualizada em educação na saúde, a formação dos apoiadores da PNH propõe novos requisitos, novas habilidades, múltiplas competências, os quais passam a ser exigidos como metodologia inovadoras capazes de apoderar os profissionais de novos modos de intervir nos sistemas, nos serviços e nas práticas de saúde, transformando-os de acordo com o cenário nacional. A partir desse referencial, formar para o SUS, e mais especificamente para a humanização das práticas de saúde se apresenta como um desafio que se confronta com o peso da tradição médica no campo da saúde, decorrente da presença hegemônica das disciplinas do campo biomédico na formação dos profissionais. Por esse fato, é justo que iniciativas de qualificar a formação no campo da saúde ocorram, sobretudo para romper com a fragmentação do conhecimento e a superação das dicotomias entre a saúde do homem e da humanidade, a doença nos homens e a doença na natureza. É a ecologia sendo conhecimento a ser aprendido pelos profissionais de saúde (BATISTA et al, 2009). O enfrentamento desta visão tradicional será fortalecido a partir de uma abordagem transdisciplinar onde vários saberes e ciências incentivem a produção de ações que revolucionem e inovem a atenção e a gestão do SUS. Segundo Campos (apud BRASÍLIA, 2007), a intervenção sobre esse cenário complexo exige a combinação de vontade e de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado “desenvolvimento sustentável”. O termo “Agenda 21” foi usado no sentido de intenções, desejo de mudança para esse novo modelo de desenvolvimento para o século XXI. A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Documento encontrado em: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global 46 competência, da articulação de sujeitos motivados a construir possibilidades concretas de mudanças e inovações pautadas no conhecimento técnico-científico, com planejamento, gestão, educação e organização de rede. A intervenção no cenário atual da saúde, no Brasil, depende da conscientização de todos os interessados em relação a íntima relação que existe entre Saúde e Desenvolvimento (AGENDA 21, cap.6, p. 1). É afirmativo que tanto um desenvolvimento insuficiente que conduza à pobreza quanto um desenvolvimento inadequado que resulte em consumo excessivo, podem resultar em sérios problemas para a saúde de uma população, relacionados ao meio ambiente. Os vínculos existentes entre saúde e melhorias ambientais e socioeconômicas exigem esforços que abrange a área de educação, voltando-se para a capacitação das pessoas, suas comunidades (sociais, científicas e profissionais) para assegurar o desenvolvimento sustentável (AGENDA 21, cap.6, p. 1) 3.3 Construção da formação dos Apoiadores Institucionais na perspectiva da educação ecológica com bases na Pedagogia de Waldorf A ideia que se tem em relação à formação do apoiador institucional a partir de uma educação ecológica pode vir a surgir de acordo com iniciativas pedagógicas atuais. Tais iniciativas possibilitam que o processo de educação desvie-se da tendência de formação puramente técnica e de conhecimentos sobre a ecologia superficial para uma perspectiva educacional mais ampla. Na realidade o indivíduo é educado para se tornar um sujeito plenamente consciente da relação com o ambiente (natural e social) viabilizando um processo de desenvolvimento sensível que possibilite a oferta de parâmetros para atitudes éticas nas comunicações coletivas e relações interpessoais (JÚNIOR, 2007, p. 12). Afirma Hutchison (2000, p. 59) que se o processo de formação (educação) tiver uma visão holística, simultaneamente, apresentará uma visão ecológica do mundo, onde os fenômenos da natureza são vistos como interdependentes. O autor aponta, então, para a 47 Pedagogia de Waldorf10 que tem o embasamento teórico pautado pela Antroposofia – um campo do conhecimento sobre a relação do ser humano, a sociedade, a natureza e o universo. Na práxis da Pedagogia de Waldorf, que é a própria educação ecológica, há um teor holístico, ecologicamente sustentável e de amplitude sistêmica. Neste estudo preferiu-se adotar a terminologia educação ecológica no lugar de educação ambiental, pois o termo inclui as dimensões sutis do ser humano que são a espiritualidade – mas sem implicações dogmáticas e religiosas -, a ética, a sensibilização, o imaginário – e a sua relação com os entornos – a natureza e o meio social. Segundo Júnior (2007, p. 13) compreender a ecologia através da educação proposta pela Pedagogia de Waldorf, amplia profundamente o entendimento das questões relacionadas ao ser humano em seu entorno, com o semelhante e consigo próprio. A formação do apoiador voltada para a perspectiva da educação ecológica pode ser viabilizada a partir da Pedagogia Waldorf que se caracteriza como uma proposta pedagógica de inovação na educação no sentido de formar o sujeito para intervir na sociedade de forma que esteja sensibilizado para o reconhecimento e reflexões em relação às questões ambientais e o seu papel como ser integrante da natureza. O sujeito é formado para se preocupar com o futuro das relações humanas com a natureza, com o universo e a sociedade (JÚNIOR, 2007, p. 20). A proposta da educação ecológica baseada na Pedagogia Waldorf, vem alicerçada pela Antroposofia11 que possui como pilares teóricos a interdisciplinaridade e a interdependência. Nela a consciência ecológica é construída de forma ampla e não se restringe apenas aos fatores ambientais. Há a inserção das “devastações ecológicas no campo social e no domínio mental e da necessidade de transformar as mentalidades e os hábitos coletivos”. Ressalta Júnior (2007) que a educação ecológica mental propagada pela Pedagogia Waldorf cuida do sujeito, valoriza a individualidade com conotação ética, compreende a dimensão da 10 Pedagogia de Waldorf fundada em 1919, na cidade de Stuttgart, Alemanha pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner. 11 Segundo Júnior (2007) é uma inspiração ético-estética que unifica as suas bases filosóficas com seus princípios epistemológicos e reflexivos, com as dimensões científicas a partir da própria metodologia das ciências naturais, com as dimensões artísticas como elo substancial fenomênico com o suprassensível e com as dimensões religiosas como centro de renovação dos mistérios arcaicos da humanidade. 48 espiritualidade como um valor além da religião e instiga a conexão entre a razão e a sensibilidade. Na realidade é um paradigma que inova a educação para a consciência ecológica e que Left (2002, p. 196) explica através de uma citação otimista que a complexidade que envolve o contexto ambiental requer que o sujeito seja formado para que tenha um pensamento revolucionário no que tange à mudança de mentalidade, voltada para transformação do conhecimento e das práticas educativas na perspectiva de construção de um novo saber e de uma racionalidade mais atual. É contraditório à tendência fragmentadora de muitas correntes do conhecimento e de práticas educativas tradicionais. Ressalta ainda que a educação Waldorf forma o sujeito com uma visão de todo e com o pensamento orgânico capaz de compreender Gaia, o organismo vivo que é o planeta Terra (CAPRA, 1982). A formação a partir da Pedagogia de Waldorf atribui grande valor ao cuidado com o espaço físico, a limpeza do meio ambiente e o destino do lixo, inserido no cotidiano da vida. A ação prática está associada à consciência ecológica, a preservação dos ambientes (natural e social) e apoia-se na relação do ser humano com o mundo, com o meio ambiente (JÚNIOR, 2007, p.29). Através dessa práxis pedagógica, trabalha-se no sujeito, a construção para a percepção da vida a partir de uma visão mais complexa, que engloba a teoria dos sistemas vivos (CAPRA, 2003, p.24), e a percepção ecológica a partir dos ritmos da natureza, do meio ambiente, respeitando os ciclos naturais, culturais e individuais. A pedagogia de Waldorf, segundo Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) (1994, p. 30) é uma metodologia que contempla a natureza rítmica da aprendizagem. Morin (1989, p.349) refere que o comportamento em relação ao meio ambiente depende da percepção que o sujeito tem deste. A qualidade da percepção do mundo determina a qualidade da ação do homem sobre o meio ambiente. Surge, então uma relação de circularidade, entre percepção/ meio ambiente, que frutifica do pensamento complexo, da ação recíproca e dinâmica desse processo cíclico. Na formação dos apoiadores da PNH a construção da percepção em relação ao viver do homem no mundo e no meio ambiente, é um dos fatores determinantes para instigar a intervenção dos mesmos na produção de saúde e 49 erradicação de doenças, principalmente, aquelas vinculadas à ação do homem na natureza. É o que se denomina percepção ecológica12 (JÚNIOR, 2007, p.33). Pode-se advertir, com base em Júnior (2007, p.34) que o cenário educacional da Pedagogia de Waldorf propicia a transformação da percepção pura para a elaborada, embasada por processos cognitivos mais complexos, voltados para a imaginação, criatividade e maturidade. A percepção ecológica surge no ser humano a partir das primeiras tentativas de imitação dos fatos do cotidiano percebidos no entorno através dos sentidos inferiores. A experiência do homem em relação à ecologia, proporcionada pelo sistema social das escolas Waldorf poderá ser um modo de aperfeiçoar essa percepção ecológica, estruturando o suporte imaginativo e o pensar dos aprendizes. Estruturar nos apoiadores institucionais a percepção ecológica considera como ato importante, a criação de laços afetivos de interesse e vínculos com o ambiente vivenciado, e com o desenvolvimento de pensamentos e atitudes mais holísticas e humanistas. É essencial o aprendizado das leis naturais ou da própria ecologia, exigindo do aprendiz a percepção dos fenômenos através de procedimentos metodológicos provenientes da Pedagogia de Waldorf. Didaticamente, tal pedagogia trabalha inicialmente a percepção, a observação e a descrição do fenômeno acolhido, utilizando-se de imagens, para em seguida trabalhar a compreensão do mesmo através do pensar. A percepção ecológica a ser desenvolvida nos apoiadores é responsável pela atitude de perceber que espaços, lugares, ambientes naturais, organizações possuem sua própria vitalidade, sua expressividade imaterial e identidade local. São estabelecidos laços afetivos, de respeito e cuidado entre o ser humano e o meio ambiente que o influencia e que é influenciado por ele. Abre-se espaço livre para a subjetividade humana, a individualidade e a coletividade do ser, a ecologia mental/social/ambiental, as relações humanas igualitárias, o espaço fraterno com o mundo, com o planeta e com a humanidade. 12 O termo foi definido inicialmente de acordo com Schmitt e Matheus (2005, p.58) como percepção ambiental, incluindo os processos cognitivos (pensamentos), afetivos (emoções), interpretativos (significados) e avaliativos (atitudes), abrangendo o entorno de modo holístico e global. 50 4. PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS DOS APOIADORES EM ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE SOB A PERSPECTIVA DA HUMANIZAÇÃO A partir da formação do apoiador institucional da PNH voltada a abordagem ecossistêmica e à educação ecológica é provável que práticas sustentáveis sejam executadas como estratégias metodológicas para a melhoria da atenção da saúde e implantação de gestão sustentável nas organizações públicas da rede SUS. Há algum tempo a preocupação em desenvolver práticas sustentáveis nas organizações surge de forma ampla, muito além de ser uma estratégia de mercado para se tornar uma empresa reconhecida como ecologicamente consciente e correta. De fato as organizações, principalmente aquelas cujo negócio é a produção de saúde, partiram para a adoção de políticas com tendências voltadas ao humanismo e visão da sustentabilidade. As organizações de saúde do século XX necessitam aderir de forma séria e responsável as causas ambientais. Tal mudança na gestão da saúde brasileira deve ser executada a partir da adoção de políticas eficientes e específicas que promovam, entre outras, a educação ambiental para os seus colaboradores no sentido da consciência ecológica e das práticas sustentáveis. Quando o sentimento da sustentabilidade é provocado nas organizações de saúde públicas, as práticas sustentáveis devem ser desenvolvidas por humanizadores que proponham um modo inovador de tratar a produção de saúde. Promover práticas sustentáveis com abrangência para a saúde é atingir o usuário do SUS e também o meio ambiente onde as doenças que o atingem são geradas. Torna-se, por consequência, uma ação dos Apoiadores Institucionais da PNH. O discurso em torno do que pode ser considerado prática sustentável é desenvolvido com muita clareza pelos autores Claro, Claro e Amâncio (2008, p. 295). Eles classificam didaticamente algumas das práticas sustentáveis mais conhecidas a partir das dimensões mais primárias da Sustentabilidade: práticas sociais sustentáveis, práticas ambientais sustentáveis e práticas econômicas sustentáveis (quadro 2). 51 Quadro 2. Práticas Sustentáveis mais conhecidas nas organizações Práticas Sustentáveis Sociais Ambientais Econômicas Investimento na segurança dos colaboradores Investimento na educação corporativa e permanente Plano de saúde/Assistência à saúde Tíquet alimentação ou cesta básica Benefícios iguais para homens e mulheres Cumprimento dos direitos dos colaboradores Investimento na comunidade Práticas gerenciais de Bom desempenho com preservação da água ,do relação ao lucro, aos solo e do ar sem poluição custos com mão-dena organização obra, à carga tributária que incide sobre as Controle do número de operações e acidentes ambientais procedimentos gerados decorrentes das na empresa, existência atividades da empresa de demanda pelos Separação e reciclagem produtos/serviços da de resíduos organização Tratamento de materiais Acesso de subsídio e perigosos para evitar créditos acidentes Valorização da Utilização de fontes concorrência nas alternativas de energia e atividades investimento em desenvolvidas na equipamentos que empresa e aos utilizam menos energia investimentos para o Qualificação do ambiente desenvolvimento da para proporcionar mais comunidade conforto aos colaboradores e usuários/clientes Fonte: Adaptado de Claro, Claro e Amâncio (2008) As práticas sociais sustentáveis referem-se às práticas gerenciais da organização que visam à melhoria da qualidade de vida dos colaboradores e da comunidade que são: investimento na segurança dos colaboradores, na educação corporativa e permanente dos colaboradores, plano de saúde (assistência à saúde), tíquete alimentação ou cesta básica, distribuição dos lucros da empresa para os colaboradores (produtividade), benefícios iguais para homens e mulheres, cumprimento dos direitos dos colaboradores e investimento na comunidade. Quanto às práticas ambientais sustentáveis são aquelas voltadas para a preservação da qualidade ambiental e preservação de impactos ambientais, que podem ser enumeradas como: práticas gerenciais de preservação da água sem poluição, preservação do solo e preservação do ar na organização, controle do número de acidentes ambientais decorrentes das atividades da empresa, separação e reciclagem de resíduos, tratamento de materiais perigosos para evitar acidentes, utilização de fontes alternativas de energia e investimento em 52 equipamentos que utilizam menos energia, qualificação do ambiente para proporcionar mais conforto aos colaboradores e usuários/clientes (CLARO, CLARO, AMÂNCIO, 2008; ALMEIDA, 2002). Já no que se refere às práticas econômicas sustentáveis são aquelas que visam alcançar bom desempenho econômico: bom desempenho com relação ao lucro, aos custos com mão-de-obra, à carga tributária que incide sobre as operações e procedimentos gerados na empresa, existência de demanda pelos produtos/serviços da organização, ao acesso de subsídio e créditos, à importância da concorrência nas atividades desenvolvidas na empresa e aos investimentos para o desenvolvimento da comunidade. Os autores Claro, Claro e Amâncio (2008) e Almeida (2002) indicam que subitens poderão ser formulados a partir das práticas gerenciais sustentáveis, também para as três dimensões o que pode sugerir alguns indicadores de sustentabilidade para as dimensões propostas. Cada organização apresenta realidades peculiares que poderão influenciar a construção de práticas sustentáveis mais específicas e indicadores próprios e contextualizados. 4.1 A propósito da sustentabilidade: conceitos atuais Para o físico Fritjof Capra, sustentabilidade é a consequência de um complexo padrão de organização que apresenta cinco características básicas: interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade. Para Capra (1997) estas características são encontradas na ecologia e representam princípios de organização da natureza. Ele afirma que se estes princípios forem aplicados nas sociedades humanas, essa sociedade poderão ser consideradas sustentáveis. A sustentabilidade poderá ser alcançada em todas as dimensões (ambiental, econômico e social). A compreensão do conceito e princípios da Sustentabilidade, segundo de Capra (1997) surge a partir do momento que se conecta a “teia da vida” e isso significa construir, nutrir e educar comunidades humanas até se tornarem comunidades sustentáveis. O que significa um grande desafio. As comunidades sustentáveis devem ser projetadas de tal maneira que os seus modos de vida, negócios, economias, estruturas físicas e tecnologia, não interfiram ou agridam a habilidade da natureza para sustentar a teia da vida (conexões entre seres, entre ecossistemas, entre sistemas). 53 É necessário também o aprendizado sobre os princípios básicos da natureza. Ser ecologicamente alfabetizado ou eco-alfabetizado significa entender os princípios de organização das comunidades ecológicas (ecossistemas) e usar esses princípios para criar comunidades humanas sustentáveis. Para Capra e Crabtree (2000, p. 27) tal aprendizado em relação aos princípios da ecologia e sua aplicação no cotidiano – na vida diária das comunidades humanas - são definidos como Ecoalfabetização ou Alfabetização ecológica. A forma singular de funcionamento das organizações de saúde abrange uma variedade de atividades que proporciona grande potencial para a produção de impactos ambientais. Devido ao funcionamento constante e ininterrupto (24 horas por dia e 365 dias no ano), tais organizações fazem uso intensivo de recursos naturais como energia elétrica e água. Faz parte também da sua cadeia produtiva, a utilização de materiais tóxicos e a geração de grande quantidade de resíduos sólidos e efluentes. Autores como Kern, Lima e Manfredini (2011) relatam o quanto é desastroso o descarte dos resíduos produzidos na área da saúde e o quanto compromete negativamente a produção de saúde pública no país. Na realidade há a depreciação da condição e desempenho das gerações futuras de atender as suas necessidades e de alcançar objetivos comuns. Surge então, a premissa em construir um conceito de “desenvolvimento sustentável” compreendido e assimilado pelo setor da saúde, devido a sua abrangência, influência e complexidade. Na intenção de compreender e empreender a partir do conceito de “desenvolvimento sustentável” ou “sustentabilidade”, os serviços de saúde podem promover inúmeros benefícios voltados à manutenção de um meio ambiente saudável e limpo, ganhos econômicos e sociais que, ajustados e compartilhados, venham a promover a saúde da população em acordo com o MS e as políticas públicas voltadas para essa temática. A construção do conceito de Sustentabilidade na área de saúde teve uma grande contribuição a partir da ação de algumas indústrias. A Simens, por exemplo, criou um programa para redução dos custos energéticos da unidade de saúde e manutenção de baixo custo na utilização de insumos. Um dos centros que compõe a Simens funciona praticamente sem a utilização de papel. Com a utilização de banco de dados para armazenamento de imagens digitalizadas, reduziu-se a produção de impressos, beneficiando o desenvolvimento econômico sustentável da empresa (KERN, LIMA, MANFREDINI, 2011). 54 No Brasil, a partir de dados do Green Building Council, relatados por Kern, Lima e Manfredini (2011), a implantação de um modelo gerencial, que tenha como princípios padrões sustentáveis, é mais oneroso do que o modelo convencional. Na área da saúde, as práticas que sugerem uma compreensão do conceito de sustentabilidade surgem a partir de construção de sistemas modernos de aproveitamento de águas pluviais, tratamento da água, diminuição do consumo de energia elétrica e redução da produção de resíduos. Diante de tal colocação, identifica-se a importância de se construir um conceito de sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável na área da saúde. Pois devido a abrangência e influência desse setor no mercado, há a possibilidade do mesmo se tornar um líder na mitigação dos efeitos que produzem mudanças climáticas, reduzindo sua magnitude e consequências danosas ao meio ambiente. Segundo os autores, os serviços de saúde podem desenvolver algumas estratégias a serem implementadas, através de mudanças nas políticas e práticas de compras, que podem minimizar o impacto ambiental ou “pegada ecológica”13 (KERN, LIMA, MANFREDINI, 2011). No quadro 3, listam-se algumas estratégias que o setor de saúde pode desenvolver para contribuir com a construção do conceito de Sustentabilidade e redução da pegada ecológica. Na realidade, com essa atitude, o setor de saúde pode gerar inúmeros benefícios socioambientais e econômicos que integralizados, podem viabilizar de fato a produção de saúde de acordo com as políticas públicas vigentes no país. 13 A pegada ecológica é uma forma de avaliar quanto cada pessoa consome de recursos naturais e energia, medidos em hectares de terra. No nosso cotidiano, seja na alimentação, transporte, vestuário, habitação ou lazer usamos energia e produtos obtidos de recursos naturais, renováveis ou não, oriundos dos nossos ecossistemas. A integridade destes depende também de diminuirmos o desperdício desses recursos. A renovação de alguns desses recursos e serviços ambientais é lenta quando comparada com a velocidade do consumo da nossa sociedade 55 Quadro 3. Estratégias sustentáveis das Organizações de Saúde Estratégias sustentáveis das Organizações de Saúde Eficiência energética Reduzir o consumo de energia e os custos por meio de medidas de eficiência e conservação Resíduos Reduzir, reutilizar e reciclar; fazer a compostagem dos resíduos orgânicos; empregar alternativas à incineração para os resíduos que requerem tratamento especial. Alimentos Fornecer alimentos produzidos de modo sustentável ao pessoal e aos pacientes. Transporte Encorajar as pessoas a ir caminhando ou de bicicleta ao estabelecimento; promover o uso do transporte público entre os servidores, os pacientes e a comunidade; usar combustíveis alternativos para a frota de veículos do hospital; alocar os equipamentos de saúde, visando minimizar as necessidades de transporte do pessoal e dos pacientes. Água Conservar a água; evitar a água engarrafada quando houver alternativa segura Projeto de edifícios ecológicos Construir hospitais coerentes com as condições climáticas locais e planejados para requerer menos energia e recursos Geração de energia alternativa Consumir energia limpa e renovável para garantir uma operação confiável e adaptável Fonte: Adaptado de KERN, LIMA, MANFREDINI, 2011 O termo sustentabilidade sempre está acompanhado por contradições e diversidades principalmente pelo fato de que as experiências ligadas aos problemas socioambientais necessitam de propostas concretas para a solução dos mesmos. A busca por explicações quanto ao conceito de sustentabilidade esta voltada para as dimensões da sustentabilidade segundo referem autores como Kern et al (2011) e Almeida (2002). Para ele as dimensões são quatro: econômica, social, cultural e ecológica. Quanto às dimensões, a primeira é a social que se refere à equidade social, ao pacto que deve existir entre as atuais gerações e as futuras. A dimensão econômica tende a referir-se tanto a necessidade de preservação dos fluxos regulares de investimento financeiro, como também a gestão eficiente dos recursos (bens e serviços) que se produz. A dimensão ecológica refere-se às atividades que se desenvolve para evitar danos ao meio ambiente causados pelos processos de desenvolvimento. Já a cultural, tem sua orientação para a aceitação e o respeito às diferentes culturas, e a suas contribuições para a 56 construção de modelos de desenvolvimento sustentável de acordo com as especificidades e necessidades. Autor como Barbieri (2004), defende que o conceito de sustentabilidade engloba as seguintes abordagens: Social, que diz respeito à equidade na distribuição de renda e de bens, buscando a redução das distâncias sociais; Econômica, que pressupõe a alocação e o gerenciamento eficiente dos recursos públicos e privados, numa visão macrossocial, e não apenas econômicofinanceira; Ecológica, visando a redução do volume de resíduos e as distintas formas de poluição geradas pelas atividades humanas, através da adoção de práticas como reciclagem do lixo, tratamento de efluentes, conservação dos solos etc. Cultural, que tem como pressuposto fundamental o respeito aos valores e costumes locais e regionais, para proposição de quais quer ações, envolvendo-se a comunidade de forma participativa. Para Claro, Claro e Amâncio (2008, p. 289) o termo sustentabilidade surge com mais frequência no ambiente empresarial, sendo definido pela Comissão Brundtland, a partir do que se considera “desenvolvimento sustentável”. É sustentável tudo aquilo que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras. Fato este que deixa claro que um dos princípios básicos da sustentabilidade é a visão de longo prazo, onde os interesses das futuras gerações são analisados detalhadamente e colocados como alvo de estudo. Outras definições surgiram após aquela criada pela Comissão Brundtland, no entanto há um ponto comum entre elas, que são as dimensões que compõem o termo sustentabilidade e que é aceita pela maioria das linhas de pensamento da época. Basicamente são consideradas três dimensões da sustentabilidade - econômica, ambiental e social – mas que diante das singularidades das regiões brasileiras e dos movimentos para o desenvolvimento sustentável de alguns estados brasileiros como Pernambuco, é mais adequado considerar cinco dimensões, a partir de Buarque, Sachs e Becker (2007), que são: econômica, ambiental, social, cultural e espacial. 57 Almeida (2002) acredita que a dimensão econômica não representa apenas a economia formal, mas engloba as atividades informais que provêem serviços para os indivíduos e grupos promovendo o aumento da renda monetária e melhorando o padrão de vida dos mesmos. Já no que se refere à dimensão ambiental ou ecológica, esta deverá ser considerada, pelas organizações, como um sinalizador dos impactos que as atividades e processos das mesmas provocam ao meio ambiente. A partir dessa dimensão a organização planeja o uso e consumo de recursos naturais sem desperdícios e integra às práticas de gestão os valores da administração ambiental, que pode ser considerado como a utilização da variável ecológica gestão organizacional. Na dimensão social, Almeida (2002) ressalta que é nesta instância em que os sujeitos são reconhecidos socialmente a partir das suas qualidades, habilidades, competências, dedicação e experiências (individuais e coletivas) desenvolvidas tanto no ambiente interno como externo da empresa. No entanto, grande parte das empresas modernas tem dificuldade em associar seus discursos e práticas gerenciais a uma definição completa sobre sustentabilidade. Na realidade a falha está em focar questões apenas em determinada dimensão (ou social, ou ambiental, ou econômica), esquecendo que sustentabilidade só se reconhece a partir da integração das diversas dimensões, principalmente, as três básicas definidas pela Comissão Brundtland. Na década de 90, Jacobs (1995 apud Keinert 2006) já chamava atenção para o fato do termo sustentabilidade, na época, já possuir mais de 300 definições diferentes. No entanto, todas as definições de sustentabilidade carregam a noção de que desenvolvimento sustentável é composto pelas três dimensões básicas referidas por Barbieri (2004). Já em sequência, Keinert (2006) apresenta um estudo na forma de pesquisa teórico-empírica onde se tenta analisar os usos e os sentidos das palavras “sustentável” e “sustentabilidade” na área organizacional. A pesquisa foi realizada nos anais dos Encontros Anuais da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ENANPAD) no período de 1997-2005. Mesmo com pouca presença de trabalhos publicados nos anais que sejam relacionados à sustentabilidade. Devido à coletânea de incertezas e da complexidade quanto à compreensão do conceito de Sustentabilidade, Claro, Claro e Amâncio (2008, p. 289) trazem a relevância do uso da expressão referida através de um estudo subjetivo. A busca pelas definições de 58 Sustentabilidade ocorreu identificando o entendimento, dos colaboradores de duas empresas, do que cada dimensão (social, ambiental, e econômica) representava no seu cotidiano de trabalho e comunidade. Dentre as considerações, Claro, Claro e Amâncio (2008, p. 298) identificaram em seu estudo que o significado das expressões relacionadas à Sustentabilidade ainda não se apresenta com tanta clareza, mesmo se discutindo muito esse assunto teoricamente. Para os colaboradores entrevistados pelos autores, o termo sustentabilidade possui diferentes significados e, geralmente são adquiridos, em parte, a partir da educação corporativa, e não pela educação pedagógica. Tais fatos impedem que transformações práticas e efetivas a favor da Sustentabilidade aconteçam, pois as atividades desempenhadas pelos mesmos nas empresas não refletem sua interpretação em relação este conceito e sua aplicabilidade no cotidiano. Esses resultados demonstram que a alta gestão pode adotar discursos no sentido de melhorar a sua imagem diante de uma sociedade e do Estado, que exige obediência às legislações e políticas ambientais, mas não pratica atitudes de Humanização e de Responsabilidade social que é a educação permanente de seus funcionários, dos gerentes e líderes com o objetivo de formar na direção de uma sociedade sustentável. Na maioria das vezes, os funcionários, seguem as mudanças, voltadas à sustentabilidade, em saber o que elas realmente significam e quais são os benefícios decorrentes destas mudanças (CLARO, CLARO, AMÂNCIO; 2008, p. 298). Diante deste cenário questiona-se então: quais atitudes as empresas devem ter para atingir uma gestão organizacional sustentável integralizada com ações humanizadoras, principalmente se essas organizações forem do setor de saúde? As respostas serão encontradas no próximo tópico, de forma a compreender qual relação existe entre humanização e sustentabilidade. 4.2 Gestão sustentável integrada à gestão humanizada O modelo de gestão sustentável fundamenta-se em três vertentes teóricas, de acordo com Zanca e Costa (2009, p.02) que são: Evolução dos modelos de excelência para modelos de excelência sustentável. 59 Valores e comportamento organizacional para com a responsabilidade social corporativa. Responsabilidade social corporativa e graus de maturidade. Quanto ao primeiro fundamento, os autores discutem como o conceito de responsabilidade social corporativa é utilizado nas organizações modernas a partir da evolução do modelo de excelência criado principalmente pela Americam Society for Quality (ASQ). O que indica que as técnicas de qualidade desenvolvidas na empresa não sejam unicamente focadas na dimensão econômica, mas também a partir da dimensão social e ambiental (ZANCA, COSTA, 2009, p. 04). É na realidade, a inclusão das variáveis socioambientais nos modelos de gestão organizacionais, onde as mudanças nos sistemas de gestão devem começar pelas mudanças nos pilares estruturais da organização (valores, fundamentos, visão e missão). Mais especificamente, mudança na filosofia organizacional abrangendo todos os processos existentes, como por exemplo, a inserção de variáveis socioambientais e o a motivação para a promoção de práticas sustentáveis. No segundo fundamento, tem-se como referência a modelação do nível de comportamento (quadro 4) da organização para o desenvolvimento da responsabilidade socioambiental corporativa, em todos os graus administrativos (estratégico, tático e operacional). É o nível de comportamento da organização em relação aos problemas socioambientais que caracterizam sua gestão organizacional como sustentável (ZANCA, COSTA, 2009, p. 13). Quadro 4. Nível de comportamento sustentável das organizações Nível Comportamento A organização realiza apenas o que as lei e regulamentações associadas à sustentabilidade determinam. O comportamento da organização é aceito pela sociedade em geral, Atualmente acessível cumprindo leis e regulamentações. Mas ainda mantem atitudes passivas em relação aos problemas socioambientais. A organização procura se esforçar para oferecer algum tipo de Prático solução aos problemas socioambientais existentes internamente e externamente O comportamento é ético-moral voltado completamente para a Teórico solução dos problemas socioambientais causados pelo fato de ela existir Fonte: Adaptado de ZANCA, COSTA (2009) Básico 60 A criação de valores pessoais e coletivos, que colaboram para a satisfação dos funcionários e da própria organização, irá repercutir na construção do comportamento adequado e refletir no nível de responsabilidade socioambiental (quadro 5) esperado pelo modelo de gestão sustentável. Os níveis de responsabilidade socioambiental são listados por Van Marrewijk (2004) e Werre (2003) referidos por Zanca e Costa (2009, p. 14), que na realidade contemplam valores organizacionais. Quadro 5. Nível de Responsabilidade Socioambiental Corporativa segundo Van Marrewijk (2004) e Werre (2003) Nível Complacência Legal Guiado pela ganância Preocupação Sinergia Responsabilidade Socioambiental Corporativa Consiste na promoção do bem-estar da comunidade, dentro dos limites das regulamentações e leis. Os princípios da caridade e custódia podem ser considerados. A reponsabilidade social corporativa é percebida como um dever, uma obrigação ou um comportamento corretivo. Consiste na integração dos aspectos éticos, sociais e ambientais na gestão organizacional, contribuindo para a maximização dos lucros e minimização dos riscos, as ações de responsabilidade social corporativa são desenvolvidas e promovidas sempre procurando o bem-estar econômico da organização. Consiste no balanceamento dos aspectos econômicos, sociais e ambientais, sendo os três importantes na organização. A responsabilidade social corporativa é desenvolvida além da complacência legal e da procura pelo lucro ou minimização dos riscos. Consiste em uma procura balanceada por soluções funcionais que aumentem o desempenho da organização, criando valor social, ambiental e econômico de uma forma sinérgica, na qual sejam incluídas todas as partes interessadas relevante à organização. A motivação da responsabilidade social corporativa deve-se a sua importância como indicador de desenvolvimento sustentável. Fonte: Adaptado de ZANCA, COSTA (2009) Quanto ao terceiro fundamento, tem-se o exercício de compreensão e da inserção do conceito de responsabilidade social corporativa na organização, a partir dos seus impactos econômicos, sociais e ambientais causados pelas próprias atividades e negócios desenvolvidos pela empresa. Neste cenário, que pode ser caracterizado pelo início de mudanças organizacionais para a sustentabilidade, a responsabilidade social corporativa é trabalhada de forma integral. Tais mudanças ocorrem a partir do desenvolvimento de estratégias educacionais em relação às formas de responsabilidade que a organização deverá assumir e soluções a oferecer diante dos problemas ambientais que poderão surgir. 61 Para Claro, Claro e Amâncio (2008, p. 298), as mudanças organizacionais são efetivadas quando a compreensão sobre a sustentabilidade e sobre a responsabilidade socioambiental é alcançada por parte dos colaboradores, além da alta administração. Para que efetivamente esse fato aconteça, as organizações devem executar algumas ações. Primeiro, investir na educação pedagógica e corporativa de seus colaboradores. Segundo, desenvolver práticas gerenciais sociais por meio do engajamento em ações de responsabilidade social, visando ao bem-estar das pessoas e comunidades. Terceiro, estimular práticas gerenciais que visam ao bom desempenho econômico combinado a indicadores subjetivos de desempenho social e princípios da sustentabilidade (CLARO, CLARO, AMÂNCIO, 2008, p. 298), A partir destas estratégias, desenvolvidas pelas organizações, surge o movimento de mudanças e aprendizagem para a sustentabilidade, onde os colaboradores, formados para esse conhecimento, promovem práticas sustentáveis. No que se refere às organizações de saúde do sistema público, essas práticas surgem como ações humanizadoras e de responsabilidade social (KAYSER, SILVA, CARDOSO, 2011), visando o bem-estar das pessoas e comunidades, com base em políticas públicas, como por exemplo, a PNH. Com o foco na gestão da saúde, as práticas sustentáveis podem orientar lideranças a promover mudanças de comportamento dos profissionais em prol do consumo ecologicamente correto, e da aquisição de créditos de sustentabilidade, levando em consideração os princípios básicos da ecologia ou da sustentabilidade associados às diretrizes e dispositivos de políticas públicas (MMA, 2012). No âmbito das políticas públicas, as práticas sustentáveis podem ser direcionadas para programas governamentais de educação ambiental e comunicação, ressaltam Claro, Claro e Amâncio (2008, p. 299), onde a formação dos cidadãos terá como objetivo encorajálos a mudar o estilo de vida e de consumo, e de assumir atitudes do cotidiano com base nos princípios básicos da ecologia (CAPRA, 1997). Em outras palavras, é promover a indissociabilidade entre a atitude humanizadora e o comportamento voltado para o desenvolvimento sustentável. 62 4.3 Práticas sustentáveis em serviços de saúde: a indissociabilidade entre Humanização e Sustentabilidade Neste tópico serão descritas experiências recentes de práticas sustentáveis em serviços de saúde, no Brasil e no exterior, onde há indissociabilidade entre os princípios da humanização e da sustentabilidade. Uma das experiências mencionada foi captada de literatura portuguesa (Jornal de Negócios) e a outra foi registrada a partir de publicações no blog do HumanizaSUS (Ministério da Saúde). 4.3.1 Experiências no exterior No ano de 2011, Portugal foi um dos pioneiros em promover o incentivo a práticas sustentáveis na saúde. O Jornal de Negócios em parceria com a Sanofi e a AT Kearney criaram o Prêmio Saúde Sustentável. Como objetivo principal, o prêmio em questão se propunha a diferenciar e premiar entidades, individuais ou coletivas, públicas ou privadas, prestadoras de cuidados de saúde – hospitais, unidades de pronto atendimento e clínicas – que tenham se destacado por promover e implementar os princípios e ações de sustentabilidade com impacto tangível na saúde (NEGÓCIOS MAIS, 2012). O Prêmio Saúde Sustentável de Portugal apresentou à sociedade a organização de saúde que mais se destacou na promoção de práticas sustentáveis. É uma iniciativa anual que procura estimular uma visão sustentável dos recursos na saúde e a necessidade de incorporar os princípios da sustentabilidade na produção de saúde do país. As organizações foram avaliadas a partir dos critérios listados no quadro 6. 63 Quadro 6. Critérios de avaliação para o Prêmio Saúde Sustentável em Portugal Critérios de Avaliação – detalhe Atenção à saúde Gestão da saúde Tecnologias da saúde Responsabilidade Ambiental Desenvolvimento econômico Centralização dos cuidados de saúde no doente – incluindo acesso, satisfação, atenção ao cliente, humanização Governação Clínica e Segurança Gestão das tecnologias na Saúde – incluindo gestão do medicamento Impacto ambiental Sustentabilidade econômico-financeira Fonte: NEGÓCIOS MAIS (2012) Um fato interessante no Prêmio Saúde Sustentável é que tal empreendimento alertou para a capacidade das organizações de saúde lusitanas conciliar qualidade na prestação de serviços com eficiência econômica, financeira, ambiental e tecnológica. Dentre aos vencedores, chama-se a atenção para o Hospital de Santo André que buscou a inovação no atendimento ao usuário, implantando o Sistema de Triagem Manchester em sua urgência (NEGÓCIOS MAIS, 2012, p. 04). Com essa prática sustentável, a ambiência da emergência tornou-se humanizada14 (confortável e paciente com acesso mais rápido e preciso). Identificase a indissociabilidade entre humanização e sustentabilidade. 4.3.2 Experiências no Brasil No período de abril a maio de 2013, em Brasília-DF, o MS convocou profissionais envolvidos com os setores de arquitetura e engenharia de diversas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde para participarem de um Curso de Formação de Apoiadores Institucionais em Ambiência na Saúde. A programação do curso foi dinâmica e com temas variados, abrangendo a Rede Cegonha, Rede da Pessoa com Deficiência, Rede de Urgência e Emergência, Rede de Atenção Psicossocial, o SUS e os processos de trabalho, financiamentos de projetos arquitetônicos, processo de formação-intervenção e Ambiência. 14 A implantação do Sistema de Triagem Manchester é estratégia utilizada em muitos países inclusive no Brasil. É estratégia ideal para a ordenação dos fluxos de atendimento em Emergências e Unidades de Pronto Atendimento, tanto públicas como privadas. No Brasil, a Política Nacional de Humanização se apoia nesta estratégia para implantar o dispositivo Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR) nos serviços de saúde que trabalham com a rede área temática Urgência e Emergência (BRASIL, 2010b). 64 Após o curso, o apoiador seria capacitado a promover mudanças de ambientes nos serviços de saúde e propor através de “rodas de conversa” a cooperação de outro profissionais na busca de soluções para os desafios do cotidiano. A formação de apoiadores mudou o enfoque do trabalho, levando os profissionais a ultrapassarem a “zona de conforto” e inserir nas discussões temas pertinentes aos interesses dos usuários do SUS, dos gestores, dos profissionais e da preservação de um ambiente mais saudável. Neste curso foram formados sessenta apoiadores institucionais que deverão definir seu foco de intervenção nos serviços, elaborar um plano de intervenção e participar de discussões na Rede HumanizaSUS. Eles serão responsáveis pela implantação de uma nova visão sobre a estruturação de ambientes de saúde, onde a preocupação com as pessoas e o bem estar delas nesses locais é aspecto principal. O olhar para as mudanças da ambiência não é apenas voltado para a legislação, mas é ampliado, com abrangência espacial e temporal, com a valorização dos sentimentos das pessoas que permaneceram nesses espaços: internados ou trabalhando (HUMANIZASUS, 2013). 65 5. METODOLOGIA Neste capítulo será apresentada a metodologia da pesquisa desenvolvida. Em forma detalhada serão descritos as abordagens de pesquisa utilizadas, o instrumento para a coleta dos dados, o lócus e os sujeitos escolhidos, as categorias de análise e os procedimentos para análise dos dados. 5.1 As abordagens de pesquisa utilizadas A pesquisa a ser desenvolvida será executada a partir de diferentes abordagens metodológicas, ou seja, serão utilizadas a abordagem quantitativa e abordagem qualitativa, uma vez que esta pesquisa comporta ambas as abordagens. 5.1.1 A abordagem quantiqualitativa na pesquisa Com relação à abordagem qualitativa ressalta-se que a mesma nada mais é do que uma maneira de atribuir respostas aos reais anseios das ciências sociais, pois tal abordagem aproxima com mais intimidade o sujeito do objeto empírico pesquisado, quando ambos são de mesma natureza, como é o caso, nessa pesquisa – o humano e a humanização das suas relações. Uma pesquisa em que se utilize a abordagem qualitativa, segundo Teixeira e Pacheco (2005), gira em torno dos motivos, intenções e anseios dos autores, com empatia, atribuindo-lhes ações, estruturas e relações mais significativas. O fato de ser utilizada a abordagem qualitativa, ou naturalística na referida pesquisa, é justificado por ser o método mais adequado para as pesquisas na área das ciências sociais, onde os fenômenos humanos e sociais são muito complexos, dinâmicos e o estudo desses é realizado em seu acontecer natural. O estudo a ser desenvolvido assume que a experiência dos sujeitos que interagem entre si, não se dá de forma autônoma, mas a partir da interação entre eles (DENZIN; LINCOLN, 2006). Na realidade, é a partir da abordagem qualitativa que se poderá descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o 66 entendimento das peculiaridades do comportamento dos indivíduos (TEXEIRA; PACHECO, 2005. p.61). Diante da utilização da abordagem qualitativa, foi premissa desse estudo, promover a interação entre os sujeitos da pesquisa e o momento de aplicação do instrumento de coleta de dados, visando adquirir percepções e sentidos mais amplos dos discursos destes no que se refere às questões de partida, a saber: 1. Em que medida a formação de apoiadores institucionais da PNH tem potencial para produzir mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde, identificadas nos serviços de saúde do Estado de Pernambuco? 2. Até que ponto a formação de Apoiadores Institucionais da PNH está orientado na perspectiva de uma educação ecológica do sujeito? 3. Até que ponto as práticas dos Apoiadores Institucionais da PNH são sustentáveis no que concerne à perspectiva da humanização? Na segunda fase, foi utilizada a abordagem quantitativa. Devido ao fato da pesquisa ter sido realizada por meio da análise de dados coletados junto aos apoiadores institucionais que atuam nos serviços de saúde do Estado de Pernambuco, a mesma irá traduzir em números as opiniões e informações adquiridas dos mesmos para serem classificadas e analisadas, através da utilização de técnicas estatísticas simples como tabelas de Excel. Os estudos na fase quantitativa enfatizam o ato de medir e de analisar as relações causais entre variáveis e não processos. A propósito é de referir que a abordagem quantitativa de pesquisa é entendida como a expressão da concepção positivista de ciência, que por sua vez, defende que a única forma científica de aprender o social é a observação dos dados da experiência, ou seja, a observação dos caracteres exteriores, objetivamente manifestos nos atos (TEXEIRA; PACHECO, 2005, p. 59). No que se relaciona a este estudo a abordagem quantitativa irá auxiliar no caráter comparativo entre os fenômenos produzidos (exteriores aos sujeitos da pesquisa) e conceitos utilizados em relação aos princípios que se referem às categorias de análise utilizadas nesta pesquisa. Portanto a abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto das modalidades de coleta de informações quanto no tratamento dessas por meio de 67 técnicas estatísticas, que vão desde as mais simples às mais complexas, garantindo o máximo de precisão nos resultados obtidos e evitando distorções de análise e interpretação, proporcionando uma maior margem de confiança na pesquisa. 5.1.2 A opção pela pesquisa exploratória neste estudo Um dos intuitos desse estudo investigar a cerca da formação humanizadora dos profissionais de saúde de Pernambuco é propor uma intervenção no processo de formação dos mesmos, no que se refere à função de apoiadores institucionais que aplicam a PNH nos serviços de saúde geridos pela Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco. Este estudo é de característica pesquisa exploratória. Como o próprio nome indica, a pesquisa exploratória permite uma maior familiaridade entre o pesquisador e o tema pesquisado, visto que este ainda é pouco conhecido, pouco explorado. Nesse estudo tem-se como fases a captura e, em sequência, a análise das informações dos apoiadores institucionais da PNH que participaram da amostra da pesquisa, e que atuam em serviços de saúde no Estado de Pernambuco. A investigação tem como foco a percepção desses sujeitos quanto a sua formação, voltada à perspectiva da educação ecológica. A partir dos relatos descritos através de questionário semiestruturado aplicado, serão realizadas comparações entre os conteúdos e as categorias de análise. As categorias de análise escolhidas têm relação com os conceitos de comunidades sustentáveis (CAPRA, 1997) e aos aspectos institucionais, sociais, econômicos e ambientais da sustentabilidade (CAPRA et al, 2006). 5.1.3 O instrumento para a coleta de dados O instrumento para a coleta de dados nessa pesquisa será realizada com aplicação de questionário semiestruturado aos Apoiadores Institucionais da PNH do Estado de Pernambuco escolhidos como amostra dessa pesquisa, com a finalidade de identificar e caracterizar elementos que atendam às questões de partida e as categorias de análise deste estudo, que foram definidas com nos princípios da organização de comunidades sustentáveis defendidos por Capra (2005; 1997). 68 5.1.3.1 O questionário Justifica-se nesse estudo, a utilização do questionário semiestruturado como técnica escolhida, devido ao fato de ser o mesmo um importante e popular instrumento de coleta de dados para uma pesquisa, pois se trata de um conjunto ordenado e consistente de perguntas a respeito de variáveis e situações que se deseja medir ou descrever (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p. 92). A partir desse instrumento 37 apoiadores institucionais foram questionados nesse estudo, no período compreendido entre 02 de outubro a 04 de novembro de 2013, representando 62% do valor total (59) de apoiadores institucionais da PNH que atuam em serviços de saúde do Estado de Pernambuco. O questionário foi encaminhado aos respondentes através do email pessoal, após contato na Rede Social “Facebook” ou presencialmente, acompanhado do Termo de Consentimento e Livre Esclarecido (TCLE) configurada no Anexo A, após sugestão e aprovação da Plataforma Brasil. O protocolo Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) de submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) está sob o número CAAE 16757913.6.0000.5207, fornecido pela Plataforma Brasil. Vale ressaltar que segundo Moraes e Oliveira (1994), o uso do método de questionário remetido pelo correio apresenta, de forma geral, como qualquer outro método, vantagens e limitações. No que se diz respeito às vantagens, destacam-se a economia relativa e a rapidez como as mais relevantes. Em relação às limitações, está o entrave nas negações a participação da pesquisa. O que não ocorreu nesse estudo. Desta forma, a modalidade de amostra utilizada nessa pesquisa se categoriza como intencional, não-probabilística, composta por elementos da população selecionados intencionalmente pelo investigador, devido ao fato de este considerar que tais sujeitos possuem características típicas ou representativas da população ideal a ser pesquisada. 69 5.2 A análise dos dados através da análise de conteúdo A análise dos dados de acordo com a abordagem qualitativa deve ser realizada por meio de análise de conteúdo, a qual foi seguida nessa pesquisa e tendo como autores norteadores Gil (2011) e Bardin (1977). Para Bardin (1977, p. 31), a técnica de análise de conteúdo, nada mais é que “um conjunto de técnicas de análise das comunicações” emitidas pelos sujeitos participantes de uma pesquisa-ação. Essa técnica trata-se de “um instrumento com maior rigor, mascarado por uma grande disparidade de formas e adaptável ao campo vasto das comunicações”. É aplicável ao mais diversos fins, podendo ser diversificados os procedimentos de análise dependendo da natureza do objeto empírico da pesquisa ou que está sendo investigado. No que se refere a este estudo, a análise de conteúdo é utilizada com o objetivo de descobrir no conteúdo subjacente dos discursos dos apoiadores institucionais da PNH do Estado de Pernambuco, a percepção dos mesmos quanto a sua formação na perspectiva da educação ecológica, visto que a análise de conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça. Como os apoiadores institucionais são trabalhadores da saúde, em um universo (espaço) em franco desenvolvimento sustentável, será identificado através da análise de conteúdo sinais que possam retratar a realidade desse cenário. Através das mensagens registradas por eles no questionário (BARDIN, 1977, p. 44) e comparadas às dimensões e categorias de análise. Através da análise de conteúdo, haverá a possibilidade de identificar nos depoimentos se há aproximação entre o conteúdo/conhecimento de formação para apoiador institucional e as questões do meio ambiente, tanto no âmbito nacional como no regional. Sobre a análise de conteúdo de acordo com o pensamento de Gil (2011), tem-se que é uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda a classe de documentos e textos, que ajuda a interpretar as mensagens e os depoimentos, e também, a atingir uma compreensão de seus significados num nível que sobre sai os de uma leitura comum. 70 Nesta pesquisa os sujeitos deverão expor seus depoimentos, transcritos nas questões abertas contidas no questionário aplicado, os quais deverão ser analisados em detrimento dos conteúdos e comparados às categorias de análise. Essa metodologia de pesquisa faz parte de uma busca teórica e prática, com um significado especial no campo das investigações sociais. Constitui-se em bem mais do que uma simples técnica de análise de dados, representando uma abordagem metodológica com características, possibilidades próprias e fases bem definidas (GIL, 2011). Com relação à análise de âmbito quantitativo, pode-se dizer que esta será realizada a partir do tratamento dos dados validados e significativos encontrados nas planilhas preenchidas com as informações obtidas dos sujeitos da pesquisa. Nesta investigação, análise quantitativa será feita com base na análise qualitativa e será apresentada por meio de planilhas elaboradas no programa Excel. 5.3 O lócus e os sujeitos da pesquisa Geralmente as pesquisas são realizadas através de estudo dos elementos que compõem uma amostra extraída da população que se pretende analisar. Trata-se do conjunto de indivíduos ou objetos que apresentam em comum determinadas características definidas para o estudo. A amostra é o subconjunto da população (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p.119). A amostra da pesquisa será constituída por profissionais servidores públicos estaduais, lotados nos hospitais15 da rede estadual de saúde de Pernambuco, que participam da implantação de dispositivos da PNH nessas instituições e que já participaram de algum tipo de formação nessa temática. O universo de apoiadores institucionais do Estado compõe de 59 profissionais de várias categorias, lotados em quatro hospitais16 de alta complexidade sendo em maior número os profissionais da área de Enfermagem (figura 1). 15 Os hospitais que implantaram a PNH são de alta complexidade e são geridos pela Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco. 16 Hospitais onde estão lotados os apoiadores institucionais do Estado de Pernambuco e respectivas siglas: Hospital Agamenon Magalhães (HAM); Hospital Otávio de Freitas (HOF); Hospital Barão de Lucena (HBL); Hospital da Restauração (HR). 71 Figura 1. Percentual de profissionais de saúde de Pernambuco que participaram da formação na Rede Temática “Urgência e Emergência” para a implantação do Acolhimento com Classificação de Risco – ACCR nos hospitais HAM, HOF, HBL e HR Fonte: Elaborado pela própria autora Deste universo foram submetidos ao questionário trinta e sete (37) profissionais que obtiveram nota entre 10,0 a 8,00 durante a formação como para a implantação do ACCR nos hospitais referidos (figura 2) e que foram localizados pelo pesquisador a partir de orientação do setor de Educação Permanente dos referidos hospitais ou da rede social Facebook. Figura 2. Quantitativo de profissionais de saúde e respectivas notas durante a formação de Apoiador Institucional pela Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco Fonte: Elaborado pela própria autora É compreensível que um estudo da percepção dos elementos selecionados na população de apoiadores institucionais existentes, possibilite um preciso conhecimento das variáveis que estão sendo pesquisadas. Todavia, nem sempre é possível obter as informações 72 de todos os elementos da população, pois há limitações, principalmente, em relação ao atendimento de considerações de ordem metodológica, justificando o uso de planos amostrais e da busca de uma amostra significativa, ou que de fato, represente o melhor possível toda a população estudada (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p.119). A amostragem nesta pesquisa será definida como intencional (figura 3), dirigida a uma categoria específica de profissional da saúde. Sobre isto Martins e Theóphilo (2009) referem que o investigador se dirige intencionalmente a grupos de sujeitos dos quais deseja saber opiniões que se relacionem à temática da pesquisa. O sigilo quanto à identidade dos profissionais e locais de trabalho será mantido de acordo com o TCLE assinado por pesquisador e sujeito investigado. Figura 3. Percentual de Apoiadores Institucionais que foram investigados nesse estudo Fonte: Elaborado pela própria autora O presente estudo tem como lócus de investigação quatro hospitais públicos do Estado de Pernambuco ligados à Secretaria Estadual de Saúde, que implantaram o ACCR Risco (dispositivo da Política Nacional de Humanização) nas Emergências das referidas unidades de saúde categorizadas como de alta complexidade. 5.4 As categorias analíticas da pesquisa Os dados coletados nessa pesquisa foram em seguida analisados tendo como parâmetros de sustentação as categorias analíticas previamente definidas, compreendida como norteadores teóricos para embasamento das discussões e conclusões sobre a temática desenvolvida no estudo. Por esse fato, as análises foram colocadas em contraponto pelos dados coletados, dando a oportunidade de novos questionamentos surgirem. 73 Conforme foi atrás referido, as categorias de análise desta investigação serão elencadas com base nos princípios de organização das comunidades humanas sustentáveis abordados por Capra (1997) e Capra et al (2005) que consideram entendimento dos ecossistemas como redes autopoiéticas17 e como estruturas dissipativas. Estes princípios formulam uma rede de organização e podem ser identificados como os princípios básicos da ecologia e utilizados como diretrizes para construir comunidades humanas sustentáveis. Portanto, as categorias de análise a serem utilizadas nesta pesquisa são encontradas prioritariamente em literatura que trata dos princípios de organização de uma comunidade humana sustentável, que segundo Fritjof Capra (1997) e Capra et al (2006) nos livros, respectivamente, “A Teia da Vida” e “Alfabetização Ecológica” são a interdependência, a reciclagem, a parceria, a flexibilidade e a diversidade. 5.4.1 Interdependência Como o primeiro desses princípios é a interdependência, a mesma pode ser explicitada a partir do esclarecimento a seguir, isto é, todos os membros de uma comunidade ecológica estão interligados numa vasta e intrincada rede de relações, denominada pelo autor de a teia da vida. Eles derivam suas propriedades essenciais, e, na verdade, sua própria existência, de suas relações com outros objetos ou pessoas. A interdependência — a dependência mútua de todos os processos vitais dos organismos — é a natureza de todas as relações ecológicas. O comportamento de cada membro vivo do ecossistema depende do comportamento de muitos outros. O sucesso da comunidade toda depende do sucesso de cada um de seus membros, enquanto que o sucesso de cada membro depende do sucesso da comunidade como um todo (CAPRA, 1997, p. 219). A interdependência ecológica significa a existência de relações compreensíveis, as quais determinam para as mudanças de percepção que são características do pensamento sistêmico — das partes para o todo, de objetos para relações, de conteúdo para padrão. Para Fritjof Capra (1997) uma comunidade humana sustentável está ciente das múltiplas relações 17 Capacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios. Segundo Maturana e Varela apud Capra (1997, p. 88), autocriação. 74 entre seus membros, e cabe a essa comunidade, estimular o desenvolvimento da sociedade e das reações nela produzidas. Na atuação voltada para a humanização na saúde, o sentido de interdependência representa a reciprocidade das atitudes e comportamentos que surgem na rede de relações entre os sujeitos próprias do processo de produção de saúde. O comportamento que o profissional vai ter diante do usuário do SUS, depende do comportamento que o gestor vai ter com esse profissional. Valendo também as composições inversas. “Não faça aos outros o que não quer que façam a você” aponta Callenbach (2006, p. 74). Dessa forma, cabe aos sujeitos agirem no sentido de que o sucesso de uma organização ou de todos depende do sucesso de cada um e das relações nela construídas: ser humano com ser humano; ser humano e o meio ambiente (natural ou social). 5.4.2 Reciclagem Um segundo princípio é a reciclagem, ou, a natureza cíclica dos processos. As relações entre os membros de uma comunidade ecológica não são lineares, envolvem múltiplos laços de realimentação. A alternância entre causa e efeito não ocorre de forma linear. No que se relaciona ao objeto de estudo desta pesquisa, um fenômeno, uma perturbação, não estará limitada a um único efeito e a perpetuação do fenômeno ocorre devido a realimentações. Nesse processo os organismos, ou sujeitos produzem resíduos, que para alguns podem ser “lixo” para outros um “bem de consumo”. Na formação para a humanização necessitam-se de realimentações e processos cíclicos de aprendizagem, tanto de abordagens de caráter político, socioeducativo e cultural, como também socioambiental. Os profissionais que trabalham com humanização na produção de saúde defrontam-se em determinados cenários com sujeitos que possuem doenças que surgem da relação destes com o meio ambiente (lixões abertos, efluentes poluídos, solos sem tratamento sanitário, outros). Tal fato é motivo suficiente para que a formação do profissional de saúde seja voltada para a educação ecológica e sustentabilidade. 75 5.4.3 Parceria A parceria, terceiro princípio, é uma característica essencial das comunidades sustentáveis. É uma cooperação generalizada que sustenta os intercâmbios cíclicos de energia e recursos de uma comunidade. A tendência para formar associações, para estabelecer ligações, para viver com o outro e para cooperar é um dos certificados de qualidade de vida, segundo Capra (1997). Nas comunidades humanas, parceria significa democracia e poder pessoal, pois cada membro da comunidade desempenha um papel importante. À medida que uma parceria se processa, cada parceiro passa a entender melhor às necessidades dos outros. Numa parceria verdadeira, confiante, ambos os parceiros aprendem e mudam – eles coevoluem. Essa categoria diz respeito às interrelações que são construídas para que as melhorias na produção de saúde aconteçam. A pactuação entre profissionais, gestores e usuários do sistema de saúde, voltada para as mudanças na atenção e gestão da saúde é pilar para a qualidade de vida e implementação da humanização como política pública social. A parceria significa que trabalhadores, usuários e detentores das decisões estão juntos nos processos de melhoria para o sistema de saúde. E porque não para o ecossistema? 5.4.4 Flexibilidade A flexibilidade é outro princípio da “ecologia” que devido aos múltiplos laços de realimentação dos processos e perturbações, tal princípio tende a levar o sistema de volta ao equilíbrio, sempre que houver um desvio com relação às normas e as mutações do ambiente. Na comunidade humana tal princípio e reflete nas tensões geradas entre as pessoas que configura uma falta de flexibilidade (CAPRA et al, 2006; CAPRA, 1997). A tensão temporária é um aspecto essencial à vida, mas a tensão prolongada é nociva e destrutiva para o sistema. O princípio da flexibilidade também sugere uma estratégia correspondente para a resolução de conflitos. Em toda comunidade haverá contradições e conflitos que não podem ser resolvidos em favor de um ou de outro. Se resolvidos os conflitos, estabelece-se o equilíbrio dinâmico. 76 Em relação ao objeto de estudo da pesquisa pode-se fazer a analogia de que é importante se compreender como se administra um sistema social – uma organização, um hospital – significa encontrar os valores ideais para as variáveis do sistema. No contexto da humanização da saúde, a flexibilidade indica competência em buscar soluções para desafios que estão presentes na atenção e gestão da saúde em todos os âmbitos, desde a atenção básica até a alta complexidade. Essa categoria pode ser relacionada a valores como resiliência, liderança e responsabilidade socioambiental (CALLENBACH, 2006, p. 76). 5.4.5 Diversidade O papel da diversidade, como o último princípio, está diretamente ligado com a estrutura de rede do sistema. Quando uma determinada espécie é destruída por uma perturbação séria, de modo que um elo da rede seja quebrado, uma comunidade diversificada – interdisciplinar - será capaz de sobreviver e de se reorganizar, pois outros elos da rede podem – parcialmente ou totalmente - preencher a função da espécie destruída. Quanto mais complexa for a rede, mais complexo for o eu padrão de interconexões, mais elástica ela será. Numa comunidade humana esse princípio pode ser evidenciado através da diversidade étnica e cultural. Na comunidade humana, as informações e as ideias fluem livremente por toda a rede, e a diversidade de interpretações e estilos de aprendizagem – até mesmo a diversidade de erros – enriquecerá toda a comunidade (CAPRA, 1997, p. 235). No contexto da pesquisa, essa categoria tem sintonia com os sentidos da interdisciplinaridade, da variedade cultural e étnica e, ao mesmo tempo, das singularidades. Significa que há na produção de saúde inúmeras relações e diferentes abordagens para o mesmo problema. Quanto à formação em saúde, não existe nenhum currículo do tipo “tamanho único que sirva para todos” (CAPRA et al, 2006). O ensino para a humanização, com a perspectiva dos princípios da ecologia deve se adaptar a situações diversas e de diversas formas a cada situação que volta-se para a formação do apoiador institucional da PNH, que pode ser estabelecida de acordo com as singularidades e complexidades de cada serviço, de cada região e de cada equipe de profissionais. Identifica-se a diversidade como um princípio da ecologia que reflete o respeito às diferenças e valoriza o que cada sujeito pode acrescentar/representar na relação que tem com os outros, com o meio ambiente e com o planeta. 77 6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo é realizada uma análise dos dados e afirmações captados de pesquisa realizada com 37 apoiadores institucionais do Estado de Pernambuco entre os anos de 2012 e 2013. As informações aqui analisadas foram adquiridas a partir de questionário e serão disponibilizadas para retratar as percepções dos respondentes em relação a sua formação como apoiador institucional e a perspectiva da educação ecológica, sabendo esses que tal processo didático seria um requisito para a sua atuação como humanizador da PNH com competência para realizar práticas sustentáveis nos serviços de saúde. 6.1 Percepções dos Apoiadores Institucionais da Política Nacional de Humanização do Estado de Pernambuco: interface entre sua formação e a educação ecológica Em se tratando de um Estado em desenvolvimento sustentável, Pernambuco vem revelando que vários setores de Mercado e de Governo começam a se adequar às questões relativas a prover uma qualidade de vida equânime e socialmente justa. As práticas voltadas a formação profissional apresentam estreita relação entre interdisciplinaridade e sustentabilidade e apresentam papel fundamental no que se refere a convivência dos seres humanos com a natureza e a influencia que ela exerce na vida deles. E vice versa. A partir desse contexto são detalhados nesse capítulo os resultados da pesquisa empírica, realizada neste estudo, ressaltando-se que foram captadas as percepções de um público homogêneo, a saber: profissionais do ACCR de hospitais públicos do Estado de Pernambuco. Os participantes da pesquisa foram selecionados a partir de suas pontuações na formação como Classificador Certificado, considerados nesse estudo com Apoiadores Institucionais. No que se refere à análise de aspecto quantitativo nesta pesquisa, tem-se os dados que se relacionam com as questões de partida. Nas figuras abaixo são apresentados os resultados levantados a partir do questionário aplicado os quais refletem respectivamente a formação do apoiador institucional como fator potencial para a inovação nos modos de atenção e gestão de saúde, como uma formação orientada na perspectiva da educação 78 ecológica e como uma formação que estimula a promoção de práticas sustentáveis no que toca a humanização dos serviços prestados. Quanto a análise no viés qualitativo, os dados coletados nesta pesquisa têm como referencial a percepção dos participantes em relação às dimensões de análise, ou seja: as mudanças nos modos de atenção e gestão na saúde pública no Estado de Pernambuco, as relações existentes entre a formação que é oferecida aos profissionais de saúde na rede pública do estado e a educação para a sustentabilidade e, finalmente, a formação através de uma política pública da humanização a qual motiva a práticas sustentáveis. No entanto no âmbito dessas dimensões foram eleitas seis categorias de análise a partir de estudos teóricos e práticos de Capra (2003; 1997): interdependência, parceria, cooperação, reciclagem, flexibilidade e diversidade. Sendo dessa forma, procede-se nos subitens a seguir a uma análise quantitativa dos dados e em seguida do conteúdo do discurso dos respondentes ao questionário aplicado na pesquisa, fazendo-se inferências de acordo com as categorias de análise estipuladas nesse estudo. 6.1.1 Dados correspondentes aos participantes da pesquisa Os dados coletados através do questionário da pesquisa serão analisados, primeiramente, de forma quantitativa por meio de tabelas e quadros elaborados pelo próprio pesquisador como é mostrado nas tabelas a seguir. Em sequência, a análise dos dados será realizada de forma qualitativa, utilizando a análise de conteúdo como técnica para tal procedimento metodológico. Na tabela 1, em seguida, é descrito o perfil acadêmico dos sujeitos participantes da pesquisa, a analisar. 79 Tabela 1. Perfil dos participantes em relação à formação acadêmica Fonte: Dados da pesquisa Verifica-se na tabela 1 que 59% dos respondentes possuem formação de nível superior, graduação, mas que não atingiram outros níveis de formação acadêmica, o que reflete a presença de maior número de profissionais com formação acadêmica mais voltada para a habilidade técnica. Os 41% dos respondentes buscaram uma formação lato senso, o que pode representar o interesse em dar continuidade a educação acadêmica com perspectiva de aperfeiçoamento na vida profissional. Não houve quantitativo de profissionais de nível técnico, provavelmente, por haver por parte da Secretaria Estadual de Saúde, a necessidade de eleger profissionais com visão e atuação mais voltada para a gestão e monitoramento dos processos de produção de saúde no cenário referente à pesquisa: emergências de Hospitais públicos de alta complexidade do estado de Pernambuco. Nenhum quantitativo em relação aos níveis acadêmicos de Mestrado e Doutorado, talvez refletindo a ausência do interesse à docência e à pesquisa na área de humanização na saúde. Tabela 2. Perfil dos participantes em relação ao tempo de serviço Fonte: Dados da pesquisa 80 No que se refere ao tempo de serviço dos respondentes, pode-se observar na tabela 2 que 54% tem entre 5 e 10 anos de serviço, o que pode configurar maior interesse em participar de cursos de formação aqueles que estão no meio da carreira. Aqueles que estão iniciando a carreira pública na área da saúde, 11% que representam os respondentes entre 0 a 5 anos de serviço, os quais vêm a demonstrar que ainda não têm a necessidade de ampliar seus conhecimentos em relação a políticas de saúde transversais ao SUS. Já aqueles que apresentam mais de 10 anos de serviço e que são 6% da amostra, são reflexo de quantitativo de profissionais que pouco participa de cursos de formação para a atenção e gestão da saúde, no sentido de melhorias e inovações. Tabela 3. Percepção dos participantes quanto à formação de apoiador institucional como potencial instrumento de mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde no Estado de Pernambuco Fonte: Dados da pesquisa Como pode ser observado, na tabela 3 apresentada, 57% dos respondentes discordam que a formação de apoiadores institucionais, no Estado de Pernambuco, possa ser um instrumento em potencial para promover atitudes de mudanças, ou inovações nos modos de prestar assistência ou gerir a saúde pública. No entanto, um bom quantitativo (43%) acredita que a formação em questão pode ser um instrumento de inovação na atenção e gestão de saúde, mas que depende de uma reformulação no que tange os conteúdos oferecidos nas capacitações voltadas à humanização na saúde. 81 Tabela 4. Percepção dos participantes quanto à perspectiva da educação ecológica na formação de apoiador institucional no Estado de Pernambuco Fonte: Dados da pesquisa Na tabela 4, que responde às percepções dos respondentes em relação à formação de apoiador e a perspectiva de uma educação ecológica nessa formação, apresenta um percentual de 95% de desacordo no que tange essa integralização dos saberes. Durante a formação recebida para o trabalho humanizado no cenário em questão, os 35 apoiadores institucionais, que discordaram na questão, assim responderam pelo fato de não perceberam qualquer conexão entre o processo pedagógico/corporativo submetido e a perspectiva de uma educação voltada para os princípios ecológicos ou da sustentabilidade. Apenas dois do total de respondentes identificaram algum indício de relação entre a formação recebida e a visão ecológica na educação para a humanização dos serviços de saúde. Talvez esses não obtiveram a compreensão exata sobre o âmago da questão e acreditam que haja uma interligação entre a sua formação como apoiador e a educação para a sustentabilidade.. Tabela 5. Percepção dos participantes quanto à motivação da formação de apoiador institucional para a promoção de práticas sustentáveis na humanização dos serviços de saúde no Estado de Pernambuco Fonte: Dados da pesquisa Observa-se na tabela 5 que 92% dos respondentes não identificaram qualquer tipo de atitude motivadora por parte da formação em apoio institucional para a prática de ações sustentáveis voltadas a humanização dos serviços de saúde. Apenas 8% referem que a 82 formação motiva o apoiador institucional a promover práticas sustentáveis com foco na humanização da atenção e gestão da saúde. Porém tal motivação poderia ser intrínseca aos valores desses respondentes e não vinculada à formação recebida como apoiador da PNH. No quadro 7 são listadas as práticas classificadas como sustentáveis que foram sugeridas pelo pesquisador e que segundo os 8% dos respondentes (tabela 5) seriam motivadas pela formação de apoiador institucional para o processo de humanização dos serviços de saúde no Estado de Pernambuco. As práticas registradas no quadro 7 foram adaptadas de Claro, Claro e Amâncio (2008). Quadro 7. Práticas humanizadoras reconhecidas como práticas sustentáveis nos serviços no Estado de Pernambuco Fonte: Questionário aplicado na pesquisa. A análise realizada quanto à percepção dos respondentes, no que diz respeito à motivação para práticas sustentáveis voltadas para a humanização da saúde, tratada na tabela 5, mostra que apenas 8% dos participantes da pesquisa concordarem com essa preposição. Por esse fato no quadro 8 a seguir, são apresentadas as frequências obtidas da aplicação do questionário em relação a essa suposição, através das respostas oferecidas pelos participantes a cada item, na escala, e tratada segundo a sua participação no escopo da questão 2 do questionário (apêndice C). 83 Quadro 8. Frequência dos indicativos relacionados às práticas sustentáveis realizadas como práticas de humanização Fonte: Dados da pesquisa 6.1.2 Percepções dos Apoiadores Institucionais sobre as mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde nos serviços de referências no Estado de Pernambuco O Estado de Pernambuco é referência no país quanto ao fornecimento de serviços de saúde. O porte e a excelência destes serviços estão associados à tradição existente em Pernambuco em relação à formação acadêmica e na pesquisa em saúde. Na perspectiva de um conjunto de atividades, o setor de saúde pública do Estado é composto por várias unidades de saúde que oferecem variados e modernos serviços, além de centros de formação e treinamento de qualidade. No total, os serviços de saúde em Pernambuco conta com 46%18 de serviços voltados a gestão pública onde o que há de mais sofisticado é privilégio das unidades de saúde da capital. Nos últimos anos, o setor de saúde pública expandiu e novos estabelecimentos no Estado foram estruturados para aumentar o número de atendimentos com ampliação, modernidade e qualidade. Mas será que ao mesmo tempo, têm se gerado valores que norteiem os profissionais de saúde a participarem ativamente desse processo de mudança e melhoria na atenção e gestão da saúde no âmbito estadual, com base em alguma política pública inovadora? A formação oferecida aos profissionais de saúde do Estado de Pernambuco tem potencial para transformá-los em agentes de promoção de modos inovadores de produzir saúde? 18 IBGE, 2005 in Instituto de Tecnologia em Gestão. Pernambuco Competitivo: saber olhar para saber fazer. Recife: INTG, 2009 84 A dimensão de análise abordada na questão 1.1, a qual se refere à percepção do apoiador institucional quanto à “potencialidade da sua formação para a promoção de mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde”, foi discutida por trinta e dois respondentes (86% do total dos participantes da pesquisa), os demais 14% (cinco respondentes) limitaram-se a simplesmente discordar (marcar “Não”) com o questionamento. Na realidade, o maior número de respondentes da pesquisa (que registra a tabela 3) demonstra pouca credibilidade na formação recebida para a promoção de inovações na atenção e gestão da saúde em seus locais de trabalho. Vale mencionar, diante desta perspectiva, o conteúdo dos registros de alguns dos participantes da pesquisa, observando a percepção destes em relação a potencialidade da formação de apoiador institucional da humanização na produção de mudanças nos modos de oferecer atenção e gerir a saúde no Estado de Pernambuco. Ao serem questionados sobre o potencial da formação de apoiador institucional da humanização em Pernambuco para promover mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde pública os mesmos escreveram o seguinte: “A formação que o apoiador tem pela Secretaria não dá subsídio para isso. A formação é muito básica em relação à formação que o Ministério da Saúde promove”. “Caso a formação fosse voltada à humanização mesmo, ela poderia orientar para atitudes de inovação, resolução dos conflitos e desafios que a saúde pública coloca na nossa frente. Instiga a criação de equipes de trabalho para o bem servir e o sucesso coletivo”. “Se as capacitações forem voltadas para a política de humanização, poderá o apoiador promover mudanças. Caso a formação continue sem o foco na política pública, pouca coisa pode mudar”. “Tem potencial se a formação fosse mais próxima da realidade da nossa região, do Estado e tendo, principalmente, o apoio dos gestores e detentores das decisões no que se refere a gerir os serviços de saúde. Tudo depende da colaboração e do entendimento deles quanto as nossas dificuldades”. “Só haverá mudanças quando se oferecer uma formação ao apoiador baseado principalmente nas diretrizes da PNH e acrescentando com outros conhecimentos pertinentes a nossas culturas, realidades regionais e questões ambientais que influenciam a produção de saúde e a eliminação de algumas doenças”. “Se tiver a formação adequada, a partir da PNH e o respaldo dos gestores pode sim, produzir mudanças. Sem esses fatores nada muda nos serviços de saúde, principalmente, nos menores”. 85 “O modelo de formação dos profissionais aqui do Estado não permite que essas mudanças aconteçam. Tem que haver uma reformulação ou seguir a própria política de humanização”. “Sim, tem potencial, modificando os processos de gestão de saúde, como é o caso dos apoiadores da rede urgência e emergência. O apoiador faz triagem dos usuários para agilizar o atendimento. Isso é uma pequena mudança, que seria maior se a formação do apoiador fosse melhor, mais adaptada a outras áreas de assistência à saúde. A formação tem que continuar”. “A aprendizagem que tivemos foi restrita a aplicação do protocolo de Manchester e essa formação não é suficiente para produzir mudanças”. “Esse processo de ensino sensibiliza o profissional de saúde a entender e intervir na doença e no doente com uma visão mais complexa e menos fragmentada da situação que se encontra na saúde pública de Pernambuco. A formação para humanizar facilita a produção de mudanças, onde todos juntos cooperam e se ajudam a promover um SUS melhor”. “Pelo menos aqui em Pernambuco a formação não produz mudanças significativas na atenção e gestão da saúde. Com a Classificação de Risco o apoiador não provoca mudanças apenas realiza triagens”. “Pode sim, se essa formação for realizada não só para os profissionais que estão na ativa, mas também para os diretores dos hospitais e os coordenadores de todos os serviços. Eles vão saber a importância e apoiar as mudanças que queremos fazer na gestão da saúde no Estado”. “Porque na realidade nós não aprendemos a trabalhar com a política de Humanização. Não tivemos acesso a nenhum conteúdo sobre a PNH, mas sim do Protocolo de Manchester”. “Tem potencial, pois auxilia os profissionais a elaborar projetos de mudanças e de construção de uma gestão participativa, onde todos são responsáveis pela melhoria do SUS, desde o atendimento nas Emergências, nos internamentos e outros setores. Todos participam e lutam juntos por condições melhores de vida e de trabalho”. “No Estado de Pernambuco a formação é só baseada no Protocolo de Manchester que auxilia apena no diagnóstico do usuário que chega na Emergência. A formação para a mudança e com base na PNH na realidade não existe”. “Essa formação, quando mais voltada à humanização, faz o trabalhador da saúde ser mais criativo e competente para propor mudanças na assistência e nas gerências dos serviços. Aí pode ser considerado um apoiador institucional”. “Se tiver uma formação que seja feita por professores, consultores ou instrutores que saibam passar um conhecimento real da PNH e que seja aplicado na realidade dos serviços de saúde do nosso Estado, então poderá produzir mudança”. “Em detrimento à formação que o Estado de Pernambuco oferece (aperfeiçoamento no Protocolo de Manchester) não se produz mudanças. Mas se além do protocolo fosse passado o conteúdo da política de humanização, então daria certo. Haveria mudanças”. “Nós profissionais de saúde do Estado não temos a formação que nos capacite, nos dê competência suficiente para promover mudanças. É muito boa, mas limitada, sem ligação com a política de humanização”. “A formação que adquirimos não nos dá segurança para promover as mudanças necessárias na saúde. Tivemos a formação de apoiador (se é que nós somos apoiadores) 86 só aprendendo a usar o Protocolo de Manchester, que pouco ajuda no fazer mudanças na saúde pública como um todo”. “O que se aprende nessa formação, ou capacitação, não é para melhorar a assistência, só tenta organizar o serviço. Só haverá mudanças na atenção e gestão da saúde se a nossa formação fosse com base na PNH e voltada para o que acontece no nosso estado e nos serviços que trabalhamos”. “A nossa formação é muito rápida e específica, e só apresenta como conteúdo a Classificação de Risco nas Emergências e o protocolo a ser utilizado. Muito focada nisso, sem mencionar a política de humanização, sem levar em consideração a nossa cultura, nossos verdadeiros problemas e nossa regionalidade”. No que se refere à percepção dos apoiadores institucionais quanto às mudanças nos modos de atenção e gestão nos serviços de saúde, no Estado de Pernambuco, pode-se inferir que: A formação para o apoiador é restrita e não é embasada nas diretrizes e dispositivos da PNH, o que dificulta a promoção de novos modos de atenção e de gestão em saúde a partir da referida política pública. O conteúdo da formação que o Estado oferece aos apoiadores institucionais é limitado ao treinamento e à aplicação do Protocolo de Manchester. No programa de formação não se utilizam conteúdos sugeridos pela PNH, nem correlacionados com a realidade e desafios que permeiam a atenção e a gestão pública nos serviços de saúde do Estado de Pernambuco. Não há a participação de gestores e demais superiores no processo de formação. O apoiador não se considera um instrumento de mudança no processo de atenção e gestão de saúde. Identificam-se poucas mudanças na gestão da saúde, a partir da formação atual. Evidencia-se apenas, um novo modo de organização do serviço de urgência e emergência dos hospitais de alta complexidade no Estado. Outros serviços de saúde ligados a SES de Pernambuco não possuem apoiadores institucionais, nem dispositivos da PNH implantados. Há por parte dos apoiadores, um desejo de manter-se em constante formação voltada à humanização dos serviços, especialmente se estiver conectada com a realidade, cultura e diversidade do processo saúde/doença característico da região, do Estado de Pernambuco. Preocupação por parte dos apoiadores quanto às mudanças de agir no SUS a partir da captação de novos conhecimentos e da reestruturação de modelos mentais mais humanísticos, da visão sistêmica em relação ao desenvolvimento dos seres 87 humanos e do comprometimento de pessoas com iniciativa e preocupadas com o bem comum. O sentido de responsabilidade, de construção de uma gestão participativa, do uso da criatividade, da colaboração de todos e da formação de equipes focadas no bem servir e no sucesso coletivo é presente em alguns registros. A produção de mudanças onde todos os sujeitos cooperam e se ajudam para o melhor na atenção e gestão na saúde é identificado em vários descritos. 6.1.3 Percepções dos Apoiadores Institucionais quanto a sua formação na perspectiva uma educação ecológica do sujeito Os problemas que são discutidos atualmente em relação à implantação de políticas públicas de saúde e da própria gestão da saúde pelo SUS, são considerados problemas sociais. Muitos deles influenciados por questões ambientais que estão às vistas da população de usuários do SUS e dos demais interessados: trabalhadores da saúde e gestores. Ao reconhecer os problemas de saúde pública como problemas sociais influenciados também por questões ambientais, o trabalhador da saúde necessita da aquisição de um novo conhecimento a partir de uma abordagem ecossistêmica voltada à saúde: saúde do homem e da natureza. Tal conhecimento tem como fonte pedagógica a Educação Ecológica, onde os sujeitos são preparados para as questões da vida/saúde/doença reconhecendo-se como membros do ecossistema. Na realidade, o trabalhador da saúde deve ter a alfabetização ecológica, ser Ecoalfabetizado e adquirir uma formação que o aproxime do meio ambiente para que o mesmo possa entender as relações de responsabilidade e interdependência com a natureza e os seres nela existentes. É a necessidade de formar o sujeito com a visão para o mundo, de modo mais complexo e pensar de forma coletiva diante dos problemas sociais, como é o caso da produção de saúde, além da eliminação das doenças. A educação ecológica deve tornar o sujeito consciente de que o verdadeiro objetivo do desenvolvimento é melhorar a vida do ser humano em todos os aspectos. Quando a educação ecológica é direcionada à formação do trabalhador da saúde, neste estudo, aos apoiadores institucionais da PNH, ela contribui para a consciência da diversidade e do 88 pensamento para a coletividade; do comprometimento, da parceria entre os sujeitos para a construção de projetos coletivos de melhoria da qualidade de vida; e a própria conscientização em relação aos problemas ambientais que influenciam o surgimento de várias doenças no ser humano e da própria natureza. Parte-se, então, do princípio que a educação ecológica desperta no apoiador institucional características como a consciência ecológica, comprometimento com a participação em ações para o bem comum e construção de habilidades com base nos princípios da ecologia, que neste estudo foram escolhidas como categorias de análise. No entanto, quando os participantes dessa pesquisa foram questionados em relação à formação do apoiador institucional está orientada na perspectiva da educação ecológica, foi possível identificar os seguintes registros: “Durante a formação não se fala em educação ecológica, não se faz a ligação entre as doenças e o meio ambiente, e quando faz é de maneira muito discreta, sem mostrar a importância desse saber para o nosso trabalho na saúde”. “Não há conteúdo no curso que aborde sobre a educação ecológica”. “A formação que se oferece aqui não tem a visão holística, porque não é baseada nas políticas públicas de saúde e educação”. “Os próprios formadores dos apoiadores não apresentam visão da sustentabilidade”. “Não está orientada, porque não trata objetivamente das questões ambientais e sociais que envolvem a reestruturação de um ambiente ideal para a saúde de todos e também das próprias unidades de saúde. Veem-se locais tão sujos e degradados. A formação não estimula a prática do cuidar do meio ambiente para evitar novas doenças ou o agravamento das doenças que já existem nos usuários que acolhemos no serviço”. “Na formação do apoiador da saúde se fala de vigilância sanitária, de saneamento básico, mas isso coloca um limite de que só alguns aprendem a preservar o meio ambiente para evitar as doenças, mas isso deve ser uma atitude de todos. A educação para cuidar do meio ambiente tem que ser estendido a todos”. “A formação do apoiador não ensina ao trabalhador da saúde a ter um olhar de preservar o meio ambiente para evitar mais doenças. Não ensina que se deve ter cuidado com os resíduos hospitalares e saber que esse resíduo é o causador de outras doenças, principalmente, a doença da própria natureza, dos rios, das matas, do pobre e do rico”. “Os treinamentos para aplicar a humanização não são focados para esse aspecto e nós profissionais de saúde ficamos analfabetos nesse assunto”. “Não faz o profissional de saúde perceber que as relações que se mantem com a natureza é o ponto principal para se eliminar ou propagar as doenças, principalmente, aquelas atendidas pela atenção básica”. 89 “Quando se mostra que precisa humanizar o ambiente hospitalar, não mostra com detalhes o quanto é importante para a produção da saúde preservar o meio ambiente, principalmente, em relação aos dejetos hospitalares que se joga no meio ambiente, ainda em muitos lugares de miséria no Brasil”. “Não presenciei isso aqui em Pernambuco, mas já vi em outros lugares falar sobre ambiência e dos cuidados com o meio ambiente interno dos serviços de saúde. É a sustentabilidade na saúde, que é passada essa ideia de forma simples e ainda pouco perceptível a ação dos trabalhadores da saúde em relação a isso”. “Não é abordada a relação entre a destruição do meio ambiente e o surgimento de doenças”. “A formação que foi oferecida foi direcionada apenas para a utilização de um instrumento de diagnóstico e triagem. Não se refere às questões ambientais, culturais e específicas do Estado de Pernambuco”. “O que aprendemos na formação de apoiador não tem nada relacionado à ecologia ou ao nosso meio ambiente e as doenças que tratamos. É uma pena!”. “Não há menção sobre educação ecológica na formação do apoiador no Estado. Infelizmente”. No que se refere à percepção dos apoiadores institucionais quanto a sua formação na perspectiva da educação ecológica, no Estado de Pernambuco, pode-se deduzir que: A educação ecológica não faz parte do processo educativo dos apoiadores institucionais. Não há preocupação, por parte dos órgãos fomentadores, em levar aos apoiadores institucionais a conscientização ecológica e o sentido de preservar o meio ambiente para evitar novas doenças. É evidente que a formação de apoiador da PNH no Estado de Pernambuco não trata do dispositivo que qualifica o ambiente institucional - Ambiência, para ser um ambiente mais ecologicamente correto. Também não refere a importância de cuidar dos resíduos produzidos no ambiente hospitalar ou demais aspectos voltados a gestão ambiental em serviços de saúde. Não é salientada a importância de se ter ações voltadas a gestão ambiental e educação continuada e permanente para a sustentabilidade voltada para os demais profissionais dos serviços de saúde. 90 6.1.4 Percepções dos Apoiadores Institucionais em relação à sustentabilidade das práticas desenvolvidas para a humanização nas organizações de saúde no Estado de Pernambuco Considerar iniciativas e ações humanizadoras como práticas sustentáveis foi um desafio na execução dessa pesquisa. Incentivar o apoiador institucional a pensar que pode desenvolver ações humanizadoras com o sentido de práticas para a sustentabilidade da organização é um desafio muito maior. As práticas sustentáveis nas instituições de saúde ainda não são do domínio da maioria, por isso em muitas das situações, as iniciativas humanizadoras não são percebidas como tais práticas. No processo de aplicação do questionário, observou-se que apenas três (8%) respondentes (tabela 5) concordaram que a formação de apoiador institucional estimula a realização de práticas sustentáveis como ações voltadas para a humanização dos serviços de saúde e esses afirmaram o seguinte: “Na realidade, não há um estímulo direto. Indiretamente, após a formação sentimos que cada um de nós pode desenvolver práticas que atingem a coletividade e que são importantes para envolver todos no mesmo processo, um dependendo do outro. Mas não há o sentido da sustentabilidade. As ações são para o bem de todos e da instituição mas não são vistas como práticas sustentáveis”. “Vejo que faz de uma forma discreta, pois não menciona sobre sustentabilidade. Com a formação somos orientados a tentar resolver problemas que a população sofre da maneira mais eficiente, se adaptando as situações, por piores que sejam. Somos orientados a trabalhar em conjunto, um ajudando o outro para que as ações desenvolvidas para o bem comum realmente sejam de acordo. As ações que são de humanização precisão de estímulos, mas precisão de pessoas que independente da sua especialidade, tenha a vontade de ajudar todos os que procuram nossos serviços de saúde”. “Não vi isso aqui em Pernambuco, mas vi em outros estados. Tem estados do Brasil que o apoiador institucional é capacitado para realizar ações com os pacientes, os profissionais e a comunidade em que a unidade de saúde está instalada. Penso que isso já é uma ação humanizadora que podemos considerar de sustentabilidade, pois fazem encontros que ensinam os usuários do SUS a entender o que é sua doença e cuidar da sua comunidade para não ter mais doentes nela. Fazem palestras e oficinas de vários temas, inclusive de reaproveitamento de alimentos e outros materiais. Devia ter isso aqui”. Diante da explanação dos apoiadores quanto a sua formação como um evento de estímulo a execução de práticas sustentáveis com o intuito de humanizar os serviços, pode-se concluir dessa dimensão de análise a seguintes inferências: 91 O sentimento de se sentir estimulado a executar práticas sustentáveis na promoção da humanização em saúde é muito mais intrínseco do que um fenômeno externo. Os apoiadores têm a percepção exata de a formação que é oferecida em “Pernambuco” não estimula diretamente a realização de práticas sustentáveis com a finalidade de humanizar os serviços. A formação de apoiador institucional no Estado de Pernambuco estimula, de maneira “discreta” a tomada de certos comportamentos que podem ser identificados – ao ver da autora – como iniciativas de aplicabilidade dos princípios ecológicos ou da sustentabilidade, mesmo os apoiadores não identificando esses como tal. Provavelmente, parte dessa consciência voltada à práticas humanizadoras, com a perspectiva da sustentabilidade exista por conta de experiências passadas como é registrado por um dos apoiadores. A partir da incipiência dos conteúdos oferecidos na formação de apoiador institucional no Estado de Pernambuco, uma última questão foi oferecida aos participantes da pesquisa, a qual solicitava deles sugestões sobre temas que poderiam constar num provável curso a ser ministrado para eles. Dentre tantas sugestões de temas algumas serão referidas a seguir: O apoiador e a formação com base na PNH. Humanizar o ambiente dos serviços de saúde, colabora para uma gestão limpa e sustentável. Conflitos entre gestores e trabalhadores: formas de humanizar as relações. A função do Apoiador Institucional na orientação para manter o ambiente hospitalar de qualidade. As práticas dos apoiadores institucionais para sensibilizar os trabalhadores à preservar o ambiente da saúde (hospitais, policlínicas, outros). Sustentabilidade na saúde: ambiência humanizada é ambiente sem lixo hospitalar. Sustentabilidade na saúde pública. Gestão do ambiente da saúde: promoção de vida sustentável no trabalho. Educação Ecológica e a saúde da população: o que o profissional de saúde deve saber. 92 O apoiador institucional atuando com as doenças negligenciadas e como agente de formação do usuário do SUS. Apoiadores da humanização: construção das competências para intervir na atenção e gestão da saúde. As relações entre homem e natureza intervindo no processo saúde-doença-cuidar. Portanto, é importante aludir que tais dimensões de análise, as quais foram utilizadas como referências para essa investigação, no que se refere à análise dos dados, no domínio da abordagem qualitativa utilizada nessa pesquisa, tiveram por intensão fazer uma amostra das percepções dos apoiadores institucionais da PNH, lotados em serviços de saúde no Estado de Pernambuco sob a forma a que seja cabível realizar uma intervenção na problemática tratada nessa dissertação. Diante do exposto, é relevante declarar no próximo capítulo desse estudo, a proposta de intervenção que está sumariamente descrita, com a finalidade de promover nova formação os apoiadores institucionais aqui referidos, e outros profissionais da área de saúde, vinculados ao Estado em questão. A proposta em si, que será operacionalizada através do CEFOSPE, oportunizará a tais sujeitos maior conhecimento e habilidades para se desempenhar nos serviços de saúde do Estado, promovendo ações humanizadoras sob a perspectiva da sustentabilidade. Enfim, os apoiadores institucionais poderão ser considerados, de acordo com recomendações do MS, “estratégia metodológica” para realizar mudanças nos modos de atenção e gestão de saúde, agora promovendo práticas sustentáveis, contribuindo para o verdadeiro sentido da Sustentabilidade voltada à saúde pública. 6.2 Inferências sobre a relação entre o discurso dos participantes e as categorias de análise Nessa parte da dissertação, serão expressas as inferências que justificam a relação entre os discursos dos participantes da pesquisa e as categorias de análise elencadas no capítulo da metodologia. 93 Do total de 41 afirmações dos participantes, coletadas através do questionário aplicado na referida pesquisa, e descritas nos tópicos anteriores (5.2, 5.3 e 5.4) apenas 16 destas puderam ser utilizadas para apreciação em relação às categorias de análise. Na dimensão “Mudanças nos modos de atenção e gestão de saúde” foram utilizadas seis afirmações. Na dimensão “Formação de apoiador institucional orientado na perspectiva da educação ecológica” foram utilizadas cinco afirmações. Na dimensão “Práticas sustentáveis dos apoiadores institucionais referentes à humanização nas organizações de saúde” foram utilizadas cinco afirmações. Quanto às categorias de análise, no quadro 9 a seguir registram-se as inferências que se relacionam com as afirmações dos participantes em concordância com as mencionadas categorias: Quadro 9. Inferências relacionadas às dimensões de análise e as categorias de análise a partir dos elementos do discurso dos participantes. Dimensões de análise Categorias de análise Interdependência Parceria Mudanças nos modos de atenção e gestão de saúde. Flexibilidade Diversidade Inferências Os gestores devem se envolver tanto na formação quanto na gestão da saúde, para então o processo de mudança nos modos de promover saúde, seja considerado um movimento para a sustentabilidade Subentende-se então, que a sustentabilidade das instituições e dos sistemas são interdependentes e envolve a “comunidade” de saúde em sua totalidade. A formação para a humanização facilita a formação do pensamento coletivo voltado para a participação de todos e o sentido de parceria e cooperação para promover o bem comum. Assim surgem os novos modos de agir na produção de saúde. Os cursos de formação devem ter uma mecânica aberta e não linear, devem ter equilíbrio dinâmico em relação ao conteúdo e as repercussões desses na sua operacionalização. Em seu conteúdo, a formação deve contemplar conhecimentos que possibilite aos sujeitos a criação de novas formas de resolver conflitos e desafios, e de eliminar os estresses do trabalho. É fundamental que os conhecimentos a serem repassados na formação para as mudanças sejam um conjunto de informações que envolvam não só termos 94 Reciclagem Interdependência Parceria Formação de apoiador institucional orientado na perspectiva da educação ecológica Flexibilidade Diversidade Reciclagem Interdependência Parceria pertinentes às políticas públicas, mas que representem os conhecimentos constituinte das culturas, realidades locais e questões ambientais que envolvem o cenário da saúde e da doença. Os conteúdos passados aos profissionais de saúde durante sua formação devem ser atualizados e voltados para assuntos do interesse dos profissionais. A cada período uma reformulação dos cursos de formação deve acontecer, estimulando uma reformulação nas atitudes que estão voltadas à promoção da saúde. A formação para a sustentabilidade na saúde depende de um conjunto de conhecimentos que levem o sujeito a entender, internalizar e aplicar vários princípios, dentre eles os da ecologia. A ação de todos para a humanização da saúde voltada para a sustentabilidade, depende das parcerias representadas pelas interdisciplinaridades, sujeitos e os novos conhecimentos, incluindo da educação ambiental e a gestão do meio ambiente. Assim os parceiros podem cuidar da saúde e do meio ambiente simultaneamente e com atitude correta. O modelo de formação deve ser realimentado com novos conceitos e conhecimentos, oportunizando o multiuso, ou seja, ser direcionado para outras formas de agir na promoção da saúde, considerando os aspectos ambientais, culturais e regionais. A diversidade no processo de formação em saúde viabiliza a utilização de várias abordagens, além daquela estabelecida como diretriz ou de base. A visão sistêmica e ecológica enriquece a formação e amplia as formas de atuação. Os conhecimentos que podem ser utilizados na formação dos apoiadores devem estar vinculados a novas ideias, a novos ciclos de informações, que orientem esses profissionais a reutilizar o que parecia antigo em algo atual. O cuidar das questões ambientais, agora tem novo sentido: humanizar a saúde com a diminuição de doenças negligenciadas. O surgimento de práticas sustentáveis na saúde depende da formação que os apoiadores e gestores receberem. Também depende das motivações que ambos terão após a formação. É evidenciado que não há práticas 95 Práticas sustentáveis dos apoiadores institucionais referentes à humanização nas organizações de saúde Flexibilidade Diversidade Reciclagem sustentáveis nos serviços de saúde do Estado de Pernambuco, refletindo a falta de parcerias para realiza-las. Há outras ações que não são vistas como humanizadoras, nem tão pouco sustentáveis, provavelmente porque são ações pontuais, ou de grupos isolados. Os profissionais realizam ações puramente técnicas, apenas para resolver problemas da produção de saúde, tentando alcançar uma eficiência e resolubilidade sem suporte dos conceitos humanísticos e sustentáveis. Para que as práticas sustentáveis aconteçam no processo de humanização da saúde é preciso que haja a colaboração da rede do sistema público de saúde. Não se pode desenvolver ações sustentáveis apenas em uma unidade da rede. Dentre as práticas a serem desenvolvidas nas unidades de saúde, a reciclagem pode ser o início da promoção de ações voltadas a humanização dos serviços, promovidas pelos apoiadores institucionais. Pode ser o ponto de partida para a humanização da saúde com a perspectiva da sustentabilidade, em torno dos principais aspectos: social, econômico, cultural e ambiental. Fonte: Elaborado pela própria autora As inferências acima registradas refletem questões a serem discutidas na conclusão desse trabalho que envolve o processo de formação dos apoiadores institucionais da PNH, no Estado de Pernambuco e a perspectiva da educação ecológica nesse processo didático/corporativo. Problemática esta, de grande impacto sobre a atenção e gestão na saúde pública do Estado. Situação de impacto na formação do trabalhador da saúde que vivencia os desafios da atenção e gestão da saúde pública em uma região (Pernambuco) que está em pleno desenvolvimento sustentável. Surge então, a necessidade de escrever um próximo capítulo incluindo a proposta de reelaboração de modelo de formação para os apoiadores institucionais da PNH, no Estado de Pernambuco. 96 7. PROPOSTA DE FORMAÇÃO DOS APOIADORES DA HUMANIZAÇÃO NO ESTADO DE PERNAMBUCO 7.1 Projeto de intervenção para a formação dos apoiadores institucionais da Política Nacional de Humanização – PNH no Estado de Pernambuco Ao ser concluída a pesquisa e diante do exposto no Capítulo 2, este estudo vem sugerir em seu escopo, uma proposta de intervenção no processo de formação dos apoiadores institucionais da PNH no Estado de Pernambuco, com o apoio do CEFOSPE 7.1.1 Objetivos Consolidar o projeto político-pedagógico da formação dos apoiadores institucionais da PNH com a Secretaria Estadual de Saúde - SES e CEFOSPE, para que se adeque aos referenciais teóricos/práticos do projeto, que são a Humanização na Saúde, Educação Ecológica e as Práticas Sustentáveis nas organizações de saúde pública; Contribuir para uma formação para a Humanização na Saúde com a perspectiva da Educação Ecológica mais adequada a realidade dos serviços de saúde do Estado de Pernambuco, voltada à proteção e promoção da saúde humana, a partir da complexidade das demandas sociais e, também, para a formação de profissionais com a visão da sustentabilidade. 7.1.2 Ações a desenvolver na formação dos apoiadores institucionais do Estado de Pernambuco 1ª ação: Oferta do Curso de Formação de Apoiadores Institucionais da PNH para os servidores da área de saúde lotados na Secretaria Estadual de Saúde e outras instituições públicas que prestam serviço em saúde lotadas em outras secretarias do Estado (Ciências e Tecnologia, Administração); 2ª ação: Readequação do Curso de formação elaborado pelo MS à realidade do Estado de Pernambuco, com carga horária de 40h (que equivale a curso de Extensão) e 97 fortalecendo os conteúdos voltados às questões relativas ao desenvolvimento local sustentável, a educação ecológica e à responsabilidade socioambiental na saúde no estado; 3ª ação: Promoção de ações de desenvolvimento, monitoramento e avaliação da aplicação das práticas humanizadoras e sustentáveis dos apoiadores institucionais nas unidades de saúde do Estado, durante o processo de formação; 4ª ação: Formar profissionais e gestores da saúde para a compreensão da importância da implantação da PNH sob a perspectiva da educação ecológica e da função do apoiador institucional no processo de construção de uma Gestão Humanizada e Sustentável no campo da saúde no Estado de Pernambuco, através CEFOSPE. 7.1.3 Procedimentos de avaliação A avaliação dos resultados obtidos no processo de formação dos apoiadores institucionais da PNH sob a perspectiva da educação ecológica ocorrerá de acordo com cada curso concluído e a partir dos meios avaliativos definidos pelo CEFOSPE. 7.1.4 Responsáveis pela execução do projeto Os responsáveis pela execução da proposta sugerida serão a saber: - Diretor do Centro de Formação dos Servidores do Estado de Pernambuco – CEFOSPE. - Instrutor Interno do CEFOSPE que ministra cursos na área de humanização na saúde segundo a PNH. 98 8. CONCLUSÃO Levando em consideração que essa pesquisa buscou investigar a percepção dos apoiadores institucionais da PNH, lotados em serviços de saúde do Estado de Pernambuco sobre a sua formação de apoiador na perspectiva da educação ecológica, pode-se afirmar que há necessidade de remodelar a formação humanizadora integrada a educação ecológica para que as práticas de tais profissionais sejam reconhecidas como ações estratégicas para além de humanizar a atenção na saúde pública, promova a estruturação de uma gestão de saúde voltada para a sustentabilidade. O Estado de Pernambuco representa, hoje no país, um dos mais avançados polos de desenvolvimento sustentável, onde áreas como a indústria, o agronegócio e a construção civil demonstram seguir o dinamismo desse processo em todas as três dimensões: econômica (tentativa de aumento da rentabilidade não apenas para acionistas das empresas em atividade nesse processo, mas também para a população de trabalhadores); social (ampliação dos centros de capacitação e treinamento para trabalhadores em áreas estratégicas para o mercado, inserindo-os com competência para atuar em várias atividades); ambiental (estímulo à construção de valores individuais e coletivos baseados nos princípios ecológicos e que direcionam as pessoas a desenvolverem o sentimento de responsabilidade socioambiental); cultural (respeito e reconhecimento das diversidades culturais e de valores individuais e coletivos). Em contrapartida, o Estado de Pernambuco é considerado um dos maiores polos de saúde do país. Mas essa atividade mercadológica – tanto no âmbito público como privado – ainda não acompanha o dinamismo do desenvolvimento sustentável que as demais atividades econômicas desempenham. Talvez pelo fato de não definir adequadamente as características nas dimensões da sustentabilidade diante das suas diversidades organizacionais. Na área da saúde a dimensão econômica é condicionada ao consumo consciente de insumos e materiais utilizados para a assistência; a dimensão social está atrelada a continuidade da educação pedagógica, corporativa, humanista e ecológica; a dimensão ambiental é orientada na perspectiva do cuidar do meio ambiente evitando o descarte de resíduos de origem hospitalar e outros; e a dimensão cultural é o reconhecimento das 99 regionalidades e singularidade dos povos, usuários da saúde pública que sofre das mesmas dores, mas deve ser tratados a partir do respeito à diversidade. Por isso, a intensão do presente trabalho é, além de identificar a necessidade de introdução da educação ecológica na formação dos profissionais de saúde que trabalham com a humanização dos serviços, também chamar a atenção para essa atividade mercadológica tão ampliada no Estado, mas tão pouco desenvolvida sustentavelmente, principalmente pela falta de qualificação dos sujeitos que a gerenciam e operacionalizam. Ao final, esse estudo apresenta uma proposta de intervenção a ser realizada através de um centro de formação de grande importância no Estado, pois é através dele que cursos nas áreas de gestão e operacionalização são realizados e oferecidos a todos os servidores públicos gratuitamente. Por isso, pode-se dizer que essa proposta de reformulação da formação de apoiadores institucionais da PNH no Estado de Pernambuco pode ser uma oportunidade de inovar as práticas educativas do profissional de saúde integrando a aprendizagem humanística a perspectiva da educação ecológica contribuindo para o desenvolvimento sustentável na área de saúde pública da região. 100 REFERÊNCIAS AGENDA 21. Proteção e Promoção das Condições de Saúde Humana. Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro. 1992. AGENDA 21. Promoção do Ensino, da Conscientização e do Treinamento. Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro. 1992a. BACHA, Maria de Lourdes; SANTOS, Jorgina; SCHAUN, Ângela. Considerações Teóricas sobre o conceito de Sustentabilidade. VII SEGeT. 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Revista de Administração de Empresas/FGV/EAESP, São Paulo. V 41, n. 2 p. 20-30. 2006. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rae/v41n2/v41n2a03.pdf. Acesso em 02 de março de 2012. 105 APÊNDICES 106 Apêndice A – Roteiro de Pré-análise da aplicação do Questionário Definição das categorias dos sujeitos submetidos ao questionário 1. Profissional de saúde vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco 2. Formado para aplicar nos serviços de saúde do Estado de Pernambuco a Política Nacional de Humanização e seus dispositivos Objetivo da pesquisa: Analisar a percepção dos profissionais humanizadores do Estado de Pernambuco quanto a Formação de Apoiadores Institucionais da PNH na perspectiva de uma Educação Ecológica com vistas à sustentabilidade. 107 Apêndice B - Análise das dimensões da pesquisa Quadro de Análise das dimensões Dimensões de análise Elementos do discurso “Se tiver a formação adequada, a partir da PNH e o respaldo dos gestores pode sim, produzir mudanças. Sem esses fatores nada muda nos serviços de saúde, principalmente, nos menores”. “Tem potencial, pois auxilia os profissionais a elaborar projetos de mudanças e de construção de uma gestão participativa, onde todos são responsáveis pela melhoria do SUS, desde o atendimento nas Emergências, nos internamentos e outros setores. Todos participam e lutam juntos por condições melhores de vida e de trabalho”. Mudanças nos modos de atenção e gestão de saúde. “Esse processo de ensino sensibiliza o profissional de saúde a entender e intervir na doença e no doente com uma visão mais complexa e menos fragmentada da situação que se encontra na saúde pública de Pernambuco. A formação para humanizar facilita a produção de mudanças, onde todos juntos cooperam e se ajudam a promover um SUS melhor”. “Caso a formação fosse voltada à humanização mesmo, ela poderia orientar para atitudes de inovação, resolução dos conflitos e desafios que a saúde pública coloca na nossa frente. Instiga a criação de equipes de trabalho para o bem servir e o sucesso coletivo”. “Só haverá mudanças quando se oferecer uma formação ao apoiador baseado principalmente nas diretrizes da PNH e acrescentando com outros conhecimentos pertinentes a nossas culturas, realidades regionais e questões ambientais que influenciam a produção de saúde e a eliminação de algumas doenças”. “O modelo de formação dos profissionais aqui do Estado não permite que essas mudanças aconteçam. Tem que haver uma reformulação ou seguir a própria política de humanização”. “O que aprendemos na formação de apoiador não tem nada relacionado à ecologia ou ao nosso meio ambiente e as doenças que tratamos. É uma pena!”. “Na formação do apoiador da saúde se fala de vigilância sanitária, de saneamento básico, mas isso coloca um limite de que só alguns aprendem a preservar o meio ambiente para evitar as doenças, mas isso Categorias analíticas Interdependência Parceria Flexibilidade Diversidade Reciclagem Interdependência Parceria 108 Formação de apoiador institucional orientado na perspectiva da educação ecológica Práticas sustentáveis dos apoiadores institucionais referentes à humanização nas organizações de saúde deve ser uma atitude de todos. A educação para cuidar do meio ambiente tem que ser estendido a todos”. “A formação que foi oferecida foi direcionada apenas para a utilização de um instrumento de diagnóstico e triagem. Não se refere às questões ambientais, culturais e específicas do Estado de Pernambuco”. “A formação que se oferece aqui não tem a visão holística, porque não é baseada nas políticas públicas de saúde e educação”. “Não está orientada, porque não trata objetivamente das questões ambientais e sociais que envolvem a reestruturação de um ambiente ideal para a saúde de todos e também das próprias unidades de saúde. Veem-se locais tão sujos e degradados. A formação não estimula a prática do cuidar do meio ambiente para evitar novas doenças ou o agravamento das doenças que já existem nos usuários que acolhemos no serviço”. “Na realidade, não há um estímulo direto. Indiretamente, após a formação sentimos que cada um de nós pode desenvolver práticas que atingem a coletividade e que são importantes para envolver todos no mesmo processo, um dependendo do outro”. “As ações são para o bem de todos e da instituição mas não são vistas como práticas sustentáveis”. “Vejo que faz de uma forma discreta, pois não menciona sobre sustentabilidade. Com a formação somos orientados a tentar resolver problemas que a população sofre da maneira mais eficiente, se adaptando as situações, por piores que sejam. “Somos orientados a trabalhar em conjunto, um ajudando o outro para que as ações desenvolvidas para o bem comum realmente sejam de acordo. As ações que são de humanização precisam de estímulos, mas precisam de pessoas que independente da sua especialidade, tenha a vontade de ajudar todos os que procuram nossos serviços de saúde”. Penso que isso já é uma ação humanizadora que podemos considerar de sustentabilidade, pois fazem encontros que ensinam os usuários do SUS a entender o que é sua doença e cuidar da sua comunidade para não ter mais doentes nela. Fazem palestras e oficinas de vários temas, inclusive de reaproveitamento de alimentos e outros materiais. Devia ter isso aqui”. Flexibilidade Diversidade Reciclagem Interdependência Parceria Flexibilidade Diversidade Reciclagem 109 Apêndice C - Questionário da pesquisa Universidade de Pernambuco Pós-graduação Strictu Senso Programa de Mestrado Profissional em GDLS O presente questionário é parte integrante de um trabalho de pesquisa que tem como objetivo analisar a percepção dos profissionais humanizadores do Estado de Pernambuco quanto a Formação de Apoiadores Institucionais da PNH na perspectiva de uma Educação Ecológica com vistas à sustentabilidade. Sua resposta dará importante contribuição para a conclusão desse trabalho. Sandra Rosa Vespasiano Borges I. Formação Acadêmica19: ( ) D ( ) M ( ) E ( ) G ( ) T II. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino III. Há quanto tempo na rede pública ( ) de 0 a 3 anos ( ) de 3 a 5 anos ( ) de 5 a 10 anos ( ) mais de 10 anos 1.Para você a formação de Apoiador Institucional da Humanização: 1.1Tem potencial para produzir mudanças nos modos de atenção e gestão da saúde? De que forma? ( ) Sim ( ) Não ____________________________________________________________________ 1.2 Está orientada na perspectiva de uma educação ecológica do sujeito? Por que? ( ) Sim ( ) Não ____________________________________________________________________ 1.3 Estimula os apoiadores institucionais a promover práticas sustentáveis no que toca a humanização dos serviços prestados? ( ) Sim ( ) Não _____________________________________________________________________ 2 No caso de ter respondido a questão 1.3 afirmativamente, consegue associar essas práticas a alguns dos itens a seguir? Se sim, marque as seguintes alternativas que na sua opinião constituem práticas sustentáveis. a. b. c. d. e. f. g. h. i. 3 ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) educação permanente e continuada ) oficinas de trabalho sobre temáticas variadas ) ações de prevenção da poluição do ambiente institucional ) ações de prevenção de acidentes ambientais na instituição ) separação e reciclagem de resíduos ) acompanhamento e controle do descarte de resíduos ) oficinas de conscientização para sustentabilidade dentro e fora da instituição ) ações de economia de água e energia ) ações para consumo consciente de insumos (materiais de escritório, outros) Se você fosse convidado a formular um curso de formação dos Apoiadores Institucionais da PNH que temas sugeriria? ____________________________________________________________________ 19 D- Doutorado; M- Mestrado; E- Especialização; G- Graduação; T- Técnico 110 ANEXO 111 ANEXO A – TCLE TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Convidamos o (a) Sr. (a) __________________________________________ para participar da Pesquisa Apoiadores Institucionais da Política Nacional De Humanização do Estado de Pernambuco: análise sobre sua formação na perspectiva de uma Educação Ecológica, sob a responsabilidade da pesquisadora Sandra Rosa Vespasiano Borges, a qual pretende analisar a percepção dos profissionais humanizadores lotados em hospitais da Secretaria de Saúde do estado de Pernambuco quanto a Formação de Apoiadores Institucionais da Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (PNH), no sentido da formação do sujeito para humanização da saúde na perspectiva da sustentabilidade. Sua participação é voluntária e se dará por meio de respostas oferecidas por V.Sa. através de questionário em anexo. Não há riscos decorrentes da sua participação na referida pesquisa, visto que o sigilo quanto a sua opinião será mantido. Se você aceitar participar, estará contribuindo para propor a reformulação do curso de formação de apoiadores institucionais da Política Nacional de Humanização com a perspectiva da Sustentabilidade e identificar a necessidade de maior número de cursos de formação de apoiadores institucionais da Política Nacional de Humanização tanto em Pernambuco, quanto em outros estados brasileiros. Se depois de consentir em sua participação o Sr (a) desistir de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa. O (a) Sr. (a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo. Para qualquer outra informação, o (a) Sr. (a) poderá entrar em contato com o pesquisador no Pronto Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco - PROCAPE, pelo telefone (81) 31817102, ou poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Complexo Hospitalar - Hospital Universitário Oswaldo Cruz - Universidade de Pernambuco/ UPE/Procape, Rua Arnóbio Marques 310 Santo Amaro - Recife/PE - 50.100-130 fone (81) 31841460 / 31841271. Email: [email protected]. Consentimento Pós–Informação Eu,___________________________________________________________, fui informado sobre o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a explicação. Por isso, eu concordo em participar do projeto, sabendo que não vou ganhar nada e que posso sair quando quiser. Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo pesquisador, ficando uma via com cada um de nós. ______________________ Assinatura do participante Data: ___/ ____/ _____