230 Sonia Gomes PEREIRA nesta data não consta escultura: “não se concedeu prêmio nenhum na aula de escultura, visto não haver nela senão alunos amadores”. Em 11/06/1835, “entre os alunos que se destacaram em escultura estão: Felipe Cancio, Megre Restier e João Simão da Fonseca Júnior”. No ano de 1835, a aula de escultura contou com dois alunos matriculados. Em 07/06/1836, “entre as obras julgadas superiores, expostas na sala das sessões, os autores citados na escultura foram: João Baptista Barros; José da As. Santos, amador; Honorato Manoel de Lima, amador”24. A partir de 1833, João Alão aparece nos registros da Academia frequentemente doente, tendo de ser substituído pelo escultor Marc Ferrez (1788/1850)25. Em 15/01/1836, Ferrez era obrigado “a comparecer diariamente como se fosse professor das salas de escultura e desenho elementar [...]”. Em 15/10/1836, “[...] participando então o Sr. Diretor que na véspera o Sr. Alão tinha dado parte de doente por muito gravemente incomodado, ficou o Sr. Ferrez de propor o assunto para o concurso na classe de Escultura, fechando-se assim a sessão”. Em 17/12/1836, todos os professores estão presentes à Congregação, menos Alão “que se achava com parte de doente”26. Na verdade, desde 1833, Marc Ferrez já era oficialmente professor substituto na cadeira de escultura da Academia, pois consta em 29/09/1833 no orçamento para o ano financeiro de 1835 a 1836: “[...] João Joaquim Alão, Lente de Escultura .....Rs.800$000 [...] Marcos Ferrez, substituto de Escultura .....Rs.300$000 [...]”27. Em 1837, falece João Joaquim Alão. Sua morte é notificada na sessão da Congregação da Academia de 26/09/1837: “Aos vinte e um dias do corrente mês, faleceu o Professor João Joaquim Alão lente proprietário da cadeira de Escultura desta Academia”28. Sua viúva, Ana Margarida dos Santos, requer uma pensão em 01/12/1837: “[...] a Secretaria dos Negócios do Império exigindo informação sobre um requerimento de D. Anna Margarida dos Santos que pede metade do ordenado de seu falecido marido João Joaquim Alão [...]”29. Em resposta de 04/12/1837, a Academia reafirma a atuação de Alão desde a sua abertura: “[...] em observância do que manda o ofício de V. Excia. Com data de 25 do corrente, informa sobre o requerimento de Anna Margarida dos Santos incluso no mesmo ofício, que o defunto João Joaquim Alão marido da requerente e professor d’Escultura nesta Academia, mostrou desde a abertura da Academia uma assiduidade não intransigida na sua classe até a época em que caiu de todo doente, haverá 14 ou 15 meses; e que este mesmo tempo em que não pode prestar os seus serviços consumindo sem dúvida todos os seus recursos, 24 Museu D. João VI/EBA/UFRJ – Not. 6124. Ferrez nasceu na França em 1788. Estudou escultura na Escola de Belas Artes em Paris a partir de 1809. Em 1817, veio para o Brasil, junto com seu irmão Zéphirin Ferrez, também escultor e gravador de medalhas. Em 1820, foram incorporados à Missão Francesa. Assumiu a cadeira de Escultura com a morte de Alão em 1837 e ocupou-a até a sua própria morte em 1850. Entre as suas inúmeras obras, consta o relevo da fachada do prédio da Academia Imperial de Belas Artes – hoje demolida, sendo seu pórtico transladado para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 26 Museu D. João VI/EBA/UFRJ – Not. 6150. 27 Museu D. João VI/EBA/UFRJ – Not. 6124. 28 Museu D. João VI/EBA/UFRJ – Not. 6124. 29 Museu D. João VI/EBA/UFRJ – Not. 6150. 25 Marc