notícia 282 A ESCULTURA EM PORTUGAL Da idade média ao início da idade contemporânea: história e património O Colóquio Internacional A Escultura em Portugal. Da Idade Média ao início da Idade Contemporânea: história e património, decorreu entre 12 e 14 de Março 2009, no Palácio Fronteira, em Lisboa. Organizado pela Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, que acolheu a ideia inicialmente proposta por Pedro Flor e Teresa Leonor Vale, o colóquio tinha por objectivo primeiro apresentar, preferencialmente mas não exclusivamente numa perspectiva histórica, a escultura existente em Portugal, criada entre a Idade Média e o início da Época Contemporânea. Entre os seus objectivos contava-se o de desenvolver uma abordagem plurifacetada da temática eleita, não só procedendo à identificação e análise de obras e artistas, mas também de programas iconográficos e soluções decorativas. Ainda no âmbito da abordagem histórica pretendiam os organizadores questionar a existência de uma escultura portuguesa, detentora de características particulares, passíveis de serem objectivamente identificadas, bem como o papel desempenhado pela presença de obras importadas, reconhecíveis entre nós desde muito cedo. O colóquio tinha ainda por finalidade compreender e aprofundar questões inerentes à salvaguarda, conservação e preservação do património escultórico nacional. r e v i s ta d e h i s t ó r i a d a a r t e n.º 7 - 2 0 0 9 A Comissão Científi ca do colóquio era constituída pelos Professores Doutores Jean-Marie Guioullet, José Custódio Vieira da Silva, Natália Ferreira-Alves, Pedro Flor e Teresa Leonor Vale, tendo a coordenação científica e executiva sido assegurada por Pedro Flor, Teresa Leonor Vale, Maria João Pereira Coutinho e Sílvia Ferreira. Para uma mais efi caz organização dos sub-temas contemplados, identificaram-se as seguintes áreas temáticas, nas quais se enquadraram as 22 comunicações que ao longo dos 3 dias da iniciativa foram apresentadas pelos 26 participantes: I. Abordagem histórica, II. A escultura e as outras artes e III. O património escultórico: sua conservação, preservação e salvaguarda. Assim, as comunicações incluídas no primeiro quadro temático, permitiram efectivamente traçar um percurso desde a escultura românica até àquela neoclássica, passando pelo Renascimento, Barroco e Rococó, considerando não só a produção nacional, como também as peças importadas. Houve desse modo lugar a uma análise, por vezes mais abrangente, por vezes mais aprofundada, de obras e artistas nacionais e estrangeiros que se encontram ou encontraram no nosso país e que nem sempre foram objecto do olhar atento e cuidadoso do qual são merecedores. O segundo conjunto de comunicações, consagrado ao sub-tema da escultura e as outras artes, facultou uma abordagem diversificada que passou pela relação da escultura com as outras artes (nomeadamente aquelas denominadas decorativas) ou domínios (urbanismo) e pela representação da própria escultura (na azulejaria). Finalmente, a terceira área temática, dedicada à conservação, preservação e salvaguarda do património escultórico existente em Portugal, contou com comunicações que, para além de apresentarem intervenções específicas, colocaram em evidência a importância da interdisciplinaridade e a concreta necessidade da constituição de equipas pluridisciplinares neste domínio. Durante as sessões, ouviram-se repetidamente apelos ao estudo integrado e exaustivo de inventário e de arquivo, à sistematização da informação recolhida e à promoção de projectos de investigação de fundo. Existe uma quantidade significativa de obras de arte escultóricas que carecem de estudo alargado, desejavelmente sob uma perspectiva interdisciplinar, tomando por base a pes- quisa de arquivo e a observação cuidada e demorada da obra de arte. As novidades documentais que surgiram durante as intervenções e as diferentes propostas de trabalho sugeridas, sem esquecer as novas perspectivas metodológicas de abordagem à escultura foram constantes ao longo dos três dias, proporcionando um clima de debate profundo e variado que se estendeu, por vezes, até ao terraço do magnífico Palácio Fronteira durante as pausas para o café. No colóquio A Escultura em Portugal foi ainda possível estabelecer contactos diversos entre os comunicantes e os participantes que ultrapassaram largamente a meia centena, registando-se sempre uma óptima assiduidade em sala. Neste encontro de carácter científico procurou-se, sobretudo, promover o encurta- mento de distâncias entre investigadores e estudiosos nacionais e estrangeiros provenientes das mais diversas áreas de interesse que, deste modo, tiveram a oportunidade de contactar entre si e partilhar experiências variadas no campo da investigação da História da Arte. Espera a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna e os organizadores publicar um volume de actas que constituirá, certamente no futuro, uma obra de referência para todos aqueles que analisam, discutem e estudam com profundidade a arte da escultura. • Pedro Flor Teresa Vale r e v i s ta d e h i s t ó r i a d a a r t e n.º 7 - 2 0 0 9 283