INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO AGRÁRIA DE MOÇAMBIQUE Ministério da Agricultura Edição Trimestral Nota de abertura Outubro - Dezembro de 2007 N.º6 No seu 3º Aniversário IIAM Acolheu Exposição-Venda e Técnico-Científica Caros leitores do Boletim do IIAM: Tendo chegado ao final de mais um ano, em que o IIAM orgulhosamente completou o seu 3ª Aniversário, mais precisamente no dia 27 de Outubro de 2007, gostaríamos de recordar o que o Instituto Internacional de Investigação das Políticas Alimentares (IFPRI) referiu como um príncipio orientador para os dirigentes Africanos: “Apenas os pequenos Agricultores poderão pôr termo á Fome em África”. Este principio é partilhado pelo Banco Mundial, no seu Relatório 2007, centrado na Agricultura, em que se afirma que “favorecer o crescimento deste sector é a melhor forma de lutar contra a Pobreza”. Baseado em príncipios similares, o IIAM trouxe-nos nas comemorações do seu terceiro aniversário uma exposição-venda, em que não somente estiveram expostos diversos produtos e tecnologias, fruto dos trabalhos de pesquisa em curso na Instituição, mas da variedade dos produtos expostos por várias Associações de pequenos agricultores, convidadas para o evento, foi possivel a venda dos produtos expostos. Dada a sua boa qualidade e diversidade, os mesmos esgotaram-se rápidamente para alegria dos respectivos expositores. Este Boletim fala-nos do Seminário que decorreu em Namaacha, durante 2 dias de intenso trabalho, no prosseguimento da elaboração do Plano Estratégico da Instituição, um instrumento fundamental para o seu funcionamento e desenvolvimento. Este Seminário foi antecedido das consultas às províncias, através de encontros alargados realizados nos quatro Centros Zonais. O Plano Estratégico do IIAM deverá ser aprovado nos principios do segundo trimestre de 2008. E porque a investigação é a nossa actividade principal, trazemos dois artigos respectivamente sobre o conhecimento da biodiversidade existente nos montes do nosso belo País e os métodos inovadores de combate a pragas e doenças, como é o caso do uso das Diatomites. Por entre muitas outras curiosidades e novidades, esperamos manter o seu interesse e curiosidade para muitos outros Boletins que vos aguardam em 2008. E não se esqueçam: o nosso trabalho de informar depende da vossa colaboração plena e constante. Desejamos a todos, Festas Felizes e um Ano de 2008 de Sucessos rumo a uma contribuição cada vez mais significativa deste importante sector da Agricultura no Desenvolvimento Económico e Social de Moçambique. A Editora: Paula Pimentel (DFDTT) A data de 27 de Outubro fica definitivamente lacrada como uma efeméride para a investigação agrária no país. O marco rememora a criação do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), pelo Concelho de Ministros, em 2004. Recorde-se que o IIAM resulta da fusão das instituições de pesquisa e formação agrárias, na sua maioria formalmente constituídas nos anos 80, com as exaltantes políticas de construção de um novo Estado soberano apostado na agricultura como base do seu desenvolvimento e no distrito como pólo deste. Para marcar a efeméride, o IIAM em todo o país (Sede e Centros Zonais) engalanou-se nos dias 26 e 27 de Outubro de 2007 e confraternizou com diferentes públicos, entre parceiros e beneficiários das suas acções. Para além das c a r a cterísticas habituais de uma festa de aniversário, aquele foi um momento singular porquanto proporcionou a partilha de resultados de pesquisas, experiências, potencialidades e desafios entre profissionais do IIAM e de outras áreas, de forma presencial e dinâmica. Sob o lema “O IIAM cada vez mais próximo do grupo alvo”, as celebrações no IIAM Sede foram testemunhadas por mais de uma centena de convidados. Corporizaram a festividade uma exposição técnico-científica e exposição venda de produtos agro-pecuários, visita às instalações do Campos do IIAM, um seminário científico bem assim exibições desportivas e culturais. Nas exposições fizeram-se presentes 18 instituições Boletim do IIAM DESTAQUES tendo os produtos destinados à venda esgotado no local, o que serviu para elevar o mérito da iniciativa. Das instalações visitadas constam os laboratórios de solos e de biotecnologia, as estufas e o edifício residencial destinado à acomodação dos participantes aos diferentes cursos e seminários que têm decorrido na instituição. Com uma aderência de 34 convidados, o seminário científico levou a debate dois temas atinentes à área animal e três à área agrícola. No que tange às exibições desportivas e culturais equipas e praticantes de futebol, atletismo, ginástica, e canto coral abrilhantaram o dia do IIAM, naquilo que se saldou numa autêntica festa de funcionários e convidados irmanados na pesquisa agrária. Ao nível das sedes dos Centros Zonais em Chókwè (Sul), Sussundenga (Centro), Nampula (Nordeste), e Lichinga (Noroeste) as celebrações seguiram o mesmo lema e tiveram sempre o enfoque de aliar a confraternização à partilha de mensagens atinentes ao trabalho e à importância da investigação agrária. Apenas as datas diferiram, pois tinha sido dada a opção de se comemorar entre os dias 26 e 27. No Centro Zonal Nordeste, em Lichinga, por exemplo, a festa realizou-se no próprio dia 27 de Outubro (Sábado) e contou com a presença de convidados entre produ- tores, comerciantes de sementes e insumos, para além de instituições diversas. Pelo nível de organização e presença de convidados nas festividades do dia do IIAM quer na sua sede em Maputo quer nas sedes dos seus Centros Zonais, é caso para se afirmar sem penumbra de dúvidas, que o IIAM se vai constituindo de ano para ano, numa instituição cada vez mais empenhada na luta contra a pobreza, a insegurança alimentar e os mais nobres desígnios de desenvolvimento do país.(Roseiro Mário Moreira/DFDTT) IIAM Revitaliza a sua Página Web C om vista a redifinir os elementos da página web de modo a torná-la um instrumento de maior utilidade pública especialmente para os produtores, investigadores, estudantes, investidores, doadores e outros interessados em matéria agropecuária, o IIAM organizou, na sua Sede em Maputo, um workshop de 2 dias (de 30 a 31 de Outubro de 2007). O workshop foi orientado pela Directora Técnica de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias (DFDTT), Dra Paula Pimentel e teve como participantes Américo Humulane, Marta Francisco (DFDTT), Moisés Vilanculos (DARN), Gilead Mlay, Steve Longabau (Michigan State University), Nielsen Flemming (DANIDA) e Pauline Winter (Compete); também tomaram parte deste workshop dois técnicos que na altura da sua realização ainda estavam em processo de recrutamento para trabalhar no Departamento de Documentação, Informação e Comunicação, nomeadamente Sostino 2 Mocumbe, Técnico de Comunicação e Marketing e Manuel Cossa, Técnico Gráfico. No workshop os participantes estabeleceram a visão, objectivos e as políticas de gestão interna da página web; ainda neste evento foram estabelecidos elementos orientadores do layout, estrutura e dos softwares a usar no estabelecimento e gestão da página web. A página web constitui um dos instrumentos que o IIAM vai usar para facilitar o acesso às tecnologias e serviços agrários e estimular a inovação de forma a contribuir para segurança alimentar e melhoria da vida dos produtores e da população moçambicana em geral. Tendo em vista este propósito a página web deverá, entre outros aspectos servir de repositório de conhecimento, promover os produtos e serviços oferecidos, facilitar o acesso e colaboração entre investigadores, providenciar informação sobre eventos relevantes, finaciamento da investigação, publicações, investigação em progresso entre outros aspectos de interesse, aos potenciais públicos nomedamente doadores, investidores, governo, investigadores, extensão, ONGs, produtores agrários e o público em geral. De forma a tornar o web page num instrumento de informação mais atractivo e que permite o acesso fácil à informação aos agrupos atrás menecionados, decidiuse que a estutura e o layout da página web deverão ser alterados. O hosting da página web, que actualmente é feito no Michigan State University nos Estados Unidos da América, passará a ser feito no Centro de Informática da Universidade Eduardo Mondlane (CIUEM). O domain name passará a ser www. iiam.gov.mz. O workshop terminou com o desenho de um plano de acção. DESTAQUES Boletim do Para o Quinquénio 2008 - 2012 IIAM em Processo de Planificação Estratégica N o quadro geral de reorganização institucional iniciada com a sua própria constituição, o IIAM leva a cabo, desde meados de 2007, avaliações e consultas visando a produção do seu Plano Estratégico. Este trabalho insere-se na fase mais avançada do processo de planificação estratégica que já observou várias discussões dentro e fora do IIAM, no decurso dos 3 anos da sua existência. O trabalho de preparação do Plano Estratégico orienta-se para a elaboração de programas e projectos de pesquisa com vista a responder as necessidades dos intervenientes e parceiros da investigação. O Documento em preparação servirá de instrumento importante para tornar a investigação mais pro-activa, dinâmica, inovativa e adequada ao contexto actual de desenvolvimento do país. Nele serão delineadas as directrizes para o melhoramento dos mecanismos de funcionamento segundo prioridades de investigação claramente definidas. O processo de elaboração do Plano Estratégico inclui consultas a diversos intervenientes do sistema de investigação, como investigadores, funcionários do IIAM em geral, parceiros e beneficiários em todo o país. Inclui ainda a análise funcional e do ambiente externo e interno do IIAM, bem como a redefinição da visão, da missão e dos objectivos estratégicos da investigação. Nessa perspectiva estão em curso: a revisão das políticas relevantes para a investigação agrária, o diagnóstico da situação actual do IIAM, a definição de prioridades de acção distinguindo as áreas de investigação das dos serviços, e a análise das tendências futuras. Foi criada uma equipa de liderança e facilitação do processo, constituída pelos Directores Técnicos, Directores dos Centros Zonais, e quadros da Direcção Geral, de todas as Direcções Técnicas e de todos os Centros Zonais. A Equipa é dirigida ao mais alto nível do IIAM (Director Geral), sendo que a coordenação de todo o processo recai sobre a Chefe do Gabinete de Cooperação e Assessoria, Eng. Esperança Chamba. A equipa recebeu capacitação metodológica num seminário orientado por consultores do ISNAR, de 3 a 6 de Julho de 2007, no IIAM sede. No decurso do seminário a equipa foi subdividida em três grupos para melhor dar direcção ao, a saber: Grupo de Consultas, Grupo de Análise Funcional, Grupo de Análise do Ambiente Externo. Como parte da capacitação metodológica, no último dia do seminário, realizou-se a primeira experiência de consulta num evento em que participou o pessoal do IIAM Sede de todos os níveis e categorias. O evento serviu para informar à comunidade do IIAM sobre o estágio do processo de planificação estratégica e colher mais subsídios sobre os problemas da instituição em termos do seu funcionamento e cumprimento da sua missão, indicando também as possíveis soluções e os caminhos a seguir. Parte dos membros do grupo de liderança numa sessão de capacitação em planificação estratégica Consultas aos Centros Zonais A 3 de Outubro de 2007 realizou-se o primeiro Seminário de Consulta aos Centros Zonais, em Chókwè, província de Gaza. O evento juntou quadros do Centro Zonal Sul (CZS) e parceiros do IIAM na zona agro-ecológica sul. Facilitadas por André Horta e Roseiro Moreira, coadjuvados por seus colegas da Equipa de Liderança do processo de planificação estratégica do IIAM, as sessões decorreram nas instalações do Governo de Chókwè. Recorde-se que neste distrito do vale do Limpopo, outrora proclamado Celeiro do País, em face das suas potencialidades na produção de arroz e hortícolas, encontra-se implantada uma das unidades do IIAM, a Estação Agrária do Chókwè, onde igualmente funciona a sede do Centro Zonal Sul. Ao acolherem tão importante seminário do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, Chókwè e as suas autoridades governamentais deram mostras do seu cometimento relativamente à investigação para o desenvolvimento e combate à pobreza. Participaram no seminário mais de 40 pessoas, entre elas: o Representante do Administrador do Distrito, o Director do CZS, o Director do ISNAR, o Representante da Associação de Produtores de Sementes, os Vereadores locais para as Zonas Verdes e para o Desenvolvimento das Comunidades, e quadros do CZS. Nos finais de Outubro e princípios de Novembro de 2007, uma parte dos membros da equipa de liderança do processo de planificação estratégica, trabalhou sucessivamente nos Centros Zonais Noroeste, Nordeste e Centro, mais concretamente nas suas sedes em Lichinga, Nampula, e Sussundenga. Integraram essa Missão de Consulta as Directoras Técnicas, Rosa Costa (das Ciências Animais) e Paula Pimentel (da Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias), a Chefe do Gabinete de Cooperação e Assessoria, Esperança Chamba (coordenadora), o Chefe do Departamento de Planificação, Cristiano da Conceição e os membros da equipa de liderança, Dr. Magalo, da DCA e Roseiro Moreira, da DFDTT, tendo este último facilitado todas as sessões enquanto os outros membros da equipa serviam de pessoal de recurso nos grupos de trabalho ou plenárias para manter o enfoque pretendido. Em todos os Centros Zonais a participação foi muito boa. Nos seminários com quadros do IIAM foram tratadas questões relativas à organização e funcionamento internos da instituição, incluindo: capacidade, recursos humanos e gestão de desempenho; organização interna do trabalho; gestão de recursos financeiros; e gestão da demanda da investigação. Nos seminários com parceiros externos, a tónica centrava-se na demanda da investigação e sobretudo na busca dos desafios mais inportantes para fazer com que a investigação agrária tenha maior inpacto na vida das comunidades. Já em Dezembro, realizou-se em Namahacha, o seminário de harmonização dos dados até essa altura colhidos pelos três grupos, tendo ficado assente que se deveria acelerar os trabalhos por forma a que se avance para o Seminário Nacional de Consulta e Validação e se compile o documento final do Plano Estratégico do IIAM ainda no decurso do primeiro semestre de 2008. (Roseiro Mário Moreira/DFDTT) 3 Boletim do IIAM INVESTIGAÇÃO Conhecer a biodiversidade dos ecossistemas montanhosos (parte 1) Por: Teresa Alves e Camila de Sousa, DARN das expedições, técnicas de levantamentos biológicos, avaliação de ecossistemas e caracterização da vegetação, incluindo técnicas de identificação e colheita de espécimens para o Herbário, utilização de Sistemas de Informação Geográfica (GIS), em particular Remote Sensing e uso do software ERDAS. O uso de dados georeferenciados colhidos durante as expedições científicas permitirá desenvolver programas de maneio integrado dos recursos naturais no espaço territorial e desenvolver um programa de monitoria dos ecossistemas e da biodiversidade. Monte Namuli. D evido à sua localização e dificuldades de acesso, as zonas montanhosas acima dos 1000 m de altitude no nosso país têm sido pouco estudadas, em particular no que respeita à caracterização da vegetação e determinação da riqueza e raridade das espécies de flora e fauna que habitam esses ecossistemas. A recolha de informação de base da biodiversidade permite identificar áreas de interesse biológico e assim propor/promover acções de conservação/desenvolvimento que mitiguem as ameaças e os riscos de erosão biológica, principalmente os causados por factores antropogénicos (extracção do recurso e queimadas descontroladas) a que estes habitates estão sujeitos. É com este propósito que o IIAMDARN, em parceria com o Royal Botanic Gardens–Kew (UK), beneficiando de fundos disponibilizados pelo Governo Britânico através da Iniciativa DARWIN por um período de 3 anos (2006-2009), vem implementando o projecto de investigação denominado “Monitoring 4 and Managing Biodiversity Loss in South-East Africa’s Montane Ecossystems”. Foram selecionadas 5 montanhas localizadas no Norte de Moçambique, nomeadamente os montes Chiperone, Namúli e Mabu, na Província da Zambézia, Cucutea e Inago na Província de Nampula, para caracterização da vegetação e levantamento de espécies (plantas, pássaros, répteis, insectos e pequenos mamíferos) que ali ocorrem, identificando as que são endémicas, raras e ameaçadas. Estes maciços montanhosos estão sendo visitados por uma equipa multidisciplinar composta por 20 cientistas provenientes do IIAM e do Royal Botanic Gardens, e dos outros parceiros deste projecto: o Mulange Mountain Conservation Trust (MMCT) do Malawi, Forest Research Institute of Malawi (FRIM), Herbário do Malawi, e o BirdLife International através do Museu de Historia Natural de Moçambique. É importante realçar a componente treino incorporada neste projecto, relacionada com os aspectos de planificação Em 2007 foram também realizados uma série de seminários de divulgação do projecto tanto ao nível internacional como nacional: no Congresso da AETFAT nos Camarões, na Conferência da Systematics Association em Edinburgh, e no ciclo de seminários do IIAM. No final do projecto está planificado um seminário de apresentação dos resultados e de promoção das prioridades de conservação nas montanhas estudadas. Registando as caraterísticas de uma planta do Namuli. No âmbito deste programa, já foram realizadas expedições científicas aos Montes Chiperone e Namúli, e a expedição ao Monte Mabu está planificada para Outubro de 2008. O relatório da pesquisa sobre a expedição havida já está disponível na Biblioteca Central do IIAM e pode também ser consultado no endereço www.iiam.minag.org.mz. INVESTIGAÇÃO Boletim do IIAM Efeito de Diatomite na Regulação da População de Insectos Sugadores e Minadores de Culturas Agrícolas no Vale do Umbelúzi Por: Carvalho Carlos Ecole ([email protected]), DARN e Hilária Mavie, MIREM leguminosas como feijão nhemba. Constatou-se também que esses agro minerais (diatomites), têm um papel de qualidade ao impedir o ataque dessas pragas às culturas. Entretanto, deve-se ter cuidado ao listar essas substâncias naturais no controle de pagas, já que nos pareceu que o efeito da acção combinada com adubos e pesticidas ocorre de forma variável, em função das culturas e da época do ano. Em algumas culturas ou épocas do ano, ocorreu resposta marginal e nos outros essa resposta pode ser positiva ou negativa. Em relação à sua combinação com os pesticidas, em quase todos ensaios sempre ocorreu um efeito sinergista. amento em Blocos Completos Casualizados (DBC) com até 5 repetições. Os resultados desses ensaios, foram processados pela analise de variância (ANOVA), seguida do teste de medidas se constatado a ANOVA significativa. Pelos resultados dos ensaios desenvolvidos nas duas épocas do projecto, é possível confirmar que as diatomites, apresentam efeito sobre as principais pragas de hortícolas como tomate, quiabo, pepino, feijão verde, assim como Tal efeito indica a importância das diatomites alternadas com o uso de pesticidas, o que pode favorecer o ambiente, por se tratar de uma substância natural ou pelo facto desta ser de origem nacional. Por outro lado, pode contribuir para o equilíbrio da balança comercial (paga impostos ao governo moçambicano) ao ser usada com alguma intensidade se incluída nos pacotes tecnológicos de regulação da acção de pragas e doenças em culturas agrícolas. Mais detalhes podem ser encontrados no relatório final de actividades do projecto com resultados das observações em duas épocas de cultivo. O relatório já está disponível na Biblioteca Central do IIAM e pode também ser consultado no endereço www.iiam.minag.org.mz. Preparando o solo com diatomite Maior produtividade no tomate produzido em solo adubado com diatomite Amostra de “diatomite“, rocha agro mineral que ocorre em áreas litorâneas Moçambicanas O presente trabalho representa o esforço de toda uma equipa de Investigadores da Direcção de Agronomia e Recursos Naturais (DARN) do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), do Fundo Nacional de Investigação e do Ministério dos Recursos Minerais. O seu objectivo visava avaliar e comprovar o papel das diatomites, no controle de sugadores e minadores em hortícolas no vale do Umbelúzi. Para tal, ensaios e demonstrações em diversas culturas hortícolas, leguminosas e cereais foram montados em duas épocas de cultivo, na Estacão Agrária de Umbelúzi (EAU) do IIAM e na Associação de Camponeses Regantes de Mafuiane, Distrito de Namaacha. Os ensaios foram conduzidos combinando sempre o uso da adubação ou de pesticidas com a aplicação de diatomites, integrando-os ao solo ou aplicados na forma de pulverização num arranjo de talhões subdivididos, Deline- 5 Boletim do IIAM REPORTAGEM Para torná-lo mais acessível à população IIAM aposta na redução dos custos de produção do ovo A Direcção de Ciências Animais (DCA) do IIAM realizou, de Abril a Agosto de 2007, um ensaio de produção sustentável de ovos em galinhas poedeiras, no quadro das pesquisas que desenvolve em ciências animais. O processo decorreu, em “ambiente controlado”, numa das suas unidades técnicas e experimentais, na Matola, província de Maputo. Financiada pelo Fundo Nacional de Investigação (FNI), em cerca de 500 mil meticais, a implementação da iniciativa de produção de ovos sob custos reduzidos, enquadra-se nos desafios nacionais de combate à pobreza. Com efeito, usando o financiamento do FNI, o IIAM adquiriu cerca de 600 galinhas da raça Isa Brown, tendo-as mantido em dois tipos de capoeiras: capoeiras de piso e de bateria, conforme procedimentos da própria pesquisa. Em Moçambique, a galinha é classificada como o 5º produto mais importante da agricultura, contribuindo com cerca de 18.8 milhões de dólares americanos por ano para a economia nacional. Por outro lado e segundo o investigador que coordenou este estudo, Dr. Zacarias Massango, “o ovo da galinha é um alimento completo e só perde face ao leite materno”. O Dr. Massango, Chefe do Departamento de Sanidade e Produção Animal na DCA, atesta que “o ovo da galinha fornece aproximadamente 315 kilojoules de energia digestiva, fonte importante de proteína, e contém as vitaminas A, B12, E e K, ferro, cobre e aminoácidos essenciais”, características nutricionais que conferem a este produto, uma relevância na melhoraria da dieta alimentar da população. Sabese que os nutrientes contidos no ovo da galinha são importantes para, entre outros: o controle da anemia, a actividade cerebral humana em qualquer idade, o crescimento saudável, a protecção hepática, a integridade das mucosas e da pele, e a prevenção da calvície. No 6 entanto, devido ao seu alto preço no mercado, agravado pelos seus elevados custos de produção, o acesso a este importante produto alimentar continua ainda limitado para a grande maioria da população moçambicana. A pesquisa do IIAM tem em vista contribuir para a reversão desta situação. Nesta perspectiva procura-se aumentar o acesso da população a este alimento rico em proteína, reduzindo o seu preço no mercado, o que pode ser possível pela diminuição dos seus custos de produção. Os custos da alimentação de galinhas poedeiras constituem cerca de 60% a 70% dos custos totais de produção. sui um alto rendimento de produção de biomassa (24 toneladas/ano), é tolerante a doenças e não compete com alimentação humana. Moringa Galinhas poedeiras Os resultados da pesquisa do IIAM mostram ser possível uma redução de pelo menos 10% dos custos de produção com amplas vantagens quer para o produtor quer para o consumidor. Partindo do pressuposto de que, na produção de dietas para as galinhas poedeiras, a fonte de proteínas (farinhas de peixe, carne, sangue e soja) tem-se revelado a componente mais cara, investigadores do IIAM têm estado a substituir parcialmente estas fontes de proteínas por folhas de moringa, uma planta comum e de fácil estabelecimento. As folhas de moringa são ricas em proteínas (incluindo aminoácidos essenciais), vitaminas A, B e C, cálcio, ferro, magnésio e potássio. O Dr. Massango assegura que a moringa é uma planta simples que pode ser estabelecida quer por semente quer por estaca. Ela pos- Durante as 22 semanas, que constituíram uma das etapas do ensaio, as folhas de moringa eram secas à sombra e depois moídas. Uma das dietas para as galinhas poedeiras consistia em substituir 15% da ração comercial A5 por folhas de moringa. Na outra dieta, 30% da ração comercial A5 foi substituída por folhas de moringa. O experimento que melhor resultou foi o da substituição de 15% de ração comercial A5 por folhas de moringa, num processo que se saldou na redução dos custos de produção em 10.2%. Uma vez que os resultados da investigação agrária só ganham expressão real quando aplicados na sociedade e por esta acolhidos, aventa-se já a passagem para uma outra fase: a da transferência de tecnologia. O início dessa nova fase está previsto para Abril de 2008 com um financiamento de cerca de 180 mil dólares americanos disponibilizados pelo Compete, um programa de bolsas competitivas, estabelecido no IIAM, com apoio de parceiros, para o impulso da investigação agrária em Moçambique. (Sostino Mocumbi e Roseiro Moreira/DFDTT) REPORTAGEM Boletim do IIAM Para o mapeamento dos campos IITA e IIAM criam Base de Dados sobre a Soja prospecção realizada em Dezembro de 2007, que serviu igualmente para ensaiar e adaptar o inquérito à realidade no terreno, há já registos significativos que fazem antever o sucesso da operação. O Soja Instituto Internacional para a Agricultura Tropical (IITA) e o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), iniciaram a implementação de uma pesquisa visando documentar o potencial existente no país para o aproveitamento dos seus solos na produção de soja. Tendo arrancado em Dezembro de 2007, prevê-se que a investigação para o mapeamento dos campos de produção de soja decorra até Junho de 2008, concentrando-se primeiramente no distrito de Guruè, província da Zambézia. Com efeito, uma equipa de pesquisadores das duas instituições, tem se feito às localidades de Lioma, Magige e Tetete, no tradicional distrito do chá, na Alta Zambézia, para o mapeamento do território relativamente a uma outra importante cultura alimentar e de rendimento, a soja. O Projecto de Ração para Galinhas do IITA, é parte da aliança EMPRENDA, financiado pelo USAID, numa parceria com Technoserve, ACDI – VOCA, CLUSA e IITA. EMPRENDA actua no desenvolvimento de várias mercadorias de cadeias de valores dentre as quais, cajú, sesame, amendoim, hortícolas, soja e produção de galinhas nos corredores da Beira e de Nacala. Actualmente a Indústria alimentar usa cerca de 30,000 toneladas de farelo de soja por ano, na sua maioria, importada da Argentina e pequenas quantidades provenientes da África do Sul e Malawi. Menos de 3,000 toneladas são produzidas em Moçambique (principalmente no distrito de Angónia). Devido a crescente procura de soja pela China e a queda da área de soja nos Estados Unidos de América, causada pelo surgimento do etanol de milho e a subida de preços dos combustíveis, o mercado mundial de soja tem enfrentado um crescimento constante cifrando – se de 190 dólares por tonelada (Abril de 2005) para 450 dólares por tonelada (Abril de 2008) no Sul de África (Fonte: SAFEX). Entre 2007 e 2008, cerca de 89 toneladas foram distribuídos a pouco mais de 2,000 camponeses no distrito de Gurué. O estudo resultará na criação de uma Base de Dados atinente ao cultivo de soja em Guruè, numa iniciativa que poderá ser replicada em outras zonas do país. No âmbito da pesquisa, será realizado o mapeamento de todos os campos de soja, dos seus produtores e das residências destes, por forma a permitir a monitoria da produção e comercialização desta cultura. Da Os dados em fase de compilação e processamento preliminar mostram de quanta importância se reveste o projectado Banco de Dados sobre Soja. As informações a serem nele introduzidas serão instrumentais para uma tomada de decisão mais apurada no concernente às apostas nesta cultura. Jorge Francisco, Técnico Geo–Informático do Sector de Processamento de Dados e GIS na Direcção de Agronomia e Recursos Naturais (DARN), que integra a equipa de pesquisa, pelo IIAM, assegura que a existência de uma Base de Dados irá permitir que se disponha de informações detalhadas da extensão territorial das áreas de cultivo da soja, o volume de produção, o número de produtores envolvidos, os seus rendimentos bem assim a localização das suas residências, entre outras notas importantes. As apostas na produção de soja ganharão, pois, maior ímpeto com a Base de Dados, na medida em que esta ajudará também a estabelecer uma investigação que resultará na definição da época apropriada de sementeira, da melhor variedade por zona de produção, bem como uma recomendação detalhada sobre a agrotecnia de soja no país. De referir que uma das apostas aponta para o incremento da cultura de soja visando direccioná-la para a produção de ração para frangos de corte a nível de Moçambique. Acredita-se que a introdução de soja produzida localmente na ração, reduziria os custos de produção de criação destas aves, contribuindo para a colocação de mais frangos a custos competitivos no mercado doméstico e por essa via a almejada redução das importações. (Sostino Mocumbi e Roseiro Moreira/ DFDTT) 7 Boletim do IIAM ÚLTIMAS Da Colecção Transferência de Tecnologias IIAM publica materiais de divulgação N o último trimestre de 2007, o IIAM produziu publicações diversas entre brochuras, folhetos, CDs e videos versando sobre tecnologias agropecuárias. Do leque de publicações, todas inseridas na Colecção Transferência de Tecnologias, há a referir a brochura sobre a Suplementação Alimentar de Ruminantes na Época Seca. Esta brochura aborda os métodos de melhoramento de pastos e bancos forrageiros, métodos de conservação e uso de forragens e produção e uso de blocos multinutritivos na suplementação animal, especialmente na época seca. A acompanhar esta brochura foi preparado um folheto de divulgação o qual passa em revista resumida as principais matérias desenvolvidas na brochura. Este material foi preparado por uma equipa constituida por Filipe Vilela, Paula Pimentel, Carlos Quembo, Marta Francisco, Alfeu Cavele, Américo Humulane e José Adolfo, técnicos afectos à Direcção de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias (DFDTT) e ao Centro Zonal Centro (CZC). Em coordenação com o Instituto de Comunicação Social (ICS) foi preparado um vídeo sobre Mandioca. O vídeo apresenta as técnicas de produção de mandioca no país destacando-se a selecção e preparação de solos, plantação, maneio da cultura e aspectos de processamento de mandioca. Com conteúdos técnicos produzidos pelos investigadores Ricardo Macie, Fernando Chitio, Isabel Monjane, Sofrimento Massimbe em colaboração com Cândida Xavier e Albino Mutaca da DARN, a preparação do vídeo foi coordenada por Paula Pimentel, Marta Francisco e Itália Cossa (DFDTT). O trabalho conta ainda com o contributo de associações de camponeses de Inhambane e Nampula que se beneficiam das acções de pesquisa do IIAM no âmbito de mandioca. Ao ICS coube a produção e maquetização final da obra. Como acima referido o IIAM preparou igualmente um CD contendo artigos cientificos diversos sobre as culturas de mandioca, feijões, milho e hortícolas. Este trabalho foi realizado por uma equipa constituída por Jorge Francisco (DARN), Lisete Dimbane e Américo Humulane (DFDTT). A divulgação deste material relança as publicações do IIAM sob a Colecção Transferência de Tecnologias como parte dos esfoços que a instituição tem vindo a empreender para pôr à disposição do produtor agropecuário e do pcblico em geral informação técnico-cientifica actualizada que pode contribuir para aumentar a produção e produtividade agrária bem como a segurança alimentar no país. (Américo Humulane, Marta Francisco e Roseiro Moreira) Publicidade Director: Doutor Calisto Bias. Editora: Paula Pimentel (DFDTT). Coordenação de Produção: Américo Humulane. Revisão: Roseiro M. Moreira. Redacção e Colaboração nesta Edição: Paula Pimentel, Américo Humulane, Roseiro M. Moreira, Marta Francisco, Sostino Mocumbi, Carvalho C. Ecole, Teresa Alves, Camila de Sousa, Hilária Mavie. Maquetização e Arte Final: Manuel Cossa. Fotografia: Jonas Malapende, Arquivo dos colaboradores. Impressão: Reprografia do IIAM. Tiragem: 500 exemplares. Sede: Av. das FPLM, 2698. Internet: http//www.iiam.minag.org.mz/. E-mail:[email protected]. Telefone: 21 460219, Fax: 21 460220. Propriedade: Instituto de Investigação Agrária de Moçambique. Distribuição gratuita: DISP.REG/GABINFO-DEC/2006 8