UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ANAIS VOLUME II Centro de Ciências Sociais Aplicadas / UFPE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Reitor: Prof. Anísio Brasileiro de Freitas Vice-Reitor: Prof. Silvio Romero de Barros Marques CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Diretor: Prof. Jeronymo José Libonati DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS Chefe: Prof. Evaldo Santana de Souza MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS Coordenador: Prof. Aldemar de Araújo Santos, Vice-Coordenadora: Profª Umbelina Cravo Teixeira Lagióia Torres COMISSÃO ORGANIZADORA Coordenadora: Profª Umbelina Cravo Teixeira Lagióia Torres Vice-Coordenador: Prof. Aldemar de Araújo Santos COMISSÃO CIÊNTÍFICA Aldemar de Araújo Santos Ana Lúcia Fontes de Souza Vasconcelos Ana Rosa Gomes Cunha Arnaldo Antônio Duarte Ribeiro Cacilda Soares de Andrade Celma Duque Ferreira Cláudio de Araújo Wanderley Dieliton Oliveira Edna Maria de Melo Vieira Eduardo Dória Silva Esdras dos Santos Carvalho Evaldo Santana de Souza Francisco de Assis Carlos Filho Francisco Jean Carlos de Souza Sampaio Gutembergue Leal de Mesquita Irani Maria da Silva Oliveira Ismael Gomes Barreto Jarciley Lemos José Augusto de Medeiros Monteiro José Trigueiro Josimar Farias Cordeiro Kécia da Silveira Galvão Medeiros Lavoisiene Rodrigues De Lima Leandro da Costa Lopes Lívia Vilar Lemos Lucivaldo Lourenço da Silva Filho Luiz Carlos Miranda Marcelo Jota Gomes Marco Tullio de Castro Vasconcelos Marcos Antônio Granha Maria da Silva Oliveira 353 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Maria do Socorro Coelho Bezerra Priscila Barbosa Dantas Regiane Cunha da Silva Rone Cesário da Silva Sheila Sayuri Kataoka Umbelina Cravo Teixeira Lagióia Torres. Vera Lúcia Cruz Vladênia Letieri Gonçalves EQUIPE OPERACIONAL Sebastião Luciano da Silva (Secretário do Mestrado em Ciências Contábeis) Dinamérico L. Lopes (Secretário dos Cursos de Especialização em C. Contábeis) Luciana Firmino Tavares (Assistente em Administração) Adelmo Bezerra Oliveira Filho (Bolsista) Lorena Vilaça Montenegro (Bolsista) Aline Rúbia Ferraz de Freitas (Mestranda) Cosmo Alves da Silva (Mestrando) David Neumann (Mestrando) Dayvison Spindola Soares Bezerra (Mestrando) Douglas Almeida Lima (Mestrando) Eddie Raoni de Lima Marques (Mestrando) Gustavo Henrique Costa Souza (Mestrando) Jardson Edson Guedes da Silva Almeida (Mestrando) Lívia Albuquerque Carrascoso (Mestranda) Luiz Antônio Felix Junior (Mestrando) Marco Túlio José de Barros Ribeiro (Mestrando) Marina Fidelis Jerônimo de Oliveira (Mestranda) Nadielli Maria dos Santos Galvão (Mestranda) Priscilla Milfont de Medeiros (Mestranda) Vanessa Janiszewski (Mestranda) 354 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE APRESENTAÇÃO O Seminário UFPE de Ciências Contábeis constitui-se em um encontro científico anual, com objetivo de promover um espaço científico que estimule a discussão e a reflexão sobre temas atuais e as tendências mundiais da Contabilidade. Estando em sua oitava edição traz o tema: “Direcionamentos das Pesquisas em Contabilidade, Finanças e Governança Corporativa.” Com um público para estudantes, professores, pesquisadores e profissionais da área de Ciências Contábeis e áreas afins, bem como, representantes de entidades de classe. O evento é realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da UFPE – Mestrado Acadêmico em Ciências Contábeis. ÁREAS TEMÁTICAS Contabilidade e Controladoria Empresarial Contabilidade e Controladoria Gerencial Educação e Pesquisa em Contabilidade Informação Contábil para Usuários Externos Informação Contábil para Usuários Internos Mercados Financeiros, de Crédito e de Capitais Tema Livre DATAS IMPORTANTES Início da submissão de trabalhos – 01 de julho de 2014 Último dia de submissão dos trabalhos –14 de setembro de 2014 Divulgação dos resultados – 22 de setembro de 2014 Último dia para inscrição dos trabalhos aprovados – 20 de outubro de 2014 Período do Seminário – 23 e 24 de outubro de 2014 355 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ÍNDICE Estudo Sobre a Correlação entre as Despesas Aplicadas na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino e a Formação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB...............................................................358 Projeto Quintas do Conhecimento: uma avaliação sobre sua contribuição na educação continuada dos contabilistas da Microregião do Litoral Norte da Paraíba.....................................................................................373 Contribuição Efetiva dos Estágios Extracurriculares como Elemento para a Qualificação Profissional dos Estudantes de Ciências Contábeis.........................................................................................................................390 Produção Científica na Área de Perícia Contábil: um estudo bibliométrico em Periódicos Nacionais...............................................................................................................................................................407 Políticas Privadas e Responsabilidade Ambiental de Três Empresas Localizadas no Município de Triunfo/PE.............................................................................................................................................................423 Mapeamento dos Centros de Custos do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes..................................................................................................................................................................433 A Utilização da Avaliação de Desempenho nas Empresas de Atividade Comercial de uma Cidade Brasileira...............................................................................................................................................................450 Controle Interno na Administração Pública Municipal: multicaso sobre os procedimentos de controle internos nas prefeituras do Agreste-Pe................................................................................................................................466 Critérios de Avaliação de Estoque: um estudo em um hospital público potiguar.................................................................................................................................................................482 Uma Abordagem sobre a Tributação Incidente sobre as Cooperativas de Alguns Ramos Existentes no Estado de Pernambuco...........................................................................................................................................................496 Um Estudo Sobre o Endividamento Tributário dos Partidos Políticos do Estado de Pernambuco...........................................................................................................................................................507 O Uso da Extrafiscalidade Tributária como Ferramenta de Política Pública de Defesa Ambiental: O IPTU VERDE..................................................................................................................................................................524 Análise Financeiro-Econômica de uma Empresa de Pequeno Porte: um estudo em um supermercado potiguar..................................................................................................................................................................537 ITG 1000, Risco de Detecção e Informação Contábil: uma análise teórica sobre a relação custo versus benefício para as microempresas e empresas de pequeno porte...........................................................................................571 As Diretrizes Curriculares do MEC e o Currículo Mundial Proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR: uma análise na Paraíba............................................................................................................................. ......................................587 A Relação entre Trabalho e Ensino Superior Noturno: uma análise sobre os seus reflexos na formação dos graduandos em Ciências Contábeis.......................................................................................................................605 Um Estudo sobre o Perfil das Monografias do Curso de Contábeis em uma IES de Caruaru – PE............................................................................................................................. .............................................623 A Teoria dos Prospectos e a Heurística do Efeito Manada: um estudo experimental quanto à atitude de indivíduos na decisão de investimentos em cenários de risco...............................................................................634 356 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Evidenciação Contábil nas Entidades Desportivas: uma análise comparativa entre os clubes brasileiros..............................................................................................................................................................651 Saneamento Básico e Convergência Contábil: um estudo sobre a adoção da ICPC 01 na contabilização dos ativos da concessão pública nas empresas brasileiras......................................................................................................670 Prestação de Contas das OSCIPS de Pernambuco Conforme a ITG 2002.................................................................................................................................................... ...................686 Um Estudo sobre a Utilização da NBC TG 1.000 para Micro e Pequenas Empresas em Escritórios de CaruaruPE................................................................................................................................. .........................................699 357 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE APRESENTAÇÃO ORAL ESTUDO SOBRE A CORRELAÇÃO ENTRE AS DESPESAS APLICADAS NA MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO E A FORMAÇÃO DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – IDEB AUTORES: Carlos Fernandes Monteiro, Jardson Edson Guedes da Silva Almeida, Éber Wesley Lemos de Queiroz e Luiz Antônio Félix Júnior. RESUMO Este estudo tem por objetivo identificar a correlação das despesas públicas na manutenção e desenvolvimento do ensino em comparação com a melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) analisando-se os vinte municípios mais populosos do Estado de Pernambuco entre os anos de 2005 e 2011. Para tanto, metodologicamente a pesquisa é, quanto aos objetivos, descritiva e exploratória; quanto aos procedimentos, bibliográfica e documental, trabalhando, predominantemente, o problema de forma quantitativa. O estudo conclui que existe uma tendência em todos os municípios analisados de aumento das despesas na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino – MDE, ano a ano, bem como existe uma tendência de crescimento do IDEB passando, no primeiro ano, de uma média de 3,06 para uma média 3,87 no último ano. Pode-se concluir, também, que as melhores notas individuais do IDEB foram da cidade de Petrolina, seguida por Santa Cruz do Capibaribe e Caruaru. Em se tratando de investimentos, os mais representativos foram feitos pela cidade do Recife, seguido por Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. Ao final, identificou-se que não existe correlação direta entre despesa com educação e IDEB. Esta afirmativa foi comprovada estatisticamente pela aplicação de modelos estatísticos que não apresentaram relevância entre as variáveis testadas. Palavras-chaves: Municípios; Manutenção e Desenvolvimento do Ensino; Índice de Desenvolvimento da Educação Básica-IDEB. 1. INTRODUÇÃO A partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal – CF/1988, ficou evidenciada a preocupação dos agentes políticos com a qualidade da educação no Brasil, principalmente em relação às classes mais pobres, onde o acesso à educação em todos os níveis é mais difícil. Para possibilitar o desenvolvimento da educação brasileira, foram incluídos na Carta Magna vários artigos que determinaram ações a serem executadas para amenizar esta realidade. Dentre eles, o artigo 6º tornando a educação um direito social, e o artigo nº 205 determinando a educação como um direito de todos, incumbindo o Estado e a família juntamente com a sociedade de promovê-la, para que todo indivíduo desenvolva-se, possa exercer sua cidadania e contribuir para o desenvolvimento do país. 358 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para garantir os recursos necessários ao financiamento da educação pública no Brasil, a legislação em vigor determina a aplicação mínima de recursos a ser realizada por cada um dos Entes Federados, sob pena de intervenção do Estado em caso de não aplicação. Outra medida importante foi o determinado no artigo 214 da CF/1988, que criou o Plano Nacional de Educação – PNE, com a finalidade de integrar as ações do Poder Público nos três níveis de governo, na busca pela erradicação do analfabetismo, a universalização do atendimento escolar, a melhoria da qualidade do ensino, a formação para o trabalho e promoção humanística, científica e tecnológica do país. Além dos dispositivos constitucionais, foram instituídas outras leis ordinárias dentre as quais se destacam a Lei nº 9.424/96 (FUNDEF), substituída pela Lei nº 11.949/07 (FUNDEB), entre outras, que contribuíram fortemente na construção e melhoria do modelo educacional brasileiro. Contudo, um dos grandes desafios do governo é saber se este conjunto de políticas públicas na manutenção e desenvolvimento do ensino, explícita na CF/1988 e em leis ordinárias, está proporcionando resultados satisfatórios. Uma das formas é através da criação de provas nacionais como o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENAD e Prova Brasil, além da criação de índices de avaliação, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, medido periodicamente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP. Todo o conjunto de políticas públicas na manutenção e desenvolvimento do ensino estabelecidos no Brasil é realizado de forma independente pela União, Estados e Municípios, dentro da macro visão do PNE, respeitadas as competências de cada um. Cabem aos municípios uma das tarefas mais importantes que é a manutenção do ensino infantil, fundamental, a educação de jovens e adultos e o ensino especial, enquanto fica a cargo dos Estados o ensino médio e para a União cabe a manutenção do ensino superior. Note-se que é nos municípios que as pessoas vivem e se desenvolve desde os primeiros anos de vida, o que aumenta a responsabilidade dos gestores municipais no desenvolvimento da educação básica, tendo como objetivo o sucesso nas demais etapas do sistema educacional. Basicamente o sistema de ensino fundamental promovido pelos municípios é sustentado financeiramente com a obrigação constitucional de aplicação de 25% dos impostos e transferências constitucionais definidas no art. 158 e 159 da CF/1988, complementado pelos recursos do FUNDEB repassados pela União e das transferências voluntárias feitas pela União e Estados. Contudo, restam dúvidas até que ponto os investimentos feitos diretamente pelas prefeituras tem ligação direta com a melhoria da qualidade do ensino medido através do IDEB. Diante do exposto, surge o seguinte questionamento: Qual a correlação entre as despesas públicas aplicadas na manutenção e desenvolvimento do ensino e a formação do IDEB realizadas nos anos de 2005 a 2011 pelos vinte maiores municípios do Estado de Pernambuco? O trabalho está estruturado em quatro seções, além desta introdução, as quais são: Metodologia da Pesquisa, Referencial Teórico, Análise de Resultados e Conclusão. Por último, é apresentada uma lista de referências utilizadas para realização do estudo. 359 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 INVESTIMENTO CONSTITUCIONAL DESENVOLVIMENTO DO ENSINO NA MANUTENÇÃO E A educação, embora prevista na Lei Maior brasileira como sendo um direito de todos, nem sempre está ao alcance de toda a população de maneira tão simples e satisfatória. Ainda existem dificuldades para que, principalmente, a população mais pobre tenha acesso à educação de qualidade em todos os níveis, desde o ensino infantil, fundamental e médio até chegar ao ensino superior. O Brasil, um país em acelerado processo de crescimento econômico, apresenta distorções em relação à qualidade do ensino público oferecido à população em todos os níveis, sofrendo influência desde a péssima estrutura física nas unidades escolares, a má qualificação dos professores e os baixos salários que comprometem diretamente o processo de aprendizagem, conforme atesta Tanuri (2000, p. 85), Apesar de todas as iniciativas registradas nas duas últimas décadas, o esforço ainda se configurava bastante pequeno no sentido de investir de modo consciente e efetivo na qualidade da formação docente. [...] é que as falhas na política de formação se faziam acompanhar de ausência de ações governamentais adequadas pertinentes à carreira e à remuneração do professor, o que acabava por se refletir na desvalorização social da profissão docente, com consequências drásticas para a qualidade do ensino em todos os níveis. Mesmo assim, nos últimos anos, muito tem sido feito no Brasil objetivando uma melhoria do ensino em todos os seus níveis e unidades da federação. Todos os dispositivos legais são harmônicos na tentativa de erradicação do analfabetismo, a universalização do atendimento escolar, a melhoria da qualidade do ensino, a formação para o trabalho e promoção humanística, científica e tecnológica do país. A educação pública no Brasil é financiada através da aplicação constitucional determinada no artigo 212, que obrigou União, Estados, Municípios e Distrito Federal aplicarem um percentual mínimo de suas receitas próprias, mais precisamente de impostos e transferências constitucionais, nos seguintes percentuais: União, dezoito por cento; e Estados, Distrito Federal e Municípios, vinte e cinco por cento, em ações de desenvolvimento do ensino, que deverá assegurar prioritariamente o atendimento das necessidades do ensino obrigatório, nos termos do plano nacional de educação, artigo 212 §3º. Além disso, terá a fonte adicional de financiamento do salário educação, como também de transferências do Fundo Nacional de Educação – FNDE. 2.2 INDICADORES SOCIAIS O Brasil possui um território de dimensões continentais, dividido em regiões que possuem diferentes graus de desenvolvimento, tanto econômico quanto social, conforme atesta Rocha (2011, pag. 14. O mesmo autor (2011, pag. 15) complementa que “[...] com um intrigado e desigual processo espacial e temporal de desenvolvimento, que vivencia diferentes momentos e trajetórias econômicas [...].” Por isso existe a necessidade de implantação de políticas públicas que diminuam estas diferenças existentes. Como em todos os setores da economia, os recursos são escassos e as necessidades são ilimitadas. Na administração pública não é diferente, por isso é imperativo a maximização dos 360 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE recursos públicos, isto é, utiliza-los com eficiência, eficácia e efetividade. Por este motivo, surge à necessidade de planejar. Com o crescente interesse da população em saber sobre a aplicação dos seus impostos, a mudança de foco dos tribunais de contas, mais voltado para o desempenho da administração através da avaliação dos programas de governo, a edição da Lei Complementar nº 101 que estabeleceu normas de controle sobre a gestão fiscal, ficou evidente a importância dos indicadores sociais no controle dos resultados dos programas executados. A necessidade de medir e avaliar o resultado de políticas públicas foi determinante para o desenvolvimento dos indicadores sociais. Segundo Jannuzzi (2008) “O aparecimento e o desenvolvimento dos indicadores sociais estão intrinsicamente ligados à consolidação das atividades de planejamento do setor público [...]”. Indicadores sociais, em um conceito mais abrangente, são segundo o IBGE “estatísticas sobre aspectos da vida de uma nação que, em conjunto, retratam o estado social dessa nação e permitem conhecer o seu nível de desenvolvimento social”. Segundo Jannuzzi (2005, p.138) “no campo aplicado às políticas públicas, os indicadores sociais são medidas usadas para permitir a operacionalização de um conceito abstrato ou de uma demanda de interesse programático”. Os indicadores sociais são utilizados na formulação dos programas de governo, e auxiliam no decorrer de sua execução, comparando os resultados obtidos com as metas traçadas no planejamento, permitindo avaliar os efeitos causados por suas decisões políticas, e a partir daí corrigir desvios observados. Afirma Jannuzzi (2005, p.138) que “os indicadores apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos operacionais as dimensões sociais de interesse definidas a partir de escolhas teóricas ou políticas [...]”. 2.3 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA - IDEB Conforme já citado, a CF/1988 no artigo 205 determinou que educação é um direito de todos e é dever do Estado promovê-la em sua plenitude. Preocupados com a qualidade da educação oferecida no Brasil, foi criado em 2007, pelo Instituto de Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, que visa medir a qualidade da educação oferecida em cada escola e em cada rede de ensino, de acordo com informações contidas no site do INEP. O IDEB reuniu em um só indicador, dois parâmetros importantíssimos para definir a qualidade da educação: fluxo escolar e a média de desempenho nas avaliações. Tais fatores são bastante relevantes para avaliar o aprendizado. Esses dois parâmetros conseguem vislumbrar duas vertentes, se a unidade de ensino retiver seus alunos para melhorar seu desempenho no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica - SAEB ou Prova Brasil, vai ser evidenciada uma distorção no fluxo escolar. Se por acaso a unidade de ensino aprovar um aluno sem o devido conhecimento, será evidenciada uma distorção na avaliação. Para avaliar o fluxo escolar são utilizados os dados do censo escolar que é realizado anualmente pelo INEP, enquanto que para medir a média de desempenho nas avaliações é 361 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE utilizado o desempenho na Prova Brasil, para os municípios; e o SAEB, para os Estados e União. O IDEB é considerado mais que um simples indicador estatístico, ele é utilizado como condutor de política pública pela melhoria da qualidade da educação no Brasil. Ele possibilita a análise atualizada do nível da educação em todos os níveis de governo, como também traça as metas para o desenvolvimento e melhoria da qualidade do ensino. Entenda-se por metas o caminho traçado de evolução dos índices, para que o Brasil atinja a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. O IDEB vai de zero a dez, e é utilizado para acompanhar as metas de qualidade estabelecidas no Plano Nacional de Educação, que estabeleceu para o ano de 2022 um IDEB de 6,0 para o Brasil. Isso quer dizer, sair de uma média nacional de 3,8 em 2005, para um IDEB igual a 6,00 até 2022. 3. METODOLOGIA Quanto aos objetivos, esta pesquisa foi exploratória e descritiva, tendo em vista a importância do assunto e a descrição detalhada dos investimentos feitos na manutenção e desenvolvimento do ensino. Quanto aos procedimentos, foi utilizada a pesquisa bibliográfica e documental. Quanto a documental especificamente, foi percorrido duas etapas: A primeira consiste em identificar o comportamento das despesas com educação constante do Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) do último bimestre dos anos de 2005 a 2011 dos municípios pernambucanos em análise; e a segunda, identificar o resultado do IDEB no período de 2005 a 2011 junto ao site do INEP. Quanto à abordagem do problema, esta pesquisa foi quantitativa, através da aplicação de correlação estatística entre variáveis: percentual aplicado na MDE em relação ao IDEB e despesas aplicadas na MDE em relação ao IDEB das cidades pesquisadas. Quanto aos instrumentos de coleta de dados foram utilizadas as informações (Notas do IDEB) extraídas do site do INEP correspondente aos anos de 2005 a 2011, bem como informações contidas no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação SIOPE (percentual aplicado em MDE e despesas aplicadas na MDE no período de 2005 a 2011). Por fim, para a análise de dados foram utilizados testes estatísticos de correlação, onde foram aplicados dois modelos estatísticos: o de correlação de Pearson e o de regressão linear simples através do sistema da Microsoft Excel. A amostra desta pesquisa ficou delimitada aos vinte maiores municípios do Estado de Pernambuco, em termos populacionais. A escolha justifica-se pelo fato de, nestes municípios, residirem 55,32% da população do Estado de Pernambuco, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - IBGE apurados no Censo realizado no ano de 2010. A amostra é, portanto, significativa. Quanto ao período amostral, por conveniência e acessibilidade aos dados escolheu-se os anos de 2005 a 2011. 362 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A pesquisa foi dividida em duas Etapas. A primeira delas consistiu em identificar o comportamento das despesas com educação constantes no Relatório Resumido de Execução Orçamentária – RREO, do último bimestre dos anos de 2005 a 2011, para cada um dos municípios, extraídos do site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. E a segunda, consistiu em coletar através do banco de dados do INEP os valores do IDEB para cada um dos anos entre 2005 e 2001 e para todos os municípios. Para análise dos dados foi aplicados os modelos estatísticos de Correlação de Pearson e Regressão Linear Simples entre as duas variáveis. 4. RESULTADOS A análise de dados a seguir está dividida em dois blocos específicos: o primeiro trata da descrição das despesas públicas na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino – MDE, segregados ano a ano, bem como do comportamento do IDEB de forma individual e média no período amostral de 2005 a 2011. Por fim, no segundo bloco da análise, serão aplicados os modelos estatísticos de correlação de Pearson e regressão linear simples entre duas variáveis. Neste ponto da análise dos dados serão classificados os municípios da série amostral que mais investiram recursos públicos na manutenção e desenvolvimento do ensino. Foram utilizados os vinte municípios mais populosos do Estado de Pernambuco segundo dados do IBGE. Segundo a Tabela 1, o município que mais investiu recursos na manutenção e desenvolvimento no ensino foi à cidade do Recife que aplicou entre os anos de 2005 e 2011 cerca de dois bilhões, seiscentos e trinta e três milhões de reais. Em segundo lugar, ficou a cidade de Jaboatão dos Guararapes com aplicação de aproximadamente setecentos e dois milhões de reais. Já em terceiro lugar ficou Cabo de Santo Agostinho com aplicação de quatrocentos e cinquenta milhões de reais (Tabela 2). Nº População Municípios 1 1.472.202 Recife Jaboatão 623.471 dos Guararapes 2 3 357.956 Olinda 4 306.788 Caruaru 5 287.233 Petrolina 6 278.651 Paulista Cabo de 7 179.912 Santo Agostinho 8 138.239 Camaragibe 9 126.472 Garanhuns Vitória de Santo Antão 10 123.930 São 101.762 Lourenço da Mata Gastos com Educação em 2005 (R$) 266.412.431 Gastos com Gastos Gastos com Educação Educação em 2007 com em 2006 (R$) Educação em (R$) 2008 (R$) 304.828.906 344.028.683 378.136.421 49.036.445 80.848.404 23.404.738 16.626.055 18.454.746 18.553.824 38.577.155 34.084.263 36.748.794 27.474.130 29.486.583 41.607.464 11.082.396 10.614.497 Gastos Gastos Gastos com com Educação em Educação em 2009 (R$) 2010 (R$) 394.312.389 436.864.250 com Educação em 2011 (R$) 509.241.417 78.607.670 42.247.415 43.111.917 41.242.619 31.179.247 80.788.450 53.198.290 47.865.079 55.252.407 40.888.840 113.243.515 61.952.647 66.061.885 76.915.871 54.059.715 131.613.140 62.453.658 81.768.612 73.158.552 72.058.959 168.742.241 73.929.473 98.700.591 108.382.998 59.340.515 13.906.695 16.881.328 45.638.235 17.184.216 18.500.277 56.662.336 19.144.657 22.183.575 70.357.083 21.462.145 29.962.009 87.071.498 25.211.417 68.729.845 119.978.849 29.496.096 40.445.532 7.656.638 21.882.414 28.000.309 32.324.454 34.121.164 41.884.508 95.445.642 5.784.067 15.648.699 363 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 11 12 97.032 13 91.970 82.649 14 15 78.960 16 76.866 17 76.517 18 75.716 19 75.184 20 73.636 Total Igarassu Abreu Lima 12.275.635 Araripina Ipojuca Gravatá Goiana Carpina 15.619.740 18.120.260 20.050.787 21.764.891 22.240.993 23.258.909 26.436.705 28.562.693 31.153.122 32.132.215 8.736.803 10.687.165 11.237.374 15.122.594 15.596.112 18.571.128 12.581.391 14.870.043 16.779.562 18.545.231 12.271.345 16.174.040 13.431.516 45.614.572 18.645.330 21.900.873 10.655.304 873.170.779 17.416.463 18.899.970 67.148.821 19.459.265 21.312.017 12.950.342 1.011.554.482 21.568.693 19.160.066 63.035.820 20.000.122 26.002.478 15.857.672 1.165.475.332 21.622.572 26.092.855 83.421.511 25.944.875 34.004.296 18.315.818 1.379.357.107 28.898.399 37.984.881 100.636.773 30.194.081 34.896.285 23.019.495 1.653.461.078 e 5.454.509 Santa Cruz do 4.700.288 Capibaribe Serra Talhada 15.388.504 4.603.875 6.528.593 36.108.251 6.327.558 7.642.070 5.071.296 545.824.495 10.262.798 12.576.809 12.536.115 39.992.654 13.962.189 14.850.181 4.818.167 765.612.472 Tabela 1 – Gastos na MDE dos vinte municípios mais populosos de Pernambuco entre 2005 e 2011 Fonte: Elaboração própria, baseado nos dados do SIOPE Pode-se, claramente, perceber que os valores aplicados na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino cresce a cada ano e que variam conforme o porte dos municípios em questão. Abaixo, é possível identificar o ranking de aplicação de recursos na manutenção e desenvolvimento do ensino dos vinte municípios mais populosos do Estado de Pernambuco: Ranking 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º Municípios Recife Jaboatão dos Guararapes Cabo de Santo Agostinho Ipojuca Petrolina Caruaru Olinda Paulista Vitória de Santo Antão Garanhuns Goiana Igarassu Camaragibe São Lourenço da Mata Araripina Gravatá Serra Talhada Carpina Santa Cruz do Capibaribe Abreu e Lima Despesa Total (R$) 2.633.824.498,15 702.879.867,60 450.802.052,45 435.958.406,84 410.155.992,02 388.218.408,22 355.763.383,32 303.555.238,15 261.315.137,81 207.317.072,81 160.608.211,10 151.503.118,63 137.487.634,77 136.934.126,65 134.634.011,25 134.533.435,56 122.860.868,12 90.688.111,28 90.010.678,01 85.405.704,30 Tabela 2 – Ranking dos municípios que mais investiram em MDE entre os anos de 2005 e 2011 Fonte: Elaboração própria, baseado nos dados do SIOPE Analisando os valores das despesas aplicadas no MDE dispostos na Tabela 1, observase que em todos os municípios existe uma tendência de aumento, ano a ano, das despesas com educação. A despesa total com a manutenção e desenvolvimento do ensino nos vinte municípios pesquisados variou de R$ 545.824.495,00 em 2005 para R$ 1.653.461.078 no ano de 2011. A aplicação triplicou nos últimos sete anos. 364 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A tendência de aumento nas aplicações de recursos por parte dos municípios pesquisados, só não pode ser verificada durante o ano de 2011 nos municípios de Paulista, Garanhuns e Santa Cruz do Capibaribe que, excepcionalmente, reduziram seus investimentos em educação. Em tese, o aumento na aplicação de recursos na educação, deveria proporcionar melhores resultados nos índices correspondentes à mesma. A tabela 3, apresenta os índices alcançados pelos vinte municípios mais populosos de Pernambuco em relação ao IDEB nos anos de 2005 a 2011. Nº População Municípios 1 1.472.202 Recife 2 623.471 Jaboatão dos Guararapes 3 357.956 Olinda 4 306.788 Caruaru 5 287.233 Petrolina 6 278.651 Paulista 7 179.912 Cabo de Santo Agostinho 8 138.239 Camaragibe 9 126.472 Garanhuns 10 123.930 Vitória de Santo Antão 11 101.762 São Lourenço da Mata 12 97.032 Igarassu 13 91.970 Abreu e Lima 14 82.649 Santa Cruz do Capibaribe 15 78.960 Serra Talhada 16 76.866 Araripina 17 76.517 Ipojuca 18 75.716 Gravatá 19 75.184 Goiana 20 73.636 Carpina Média Geral Dividida por 20 Municípios IDEB 2005 3,2 2,8 3,1 3,4 3,3 3,3 3,0 3,1 2,7 3,0 2,8 2,8 3,1 3,8 2,9 2,7 2,7 2,9 3,0 3,6 3,06 IDEB 2007 3,8 3,1 3,1 3,7 3,6 3,2 3,2 3,2 3,1 3,0 3,0 2,9 3,8 3,8 3,1 2,8 3,2 2,9 3,0 4,2 3,29 IDEB 2009 4,1 3,8 3,2 4,0 4,1 3,5 3,7 3,6 3,7 3,8 3,5 3,7 3,6 4,2 3,3 4,1 3,4 3,3 3,2 4,2 3,70 IDEB 2011 4,1 3,9 3,5 4,4 4,8 3,9 3,6 3,9 3,7 3,4 3,6 3,5 3,6 4,5 4,0 4,1 3,5 4,1 3,5 3,7 3,87 Tabela 3 – IDEB dos vinte municípios mais populosos de Pernambuco entre 2005, 2007, 2009 e 2011 Fonte: Elaboração própria, baseado nos dados do INEP De acordo com os dados apresentados, da mesma forma em que houve aumento ano a ano das despesas com a MDE, também houve crescimento no índice alcançado pelos municípios no IDEB entre os anos de 2005 a 2011. Se somadas todas as médias do IDEB dos vinte municípios avançou-se de uma média de 3,06 no ano de 2005, passando em 2006 para a média de 3,29; em 2007 a média chega a 3,70 e fecha a série amostral no ano de 2011 em 3,87, o que pode ser considerado representativo para o período analisado. Ao se analisar individualmente os municípios pesquisados observa-se que o maior valor do IDEB em todo o período analisado foi o da cidade de Petrolina no ano de 2011, aonde se chegou à nota de 4,8. Em segundo lugar ficou a cidade de Santa Cruz do Capibaribe com a nota de 4,5 também em 2011, ficando em terceiro lugar a cidade de Caruaru no ano de 2011 com a nota 4,4. As tendências de crescimento é comum a todos os municípios pesquisados em relação ao período pesquisado, com exceção dos municípios de Vitória de Santo Antão, Igarassu, Cabo de Santo Agostinho e Carpina. 365 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Após análise individual das médias da soma de todos os anos do IDEB em relação aos municípios analisados chegou-se ao disposto na Tabela 4: Ranking 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º Municípios Santa Cruz do Capibaribe Petrolina Carpina Caruaru Recife Abreu e Lima Paulista Camaragibe Araripina Jaboatão dos Guararapes Cabo de Santo Agostinho Serra Talhada Garanhuns Vitória de Santo Antão Gravatá Olinda São Lourenço da Mata Igarassu Ipojuca Goiana Média 4,08 3,95 3,93 3,88 3,80 3,53 3,48 3,45 3,43 3,40 3,38 3,33 3,30 3,30 3,30 3,23 3,23 3,23 3,20 3,18 Tabela 4 – Ranking das médias do IDEB dos municípios nos anos de 2005, 2007, 2009 e 2011 Fonte: Elaboração própria, baseado nos dados do INEP Por fim, na tabela a seguir foi colocado lado a lado o ranking individual e a média do IDEB seguidos pelo ranking de gastos na manutenção e desenvolvimento no ensino: Municípios Santa Cruz do Capibaribe Petrolina Carpina Caruaru Recife Abreu e Lima Paulista Camaragibe Araripina Jaboatão dos Guararapes Cabo de Santo Agostinho Serra Talhada Garanhuns Vitória de Santo Antão Gravatá Olinda São Lourenço da Mata Igarassu Ipojuca Goiana Ranking Individual do IDEB 2º (ano de 2011) 1º (ano de 2011) 2º (ano de 2009) 3º (ano de 2011) 4º (ano de 2011) 2º (ano de 2007) 8º (ano de 2011) 8º (ano de 2011) 4º (ano de 2011) 8º (ano de 2011) 9º (ano de 2009) 7º (ano de 2011) 11º (ano de 2011) 7º (ano de 2009) 4º (ano de 2011) 16º (ano de 2011) 13º (ano de 2011) 9º (ano de 2009) 16º (ano de 2011) 16º (ano de 2011) Ranking do IDEB pela Média Ranking das dos Últimos Anos com o MDE 1º 19º 2º 5º 3º 18º 4º 6º 5º 1º 6º 20º 7º 8º 8º 13º 9º 15º 10º 2º 11º 3º 12º 17º 13º 10º 14º 9º 15º 16º 16º 7º 17º 14º 18º 12º 19º 4º 20º 11º Despesas Tabela 5 – Tabela Comparativa do Ranking dos municípios quanto ao IDEB e Despesas com a MDE durante os anos de 2005 e 2011. Fonte: Elaboração própria, baseado nos dados do INEP 366 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Como visto na tabela acima a cidade de Petrolina foi a que obteve a melhor nota do IDEB individual em toda a série amostral (4,8 em 2011), ficando em segundo lugar na média geral das notas do IDEB, pontuando 3,95, e em quinto lugar quanto às despesas no MDE. Já a cidade de Santa Cruz do Capibaribe ficou em segundo lugar em relação à nota do IDEB individual, totalizando 4,5 em 2011; por sua vez, atingiu o primeiro lugar em relação à média geral do IDEB, com 4,08. No entanto, esta cidade quanto aos investimentos na MDE foi à antepenúltima. Este dado revela teoricamente, antes da análise estatística, que o investimento feito na MDE, considerado o segundo pior de todas as cidades analisadas, não se refletiu na construção do IDEB, tendo em vista ser um dos melhores na série amostral. Neste mesmo raciocínio a cidade do Recife que obteve o maior investimento na MDE em todo o período, se classificou apenas na nota do IDEB individual em quarto lugar, e quinto enquanto média geral, tendo a pontuação 3,8. Sendo assim, a seguir, dando sustentação a pesquisa, será realizado o tratamento estatístico dos dados utilizando a regressão linear simples entre duas variáveis: a) despesa com a MDE em relação à b) IDEB das cidades; e c) aplicação percentual na MDE em relação à d) IDEB das cidades. Durante a tabulação dos dados foram aplicados dois modelos estatísticos: o de Correlação de Pearson e o de Regressão Linear Simples através do sistema Microsoft Excel na tentativa de identificar relevância e correlação entre as duas variáveis analisadas. O objetivo é identificar ano a ano correlações entre as variáveis que sejam consideradas do ponto de vista estatístico relevantes, ou seja, próximas de 1. A aplicação dos dois modelos matemáticos aos dados não demonstrou correlação significativa do ponto de vista estatístico tendo em vista apresentar o valor de R ao quadrado abaixo de 0,6 (média correlação) ou próximos de 1 (boa correlação). Vejamos a tabela a seguir: 2005 R2 = -0,455 2006 R2 = -0,259 2007 R2 = 0,170 2008 R2 = -0,321 2009 R2 = 0,454 2010 R2 = -0,225 2011 R2 = -0,011 Tabela 6 – Resultado da Correlação de Pearson entre as variáveis Percentual Aplicado na MDE e IDEB das cidades. Fonte: Elaboração própria, baseado nos dados do INEP Da mesma forma ao compararmos as variáveis despesas no MDE em relação ao IDEB não houve correlação estatística relevante, conforme apresentado na Tabela 7: 2005 R2 = 0,056 2006 R2 = 0,408 2007 R2 = 0,416 2008 R2 = 0,264 2009 R2 = 0,281 2010 R2 = 0,158 2011 R2 = 0,155 Tabela 7 – Resultado da Correlação de Pearson entre as despesas aplicadas na MDE e o IDEB das cidades. Fonte: Elaboração própria, baseado nos dados do INEP É de vital importância destacar que o fato dos dois modelos matemáticos aplicados à pesquisa não apresentarem relevância do ponto de vista estatístico não significa que não exista correlação entre estas variáveis, tendo em vista a infinidade de modelos estatísticos existentes no campo teórico e prático que por limitação deste estudo e de acesso a outros dados não puderam ser aplicados. 367 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 5. CONCLUSÃO A aplicação de recursos públicos na manutenção e desenvolvimento do ensino nas três esferas de governo está como um dos eixos estratégicos do Plano Plurianual do Governo Federal. Este eixo visa elevar o nível de educação nacional mensurado pelos indicadores de desempenho. É importante destacar que existem diversos indicadores econômicos, sociais e de desempenho que levam em consideração o nível de educação de um país, estado ou município, como por exemplo, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que insere entre suas variáveis o nível de educação geral. Sendo assim, quanto mais uma cidade ou região melhorar o seu nível de educação mais qualidade de vida a população terá. Desta forma, após toda a base teórica estruturada no referencial deste trabalho bem como da análise dos dados pesquisados e tendo em vista os objetivos de pesquisa, chegou-se às seguintes conclusões: a) Existe uma tendência de aumento de despesa na manutenção e desenvolvimento do ensino em todo o período analisado que engloba os anos de 2005 a 2011. E esta tendência também é evidenciada no crescimento do IDEB no mesmo período; b) O crescimento em escala geométrica do IDEB na série amostral indica uma média no ano de 2005 de 3,06, fechando o ano de 2011 com 3,87, apontando uma variação de 0,81; c) Individualmente a melhor nota do IDEB foi a da cidade de Petrolina no ano de 2011 que atingiu 4,8, seguido no mesmo ano por Santa Cruz do Capibaribe com nota de 4,5 e da cidade de Caruaru com 4,4; d) O ranking geral do IDEB, considerando as médias somadas das cidades analisadas na série aponta para a cidade de Santa Cruz do Capibaribe como a cidade com melhor média que pontuou 4,08, seguido por Petrolina 3,95 e Carpina com 3,93; e) Segundo a pesquisa, a cidade que mais investiu recursos na MDE foi Recife com despesas de aproximadamente 2 bilhões, seiscentos e trinta e três milhões de reais, seguidos pela cidade de Jaboatão dos Guararapes e em terceiro a cidade de Cabo de Santo Agostinho; f) A pesquisa mostra que o investimento na MDE entre os anos de 2005 e 2011 triplicou saindo de 545 milhões no primeiro ano para aproximadamente 1 bilhão, seiscentos e cinquenta milhões de reais no último ano; g) O estudo apresenta, levando em consideração o ranking individual, comparado com a média geral e o investimento no MDE das cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Carpina, Abreu e Lima e outros que não existe relação direta entre gasto na manutenção e desenvolvimento do ensino e o crescimento do IDEB, tendo em vista estas cidades possuírem os piores investimentos da série amostral e os melhores índices de educação. Ou seja, existem outras variáveis não alcançadas no estudo que possam estar mais diretamente ligadas ao crescimento do indicador; h) A afirmativa anterior é comprovada quando se aplica dois modelos matemáticos estatísticos que não apresentaram relevância entre as variáveis: aplicação percentual na manutenção e desenvolvimento do ensino e IDEB, bem como despesas na MDE e IDEB. 368 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Após todos estes argumentos, o estudo cumpre seus objetivos baseados numa estrutura teórica e estatística, sabendo que existem limitações que podem ser vencidas em outros estudos ao se agregar mais dados, como por exemplo, os relativos ao número de professores, tipo de qualificação, remuneração por classe, número de escolas por cidade, montante de investimentos próprios e de convênios recebidos, dentre outros. Contudo, os achados aqui expostos podem ser considerados relevantes tendo em vista o diagnóstico traçado dos investimentos na manutenção e desenvolvimento do ensino dos municípios do Estado de Pernambuco durante os anos de 2005 e 2011. REFERÊNCIAS ANDRADE, Nilton de Aquino. Planejamento governamental para municípios. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ANGÉLICO, João. Contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1994. ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA, Daniel Gomes. Contabilidade pública: da teoria à prática. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA, Daniel Gomes; BARRETTO, Pedro Humberto Teixeira. O essencial da contabilidade pública: teoria e exercícios de concursos públicos resolvidos. São Paulo: Saraiva, 2009. BEZERRA FILHO, João Eudes. Contabilidade pública: teoria, técnica de elaboração de balanços e questões. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2006. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1998. Brasília, DF, Senado, 1988. 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Desta forma, surge o objetivo da pesquisa, que se preocupou em analisar a contribuição do projeto Quintas do Conhecimento no processo de educação continuada dos Contabilistas da Microrregião do Litoral Norte da Paraíba. Para alcançar este objetivo, o trabalho se desenvolveu da seguinte forma, elegeu-se as cidades de MamanguapePB e Rio Tinto-PB para a realização da pesquisa, obteve-se a participação de 35 Contabilistas da região, por meio das respostas dos seus respectivos questionários. Com o intuito de avaliar a eficiênciado questionário, realizou-se um pré-teste com 7 profissionais, aplicando-se o questionário posteriormente de forma efetiva, estando este composto por 24 questões. Após se coletar os dados da pesquisa e confeccionar as tabelas de frequências, realizou-se a análise das mesmas de forma descritiva ao longo da seção de resultados.O resultado da pesquisa demonstrou que os Contabilistas afirmam queo projeto contribui com a educação continuada dos Contabilistas. Relatam ainda que já participaram de uma quantidade relevante de atividades,mas que a distância e a falta de tempo os desestimulam. Além disso, ressaltam que o projeto deve continuar,pois contribui com a educação continuada da classe contábil através da qualificação profissional oferecida, e expressam o desejo de que o mesmo se estenda para a região estudada. Palavras - chave:educação continuada; contabilista; projeto quintas do conhecimento. 1. INTRODUÇÃO A educação continuada visa o desenvolvimento profissional contínuo e é um ponto que deve estar presente na atuação de qualquer profissional. O mercado de trabalho exigente de qualificação, a modernização por meio das novas tecnologias, a demanda por melhores profissionais, são fatores que só crescem, ainda mais na profissão contábil que vive um momento de mudanças e apresenta o Contador em uma nova roupagem, principalmente com as mudanças trazidas pelo processo de harmonização das normas brasileirasaos padrões internacionais. Este novo momento exige que o conhecimento do profissional contábil seja a cada vez mais aprofundado e melhorado. Desta forma, o aperfeiçoamento continuo se mostra, como uma atividade necessária. Olhando para a necessidade de atualização do profissional Contábil que necessita de capacitação para ir além da sua formação técnica e ou superior, o Conselho Regional da Paraíba (CRC-PB), na gestão 2012-2013 criou o Projeto Quintas do Conhecimento, que busca a qualificação profissional dos Contabilistas paraibanos, impulsionando dessa forma a educação continuada da classe contábil. O projeto realiza sempre às quintas-feiras, em várias 373 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE cidades do Estado, junto com parcerias, capacitações que acontecem tanto via satélite, quanto presencialmente, abordando diversas temáticas do interesse desses profissionais. Diante do sucinto relato sobre a importância da temática educação continuada e o projeto Quintas do Conhecimento como um capacitador, chegamos ao problema de pesquisa, que consiste em saber: qual é a contribuição do Projeto Quintas do Conhecimento, desenvolvido pelo Conselho Regional de Contabilidade da Paraíba, no processo de educação continuada dos Contabilistas da Microrregião do Litoral Norte da Paraíba? Como forma de alcançar a resposta para o problema de pesquisa, o trabalho objetivou analisar por meio da percepção dos Contabilistas da Microrregião do Litoral Norte da Paraíba a contribuição deste projeto noseu processo de educação continuada. Assim, acredita-se que este estudo poderá contribuir com as pesquisas sobre os métodos de atualização adotados por contadores atuantes na Microrregião do Litoral Norte da Paraíba, verificando os meios que o profissional contábil se insere para manter-se atualizado, identificando seus níveis de conhecimento e aperfeiçoamento, em um processo contínuo após sua formação técnica e ou superior, visto as grandes mudanças que ocorrem constantemente na área contábil. Em relação aos aspectos práticos, este trabalho pode contribuir com os órgãos de classe e instituições, em especial, ao Conselho Regional da Paraíba, para que estes possam avaliar se os seus projetos de capacitações estão alcançando a região estudada, como também se são satisfatórios à necessidade do profissional, verificar a necessidade de maiores investimentos para atender a esta demanda, atentando por exemplo, as áreas mais procuradas para aperfeiçoamento. A pesquisa trouxe um formato diferente das já realizadas, muitos trabalhos se voltaram para a Resolução do CFC que instituiu a Norma Brasileira de Contabilidade NBC PA 12 (R1) - educação profissional continuada, que regulamenta a Educação Profissional Continuada do Contador, em especial aos atuante na área de auditoria. O presente trabalho buscou avaliar não só o processo de educação continuada dos profissionais contábeis, mas também a influência, sobre a educação profissional dos Contabilistas, de um projeto desenvolvido por um possível órgão capacitador, sendo esta figura o Conselho Regional da Paraíba. Estapesquisa não se dá por encerrada, visto que este primeiro momento buscou-se avaliar apenas a Microrregião do Litoral Norte da Paraíba, e como continuidade se dará em um segundo momento junto a todo o Estado paraibano. O trabalho foi estruturado em cinco partes. Após a introdução, sendo esta a primeira parte do trabalho, é apresentado um referencial teórico sobre: a educação continuada dos Contabilistas e o Projeto Quintas do Conhecimento, logo após, na terceira parte, é apresentado a Metodologia da Pesquisa, já quarta seção serão demonstrados os resultados e por fim as considerações finais da pesquisa. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 EDUCAÇÃO CONTINUADA DOS CONTABILISTAS A educação continuada visa o desenvolvimento profissional contínuo e é um ponto que deve estar presente na atuação de qualquer profissional. O mercado de trabalho exigente de qualificação, a modernização por meio das novas tecnologias, a demanda por melhores 374 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE profissionais, são fatores que só crescem, ainda mais na profissão contábil que vive um momento de mudanças e apresenta o Contador em uma nova roupagem. Souza e Diehl (2007) já afirmavam que a Contabilidade está crescendo como fornecedora de informações úteis, atuando com um papel informativo, e ao mesmo tempo em que exerce esta função trazà tona o papel do Contador como seu principal agente. Desta forma, neste novo momento que surge, os contadores, para atender as necessidades das organizações, devem incorporar novas habilidades pessoais, desenvolver a capacidade de entendimento do negócio e adotar uma postura mais empreendedora. Logo, este profissional necessita de formação contínua, como afirma Niyamaet. al. (2008)relatando que a educação continuada é de fato algo de grande importância, ainda mais com as exigências que os profissionais de Contabilidade têm se deparado.O exemplo deste fato é as mudanças advindas com o processo de harmonização das normas contábeis ao padrão internacional, o que vem exigindo do Contabilista grande aperfeiçoamento, este processo também traz um momento ímpar de valorização ao profissional Contábil, para tanto este precisa estar preparado. Gomes, Carvalho e Oliveira (2008) defenderam que os profissionais que não possuem uma formação nos padrões globais, ou seja, uma formação baseada em padrões internacionais, não farão parte desse movimento de harmonização. Para que este conhecimento seja cada vez mais aprofundado e melhorado, a educação continuada deve estar presente como uma atividade necessária, o fato da realização da graduação não encerra a vida de estudante do profissional, a quem diga que a graduação é o local aonde se aprende a estudar. Niyamaet. al. (2008) relata que a formação de nível técnico ou superior não é o suficiente para o profissional se manter ao longo dos anos de forma capacitada, a ciência contábil é uma ciência social, o que a torna sujeita de mudanças rotineiras. Cantelli (2012) faz afirmações que corroboram com as considerações discorridas anteriormente, a autora menciona que os assuntos discutidos em sala de aula sofrem mutações ao longo do tempo, o que exige do profissional uma maior atualização para prestar os seus serviços, e uma ferramenta ideal para o bom desempenho dos profissionais é a educação continuada. Dentro da temática educação continuada observa-se que muitas discussões sobre este tema estãovoltadas para a educação profissional dos contadores que atuam na área de auditoria, devido ao fato do Brasil possuir Resolução que regulamenta o Programa de Educação Profissional Continuada (PEPC) para os Contadores atuantes nesta área, fato que será explanado no próximo item deste referencial teórico. Sendo assim, podemos elencar alguns trabalhos que discutiram a educação continuada voltada para área de auditoria, como também de modo geral, estes são alguns estudos realizados, não se caracterizando como os melhores ou os únicos, mas são pesquisas que buscaram enriquecer a discussão acerca do tema: Quadro 1 – Alguns estudos sobre Educação Continuada Autores Contribuições Niyamaet. al. (2008) Desenvolveu uma pesquisa comparativa entre países sobre a educação continuada na área de auditoria interna, verificando o tratamento dado pelos órgãos de classe de cada país. Amorim (2010) Desenvolveu sua dissertação acerca da investigação da percepção dos auditores independentes acerca do Programa Obrigatório de Educação Profissional Continuada (POEPC), na região Sul do 375 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Brasil. Italiani e Buesa (2012) Cantelli (2012) Feitosa (2013) Objetivou analisar se os Contadores da cidade de São Roque estão aprimorando seus conhecimentos através de atualizações. Este trabalho de dissertação buscou identificar a forma que se dava a atualização dos profissionais contábeis atuantes em escritórios de Contabilidade associados ao SINDICONT e localizados em Criciúma. Realizou uma pesquisa com o objetivo analisar o perfil do Contabilista que procura e passa pelo processo de educação continuada no Distrito Federal. Fonte: Elaboração Própria (2014) Desta forma, dentro dos objetivos propostos trazidos por estes trabalhos, podemos elencar alguns resultados: Niyamaet. al. (2008) constata que a maioria dos países que foram analisados em sua pesquisa apresenta programas de educação continuada, ainda que não haja a obrigatoriedade legal. Mas verifica-se crescente interesse seja dos órgãos de classe, quanto do Governo pela educação permanente dos profissionais de Contabilidade, e a ênfase maior se dá à auditoria. Amorim (2010) obtém resultados que também foram alcançados por meio de pesquisa com Auditores, desta forma ele conclui que os Auditores da região Sul estão satisfeitos com a quantidade de horas determinadas para a educação profissional continuada, que devem ser cumpridas conforme a legislação da educação continuada do CFC, como também avalia como bom o programa e os cursos ministrados pelo CFC, o que demonstra satisfação da classe com seu órgão quanto à educação continuada. Já Italiani e Buesa (2012) não tem foco nos Auditores e se aproximam mais da pesquisa que aqui se desenvolveu, os autores concluíram que os profissionais da Contabilidade investem em sua atualização e que avalia a educação continuada como um fator relevante, os profissionais pesquisados também sentiam-se preparados, considerando seu conhecimento suficiente para exercer a profissão. Cantelli (2012) também traz uma discussão que se volta ao que a pesquisa buscou analisar, desta forma, como resultado a pesquisa da autora obteve uma semelhança entre a procura pela educação continuada dos profissionais e os eventos disponibilizados pelo Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina, e que a área tributária é a que tem maior busca na educação continuada, o que se dádevido às alterações que ocorrem na legislação e os levam à necessidade de uma atualização constante. Feitosa (2013) obteve algumas conclusões com seu estudo que analisou o perfil dos Contabilistas do Distrito Federal, desta forma, chegou à concepção de que estes em sua maioria participavam do processo de educação continuada, o que proporciona maior segurança no desempenho da profissão. Estes objetivos e resultados expostos são resultantes de algumas pesquisas que trabalharam com a temática Educação Continuada, que é o ponto central deste trabalho, que trará como discussão a mais em relação aos trabalhos já desenvolvidos, a avaliação da contribuição que um projeto desenvolvido pelo Conselho Regional de Contabilidade da Paraíba, intitulado projeto Quintas do Conhecimento, exerce sobre a educação continuada dos Contabilistas da região estudada. 376 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.2 O PROJETO QUINTAS DO CONHECIMENTO O Conselho Federal de Contabilidade (CFC), órgão que representa e fiscaliza a profissão contábil no Brasil, conforme a resolução CFC 1.377/2011 aprova a redação da Norma Brasileira de Contabilidade NBC PA 12 - educação profissional continuada, que teve sua primeira revisão (R1) em 11 de dezembro de 2014, passando a vigorar seu novo texto no início de 2014. Esta tem como objetivo regulamentar o Programa de Educação Profissional Continuada (PEPC), que deve ser cumprido pelos Contadores que estão voltados para a atividade de auditoria independente. De acordo com a mesma medida os Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) são instituições colocadas como possíveis capacitadoras, com a responsabilidade de incentivar a implementação de atividades de capacitação que permitam o cumprimento desta Norma. Contudo, os contadores que estão de fora das atividades de Auditoria não possuem esta obrigatoriedade perante regulamento do CFC, porém, é de forma clara que se pode afirmar que estes profissionais também necessitam de capacitação para ir além da sua formação técnica e ou superior. Desta forma, no Estado da Paraíba o Conselho Regional no início da gestão 2012-2013 criou o Projeto Quintas do Conhecimento que busca incentivar a educação continuada da classe contábil paraibana, e é realizado, como seu próprio nome diz, sempre às quintas – feiras a partir das 17:00 horas. Este projeto também conta com a parceria da TV Contabilista com transmissão via satélite para algunslocais fora da sede, os eventos das quintas-feiras também se dão de forma presencial, principalmente em sua sede, João Pessoa-PB. De acordo com informações do Jornal Informativo do CRC-PB do ano de 2012, este projeto nasceu da necessidade de qualificação profissional apresentada pelos Contabilistas paraibanos, como também devido a uma demanda natural que não está presente apenas no Estado da Paraíba, mas em todo o país. Ainda de acordo com o informativo o projeto iniciou suas atividades levando qualificação para cinco cidades paraibanas e tinha como meta ainda para o ano de 2012 inaugurar outros 12 polos de transmissão. De acordo com as informações relatadas no informativo que celebrava o sucesso do projeto, até o final do ano de 2012 existiriam 17 polos de transmissão das capacitações aos profissionais, contudo, esta estimativa não se concretizou e o Quintas do Conhecimento de acordo com o quadro 2 esteve presente nas seguintes cidades: Quadro 2 - Histórico das cidades alcançadas pelo Projeto Quintas do Conhecimento Em 2012 João Pessoa| Patos | Sousa | Campina Grande | Cajazeiras | Sumé | Guarabira Em 2013 João Pessoa | Campina Grande| Monteiro | Patos | Catolé do Rocha | Sousa | Guarabira | Sumé Em 2014 João Pessoa | Campina Grande | Patos | Guarabira Fonte: Elaboração do autor com base nas informações do CRC-PB 377 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O Projeto Quintas do Conhecimento é o principal agente de capacitação do CRC-PB, de acordo com o histórico de capacitações, desde seu lançamento a maioria das capacitações realizadas pelo Conselho se dão por meio deste projeto nas quintas-feiras, como demonstrado no quadro 3: Quadro 3 - Quantidade e percentual de capacitações 2012 (%) 2012 2013 (%) 2013 2014 (%) jul/2014 Capacitações do Projeto Quintas do Conhecimento 3514 70% 3697 73% 1332 74% Total de Capacitações 5044 100% 5090 100% 1812 100% Fonte: Elaboração do autor com base nas informações do CRC-PB As capacitações abordam diversas temáticas, contudo, observa-se a partir do quadro 4 as capacitações que tiveram mais inscritos, logo são as que despertaram maior interesse dos Contabilistas. A temática mais procurada são as relacionadas às áreas tributária e fiscal. Em todos os anos verifica-se uma forte preocupação com os assuntos recorrentes ao Sistema Público de Escrituração Fiscal Digital (SPED), sendo o SPED Contribuição o mais buscado, a partir de 2013, devido a recente implementação e a falta de conhecimento acerca desta nova prestação de informação. Quadro 4 - Capacitações com maior quantidade de inscritos Título da capacitação Ano SPED Contribuições EFD Pis/Cofins 168 2012 SPED - NFE/EFD, ECD e PAF ECF Título da capacitação 168 163 Ano E-Social - Sped Reestruturando o DP das empresas Sped Contribuições Inscritos Inscritos 115 2013 EFD contribuições: uma abordagem prática 118 136 Título da capacitação Ano Inscritos Alterações DCTF Até 133 Um nova relação entre Empregadores, empregados e Governo. E Social IRPF/2014 140 jul/2014 141 Fonte: Elaboração do autor com base nas informações do CRC-PB 3. METODOLOGIA O objetivo da pesquisa foi analisar a contribuição do Projeto Quintas do Conhecimento, desenvolvido pelo Conselho Regional de Contabilidade da Paraíba, no processo de educação continuada dos Contabilistas do Litoral Norte da Paraíba.Inicialmente, efetuou-se uma investigação bibliográfica sobre a educação continuada dos Contabilistas, como também, sobre o Projeto Quintas do Conhecimento, objetivando o confronto da literatura existente com os resultados alcançados por meio da pesquisa. 378 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A região eleita para desenvolvimento da pesquisa foi a Microrregião do Litoral Norte da Paraíba, a escolha se deu de forma intencional, em razão da viabilidade de acesso aos respondentes da pesquisa. A Microrregião selecionadaé formada por 11 cidades, sendo estas: Baia da Traição, Capim, Cuité de Mamanguape, Curral de Cima, Itapororoca, Jacaraú, Mamanguape, Marcação, Mataraca, Pedro Régis e Rio Tinto. Contudo, a pesquisa se restringiu as cidades de Mamanguape-PB (43.678 habitantes, representando 29,52% da Microrregião) e Rio Tinto-PB (23.883 habitantes, representando 16,13% da Mirorregião), devido a critérios como: a) serem as duas cidades que demonstram maior índice populacional, b) por serem as cidades mais antigas e prósperas da região, c) como também, por possuírem maiores quantidades de escritórios de Contabilidade, um dos principais locais de trabalho dos Contabilistas da região estudada. A pesquisa se desenvolveu com Contabilistas (Técnicos em Contabilidade e Contadores) que exercem suas atividades em uma das duas cidades (Rio Tinto e Mamanguape), participando da pesquisa apenas aqueles devidamente registrados no Conselho Regional de Contabilidade da Paraíba. A pesquisa utilizou como instrumento de coleta de dados um questionário, o qual foi aplicado, entre a 1ª e a 3ª semana de agosto do ano corrente, de forma presencial, como também, por meio eletrônico, a 44 (quarenta e quatro) Contabilistas seguindo o requisito mencionado anteriormente. Contudo, do total aplicado obtivemos o retorno de 35(trinta e cinco) Contabilistas, correspondendo a 80% dos profissionais questionados. A ausência das respostas de 9 (nove) questionários, pode ser explicadapelo fato da dificuldade de preenchimento por alguns entrevistados que não se mostraram interessados a participar do estudo, alegando principalmente falta de tempo. A aplicação dos questionários se deu em um primeiro momento na 1ª semana de agosto por meio de um pré-teste, objetivando o aperfeiçoamento do instrumento de coleta de dados, este foi aplicado a 7 (sete) Contabilistas, alcançando assim um feedback para que o mesmo pudesse ser usado de forma mais confiável, alcançando o objetivo traçado pela pesquisa. Após a realização do pré-teste verificou-se dificuldades dos respondentes quanto à compreensão de algumas questões do instrumento de coleta de dados, logo, foram realizadas todas as alterações e a partir de então os questionários foram aplicados à amostra selecionada. Posteriormente ao pré-teste, em um segundo momento que ocorreu durante a 2ª e a 3ª semana do mês de agosto aplicou-se o questionário definitivo, este questionário foi dividido em três partes, a saber: 1ªcomposta por 6 (seis) questões, buscando-se avaliar as características dos respondentes, 2ªcomposta por 8 (oito) questões, pretendendo-se analisar como se dá o processo de educação continuada desenvolvido pelos profissionais de Contabilidade pesquisados, 3ªformada por 10 (dez) questões, verificando-sequal foi a contribuição que o Projeto Quintas do conhecimento trouxe sobre a educação continuada dos profissionais da região estudada. O questionário foi composto por questões objetivas, como também por questões dissertativas, propondo ao respondente expressar sua opinião de uma forma mais ampla. Das questões que formaram o instrumento de coleta de dados 6(seis) possuíam a permissão para assinalar mais de uma opção, se assim fosse necessário. De posse dos dados da pesquisa, coletados por meio dos questionários aplicados, a análise se deupor meio de uma distribuição de frequências (relativa e absoluta) dos resultados, expostas por meio de tabelas, que foram interpretadas de forma descritiva, como também as informações coletadas por meio das questões dissertativas foram discutidas ao longo da seção dos resultados. 379 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4. ANÁLISE DOS DADOS 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS PESQUISADOS Tabela 1 - (Item 1 a 3) Caracterização do Profissional Pesquisado I Itens Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 1. Gênero: Masculino Feminino 19 16 54% 46% Total 35 100% 2. Idade: Até 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos Mais de 50 anos 16 10 7 2 46% 29% 20% 6% Total 35 100% 32 3 35 91% 9% 100% 3. Cidade em que atua: Mamanguape Rio Tinto Total Os profissionais estão divididos em percentuais semelhantes quanto ao gênero, apesar de uma pequena diferença, o que deixou o sexo masculino levemente mais presente na pesquisa com 54% (19) dos participantes. Quanto à idade dos profissionais, grande parte dos Bacharéis em Ciências Contábeis se encontra dentro das faixas etárias: até 30 anos 46% (16) e 31 a 40 anos 29% (10), os Contabilistas que se enquadraram nas demais faixas são os Técnicos em Contabilidade, este fator da faixa etária mais jovem para os Bacharéis e as mais avançadas para os Técnicos pode ser explicado por um fator da região, pois as cidades de Rio Tinto e Mamanguape possuíram em seus passados o ensino Técnico em Contabilidade e nos tempos atuais possui o curso de Bacharelado em Ciências Contábeis fornecido pela Universidade Federal da Paraíba em seu Campus IV. No que diz respeito à cidade de atuação dos profissionais, 91% (32) são atuantes na cidade de Mamanguape, pelo fato da mesma ser a cidade central e a maior da Microrregião do Vale do Mamanguape com 43.678 habitantes, como também pelo fato de alguns dos respondentes que não se obteve retorno serem atuantes na cidade de Rio Tinto, o que comprometeu a representatividade da cidade. Tabela 2 - (Item 4 a 6) Caracterização do Profissional Pesquisado II Itens Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 4. Formação Profissional: Técnico em Contabilidade Bacharel em Ciências Contábeis 09 26 26% 74% Total 35 100% 5. Tempo de Formado: Até 1 ano 2 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 06 07 12 02 17% 20% 34% 6% 380 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 16 a 20 anos Mais de 20 anos 03 05 9% 14% Total 35 100% 6. Tipos de entidades que atuam: Entidade Privada Entidade Pública Entidade do Terceiro Setor Não atuo na área contábil Total 30 08 04 02 44 68% 18% 9% 5% 100% Os Contabilistas se apresentam em sua maioria como Bacharéis em Ciências Contábeis representando 74% (26) dos participantes. Quanto ao tempo de formação, maior parte dos Bacharéis se encontra com até 10 anos de formação, já os Técnicos em Contabilidade todos possuem mais de 10 anos de formação. No que se refere aos tipos de entidades as quais estes profissionais atuam está em destaque as entidades privadas com 68% (30) que é a principal opção de trabalho para os profissionais, já que a região sobrevive do comércio e de algumas indústrias que se localizam na área de Rio Tinto-PB e MamanguapePB, como em áreas vizinhas. 4.2 PROCESSO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA DO PROFISSIONAL Tabela 3 - (Item 7) Na sua opinião o aperfeiçoamento contínuo é importante? Por quê? Sim Não Nunca pensei no Assunto Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 35 00 00 35 100% 0% 0% 100% Por unanimidade os Contabilistas afirmaram ser o aperfeiçoamento contínuo uma ferramenta importante, nas pesquisas anteriores Feitosa (2013) e Italiani e Buesa (2012) chegaram a conclusões semelhantes, seus entrevistados encaravam a capacitação como um fator de relevância, o que lhe passava um sentimento de mais segurança para o desempenho de suas atividades. Quando questionados sobre o porquê do aperfeiçoamento contínuo ser importante, os profissionais fizeram algumas afirmações, concluindo-se que, os Contabilistas encaram a educação continuada como uma forma de garantir um bom serviço ao cliente, o qual é competitivo no mercado, eles ainda relataram que a atualização é uma necessidade da profissão, visto que os assuntos se modificam corriqueiramente, principalmente a legislação, como também, eles se satisfazem profissionalmente por meio de seu aprimoramento e reciclagem. 381 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 4 - (Item 8) Para aprimorar seus conhecimentos, visando sua educação continuada, você participade: Cursos de Capacitação Palestras Seminários Congressos Nada, não aprimoro meus conhecimentos Outros Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 26 27 14 10 00 02 79 33% 34% 18% 13% 0% 3% 100% Para atender as necessidades da profissão contábil, como relatado pelos profissionais anteriormente, os mesmos buscam de alguma forma atualizar-se, sendo diversas as formas, estando como principais a realização de cursos de capacitação 33% (26) e participação em palestras 34% (27). Os respondentes que disseram realizar outras atividades para aprimorar o conhecimento listaram que realizam leituras, sendo esta uma atualização autodidata e fazem especializações como forma de se atualizar. Tabela 5 - (Item 9) Com que frequência se dá este aprimoramento? Anualmente Mensalmente Semanalmente Nunca Outros Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 10 08 05 00 12 35 29% 23% 14% 0% 34% 100% Depois de questionados sobre o que executam para aprimorar-se, questionou-se sobre a periodicidade que este fato ocorre, dentre as opções específicas o que mais se destaca é a atualização de forma anual 29% (10), contudo, a opção outros obteve 34% (12) e os profissionais elencaram dentro desta opção, não possuírem uma periodicidade exata para atualizarem-se e que a faz quando surge alguma oportunidade ou quando tem algum curso que desperte o interesse dos mesmos. Tabela 6 - (Item 10) Cursou algum tipo de Pós – Graduação: especialização, mestrado ou doutorado? Especialização Mestrado Doutorado Nunca cursei Pós – Graduação Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 16 00 00 10 26 62% 0% 0% 28% 100% Os profissionais demonstram que seus estudos não se encerram com o final da graduação, visto que 62% (16) dos Contabilistas possuem ao menos um tipo de pósgraduação, neste caso, são especialistas, evidenciando a importância dada por eles à educação continuada. É importante mencionar que 17% (6) possuem no máximo um ano de formação, ou seja, são profissionais recém-formados, e podem ainda estar cursando sua pós-graduação, fato que aumenta ainda mais o otimismo de que os profissionais Contábeis buscam capacitarse por meio de uma pós-graduação. 382 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para análise deste item (10) levou-se em consideração apenas os Bacharéis em Ciências Contábeis, visto que os Técnicos em Contabilidade não estão aptos a cursar qualquer tipo de pós-graduação. Tabela 7 - (Item 11) Faz uso de material técnico (revistas, manuais, sites profissionais, vídeos explicativos e etc.) para auxiliar o seu dia a dia profissional regularmente? Sim Não Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 32 03 35 91% 9% 100% Além de cursos de capacitação, palestras, especializações entre outros, outra forma de atualização dos Contabilistas, sendo esta uma atualização mais diária, é o uso de materiais técnicos, sendo utilizada por 91% (32) dos respondentes. Quando questionados por quais materiais técnicos eles buscam auxílio, verificou-se uma grande preocupação com órgãos fiscalizadores e fiscais/tributários, pois os profissionais relataram que usam para auxiliá-los no seu dia a dia os sites da Receita Federal do Brasil (RFB), Receita Estadual (Sefaz), Conselho Regional de Contabilidade (CRC), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mostrando desta forma como o profissional contábil está voltado as obrigações do Governo, pois precisam trabalhar com as exigências impostas por este tipo de usuário, como por exemplo, as obrigações acessórias, tributos e escrita fiscal. Os Contabilistas também buscam sites que possuem informativos mais abrangentes como, IOB online, Fenacon, Senofisco, Fiscosoft. Tabela 8 - (Item 12) Qual a sua área de interesse para atualização e formação continuada? Auditoria Tributária Controladoria Pública Custos Outras Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 14 21 11 08 06 03 63 22% 33% 17% 13% 10% 5% 100% Sobre a área de interesse para atualização fica em destaque a área tributária que representa a opinião de 33% (21) dos Contabilistas, o que reforça a preocupação deste profissional com as obrigações fiscais que se mostram tanto pelo conteúdo que este demonstrar buscar, como também pelo relato no item 7 que afirmam que a legislação se modifica corriqueiramente. Este fato se comprovou também no estudo de Cantelli (2012) que pesquisou o perfil do Contabilista de Criciúma – SC, de acordo com a autora a preocupação com a área tributária se dá devido às alterações que ocorrem na legislação que os levam à necessidade de uma atualização constante. 383 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 9 - (Item 13) O que tem motivado sua constante atualização? Exigência da Organização onde trabalho Exigência do Mercado Possibilidade de melhor remuneração Possibilidade de ascensão profissional Interesse científico Não me atualizo constantemente Outros Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 10 29 09 20 09 01 01 79 13% 37% 11% 25% 11% 1% 1% 100% No que concerne as principais motivações relatadas pelos Contabilistas para realização de sua atualização, esteve como destaque às exigências do mercado 37% (29) e a possibilidade de ascensão profissional 25% (20). Com as diversas mudanças que ocorrem com a Contabilidade, o Contabilista sente a necessidade de continuar se aperfeiçoando, grandes exigências surgiram tanto nos aspectos governamentais como, por exemplo, a implantação dos SPEDs, como também as demandas do processo de harmonização da contabilidade brasileira aos padrões internacionais, no trabalho de Gomes, Carvalho e Oliveira (2008) é defendido que os profissionais que não possuem uma formação nos padrões globais, ou seja, uma formação baseada em padrões internacionais, não farão parte desse movimento de harmonização. Seguindo a ideia de exigências do mercado Niyamaet. al. (2008) afirmou que a formação de nível técnico ou superior não é o suficiente para o profissional se manter ao longo dos anos de forma capacitada, a ciência contábil é uma ciência social, o que a torna sujeita de mudanças rotineiras. Desta forma as exigências e a necessidade de se manter e crescer no mercado são determinantes para o profissional contábil que vive uma realidade de mudanças. Tabela 10 - (Item 14) O que tem dificultado sua constante atualização? Falta de eventos na área de seu interesse Eventos dispendiosos Falta de tempo Pouca oferta de cursos Cursos dispendiosos Não tenho dificuldades para me atualizar Outros Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 15 07 19 10 09 02 00 62 24% 11% 31% 16% 15% 3% 0% 100% Contra os incentivos de aperfeiçoamento do profissional contábil que o realiza principalmente devido as necessidades do mercado e a busca de ascensão profissional, está a falta de tempo, que se destaca com 31% (19) das opiniões dos profissionais, sendo o principal ponto que dificulta o seu processo de atualização, esta falta de tempo pode estar associada ao fato das diversas obrigações que o profissional vem sendo submetido para cumprimento das exigências do governo, outro ponto também elencado com 24% (15) é a falta de eventos na área de interesse do profissional, que acaba não se qualificando devido à falta de oferta de profissionalização na área interessada. 384 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.3 O PROJETO QUINTAS DO CONHECIMENTO Esta seção buscou tanto avaliar a contribuição do projeto Quintas do Conhecimento sobre a educação continuada dos Contabilistas da região estudada, quanto à participação e avaliação dos mesmos com relação ao projeto. A partir do item 16 as questões foram formadas de forma aberta, deixando o profissional pesquisado à vontade para expressar sua opinião sobre o questionamento feito. Contudo, nos itens 16, 17,18,19, 22 e 23, observaramse respostas bastante similares, o que proporcionou a construção de alternativas formando-se assim as frequências referentes a estas alternativas. Desta forma, segue a análise: Tabela 11 - (Item 15) Conhece o Projeto Quintas do Conhecimento do CRC-PB? Sim Não Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 33 2 35 94% 6% 100% Primeiramente,foi avaliado se os Contabilistas eram conhecedores do projeto, ressaltando que os profissionais foram orientados a responder que não o conhecia, apenas em caso que nunca tivessem ouvido falar sobre o mesmo, o que lhes isentariam de responder as demais questões, já que estas seriam respondidas apenas por aqueles que já ouviram falar ou participaram em algum momento das Quintas do Conhecimento. Sendo assim, 94% (33) dos Contabilistas afirmaram serem conhecedores do Projeto Quintas do Conhecimento, o que demonstra o seu alcance diante dos profissionais. Os demais itens da análise contaram com apenas 33 respondentes, devido a 6% (2) deles não serem conhecedores do projeto. Tabela 12 - (Item 16) Quando você busca capacitar-se, você busca as capacitações do Projeto Quintas do Conhecimento ou outras capacitações? Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) Busco apenas o Projeto Quintas do Conhecimento Busco o Projeto Quintas do Conhecimento e outras capacitações Busco outras, não busco o Projeto Quintas do Conhecimento 10 12 11 Total 33 30% 36% 33% 100% Quanto à escolha da forma de capacitar-se, buscou-se saber se dentro desta procura o Quintas do Conhecimento estava presente como opções dos Contabilistas, detectando-se que 66% (22) dos profissionais utilizam as capacitações realizadas pelo projeto, sejam essas como única forma de se capacitar ou como uma forma a mais, visto que alguns profissionais buscam além das capacitações realizadas pelo projeto, outras que são alheias ao mesmo. Apesar de 33% (11) dos Contabilistas, conhecerem o projeto, mas não buscarem suas capacitações, este capacitador demonstra-se bem procurado pelos profissionais da Microrregião do Litoral Norte. Tabela 13 - (Item 17) Na sua opinião o Projeto Quintas do Conhecimento incentiva o profissional a atualizar-se? Sim Não Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 32 1 33 97% 3% 100% 385 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quando questionados sobre o incentivo que o projeto Quintas do Conhecimento traz para a sua atualização, eles afirmaram quase que por unanimidade 97% (32) que o projeto incentiva sua profissionalização. Acreditando-se que este é uma boa ferramenta para sua educação continuada. Tabela 14 - (Item 18) Quanto tempo faz que você participou de um curso promovido pelo Projeto Quintas do Conhecimento? Semanas Meses Anos Nunca participei dos cursos do Projeto Quintas do conhecimento Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 5 10 9 9 33 15% 30% 27% 27% 100% Apesar do projeto ser considerado uma boa ferramenta de capacitação, este tem uma baixa frequência por parte dos Contabilistas, já que 57% (19) afirmaram que faziam meses ou anos que não buscavam um curso promovido pelo Quintas do Conhecimento. Tabela 15 - (Item 19) Você já participou de quantos cursos de capacitação do Projeto Quintas do Conhecimento? De 1 a 2 De 3 a 4 Mais de 4 Não lembro Nunca participei Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 4 7 9 3 10 33 12% 21% 27% 9% 30% 100% Mesmo com a baixa frequência, ou seja, a baixa procura em um curto espaço de tempo, por parte dos respondentes, estes demonstraram terem participado de uma grande quantidade de capacitações, já que 48% (16) participaram de três ou mais cursos de capacitação e apenas 30% (10) afirmaram nunca terem participado. No item 20 o profissional foi questionado sobre sua opinião a respeito do retorno que o profissional Contábil consegue com o projeto Quintas do Conhecimento. Desta forma, os Contabilistas relataram que o retorno proporcionado pelas capacitações do projeto é o processo de atualização recebido por meio da troca de informações e conhecimento, contudo, devido aos seus cursos de capacitação serem de curta duração, exige-se que os profissionais reforcem os estudos sobre a temática abordada, não restringindo seu conhecimento a este curto espaço de tempo. Quando questionados sobre sua posição a respeito da continuidade do projeto Quintas do Conhecimento e a implementação de outros, no item 21, todos foram a favor deste projeto,afirmando que este é importante para formação profissional e estimula o aperfeiçoamento. Porém, os Contabilistas demonstram um desejo de que o projeto precisa atuar em uma maior quantidade de municípios, se descentralizando cada vez mais. 386 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 16 - (Item 22) Sobre quais temas você acha que deveria haver mais capacitações no Projeto Quintas do Conhecimento? Auditoria Contabilidade Pública Terceiro Setor Controladoria Custos Contabilidade Societária Previdenciária: Folha de pagamento, recursos humanos e e-Social Tributária e Fiscal: Impostos, Speds e outras obrigações acessórias Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 1 6 2 3 2 2 5 17 38 3% 16% 5% 8% 5% 5% 13% 45% 100% Os Contabilistas foram questionados sobre quais temas deveria haver mais capacitações no projeto Quintas do Conhecimento, logo, eles afirmaram que deveria haver mais capacitações sobre temas relacionados à área tributária e fiscal. Este desejo é comprovado quando se verifica que os cursos do projeto conforme o quadro 4, que traz os cursos com maiores números de inscritos, mostra queos mais procurados são os desta área, também observa-se que o Quintas do Conhecimento já disponibiliza diversos cursos sobre estas temáticas, principalmente no que concerne aos Speds, assunto muito procurado, pois muitos Contabilistas têm enfrentado dificuldades após sua implementação. Tabela 17 - (Item 23) Existe algum ponto desestimulador que evita sua presença nas capacitações promovidas pelo Projeto Quintas do conhecimento, como, distância, temas divergentes do seu interesse, tempo, entre outros fatores? Falta de tempo Distância entre o local de trabalho e a cidade da capacitação Falta de interesse pelos temas Horário das capacitações Falta de recurso financeiro Não existe ponto desestimulador Total Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) 11 19 5 4 1 6 46 24% 41% 11% 9% 2% 13% 100% No que se refere as dificuldades enfrentadas pelos profissionais para estarem presentes nas capacitações do projeto, observa-se que são dois os principais motivos: distância entre o local de trabalho e a cidade da capacitação 41% (19) e a falta de tempo 24% (11). Sobre a distância, podemos concluir que, a cidade mais próxima que disponibiliza as capacitações do projeto é a capital paraibana, porém João Pessoa fica a uma média de 61 Km de Mamanguape e a 69 Km de Rio Tinto, o que inibe a participação dos profissionais, já que precisam se deslocar das suas cidades origem. Como vistas a uma solução para este fato alguns Contabilistas citaram que o projeto deveria se estender para a Microrregião do Vale do Mamanguape, estando disponível nesta localidade ao menos uma vez por mês.No que diz respeito à falta de tempopode estar associado a necessidade de ter que sair de seus locais de trabalho mais cedo para chegar as capacitações no horário determinado, já que estas se iniciam às 17:00, e nem sempre isso é possível, uma vez que os profissionais Contábeis estão sempre com muitas obrigações a cumprirem. 387 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Outra colocação feita foi o fato de algumas capacitações serem via TV Contabilistas, pois para aqueles que possuem preferências para as capacitações presenciais, sendo este outro ponto desestimulador. O item 24, foi o último item da pesquisa e foi feito para que os profissionais elencassem pontos que não foram abordados nas questões anteriores, como também,expressassem o que desejassem sobre o projeto, então, os profissionais complementaram neste item com o desejo de que o projeto Quintas do Conhecimento fosse implementado na Microrregião do Litoral Norte, o que demonstra que este é considerado pelos Contabilistas pesquisados uma boa ferramenta de capacitação 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo traçado na pesquisa foi alcançado, verificando-se assim que, o projeto Quintas do Conhecimento contribui na formação continuada do Contabilista da região estudada, assim, pode-se comentar suscintamentesobre como acontece essa contribuição, bem como as limitações com as quais o estudo se deparou e a contribuição para pesquisas futuras. Para os Contabilistas da região estudada o aperfeiçoamento contínuo é uma ferramenta de extrema relevância devido as exigências do mercado e a possibilidade de ascensão profissional, como também, pelas mudanças ocorridas corriqueiramente na Contabilidade e principalmente na legislação aplicada. Os profissionais utilizam para capacitar-se, cursos de capacitação, palestras e quando se formam sua maioria cursam uma especialização, já para as atualizações mais diárias, fazem consultas a materiais técnicos. No contexto das formais de atualização dos profissionais Contábeis, surge o projeto Quintas do Conhecimento, buscando incentivar a educação continuada da classe contábil paraibana. Na percepção dos Contabilistas, o projeto desempenha um importante papel na formação e aperfeiçoamento profissional dos mesmos, devendo assim dar continuidade as suas atividades. Os profissionais demonstraram interesse pelas capacitações das áreas tributária e fiscal, as quais já são bastante abordadas pelo projeto. Além disso,apoiam a implementação de outros projetos e ressaltam que mesmo as capacitações do projeto, através da troca de informações que acontece, tendo contribuído com a atualização dos mesmos, fazse necessário que o conhecimento não se restrinjaapenas ao curto espaço de tempo em que ocorre a capacitação. Para estes profissionais, a distância e a falta de tempo são os fatores que mais os desestimulam a participarem das capacitações realizadas pelo projeto Quintas do Conhecimento, e expressam o desejo de que o mesmo possa se estender para a Microrregião do Litoral Norte da Paraíba, para que assim ele possa cooperar ainda mais com a educação continuada dos Contabilistas da Microrregião. Esta pesquisa apresentou algumas limitações, como a dificuldade de preenchimento dosquestionários por alguns entrevistados que não se mostraram interessados em participar do estudo, alegando principalmente falta de tempo, além de outros apresentaremrespostas vagas e repetitivas, podendo-se apontar como possível causa dessa dificuldade o fato do questionário apresentar questões discursivas. Como também, a questão da generalização, pelo fato dos resultados alcançados representarem apenas a realidade da localidade estudada. 388 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Como contribuição para pesquisas futuras indica-se que a pesquisa seja ampliada a todos os Contabilistas do Estado da Paraíba, para que assim, possa ser verificada a contribuição do projeto sobre a educação continuada da classe Contábilparaibana em geral. REFERÊNCIAS AMORIM, Lourival Pereira. Programa Obrigatório de Educação Profissional Continuada: uma análise qualitativa da percepção dos auditores independentes da região sul do Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – UFSC, FlorianópolisSC, 2010. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DA PARAÍBA. Projeto Quintas do Conhecimento. Jornal informativo do CRC - PB, ano IV, n. 09, João Pessoa-PB, abril/2012. CANTELLI, Taise Fernandes.Um Estudo sobre a Educação Continuada dos Profissionais da Área Contábil de Criciúma/SC. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) – UNESC, Santa Catarina-SC, 2012. COSTA, Adailton Coelho. LINS, Sebastião Alves. Mamanguape Minha Terra. João Pessoa: Gráfica J. B. ltda., 1992. COSTA, Adailton Coelho. Mamanguape Minha Terra. 2 ed. João Pessoa: Unigraf, 2005. FEITOSA, Eleusa Pereira. Uma Análise da Educação Continuada dos Contabilistas do Distrito Federal. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) – UNICEUB/FATECS, Brasília-DF, 2013. FERNANDES, João Batista. Pai do Vento. 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Formação, Certificação e Educação Continuada: um Estudo Exploratório do Profissional Contábil sob a Ótica do Mercado. In: XXXI Enanpad, Rio de Janeiro – RJ, 2007. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EPQ-B2464.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2014. 389 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE CONTRIBUIÇÃO EFETIVA DOS ESTÁGIOS EXTRACURRICULARES COMO ELEMENTO PARA A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS AUTORES: Maria Simone Nascimento Carreiro, Sheila Sayuri Kataoka, Jéssica Maria da Silva Meireles e Emanuelle Priscila de Almeida Peixoto. RESUMO As possibilidades de emprego na área contábil estão cada vez maiores visto que as Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) têm maior representatividade no mercado logo, precisam de profissionais capacitados para atender a essa demanda. Um dos meios dos estudantes de Ciências Contábeis terem acesso a esse mercado é através do estágio, que é a exteriorização do aprendizado acadêmico além dos limites da universidade. Pode ser classificado como curricular ou obrigatório e extracurricular ou não obrigatório, sendo este último foco desta pesquisa. A pesquisa teve como objetivo geral identificar a contribuição dos estágios extracurriculares como elemento para a qualificação profissional dos estudantes de Ciências Contábeis em três instituições de ensino superior das cidades de João Pessoa, Mamanguape e Campina Grande do estado da Paraíba. Caracteriza-se como uma pesquisa descritiva de levantamento (Survey). A coleta dos dados foi realizada através de questionário composto de seis questões e dividido em duas partes: quatro questões na caracterização dos pesquisados e duas questões na caracterização do estágio, sendo a segunda parte analisada através da escala likert. O total da amostra pesquisada foi de 559 estudantes representando 39% do total de matriculados. Os resultados permitiram concluir que o estudante de Ciências Contábeis possui um estágio adequado, porém faltam estímulos e oportunidades ao mesmo para que este se desenvolva e possa crescer profissionalmente. Palavras-chave: Estágio extracurricular. Profissão contábil. Mercado de trabalho. Área Temática: Ensino e pesquisa em contabilidade. 1 INTRODUÇÃO Existem 6,1 milhões de Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) atualmente no Brasil, segundo dados do Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2010) o crescimento e expansão significativa das micro e pequenas empresas no contexto brasileiro, as possibilidades de emprego na área contábil estão cada vez maiores e precisa-se de profissionais capacitados para atender a demanda de mercado. Observando a Lei Complementar nº 123/06 e Lei Complementar nº 139/11 que tratam, dentre outras coisas, da necessidade de um profissional para a escrituração contábil das MPE’s. Para atuar como contador, o profissional, dentre algumas obrigações, deve manter-se atualizado em relação às novidades da profissão, ter conhecimento de áreas: administrativas, financeiras e operacionais. Sendo assim, durante o curso de graduação, os estudantes devem ter contato com a prática contábil para que possam conhecer o futuro ambiente de trabalho, obter experiência e ter acesso às diversas áreas da Contabilidade, para tanto, uma das opções de inserir os estudantes nesse mercado é o estágio. 390 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Através do estágio há a oportunidade de contato com a atividade contábil fora do curso referido. , O estágio pode ser dividido em estágio curricular ou obrigatório, onde a carga horária é requisito para a formação acadêmica do estudante e extracurricular ou não obrigatório, que não tem vínculo empregatício com as empresas, mas que oferece várias áreas de atuação, permitindo que o estudante possa obter um bom nível de conhecimento profissional. Esta pesquisa terá como foco os estágios extracurriculares. Apesar de o estágio servir como elemento na inserção dos estudantes no mercado de trabalho, o que se percebe é que muitas empresas tem a visão do estagiário como, segundo Oliveira (2008, p.51), “mão-de-obra barata e explorada”, o que resulta em casos de estágios, com carga horária de 40 horas semanais e valor de bolsa-auxílio inferior às horas trabalhadas, atribuição de serviços que não corresponde ao plano político pedagógico do curso, colaborando para a desvalorização do mesmo. Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Uberlândia feita com 250 estudantes de Ciências Contábeis revelou que, 78% dos estudantes buscam o estágio com o objetivo de obter experiência profissional e que 80% afirmaram que os estágios oferecidos proporcionam ou proporcionaram experiências úteis para o seu futuro profissional. Pouco mais de 50% dos entrevistados relataram que os estágios conseguem abordar os aspectos práticos vistos durante o período de graduação. Entretanto, nem todas as oportunidades de estágio acontecem como da forma descrita acima. Acredita-se que, em alguns estágios ofertados, as empresas não valorizam ou desestimulam o estagiário, impedindo este a tornarse um profissional qualificado e inovador que poderá se tornar um dos colaboradores contribuindo para o sucesso da mesma. Conforme Silva (2009, p. 42) “muitos são os estudantes que se deparam com real situação de serem contratados para estagiarem e no dia a dia da labuta, são explorados pelos empregadores, desvirtuando totalmente a conduta do estágio”. Diante do contexto apresentado, surge o seguinte questionamento: Os estágios extracurriculares contribuem para a qualificação profissional dos estudantes de Ciências Contábeis das cidades da grande João Pessoa e Campina Grande? Desta forma o presente estudo tem como objetivo geral identificar a contribuição dos estágios extracurriculares como elemento para a qualificação profissional dos estudantes de Ciências Contábeis em três instituições de ensino superior de João Pessoa, Mamanguape e Campina Grande. E tem por objetivos específicos: analisar a aplicação prática do saber teórico adquiridos em sala de aula no estágio extracurricular; identificar benefícios resultantes do estágio extracurricular no perfil profissional dos estudantes; identificar as desvantagens do estágio extracurricular para os estudantes de Ciências Contábeis. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O estágio e suas características O estágio é uma ferramenta útil para os estudantes na inserção do mercado de trabalho. A Lei 11.788 de 2008 ou a nova Lei do Estágio, como é chamada, define o estágio como a forma educativa escolar de orientação desenvolvida no local de trabalho a fim de preparar o trabalho produtivo de discentes que estejam frequentando o ensino regular em instituições de ensino. O Estágio pode ser dividido em estágio curricular ou obrigatório e estágio extracurricular ou não obrigatório. A nova Lei do Estágio em seu art. 2º, § 1º e 2º traz 391 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE essa classificação do estágio obrigatório, que é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma e estágio não obrigatório, aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. Com relação ao estágio curricular nas Diretrizes Curriculares Nacionais instituída pela Resolução CNE/CES 10 de 16 de dezembro de 2004, é definido que: Art. 7º O Estágio Curricular Supervisionado é um componente curricular direcionado para a consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus Colegiados Superiores Acadêmicos, aprovar o correspondente regulamento, com suas diferentes modalidades de operacionalização. Já no extracurricular, não se tem vínculo empregatício com as empresas e nem são evidenciados no Histórico Escolar do graduando, mas oferece várias áreas de atuação, permitindo que o estudante possa ter uma visão mais abrangente sobre sua futura carreira profissional. Observando o estágio dentro do foco universitário, Angnes, Lima e Paula (2007) acreditam que o estágio contribui para o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, visto que os autores argumentam que o estágio é a exteriorização do ensinamento teórico além dos limites da universidade. É o ambiente em que o discente desenvolverá seus conhecimentos correlacionando teoria e pratica. Com base nas definições apresentadas é possível perceber que, a prática do estágio possibilita ao estudante conciliar o conhecimento acumulado durante o curso com a realidade do mercado, as atividades, o ambiente de trabalho, as dificuldades e vantagens e tudo o que irá nortear sua futura profissão. Toda a perspectiva adquirida durante a execução do estágio será útil para atentar ao estudante sobre a sua decisão profissional, validando ou não às suas expectativas. Um outro aspecto a ser considerado no desenvolvimento do estágio, segundo Vasconcelos (2010, p. 25) diz respeito às competências comportamentais como disciplina, senso de hierarquia, trabalho em equipe, liderança, criatividade, entre outros. Segundo a autora, na atualidade, essas características são até mais valorizadas pelo mercado de trabalho do que muitas competências técnicas. Ainda de acordo com Vasconcelos, (2010, p. 25), “a bolsa-auxílio constitui-se como um recurso financeiro fundamental para que um imenso contingente de estudantes de baixa renda possa financiar seus estudos”. A Nova Lei do Estágio indica que a empresa é quem acorda o valor da bolsa-auxílio, no entanto, algumas ofertam valor inferior a meio salário mínimo, o que comprova ser outro fator de desvalorização. Outros aspectos negativos também podem ser observados no estágio. No âmbito empresarial, é possível visualizar empresas em que ocorrem desvios de função em relação aos estagiários, em que os mesmos são alocados em atividades distintas àquelas contratadas, comprometendo o seu aprendizado e preparação técnica. A execução de serviços que não estão em conformidade com as finalidades do estágio podem denotar de certa forma a falta de valorização do estagiário nessas unidades. A desvalorização do estagiário é discutida por Oliveira (2009, p. 214) que em suas pesquisas destacou que: O estagiário é com frequência motivo de piadas e recebe a culpa pelos erros ocorridos no setor, mesmo que estes não tenham sido sua responsabilidade. Por ser um profissional que ainda está sendo formado todo erro cometido na execução de algum processo ou realização de tarefa é atribuído ao estagiário. 392 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Oliveira (2009, p. 212) realizou entrevistas com universitários do curso de Administração e constatou que “Ao estagiário são destinadas as funções de menor importância, repetitivas e de pouco valor agregado: passar fax, fazer fotocópias, servir café, entre outras”. O resultado do desvio da função e da desvalorização pode gerar a insegurança do jovem na inserção do mercado de trabalho, resultando na procura por oportunidades semelhantes devido à ausência de conhecimentos na área. 2.2 O estágio no curso de Ciências Contábeis como elemento para a qualificação profissional O estágio é uma ferramenta considerada importante na vida do estudante independente do nível que está cursando. É por meio dele que o mesmo tem a oportunidade de vivenciar experiências que contribuem tanto para o aprimoramento dos conhecimentos quanto para o desenvolvimento profissional. No curso de Ciências Contábeis, esse entendimento é reforçado por Albuquerque e Silva (2006, p.1) afirmam que: O estágio no curso de ciências contábeis é uma etapa importante do aprendizado. Nele, o aluno terá a oportunidade ímpar de testar os conhecimentos científicos adquiridos no âmbito da universidade, ao desenvolver suas habilidades e competências, estruturando o seu saber e aprimorando sua formação profissional. Conforme dados do ABRES (Associação Brasileira de Estágios) referentes à segunda temporada de 2011, a área com mais vagas de estágio na Paraíba é a de Contabilidade, dentre Gestão de Administração, Informática e Marketing. O estágio no curso de Ciências Contábeis está regulamentado na Resolução CNE/CES 10, de 16 de dezembro de 2004 no inciso IV do art. 2º e inciso V do § 1º do referido artigo: Art. 2º As Instituições de Educação Superior deverão estabelecer a organização curricular para cursos de Ciências Contábeis por meio de Projeto Pedagógico, com descrição dos seguintes aspectos: (...) IV - estágio curricular supervisionado; (...) § 1º O Projeto Pedagógico, além da clara concepção do curso de graduação em Ciências Contábeis, com suas peculiaridades, seu currículo pleno e operacionalização, abrangerá, sem prejuízo de outros, os seguintes elementos estruturais: (...) V - modos de integração entre teoria e prática; (...) A referida resolução em seu artigo 4º estabelece algumas competências e habilidades reveladas através do contador que são, (...) III - elaborar pareceres e relatórios que contribuam para o desempenho eficiente e eficaz de seus usuários, quaisquer que sejam os modelos organizacionais; IV - aplicar adequadamente a legislação inerente às funções contábeis; 393 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE V - desenvolver, com motivação e através de permanente articulação, a liderança entre equipes multidisciplinares para a captação de insumos necessários aos controles técnicos, à geração e disseminação de informações contábeis, com reconhecido nível de precisão; VI - exercer suas responsabilidades com o expressivo domínio das funções contábeis, incluindo noções de atividades atuariais e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais, que viabilizem aos agentes econômicos e aos administradores de qualquer segmento produtivo ou institucional o pleno cumprimento de seus encargos quanto ao gerenciamento, aos controles e à prestação de contas de sua gestão perante a sociedade, gerando também informações para a tomada de decisão, organização de atitudes e construção de valores orientados para a cidadania; (...). O estudante, diante das oportunidades de estágio, poderá buscar adquirir as competências e habilidades citadas no referido artigo como forma de amadurecimento profissional visando à qualificação. Cada característica absorvida pelo jovem pode ser aperfeiçoada para tornar-se um diferencial desse futuro contador. Frey e Frey (2002, p. 4) ressaltam que, É comum ouvir depoimentos dos alunos que as aulas são muito teóricas e que os modelos não se aplicam à realidade e, principalmente, os que concluem o curso que não se sentem preparados para assumir a responsabilidade técnica das atividades contábeis, como empregados ou como profissionais autônomos. Suas inseguranças residem em não terem manuseado documentos e não se terem deparado com situações reais. Observam-se assim que o contato com a profissão contábil agregará muito mais a um estudante do curso em questão vez que, em alguns casos, as aulas teóricas são insuficientes para ter um conhecimento abrangente de tudo o que norteia a Contabilidade, para que o mesmo possa se destacar numa potencial vaga de emprego. O curso é bastante segmentando assim, as ofertas de vagas de estágio são maiores e, consequentemente, a facilidade de aquisição de experiências na profissão será proporcional. Como Contador terá áreas como Contabilidade Financeira, de Custos ou Gerencial; como Auditor, Auditor Independente ou Interno; como Analista econômico-financeiro; Perito Contábil; Consultor Contábil; Cargos públicos (Fiscal de renda) ou administrativos (Controller) ou em outras áreas que ainda são ocupadas pelo profissional como Investigador de Fraudes, Escritor, Parecerista, Avaliador de Empresas, Conselheiro Fiscal, Mediador, Árbitro etc. (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2009). No que concerne à execução de atividades estranhas ao campo contábil e por consequência a desvalorização das funções do estagiário na organização, Santos (2005, p.1) exemplifica: (...) estagiário de escritório de contabilidade que constantemente é obrigado a passar quase o dia todo tirando xerox e a cumprir horários incompatíveis com o que foi estabelecido. Este exemplo deixa claro que a intenção da empresa não é fornecer subsídios favoráveis à aprendizagem, e sim usufruir de maneira desonesta do estagiário burlando o que se assevera a legislação. Com relação à finalidade do estágio que se baseia na exteriorização dos conhecimentos acumulados pelo aluno em sala de aula, uma pesquisa realizada com os estudantes de Ciências Contábeis na Universidade Federal de Uberlândia em Minas Gerais revelou que 46% dos 100 entrevistados não conseguem ou pouco abordam os aspectos 394 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE práticos no decorrer da graduação, o que comprova que os estágios não suprem com total êxito as expectativas dos estudantes com relação à aplicação prática dos conhecimentos teóricos adquiridos em sala (ESPÍNDULA et al., 2007). Oliveira (2008, p. 51) revelou, em uma pesquisa feita com 77 estudantes egressos da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) do curso de Ciências Contábeis, referente ao período de 2004/1 e 2004/2 que, 31 ex-alunos declararam-se insatisfeitos (40,26% dos alunos entrevistados). Desses, 10 consideram que o estágio não contribuiu para o curso, 5 acham que a remuneração é muito baixa, 13 disseram que quase não atuaram na área contábil, e os outros 3 afirmaram ser muito cansativo trabalhar e estudar durante a realização da graduação, sendo que esses estagiaram oito horas diárias. Portanto, apesar do estágio ser uma ferramenta útil na inserção dos jovens no mercado de trabalho, a insatisfação desses estudantes com esta prática em algumas empresas é notável assim como o tratamento abusivo destas com relação às atividades executadas por aqueles. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa caracteriza-se quantos aos objetivos como descritiva, pois descreve a contribuição efetiva dos estágios extracurriculares para a qualificação profissional dos estudantes de Ciências Contábeis. Quantos aos procedimentos caracteriza-se como levantamento ou Survey, pois foram coletado dados, através de questionários, no local onde ocorreram os eventos. O questionário foi aplicado durante o mês de julho e teve como base o estudo de Michele de Oliveira Vasconcelos (2010) sobre a “Contribuição dos estágios na formação do profissional da informação: estudo com egressos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)”. O questionário é composto por seis questões fechadas sendo duas delas com escalas do tipo Likert, que varia de Discordo totalmente a Concordo totalmente. Apresenta-se em duas partes, sendo a primeira como forma de identificação do perfil e da quantidade de estágios dos estudantes contendo 4 questões e a segunda parte a caracterização do estágio com os benefícios e as dificuldades enfrentadas pelos estagiários contendo 2 questões. O universo da pesquisa é composto pelos estudantes de Ciências Contábeis da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) nos campus de João Pessoa e Mamanguape e na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) no campus de Campina Grande, cursando do 4º período ao último, sendo até o 8º no turno diurno e até 10º período no turno noturno. A partir do 4º período do curso é que são ofertadas vagas de estágio pelas empresas através dos agentes de integração como o CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) ou IEL (Instituto Euvaldo Lodi). Os dados referentes à quantidade de alunos por período do curso foram coletados através da coordenação do curso de cada instituição. O Quadro 1 apresenta a quantidade de alunos matriculados e pesquisados de cada instituição de ensino: 395 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ALUNOS UFPB UFPB UEPB João Pessoa 559 255 46 Mamanguape 288 177 62 Campina Grande 599 127 21 TOTAL Matriculados Pesquisados % 1.446 559 39 Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Quadro 1: Resumo da Amostra Ressalta-se que, segundo a coordenação do curso de cada instituição, não existe a obrigatoriedade de estágio no curso de bacharelado em Ciências Contábeis nas universidades pesquisadas, não interferindo na aprovação do estudante e obtenção do diploma. A técnica utilizada para análise dos dados foi realizada através de planilhas do programa Microsoft Excel, computando porcentagens, totalizando as quantidades para assim, elaborar gráficos como forma de melhor visualização dos resultados. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Caracterização dos Pesquisados O total das estudantes do gênero feminino é de 274 estudantes representando 49% do total, já os discentes do gênero masculino, foram pesquisados 285 alunos o que representa 51% da amostra. Sobre as Instituiçoes de Ensino Superior, identificou-se que na UFPB, campus João Pessoa, obteve o maior numero de respondentes, representando 45% dos alunos, já no campus de Mamanguape, da mesma instituição, apresentou um percentual de 32% dos pesquisados, seguido da UEPB, na cidade de Campina Grande, com 23% do total. Após a coleta e o levantamento dos dados foram analisados o turno e o período do curso dos estudantes. Identificou-se que 24% dos alunos pesquisados estudam no período diurno, entretanto a maioria dos discentes estudam no período noturno, representando 76% do total. A Tabela 1 retrata a quantidade dos estudantes que já vivenciaram ou não experiência de estágio. Tabela 1 – Quantidade dos estudantes que já estagiaram Período 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º TOTAL Quantidade Sim 41 49 46 47 48 23 30 268 Não 55 41 60 39 31 12 37 291 Percentual (%) Sim 43 54 43 55 61 66 45 - Não 57 46 57 45 39 34 55 - Fonte: Dados da Pesquisa (2013) 396 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A quantidade de estudantes que já tiveram a oportunidade de estágio é de 268 e dos que não estagiaram alcança o número de 291. Tais números indicam que mais da metade dos alunos, 52% do total, chegam próximo ao final do curso sem ter tido experiência prática na área. A Tabela 2 apresenta a justificativa dos pesquisados que não estagiaram durante a formação acadêmica. Tabela 2 – Justificativa dos pesquisados por não optarem pelo estágio Justificativas Falta oportunidade Está trabalhando no momento Falta tempo para estagiar Não tem pretensão de estagiar Outros TOTAL Quantidade 65 169 42 9 6 291 % 22 58 15 3 2 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2013) O que se percebe é que 58% dos estudantes pesquisados estão trabalhando atualmente, representando uma grande quantidade de jovens em processo de capacitação profissional que já estão inseridos no mercado de trabalho. Cabe ainda observar, as escolha das opções “Falta oportunidade” e “Está trabalhando no momento” nota-se os maiores percentuais o que leva a perceber que os estudantes podem estar encontrando dificuldades como falta de oportunidade e outros já se encontram inseridos no mercado de trabalho, podendo não optar pelo estagio em virtude do vinculo empregatício. Os respondentes que justificaram a falta de oportunidade em geral são os estudantes do 4º período, o que confirma que as empresas não estão ofertando de estágios para iniciantes pela falta de experiência profissional e pouco conhecimento contábil. Outro motivo é que alguns pesquisados que marcaram essa opção são de cidades pequenas onde o comércio é pouco representativo, como a cidade de Mamanguape. Um dos estudantes comentou que na cidade em questão as ofertas de estágios não são tão fortes como na capital João Pessoa e, portanto, as mesmas são bem menores. Os estudantes que marcaram a opção “outros” comentaram que o motivo de não estagiarem é devido ao fato de estarem estudando para concurso público, alguns que já foram aprovados e estão à espera de convocação, outros justificaram por motivos de saúde, ou ainda que, desconhecem o que seria a prática do estágio. A Tabela 3 indica a quantidade de estágios na área contábil revelada pelos respondentes. Tabela 3 – Quantidade de estágios na área contábil Estágios na área contábil Sim Não TOTAL Total 166 16 182 % 91 9 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2013) É importante observar que esta pergunta foi restrita aos estudantes que estagiam atualmente e do total de 268 que já estagiaram apenas 182 mantem estágio no momento representando 68% dos pesquisados. Os 16 estudantes que não tem estágio na área contábil afirmaram que são vagas no setor financeiro, área bancária, de elaboração de projetos, 397 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE comércio varejista de supermercados, atendimento, biblioteca, auxiliar administrativo, setor administrativo, de processos e alguns com estágios em escritórios de advocacia, referente aos estudantes que além de Contabilidade cursam Direito. A Tabela 4 aponta a quantidade de estudantes que conseguiram ou não visualizar algum benefício para a sua formação profissional através da prática do estágio. Tabela 4– Quantidade de estudantes que visualizam ou não benefício para a sua formação profissional através do estágio Benefícios para a formação profissional Sim Não TOTAL Total 228 40 268 % 85 15 100 Fonte: Dados da Pesquisa (2013) É interessante notar que 85% dos respondentes conseguiram visualizar algum benefício para a formação profissional através dos estágios, apesar dos 15% que não verificaram benefício, podendo comprovar que a função do estágio além de estar sendo cumprida também agrega valor a esses estudantes na inserção do mercado de trabalho contábil. Nesta parte serão considerados apenas os estudantes que dizem realizar ou já realizaram alguma atividade de estagio, onde 268 representou o total desses pesquisados. Serão considerados, para fins de analise, os percentuais de “concordo em parte” juntamente com “concordo totalmente”, da mesma forma que os percentuais de “ discordo em parte” e “discordo totalmente”. A Figura 1 apresenta a quantidade de estudantes que adquiriram conhecimentos novos da área, não abordados na universidade. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 1 – Aquisição de conhecimentos novos, não adquiridos na universidade (%) Através dos dados coletados constata-se que dos 268 alunos que dizem estagiar na área contábil durante o curso 80,6% dos respondentes concordam que conseguiram adicionar conhecimentos àqueles adquiridos na universidade, o que é benéfico para esses estudantes, pois aumenta a experiência melhorando o perfil profissional desses estudantes. As aulas teóricas, assim consideradas por alguns alunos, são complementadas pelo estágio com novos aprendizados, podendo ser utilizados como diferencial futuramente, diante da concorrência por uma vaga de emprego. A Figura 2 indica a quantidade de pesquisados que realizaram atividades pertinentes à sua área de formação. 398 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 2 – Realização de atividades pertinentes à área de formação do estagiário (%) De acordo com a Figura 2 verificou-se que os 75% dos respondentes concordam que realizaram atividades as quais estão em conformidade com a área contábil o que descarta o comportamento de algumas empresas com relação ao estágio, desvirtuando o fim primeiro do estágio. Através do contato com as atividades contábeis por meio do estágio, os estudantes podem conhecer o ambiente e a rotina contábil e assim garantir o aprendizado para sua formação profissional. A Figura 3 analisa a quantidade de estudantes que informaram se a instituição em que estagiou demonstrou preocupação com seu crescimento profissional, oferecendo cursos, treinamentos, palestras, etc. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 3 – Preocupação da Instituição cedente com o crescimento profissional do estagiário (%) A partir dos resultados pode-se constatar que 47,8% dos estudantes concordam que a instituição não demonstrou preocupação com seu crescimento profissional sem oferecer cursos, treinamentos ou palestras, artifícios que possam estar preparando esse estudante para melhor desempenho nessa instituição. Capacitar o estagiário para que o mesmo desenvolva corretamente as atividades da empresa é importante não só para o estudante, mas também para empresa a partir do momento que reduz tempo e a rotatividade de estagiários podendo até visualizar uma chance de integrar o estagiário no futuro ao quadro de funcionários, pois, havendo interesse do estudante, este buscará se destacar na instituição. A Figura 4 demonstra a quantidade de estudantes que foram incentivados a compartilhar os conhecimentos adquiridos na universidade. 399 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 4 – Incentivo ao estagiário a compartilhar conhecimentos adquiridos na universidade (%) De acordo com os dados mostrados na Figura 4, 41% dos estudantes afirmam discordar que não foram incentivados a compartilhar os conhecimentos adquiridos na universidade, o que demonstra que as empresas não oferecem oportunidade aos estudantes de contribuírem de alguma forma para o crescimento desta, fazendo com que esses estagiários apenas executem atividades sem dar importância ao capital intelectual desses estagiários para o desenvolvimento dos negócios da empresa. A Figura 5 apresenta a quantidade de estudantes que informaram se a instituição onde estagiou possuía mecanismos de avaliação e acompanhamento do estagiário. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 5 – Existência de mecanismos de avaliação e acompanhamento do estagiário (%) É relevante o número de estudantes que discordaram que a instituição onde estagiou possuía mecanismos de avaliação e acompanhamento do estagiário chegando a 52,6% dos respondentes. O que poderia ser uma forma de comunicação do estudante com a empresa parece não ser a realidade dos estágios ofertados. Através desses mecanismos de avaliação e acompanhamento a empresa poderá saber se há algum tipo de interesse por parte do estagiário em tornar-se efetivo, se o mesmo tem afinidade e um bom desempenho com a rotina, tarefas da empresa, se existe um bom convívio deste com os demais funcionários e outros que são importantes para o crescimento desse estudante na empresa. 400 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A Figura 6 apresenta a quantidade de respondentes que foram incentivados por seus gestores a participar, discutir e expressar suas ideias. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 6 – Incentivo ao estagiário a participar, discutir e expressar suas ideias (%) Conforme dados da Figura 6, 45,9% dos respondentes afirmaram concordar que não foram incentivados por seus gestores a participar, discutir e expressar suas ideias. Novamente, a falta de oportunidade aos estagiários pode indicar a ausência de preocupação das empresas com esses futuros profissionais. Acredita-se que o sucesso de uma empresa é garantido por todos os funcionários como uma equipe. Oferecer espaço para os estagiários discutirem e expressarem ideias é valorizá-lo para assim, agregar valor a essa empresa. A Figura 7 indica a quantidade de pesquisados que receberam orientação adequada do seu supervisor do estágio para a realização das atividades. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 7 – Orientação adequada pelo supervisor do estágio para a realização de atividades (%) O total de estudantes que informaram concordar que receberam orientação adequada do seu supervisor do estágio para a realização de atividades alcança 52,3% respondentes. O que pode ser visto como uma vantagem para esses estagiários que podem realizar suas tarefas adequadamente. Assim, constataram-se vantagens como a aquisição de conhecimentos novos pelos estudantes complementando com aqueles obtidos na universidade, realização de atividades 401 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE concernentes à sua área de formação, as empresas oferecem infraestrutura, condições de trabalho adequadas para que esse estudante possa executar suas atividades. A Figura 8 demonstra a quantidade de estagiários que informaram se a remuneração percebida foi muito baixa e se estes não conseguiram manter-se no estágio por muito tempo. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 8 – A remuneração percebida foi muito baixa e não conseguiu manter-se no estágio por muito tempo (%) Com base nos dados da Figura 8, os estudantes que afirmaram concordar que a remuneração percebida foi muito baixa e que não conseguiu manter-se no estágio representam 45,9% dos pesquisados. A bolsa-auxílio ofertada por algumas empresas chegam a ser menos da metade de um salário-mínimo o que pode resulta na evasão dos estudantes. Esses estagiários utilizam o valor da bolsa-auxílio para custear os gastos da universidade e é uma forma de independência financeira. A Figura 9 destaca a quantidade de estagiários que informaram se as tarefas que lhes foram repassadas não tinham relação com o curso. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 9 – As tarefas executadas não tinham relação com o curso (%) As tarefas que foram repassadas a esses estudantes, segundo 25,3% dos respondentes revelaram que as tarefas desenvolvidas não tinham relação com o curso o que reforça que alguns estudantes podem estar adquirindo experiência através do trabalho executado nessas empresas apesar do baixo valor da bolsa-auxílio. Porém a maioria dos pesquisados (67,5%) discordam dessa afirmativa e acreditam que as tarefas realizadas tem relação com o curso. 402 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A Figura 10 revela a quantidade de estudantes que informaram se o que aprenderam não os garante segurança a competir no mercado de trabalho. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 10 – Garantia de segurança pelo estágio ao estudante a competir no mercado de trabalho (%) O estágio é um instrumento utilizado por estudantes na inserção no mercado de trabalho e os conhecimentos novos, além daqueles vistos na universidade, serão utilizados por esse futuro profissional garantindo-os segurança a competir no mercado. A partir dos dados coletados consegue-se perceber 49,7% do total conseguem visualizar que o que aprenderam na prática do estágio os garante segurança a competir no mercado de trabalho. A Figura 11 apresenta a quantidade de respondentes que informaram se as pessoas os motivavam a desistir da profissão. Fonte: Dados da Pesquisa (2013) Figura 11 – Desmotivação ao estagiário a continuar na profissão (%) Alguns profissionais contábeis não se sentem satisfeitos com a realidade do mundo contábil. Em algumas empresas chegam a motivar o estagiário a desistir de seguir a profissão contábil incentivando-os a escolher carreiras que empreguem melhor e recebam salários maiores. Porém, 67,6% dos estudantes que revelaram que as pessoas não os motivavam a desistir da profissão. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa teve como propósito identificar a contribuição dos estágios extracurriculares como elemento para a qualificação profissional dos estudantes de Ciências Contábeis em três instituições de ensino superior. Constataram-se vantagens, tais como: adquirirem conhecimentos novos, além daqueles obtidos na universidade, de realizarem 403 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE atividades concernentes à sua formação profissional e de serem orientados pelo supervisor de estágio na realização de suas tarefas e o respeito pela empresa quanto à condição de estudante. Como também tarefas realizaram atividades pertinentes à sua área de formação. Apesar de alguns benefícios e vantagens, observaram-se situações em que a bolsaauxílio dos estudantes foi muito baixa em relação ao tempo em que trabalharam e não conseguiram permanecer no estágio por muito tempo, a insegurança dos estagiários a competirem no mercado de trabalho, a ausência de incentivos ao estagiário a continuar na profissão contábil e fatores desmotivadores como a falta de preocupação da empresa concedente em estimular o estudante a crescer profissionalmente, sem oferecer cursos, treinamentos ou palestras, não são incentivados a compartilhar o aprendizado nem a participar, discutir e expressar suas ideias na empresa e ausência de mecanismos de avaliação e acompanhamento do estagiário. Dessa forma pode-se concluir que no geral, o estudante de Ciências Contábeis possui um estágio adequado, porém faltam estímulos e oportunidades ao mesmo para que este se desenvolva e possa crescer profissionalmente. Algumas limitações foram encontradas como o período de férias dos estudantes das faculdades privadas da cidade de João Pessoa impossibilitando que esta fosse apenas o universo desta pesquisa, a hostilidade tanto de alguns coordenadores do curso de Ciências Contábeis não permitindo fornecer dados simples como o quantitativo de estudantes por período cursado quanto dos estudantes, recusando-se a responder ao questionário da pesquisa. Sugere-se uma ampliação da amostra para pesquisas futuras comparando os estágios dos estudantes das instituições públicas e privadas identificando se há divergências entre o valor da remuneração percebida, horas trabalhadas, fatores desmotivadores, entre outros. REFERÊNCIAS ABRES – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTÁGIOS. Áreas com mais vagas nos estados. Disponível em: <http://www.abres.org.br/v01/stats/>. Acesso em: 13 jun. 2013. ALBUQUERQUE, Lucia Silva; SILVA, Elisangela Medeiros. 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Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452/43, e a Lei no 9.394/96; revoga as Leis nos 6.494/77, e 8.859/94, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394/96, e o art. 6o da Medida Provisória no 2.16441/01; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11788.htm>. Acesso em: 30 abr. 2013. BRASIL. Resolução CNE/CES 10, de 16 de dezembro de 2004. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis, bacharelado, e dá outras providências. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces10_04.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2013. BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212/91 e 8.213/91, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo DecretoLei no5.452/43, da Lei no 10.189/01, da Lei Complementar no 63/90; e revoga as Leis no9.317/96, e 9.841/99. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 10 jun. 2013. BRASIL. Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011. Altera dispositivos da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp139.htm>. Acesso em: 10 jun. 2013. CIEE. Centro de Integração Empresa-Escola. Escola para mercado de trabalho: Há 50 anos o CIEE se dedica a ensinar o caminho para a inclusão – e sucesso – profissional dos jovens brasileiros. Revista Agitação. Brasília, ano XVIII, n. 108, nov/dez. 2012. 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Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Bblioteconomia e Documentação) - Departamento de Biblioteconomia e Documentação/Escola de Comunicações e Artes/USP, Universidade de São Paulo, São Paulo. Disponível em: < http://rabci.org/rabci/node/80>. Acesso em: 24 abr. 2013. 406 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA ÁREA DE PERÍCIA CONTÁBIL: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO EM PERIÓDICOS NACIONAIS AUTORES: Carlos Eduardo Lima dos Anjos, João Marcelo Alves Macêdo, Marcleide Maria Macedo Pederneiras e Yara Magaly Albano Soares. RESUMO É crescente o número de estudos bibliométricos que buscam analisar a produção e a disseminação do conhecimento em áreas específicas do saber. Este é também um estudo bibliométrico e, como tal, objetivou identificar as características da produção científica sobre perícia contábil,publicadaentre os anos de 2000 e 2013, em periódicos listados pela Qualis/CAPES como A1, A2, B1, B2, B3 e B4. Delimitou-se o estudo aos periódicos da área de Administração, Ciências Contábeis e Turismo que possuíssem os termos “contabilidade” ou “contábil” no título. Foram utilizadas a pesquisa descritiva, bibliográfica e bibliométrica, com abordagem quantitativa.Na amostra de 20 artigos encontrados, observou-se que: grande parte dos artigos sobre perícia contábil (40%) encontra-se publicada em periódicos listados pelaQualis/Capes com B3; prevaleceram as pesquisas empíricas (70%); a temática mais abordada foi laudo pericial (7 publicações); predominou a coautoria entre 4 autores (35% dos trabalhos); destacaram-se, em termos de produtividade, Carlos Alberto Serra Negra e Ivam Ricardo Peleias, (3 artigos cada); os autores mais citados foram Martinho Maurício Gomes de Ornelas e Antônio Lopes de Sá (27 e 19 referências, respectivamente); mestre e mestrandos foram quem mais publicaram em perícia (44,64% dos estudos); e que livros foram as fontes mais consultadas, com frequência de 45,77% de todas as obras referenciadas.Concluiu-se ser a perícia contábil uma área que demanda mais interesse por parte de pesquisadores e acadêmicos, bem como estudos com abordagens diferenciadas, que evidenciem a sua importância e explorem-na como parte de uma ciência aplicável e indispensável à sociedade. Palavras-chave: Estudo Bibliométrico. Produção Científica. Perícia Contábil. 1 INTRODUÇÃO A produção científica é uma das formas de se disseminar o conhecimento sobre diferentes realidades. Monografias, dissertações, teses, artigos,papers e seminários são alguns dos canais formais para se divulgar a produção científica (LONGARAY;BUEREN, 2009)e possibilitam à comunidade acadêmica e à sociedade interessada o acesso às descobertas, aos conceitos, às concepções e a todo o conhecimento nela contido, consolidando-o. No Brasil, a produção científica, mensurada pelo número de trabalhos acadêmicos publicados em revistas especializadas, está em crescimento. Dados divulgados pela empresa Thomson Reuters mostraram que, em 2012, os cientistas brasileiros publicaram 46,7mil artigos científicos em periódicos, número que colocou o Brasil em 14º lugar no ranking mundial de publicações (BR EDUCAÇÃO, 2013). Na área contábil, a produção científica teve um crescimento significativo a partir dos anos 2000, devido ao aumento da quantidade de programas de pós-graduação nessa área (Souza et al, 2008), contudo, como destacam Borba e Murcia (2006), ainda são poucas as pesquisas em contabilidade publicadas em periódicos considerados de alto nível. Essas 407 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE pesquisas, como explicam Ensslin e Silva (2008), representam um importante referencial teórico, pois abordam temas atuais e relevantes do contexto nacional e internacional, que proporcionam uma literatura atual e de referência para a ciência contábil. Mapear como estão sendo produzidas e disseminadas as pesquisas científicas em contabilidade, os chamados estudos bibliométricos, tem sido o intuito de diversos estudos realizados no meio acadêmico-científico, no Brasil. Dentre tais estudos, podem-se destacar os trabalhos de Oliveira (2002), autora que analisou as características de cinco periódicos brasileiros de contabilidade, selecionados intencionalmente; Mendonça Neto, Riccio e Sakata (2009), autores que realizaram uma análise dos trabalhos da área contábil apresentados nos EnANPADs de 1996 a 2005; e Nascimento e Bueren (2011), autoras que objetivaram identificar a formação de redes sociais na produção científica definitiva do triênio 2007-2009 dos programas de pós-graduação de Ciências Contábeis do Brasil. Esta pesquisa também se trata de um estudo bibliométrico, porém mais específico; objetiva identificar as características da produção científica sobre perícia contábil, publicada entre os anos de 2000 e 2013, em periódicos estratificados pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Para tanto, traçaram-se os seguintes objetivos específicos: (i) conhecer a concentração dos artigos nos periódicos, por estrato Qualis/CAPES; (ii) identificar o tipo de pesquisa (teórica e empírica) mais utilizada; (iii) identificar as subáreas temáticas abordadas; (iv) o número de autores por artigo; (v) os autores mais prolíficos e as instituições às quais são vinculados; (vi) os autores mais citados; (vii) a titulação acadêmica dos autores; e (viii) os tipos de referências mais utilizadas. A contribuição da pesquisa reside no fato de ser o tema em questão relevante àqueles que atuam em casos de litígio e na utilidade que trará a estudantes, professores, pesquisadores e demais interessados, que poderão consultá-la a fim de conhecer os estudos existentes que se referem à perícia contábil, bem como as características deles. Este trabalho estrutura-se em cinco partes: a introdução (i), seguida do referencial teórico (ii), a descrição do procedimento metodológico (iii), a apresentação e descrição dos resultados da pesquisa (iv) e, por último, sua conclusão (v). 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 PERÍCIA CONTÁBIL Regulamentada, no Brasil, em 1946, pelo Decreto-lei nº 9.295, a perícia contábil é mais um dos ramos da contabilidade no qual o bacharel em ciências contábeis, devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade, pode atuar. Com o objetivo de também fornecer informações, assim como a contabilidade, sob a forma de opinião, a perícia contábil é requerida pelo julgador quando, para o esclarecimento dos fatos ligados ao litígio patrimonial em questão, necessita-sede procedimentos técnicos e científicos que somente um profissional especializado e conhecedor da matéria em questão pode realizar. Atualmente, no país, a perícia contábil é regulamentada por normas emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade- aNBCTP 01- Perícia Contábil e a NBC PP 01- Perito Contábil- aprovadas pelas resoluçõesnúmeros 1.243/09 e 1.244/09, respectivamente.Aquela (a NBCTP 01)estabelece regras e procedimentos técnicos que devem ser observados pelo perito no decorrer de seu trabalho;esta (a NBC PP 01), procedimentos pertinentes à atuação do 408 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE perito, ao comportamento do contadorna qualidade de perito, como a forma sigilosa, responsável e zelosa com a qual deve agir. A Perícia Contábil surge para fornecer a prova técnica necessária para evidenciar um fato contábil relativo ao patrimônio e produz informações que auxiliarão o magistrado a tomar a sua decisão processual (NEVES JR; SANTOS, 2007). Pode ser realizada por meio de exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, ou qualquer procedimento necessário à opinião (SÁ, 2002). Busca chegar à verdade, à certeza dos fatos contábeis, alegados ou contestados, que iniciaram a lide (ORNELAS, 2000). Na concepção de Alberto (2009, p.33), a perícia contábil é “um instrumento técnicocientífico de constatação, prova ou demonstração, quanto à veracidade de situações, coisas ou fatos oriundos das relações, efeitos e haveres que fluem do patrimônio de quaisquer entidades”, “[...] demandado e usado nas esferas judicial, extrajudicial e arbitral, para ajudarna solução de controvérsias de natureza técnica e científica, dentre as quais a Contabilidade” (PELEIAS et al. 2009, p. 1). Pela NBCTP 01 – Perícia Contábil- a Perícia Contábil é definida como: O conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente (NBCTP 01). Como se vê nas conceituações acima, a atuação da perícia contábil como prova não se limita ao contexto judicial. A perícia também se realiza em instâncias decisórias fora do juízo e é classificada, de acordo com o ambiente de atuação, em quatro espécies: judicial, semijudicial, extrajudicial e arbitral. Será judicial a perícia quando confeccionada no âmbito do Poder Judiciário e, portanto, processada segundo regras legais específicas; extrajudicial, quando efetuada fora do poder jurisdicional do Estado, por necessidade e escolha de entes físicos e jurídicos particulares, no sentido estrito; caracterizar-se-á como semijudicial quando for realizada fora do Poder Judiciário, porém dentro do aparato do Estado, a exemplo de perícias em inquéritos, comissões parlamentares de inquérito; e, quando elaborada no juízo arbitral- uma forma alternativa de resolução do litígio criada pela vontade das partes- será arbitral (ALBERTO, 2009). Independentemente de ser judicial, semijudicial, extrajudicial, ou arbitral, a perícia contábil cumpre sua função quando, por meio de opinião técnica, propicia convicção ao julgador acerca da regularidade do caso, para a tomada de decisão, para a justa solução do litígio. 2.2 PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM PERIÓDICOS A produção científica é uma das formas de se propagar o conhecimento acerca das diversas realidades observadas. Sua essência, como expõe Silva (2005), é conferida pela comunicação científica, processo que torna públicos os achados das pesquisas, auxilia na 409 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE difusão do conhecimento e, a julgar pela relevância das contribuições trazidas, pode conferir ao pesquisador o reconhecimento por parte de seus pares. Naturalmente, o caminho da produção científica é a submissão seguida da publicação e posterior apresentação em eventos, como congressos e seminários. Após ajustes decorrentes das contribuições e críticas recebidas nesses eventos, o trabalho científico é submetido à publicação dita definitiva, em revistas ou livros(BORBA; MURCIA, 2006). Esse processo é importante, pois, como destacam Silva, Menezes e Pinheiro (2003), é só com a publicação edivulgação da produção científica, nos canais formais de comunicação, que os resultados da pesquisa ganham importância e passam a existir. Dentre os diversos meios de veiculação do conhecimento escrito estão os periódicos. Para Oliveira (2002), além de os periódicos terem um papel relevante no fomento da qualidade da pesquisa e no avanço do conhecimento, os artigos que são publicados neles refletem uma importante fatia do fluxo da informação gerada por meio da pesquisa. Na concepção de Martins (2002, p. 82), os periódicos têm um “papel fundamental para apromoção e busca de reconhecimento de publicadores, editores e, principalmente, autores [...]”. Para Ferreira (2006), são a forma mais robusta de divulgação do conhecimento no qual os estudiosos, supervisionado por pares, publicam seus estudos. Os de contabilidade [periódicos] estão, para Souza et al(2008), entreos principais veículos de divulgação da produção científica nacional. Conforme expõem Leite Filho e Siqueira (2007),a publicaçãoda produção científica em periódicos, tanto no contexto nacional como internacional, representa, desde o século passado, o principal mecanismo de comunicação do conhecimento científico, constituindo-se um importante indicador do potencial científico de uma nação.Esse conjunto (produção científica e divulgação em periódicos)permite que as bases do conhecimento sejam solidificadas e sirvam de suporte para que exista uma possibilidade cada vez maior de progresso científico (SILVA; OLIVEIRA; RIBEIRO FILHO, 2005). Fica denotada entãoa importância da produção científica na disseminação e consolidação do conhecimento produzido (das descobertas, conceitos e concepções nela contidos), e o papel dos periódicos, veículos importantes no fomento da qualidade da pesquisa, no suporte e construção do conhecimento, no consequente progresso econômico e social de um país. 2.3 ESTUDOSBIBLIOMÉTRICOS Osestudos sobre a produção científica têm sido pauta de debates na literatura acadêmica, nas mais diversas áreas, fazendo uma síntese sobre determinado assunto a ser compreendido (ROCHA; WIENHAGE; SCARPIN, 2010). Tais estudos buscam mapear como estão sendo produzidas e disseminadas as pesquisas científicas em uma determinada área do conhecimento, resultando nos chamados estudos bibliométricos. Os estudos bibliométricos fornecem indicadores que revelam padrões utilizados em determinada área do conhecimento, identificando, por exemplo, os pesquisadores e sua produtividade, a sua gênese acadêmica, as citações que se eternizam e fomentam a ciência e o grau de evolução do conhecimento, bem como os ambientes mais propícios a cada tipo de divulgação da produção científica, servindo de orientação para os pesquisadores compreenderem a ciência e suas especificidades(SOUZA et al, 2012). 410 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Esses indicadores, empregados na análise da produção científica, dividem-se em: indicadores de produção científica, construídos, por exemplo, pela contagem do número de publicações por tipo de documento e instituição; de citação, estabelecidos pela contagem do número de citações recebidas por uma publicação de artigo de periódico;e de ligação, criados pelas coocorrênciasde autoria, citações e palavras, sendo aplicados na elaboração de mapas de estruturas de conhecimento e de redes de relacionamento(SANTOS;KOBASHI, 2005). Como exemplos de estudos bibliométricos realizados na área de Ciências Contábeis, no Brasil,podem-se citar os trabalhos de Oliveira (2002), autora que analisou as características de cinco periódicos brasileiros de contabilidade, selecionados intencionalmente, e, dentre os resultados, observou serem os docentes a maioria dos autores, e contabilidade gerencial e financeira, as áreas temáticas mais pesquisadas; Leite Filho (2008), autor que estudou os padrões de produtividade de autores em periódicos e congressos nacionais na área contábil, constatando uma padronização de publicação nessa área, caracterizada, dentre outros fatores, pela predominância de autores do sexo masculino e pela existência de concentração de autoria vinculada a poucas instituições que apresentaram maior frequência de publicações de artigos; e Nascimento e Bueren (2011), autoras que objetivaram identificar a formação de redes sociais na produção científica definitiva do triênio 2007-2009 dos programas de pósgraduação de Ciências Contábeis do Brasil e, como resultados, constataram ter evoluído a produção científica em contabilidade, no triênio analisado, e ocupar a USP a centralidade dos laços da rede de colaboração dos programas de pós-graduação. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS No que concerne aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como descritiva. Esse tipo de pesquisa,segundo Gil (1999), descreve características de uma determinada população, estabelecendo relações entre as variáveis. Desta forma, esta pesquisa caracteriza-se como tal, pois pretende identificar e descrever as características das pesquisas científicas publicadas na área de perícia contábil. Quanto à abordagem da problemática, este estudo caracteriza-se como uma pesquisa quantitativa, a julgar pelo tratamento estatístico concedido às variáveis coletadas na amostra.É um tipo de pesquisa, segundo Richardson (1999), caracterizada pelo uso dequantificação tanto na coleta de dados quanto no tratamento deles,por meio do uso de técnicas estatísticas. Em relação aos procedimentos desenvolvida a partir de material já bibliométrica, tipo de pesquisa que, descrição de padrões na produção do autores mais produtivos. utilizados, caracteriza-se como bibliográfica, pois foi elaborado, como artigos científicos (GIL, 1999), e segundo Araújo (2006), permite a identificação e conhecimento científico, como autores mais citados, Delimitou-se o estudo aos periódicos estratificados pela Qualis/CAPES como A1, A2, B1, B2, B3 e B4, na área de Administração Ciências Contábeis e Turismo, que possuíssem, no título, a palavra “contabilidade” ou “contábil”. Em seguida, fez-se a busca pelos artigos que contivessem, no título, resumo ou palavras-chave, os termos “perícia”, “perícia contábil” ou “perito-contador”e que foram publicados no período compreendido entre 2000 e 2013. Os dados obtidos foram tabulados utilizando-se o programa Microsoft Excel® e, por fim, descritos, para que se atendesse aos objetivos específicos desse estudo. 411 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4 APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS A tabela abaixo apresenta as revistas que constituíram a amostra da pesquisa, a classificação do periódico de acordo com a Qualis/CAPES, a instituição à qual é vinculado, a periodicidade de publicação e o número de artigos encontrados em cada revista. Tabela 1- Amostra da pesquisa Classificação Instituição Revistas Periodicidade Nº de artigos Qualis/CAPES Revista Contabilidade & Finanças FEA- USP A2 Quadrimestral 0 Contabilidade Vista & Revista UFMG B1 Trimestral 4 B1 Quadrimestral 0 0 Revista Contemporânea de Contabilidade UFSC Revista de Contabilidade e Organizações FEA- RP B1 Quadrimestral Revista Universo Contábil FURB B1 Trimestral 0 Contabilidade, Gestão e Governança UnB B2 Quadrimestral 0 B2 Quadrimestral 1 UFRN B2 Semestral 0 UNOESC B2 CFC B2 Trimestral 1 B2 Quadrimestral 1 B3 Quadrimestral 4 B3 Quadrimestral 1 Enfoque: Reflexão Contábil Revista Ambiente Contábil Revista de Administração, Economia UEM Contabilidade e Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade Sociedade, Contabilidade e Gestão FACC- UFRJ Pensar Contábil CRC- RJ Registro Contábil UFAL Revista de Administração, Contabilidade e Economia da FUNDACE FUNDACE Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ UERJ Revista de Contabilidade e Controladoria UFPR Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade Revista de Informação Contábil Tecnologias de Administração e Contabilidade Revista de Administração, Sustentabilidade Contabilidade Revista de Contabilidade da UFBA Revista de Estudos Contábeis Total de Artigos B3 Semestral Quadrimestral 0 0 2 B3 Quadrimestral 0 UNEB B3 Quadrimestral 0 UFPE B3 Trimestral 1 B3 Semestral 0 CRC- SC B4 Quadrimestral 4 UFCG B4 UFBA B4 Quadrimestral 1 B4 Semestral 0 ANPAD Revista Catarinense da Ciência Contábil B3 Semestral e UEL Quadrimestral 0 20 Fonte:Dados da pesquisa, 2013. A pesquisa revelou que, do universo de revistas estratificadas pela CAPES, no ano de 2013, como A1, A2, B1, B2, B3 e B4, na área temática de Administração, Ciências Contábeis e Turismo, que possuem os termos “contabilidade” ou “contábil” no título, apenas 10 revistas publicaram artigos na área de perícia contábil, no período compreendido entre 2000 e 2013. O saldo de artigos, ao se pesquisar nesses periódicos estudos que contivessem, no título, resumo ou palavras-chave, os termos “perícia”, “perícia contábil” ou “perito-contador”, foi de 412 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 20artigos.A partir dessa amostra, foram retirados todos os dados para, em seguida, procederse à apresentação e descrição dos resultados, conforme se vê nos próximos itens. 4.1 CONCENTRAÇÃO DE ARTIGOS POR ESTRATO QUALIS/CAPES O gráfico abaixo apresenta a distribuição dos artigos referentes à temática analisada por estrato, de acordo com a última qualificação apresentada pela CAPES para os periódicos analisados. Gráfico 1- Concentração de artigos nos periódicos, por estrato Qualis/CAPES 40% 30% 40% 20% 10% 20% 25% 15% 0% B1 B2 B3 B4 Fonte:Dados da pesquisa, 2013. Como se pode visualizar no gráfico, 40% dos artigos publicados, referentes ao tema em questão, concentram-se nas revistas qualificadas pela Qualis/CAPES como B3, percentual correspondente a 8 artigos. 25% dos estudos, isto é, 5 artigos, estão distribuídos em revistas estratificadas como B4, 20% (4 trabalhos), em revistas qualificadas como B1, e 15% (3 estudos), como B2. Cabe salientar que, nos periódicos qualificados como A1 e A2, não foram encontradas publicações. 4.2 TIPO DE PESQUISA MAIS UTILIZADA A tabela abaixo apresenta a frequência de artigos quanto ao tipo de pesquisa, classificando-as entre pesquisa teórica e empírica. Tabela 2- Frequência de pesquisas teóricas e empíricas Tipo de Pesquisa N° de artigos % Teórica 6 30% Empírica 14 70% Total 20 100% Fonte: Dados da Pesquisa, 2013. A partir da tabela acima, é possível constatar a predominância de pesquisas de caráter empírico, representando 70% dos trabalhos publicados na área de perícia contábil, isto é, 14 artigos. São, conforme Demo (2000), pesquisas que produzem e analisam dados, sempre pela via empírica e fatual. 413 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE As pesquisas de natureza teórica, consequentemente, somaram 30% das publicações. Esse tipo de pesquisa, segundo Demo (2000), destina-se a reconstruir teoria, conceitos e aprimorar fundamentos teóricos. 4.3 CLASSIFICAÇÃO TEMÁTICA DOS ARTIGOS Posteriormente à leitura dos resumos dos trabalhos, foi feita a classificação temática considerando determinados termos do título, resumo ou palavras-chave dos artigos que permitissem o agrupamento dos estudos por subáreas de abordagem. Foram identificadas as seguintes subáreas temáticas relacionadas à perícia: laudo pericial, outras temáticas, honorários periciais, perícia contábil financeira, perícia contábil trabalhista, perícia contábil ambiental, perícia contábil criminal, ensino da perícia contábil, perícia em processos licitatórios e, ainda, arbitragem. O quadro abaixo apresenta os artigos da amostra pesquisada, relacionando-os às subáreas temáticas às quais se referem. Quadro 1- Classificação temática dos artigos Subárea temática Título dos artigos 1. Avaliação de empresas em perícias contábeis: um estudo de casos. 2. A metodologia de elaboração de um laudo pericial. 3. O laudo pericial contábil e sua adequação às normas do Conselho Federal de Contabilidade e à doutrina: um estudo exploratório. 4. Relevância do laudo pericial contábil na tomada de decisão judicial: percepção de um juiz. Laudo pericial 5. A utilização do laudo pericial elaborado pelo perito contador: um estudo descritivo nas varas cíveis estaduais da cidade de Maceió – Alagoas. 6. Qualidade do laudo pericial contábil trabalhista: percepção dos magistrados das varas trabalhistas do Recife. 7. Ruídos no processo de comunicação de perícias contábeis: um estudo na região do Alto Vale do Itajaí – SC. 8. Uma análise bibliométrica dos artigos científicos em perícia contábil publicados entre os anos de 1999 a 2012. 9. Perícia contábil: análise bibliométrica e sociométrica em periódicos e congressos nacionais no período de 2007 a 2011. Outras temáticas Honorários periciais 10. Perícia contábil e a “Justiça entre iguais”. 11. Otimização do mix operacional de um escritório de perícias: uma aplicação de programação linear. 12. Honorários do perito judicial. 13. Perícia contábil em contratos de financiamentos. Perícia contábil financeira Perícia contábil trabalhista Perícia contábil ambiental Perícia criminal contábil Ensino da perícia contábil Perícia em processos licitatórios Arbitragem 14. Juros do sistema financeiro da habitação: a falácia dos sistemas de amortização no âmbito da perícia contábil. 15. Perícia contábil nas relações de trabalho em processos judiciais. 16. Perícia contábil ambiental. 17. Perícia contábil: uma ferramenta de combate ao crime organizado. 18.O impacto da atividade lúdica no desempenho de alunos que cursam a disciplina “perícia contábil” em cursos de graduação em contabilidade oferecidos por IES da Grande Florianópolis - SC. 19. O tratamento dado aos processos de licitação na administração pública: um estudo de caso na prefeitura y. 20. Instituições e câmaras de juízo arbitral do Distrito Federal: estudo exploratório sobre a presença do profissional contábil na resolução de conflitos. Fonte:Dados da pesquisa, 2013. 414 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Conforme exposto no quadro acima, das 20 publicações encontradas nas revistas que constituíram a amostra deste estudo, 7referem-se ao laudo pericial contábil, número que a torna a subárea temática de estudo mais contemplada nas pesquisas sobre perícia. Tais publicações objetivaram, por exemplo, verificar a adequação dos laudos às normas emanadas, quanto à estrutura, ao conteúdo, ou sua importância, sua contribuição à decisão judicial, ou ainda identificar os ruídos que comprometem a comunicação processual, presentes na elaboração e apresentação do laudo pericial. Como exemplos de artigos que versaram sobre o laudo pericial,podem-se citar os estudos deCestare, Peleias e Ornelas (2007), autoresque analisaram a adequação de tais peças técnicas às normas do CFC e à doutrina, de forma a verificar se havia diferenças entre a prática e o que propunha a literatura normativa e pertinente ao tema, e o de Leitão Júnior, Slomski, Peleias, e Mendonça (2012), autores que buscaram conhecer a percepção de um juiz de uma vara cível da cidade de São Paulo acerca da relevância do laudo na tomada de decisão judicial. Estudos que não se referiam a abordagens específicas, a exemplo de estudos bibliométricos, foram agrupados na subárea temática“outras temáticas” e totalizaram 3 artigos, sendo, portanto, a segunda abordagem mais contemplada nas pesquisas, seguida dos honorários periciais e da perícia contábil financeira, ambas as subáreas com 2 artigos publicados. As demais subáreas temáticas identificadas somaram 1 publicação cada. 4.4 QUANTIDADE DE AUTORES POR ARTIGO A tabela abaixo demonstra a participação de autoria e coautoria nos trabalhos analisados. Tabela 3- Quantidade de autores por artigo N° de Autores Artigos % 1 2 10% 2 5 25% 3 3 15% 4 7 35% 5 2 10% 6 1 5% Total 20 100% Fonte: Dados da pesquisa, 2013. De acordo com a tabela acima, a relação de coautoria entre quatro estudiososé a mais frequente, sendoresponsável por 35% dos estudos publicados, isto é, 7 artigos.Depois, representando 25% dos artigos publicados (5 trabalhos), está a coautoria entre 2 autores e, em seguida, com 3 trabalhos, a coautoria entre 3 autores. As publicações individuais e a relação de coautoria entre 5 pesquisadores representam, cada uma,10% dos estudos.Apenas 1 trabalho, 5% da amostra obtida, foi publicado em parceria entre 6 estudiosos. 415 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.5 AUTORES MAIS PROLÍFICOS A tabela abaixo apresenta a relação de autores mais prolíficos, as instituições às quais são vinculados e a titulação acadêmica deles, quando da publicação dos estudos. Tabela 4- Autores mais prolíficos Ranking 1º 2º Nº de Artigos Autor Carlos Alberto Serra Negra Ivam Ricardo Peleias Elizabete Marinho Serra Negra Idalberto José das Neves Júnior Martinho Maurício Gomes de Ornelas Vanderlei dos Santos Wilson Alberto ZaggaHoog 3 3 2 2 2 2 2 Vinculação Titulação Institucional FVC/BA USP FVC/BA UCB USP FURB Não identificada Mestre Doutor Especialista Mestre Doutor Mestre Mestre Fonte:Dados da pesquisa, 2013. Como se observa na tabela acima, os autores mais prolíficos são Carlos Alberto Serra Negra, mestre, vinculado à Fundação Visconde de Cairu, e Ivam Ricardo Peleias, doutor, vinculado à Universidade de São Paulo, ambos os autores com três publicações em relação de autoria e coautoria. Em segundo lugar, encontram-se Elizabete Marinho Serra Negra, especialista, vinculada à FVC/BA, Idalberto José das Neves Júnior, mestre, vinculado à UCB, Martinho Maurício Gomes de Ornelas, doutor, vinculado à USP,Vanderlei dos Santos, mestre, vinculado à FURB, e Wilson Alberto ZaggaHoog, mestre, todos com duas publicações na área, nos periódicos analisados. Verificou-se que, em dois dos três artigos publicados por Ivam Ricardo Peleias, houve participação de Martinho Maurício Gomes de Ornelas e que, também, em dois dos três artigos publicados por Carlos Alberto Serra Negra, houve coautoria de Elizabete Marinho Serra Negra. Infere-se, portanto, que há um elo formado entre aqueles autores e uma cooperação entre estes, no que diz respeito a estudos na área de perícia contábil. 4.6 AUTORES MAIS CITADOS Abaixo, apresenta-se a relação dos autores mais citados na amostra dos artigos. Tabela 5- Autores mais citados Ranking Autores N° de citações 1° ORNELAS, Martinho Maurício Gomes de. 27 2º SÁ, Antônio Lopes de. 19 3º HOOG, Wilson Alberto Zappa. 18 4º NEVES JÚNIOR, Idalberto José das. 17 5º ALBERTO, Valder Luiz Palombo. 16 MAGALHÃES, Antonio de Deus Farias. 12 PELEIAS, Ivam Ricardo. 12 PIRES, Marco Antônio Amaral. 7 ANJOS, Luiz Carlos Marques dos. 5 6º 7º 8º 416 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 9º D´AURIA, Francisco. 5 MORAIS, Antonio Carlos. 5 BEUREN, Ilse Maria. 4 CESTARE, Terezinha Balestrin. 4 LAVARDA, Carlos Eduardo Facin. 4 MARTINS, Joana Darc Medeiros. 4 MEDEIROS, Thaís Alves. 4 PETRENCO, Solange Aparecida. 4 WEFFORT, Elionor Farah Jreige. 4 Fonte:Dados da pesquisa, 2013. De acordo com a pesquisa, o autor mais citado na área de perícia contábil, nos periódicos analisados, é Martinho Maurício Gomes de Ornelas, com 27referências originárias, majoritariamente, de livros de sua autoria, acerca da temática abordada.Em segundo lugar, encontra-se o autor Antônio Lopes de Sá, com 19 referências oriundas, em sua totalidade, de livros seus. Depois, em terceiro lugar, está Wilson Alberto ZappaHoog, com 18 citaçõesque fazem referência a livros e artigos de periódicos produzidos pelo referido autor. Referenciado 17 vezes, Idalberto José das Neves Júnior é, portanto, o quarto autor mais citadonos artigos da amostra, seguido deValderLuiz Palombo Alberto (16 referências), Antonio de Deus Farias Magalhães eIvam Ricardo Peleias (ambos com 12 referências) e Marcos Antonio Amaral Pires (7 referências). Os autores que não constam na tabela acima somaram, cada um, menos que quatro referências. 4.7 TITULAÇÃO ACADÊMICA DOS AUTORES No gráfico abaixo, é apresentado o percentual relativo à titulação acadêmica dos autores dos artigos em perícia. Na busca pela identificação, foi consultado o sistema lattes e considerada a formação acadêmica do autor quando da publicação do artigo. Gráfico 2- Titulação acadêmica dos autores 12,5% 5,36% 28,57% 8,93% Doutor(ando) Mestre(ando) 44,64% Especialista Graduado(ando) Não identificada Fonte:Dados da pesquisa, 2013. 417 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Como se pode observar no gráfico acima, mestres e mestrandos são quem mais publicam artigos na área de perícia contábil (44,64% dos autores da área de perícia contábil, percentual que equivale a 25 autores), seguidos dos doutores e doutorandos (28,57% dos pesquisadores, equivalente a 16 autores). Os graduados e graduandos correspondem a 12,5% dos autores (7 autores), seguidos dos especialistas (8,93%, igual a 5 autores). Não foi possível identificar, por meio do sistema lattes ou pela titulação informada nos artigos, a formação acadêmica de 3 autores. 4.8 TIPOS DE REFERÊNCIAS UTILIZADAS O gráfico abaixo permite a identificação das fontes bibliográficas mais utilizadas pelos autores na fundamentação de seus trabalhos. Gráfico 3- Classificação das referências 12,13% 2,52% 0,23% 4,8% Periódicos 25,86% Anais Livros 8,69% 45,77% Dissertação Legislação Tese Outros Fonte:Dados da pesquisa, 2013. De acordo com o gráfico acima, a predileção dos autores, quanto ao tipo de referencial bibliográfico utilizado para fundamentar seus estudos, é pelos livros, que representam 45,77% das referências utilizadas nos artigos da amostra desta pesquisa. Em segundo lugar, estão trabalhos publicados em periódicos (jornais e revistas), que representam 25,86% de todas as referências empregadas nos artigos analisados, seguidos de materiais de natureza jurídicolegal, a exemplo de leis, resoluções, normas, acórdãos, apelações cíveis e afins, todos incluídos na categoria “legislação”, com predominância de 12,13% de todas as fontes referenciadas. Os anais, categoria na qual estão trabalhos apresentados em congressos, seminários e afins,ocupam o quarto lugar, com frequência de 8,69% das bibliografias identificadas, seguidos de materiais diversos, como apostilas, cartilhas, web sites, manuais, agrupados aqui na categoria “outros”, constituindo 4,8% das obras mencionadas. Apesar de consideradas mais completas, de grande rigor científico e contribuição ao conhecimento, dissertações e teses foram as obras menos referenciadas, com, respectivamente, 2,52% e 0,23% do total das fontes consultadas. 418 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 5 CONCLUSÃO Este estudo buscou identificar as características da produção científica da área de perícia contábil publicada entre 2000 e 2013, em periódicos estratificados pela Qualis/CAPES como A1, A2, B1, B2, B3, B4, na área de Administração Ciências Contábeis e Turismo, que possuíssem, no título, a palavra “contabilidade” ou “contábil”. A amostra da pesquisa, constituída por 20 artigos, foi analisada com vistas a atender aos objetivos do estudo, e demonstrou que:grande parte dos artigos da área de perícia contábil (40% deles) encontra-se publicada em periódicos listados pelaQualis/Capes com B3; prevaleceram as pesquisas empíricas (70% dos trabalhos); a temática mais abordada foi laudo pericial, com 7 publicações; houve predominância de coautoria entre 4 autores, representando 35% dos trabalhos; destacaram-se, em termos de produtividade, Carlos Alberto Serra Negra e Ivam Ricardo Peleias, com 3 artigos cada; os autores mais citados foram Martinho Maurício Gomes de Ornelas e Antônio Lopes de Sá, com 27 e 19 referências, respectivamente; mestre e mestrandos foram quem mais publicaram na área de perícia contábil (44,64% dos estudos); e que livros foram as fontes mais consultadas, com frequência de 45,77% de todas as obras referenciadas. Face ao número reduzido de estudos encontrados na área de perícia contábil, apesar do largo intervalo de tempo compreendido na pesquisa e, principalmente, da importância da temática no contexto das relações jurídico-sociais, concluiu-se ser a perícia contábil uma área que demanda mais interesse por parte de pesquisadores e acadêmicos,bem como estudos com abordagens diferenciadas, que evidenciem a sua importância e explorem-na como parte de uma ciência aplicável e indispensável à sociedade. Ressalta-se que os resultados desse estudo são frutos da delimitação adotada ao se definir o universo da pesquisa e ao se adotar os critérios de busca pelos artigos nos periódicos, ambos já descritos na metodologia dessa pesquisa, e não podem, portanto, ser generalizados. Sugere-se, nesse sentido, que, em estudos futuros, expanda-se o universo a ser pesquisado, considerando todas as revistas nacionais estratificadas pelaQualis/CAPES nessa área de pesquisa, ou mesmo ampliando o universo às revistas internacionais, a fim de que se possa ter um panorama geral dos estudos desenvolvidos na área de perícia contábil. REFERÊNCIAS ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. ARAÚJO, C. A. Bibliometria: evolução histórica e questões atuais. Em Questão, Porto Alegre, v. 12, n. 1, p. 11-32, jan./jun. 2006. Disponível em:<http://revistas.univerciencia.org/index.php/revistaemquestao/article/viewFile/3707/3495 >. Acesso em: 12 Jan. 2014. BORBA, J. A.; MURCIA, F. D. R. Oportunidade para pesquisa e publicação em Contabilidade: Um estudo preliminar sobre as revistas acadêmicas de Língua Inglesa do portal de periódicos da CAPES. Brazilian Business Review, Vitória, v. 3, n. 1, p. 88-103, jan./jun., 2006. 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RESUMO Para melhor entender as responsabilidades sociais, econômicas e ambientais das empresas e sua relação com as condições ambientais atuais objetivou-se com o presente trabalho verificar a existência e atuação das políticas privadas voltadas para as questões ambientais de três empresas de maior destaque localizadas no município de Triunfo/PE. Para obtenção dos dados, as empresas foram classificadas em A, B e C, sendo as empresas A e C ligadas ao turismo e laser e a empresa C ao comercio local. Para ambas foi aplicado um questionário estruturado, contendo 13 questões semiabertas. Os questionários foram aplicados de forma indireta, onde o responsável de cada uma delas pode responder as perguntas relacionadas ao tema da pesquisa. Com base nas respostas obtidas através da aplicação dos questionários nas empresas A, B e C, observou-se que em relação à dimensão ambiental, apenas as empresas A e B possuem uma política corporativa de responsabilidade ambiental, apresentando também um avanço visível sobre as questões ambientais. Na empresa C, não há existência e atuação das políticas privadas voltadas para as questões ambientais. Com relação as empresas A e B, existe pelo menos algum tipo de política privada de meio ambiente. Palavras-chave: Políticas privadas; responsabilidade ambiental; política corporativa. INTRODUÇÃO A sede insaciável pela busca dos recursos naturais, aliada ao crescimento demográfico em proporções quase geométricas e sem paradigmas do último século, chamou a atenção da comunidade internacional (SAMPAIO, 2011). Em 1972 a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, foi a partir dessa Conferência, com a elaboração da declaração de princípios (Declaração de Estocolmo) que os problemas ambientais receberam tratamentos diferentes, inclusive no Brasil (COUTINHO, 2013). A legislação nacional sofreu um forte impacto com o surgimento de novas leis e, em especial, da Lei 6.938/81, conhecida como Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, que reconhece juridicamente o meio ambiente como um direito próprio e autônomo e estabelece princípios, diretrizes e instrumentos para a proteção ambiental. (COUTINHO, 2013). Dentro desses princípios encontra-se a Política ambiental privada, que pode ser entendida como a declaração de uma organização, expondo suas intenções e princípios em relação ao seu desempenho ambiental global, que provê uma estrutura para ação e definição de seus objetivos e metas ambientais. A gestão ambienta privada é amplamente tratada nas 423 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE normas ISO da série 14000, das quais se pode deduzir o seguinte conceito (PAGEL, 2007, p. 3): Gestão ambiental privada é parte integrante do sistema de gestão global de uma organização e constitui-se em um processo administrativo, dinâmico e interativo de recursos, que tem como finalidade: equilibrar a proteção ambiental e a prevenção da poluição com as necessidades socioeconômicas e ajudar a proteger a saúde humana, através da formulação de uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais significativos, visando a melhoria contínua no desempenho ambiental da organização de forma a atender às necessidades de um vasto conjunto de partes interessadas e às crescentes necessidades da sociedade sobre proteção ambiental. De acordo com Santos (2013), as empresas são importantes agentes de promoção do desenvolvimento econômico de um país, assim como de seu avanço tecnológico. Estas possuem grande capacidade criadora e de geração de recursos, num contexto onde o bem estar comum depende cada vez mais de uma ação cooperativa e integrada de todos os setores da economia e que faz parte de um processo de desenvolvimento que tem por objetivo a preservação do meio ambiente e a promoção dos direitos humano. O município de Triunfo/PE é considerado uma cidade turística, oferece clima ameno, relevo (serras, principalmente), história e arquitetura como alguns de seus atributos principais. Agregado a isso, estão os engenhos, mirantes, cachoeiras, matas e furnas (SETUR/COMTUR, 2013), tornando a cidade um atrativo natural para os visitantes. Nas últimas décadas, ocorreu um crescente aumento das construções civis no município, principalmente da rede hoteleira, devido principalmente ao turismo. Hoje, a cidade possui um parque hoteleiro com aproximadamente 1000 leitos e empresários motivados a contribuir para o desenvolvimento da atividade turística. E ainda o contínuo desenvolvimento do comércio, no intuito de atender a demanda anual de visitantes (SETUR/ COMTUR, 2013). Em contraste com esse avanço comercial, percebe-se uma despreocupação e descaso com relação as questões ambientais por parte das empresas. Com isso, pretende-se no presente trabalho verificar a existência e atuação das políticas privadas voltadas para as questões ambientais de três empresas de maior destaque localizadas no município de Triunfo/PE. REFERÊNCIAL TEÓRICO A concepção básica do ambientalismo empresarial foi construída a partir da Conferência de Estocolmo de 1972, no entanto, seu marco histórico ocorreu somente em 1992, durante a preparação da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro. Tal conferência representou o auge do movimento a favor da sustentabilidade ambiental (SANTOS, 2003). No início do ambientalismo empresarial o principal obstáculo residia na concepção dominante de que a proteção ambiental e o lucro eram adversários naturais. Supunha - se que o mais adequado gerenciamento ambiental nas empresas, além de reduzir lucros, obrigaria estas a repassar os custos aos consumidores, via aumento de preços. Para outros, o custo da tecnologia ambiental era alto em virtude de não estar nem tão disponível, nem tão aperfeiçoada como hoje (VINHA, 2000). 424 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Entretanto, com o passar dos anos, tornou - se claro que as tecnologias ambientais possuíam um potencial inverso, ou seja, reduziam custos através de uma melhor racionalização dos processos produtivos, particularmente no uso de insumos e com relação ao desperdício. Dessa forma, este movimento representou a primeira mudança cultural de importância no pensamento empresarial quanto às questões ambientais. Desde então, tal modelo vem evoluindo, expandindo - se e adaptando - se cada vez mais a nossa realidade e demandas atuais (VINHA, 2000 apud SANTOS, 2003). Stephan Schmidheiny foi o pioneiro no discurso do ambientalismo empresarial, introduzindo uma perspectiva global sobre o desenvolvimento sustentável, com o conceito de eco- eficiência. Para ele, a eco- eficiência é o único pré-requisito necessário ao desenvolvimento sustentável e por considerar o empresariado capaz, unicamente, de formular e coordenar este processo (SCHMIDHEINY, 1992). Já Thomas Gladwin, defende que a ecoeficiência é um pré-requisito necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento sustentável, desenvolvimento este que abrange outros aspectos tais como a geração de empregos, a erradicação da pobreza, o respeito aos direitos humanos, a estabilização populacional e outros benefícios sociais (SANTOS, 2013). Em contra partida, para Paul Hawken, o empresariado é totalmente incompetente com relação à sustentabilidade ambiental. Não interessa quantas entidades de defesa ambiental sejam criadas, nem o total de recursos destinados a programas ambientais, pois, ainda assim, o mundo continuará movendo - se em direção à degradação e ao colapso, em virtude das grandes empresas serem as mais poderosas forças de destruição e de oposição à natureza. No entanto, ele acredita que as pequenas empresas por considerá-las mais éticas, idealistas e inovadoras, já que estas, ao estabelecerem um contato direto com os clientes, podem conscientizá-lós com relação às práticas ambientalmente mais sustentáveis (SANTOS, 2013). Segundo Elkington (1997) o ambientalismo empresarial deve integrar as dimensões sociais e ambientais nas estratégias econômicas, o chamado “Triple Bottom Line”, ou seja, prosperidade econômica, qualidade ambiental e justiça social. Assim, somente com a conjugação desses três fatores o desenvolvimento sustentável poderia ser garantido. A transição da sustentabilidade depende dos mercados, e estes do governo. Acontece, porém, que tais governos encontram- se em acentuada decadência e, dessa maneira, cabe ao empresariado, evidentemente com a colaboração da sociedade, liderar o processo de construção de uma sociedade sustentável, de acordo com a política de gestão ambiental (ELKINGTON, 1997). Dessa forma, de acordo com Costa et al. (2002), entre as tendências atuais de planejamento, gestão urbana e ambiental, destaca-se a preocupação com a criação de formas mais democráticas de gestão através da adoção de metodologias e práticas participativas e pela criação de instâncias colegiadas e multissetoriais de gestão de políticas. Os princípios de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) em organizações, de acordo com as normas ISO da série 14000¹¹ são os seguintes: 425 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Principio 1 - Comprometimento e política É recomendado que uma organização defina sua política ambiental e assegure o comprometimento com o seu SGA. Principio 2 – Planejamento É recomendado que uma organização formule um plano para cumprir sua política ambiental. Principio 3 – Implementação Para uma efetiva implementação, é recomendado que uma organização desenvolva a capacitação e os mecanismos de apoio necessários para atender sua política, seus objetivos e metas ambientais. Principio 4 - Medição e avaliação É recomendado que uma organização mensure, monitore e avalie seu desempenho ambiental. Principio 5 - Análise critica e melhoria É recomendado que uma organização analise criticamente e aperfeiçoe continuamente seu sistema de gestão ambiental, com o objetivo de aprimorar seu desempenho ambiental global. Com isto em mente, o SGA é melhor visto como uma estrutura organizacional, que se recomenda ser continuamente monitorada e periodicamente analisada criticamente, a fim de que se possam dirigir da organização, em resposta à mudança de fatores internos e externos. É recomendado que cada pessoa da organização aceite sua responsabilidade quanto a melhorias ambientais. Sendo assim, a política de gestão ambiental privada, tem como princípio escutar os setores da sociedade envolvidos, clientes, governo, fornecedores, trabalhadores, acionistas, vizinhos, etc, para criar um sistema de gestão dos aspectos ambientais de seus processos e produtos, melhorando-o continuamente (PAGEL, 2007). Portanto, para que a política de gestão ambiental seja eficaz, novas formas de cooperação entre o governo, a empresa privada e a sociedade são necessárias e urgentes, pois segundo Schmidheiny, (1992), o mundo está caminhando para a desregulamentação, iniciativas privadas e mercados globais. Isso requer empresas aptas a assumir mais responsabilidades sociais, econômicas e ambientais na definição de sua atuação. 426 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE METODOLOGIA Área de estudo O município de Triunfo (07°50’17’’ S e 38°06’06’’ W) está localizado na parte setentrional da microrregião Pajeú, porção norte do estado de Pernambuco, ocupando 157,7 km² (Figura 01). O acesso ao município é efetuado através da BR-232 que interliga Recife a Parnamirim (CPRM, 2005). Figura 1: Mapa do Brasil com destaque para Pernambuco, indicando o município de Triunfo – PE. Fonte: CPRM 2005. O município é considerado uma área de brejo, possui 1.004 m de elevação e o clima é classificado como úmido na maior parte do ano. Esse clima do município contradiz a aridez do sertão nordestino, uma vez que as temperaturas oscilam entre 8ºC no inverno e 30ºC no verão. A taxa pluviométrica anual no município corresponde a 1.222 mm, que se distribui durante todo o ano, mas com maiores valores pluviométricos nos meses de março e abril. Apresenta relevo forte-ondulado e montanhoso, com vegetação do tipo floresta subcaducifólia. Possui uma área de 191,52km², apresentando 15.280 habitantes (CPRM, 2005). Coleta de dados Para obtenção dos dados, foram selecionadas três empresas, com maior destaque no município de Triunfo. As empresas foram classificadas em A, B e C. A empresa A, é filial a uma rede de hotelaria, presente em todo o Brasil, segundo a mesma, dispõe também de educação, saúde, cultura e lazer. A empresa B, também oferece serviços de hotelaria, além de um parque aquático aberto para a população local e visitantes. Nesse espaço também se encontra um engenho, com a fabricação de cachaça, rapadura e mel. Por último, a empresa C, constitui a maior rede de comércio da cidade, apresentando no município supermercado, casa de construção e eletrodomésticos. Em seguida, foi disponibilizado um questionário estruturado, contendo 13 questões semiabertas. Para as três empresas selecionadas os questionários foram aplicados de forma indireta, onde o responsável de cada uma delas pode responder as perguntas relacionadas ao tema da pesquisa. 427 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Resultados e discussão Direta ou indiretamente os três estabelecimentos escolhidos para coleta de dados contribuem significativamente no desenvolvimento econômico, social e cultural do município. Em relação ao meio ambiente observou-se que, duas das três empresas analisadas, reconhecem a importância do meio ambiente e possuem algum tipo de política privada que minimizem os problemas ambientais durante os processos de produção. É um ponto positivo, já que o município possui uma dimensão pequena e as três empresas têm grande representatividade local. De acordo com Schmidheiny (1992), muitas empresas ainda encontram-se num estágio inicial no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável. Poucas empresas incorporam o conceito de desenvolvimento sustentável a sua cultura e planejamento estratégico. Os processos de transformação social, antes de responsabilidade exclusiva dos governos, têm sido adotados também por empresas privadas nos processos de transformação social. Além de sua função principal, que é movimentar a economia e gerar empregos, o mundo corporativo está mais atento à importância de adotar políticas de sustentabilidade, sem abrir mão do resultado financeiro. Hoje, quanto maior o porte de uma companhia, mais intenso tende a ser o seu comprometimento com as questões ambientais (http://sustentabilidades.com.br). Com base nas respostas obtidas através da aplicação dos questionários nas empresas A, B e C, observou-se que em relação a dimensão ambiental, apenas as empresas A e B possuem uma política corporativa de responsabilidade ambiental. De acordo com os dados, a empresa A, como políticas, possui um Programa de Sustentabilidade ECOS, seguida pelo SESC/SENAC e um conjunto de ações planejadas e checadas continuamente para mitigação dos impactos. Já a empresa B, possui essas políticas, contudo, não destacou quais eram desenvolvidas. Enquanto que a empresa C, não possui nenhum tipo de política voltada à responsabilidade ambiental. Segundo Schmidheiny (1992), muitas empresas saíram da resistência à mudanças e conflitos com ambientalistas para agirem e consideram as questões ambientais como parte de uma estratégia de negócios e tentaram parcerias com atores no setor governamental e sociedade civil. Tais empresas criaram departamentos de meio ambiente e investiram somas consideráveis em projetos ambientais internos. Com relação a existência de um gestor ambiental nas referidas empresas, constatou-se que a empresa A, possui uma equipe de profissionais que utilizam técnicas e conhecimentos para garantir o uso racional dos recursos naturais e a preservação da biodiversidade. Já as empresas B e C, não possuem um gestor especificamente. Quanto a existência de atribuições e responsabilidades ambientais na descrição formal das funções, observou-se que na empresa A, fica a cargo da gerência. Observou-se que nenhuma das empresas analisadas possui um cargo de gestor ambiental. 428 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE De acordo com Nascimento (2008), a presença de um gestor dentro de uma organização é extremante importante. O gestor pode determinar os procedimentos de uma organização, de forma a obter um melhor relacionamento com o meio ambiente. Para as empresas B e C, não existe responsável específico para esta modalidade. Apenas a empresa A, participa de fóruns e grupos que discutem sobre as mudanças climáticas e meio ambiente, compartilhando suas boas práticas para a gestão das mudanças climáticas, proposição de políticas públicas e biodiversidade. Quanto as mudanças climáticas na concepção de seus empreendimentos, processos, produtos e serviços, as empresas A e B, consideram-se aptas às adaptações. Além disso, a primeira empresa estabelece e divulga metas para ampliação do apoio à conservação da biodiversidade. Já a segunda empresa possui projetos de recuperação e proteção ambiental de magnitude significativa para a manutenção e conservação de espécies nativas de fauna e flora em áreas próprias. Com relação às práticas das três empresas relacionadas ao consumo de recursos naturais nos processos administrativos, observou-se que apenas as empresas A e B, realizam em suas atividades práticas de redução e monitoramento. Já a empresa C, não pratica e desenvolve nenhum tipo de ação (Tabela 1). Tabela 1. Relação das práticas das empresas no consumo dos recursos naturais nos processo administrativos, Triunfo 2014. ÁGUA PAPEL ENERGIA ELÉTRICA Empresa A Empresa B Empresa C Redução Monitoramento Nenhuma ação Redução Redução Nenhuma ação Monitoramento Redução Nenhuma ação Em relação ao consumo de recursos naturais nos processos produtivos, observou-se que apenas as empresas A e B, realizam em suas atividades práticas de redução e monitoramento (Tabela 2). Tabela 2. Relação das práticas das empresas no consumo dos recursos naturais nos processos produtivos, Triunfo 2014. ÁGUA ENERGIA ELÉTRICA COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS ECUSROS FLORESTAIS RECURSOS MINERAIS Empresa A Empresa B Empresa C Nenhuma Redução Monitoramento ação Redução Monitoramento ação Nenhuma ação Redução Nenhuma ação Monitoramento ação Nenhuma ação Redução Nenhuma Nenhuma ação Nenhuma Nenhuma ação 429 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para o desenvolvimento de algumas atividades realizadas pelas empresas A e B, ambas utilizam material reciclado em pelo menos alguns dos processos de produção. Já para empresa C, não foi descrito nenhuma das coes anteriores (Figura 2). 60 50 40 30 Material Reciclado 20 10 0 Empresa A Empresa B Empresa C Figura2. Percentual de material reciclado utilizado em alguns processos de produção De acordo com a figura 2, observa-se que as empresas A e B, utilizam em seus processos de produção aproximadamente 25% e 50% de material reciclado, respectivamente. Segundo pesquisa realizada em empresas brasileiras em 2009, pela Deloitte, 78% das empresas adotam práticas de sustentabilidade. Com relação às atividades de reciclagem promovidas pelas próprias empresas entrevistadas, 80% delas informam separar os materiais gerados dentro da organização, adequando-os corretamente. Além disso, outros 56% reutilizam tais materiais, integrando a atitude sustentável ao desenvolvimento dos negócios (http://www.deloitte.com). Além disso, as duas empresas utilizam água de reuso em seus processos produtivos e ainda avaliam os aspectos e os impactos ambientais, diretos e indiretos, potenciais e efetivos, de suas atividades, processos, procedimentos, produtos e serviços, incluindo, quando aplicável, a etapa de pós-consumo de seus produtos e/ou serviços. É importante destacar que apenas a empresa B, realiza monitoramento dos seus efluentes, contudo, não pode garantir que os mesmos são lançados em conformidade com a legislação aplicada. Já a empresa C, não realiza nenhuma das práticas supracitadas. Segundo Schmidheiny (1992), as organizações passaram a adotar novas estratégias condizentes com o desenvolvimento sustentável. Tais estratégias, além de diferenciar positivamente as empresas no mercado, também geram lucro a estas. Com relação ao gerenciamento e/ou minimização dos impactos ambientais significativos do transporte de produtos e materiais utilizados nas operações, as empresas A e B, também possuem esses programas. De acordo com os dados obtidos observou-se que as empresas A e B apresentam um avanço visível sobre as questões ambientais. E desenvolvem mesmo que em pequena escala 430 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE práticas sustentáveis. Ambas são conhecidas em escala municipal por desenvolver principalmente atividades voltadas ao turismo. De acordo com uma pesquisa do Green Brands Global Survive, realizada em 2009, 73% dos brasileiros planejam aumentar seus gastos com produtos e serviços verdes, sendo que 28% deles estão dispostos a destinar quantias até 30% maiores. Esses dados mostram que, hoje, o valor de uma empresa não é medido apenas pelo lucro, mas também pela sua riqueza intangível, à qual as ações responsáveis são inerentes (http://sustentabilidades.com.br). CONIDERAÇÕES FINAIS Com base nos dados obtidos através da aplicação dos questionários nas apresas descritas como empresa A, B e C, observou-se que apenas na empresa C, não há existência e atuação das políticas privadas voltadas para as questões ambientais, embora, seja um dos estabelecimentos de maior destaque para o município. Provavelmente a falta de fiscalização e o descaso por parte dos órgãos municipais para com estas e demais empresas, devem estar contribuindo para a inexistência de alguma ação mitigadora dos principais problemas elencados. Com relação as empresas A e B, existe pelo menos algum tipo de política privada e de acordo com os resultados, ambas desenvolvem atividades que visam minimizar os problemas ambientais e garantam a boa qualidade do meio ambiente. O fato de as empresas A e B, realizarem práticas sustentáveis pode estar relacionado ao fluxo de turistas nas duas organizações, pois as mesmas praticam principalmente atividades voltadas ao turismo. Para que o desenvolvimento sustentável esteja presente nas organizações torna-se necessário a integração da esfera econômica, social e ambiental em qualquer processo de tomada de decisões, tanto a curto quanto em longo prazo. REFERÊNCIAS ABNT. NBR ISO 14000: Sistemas de Gestão Ambiental - Especificação e Diretrizes para Uso. Rio de Janeiro: Associação Brasileira De Normas Técnicas - ABNT, 1996. COSTA, Heloisa et al. População, Turismo e Urbanização: conflitos de uso e gestão ambiental. 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Como resultados identificou-se uma margem de contribuição de R$ 1.592.915,14, o ponto de equilíbrio de R$ 3.079.951,48 e um déficit no valor de R$ 379.682,67. Os indicadores fornecem informações que são extremamente úteis aos gestores, visto que tais dados podem auxiliá-los nas tomadas de decisões, pois permite uma análise interna que possibilitará um melhor conhecimento dos resultados da gestão e uma melhoria no funcionamento da organização. Registra-se pelos autores a necessidade de um maior aprofundamento sobre os custos hospitalares, limitado nesse estudo inicialmente pela complexidade de uma instituição hospitalar de grande porte, com prerrogativas de instituição pública federal de ensino e assistência, onde, utilizou-se o método de sistema de custeio variável, tendo em vista a alta complexidade de cálculos em detrimento de tempo para conclusão do trabalho. Palavras-chave: Margem de Contribuição; Ponto de Equilíbrio; Indicadores Hospitalares. 1 INTRODUÇÃO O Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA), foi fundado em 1973, sendo um órgão de apoio acadêmico da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), é um Hospital-Geral de ensino que mantém relação funcional com todas as Unidades Acadêmicas da Universidade, é referenciado em urgência obstétrica de alto risco, atenção ambulatorial especializada e internação em média e alta complexidade, com ações abrangendo as áreas de ensino, pesquisa e assistência. O HUPAA é uma instituição pública e gratuita, cujo financiamento depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), no qual seu financiamento dá-se pela tabela de procedimentos do SUS, em que cada serviço prestado seja no nível de internação, ambulatorial e nos serviços de apoio ao diagnóstico corresponde a um valor pré-fixado. Com a criação do Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (REHUF) no âmbito do SUS, em 2004, foi definida uma nova política de gestão e financiamento para os hospitais universitários federais, o que fez com que a instituição tivesse que realizar diversas mudanças em seu perfil assistencial – levando a organização focar em procedimentos de média e alta complexidade e na sistemática de financiamento – a partir da pactuação de metas vinculadas à produção e desempenho gerencial. 433 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O HUPAA, assim como os demais hospitais universitários federais, enfrenta dificuldades principalmente relacionadas com seu custeio. As instituições públicas têm a função social como seu principal objetivo, mas, ressalta-se aqui que apresentam os mesmos problemas econômicos das empresas privadas prestadoras de serviços. Com a crescente exigência do governo e da sociedade pela racionalização dos custos e despesas, aumento da produtividade e melhoria da qualidade dos atendimentos nos Hospitais Universitários (HU’s), no Brasil, eclode a busca de um gerenciamento sustentável destas instituições. Diante desta realidade os hospitais de ensino encontramse debilitados por serem mais dispendiosos dado que incorporam atividades de ensino, pesquisa e extensão e por serem um referencial em tecnologia de ponta (SILVA, COSTA E BORGES, 2003). Deste modo, conhecer a composição dos custos como um processo norteador das decisões gerenciais torna-se de extrema importância para a saúde financeira das instituições, sendo necessário trabalhar com informações confiáveis, principalmente na forma de indicadores que meçam a produção, produtividade e qualidade dos serviços ofertados à comunidade. Diante de tal cenário e da complexidade do Hospital em questão, que requer um trabalho preciso sobre a apuração dos custos hospitalares, o trabalho apresentado limita-se a um estudo inicial da apuração dos custos, o qual se considera como uma etapa preliminar de conhecimento estrutural do HUPAA na classificação dos seus centros de custos administrativo, básico, auxiliar e final. Destarte, tem-se como objetivo “Calcular a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e o superávit ou déficit de receita, elaborar o mapa de relacionamento dos centros de custos e por fim apresentar a gestão da qualidade em serviços de saúde por meio da classificação dos indicadores hospitalares do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes”. 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Gestão de Custos Segundo Bittar (2000), em um setor como o da saúde, em que os recursos não são abundantes, a variável custo torna-se extremamente importante, pois somente a sua contenção permitirá atender o maior número de pessoas, além das implicações na qualidade. Custos hospitalares é um instrumento de trabalho fundamental para a otimização das operações do hospital, alertando a administração para quaisquer resultados que exijam correção. (Martins, 2000, p. 21). Falk (2001), enfatiza a grande importância das informações de custos como fonte de vantagem competitiva para os hospitais atualmente. Todavia, há evidências de que frequentemente tais informações são escassas no ambiente hospitalar, influenciando negativamente a tomada de decisão gerencial (RAIMUNDINI, 2003). Matos (2002), descreve que as informações sobre os custos são indispensáveis para alcançar padrões de gestão seguros. São condições básicas: possibilidade de exercício da função de planejamento, análise dos indicadores disponíveis no mercado, avaliação do custeio dos serviços em relação ao preço praticado. 434 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O Ministério da Educação (MEC) destaca que a otimização dos recursos, sem comprometer a funcionalidade e a qualidade dos produtos e serviços, deve ser um objetivo permanente nas instituições que buscam a excelência. No entanto, há desafios a serem enfrentados quando se trata do tema custos hospitalares. Horn et al (1997 apud Lagioia et al, 2002, p. 2) acerca deste assunto afirmam que “um dos principais desafios a ser enfrentado no meio ambiente hospitalar pode ser sintetizado da seguinte forma: como controlar os custos e ao mesmo tempo manter uma boa qualidade no padrão de atendimento”. Para que seja realizado a apuração de custos, é necessário adotar um sistema de custeio e o mesmo deve ser o mais adequado a realidade da instituição. Segundo, Ching (2001, p. 29) a palavra custeio pode ser definida como: “método de apropriação de custos”. Existem diversos métodos de custos de custeio apresentados na literatura especializada de Contabilidade. Porém, não há um consenso entre os autores mais renomados sobre a nomenclatura que deve ser utilizada para tais métodos, pois são aplicáveis conforme as características das entidades, como ramo de atividade, porte, grau de detalhamento desejado dos valores de custos, objetivos gerenciais etc. Neste caso, apresenta-se uma breve aborgadem do método de custeio Custeio Variável, sendo este o método de custeio utilizado neste trabalho. 2.1.3 Custeio Variável O Custeio Variável fundamenta-se na ideia de que os custos e as despesas que devem ser inventariáveis serão apenas aqueles diretamente identificados com a atividade produtiva e que sejam variáveis em relação a uma medida dessa atividade. Para Crepaldi (1999), o método do custeio variável fundamenta-se na classificação dos gastos em variáveis e fixos, ou seja, os gastos que oscilam proporcionamente ao volume de produção, venda e prestação de serviços e gastos e os gastos que se mantém estáveis. Uma das vantagens do custeio variável é a apresentação de informações gerenciais para o gestor. Conforme Megliorini (2001, p.137) “este método permite aos administradores utilizar os custos como ferramenta auxiliar na tomada de decisões”. O custeio variável é um instrumento de grande utilidade para a gerencia em sua função de planejamento das operações. O custeamento variável divide as despesas e os custos de fabricação em fixos e variáveis; determina a margem de contribuição em relação a qualquer objeto ou segmento da empresa, facilita a analise do processo de simulação – muito empregado pela função de planejamento – porque pode antever os resultados da interação de custos, volume e lucro. 2.2 Gestão de Custos em Hospitais Universitários A literatura sobre o assunto apresenta tanto a terminologia hospitais universitários (HU’s) quanto hospitais de ensino (HE’s). Os Hospitais Universitários (HU’s) são instituições caras por prestarem atendimentos complexos, e também por mesclar atendimento médico e processo 435 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE didático, sendo possível seguir a lógica de que “atividades que envolvem ensino, incluem certa dose de ineficiência técnica implícita ao processo didático” (MÉDICI, 2001, p. 154). Assim, a tendência dos hospitais universitários é continuar sendo custeados pelo setor público. Ter o controle dos custos é obrigação de qualquer administração, em uma instituição de saúde não é diferente, custos hospitalares envolvem um grau de complexidade, com fatores que vão desde o custo de medicamentos a compra de sofisticados equipamentos necessários para viabilizar a produção médica e manutenção a vida. Para Dallora e Forster (2008), é evidente a necessidade de melhoria da gestão dessas instituições que devem apresentar eficiência no uso dos recursos, devendo para tal, no mínimo, saber o quanto custam os procedimentos realizados. A gestão de custos nos hospitais universitários assume singular complexidade pela heterogeneidade e pouca padronização dos serviços prestados. Em função dessa complexidade muitos estudos fazem-se necessários e tem sido crescente, ainda que pouca, a atenção de pesquisadores nesta área (MIRANDA et al, 2007, p. 33). O volume de recursos para manter uma estrutura complexa como a dos HU’s exige um rigoroso controle por parte dos gerentes, visando o processo de gestão da unidade hospitalar no contexto de sistema de saúde, ademais de incluir em suas atividades a otimização dos serviços com menores custos. Diminuir custos em hospitais é uma tarefa delicada pela própria natureza dos serviços prestados. Apesar dessas dificuldades, o gerenciamento de custos hospitalares, com vistas à otimização dos recursos, é necessário e um importante fator para o tão almejado equilíbrio financeiro e o aumento da qualidade da atenção prestada (MARTINS, 2000). A apuração e o controle de custos em saúde, primeiramente, servem de instrumentos eficazes de gestão e acompanhamento dos serviços; em segunda instância, permitem a implantação de medidas corretivas que visem ao melhor desempenho das unidades, com base na redefinição das prioridades, no aumento da produtividade e na racionalização do uso de recursos, entre outras medidas administrativas (MS, 2006, p. 9). 2.3 Gestão de qualidade em serviços de saúde Os indicadores que serão apresentados nesta pesquisa são os seguintes: Indicadores de ensino e pesquisa: Número de Aluno por Docente, Número de Docente por Residente, Qualificação dos Docentes e/ou preceptores (% com mestrado e doutorado), Número de dissertações de mestrado, Número de teses de doutorados, Número de periódicos nacionais, Número de artigos publicados em periódicos internacionais, Número de projetos aprovados no CEP; Indicadores de Estrutura: Kg Roupa lavada (mês), Capacidade operacional (leitos), Número de consultórios, Número de salas cirúrgicas, Consultas/mês, Exames/mês; Indicadores de produção: Taxa de Ocupação Hospitalar, Nº de cirurgias por sala / dia, Taxa de cirurgias ambulatoriais, Percentual de 1ª Consulta, Percentual de Consultas de Retorno, Percentual de cirurgias de alta complexidade, Percentual de cirurgias suspensas, 436 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Percentual de cirurgias por porte (peq., méd. e grande), Percentual de procedimentos de alta complexidade, Número de internações/mês, Número de cirurgias e partos; Indicadores de produtividade: Relação Funcionário / Leito (RJU e Fundação), Funcionários médicos/Leitos (RJU), Funcionários enfermeiro/Leitos (RJU); Indicadores de recursos humanos: Número de cursos e treinamentos realizados, Horas de treinamento/funcionário; Indicadores hospitalares de qualidade: Média de Permanência, Taxa de mortalidade materna, Taxa de Mortalidade Hospitalar, Taxa de Infecção Hospitalar, Taxa de Infecção em cirurgia limpa, Taxa de Infecção por Cateter Venoso Central (em UTI, por 1000 dispositivos), Percentual falta dos pacientes a consulta, Taxa de parto cesáreo, Percentual de parto de alto risco, Percentual de parto de risco habitual, Percentual de resolutividade das reclamação na ouvidoria, Taxa de mortalidade institucional; Indicadores financeiros: Margem de contribuição, Percentual do custo variável em relação à receita total, Percentual de execução da capacidade de equilíbrio, Superavit ou déficit de receita, Perfil da complexidade do hospital. 3 METODOLOGIA O presente trabalho consite em um estudo de caso, utilizando-se de uma abordagem quantitativa. O método de coleta de dados se deu através da análise de documentos e observação participante. A pesquisa documental que consiste numa fonte de coleta de dados restrita a documentos escrita ou não, foi uma das formas de se obter informações sobre a instituição estudada, por meio da disponibilização dos seus arquivos como: Plano Diretor, Organograma da Instituição e Relatório de Gestão. Já os dados financeiros para o levantamento da receita e dos custos tiveram como fonte de informação o Setor Financeiro do HUPAA, referentes ao ano de 2012. Além da fundamentação científica com base em artigos científicos, livros e manuais de custos em saúde do Ministério da Saúde. Já na observação participante o pesquisador vivencia pessoalmente o evento de sua análise para melhor entendê-lo, agindo de acordo com as suas interpretações da área vivienciada; procurando entender as ações no contexto da situação observada, onde, para o desenvolvimento do estudo foram feitas visitas in loco em diversos serviços/setores do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes no período de 10 a 27 de novembro de 2013. Para o mapeamento dos relacionamentos dos centros de custos do HUPAA, foi utilizado o sistema de custeio variável, tendo em vista a alta complexidade de cálculos em detrimento de tempo, sendo também um fator de limitação do estudo. As etapas do trabalho iniciaram-se com a coleta dos dados, onde, foram levantadas as receitas do HUPAA e classificados os tipos de custos em fixos e variáveis, na segunda etapa foram calculados a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e o déficit de receitas utilizando como ferramenta de apoio para os cálculos a planilha eletrônica Excel. Na terceira etapa de estruturação dos centros de custos, utilizou-se como referência o organograma do Hospital para definir os centros de custos em produtivos e 437 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE não produtivos, e em seguida classificou-se os centros de custos em administrativos, básicos, auxiliares e finais e por fim a elaboração do Mapa de Relacionamentos. O HUPAA possui 89 centros de custos sendo: 26 centros de custos administrativos, 26 centros de custos básicos, 19 centros de custos auxiliares, 18 centros de custos finais. Na ultima etapa do trabalho buscou-se apresentar a gestão da qualidade em serviços de saúde por meio da classificação dos indicadores hospitalares, priorizando 47 indicadores, sendo: 08 indicadores de ensino e pesquisa, 06 indicadores de estrutura, 11 indicadores de produção, 03 indicadores de produtividade, 02 indicadores de recursos humanos, 12 indicadores hospitalares de qualidade e 05 indicadores financeiros. Como critério para a escolha dos indicadores levou-se em consideração os indicadores mais usuais na área de gestão hospitalar, de fácil comparação com outros hospitais e também a disponibilidade de acesso à coleta dos dados no sistema integrado de gestão hospitalar adotado no HUPAA, já em relação à quantidade dos indicadores não houve um parâmetro previamente estabelecido. 4 RESULTADOS Inicialmente serão apresentados os resultados referentes a composição das receitas do hospital. Observa-se na Figura 2 que a principal fonte de receita do HUPAA advém do processo de Contratualização, percentual equivalente a 69,97% da receita total. As outras fontes de receita são derivados de recursos do Programa da Rede Cegonha do Ministério da Saúde, 18,35% e do REHUF / MEC, 11,68%. Figura 2 –Fontes de receitas do HUPAA – Mensal/2012 RECEITAS HUPAA -2012 Rede Cegonha MS; R$ 495.465,34 ; 18,35% REHUF - MEC; R$ 315.356,64 ; 11,68% Contratualização - MS; R$ 1.889.446,83 ; 69,97% Fonte: Elaborado pelo autor Na sequência são apresentados os resultados referentes à composição dos custos da instituição. Como relatado na seção de metodologia, os custos serão tratados seguindo a metodologia de custeio variável, a qual segrega os custos em fixos e variáveis. A Tabela 1, mostra a classificação dos tipos de custos em fixos e variáveis e seus respectivos valores médios mensais em 2012 do Hospital Universitário. Nota-se que o maior impacto dos custos fixos está relacionado com o pagamento de pessoal da Fundação que 438 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE representam 46,78% e Terceirizados 23,45%, no qual totalizam 70,23% do total dos custos fixos. Em relação aos custos variáveis o seu maior comprometimento está relacionado a quatro principais itens: medicamentos, 22,31%; contratos terceirizações, 21,17%; material médico-hospitalar, 15,89% e contratos alimentação, 15,36%, importando num total de 74,74% dos custos variáveis. Tabela 1 – Tipos de custos fixos e variáveis do HUPAA GRUPO DE CUSTOS DESCRIÇÃO DO CUSTO Manutenção de Equipamentos Manutenção Predial Contratos Segurança, Recepção e Limpeza Informática Despesas de Custeio Bolsas pagas pelo HUF (exceto (R$) Residência Médica) Fundação PESSOAL Terceirizados TOTAL DOS CUSTOS FIXOS GRUPO DE CUSTOS DESCRIÇÃO DO CUSTO Medicamentos Material Médico-Hospitalar Material de Diagnóstico Órteses e Próteses Alimentação Despesas com Materiais Gases Medicinais (R$) Expediente e Papelaria Manutenção Limpeza e Higienização Descartáveis Tecidos Telefonia Lavanderia Gráfica e Imprensa Contratos Alimentação Combustíveis Capacitação de RH Terceirizações Despesas de Custeio Diárias e Passagens (R$) Equipamento e Material Permanente TOTAL DOS CUSTOS VARIÁVEIS CUSTOS TOTAIS TIPO DE CUSTO CUSTO MENSAL MÉDIO FIXO FIXO FIXO FIXO R$ R$ R$ R$ 100.267,75 173.387,22 184.077,84 82.140,46 FIXO R$ 938,00 FIXO FIXO R$ R$ R$ 850.000,00 426.082,41 1.816.893,68 % DOS % DOS CUSTOS CUSTOS FIXOS TOTAIS 5,52% 9,54% 10,13% 4,52% 62,13% 0,05% 46,78% 23,45% 100,00% % DOS TIPO DE CUSTO MÉDIO CUSTOS CUSTO MENSAL VARIÁVEIS VARIÁVEL R$ 247.062,03 22,31% VARIÁVEL R$ 175.934,24 15,89% VARIÁVEL R$ 17.900,28 1,62% VARIÁVEL R$ 7.494,67 0,68% VARIÁVEL R$ 66,58 0,01% VARIÁVEL R$ 13.053,28 1,18% VARIÁVEL R$ 10.626,61 0,96% VARIÁVEL R$ 21.397,17 1,93% VARIÁVEL R$ 2.162,51 0,20% VARIÁVEL R$ 6.821,18 0,62% VARIÁVEL R$ 52.119,80 4,71% VARIÁVEL R$ 12.930,73 1,17% VARIÁVEL R$ 50.233,05 4,54% VARIÁVEL R$ 27.972,54 2,53% VARIÁVEL R$ 170.132,54 15,36% VARIÁVEL R$ 4.612,82 0,42% VARIÁVEL R$ 2.430,25 0,22% VARIÁVEL R$ 234.453,92 21,17% VARIÁVEL R$ 2.239,84 0,20% VARIÁVEL R$ 47.709,63 4,31% R$ 1.107.353,67 100,00% R$ 2.924.247,35 % DOS CUSTOS TOTAIS 37,87% 100,00% Fonte: Dados SIMEC/REHUF/MEC – 2012 - Elaborado pelo autor. Conforme se observa na Figura 3 os custos fixos representam uma parcela significativa dos custos totais do hospital, compreendem 62,13%, enquanto que os custos variáveis equivalem a 37,87%. Figura 3 – Percentual dos custos fixos e variáveis do HUPAA 439 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE CUSTOS FIXOS X CUSTOS VARIÁVEIS - HUPAA 2012 Custos Variáveis 37,87% Custos Fixos 62,13% Fonte: Elaborado pelo autor. Após o levantamento dos dados e posterior identificação dos custos fixos, custos variáveis e do total da receita do hospital, observa-se na Tabela 3 a margem de contribuição no valor de R$ 1.592.915,14, com o ponto de equilíbrio de R$ 3.079.951,48, apresentando um déficit de receita de R$ 379.682,67, onde, o déficit da receita do HU não supri o seu ponto de equilíbrio. Ressalta-se que o elevado custo fixo da instituição, colabora para o aumento do seu ponto de equilíbrio ocasiona riscos para a continuidade da atividade operacional, justificado neste caso pelo seu déficit de receita, sendo imprescindível, um aumento da produção para minimizar tal risco e suprir o déficit. Tabela 2 – Margem de contribuição, ponto de equilíbrio e déficit de receita do HUPAA - mensal DESCRIÇÃO R$ (Mensal) (A) TOTAL DE RECEITAS R$ 2.700.268,81 (B) TOTAL DOS CUSTOS FIXOS R$ 1.816.893,68 (C) TOTAL DOS CUSTOS VARIÁVEIS R$ 1.107.353,67 D = (A-C) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO R$ 1.592.915,14 E = (C/A) % CUSTOS VARIAVEIS EM RELAÇÃO À RECEITA TOTAL 41,01% F = (100% - E) % DIFERENÇA DE CUSTOS FIXOS EM RELAÇÃO AO CUSTO 58,99% VARIÁVEL G = (B/F) PONTO DE EQUILIBRIO EM RELAÇÃO À RECEITA R$ 3.079.951,48 H = (G/A) % DE EXECUÇÃO DA CAPACIDADE DE EQUILÍBRIO 114,06% I = (G - A) DÉFICIT DE RECEITA - R$ 379.682,67 Fonte: Elaborado pelo autor Levando em consideração as especificidades e atividades desenvolvidas na instituição, os centros de custos foram classificados em centros de custos produtivos (37) e não produtivos (52). Os quadros do 3 ao 9, apresentam a classificação dos 47 indicadores em indicadores de ensino e pesquisa, de estrutura, de produção, de produtividade, de recursos humanos, hospitalares de qualidade e financeiros. 440 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quadro 3 - Indicadores de ensino e pesquisa 1 2 3 4 5 6 7 8 INDICADO R / CONCEITO / MARCADO DESCRIÇÃO R Relação entre o nº de alunos de graduação Número de em determinado Aluno por período e nº de Docente docentes no mesmo período. Relação entre o nº de docentes da instituição Número de em determinado Docente por período e o nº de Residente residentes médicos no mesmo período. Qualificação dos Docentes e/ou preceptores (% com mestrado e doutorado) MÉTODO DE CÁLCULO/ APURAÇÃO FREQUÊNCI A FONTE DE RESPONSÁVE INFORMAÇÃ L O nº de alunos da instituição/nº Númer de docentes da o instituição Semestral Direção Ensino de nº de docentes da instituição/nº Númer de médicos o residentes na instituição Semestral Direção Ensino de Nº de docentes e preceptores c/ mestrado e % doutorado / Nº de docentes X 100 Semestral Direção Ensino de Quadrimestral Direção Ensino de Quadrimestral Direção Ensino de Númer o Quadrimestral Direção Ensino de artigos Nº de artigos em publicados em Númer periódicos o internacionais Quadrimestral Direção Ensino de Quadrimestral Direção Ensino de Relação percentual entre o nº de docentes e preceptores da instituição e o nº de docentes e preceptores com mestrado e doutorado TIPO Número de dissertações Número de Nº de Númer de mestrado dissertações de dissertações de o mestrado apresentadas mestrado Número de teses de Número de teses de Nº de teses de Númer doutorados doutorado apresentadas doutorado o Número de periódicos Nº Número de periódicos nacionais periódicos nacionais apresentados nacionais Número de artigos publicados em periódicos internacionai s Número de publicados periódicos internacionais de Número de projetos aprovados no Número de projetos Nº de projetos Númer aprovados no CEP aprovados no CEP o CEP Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Fonte: Elaborado pelo autor. 441 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quadro 4 - Indicadores de Estrutura INDICADO R / CONCEITO MARCADO DESCRIÇÃO R MÉTODO / DE CÁLCULO/ APURAÇÃO TIPO FONTE DE FREQUÊNCI RESPONSÁVE INFORMAÇÃ A L O 9 Kg Roupa Quilos de roupas Kg de roupas Kg lavada (mês) lavadas no período lavadas Mensal Hotelaria Hospitalar 10 Capacidade operacional (leitos) Nº de leitos Númer operacionais o Mensal Direção de Enfermagem de Nº de Númer do consultórios o Mensal Coordenação de Informações Gerenciais salas Nº de salas Númer cirúrgicas o Mensal Centro Cirúrgico 11 12 Capacidade operacional (leitos) Número Número de consultórios consultórios hospital Número de Número de salas cirúrgicas cirúrgicas 13 Consultas/mê s Número de Consultas Nº no Período Consultas de Númer o 14 Exames/mês Número de Exames no Nº de Exames Período Númer o Mensal Mensal Coordenação de Informações Gerenciais Coordenação de Informações Gerenciais Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 5 - Indicadores de produção MÉTODO / DE TIPO CÁLCULO/ APURAÇÃO Relação percentual entre o número de Nº de de pacientes-dia e o pacientes-dia / % número de leitos-dia Nº de leitos-dia em determinado x 100 período. INDICADOR / MARCADOR FREQUÊNCI A FONTE DE RESPONSÁVE INFORMAÇÃ L O Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Nº de cirurgias ambulatoriais / % Nº de Cirurgias X 100 Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Nº de primeiras consultas / Nº de consultas % agendadas X 100 Mensal Coordenação Coordenação de de Informações Desenvolvimento Gerenciais Institucional CONCEITO DESCRIÇÃO 15 Taxa Ocupação Hospitalar 16 nº de procedimentos Nº de cirurgias nº de Númer cirúrgicos realizados por sala / dia procedimentos o por sala por dia 17 18 Relação percentual entre o total de Taxa de cirurgias cirurgias ambulatoriais pelo ambulatoriais total de cirurgias realizadas no estabelecimento Relação percentual de primeiras consultas em Percentual de determinado período 1ª Consulta no universo de consultas agendadas na instituição no mesmo período. de de de Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional 442 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Relação percentual de consultas de Retorno em de determinado período de no universo de consultas agendadas na instituição no mesmo período. 19 Percentual Consultas Retorno 20 Relação percentual Percentual de entre as cirurgias de cirurgias de alta complexidade e alta o número total de complexidade cirurgias realizadas no hospital. 21 Percentual cirurgias suspensas Relação percentual entre as cirurgias de suspensas e o número total de cirurgias agendadas no hospital. 22 Relação percentual do número de Percentual de cirurgias por porte cirurgias por (P, M e G) e o porte (peq., número de cirurgias méd. e grande) total realizadas no hospital. 23 Relação percentual entre o número de Percentual de procedimentos de procedimentos alta complexidade e de alta o número de complexidade procedimentos do hospital 24 Número de Número internações/mê internações s Período 25 Número cirurgias partos Nº de consultas de retorno / Nº de consultas %l agendadas X 100 Nª de cirurgias de alta complexidade /Nª total de cirurgias realizadas no hospital x100 Nª de cirurgias suspensas / Nº total de cirurgias agendadas no hospital x100 Nª de cirurgias de (P ou M ou G) porte/Nª total de cirurgias realizadas no hospital x100 Nª de procedimentos de alta complexidade /Nª total de procedimentos realizados no hospital x100 % % % % Mensal Coordenação Coordenação de de Informações Desenvolvimento Gerenciais Institucional Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar de Nº de Númer no internações o Mensal de Número de cirurgias Nº de cirurgias Númer e e partos no período + partos o Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Sistema Integrado Gestão Hospitalar de de de de de de Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 6 - Indicadores de produtividade MÉTODO / DE CÁLCULO/ APURAÇÃO Relação Nº de Relação entre o total Funcionário / funcionários / de funcionários e o 26 Leito (RJU e Nº de leitos número de leitos. Fundação) ativos Relação entre o Total Funcionários Nº de de Funcionários Funcionários 27 médicos/Leitos Médicos/Leitos no (RJU) médicos/Leitos Período INDICADOR / CONCEITO MARCADOR DESCRIÇÃO TIPO FONTE DE FREQUÊNCI RESPONSÁVE INFORMAÇÃ A L O Númer o Mensal Recursos Humanos Coordenação de Desenvolviment o Institucional Númer o Mensal Recursos Humanos Coordenação de Desenvolviment o Institucional 443 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Funcionários 28 enfermeiro/Leit os (RJU) Relação entre o Total de Funcionários enfermeiros/Leitos no Período Nº de Funcionários Númer enfermeiro/Leit o os Coordenação de Desenvolviment o Institucional Mensal Recursos Humanos FREQUÊNCI A FONTE DE RESPONSÁVE INFORMAÇÃ L O Nº de cursos e Númer treinamentos o Semestral Recursos Humanos Coordenação de Desenvolviment o Institucional Nº de horas de treinamento no semestre/ Horas funcionário RJU Semestral Recursos Humanos Coordenação de Desenvolviment o Institucional FREQUÊNCI A FONTE DE RESPONSÁVE INFORMAÇÃ L O Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 7 - Indicadores de recursos humanos INDICADOR / MARCADOR 29 30 CONCEITO DESCRIÇÃO MÉTODO / DE CÁLCULO/ APURAÇÃO Número de Número de cursos e cursos e treinamentos treinamentos realizados no período realizados Relação do Número Horas de de horas de treinamento/fu treinamento por ncionário funcionário no período TIPO Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 8 - Indicadores hospitalares de qualidade MÉTODO / DE CÁLCULO/ APURAÇÃO Relação entre o total de pacientes-dia e o total de pacientes que Nº de dias de tiveram saída do permanência hospital em Média de dos pacientesdeterminado período, Permanência dia / Nº de incluindo óbitos. pacientes-dia x Representa o tempo 100 médio em dias que os pacientes ficaram internados no hospital. É a relação entre o número de óbitos N° de óbitos de maternos por obstetrícia complicação de durante gravidez, parto e Taxa de determinado puerpério, ocorridos mortalidade período / nº de durante um materna pacientes de determinado período, obstetrícia no hospital, e o número saídos no de pacientes de mesmo período obstetrícia saídos (altas e óbitos). INDICADOR / CONCEITO MARCADOR DESCRIÇÃO 31 32 TIP O Dias % de de Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional 444 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 33 34 Taxa de Mortalidade Hospitalar Taxa Infecção Hospitalar de 35 Taxa de Infecção em cirurgia limpa 36 Taxa de Infecção por Cateter Venoso Central (em UTI, por 1000 dispositivos) 37 Percentual falta dos pacientes a consulta 38 Taxa de parto cesáreo 39 Percentual de parto de alto risco Relação percentual entre o número de óbitos ocorridos em pacientes internados e o número de pacientes que tiveram alta do hospital (∑ curado, melhorado, transferência externa e óbito), em determinado período. Mede a proporção dos pacientes que morreram durante a internação hospitalar. Relação percentual entre o número de infecções corridas em pacientes internados na UTI em determinado período e o número de altas (∑ curado, melhorado, transferência externa, óbito) no mesmo período. Relação percentual entre o número de infecções corridas em pacientes submetidos a cirurgias limpas em determinado período e o número de altas (∑ curado, melhorado, transferência externa, óbito) no mesmo período. Relação percentual entre o número de infecções corridas em pacientes em determinado período e o número de altas (∑ curado, melhorado, transferência externa, óbito) no mesmo período. Relação percentual entre o número de Pacientes que faltaram em determinado período no universo de consultas agendadas na instituição no mesmo período. Relação percentual entre o número de parto cesáreo e o número total de partos realizados no hospital Relação percentual entre o número de parto de alto risco e o número total de partos realizados no hospital Nº de óbitos de pacientes internados em determinado % período / Nº de altas no mesmo período X 100 Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Nº de infecções ocorridas em pacientes internados em % determinado período / Nº de altas no mesmo período X 100 Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Nº de infecções em cirurgia limpa no % período / Nº de cirurgias limpas X 100 Mensal Serviço Controle Infecção Hospitalar de Coordenação de de Desenvolvimento Institucional Serviço Controle Infecção Hospitalar de Coordenação de de Desenvolvimento Institucional Nº de infecções ocorridas em pacientes em determinado % período / Nº de altas no mesmo período X 100 Nº de falta de pacientes às consultas / Nº % de consultas agendadas X 100 Nª de parto cesáreo /Nª total de partos % realizados no hospital x100 Nª de parto de alto risco /Nª total de partos % realizados no hospital x100 de de Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Mensal Coordenação de Coordenação de Informações Desenvolvimento Gerenciais Institucional Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar de de Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional 445 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 40 Relação percentual Percentual de entre o número de parto de risco parto de baixo risco e o habitual número total de partos realizados no hospital 41 Percentual de resolutividade das reclamação na ouvidoria 42 Relação percentual entre o número de óbitos ocorridos no Taxa de hospital, após 48 horas mortalidade da admissão, durante institucional determinado período / número de paciente saídos (altas e óbitos), no mesmo período. Relação percentual das resolutividades da ouvidoria e o número de reclamações registradas na ouvidoria do hospital Nª de parto de baixo risco /Nª total de partos % realizados no hospital x100 Nª de resolutividades da ouvidoria / número de % reclamações registradas x100 N° de óbitos após 48 horas em determinado % período / n° de saídas no mesmo período Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar Mensal Sistema Integrado Gestão Hospitalar de de de Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Coordenação de Desenvolvimento Institucional Fonte: Elaborado pelo autor. Quadro 9 - Indicadores financeiros MÉTODO / DE CÁLCULO/ APURAÇÃO Diferença entre o valor total de receitas Total de durante determinado receitas - total período e o total dos dos custos custos variáveis no variáveis mesmo período Relação percentual entre Total dos Total dos custos variáveis custos durante determinado variáveis / período e o total de total de receitas receitas no mesmo x 100 período Relação percentual entre o ponto de Ponto de equilíbrio de equilíbrio / determinado período total de receitas e o total de receitas x 100 no mesmo período Diferença entre o valor do ponto de Ponto de equilíbrio durante equilíbrio determinado período total de receitas e o total de receitas no mesmo período INDICADOR / CONCEITO MARCADOR DESCRIÇÃO TIPO FREQUÊNCI A FONTE DE RESPONSÁVE INFORMAÇÃ L O 43 Margem de contribuição Númer o Mensal Financeiro Coordenação de Desenvolviment o Institucional 44 Percentual do custo variável em relação à receita total % Mensal Financeiro Coordenação de Desenvolviment o Institucional 45 Percentual execução capacidade equilíbrio de da de % Mensal Financeiro Coordenação de Desenvolviment o Institucional 46 Superavit déficit receita ou de Númer o Mensal Financeiro Coordenação de Desenvolviment o Institucional 446 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 47 Relação percentual entre a soma da receita da alta complexidade mais estratégico em Perfil da determinado período complexidade e a soma da receita do hospital da média complexidade mais a alta complexidade mais estratégico no mesmo período. ([SOMA RECEITA SUS Aprovado/Pago (SIA Alta Complexidade +SIH Alta Complexidade +Estratégicos)] / [SOMA RECEITA SUS Aprovado/Pago % (SIA Média Complexidade +SIH Média Complexidade +PAB+SIA Alta Complexidade +SIH Alta Complexidade +Estratégicos)] )*100 Quadrimestral Faturamento Coordenação de Desenvolviment o Institucional Fonte: Elaborado pelo autor. 5 CONCLUSÃO O HUPAA, por ser um hospital público e de ensino, inserido em uma rede municipal de saúde SUS, e considerado referência em diversos serviços de saúde para o Município de Maceió e para o Estado de Alagoas, com uma demanda cada vez maior por seus serviços prestados à comunidade, apresentando um elevado grau de complexidade de seus processos e custos elevados, exigindo deste uma gestão de custos como condição sine qua non para sua satisfatória gestão. Sendo assim, esse estudo baseou-se na apuração preliminar dos custos do Hospital, assim como, a introdução à gestão da qualidade de serviços de saúde através dos indicadores hospitalares. É importante destacar o elevado custo fixo do Hospital, 62,9%, o qual contribui para o aumento do seu ponto de equilíbrio em relação à receita e que traz riscos para a continuidade da atividade operacional, justificado neste caso pelo seu déficit de receita de R$ 379.682,67, sendo necessário o aumento da produção para minimizar tal risco e suprir o déficit. De acordo com o Programa Nacional de Gestão de Custos / MS (2006), para que os resultados sejam satisfatórios, os centros de custos devem ter uma rede de relacionamentos, ou seja, os departamentos são relacionados para facilitar a distribuição dos seus gastos. Observa-se que o HUPAA, em 2012, teve sua principal receita advinda da Contratualização com a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, 69,9%, a qual, vinculam-se suas metas de produção assistencial, assim como os indicadores de qualidade, de ensino e pesquisa. Ressalta-se também os indicadores do Programa da Rede Cegonha, segunda maior fonte de receita, incorporada a este Convênio, sendo necessário o acompanhamento sistemático e periódico dos indicadores hospitalares. Onde, destaca-se a gestão da qualidade em serviços de saúde. De acordo com Bittar (2001), medir qualidade e quantidade em programas e serviços de saúde é imprescindível para o planejamento, organização, coordenação/direção e 447 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE avaliação/controle das atividades desenvolvidas, sendo alvo dessa medição os resultados, processos e a estrutura necessária ou utilizada, bem como as influências e repercussões promovidas no meio ambiente. Os indicadores fornecem informações que são extremamente úteis aos gestores, visto que tais dados podem auxiliá-los nas tomadas de decisões, pois permite uma análise interna que possibilitará um melhor conhecimento dos resultados da gestão e uma melhoria no funcionamento da organização. Registra-se pelos autores a necessidade de um maior aprofundamento sobre os custos hospitalares, limitado nesse estudo inicialmente pela complexidade de uma instituição hospitalar de grande porte, com prerrogativas de instituição pública federal de ensino e assistência, onde, utilizou-se o método de sistema de custeio variável, tendo em vista a alta complexidade de cálculos em detrimento de tempo para conclusão do trabalho. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA & CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Programa de avaliação e controle da qualidade do atendimento médico-hospitalar, São Paulo, 1992. Informativo CQH. (CQH- Informativo, ano I, nº 3, julho 1992). BITTAR, O.J.N.V. Indicadores de qualidade e quantidade em saúde. Revista Associação Medicina do Brasil, vol. 3, Nº. 12, Págs. 21-28, Jul-Set, 2001. _______________. Gestão de processos e certificação para qualidade. Revista Associação Medicina do Brasil, v. 46, n. 1, p. 70-6, 2000. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Programa Nacional de Gestão de Custos. Manual técnico de custos – Conceitos e Metodologia. Brasília – DF, 2006. ______________. Secretaria de planejamento e orçamento. Portaria nº 4/2008. Unidades gestora; 2008. _______________.Gabinete do Ministro. Portaria nº 1459, de 24 de junho de 2011. Institui no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS – a Rede Cegonha. Brasília. 2011. CAMPOS, V. F. TQC – Controle da Qualidade Total. Belo Horizonte, Mg: Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1999. CHING, Hong Yuh. Manual de custo de instituições de saúde: sistemas tradicionais de custos e sistema de custeio baseado em atividades (ABC). São Paulo: Atlas, 2001. DALLORA Melv, FORSTER AC. A importância da gestão de custos em hospitais de ensino, considerações teóricas. Medicina (Ribeirão Preto) 2008; 41 (2): 135-42. FALK, J. A. Gestão de custos para hospitais: conceitos, metodologias e aplicações. São Paulo: Atlas, 2001. LOPES DE SÁ, A. Dicionário de Contabilidade. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1990. 448 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2003. _______________. Contabilidade de Custos. 6.ed. São Paulo: Atlas, 1998. MARTINS D. Custos e orçamentos hospitalares. São Paulo: Atlas; 2000. 165p. MATOS, Afonso José de. Gestão de custos hospitalares: técnicas, análise e tomada de decisão. São Paulo: Editora STS, 2002. MEGLIORINI, Evandir. Custos. 1.ed. São Paulo: Makron Books, 2001. MEDICI, A. C. Hospitais universitários: passado, presente e futuro. Revista da Associação Médica Brasileira. (1992); 47(2): 149-156, abr.-jun. 2001. MIRANDA GJ, et AL. Custeio ABC no ambiente hospitalar: Um estudo de caso nos hospitais universitários e de ensino brasileiros. Rev. Cont. Fin. USP São Paulo, no 44 p 33 . 43 maio/agosto 2007. RAIMUNDINI, S. L. Aplicabilidade do sistema ABC e análise de custos: estudo de caso em hospitais públicos. 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RESUMO Diante das transformações ocorridas no comércio, surge a necessidade da utilização de ferramentas eficientes para a gestão empresarial. Uma delas é a avaliação de desempenho que pode fornecer informações quanto à viabilidade das atividades realizadas e proporcionar uma comparabilidade com relação às metas estipuladas. A problemática do estudo, então, consistiu no seguinte questionamento: como a avaliação de desempenho é utilizada pelas empresas comerciais da cidade de João Pessoa? Para respondê-la, determinou-se como objetivo a evidenciação dos procedimentos utilizados, para a realização da avaliação de desempenho nessas empresas. O estudo se caracterizou como descritivo, quantitativo e os métodos utilizados foram o bibliográfico e o levantamento (Survey). Os dados da pesquisa, composta por 35 respondentes, foram obtidos através de um questionário aplicado aos gestores das empresas. Dentre os resultados obtidos, analisou-se que a maioria dos respondentes afirmou que realiza a avaliação de desempenho na empresa e que seu uso é importante. Também se concluiu que, das dezoito empresas que afirmaram executar a avaliação de desempenho, apenas onze realizam na sua totalidade. Palavras-chave: Avaliação de desempenho. Comércio. Pequenas e Médias Empresas. Área Temátca: Informação Contábil para Usuários Internos. INTRODUÇÃO As empresas comerciais que não realizam uma estratégia, em relação às suas atividades, ou um planejamento quanto ao funcionamento da organização, podem apresentar prejuízos evitáveis. Desta forma, quando suas atividades são norteadas apenas pelas necessidades existentes no cotidiano, a continuade dessas empresas no mercado pode ser afetada. Corroborando, Martins (2005) afirma que o principal problema enfrentado pelas micro e pequenas empresas do setor comercial, em nosso país, é a falta de planejamento no decorrer da execução de suas atividades. Diante deste fato, é importante que as atividades realizadas dentro da empresa sejam avaliadas e devidamente controladas, de modo que seja observada a real necessidade e o reflexo que elas produzem dentro da instituição. E para que os resultados consigam índices satisfatórios, os funcionários também precisam ser avaliados, a fim de que o desempenho de cada um venha a ser favorável e esteja de acordo com as metas estabelecidas pela entidade. Dentre as ferramentas que podem ser utilizadas pelas empresas, temos a avaliação de desempenho, que consiste numa análise de todas as atividades realizadas pela organização e quais as vantagens e desvantagens produzidas por elas. Para Braga (2012), é através dessa ferramenta, que se avalia o desempenho para saber a forma pela qual as atividades estão sendo realizadas. Ela permite corrigir desvios, melhorar a produtividade, avaliar o desenvolvimento do trabalho, apontando mudanças no comportamento, em atitudes e em questões técnicas que precisam ser melhoradas. 450 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Verifica-se que, para uma empresa que busque a continuidade das suas funções, é importante que seja realizada uma avaliação de desempenho, para poder controlar a viabilidade das atividades desenvolvidas na empresa. Uma das ferramentas, que podem ser usadas para facilitar o entendimento do desenvolvimento da empresa no mercado, são os índices de desempenho. Estes avaliam a capacidade da empresa de gerar capital, o nível de solvência, o comportamento da instituição diante dos seus fornecedores, além de outras informações que podem ser geradas para os administradores de acordo com suas necessidades. Um bom planejamento e a utilização dos índices de desempenho têm se tornado ferramentas úteis para o desenvolvimento da empresa. Sendo a utilização dos índices de desempenho, uma forma de avaliar o lucro obtido, a atuação dos gestores, dos funcionários, de medir a capacidade da entidade diante suas dívidas, entre outros, proporcionando um controle das atividades e possibilitando correções e ajudando na tomada de decisões. De acordo com as informações, o presente estudo procurou responder o seguinte questionamento: como a avaliação de desempenho é utilizada pelas empresas comerciais da cidade de João Pessoa? Para responder ao questionamento, determinou-se como objetivo geral evidenciar os procedimentos utilizados para a realização da avaliação de desempenho nas empresas comerciais da cidade de João Pessoa. E como objetivos específicos: delinear um perfil das empresas entrevistadas que utilizam o método da avaliação de desempenho, verificar quais os tipos de controle são utilizados pelas empresas e relacionar quais são os indicadores utilizados pelas empresas para realização do controle de desempenho. REFERENCIAL TEÓRICO Avaliação de desempenho e sua importância Martins et al. (2012, p. 5) esclarece: “avaliar em seu sentido genérico quer dizer dar valor a algo, fazer a apreciação de algo, ou mesmo, a tomada de uma decisão em busca de se atingir uma situação desejada”. Ainda declara (p. 05): “entende-se por desempenho, o ato de desempenhar, de cumprir algo que lhe foi proposto ou prometido, ou ainda a realização de uma atividade ou conjunto de atividades”. Assim, pode-se definir a avaliação de desempenho como sendo tanto uma quantificação, como qualificação dos meios como são atingidos os objetivos pelas pessoas que compõem a empresa, ou seja, o retorno que as atividades desenvolvidas proporcionam à organização. Conforme Catelli (2001), observa-se que o processo de avaliação ajuda na geração de alternativas de escolha com o intuito de ajudar ao gestor nos melhores caminhos a seguir, considerando que ter o controle da situação é uma das grandes preocupações das empresas, a necessidade de realizar um controle das atividades desenvolvidas é um instrumento que ajuda o gestor a escolher as melhores alternativas diante das transações futuras. Dessa forma, a satisfação da empresa, em relação ao que foi traçado como meta, está atrelada ao uso de padrões eficientes que atuem com transparência, em consonância com um sistema de avaliação, que procura encaminhar a instituição à obtenção dos resultados esperados. 451 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Medidas de desempenho Atribuir valores ao que é executado na empresa, os quais repercutiram ou não efeitos dentro dela, aparece como palavra-chave quando o assunto é medir o desempenho das atividades desenvolvidas na organização, apresentando-se como importantes ferramentas gerenciais. Fonseca (2010, s/p) destaca que “Um sistema de medição de desempenho é um conjunto de medidas referentes à organização como um todo [...] e aos seus processos, de forma a refletir certas características do desempenho para cada nível gerencial interessado.”. Consoante ao que foi dito, as medidas de desempenho são instrumentos necessários às empresas, pois apontam como estão sendo atingidos seus objetivos e como está sendo a atuação da organização dentro do cenário em que está inserida, assim como informa os resultados referentes ao desempenho individualizado e obtido internamente. Segundo Carmelito (2008, s/p): “dentre as diferentes formas de se medir o desempenho, a mais aceita é por meio de indicadores, que permitem avaliar as variações ao longo do tempo”. Para que a empresa tenha conhecimento de tudo que acontece internamente é importante lidar com ferramentas que sejam o reflexo da entidade naquele momento, possibilitando uma noção do que pode ser enfrentado posteriormente. Indicadores de desempenho Os indicadores de desempenho apresentam uma análise da área determinada com mais precisão, segurança e clareza, pois não está atrelado apenas ao passado ou presente, mas também ao futuro da entidade. Para Nuintin (2007 apud GIRIOLI, 2010, p. 33): indicadores são uma forma de medir uma situação atual contra um padrão previamente estabelecido. Os indicadores dão suporte à análise crítica dos resultados, à tomadas de decisão e ao planejamento e controle dos processos da organização. Estabelecer análises comparativas entre os desempenhos obtidos e parâmetros estabelecidos anteriormente pelos gestores, surgem como a finalidade principal desses instrumentos gerenciais, que são os indicadores, visando proporcionar bases confiáveis na hora da tomada de decisões. Carmelito (2008, s/p) apresenta como principais indicadores de desempenho os expostos a seguir: a) Produtividade: consiste em transformar, em tempo hábil, uma matéria-prima em produto pronto para a venda. b) Capacidade: faz referência ao volume de produtos fabricados pela empresa. c) Qualidade: considera o número de produtos fabricados em conformidade com o padrão determinado e os que possuem qualquer defeito. d) Velocidade de entrega: Intervalo entre a compra do produto e a respectiva entrega ao consumidor final. e) Flexibilidade: está atrelado à satisfatividade dos clientes, ou seja, considera tanto 452 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE o nível de produção quanto o que realmente os consumidores precisam. E conforme a classificação anterior, podemos observar que ao satisfazer seus clientes através de seus serviços, tornando-se adaptável, uma empresa estará automaticamente atendendo aos demais objetivos, dentre eles uma rápida produção de produtos com qualidade suficiente para agradar seus consumidores. Influência do orçamento e dos padrões na avaliação de desempenho Não só é importante que a realização da avaliação de desempenho seja segura e confiante, como também os instrumentos que alimentam esse procedimento devem ser produzidos de maneira satisfatória. Por isso, alguns autores definem o orçamento e os padrões como ferramentas fundamentais para o controle da entidade. Tanto um quanto o outro não são figuras do presente, pois possibilitam aos administradores ter uma visão do que foi alcançado, e quais os pontos que deixaram a desejar. Orçamento Por meio do orçamento, a empresa planeja o que deve ser feito e realiza suas atividades, conforme o que foi estipulado anteriormente pelos administradores. Sendo uma forma de definir quais os passos da organização, assim como as ações corretivas caso algo venha a dar errado. Brookson (2000 apud CUNHA et al., 2008, p. 6), em relação aos orçamentos afirma: além de serem parâmetros para a avaliação dos planos, permitem a apuração do resultado por área de responsabilidade, desempenhando o papel de controle por meio dos sistemas de custos e contabilidade, estando presente no ciclo administrativo. O orçamento está associado às funções administrativas, abrangendo o planejamento, execução, controle, avaliação, motivação e coordenação. O objetivo principal do orçamento é relacionar-se com as duas funções administrativas: o planejamento e o controle. E ainda declara Brookson (2000 apud CUNHA et al., 2008, p. 15) que a finalidade do orçamento visa oferecer: Planejamento, para auxiliar a programação de atividades de um modo lógico e sistemático que corresponda à estratégia de longo prazo da empresa; Coordenação, para ajudar a coordenar as atividades das diversas partes da organização e garantir a consistência dessas ações; Comunicação, para informar facilmente os objetivos, oportunidades e planos da empresa aos diversos gerentes de equipes; Motivação, para fornecer estímulo aos diversos gerentes para que atinjam metas pessoais e da empresa; Controle, para controlar as atividades da empresa por comparação com os planos originais, fazendo ajuste onde necessário; Avaliação, para fornecer bases para a avaliação de cada gerente, tendo em vista suas metas pessoais e as de seu departamento. Proporcionar uma comparabilidade entre o passado, presente e futuro da empresa, é um dos requisitos fundamentais para possibilitar a continuidade das atividades, 453 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE fundamentadas em bases confiáveis, aparece como sendo uma das garantias existentes na realização desse instrumento. Padrões Já os padrões referem-se à um modelo já existente e garantidor da satisfação dos objetivos almejados pela empresa, assim como um controle mais aprofundado das atividades. Catelli (2001, p. 248), quantos aos padrões, afirma: “indicam o modo certo de se fazer as coisas, ou seja, referem-se às dimensões planejada, operacional e qualitativa do desempenho, no que tange à eficiência dessas operações”. Ainda garante que os padrões diante da avaliação de desempenho, buscam: Refletir corretamente o custo dos recursos e a receita dos produtos/serviços, afim de que as variações( em termos físicos ou monetários) ocorridas em uma atividade não sejam repassadas para outras, garantindo bases válidas e justas para a avaliação de desempenho; Resultar de estudos científicos que lhe garantam a confiabilidade como uma meta a ser permanentemente perseguida; Ser revistos sempre que se alterarem as condições consideradas para seu estabelecimento; Ser analíticos, espelhando a eficiência relativa aos vários elementos de custo envolvidos nas atividades; Orientar a avaliação dos resultados por produtos/serviços; e Espelhar as diretrizes, políticas e metas da empresa (CATELLI, 2001, p. 248). Todas as atividades realizadas pelas empresas devem estar conectadas entre si, visto que se ocorrer alteração em uma delas, as outras também sofrerão modificações, de modo que representem a real situação da empresa naquele momento e não produzam informações mediante um cenário inexistente. Inácio (2008, s/p) declara: [...] quando se trata de distinguir a avaliação de desempenho da medição, o padrão de desempenho deve ser entendido como "um nível de efetividade requerido para a classificação em categorias. Os padrões podem ser vistos ou concebidos como uma interface entre a medição e avaliação de desempenho. Por isso, se diz que os padrões aparecem como instrumentos utilizados pelas empresas, por meio das quais elas buscam atingir os melhores resultados possíveis, ou seja, como destacado por Inácio (2008), um padrão representa um bom nível ou melhor nível de conhecimento. 454 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE METODOLOGIA Tipologia Em relação aos objetivos, a pesquisa se classifica como descritiva, pois objetivou, como citado por Gil (2010), a descrição das características de determinada população. Quanto à abordagem do problema, é um estudo quantitativo e os procedimentos utilizados foram a pesquisa bibliográfica e o levantamentamento de dados (Survey). Coleta de dados Para atender os objetivos da pesquisa, realizou-se a aplicação de um questionário, com questões de múltipla escolha e com duas questões abertas. A base utilizada para formulação do questionário foi uma pesquisa bibliográfica que convergiu para um mesmo modelo de medida de desempenho. As perguntas objetivas continham as opções de marcar com “sim”, “não” ou “neutro”. As alternativas de “sim” ou “não” faziam relação com a resposta, considerando se ele está contido no que foi perguntado. Já quanto ao neutro, fez-se referência à questão, em que o respondente nem sempre está diante de uma situação que ele está inserido, mas que também não significa dizer que ele não se enquadra no momento do questionamento. Boa parte da aplicação do questionário foi presencial e a outra via email, tendo sido respondido pelos gestores das empresas do ramo do comércio em destaque. Buscou-se traçar um perfil do entrevistado, a caracterização da empresa e como é utilizada a avaliação de desempenho nas suas atividades. Através do questionário aplicado, obteve-se um levantamento de dados de trinta e cinco empresas, que foram quantificados em forma de porcentagem, sendo utilizado o sistema Microsoft Excel, versão 2007. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os resultados obtidos são referentes aos dados colhidos através da pesquisa realizada com as empresas do ramo comercial, em que foi possível organizar as informações produzidas através dos gráficos e tabelas a serem apresentados a seguir. Características das empresas O questionário abordou as características da empresa, a diversidades de atividades desenvolvidas pelas PMEs na região, o número de empregados da organização e como está sendo prestado o serviço da contabilidade, conforme demonstrado na Tabela 1. 455 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 1 – Características das empresas CARACTERÍSTICA Ramo da atividade DESCRIÇÃO QUANTIDADE PORCENTAGEM TOTAL ACUMULADO Comércio 30 85,71 85,71 5 14,29 100,00 de 0 a 10 31 88,57 88,57 de 11 a 20 4 11,43 100,00 28 7 80 20 80,00 100,00 Comércio serviço e Número de empregados Terceirização contabilidade da SIM NÃO Fonte: Dados da pesquisa, 2013. Quanto ao ramo das atividades realizadas, as do comércio configuraram a maioria com 85,71%. Devido à vasta área de atuação que o comércio proporciona, os tipos de empresas foram bastante diversificados, demonstrando que, mesmo as empresas possuindo funções diferentes, existem alguns objetivos semelhantes. A faixa de número de empregados predominante foi entre 0 e 10 pessoas. De acordo com os respondentes, por se tratarem de PMEs, não há uma necessidade por parte dos administradores em ter muitas pessoas dentro da empresa, considerando que fica mais fácil controlar internamente os que fazem parte dela. No que concerne à terceirização da contabilidade, o estudo demonstrou que a maioria terceiriza, representando 80% dos entrevistados, pois, por meio de informações obtidas, muitos deles não possuem segurança para lidar com as informações geradas. Utilização da avaliação de desempenho O Gráfico 1 demonstra o número de empresas entrevistadas que afirmaram realizar ou não a avaliação de desempenho das suas atividades. Gráfico 1 – Número de empresas que realizam avaliação de desempenho 52 50 Sim 48 Não 46 Empresas Fonte: Dados da pesquisa, 2013. 456 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Obteve-se como resultado que 51,43% fazem uso do instrumento gerencial, já 48,57% não realizam e, muitas vezes, não sabem no que consiste o controle de desempenho. O resultado não apresentou uma grande variação entre as que fazem uso e as que não utilizam a avaliação de desempenho, podendo significar uma mudança no cenário do comércio, que estava acostumado com informações menos detalhadas. Procedimentos utilizados Analisados os dados fornecidos pelos respondentes, foram agrupadas as informações, nas Tabelas 2, 3 e 4, em relação à quais os procedimentos utilizados pelas empresas antes, durante e depois da avaliação de desempenho. Tabela 2 – Procedimentos antes da avaliação de desempenho QUANTIDADE PORCENTAGEM TOTAL ACUMULADO 12 4 66,67 22,22 66,67 88,89 2 11,11 100,00 SIM 18 100 100,00 NEUTRO 0 0 100,00 NÃO 0 0 100,00 SIM O controle interno é uma NEUTRO importante ferramenta NÃO 18 100 100,00 0 0 100,00 0 0 100,00 SIM Os funcionários conhecem NEUTRO as metas NÃO 12 66,67 66,67 2 11,11 77,78 4 22,22 100,00 SIM O orçamento é um NEUTRO importante instrumento NÃO 17 94,44 94,44 0 0 94,44 1 5,56 100,00 Há um treinamento dos SIM funcionários antes de NEUTRO iniciar o trabalho NÃO 10 55,56 55,56 1 5,56 61,12 7 38,89 100,00 CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO Há uma pesquisa de SIM mercado para satisfazer os NEUTRO clientes NÃO Realiza planejamento Fonte: Dados da pesquisa, 2013. Quando o assunto é a satisfação dos consumidores, dos que realizam o método de avaliação de desempenho, 66,67% demonstraram que promovem uma pesquisa de mercado. Uma parcela, correspondente a 22,22% respondeu que nem sempre essa busca é possível, e agem apenas com o instinto de vendedor, conforme informações complementares fornecidas pelos respondentes. Ao analisar os dados acima, o estudo identificou que os entrevistados, que utilizam a avaliação de desempenho, realizam o planejamento das suas atividades, ou seja, 100% da pesquisa demonstrou que eles consideram que programar suas atividades é uma importante ferramenta na tomada decisões. 457 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Igualmente 100% deles consideram o controle interno como um importante instrumento para que a empresa atue no mercado, pois pode garantir um melhor gerenciamento das atividades realizadas. Ao serem questionados se os funcionários conhecem as metas das empresas, 66,67% responderam que sim, seguido de 22,22% dos que não orientam seus subordinados sobre quais as metas a serem atingidas. Segundo informações presenciais e complementares ao questionamento, muitos destes disseram que o não direcionamento aos objetivos ocorre devido ao número de funcionários ser pequeno. Quanto ao orçamento ser uma importante ferramenta, 94,44% concluiu que sim, pois disporá dos recursos disponíveis para que a empresa não ultrapasse o limite previsto, visto que isto atrapalha bastante o andamento da organização. O desempenho dos funcionários da empresa, muitas vezes garante o sucesso desta, e pensando dessa forma os 55,56%, dos que se utilizam do controle de desempenho, proporcionam treinamento aos seus subordinados, visando sempre o alcance das metas estabelecidas. No entanto, 38,89% afirmaram que não, devido aos poucos funcionários existentes, o treinamento é feito diretamente à pessoa do empregado e no dia a dia. A Tabela 3, a seguir, faz referência aos procedimentos durante a avaliação de desempenho: Tabela 3 – Procedimentos durante a avaliação de desempenho DESCRIÇÃO QUANTIDADE PORCENTAGEM TOTAL ACUMULADO SIM 13 72,22 72,22 NEUTRO 5 27,78 100,00 NÃO 0 0 100,00 SIM 17 94,44 94,44 NEUTRO 1 5,56 100,00 NÃO 0 0 100,00 SIM A opinião dos clientes é importante na tomada de NEUTRO decisões NÃO 17 94,44 94,44 1 5,56 100,00 0 0 100,00 SIM Há uma cobrança para que as NEUTRO metas sejam atingidas NÃO 13 72,22 72,22 4 22,22 94,44 1 5,56 100,00 SIM Algum modelo prédeterminado foi utilizado NEUTRO como base NÃO 1 5,56 5,56 0 0 5,56 17 94,44 100,00 CARACTERÍSTICA Realiza a fase de execução Realiza o atividades controle das Fonte: Dados da pesquisa, 2013. 458 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Apenas 72,22% colocam em prática o que foi planejado, podendo levar muitas empresas a encerrarem suas atividades de forma precoce. E quando questionados sobre a realização do controle de suas atividades, 94,44% responderam que o faz. Questionados se a opinião dos clientes é importante para a tomada de decisão, 94,44% responderam que os consumidores devem expor as opiniões relacionadas ao serviço prestado, produto adquirido ou atendimento prestado pelo funcionário, pois serão apreciadas no momento de decisão. Apenas 5,56% disseram que nem sempre os julgamentos dos seus consumidores são atendidos neste momento de tomada de decisão. Buscando garantir que as metas sejam atingidas, dos respondentes 72,22% disseram que procuram cobrar, sempre que possível, dos empregados que os resultados desejados sejam alcançados. Outra parte, 22,22% constatou que alguma vezes não é possível estabelecer essa cobrança devido a desorganização que se instala na empresa. No entanto, o caminho da satisfação não é fácil e se faz necessário o uso de modelos de avaliação, considerados eficientes e confiáveis pelos administradores. Na pesquisa, os dados demonstram que 94,44% dos usuários não fazem o uso de padrões, pois consideram que não há necessidade em se basear em algo que já foi executado e que nem sempre fazem referências a situação que a empresa está vivenciando. A próxima tabela descreve características das empresas após a realização da avaliação de desempenho. Estando da seguinte forma: Tabela 4 – Procedimentos após a avaliação de desempenho DESCRIÇÃO QUANTIDADE PORCENTAGEM TOTAL ACUMULADO SIM 6 33,33 33,33 NEUTRO 8 44,44 77,78 NÃO 4 22,22 100,00 SIM Já fez alguma ação NEUTRO corretiva emergencial NÃO 4 22,22 22,22 4 22,22 44,44 10 55,56 100,00 SIM São feitas reuniões para visualização das NEUTRO mudanças NÃO 4 22,22 22,22 2 11,11 33,33 12 66,67 100,00 SIM Há uma comparação entre a empresa e a NEUTRO concorrência NÃO 12 66,67 66,67 4 22,22 88,89 2 11,11 100,00 SIM Grande parte dos objetivos NEUTRO são alcançados NÃO 7 38,89 38,89 11 61,11 100,00 0 0 100,00 SIM gratificação metas são NEUTRO 6 33,33 33,33 2 11,11 44,44 10 55,56 100,00 CARACTERÍSTICA Executa ações corretivas Há uma quando as alcançadas NÃO 459 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Fonte: Dados da pesquisa, 2013. Observa-se que 44,44% dos usuários alegaram raramente realizar ações corretivas, pois nem sempre é possível a visualização do problema existente. Já 33,33% deles disseram que é importante ajustar as irregularidades, pois outras dificuldades maiores poderão emanar delas. E 22,22% não realizam ações corretivas, podendo influenciar negativamente a empresa. Quando algum acontecimento que foi planejado sair do controle, são necessárias ações corretivas de emergência, porém na pesquisa, 55,56% afirmaram nunca terem feito uso delas. No entanto, 22,22% dos usuários disseram que algumas situações exigiram que fossem feitas ações emergenciais. Sobre a prática de reuniões para elucidar as mudanças ocorridas na situação da empresa, ficou constatado que 66,67%, dos que utilizam a avaliação de desempenho, não fazem. Isto pode vir a refletir negativamente para as organizações, pois caso seus funcionários não estiverem atuando positivamente, estas reuniões podem ajudar a servir como ferramentas para uma melhora no desempenho. Diante de um cenário competitivo, ao serem perguntados se realizam uma comparação entre a empresa e a concorrência, 66,67% declararam que fazem, pois dessa forma consideram que conseguem competir no ramo escolhido. As que nem sempre observam os seus concorrentes corresponderam a 22,22%. Em relação aos objetivos almejados, 61,11% afirmaram que nem todos são alcançados, podendo vir a desgastar a empresa no decorrer do tempo. Já 38,89% disseram que todos os objetivos são atingidos. O sucesso da empresa depende de todos os elementos que a integram, e a gratificação dos funcionários é uma forma de recompensa pelo desempenho satisfatório e positivo. Porém 55,56%, dos usuários da avaliação de desempenho, alegaram não proporcionar esse prêmio aos seus subordinados, ou porque a empresa ainda está no início das atividades ou o salário já é considerado suficiente pelo trabalho exercido. E 33,33% declararam que garantem a bonificação aos seus funcionários como retorno da sua boa atuação. Ferramentas utilizadas As empresas buscam atuar cada vez mais com perfeição e segurança, e visando atingir essas metas fazem o uso de instrumentos gerenciais, como indicadores de desempenho, controle interno, dentre outros. As tabelas 5 e 6 elencarão essas ferramentas que, ao serem utilizadas, poderão proporcionar algumas vantagens às organizações. Com isso, temos: Tabela 5 – Controle de desempenho (continua) QUANTIDADE PORCENTAGEM TOTAL ACUMULADO SIM O controle de desempenho NEUTRO é feito mensalmente NÃO É feita avaliação de SIM 10 4 4 13 55,56 22,22 22,22 72,22 55,56 77,78 100 72,22 desempenho funcionários dos NEUTRO 3 16,67 88,89 NÃO 2 11,11 100 CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO 460 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Na avaliação de SIM desempenho são NEUTRO analisados os pontos fortes NÃO e fracos 9 9 50 50 50 100 0 0 100 SIM Tem controle interno na NEUTRO empresa NÃO 18 100 100 0 0 100 0 0 100 Os indicadores são SIM determinados por bases NEUTRO confiáveis NÃO 13 72,22 72,22 5 27,78 100 0 0 100 A avaliação de SIM desempenho contribui para o crescimento NEUTRO empresarial NÃO 18 100 100 0 0 100 0 0 100 Fonte: Dados da pesquisa, 2013. (conclusão) Ao serem perguntados se realizam o controle de desempenho mensalmente, 55,56% respondeu que sim, e 22,22% que não, pois só fazem quando surge a necessidade. Em se tratando de analisar o desempenho dos funcionários, 72,22% alegou que é feita uma avaliação, pois visam a satisfação dos seus clientes, e um bom atendimento é o início de tudo. Porém, 16,67% afirmaram nem sempre existir uma avaliação dos seus empregados. O controle interno é considerado um importante instrumento de organização empresarial, apresentando no estudo uma unanimidade quanto a isso, pois 100% utiliza essa ferramenta de gestão. Ao serem questionados se os indicadores utilizados são gerados através de bases confiáveis, 72,22% deles reponderam que sim. Já quanto à análise dos pontos fortes e fracos das atividades na organização, 50% dos usuários determinaram que realizam, e outros 50% que raramente faz este tipo de exame. E assim, como se classificaram como beneficiados da avaliação de desempenho, 100% garantiram que o instrumento contribui para o crescimento empresarial. Ao utilizar a avaliação de desempenho como instrumento gerencial, as empresas fazem uso de diferentes e variados dados, como explanados a seguir: Tabela 6 – Variáveis utilizadas pelas empresas comerciais CARACTERÍSTICA Tipo de controle Indicadores utilizados (continua) DESCRIÇÃO QUANTIDADE PORCENTAGEM TOTAL ACUMULADO Controle de estoque 13 41,94 41,94 Venda por funcionário 8 25,81 67,74 Compra e venda Clientes atendidos Gastos fixos e variáveis Balanço contábil Metas atingidas 3 3 2 1 1 9,68 9,68 6,45 3,23 3,23 77,42 87,10 93,55 96,77 100,00 Satisfação dos clientes 7 29,17 29,17 Lucro 7 29,17 58,33 461 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Entrada e saída do pedido Mercadorias vendidas por mês Tempo de produção do pedido Anotações mensais Fonte: Dados da pesquisa, 2013. 4 16,67 75,00 4 16,67 91,66 1 4,17 95,83 1 4,17 100,00 (conclusão) Sobre quais tipos de controle eles fazem uso, 41,94% deles responderam que utilizam o controle de estoque, seguido de 25,82% dos que se baseiam na venda por funcionário, depois compra e venda e clientes atendidos, representando 9,68% da pesquisa. Algumas também responderam que analisam os gastos fixos e variáveis (6,45%), e correspondendo a 3,23% cada uma, estão as empresas que usam o Balanço Contábil e as metas atingidas, como formas de avaliar o desempenho da empresa. Os resultados acima apresentados destacaram o controle de estoque como sendo o mais realizado pelas empresas do ramo do comércio, pois pode ser utilizado como uma ferramenta de facilitação do desempenho do gestor, evitando que venha a sofrer consequências no resultado da empresa, visto que uma desorganização pode induzir à perda de materiais destinados às mercadorias. Quanto aos indicadores utilizados no momento do controle de desempenho, encontramos o lucro e a satisfação dos clientes com 29,17% cada um. As mercadorias vendidas por mês e a entrada e saída dos pedidos surgiram logo após com 16,67% cada. Por último, teve-se as anotações mensais e o tempo de produção dos pedidos, com 4,17% individualmente. Por serem empresas que desenvolvem diferentes tipos de atividades, o número de indicadores utilizados variaram conforme a sua necessidade de avaliação, pois os administradores poderão precisar de informações mais direcionadas. Porém, independente da atividade, foi possível constatar que elas buscam conseguir resultados positivos e continuidade no mercado de atuação, através do mecanismo de controle de desempenho. 462 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Empresas que realizam todas as etapas da avaliação de desempenho Gráfico 2 – Empresas que realizam todas as etapas da avaliação de desempenho 12 10 8 Completa 6 Parcial 4 2 0 Empresas Fonte: Dados da pesquisa, 2013. Ao serem analisados os procedimentos utilizados nas fases de planejamento, execução e controle, ou seja, fases que influenciam no antes, durante e depois da avaliação de desempenho, constatou-se que das 18 empresas, que afirmaram realizar o controle de desempenho na sua organização, 11 utilizam o instrumento gerencial propriamente dito, representando 61,11%. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo teve como finalidade analisar, dentro de uma amostra de empresas do ramo comercial, quais realizam a avaliação de desempenho, quais os indicadores selecionados e quais os tipos de controle que elas utilizam. Assim como, identificar quais os procedimentos realizados antes, durante e depois do controle de desempenho. Apenas 18 das 35 entrevistadas afirmaram realizar a avaliação de desempenho como ferramenta gerencial. E dessas 18, apenas 11 a realizam na sua totalidade, demonstrando que algumas empresas não possuem todo o conhecimento do cenário em que estão inseridas, das inúmeras informações que são produzidas a todo instante em todos os segmentos. Ficou constatado tambpem, que algumas empresas não fazem uso do controle de desempenho, devido a menor complexidade existente, pois apresentam poucos funcionários e qualquer atividade desenvolvida passa pelo seu controle. Conforme foi analisado, boa parte das empresas comerciais não conhecem ou realizam a avaliação de desempenho, pois de 51,43% das empresas que afirmaram utilizar a ferramenta gerencial, apenas 31,43% realmente colocam em prática todas as etapas. O presente trabalho delineia para futuros estudos propostas acerca de um aprofundamento relacionado à avaliação de desempenho e os benefícios que ela pode trazer para as empresas comerciais, qual a evolução que estas podem apresentar através do uso da ferramenta gerencial e quais as mudanças ocorridas em organizações que passaram a utilizar o controle de desempenho. 463 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O estudo fez referência a dados colhidos na cidade de João Pessoa, onde refletiu uma análise realizada em um determinado número de empresas do ramo comercial. Deste modo, as informações produzidas não deverão ser utilizadas para outros segmentos ou regiões, visto que existem variações nas características de cada, no entanto, em virtude do tamanho da amostra, poder-se inferir que os resultados tendem a refletir o comportamento das populações estudadas. REFERÊNCIAS BRAGA, Luisa. A importância da avaliação de desempenho. Juiz de Fora, 2012. Disponível em: <http://www.maisconsultoria.com.br/2012/05/28/a-importancia-da-ava liacao-de-desempenho>. Acesso em: 02 jan. 2013. CARMELITO, Ricardo. Benchmarking: comparando a medida de desempenho de operações. 2008. Disponível em:<http://www.administradores.com.br/artigos/ administracao-e-negocios/benchmarking-comparando-a-medida-de-desempenho-deoperacoes/27134/>. Acesso em: 22 fev. 2013. CATELLI, Armando. Controladoria: uma abordagem da gestão econômica GECON. São Paulo: Atlas, 2001. CUNHA, Amanda Cristina Costa. MEIRELES, Dayara Júlia. MEDEIROS, Jamille da Silva. SILVA, Lucicleide Nunes da. Processo orçamentário: o orçamento empresarial como ferramenta de gestão. Belo Horizonte, 2008. Disponível em: <http://sinescontabil.com.br/monografias/artigos/amanda.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2013. FONSECA, Eduardo. Controle e medição da melhoria de desempenho. 2010. Disponível em:<http://eduardo-fonseca.blogspot.com.br/2010/08/controle-medicao-avaliacao-emelhoria.html>. Acesso em: 06 mar. 2013. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. GIRIOLI, Lumila Souza. Análise do uso de medidas de desempenho de empresas presentes na pesquisa em contabilidade no Brasil. 2010. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2010. INÁCIO, Sandra Regina da Luz. Padrões de desempenho. 2008. Disponível em:<http://www.artigonal.com/administracao-artigos/padroes-de-desempenho-6446 75.html>. Acesso em: 14 mar. 2013. MARTINS, Orleans Silva. O planejamento em micro e pequenas empresas comerciais: planejamento através da controladoria. 2005. Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2005. 464 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE MARTINS, Pablo Luiz; BARBOSA, Flávia Ferreira; MESQUITA, Franciele Fernanda de; SILVA, Priscila Daniela da; LUCINDO, Yane Santos. A importância da Controladoria na Avaliação de Desempenho. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 9., 2012. Anais... Rio de Janeiro, 2012. 465 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE CONTROLE INTERNO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL: MULTICASO SOBRE OS PROCEDIMENTOS DE CONTROLE INTERNOS NAS PREFEITURAS DO AGRESTE-PE AUTORES: Edjane Maria da Silva Santos e Ilka Gislayne de Melo Souza. RESUMO Um sistema de controle interno seja no setor público ou privado tem como objetivo a melhoria contínua em sua administração, evitando assim o mau uso de recursos, visando o aperfeiçoamento e melhora da tomada de decisão.Atualmente a administração pública municipal tem sido fundamentada em enormes desafios que o gestor lida diariamente no sentido de proporcionar eficácia e eficiência na sua gestão. Então, observa-se que ocontrole interno se refere a um dos meios que permite a administração públicaserresponsável, transparente e coerente em todos os seus atos, no tocante às suas atribuições.Neste sentido o estudo tem o objetivo de verificar os principais procedimentos desenvolvidos dentro do controle interno, nos trabalhos executados nos municípios de Belo Jardim, Barra de Guabiraba, Bonito, Camocim de São Felix e São Joaquim do Monte.Esteconstituium estudo multicaso, onde foi feita uma entrevista semi-estruturadarealizada em cada município citado, localizados no Agreste Pernambucano, utilizando-se o método dedutivo de punho qualitativo. Após a análise dos dados, foi possível delinear o perfil básico dos órgãos nos municípios, constatando-se que há muito a se fazer em prol da organização contábil na administração pública municipal,pôde-se perceber que das cinco prefeituras pesquisadas, todas vem trabalhando bem próximo do que é a filosofia de um controle eficazque cumpre as exigências legais, embora não tenha um sistema de controle interno constituído, essas entidades tentam executar as atividades de forma a obedecer a esse sistema. Palavras-chaves: Administração Pública Municipal; Sistema de Controle Interno; Procedimentos de controle. 1. INTRODUÇÃO Na administração empresarial, o controle é exercido e imposto pelo empresário, enquanto na administração pública, a função controle é exercida em decorrência de exigências legais, mediante a obediência às normas. O controle interno na administração pública municipal surgiu da necessidade de assegurar aos gestores o cumprimento das leis, normas e políticas devendo estabelecer mecanismos de controle que possibilitem informações à sociedade, impedindo a ocorrência de fraudes e desperdícios, servindo de instrumento que visa garantir a efetividade, a produtividade, a economicidade e a rapidez na prestação do serviço público (SOUZA, 2008). O controle interno deve ser instituído em todas as esferas do governo, principalmente na municipal, Segundo a Constituição Federal de 1988, nos seus artigos 31, 70 e 74, institui a obrigatoriedade dos controles internos na instituição pública municipal, pois seus atos devem estarfundamentados e amparados por preceitos legais. Já a Lei de Responsabilidade Fiscal 101/2000 relacionada ao controle e gestão dos recursos, estabelece normas de finanças voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, impondo vários limites aos gastos. Como exemplo, o controle do equilíbrio fiscal nascontas 466 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE com os níveis de endividamento e de gastos com pessoal, com foco no desempenho, responsabilização e dever de apresentar transparência à sociedade. O controle interno também encontra respaldo na Lei Federal 4320/64 que rege as finanças públicas brasileiras que estabelece os critérios de arrecadação e despesas, direitos e obrigações, cumprimento de programas de trabalho, legalidade dos atos, competência e atribuições e outros. Como também institui normas gerais de direito financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços. O tribunal de contas do estado como órgão constitucional de controle externo, dispõe a manutenção e a coordenação do sistema de controle interno. Segundo Araújo e Arruda (2004, p.19)"O controle externo da administração pública é realizado com o auxílio do tribunal de contas”. De acordo com o Tribunal de Contas do Estado de – PE, no seu Art. 1º do § I, ressalta que os efeitos desta resolução, considera o sistema de controle interno como um conjunto de normas, princípios, métodos e procedimentos, coordenados entre si, que busca realizar a avaliação da gestão pública e dos programas de governo, bem como comprovar a legalidade, eficácia, eficiência e economicidade da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e operacional dos órgãos e entidades municipais. (RESOLUÇÃO, TCCE-PEnº 01/2009 Art. 1º, § 1) Atualmente a administração pública municipal tem sido fundamentada em enormes desafios que o gestor lida diariamente no sentido de proporcionar eficácia e eficiência na sua gestão. Então, observa-se que ocontrole interno se refere a um dos meios que permite a administração públicaserresponsável, transparente e coerente em todos os seus atos, no tocante às suas atribuições. Ferreira (1993, p. 145) afirma a palavra controle como a “fiscalização exercida sobre as atividades de pessoas e órgão, para que não se desviem das normas preestabelecidas”. Analisando essa definição percebe-se que o controle se presta a todas as áreas e atividades da atuação humana. Já no que tange a respeito das políticas públicas em sua essência encontra-seligada fortemente ao Estado e este que determina como os recursos são usados para o beneficio de seus cidadãos, de como o dinheiro sob forma de impostos deve ser acumulado e de como este deve ser investido, e no final fazer prestação de contas dos recursos utilizados em favor da sociedade. (SOUZA, 2006). Percebe-se que diante dessesconceitos, é de extrema importância um controle responsável e exigente visando um equilíbrio do orçamento entre receita e despesa, bem como uma prestação de serviços satisfatória à população, como também um cumprimento das leis com relação à prestação de contas. Portanto, sendo o controle contábil uma função administrativa e obrigatória, deverá ser executado em todas as situações relacionadas ao setor público, cumprindo às leis vigentes e correspondendo às demandas necessárias a uma política que procura atingir o nível máximo de eficiência e eficácia em todos os âmbitos, bem como os serviços prestados. Diante do exposto surge a seguinte problemática. Quais os principais procedimentos desenvolvidos no âmbito do controle interno municipal das prefeituras do agreste pernamucano? 467 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para atingir esta problemática, foi necessário desenvolver os seguintes objetivos: Analisar o funcionamento do sistema de controle interno das prefeituras em estudo. Avaliar os procedimentos, instrumentos e técnicas de atuação das unidades de controles internos nas prefeituras; Verificar quais dificuldades existentes dentro do controle interno; Averiguar se, na realização dos gastos públicos está sendo observados os princípios da legalidade, legitimidade, economicidade, moralidade e eficiência; Conhecer quais as equipes que dão suporte ao controle interno. Este estudo tem o propósito de difundir e de ressaltar as atribuições do sistema de controle interno na administração pública, em razão de se constituir atividades imprescindíveis pela busca de uma administração com eficácia nos resultados; tendo em vista á importância de um sistema de controle interno que evidencie indicadores de excelência na execução da administração pública. Diante disso, ao se iniciar a busca por materiais que tratassem do assunto percebeu-se que existe uma elevada preocupação relacionada aos aspectos de uma administração pública mais eficiente, sendo esse um assunto de grande prioridade nas entidades públicas de Pernambuco, e pelo Brasil. Vários estudos sobre controle interno vêm sendo realizados no meio acadêmico, (CAVALHEIRO e FLORES 2007; ANTÔNIO FILHO 2008; CAVALCANTE, PETER e MACHADO 2007; SOUZA e DAMASCENA 2001). Cavalheiro e Flores (2007), realizaram uma pesquisa emPortoAlegre-RS, verificando o cumprimento das atividades exercidas e se estão atendendo aos princípios constitucionais, os autores chegaram à conclusãoquede todas as unidades administrativas estudadas, obtiveram o alcance, mediante o atendimento dos princípios constitucionais. Na mesma perspectiva Antônio Filho (2008) realizou um estudo no estado do Piauí, sobre a importância do controle interno na administração pública, concluindo que dos municípios estudadosalguns ainda não conseguiram está com seu sistema de controle implantado, mas serviu para orientar e demonstrar as ferramentas indispensáveis. Cavalcante, Peter e Machado (2007)realizaram um estudono estado do Ceará na região metropolitana de Fortaleza, sobre a forma deanalisar as características dos órgãos de controle interno, buscandocontribuir para a melhoria de sua organização, pôde-se concluir que dos dez municípios pesquisados, apenas três dos municípios não possuem unidade de controle interno. Souza e Damascena (2001), realizou uma estudo de caso na Prefeitura de ItaporangaPB, sobre quais procedimentos de controle interno são desenvolvidos no município. Concluindo-se que a Prefeitura Municipal de Itaporanga, não tem um sistema de controle interno constituído, por falta de pessoal capacitado para exercer as atividades, onde as mesmas são executadas na Secretaria de Planejamento e Gestão. Este trabalho visa um melhor direcionamentopara o gerenciamento das atividades contábeis públicas, o qual motivou esta pesquisa a ser realizada em algumas Prefeituras do Agreste de - PE, dentre elas, Belo Jardim, Barra de Guabiraba, Bonito, Camocim de São Felix e São Joaquim do Monte, possibilitando um grau de eficiência satisfatório. Esta pesquisa 468 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE poderá auxiliar as entidades públicas para se atingir resultados favoráveis com mais eficiência, contribuindo, assim, trazer esse tema à realidadedas entidades públicas que possam evidenciar parauso da gestão e sociedade. Como também poderá ser direcionada aos profissionais de contabilidade, já que trata de um sistema de controle interno nas entidades públicas, um sistema de controle que pode ser considerado uma filosofia gerencial, já que propõe maneiras que proporciona um bom gerenciamento dos negócios públicos. E por fim, poderá ser direcionada também ao meio acadêmico, discentes e docentes servindo de base para outras pesquisas. 2.REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Sistema de Controle Interno Um sistema de controle interno em uma organização mostra-se como uma importante ferramenta para a empresa melhorar a sua produtividade, como também evitar fraudes e consequentemente proteger seu patrimônio, promovendo assim sua eficiência operacional de uma política traçada pela própria administração. Que segundo Attie (2000),controle interno compreende todos os meios planejados numa empresa para dirigir, restringir, governar e conferir suas varias atividades com o propósitode fazer cumprir seus objetivos. Diante disso, se evidencia que o controle interno, tem um papel fundamental para as empresas, pois garante que seus objetivos sejam alcançados de forma eficiente que estabelecerá no mercado financeiro. Para Schmidt e Santos (2006, pg.71), o controle “caracteriza-se como uma atividade que mede, avalia e indica, caso seja necessário, a correção dos rumos buscando o atingimento dos objetivos e dos planos de negócio”. As informações geradas em um sistema de controle serão de extrema importância, para tomada de decisões. O controle atua como acompanhamento onde se relaciona com varias funções que, prevê, organiza, comanda, coordena, considerado um instrumento indispensável na gestão. A ideia de controle é antiga (IUDÍCIBUS E MARION, 2002), contudo, o crescente aumento da complexidade dos negócios e a descentralização do poder de decisão levaram as organizações a enfatizarem o uso de instrumento de controle. O controle interno não se limita aos controles contábeis e financeiros, mas se sustentam dos conceitos de uma administração que fornece informações, atualizadas e exatas, para subsidiar as decisões, como defende Crepaldi (2009), ao afirmar que o controle interno gira em torno dos aspectos administrativos, que tem influênciadireta sobre os aspectos contábeis. Por isso precisa-se considerá-los, tambémconjuntamente para feito de determinação de um aspecto adequado do sistemade controle interno. Pode-se dizer que isso ocorre pelo fato da administração ser responsável pelo estabelecimento do sistema decontrole interno, observando se as normas estão sendo seguidas corretamente e se precisa fazer alguma modificação. Para asempresas à implantação do sistema de controle interno é indispensável, pois através dele será assegurada a confiabilidade das informações nos negócios da empresa, correção de falhas ao efetuar as operações, 469 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE proteção do ativo com o intuito de preservação do patrimônio da empresa, além de auxiliar na administração. (ALMEIDA, 2003). Portanto, a finalidade de um controle nas entidades privadas e públicas consiste na proteção do patrimônio e a confiabilidade dos dados obtidos para a gestão dos negócios, procurando assim garantir a proteção do seu ativo executando-os com sucesso, para que a empresa alcance as metas estabelecidas. 2.2 Sistema de Controle Interno na Administração Pública O sistema de controle interno nesse tipo de administraçãotem a função de proteger o patrimônio público, seguindo as normas, como a Lei de Responsabilidade Fiscal 101/2000 que impõe aos gestores uma serie de limitações quanto à aplicação dos recursos e a operacionalização do sistema de controle interno, que caracteriza uma exigência constitucional. Essa lei impôs a ação do controle interno de forma mais eficaz, dinâmica e organizada, a uma administração mais eficiente e transparente. Como também uma série de limites e condições para a aplicação de recursos que devem ser observados. Considerando Cruz e Glock (2008) severa mesmo é a redação dada ao art. 15 da LRF, que diz: “Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atenta ao disposto nos art. 16 e 17”. Portanto, diante dessa afirmação o art. 16 estabelece regras para a geração de novas despesas: estimativa do impacto orçamentário e financeiro e compatibilidade com o Plano Plurianual (PPA), previsto no art. 165 da constituição Federal, e regulamentado pelo Decreto 2.829, de 29 de outubro de 1998 é um plano de médio prazo, que estabelece as Diretrizes, objetivos e metas a serem seguidos pelo Governo Federal, Estadual e Municipal ao longo de um período de quatro anos, e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) tem como principal finalidade orientar a elaboração dos orçamentos fiscais e da seguridade social e de investimento, incluindo os poderes executivos, legislativos, judiciários e as empresas públicas e autarquias; e orçamento, como condição prévia para licitação. Já o art. 17 impõe condições para realização de novas despesas correntes de caráter continuado, quando, além dos procedimentos mencionados no art. 16, exige a demonstração da origem dos recursos para seu custeio e medidas de compensação, com aumento de receita ou diminuição de outra despesa. A administração pública presta contas e é fiscalizada pelos tribunais de contas, com o apoio do sistema de controle interno. Araújo e Arruda (2004), conceituam administração pública como um conjunto coordenado de funções e aparelhamento, com a finalidade de atender aos interesses da sociedade e mostrar como está sendo usados os recursos. Segundo Lopes (2000) nenhuma entidade sobrevive se suas despesas forem superiores ás suas receitas, preceito quase sempre relegado por alguns administradores públicos, buscando-se apenas a satisfação pessoal pelo exercício do poder e efetuando gastos sem o mínimo controle e limitações. De acordo art. 75 da Lei nº4. 320, de 17 de março de 1964 queinstitui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, ressalta que o controle da execução orçamentária compreenderá: A legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações e a 470 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores públicos e o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e termos de realização de obras e prestação de serviços. Portanto o dinheiro público dever ser bem cuidado e aplicado, por isso existe leis que orienta sua destinação, o mau uso ao dinheiro e de desrespeito à moralidade e a improbidade administrativa, que ocorre quando os atos de um agente publico, no exercício da sua função, geram dano ao patrimônio ou enriquecimento irregular. Ineficiências como, por exemplo, as fraudes, ocorrem porque há presença objetiva de circunstâncias propiciadoras, ou seja, os agentes abusam do poder em seu próprio benéfico, não por fragilidade moral, mais porque tem a oportunidade de praticá-lo. (ABRAMO, 2004). A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a lei fundamental e suprema do Brasil, servindo de parâmetroa todas as demais espécies normativas, é a Lei Maior, a qual organiza o Estado Brasileiro, nela são definidos os direitos dos cidadãos, sejam eles individuais coletivos ou políticos; e são estabelecidos limites para o poder dos governantes, inclusive no que se refere ao controle. Pode-se dizer que cada sistema de controle interno instituído estará subordinado e restrito ao âmbito de cada um dos poderes, resguardando a autonomia e independência desses. Assim, os responsáveis pelas unidades de controle interno em cada Poder ou órgão reportarse-ão, nas situações previstas na legislação, diretamente à própria administração ou ao Tribunal de Contas (PARAÍBA, 2009). Porém, as atividades inerentes ao controle interno serão exercidas em todos os níveis hierárquicos dos Poderes Executivo e Legislativo. Já o dever de prestar contas é derivado da aplicação do princípio constitucional da publicidade e da responsabilidade de todo servidor público por seus atos administrativos. Não basta ao servidor agir conforme mandam a lei, os regulamentos e os superiores hierárquicos aos quais encontra-se submetido, mas é também necessário que o agente público se responsabilize por seus atos e que estes sejam publicamente sustentáveis. O servidor tem o dever de prestar contas a diferentes autoridades e em diversos níveis (COELHO, 2009). Verifica-se, portanto que um sistema de controle interno na administração pública, em suas atividades necessita de uma prestação de contas, devido aos atos praticados em sua administração. Portanto, para Nakagama (1993, p.17) “A obrigação de prestar contas dos resultados, em função das responsabilidades que ocorrem de uma delegação de poder”. Pois, para Silva ao reafirmar que (2005, p.724), “O tribunal de contas é um órgão técnico, não jurisdicional. Julgar as contas ou a legalidade de atos, para registros, é manifestante atribuição de caráter técnico”. Porém, segundo a nova resolução do TCE n° 0001/2009 a mesma dispõe sobre a criação, a implantação, a manutenção e a coordenação de sistema de controle interno nos poderes municipais e da outras providências. No que diz o art.1°§ I, para os efeitos desta resolução, considera-se: Sistema de Controle Interno, o conjunto de normas, princípios, métodos e procedimentos, coordenados entre si, que busca realizar a avaliação da gestão pública e dos programas de governo, bem como comprovar a legalidade, eficácia, eficiência, transparência e economicidade da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e operacional dos órgãos e entidades municipais. 471 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Pode-se inferir, então, diante do exposto pelos autores e das normas vigentes no país que o sistema de controle interno é imprescindível nas gestões municipais, visto que esse sistema tem a capacidade de garantir a legalidade do controle contábil, ressaltando a organização, eficácia, eficiência e transparência na condução dos recursos, garantindo uma gestão que promova o bem social e financeiro, bem como uma total integridade no trato ao dinheiro público. Daí a harmonia, a capacidade e a imparcialidade dos órgãos fiscalizadores serem fundamentais para o bom desempenho do sistema de controle contábil. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1.Tipologia da Pesquisa Este trabalho foi uma pesquisa aplicada, que tem por finalidade descrever os mecanismos de controle interno adotados pelas gestões em algumas instituições municipais, no que diz respeito aosprincipais procedimentos. Portanto, se utilizou como procedimento de pesquisa um estudo multicaso, pois segundo Yin (2005), o estudo pode conter mais de um caso, considerando, que o caso único e os casos múltiplos são variantes dentro da mesma estrutura metodológica chamado de estudo de caso clássico e estudos múltiplos. Este, portanto verificou que cada caso deverá servir a um propósito específico, buscando-se alcançar resultados mais detalhados que poderão auxiliar as entidades públicas para se atingir resultados favoráveis. Para isso, foi realizada uma entrevistasemi-estruturada com oscontroladores de cada município, onde foramverificados os principais procedimentos de controle e como estão sendo desenvolvidos, no intuito de atingir resultados favoráveis para melhor gerenciamento de suas atividades, para que se possam conhecer quais procedimentos estão sendo desenvolvidos em relação ao controle interno apresentada pelo órgão hoje, e suas perspectivas em relação ao futuro. É, ainda, uma pesquisa descritiva, pois descreve as características obtidas através do controle interno no qual se encontra. De acordo com Beuren (2003) a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-lo, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, melhorando as praticas por meio de observações, como meta principal gerar novos conhecimentos e assim a resolução dos problemas. Portanto, os procedimentos desenvolvidos pelo controle interno dos municípios estudados foram apenas descritos, por meio da observação, registrada e analisada. Quanto à abordagem, esta é uma pesquisa qualitativa, procurou analisar, de forma mais detalhada, as característicasdo sistema de controle interno utilizado nas prefeituras, não necessitou da utilização de dados estatísticos para descrever os fenômenos analisados. Portanto esta pesquisa foi realizada em algumas Prefeituras, por ser de fácil acesso ao pesquisador. Que segundo Vergara (2013, p. 47) “Por acessibilidade longe de qualquer procedimento estatístico, seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles”. Foram escolhidos os seguintes municípios: Belo Jardim, Barra de Guabiraba Bonito, Camocim de São Felix e São Joaquim do Monte e no Agreste-PE, pois os mesmos foram escolhidos como forma de analisar qual sistema esta sendo trabalhado, tendo a finalidade de descrever e comparar os mecanismos de controle adotados pelas gestões no intuito de atingir resultados favoráveis, ressaltando sempre a qualidade, eficiência e integridade no gerenciamento das atividades. 472 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.ANÁLISE DE RESULTADOS 4.1.Prefeitura Municipal de Belo Jardim No Município de Belo Jardim a entrevista foi realizada com o controlador do município, com questões préelaboradas, com o intuito de analisar as principais atividades desempenhadas pelo setor de controle interno do município. Em Belo Jardim o controle interno tem quatro funcionários, o controlador, dois assessores e uma secretária. Segundo relato do controlador, as principais atividades desenvolvidas dentro do controle interno, seguem as instruções normativas. Área financeira: relacionado ao andamento dos recursos e seu acompanhamento, onde são desenvolvidos através de uma programação de custo para não ultrapassar o limite previsto no orçamento, mas com relação a esse controle existem grandes dificuldades no andamento desse processo que é a falta de planejamento de cada setor, pois cada setor vem respondendo de acordo com seus interesses deixando-os sem as informações precisas. Relatórios:são feitos através do tribunal de contas com a análise dos dados do controle atuando dentro da lei, averigua tudo o que estar sendo executado, levando em consideração os aspectos orçamentários e financeiros. Patrimônio:o que de fato existe é o controle quantitativo parcial, quanto a sua conservação e segurança no momento não existe nenhum controle; Situação sob arrecadação das receitas municipais correntes e de capital: seus resultados em relação às receitas correntes estão sendo lançadas normalmente, já as de capital só existe do exercício anterior até o momento. Folha de Pagamento:O controle está focado no queserefere aos limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, sobre o orçamento dafolha de pagamento dos servidores para não ultrapassar os 60%, da receita, o que diz o limite constitucional da LRF, sendo 54% da prefeitura chegando ao seu limite prudencial a 51,6% e 6% da câmara municipal chegando ao recomendado a 5,4%, esse ajuste tem sido repassado; cabe ao gestor cumprir ou não, caso não seja descumprido de acordo com as recomendações do controle interno o gestor deve tomar as providencias cabíveis em relação àexoneração para se obter um equilíbrio. O setor licitação: não interage com o controle interno, o mesmo só passa as informações e modificações. Cumprimento dos Princípios: em relação à legalidade, legitimidade, economicidade, moralidade e eficiência, o controle tem obedecido e cumprido aos princípios da administração pública. Calendário:existe dentro do controle interno um calendário de controle de prazos de cada obrigação para não perder a data e não chegar à penalidade. Contratos e convênios:o controle interno tem acompanhado as vigências, publicações e as prestações de contas que a mesma é feita através dos sistemas oficiais, quando existem 473 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE pendências, o controle oficia a secretaria que estar com pendências para que a mesma seja regulada. Os fatores que mais dificultam o funcionamento do sistema de controle é a falta de informação,deixando de informar ao controle interno eventuais mudanças, o não cumprimento das recomendações e a falta de planejamento de cada setor. O controle interno vem atuando em cada sistema de forma parcial.Diante disso atua atendendo as solicitações e recomendações perante as exigências da LRF, aplicando e consultando, com o apoio da assessoria contábil e do próprio tribunal de contas do Estado. 4.2 Prefeitura Municipal de Barra de Guabiraba No Município de Barra de Guabiraba aentrevista foi realizada com a controladora do município, com questões pré-elaboradas. A primeira questão foi relacionada ao número de funcionário existente dentro do controle interno, onde existem três funcionários, a controladora, o coordenador e um membro de apoio. Entretanto esse controle é exercido como forma de prevenção a erros e falhas no acompanhamento de suas atividades diárias. A controladora enfatizou que no município há necessidade de instruir outra pessoa, pois é uma preocupação da mesma com relação à demanda podendo assim dificultar o andamento do controle e o respeito à segregação de função. Segundo relato da controladora, as principais atividades desenvolvidas dentro do controle interno, seguem as instruções normativas. Área financeira: onde são observados os andamentos da contabilidade, do orçamento, do patrimônio, do custo, da educação, das compras, embora se tenha pouco contato, o que o setor passa sãorelatórios para fins de resultados. Relatórios: os quais são direcionados a inspetoria da cidade de Bezerros - PE, e encaminhados ao tribunal de contas do estado de Pernambuco na cidade do Recife-Pe. Nesse ponto a prefeitura atua de acordo com a LRF, responsável pelo controle interno. Patrimônio:existe sim um controle a respeito do patrimônio com relação a sua conservação e seu próprio controle. Situação sob arrecadação das receitas municipais correntes e de capital: segundo a controladora com relação às receitas correntes no ano de 2011 a 2012 o município ficou sem arrecadar o IPTU, por conta das enchentes, em consequência das chuvas onde deixou o município em situação de calamidade pública, hoje normalizado e as de capital estão ocorrendo normalmente. Folha de Pagamento: quanto aos limites impostos pela LRF, sobre a folha de pagamento, foi enviado ao gestor no segundo quadrimestre, um relatório sobre o limite de 51% do orçamento, por não ter ultrapassado o limite, mas dando um sinal de alerta. O setor licitação:tem todo acompanhamento quanto aos processos de licitação em geral. 474 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Cumprimento dos Princípios: em relação à legalidade, legitimidade, economicidade, moralidade e eficiência, o controle tem obedecido e cumprido aos princípios da administração pública. Contratos e Convênios: existe um funcionário responsável pelos convênios, sendo analisados pelo controle interno, ou seja, o mesmo tem todo acompanhamento. Os fatores que mais dificultam o funcionamento do sistema de controle interno são o respeito à segregação de função, por só ter três funcionários isso tem dificultado o andamento do controle. Diante disso o controle interno atua atendendo as solicitações e recomendações perante as exigências da LRF, aplicando e consultando, com o apoio do tribunal de contas. 4.3 Prefeitura Municipal de Bonito No Município de Bonito a entrevista foi realizada com o controlador do município, com questões pré-elaboradas, A primeira questão foi relacionada ao número de funcionário existente dentro do controle interno, onde existem quatropessoas,o controlador, um coordenador e dois assessores. Segundo relato do controlador, as principais atividades desenvolvidas dentro do controle interno, seguem as instruções normativas. Área financeira:acompanhamento de cada recurso em relação à folha de pagamento, gastos com pessoal, saúde, educação, contratos, patrimônio, transporte escolar, e se for necessário existe o envio derecomendações. Relatórios:relatórios quadrimestrais que são assinados junto como prefeito/fazenda e é entregue no TCE e Caixa Econômica Federal, Anual entregue junto com a prestação de contas. Patrimônio:existe sim um controle a respeito do patrimônio com relação a sua conservação e seu próprio controle. Situação sob arrecadação das receitas municipais correntes e de capital: segundo o controlador a situação é precária, pois há anos que não estar tendo um acompanhamento sistemático em prol de uma melhor fiscalização e arrecadação. Folha de Pagamento: para a prefeitura o limite prudencial é 51,3 e máximo são 54%, ao assumir o controle interno, o limite já estava extrapolado e foi enviado relatórios ao poder Executivo para que fossem tomadas medidas, visando à baixa desse percentual. O setor licitação:não tem feito todo acompanhamento aos processos de licitação quanto a um grande numero de processos em relação às formalidades que devem ser seguidas. Cumprimento dos Princípios: atualmente está sendo realizado em detrimento do cumprimento estabelecido na legislação, mesmo não obtendo resultados positivos em relação aos princípios. 475 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Contratos e Convênios: são analisados pelo controle interno, onde existe uma planilha de acompanhamento. Os fatores que mais dificultam o funcionamento do sistema de controle interno é a falta de pessoal capacitado, a estrutura física precária e o material que se utiliza. Diante disso o controle interno atua atendendo as solicitações e recomendações perante as exigências da LRF, aplicando e consultando, no momento não tem nenhuma equipe dando-lhe um suporte. 4.4 Prefeitura Municipal de Camocim de São Felix No Município de Camocim de São Felix a entrevista foi realizada com o controlador do município, com questões pré-elaboradas, no decorre da entrevista outras informações foram sendo captadas, com o intuito de analisar as principais atividades desempenhadas pelo setor de controle interno do município. A primeira questão foi relacionada ao número de funcionário existente dentro do controle interno, que no momento só existe duas pessoas, dentre elas, o controlador, e umtécnico. As demais questões não foram colhidas de forma sequencial devido a falta de informações precisas, onde o mesmo não se integrava como um controle interno de fato, que segundo o controlador essa falta de informações é devidoà mudança de gestão, o que vem dificultando as atividades gerando assim bastante problemas,o controlador afirmou queno momento estar sendo feito um levantamento para apurar as informações necessárias para dar andamento a um novo sistema de controle interno como preceitua as normas estabelecidas. Entretanto o controle é feito de forma subordinada a todas as secretárias e diretamente ligada ao gabinete do Prefeito. O controlador ressaltou que não há respeito à segregação de funções, onde o controle interno deveria ficar em um setor próprio com as suas atividades sem precisar que outros setores façam o seu serviço. No momento o controle interno estar atuando de forma informal, não legalmente constituído, suas atividadesdevem ser exercidas em todos os níveis hierárquicos, onde há uma necessidade urgente da implantação de um controle interno neste município, mas talnecessidade aumenta a cada dia e cabe ao gestor a iniciativa de uma mudança, com relaçãoa estrutura, um sistema integrado, suporte, pessoas capacitadas e treinamento, relata o controlador. Após verificar que o controle interno é exercido de forma subordinada as demais secretarias, o mesmo informou que responde pelo controle interno e que a responsabilidade é sua. Segundo o controlador, as principais atividades do controle estão ligadas a uma contabilidade terceirizada que vem participando só dos relatórios que o Tribunal de Contas exige, baseados nos princípios da legalidade, legitimidade, economicidade, moralidade e eficiência como se manda a lei. Segundo o controlador o mesmo procura deixar ciente em cada departamento inclusive o gestor quanto aos seus atos e fatos, com informações precisas para ser utilizadas como forma de evitar e corrigir erros, fraudes e desperdícios, independentemente da existência ou não do controle interno instituído por lei, se faz necessário haver o hábito de trabalhar de maneira responsável. 476 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.5 Prefeitura Municipal de São Joaquim do Monte No Município de São Joaquim do Monte aentrevista foi realizada com o controlador do município, com questões pré-elaboradas, no decorre da entrevista outras informações foram sendo captadas, com o intuito de analisar as principais atividades desempenhadas pelo setor de controle interno do município, a primeira questão foi relacionada ao número de funcionário existente dentro do controle interno, onde existem três pessoas dentre elas, o controlador, um auditor e um estagiário. Segundo relato do controlador, as principais atividades desenvolvidas dentro do controle interno, seguem as instruções normativas. Área financeira: onde são observados os andamentos da contabilidade, do orçamento, do patrimônio, do custo, da educação, das compras, que o mesmo relata ter todo um controle nos aspecto em geral. Relatórios: são feitos por cada secretaria e encaminhados para o gestor mensalmente. Quanto aos relatórios fiscais é feito a cada bimestre um relatório resumido, mas por conta da pendência da antiga gestão estar sendo encaminhado a cada quadrimestre até regularizar a situação. Patrimônio:foi implantado nesta gestão um controle de patrimônio, onde estar sendo feito o cadastro de todos os bens que já tem e o que estar sendo adquirido e o próximo passo e fazer o tombamento. Situação sob arrecadação das receitas municipais correntes e de capital: segundo o controlador com relação às receitas correntes e de capital estar dentro do esperado. Folha de Pagamento: quanto aos limites impostos pela LRF, sobre a folha de pagamento, foi enviado ao gestor no segundo quadrimestre uma notificação referente ao limite de despesa com pessoal, o qual estava ultrapassado. Dai o controle interno alertou o gestor e foramtomadas as decisões cabíveis para sua defesa, como ter que fazer demissões. O setor licitação:tem todo acompanhamento quanto aos processos de licitação em geral, mas o que tem dificultado é a capacidade dos funcionários por ser uma nova gestão os mesmos tem dificuldade de agilizar os processos por não terem um conhecimento nesta área. Cumprimento dos Princípios: em relação à legalidade, legitimidade, economicidade, moralidade e eficiência, o controle tem obedecido e cumprido aos princípios da administração pública. Calendário:existe dentro do controle interno um calendário demetas para o ano todo e um cronogramade execução elaborado pelo tribunal de contas de acordo com a resolução 01/2009 do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Contratos e Convênios:existe todo um acompanhamento tanto de recebimento como os de repasse. Os fatores que mais dificultam o funcionamento do sistema de controle interno é a falta de conhecimento dos funcionários efetivos por não ter um plano de cargas e carreiras 477 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE para melhor incentivá-los; a necessidade de instruir outra pessoa; a estrutura; o ambiente e a falta de material. Diante disso o controle interno atua atendendo as solicitações e recomendações perante as exigências da LRF, aplicando e consultando, com o apoio do tribunal de contas. 4.6 Quadro Comparativo dos Municípios Analisados e suas Respectivas Atividades Prefeituras Atividades Belo Jardim Barra de Guabiraba Bonito Camocim de São Felix São Joaquim do Monte Área financeira Relatórios Patrimônio Receitas Correntes e de Capital Folha de Pagamento Licitação Princípios Calendário Contratos e Convênios Consta Consta Não Consta Consta Não Consta Consta Consta Consta Consta Consta Consta Não Consta Não Consta Não Consta Não Consta Não Consta Consta Consta Consta Consta Consta Consta Consta Não Consta Consta Não Consta Consta Consta Consta Consta Consta Não Consta Consta Não Consta Consta Não Consta Consta Não Consta Não Consta Não Consta Não Consta Consta Consta Consta Consta 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo possibilitou demonstrar que o controle interno é de suma importância na administração pública, no que diz respeito ao cumprimento de metas em relação ao fornecimento de informações relevantes, suficientes e tempestivas durante o processo de prestação de contas. Percebe-se que diante desse conceito, é de extrema importância um controle responsável. Portanto, este estudo teve como objetivo verificar quais os principaisprocedimentos desenvolvidos no âmbito do controlena relação pública existente entre as prefeituras de cada município analisado. Diante da coleta dos dados adquiridos de uma entrevista semi estruturada nas empresas públicas, pôde-se perceber que das cinco prefeituras pesquisadas, todas vem trabalhando bem próximo do que é a filosofia de um controle eficazque cumpre as exigências legais, embora não tenha um sistema de controle interno constituído, essas entidades tentam executar as atividades de forma a obedecer a esse sistema. As administrações Municipais ainda não organizaram instrumentos concretos de controle interno. Há a necessidade de aumentar e qualificar o pessoal responsável por esse trabalho, pois existe uma grande e minuciosa demanda em relação à qualificação dos profissionais que atuam na área, através de cursos, treinamentos, capacitações, visando montar uma equipe preparada e estruturada, combatendo assim o desrespeito à segregação de função e a falta de um sistema de informação adequado que forneça dados confiáveis para 478 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE tomada de decisão.A falta de planejamento, equipamentos e estrutura física adequada também comprometem a realização de um trabalho satisfatório e que atinja a nova regra estabelecida para o controle interno. Conclui-se que apesar de todos os avanços proporcionados pela Constituição Federal de 1988, pela LRF e outros normativos específicos,pôde-se chegar à conclusão de que cada município venha adotar um sistema de controle internopadronizado e uniformizado de acordo normas estabelecidas, proporcionando uma melhor visão da administração, sendo de grande importância para as atividades corriqueiras na gestão, para assim evitar erros que podem ferir os princípios da administração e, consequentemente, prejuízos ao serviço público. Portanto, diante da conclusão a qual se chegou, acredita-se que os resultados deste estudo tenham contribuído para confirmar a necessidade de aprimoramento do controle interno nas prefeituras,sendo um instrumento indispensável para gestão, de modo a alcançar a eficiência para que se possam atingir suas metas. E por fim, ressalta-se que para um estudo mais completo, sugere-se utilizar vários municípios em um único estudo, a fim de traçar um perfil mais detalhado da realidade, o que possibilita verificar semelhanças e distinções entre as formas de tratar do assunto abordado. REFERÊNCIAS ABRAMO, Claudio W. Prevenção x punição para o controle do setor público. Revista do tribunal de contas da União. Ano 35, número 101 julho/setembro, 2004. ALMEIDA, Marcelo Cavalcante: Auditoria: um curso moderno e completo. São Paulo: Atlas, 2003. ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos; ARRUDA Daniel Gomes, Contabilidade Pública: da teoria à prática – atualizada conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal – São Paulo: Saraiva 2004. ATTIE, Willian, Auditoria: Conceitos e Aplicação. 4ª edição. São Paulo, Atlas, 2000 BEUREN, Ilse Maria (org.). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade. São Paulo: Atlas, 2003. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 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As informações foram coletadas por meio da pesquisa explicativa, descritiva e quanti-qualitativa, sendo que a quantitativa foi através da análise documental dos registros de aquisição e consumo de produtos e a qualitativa através de questionários aplicados aos funcionários responsáveis pelo estoque, tanto do almoxarifado geral como o almoxarifado de farmácia, além de explicar a razão e o porquê dos fatos ocorridos através do estudo documental das aquisições de produtos ou materiais e seu consumo e um levantamento junto aos funcionários através de um censo. Os dados foram tratados e apresentados através de quadros e gráficos, os custos dos produtos adquiridos, consumidos e estocados foram mensurados sob análise dos critérios PEPS, UEPS, MPM e MPF onde se chegou a conclusão de que o critério PEPS é o indicado para ser utilizado no controle de estoque dos produtos farmacêuticos e dos produtos de limpeza utilizados pelo Hospital Doutor Cleodon Carlos de Andrade. Palavras-Chave: Critérios de Avaliação. Gestão. Estoques. 1 INTRODUÇÃO Cuidar de estoque de um bem público de maneira eficiente e eficaz tem sido um grande desafio para os gestores, pois quando se tem em excesso pode ocorrer o desperdício, e não tê-lo pode acarretar sérios problemas devido a atrasos e possíveis faltas, e por se tratar de medicamentos ou materiais que podem salvar vidas revela-se tamanha importância de um método de avaliação de estoque que assegure adequada funcionalidade. O gestor que gerencia estoque em um hospital tanto de materiais quanto de medicamentos deve ficar muito atento à maneira como esse estoque será movimentado, e tem que manter um nível alto de controle para que sejam mantidos em equilíbrio os custos de tê-lo pelo grande risco da falta de insumos. Assim, propõe-se estudar o assunto “Critérios de Avaliação de Estoque: Preço Específico, Primeiro a Entrar Primeiro a Sair (PEPS), Último a Entrar Primeiro a Sair (UEPS), Preço Médio Ponderado Móvel (MPM) e Preço Médio Ponderado Fixo,” utilizados para a avaliação das Aquisições, do Custo das Mercadorias Consumidas e do Estoque, além de identificar qual o critério de avaliação de estoque adotado pelo Hospital Regional Dr. Cleodon Carlos de Andrade e qual o critério que propõe melhor controle gerencial (HCCA). 482 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Neste contexto, busca-se resposta para a seguinte problemática: Quais os impactos gerados com o uso do critério de avaliação de estoque utilizado pelo Hospital Regional Dr. Cleodon Carlos de Andrade? Com o intuito de responder a esta problemática, a pesquisa analisa a gestão de estoque do HCCA no período de outubro de 2013 a abril de 2014 por meio dos critérios de avaliação de estoque buscando identificar o critério de avaliação de estoque utilizado pela organização HCCA; evidenciar as metas atingidas mediante auxílio do critério de avaliação de estoque; mensurar o valor das aquisições, do custo dos produtos consumidos e do estoque com a aplicação dos critérios de avaliação de estoque, para que se possa identificar o critério de avaliação de estoque mais conveniente a ser adotado pela organização. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Estoque Os materiais acabados ou não que se encontram armazenados ou guardados para serem vendidos, revendidos ou consumidos em determinados momentos são estoques e é onde se encontra boa parte do ativo das empresas e organizações, por isso ele deve ser considerado dentro dela um fator de muita relevância. Marion (2009) diz que estoques possuem diversos significados conforme o tipo de empresa a que se trata, mas o geral é que é sempre algo que esteja à disposição seja de vendas, seja de transformação ou de consumo. 2.1.1 Estoque Hospitalar A administração de estoque hospitalar tanto de medicamentos quanto de materiais de expediente normalmente é algo que passa despercebida aos olhos daqueles que momentaneamente ou não freqüentam um hospital. Este fato só é gerador de atenção quando por inadequada fiscalização ou displicência chegue a prejudicar alguém, principalmente se esse alguém for um paciente que deixou de ter o tratamento adequado através dele. De acordo com esse pensamento, Pozo (2007) diz que a importância de materiais só se dar quando os bens necessários não estão ali disponíveis no momento exato e correto em que o consumidor procura para consumi-los. 2.1.2 Farmácia A farmácia hospitalar é uma unidade clinica física que é responsável pelo pedido, recebimento, armazenamento e distribuição de medicamentos e materiais nos demais setores. Neto (2005) diz que considerando sua amplitude a farmácia é um setor administrativo de destaque, pois, muitos dos custos hospitalares estão concentrados dentro das farmácias, e isso exige uma atenção especial para que não se possa ter perdas em recursos e custos relacionadas à conservação, pois tudo afeta o resultado nas operações. 483 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.2 Critérios de Avaliação de Estoque Para que com clareza se avalie ao final de cada período sua situação financeira é que empresas e organizações recorrem aos famosos inventários, a fim de verificar o que se tem estocado e quais os custos inerentes a estes estoques já que sua intenção é redução destes. Como bem observou Pozo (2009), fazendo menção nos objetivos para se avaliar estoques, ele abordou o pensamento de que é necessário que as empresas tenham o mínimo de dinheiro possível imobilizado em estoques, e que essa avaliação que se faz em estoque serve para enxergar a realidade atual pela qual se encontra, isso pode auxiliar na tomada de decisão, e ainda reduz o desperdício. Ele é feliz em suas colocações porque expressa características reais e fundamentais para que todo gestor de estoque reflita acerca da sua avaliação de estoque, o porquê de fazê-lo e o que poderá acontecer caso não faça. Ainda seguindo essa linha de raciocínio, Carvalho (2011) relata que as oscilações dos níveis de estoque na logística hospitalar são graves, sendo essencial para o caso um estoque de segurança, que diminuem o risco da falta, garantindo que o paciente seja, de fato, assistido no ambiente hospitalar. Para o estudo, critérios de avaliação de estoque nos setores do almoxarifado de farmácia e almoxarifados geral no HCCA serão utilizados os seguintes critérios: PEPS, UEPS, Media Ponderada Móvel e Media Ponderada Fixa. 2.2.1 Critério Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair (PEPS) ou First In, First Out (FIFO) O sistema de avaliação PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair) é o método em que se baseia nas entradas e saídas de mercadorias ou materiais, onde o primeiro que entra no estoque também é o primeiro que sai e assim os custos são calculados de acordo com este principio. Martins (2003, p.84) diz que “os materiais em estoques vão permanecendo sempre aquele que por último entrou”. Segundo Medeiros (2013) este critério é o que mais se aproxima da realidade, uma vez que o ciclo sempre começa quando o último produto que tinha entrado no estoque é também o que saiu, dando continuidade ao processo de entradas e futuras saídas. 2.2.2 Critério Último a entrar, primeiro a sair (UEPS) ou Last in, First out (LIFO). Quando se avalia o estoque através deste método UEPS (último a entrar, primeiro a sair) também será baseado em entradas e saídas de materiais ou mercadorias onde quem sai do estoque é ultima mercadoria ou material que entra. Este método de avaliação considera que deve em primeiro lugar sair as últimas que deram entrada no estoque, o que faz com que o saldo seja avaliado ao preço das últimas entradas. É o método mais adequado em períodos inflacionários, pois uniformiza o preço dos produtos em estoques para vendas. (DIAS, 1993, p.127). 2.2.3 Preço Médio Ponderado Móvel 484 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O critério Média Ponderada Móvel consiste em atribuir o valor unitário de cada produto ao seu custo médio ponderado, assim a empresa atualiza o valor dos itens em estoques após cada nova aquisição daquele produto. Segundo Iudicibus (1998, p.105) “Chama-se Ponderada Móvel, pois o valor médio de cada unidade em estoque se altera pela compra de outras unidades por um preço diferente. Assim ele será localizado dividindo-se o custo total do estoque pelas unidades existentes”. Esse método, segundo Martins (2003), é o mais usado no Brasil. Ele evita que os custos sejam calculados em compras por lotes, mas exige um número maior de cálculos e o custo da aquisição é um valor mediano. 2.2.4 Preço Médio Ponderado Fixo A Média Ponderada Fixa é conhecida como Média Ponderada Mensal, ela se deriva do custo médio. O valor que é atribuído aos produtos é o resultado da Média Ponderada que se encontra no estoque o que difere uma da outra é a avaliação da Média Ponderada Móvel é realizada no ato da aquisição do produto já na Média Ponderada Fixa é feita no final do período ou mês. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Tipo de pesquisa Considerando as palavras de Gil (2008), que diz que a pesquisa é requerida diante da indisponibilidade de informações para responder ao problema, ou quando esta se encontra desorganizada ao ponto de não poder ser relacionada ao problema, pode-se acrescentar que um é caminho com etapas seqüenciais a serem percorridas para se chegar ao resultado ou solução do mesmo. Na realização do trabalho a pesquisa é caracterizada de natureza quantitativa e qualitativa. Quantitativa onde segundo Creswell (2010) os dados transformados em números possibilitam análises estatísticas, e também qualitativa uma vez que se obtém informações junto aos funcionários que não se traduz em fórmulas quantificáveis, mas que se revela pela vivencia entre o pesquisador e fato estudado para a compreensão do fenômeno. A pesquisa ainda classifica-se quanto à finalidade como explicativa, o que vem a esclarecer este tipo de pesquisa neste estudo, é que os dados obtidos explicam qual o melhor critério de avaliação de estoque, o porquê dele, e as vantagens dentre os demais critérios pesquisados. É ainda descritiva por expor características dos fatos ou fenômenos, mas sem compromisso em explicá-lo apenas para servi-lo como base. Quanto aos meios ela é documental, ou seja, pela necessidade de análise de dados documentais referentes à aquisição e consumo de materiais ou medicamentos da organização pesquisada. E por fim, classifica-se ainda como bibliográfica e levantamento pelo fato do colhimento das informações a cerca dos fatos pesquisados com os funcionários, através de um censo, e então se fazer análise quantitativa desses dados. 3.2 Universo e amostra Neste estudo, podemos apresentar como o universo ou população estudada todos os produtos materiais e medicamentos estocados tanto no almoxarifado geral como no almoxarifado da farmácia do HCCA. E a amostra, dada pela inviabilidade da grande 485 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE variedade existente tanto de materiais como de medicamentos, determinou-se como parâmetro para amostra quatro itens com maior rotatividade no estoque e que tenha maior custo de aquisição sendo dois no almoxarifado geral e dois no almoxarifado de farmácia para serem analisadas a partir dos critérios de avaliação de estoques PEPS, UEPS, e Média Ponderada Móvel e Fixa, para só então poder concluir posteriormente qual destes critérios é mais viável para se reduzir custos de estocagem nesta organização. 3.3 Coleta de dados A coleta dos dados é a forma ou caminho pelo qual o pesquisador consegue responder as perguntas de suas indagações. Esse caminho segundo Vergara (2007) pode ser observação simples ou participante dependendo da pesquisa, questionários, formulários, entrevistas e através destes instrumentos pode-se fazer a análise dos dados obtendo as respostas necessárias. Para o Hospital Doutor Cleodon Carlos de Andrade a coleta de dados realizou-se por meio de análise documental e ainda um questionário contando com questões objetivas, subjetivas e mistas referentes à gestão de estoques, isso para buscar responder à problemática da pesquisa e os objetivos específicos. 3.4 Tratamento dos dados Para ter-se o conhecimento dos processos que envolvem a gestão de estoques no HCCA. A tabulação dos dados levantados com os funcionários através da aplicação de questionários fez-se através de análise estatística descritiva, apresentadas por gráficos, quadros e textual, seguidos pela análise dos valores das mercadorias adquiridas, valor das mercadorias consumidas e estocadas, destacados pelos critérios de avaliação, através de quadros, comparando-os, e representados em gráficos. Após análise sugere-se o melhor Critério de Avaliação de Estoque para organização pesquisada adotar. Dias (1993, p. 67) diz “[...] essa análise deve ser feita em observância aos objetivos e ao plano da pesquisa e pode exigir, em alguns casos, o concurso de técnicas altamente sofisticadas”. 4 DISCURSÃO E ANÁLISE DOS DADOS Os dados apresentados são referentes à aplicação dos questionários, sendo um no almoxarifado geral e cinco no almoxarifado de farmácia. Ao ser questionado sobre dois itens que tinha maior rotatividade e custo foi elencado pelo mesmo como sendo detergente umectante e produto alcalino dois produtos utilizados pela lavanderia da organização, esse fato foi comprovado pela análise documental. O estoque destes produtos é renovado mensalmente, os itens são pedidos nessa dinâmica, mas conta com faltas e atrasos constantemente principalmente no período licitatório. Sobre perdas destes produtos, por validade ou qualquer outro motivo onde a resposta foi: “Não, já que os produtos não são perecíveis e são de fácil acomodação”. A mesma não tem conhecimento dos critérios de avaliação de estoque, baseia-se apenas na validade e na quantidade limite para pedido habitualmente. Ainda esclarece como falhas, quando perguntada se o critério utilizado atualmente apresenta falhas, “mau acondicionamento” disse também que nunca teve nem um tipo de meta neste setor, para reduzir custos. 486 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Embora não haja um sistema de informação ou software sofisticado, existem tabelas que a auxiliam superficialmente, a quantidade é diminuída pela quantidade utilizada, mas deixa explicita que não é o suficiente para o controle em sua totalidade. Através dos fatos, pode-se perceber que é necessário o almoxarifado geral passar por algumas mudanças no tocante a aperfeiçoamento e qualificação da gestão e na sua operacionalização para um trabalho melhor desenvolvido. Os dados agora elencados sobre a gestão de estoque foram obtidos juntos aos funcionários do setor de farmácia através de um questionário alto aplicável, com o intuito de responder parte dos objetivos específicos da pesquisa. Para a análise em que as respostas de todos os funcionários esboçaram a mesma opinião, apresenta-se em forma de texto explicativo, e as demais respostas sob a forma de gráficos. Todos responderam que o estoque é renovado mensalmente, que os pedidos são feitos nesta dinâmica, muito embora, aconteça com freqüência atrasos superior a sessenta dias. Isso gera um acúmulo maior na sua reserva de estoque, que segundo os responsáveis pelos setores fica em torno de cinqüenta (50%) do seu pedido mensal para evitar uma possível falta. Nessa linha de pensamento Carvalho (2011) contribui dizendo que é importante para o gestor do setor observar, os níveis de estoque e oscilações, para que não ocorra falta de produto, sendo no caso um hospital é, ainda, mais grave uma possível falta, é essencial que se mantenha um estoque de segurança, para diminuir esse risco. Dias (1993) completa dizendo que o tempo de reposição é uma informação básica para que se defina o estoque mínimo. Quando questionados se a organização possui metas de redução de custos todos responderam que não tinha nem um tipo de meta neste sentido. Sabe-se que embora a organização não tenha fins lucrativos, é importante colocar em seu planejamento de estocagem, metas para a redução de custos porque reduziria custos relacionados à armazenagem como localização, clima, iluminação e obsolescência ou deterioração, isso colabora para uma boa administração de recursos públicos. Quanto ao questionamento se a organização possui sistema ou software que ajude a facilitar o trabalho nesse setor, foram unanimes em informar que não, pois acrescentaram não ser por falta de solicitações, que até o momento, não contam com sistema informatizado já foram várias petições, mas não há interesse por parte da secretaria estadual de saúde em melhorar, e controlar esses custos com de estocagem. Infelizmente em plena era tecnológica, ainda existe setores que são desprovidos dela na organização, isso contradiz o pensamento de Rocha (2013, p. 23) que diz: A tecnologia é muito utilizada no controle de estoque, pois facilita muito a vida do administrador ou colaborador, e por intermédio destes novos instrumentos de controle estes funcionários passam a ter exata consciência em relação à quantidade de itens no almoxarifado [...] O gráfico a seguir apresenta o resultado sobre a classe de medicamentos em que foram escolhidos os dois para análise dentro dos critérios de avaliação de estoque, o 487 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE antimicrobiano que é uma substância que mata ou inibe a proliferação de bactérias e o anestésico que como o próprio nome diz é uma substância anestésica usada principalmente em procedimentos cirúrgicos. Gráfico 1- Dois produtos de maior rotatividade e custo. antimicrobianos anestesicos 50% 50% .FFonte: Pesquisa de campo, 2014. Com relação aos dados obtidos no gráfico 1 quando perguntados a cerca de dois produtos que tinham maior rotatividade e custo no estoque os questionados responderam unanimemente duas classes de medicamentos que ao comparar a análise documental foi que se chegou à conclusão mais específica definindo-se por antimicrobianos Cefepina 2g e o anestésico propofol 10mg. Gráfico 2 - Utiliza algum critério de avaliação de estoque na organização. sim não 40% 60% .FFonte: Pesquisa de campo, 2014. 488 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quando perguntados se existe na organização algum critério para avaliação de estoque representado no gráfico 2, a maioria, 60%, respondeu que não, e quem respondeu que sim, disse ser por critério de lote e validade, ou apenas visualmente nada informatizado, muito passível de erro. Gráfico 3 - O critério é adequado para reduzir custos. Sim Não sem responda 40% 40% 20% .FoFonte: Pesquisa de campo, 2014. O gráfico 3 foi questionado se o critério adotado pela organização é adequado para redução de custos, e obteve-se a seguinte resposta os mesmos 40% que afirmam ter um critério de avaliação de estoque também afirmam que este é eficaz pra reduzir custos. Gráfico 4 - O critério adotado apresenta falhas. Sim Não responderam 40% 60% Fonte: Pesquisa de campo, 2014. 489 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O gráfico 4 demonstra o resultado relativo à pergunta se o critério que a organização adota apresenta falhas, e 60% dizem que o critério apresenta falhas, pois o estoque é armazenado da forma que eles chamam de manual e visivelmente, não tem um critério bem estabelecido somente por validade e por lote, mas por falta de espaço sua armazenagem nem sempre esta diante dos olhos, existem itens até muitas vezes não localizados dentro do próprio estoque por não ter uma ferramenta que auxilie como registro, e por ficar inviável de enxergar com o acúmulo de materiais ou medicamentos. Sobre isso Dias (1993, p.135) esboça: Um método adequado para estocar matéria-prima, em processamento e produtos acabados permite diminuir os custos de operação, melhora a qualidade dos produtos e acelera o ritmo dos trabalhos. Além disso, provoca diminuição nos acidentes de trabalho, redução no desgaste dos demais equipamentos de movimentação e menor número de problemas de administração. Uma adequada armazenagem é imprescindível dentro de uma organização hospitalar pelo fato de que seu principal produto é a vida humana. Quadro 01 - Dados analisados pelos critérios de avaliação de estoque: Detergente Umectante. PEPS ou FIFO UEPS ou LIFO Aquisições ---- R$ 8.302,50 Aquisições 8.302,50 ------ R$ (-) Consumo -- R$ 5.535,00 Total ----------- R$ 2.767,50 Estoque ------ R$ 2.767,50 Média Ponderada Móvel Média Ponderada Fixa Aquisições ------ R$ 8.302,50 Aquisições 8.302,50 ---- R$ (-) Consumo ---- R$ 5.535,00 (-) Consumo 5.535,00 --- Total ------------2.767,50 Estoque -----2.767,50 R$ Total ------------- R$ 2.767,50 (-) Consumo 5.535,00 Estoque 2.767,50 Total -----------R$2.767,50 Estoque ------R$ 2.767,50 R$ R$ ---------- R$ -- R$ Fonte: Hospital Doutor Cleodon Carlos de Andrade 2014. Com os dados do Quadro observamos que como se trata de produtos com preço fixo adquirido através de licitação e não havendo alterações nos valores de aquisições pode-se observar que não há variações nos resultados. Quadro 02 - Dados analisados pelos critérios de avaliação de estoque: Produto Alcalino. PEPS ou FIFO Aquisições 7.183,68 (-) Consumo 3.591,84 Total 3.591,84 Estoque 3.591,84 -----R$ -- UEPS ou LIFO Aquisições----- R$7.183,68 Média Ponderada Móvel Aquisições------R$ 7.183,68 (-) Consumo-- R$ 3.591,84 (-) Consumo---R$ 3.591,84 Total ----------- R$ 3.591,84 Total-------------R$ 3.591,84 R$ ------------R$ -------- R$ Estoque ------ R$ 3.591,84 Estoque ------- R$ 3.591,84 Média Ponderada Fixa Aquisições---R$ 7.183,68 (-) Consumo 3.591,84 R$ Total -------R$ 3.591,84 Estoque ------R$ 3.591,84 Fonte: Hospital Doutor Cleodon Carlos de Andrade 2014. 490 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Como antes mencionado, em virtude dos preços serem mantidos sem oscilação por todo o período, não há também alteração nos resultados analisados por todos os critérios. Dados do quadro 02. O gráfico 5 apresenta os resultados dos dados analisados com relação aos preços dos produtos adquiridos no período pesquisado. Gráfico 5 - Variação no preço de aquisição dos produtos. Detergente umectante 922,5 922,5 897,96 922,5 897,96 out nov Fonte: Pesquisa de campo, 2014. Produto alcalino 922,5 922,5 897,96 897,96 897,96 dez jan fev 922,5 922,5 897,96 mar 897,96 abr O que se percebe ao analisar o gráfico 5 é que não ocorre variação dos seus preços neste período, isso porque a aquisição é feita por licitação e durante toda a sua vigência não há alteração de preços dos produtos fornecidos. No Quadro abaixo um resumo da análise do Cefepina 2g pelo PEPS, UEPS, MPM e MPF dados coletados no almoxarifado de farmácia. Quadro 03 - Dados analisados pelos critérios de avaliação de estoque: Cefepina 2g. PEPS ou FIFO Aquisições----864,00 R$ (-) Consumo 663,60 R$ Total------------R$ 326,40 Estoque R$ 326,40 UEPS ou LIFO Média Ponderada Móvel Média Ponderada Fixa Aquisições----- R$ 864,00 Aquisições-------- R$ 864,00 Aquisições-----R$ 864,00 (-) Consumo (-) Consumo ---- R$ 663,60 R$ 663,60 (-) Consumo - R$ 663,60 Total------------- R$ 326,40 Total--------------- R$ 326,40 Total ----------326,40 Estoque R$ 326,40 Estoque R$ 326,40 R$ Estoque R$ 326,40 Fonte: Hospital Doutor Cleodon Carlos de Andrade, 2014. 491 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE No Quadro abaixo um resumo da análise do propofol pelo PEPS, UEPS, MPM e MPF. Quadro 04 – Dados analisados pelos critérios de avaliação de estoque: Propofol 10mg. PEPS ou FIFO Aquisições 2.394,00 ---R$ (-) Consumo 1.330,00 -R$ Total ---------1.396,50 Estoque ------1.396,50 R$ UEPS ou LIFO Média Ponderada Móvel Média Ponderada Fixa Aquisições----R$ 2.394,00 Aquisições ----- R$ 2.394,00 Aquisições 2.394,00 (-) Consumo--R$ 1.330,00 (-) Consumo --- R$ 1.330,00 Total------------R$ 1.396,50 R$ Estoque ------ R$ 1.396,50 (-) Consumo 1.330,00 Total ------------ R$ 1.396,50 Estoque --------- R$ 1.396,50 ----- R$ --- R$ Total -----------1.396,50 Estoque -------1.396,50 R$ R$ Fonte: Hospital Doutor Cleodon Carlos de Andrade, 2014. Não existem alterações nos resultados do quadro acima, quando analisados por todos os critérios de avaliação, o que deixa o critério PEPS se sobre sai em relação aos demais é o fato das saídas serem realizadas em ordem cronológica. Rocha (2013) relata que sua vantagem é não ocasionar perdas de artigos invalidados. O gráfico 6 mostra a variação no valor de aquisição dos produtos em análise no período de outubro de 2013 a abril de 2014. Gráfico 6 - Preço de aquisição dos produtos. Cefepina 2g Propofol 10mg 14 12 10 8 6 4 2 0 out nov dez jan fev mar abr Fonte: Pesquisa de campo, 2014. Através dos dados do gráfico 6 pode-se perceber que não há variação no preço de aquisição dos produtos. Esse fato se dar porque os produtos são adquiridos por processo licitatório onde quem ganha à licitação fornece os produtos durante todo o período sem 492 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE acréscimos nos preços. E mesmo passando pela análise através dos critérios de avaliação de estoque, não ocorrem variações. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa teve como ponto chave a avaliação de estoque através dos critérios PEPS, UEPS, MPM e MPF, os quais são importantes métodos de gestão para empresas e organizações, pois, auxiliam na redução dos custos em estocagem. Para responder ao primeiro objetivo, identificar quais os produtos e materiais de expediente e farmacêutico mais adquirido e consumido pelo HCCA foi realizada análise documental e para se chegar aos produtos que seriam analisados através dos critérios PEPS, UEPS, MPM e MPF, determinaram-se como parâmetro dois dentre os produtos, em virtude da grande quantidade, que tivesse maior rotatividade e custo, ou seja, valor de aquisição. No almoxarifado geral os dois produtos são detergente umectante e produto alcalino já no almoxarifado de farmácia são cefepina 2g e propofol 10mg. A pesquisa buscou saber em seu segundo objetivo que critério de avaliação a organização utilizava, e ao analisar chegou-se a conclusão de que, não existe nem um critério de avaliação de estoque no HCCA utilizado pela gestão atual. Com relação ao terceiro objetivo da pesquisa, se a organização trabalha com metas para redução de custos, conclui-se segundo os funcionários questionados que não há metas para redução de custos dentro da organização. No quarto e quinto objetivos, foram mensurados os valores das aquisições, custos dos produtos e do estoque com a aplicação dos critérios de avaliação de estoque e fazer a sugestão do melhor para ser utilizado pela organização, e após análise, pode-se concluir que qualquer um dos critérios é viável para utilização na organização, pois, seus produtos e materiais são adquiridos por processos licitatórios onde o fornecedor não altera os preços neste período. Pelo fator validade dos produtos já que o primeiro que entrar é o primeiro que sair destaca-se o PEPS e sugere-se este dentre os outros critérios a ser utilizado. Sobre o assunto expõe Pozo (2007, p. 88) “o PEPS é baseado na cronologia das entradas e saídas. O procedimento de baixa de itens no estoque é feito para ordem de entrada do material na empresa, o primeiro que entrou será o primeiro que sairá”. Assim, de acordo com análise dos resultados sugere-se à organização adotar O PEPS pelo fato de se sobressair quanto à validade dos produtos e se evitar o desperdício. Ainda acrescenta-se a implantação de um sistema informatizado, mesmo que simples, mas que propicie um maior controle das entradas e saídas isso ajudaria principalmente para realização do pedido mensal eliminando o risco de fazer um pedido quando sua quantidade mínima é bem superior ao adotado. Aconselha-se também manter a política de realização de inventário periódico para se controlar melhor a quantidade de tudo o que se tem e o que de fato se tem estocado. Bem como, um local com espaço suficiente para estocagem principalmente no almoxarifado de farmácia onde muitos medicamentos exigem condições especiais de armazenagem. 493 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE E por fim profere-se treinamento e incentivo para a colaboração de todos os responsáveis para o cumprimento de suas funções sem resistir ao novo que exige inicialmente um esforço maior e com zelo administrar o bem público tendo responsabilidade de contribuir com a vida humana. REFERENCIAS CARVALHO, Vagner Mendes. Logística Aplicada em Farmácia Hospitalar: Estudo de Caso Hospital X. São Paulo, 2011. Disponível em: <https//www.fateczl.edu.br/cariboost_files/Vagner_20Mendes_20Carvalho.pdf> Acesso em 06/02/2014. CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1993. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social . 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. IUDÍCIBUS, Sergio de; KANITZ, Stephen C.; MARTINS, Eliseu. Contabilidade Introdutória. 8 ed. São Paulo: Atlas, 1998. MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, Eliseu. Contabilidade Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MEDEIROS, Airton José. Critérios de Avaliação de Estoque: Um estudo na Casa Vieirense. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso- Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Rio Grande do Norte, 2013. NETO, Julio Fernandes Maia. Farmácia hospitalar e suas interfaces com a saúde. 1º .Ed. São Paulo: RX, 2005. POZO, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. _______. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais: Uma abordagem logística 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. ROCHA, Nívea de Jesus Araújo. O Desafio da Administração de Estoques em um Ambiente Público e Hospitalar, Um Estudo Sob a Perspectiva do Hospital Regional na Cidade de Picos – PI, 2013.Monografia Apresentada ao Curso de AdministraçãoUniversidade Federal do PiauíUFPI, Piauí, 2013. Disponível em: <www.ufpi.br/.../admpicos/.../TCC%20PARA%20CD%20EM%20PDE%2.> Acesso em 03/12/2013. 494 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE VERGARA Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2007. 495 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE UMA ABORDAGEM SOBRE A TRIBUTAÇÃO INCIDENTE SOBRE AS COOPERATIVAS DE ALGUNS RAMOS EXISTENTES NO ESTADO DE PERNAMBUCO AUTORES: Helton Aquilles Cabral Borges, Vladênia Letieri Gonçalves, Alexandre César Batista da Silva e Karina Simões Campelo. Área temática: Informação Contábil para Usuários Externos RESUMO O estudo em tela teve como objetivo geral evidenciar qual seria a correta tributação incidente sobre as cooperativas de alguns ramos existentes no estado de Pernambuco, as mesmas trabalhando com atos cooperativos ou não cooperativos. A pesquisa foi realizada através do método dedutivo, com o propósito de evidenciar e atender os objetivos que foram traçados no trabalho. Em se tratando dos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva. Quanto aos procedimentos, foi utilizada a pesquisa bibliográfica. Em se tratando da abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa. Observou-se que há diferenças entre o tratamento tributário dado ao ato cooperativo e ao ato não cooperativo, onde em alguns casos, mesmo praticando ato com cooperados, estas entidades pagam PIS, COFINS, ICMS, ISS, podendo fazer suas exclusões, ou tendo de alguma forma um tratamento diferenciado. Conclui-se que para o correto cálculo da tributação de cooperativas é necessário conhecer a fundo cada área de atuação. Obtém-se desta forma, a certeza dos tributos a serem pagos, só sendo isto possível quando tratados separadamente os atos cooperativos e não cooperativos praticados pelas entidades. Palavras-Chave: Cooperativas. Atos cooperativos. Atos não cooperativos. Tributação. 1 INTRODUÇÃO As sociedades cooperativas que são regulamentadas pela Lei 5.764/71, que através do art. 4 são definidas como sendo “[...] sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais [...]”. Elas são formadas por um grupo de no mínimo 20 (vinte) pessoas, sem objetivo de lucro e sim de crescimento e fortalecimento da sociedade. De acordo com a pesquisa do Perfil das Cooperativas de Pernambuco, pesquisa realizada pelo SESCOOP/PE, o estado possui (10) dez dos 13 (treze) ramos de cooperativas existentes no País, dentre eles se destacam as cooperativas de crédito, de saúde e de transporte. Muitas discussões acontecem quando se trata do adequado tratamento tributário que as cooperativas deveriam ter, a própria Constituição Federal em seu art. 146, inciso III, alínea “c”, estatui que deverá haver “adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativistas”. Existem cooperativas que realizam dois tipos de atos, os 496 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE atos com cooperados e os atos com não cooperados (com terceiros), para esse último, ato realizado com terceiros, as cooperativas em geral se igualam de forma tributária a qualquer tipo de sociedade mercantil. Contudo, essas discussões acerca do regime tributário nas cooperativas só vêm aumentando já que não há um estudo mais aprofundado sobre o referido assunto. A área que mais se preocupa com isso é a própria contabilidade, que por haver margens que podem nos dar diversas interpretações, a contabilidade poderá gerar informações equivocadas. Diante do tema apresentado, o problema para o presente trabalho é o seguinte: Qual a correta tributação incidente sobre cooperativas de alguns ramos existentes no estado de Pernambuco, no que tange aos atos cooperativos e não cooperativos? O estudo em tela tem como objetivo geral evidenciar qual seria a correta tributação incidente sobre as cooperativas de alguns ramos existentes no estado de Pernambuco, as mesmas trabalhando com atos cooperativos ou não cooperativos. Com isso foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: Contextualizar a atividade das cooperativas e suas peculiaridades com base na literatura; Demonstrar a correta tributação dos atos emanados das cooperativas; e Apresentar, de forma comparativa, as semelhanças e diferenças entre a tributação de diversos tipos de cooperativa estudados. Partindo do ponto de vista que nas sociedades cooperativas existem problemas conceituais, quando se faz referência à importância dessas organizações para o desenvolvimento econômico e social do nosso país, a relevância deste estudo dá-se pelo fato de ser necessário mais entendimento e esclarecimento acerca do uso da contabilidade tributária nas cooperativas de Pernambuco, sobretudo em virtude de algumas cooperativas de Pernambuco serem reconhecidas pelos seus serviços prestados. Há também a importância de ordem pessoal, uma vez que o autor da pesquisa trabalha no cooperativismo, pretendendo com isso aprofundar cada vez mais o seu conhecimento sobre contabilidade em cooperativas, tendo em vista desenvolver um trabalho que possa provocar o interesse sobre o tema para outros futuros trabalhos executado por diversas pessoas, além de contribuir com que as cooperativas em uma visão ampla, possam cada vez mais estar realizando em sua contabilidade, um trabalho correto, de confiança, cada vez mais claro e na forma da lei evitando assim qualquer problema que possa implicar o tempo de atividade da cooperativa. O trabalho foi realizado mediante um estudo bibliográfico, através de uma revisão acerca dos conceitos e demais livros, leis, jornais, que dizem respeito à tributação nas sociedades cooperativas, fazendo uma abordagem em 04 (quatro) dos 10 (dez) ramos existentes no estado de Pernambuco. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 SOCIEDADES COOPERATIVAS Schimidt e Perius (2003, p. 63) conceituam as sociedades cooperativistas como: “As cooperativas são associações autônomas de pessoas que se unem voluntariamente e constituem uma empresa, de propriedade comum, para satisfazer aspirações econômicas, sociais e culturais”. Portanto, trata-se de um grupo de pessoas que se unem para formar uma empresa que atendam os interesses de ambos. 497 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para Becho (2005, p. 95) “as cooperativas são sociedades de pessoas, de cunho econômico, sem fins lucrativos, criadas para prestar serviços aos sócios de acordo com os princípios jurídicos próprios e mantendo seus traços distintivos intactos”. Com base no autor, as cooperativas são sociedades que não objetivam lucros, que prestam serviços aos seus associados respeitando os seus princípios. As sociedades cooperativas no Brasil se dividem em 13 (treze) ramos que são: Agropecuário; Crédito; Consumo; Educacional; Infraestrutura; Especial; Habitacional; Mineral; Produção; Saúde; Mineral; Trabalho e Turismo e Lazer, que juntas de acordo com a Revista Gestão Cooperativa1 somam aproximadamente 8.000 cooperativas com mais de 6.700.000 milhões de cooperados. O cooperativismo que é uma doutrina socioeconômica e cultural, fundada nos valores da solidariedade, igualdade, democracia, equidade, autoajuda e autorresponsabilidade, busca cada vez mais a união e uma maior capacidade de seus cooperados alcançarem seus objetivos, tudo aquilo que um só talvez não pudesse conseguir. Becho (2005, p. 91) enfoca que “O cooperativismo surge com a necessidade do homem de unir-se para solucionar alguns dos seus problemas comuns”. A própria Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)2 conceitua as sociedades cooperativas como: Uma organização de, pelo menos, vinte pessoas físicas, unidas pela cooperação e ajuda mútua, gerida de forma democrática e participativa, com objetivos econômicos e sociais comuns, cujos aspectos legais e doutrinários são distintos de outras sociedades. Fundamenta-se na economia solidária e se propõe obter um desempenho econômico eficiente, através da qualidade e da confiabilidade dos serviços que presta aos próprios associados e aos usuários. 2.1.1 Surgimento das Sociedades Cooperativas De acordo Benato (2007, p.26) “A história do cooperativismo dá como certo que a primeira cooperativa organizada formalmente, foi a dos tecelões de Rochdale”. Ainda segundo o autor, (2007, p.26) “Em 28 de outubro de 1844, um grupo de 28 pessoas entre eles 27 homens e 1 mulher, reuniram-se, juntaram esforços e fundaram uma sociedade cooperativa que recebeu o nome de “Rochdale Society of Equitable Pioneers”. Com base no que diz o autor, a primeira cooperativa teve origem na cidade Rochdale, na Inglaterra, com pessoas que tinham interesse de resolver o problema de cada um. Porém como toda e qualquer sociedade, as sociedades cooperativas também precisavam de regras de condutas a ser tomadas, para que a sociedade se mantivesse viva. Os pioneiros de Rochdale estabeleceram os princípios do cooperativismo. Esses princípios cooperativos, segundo Bulgarelli (1998 apud BECHO 2005, p. 130) “[...] foram sendo elaborados e consolidados até ser firmados pela a Aliança Cooperativa Internacional (ACI)”. A OCB diz que3 “[...] os princípios cooperativos, são as linhas orientadoras através das quais as cooperativas levam os seus valores à prática”. Ao todo são sete princípios, conforme o quadro 1: 1 Disponível em: < http://www.gestaocooperativa.com.br/tabid/437/Default.aspx>. Acesso em 15 de set. 2012 Disponível em: <http://www.idevanlopes.com.br/materias/Aula%2014%20%20Sociedades%20Cooperativas.pdf>. Acesso em 20 de out. 2012 3 Disponível em: <http://www.ocb.org.br/site/cooperativismo/principios.asp>.Acesso em 20 de out.2012 2 498 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quadro 1 – Princípios do Cooperativismo Adesão Voluntária Que significa que toda e qualquer pessoa independente de algum tipo de discriminação, que estivar apta a utilizar e assumir as responsabilidades da sociedade poderá se tornar associado; Gestão democrática pelos cooperados Que é o fato de que a sociedade será administrada por um grupo de associados escolhidos na assembleia geral ordinária ou extraordinária, onde esses terão que tomar as decisões para a sobrevivência da cooperativa; Participação Econômica dos Cooperados Autonomia e Independência Que significa dizer que os cooperados contribuem financeiramente, para que a cooperativa possa funcionar; que significa que as cooperativas são sociedades autônomas, de ajuda mútua, administradas pelos seus associados; Educação, formação e informação. que é o fato das sociedades cooperativas terem a obrigação de promover a educação e formação dos seus cooperados e dos seus trabalhadores em geral fazendo com que eles possam contribuir para o desenvolvimento da sociedade; Inter cooperação As sociedades cooperativas, de uma forma conjunta e para dar mais força ao movimento cooperativo devem se Inter cooperar e ajudarem umas as outras; Interesse pela Comunidade Que diz que as cooperativas devem trabalhar para alcançar um desenvolvimento sustentável das comunidades usando políticas aprovadas pelos seus cooperados; Fonte: Gawlak, 2007. 2.1.1.1 Surgimento das Sociedades Cooperativas no Brasil De acordo com Polônio (1999, p. 23) “no Brasil as cooperativas deram inicio em 06 (seis) de janeiro de 1903 pelo Decreto nº 979 que regula a classe dos sindicatos e cooperativas rurais e de consumo”. Porém, Gawlak (2007, p. 79) diz que “este movimento iniciou-se na área urbana, com a criação da 1ª Cooperativa de Consumo, em Ouro Preto (MG) no ano de 1889[...]”, através de uma cooperativa constituída por funcionários públicos, militares, profissionais liberais e operários, que foi denominada por eles de Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, após o movimento cooperativista ter dado certo, com o passar do tempo foi sendo expandido para outros estados do país, entre eles Pernambuco. Após alguns anos, em 1902, de acordo com Gawlak (2007, p.79) “surgiram no estado do Rio Grande do Sul as primeiras cooperativas de crédito do Brasil, uma iniciativa de um padre de nacionalidade suíça que se chamava Theodor Amstadt”. Ainda segundo o autor, (2007, p.80) Já por volta do “ano de 1906 as cooperativas agrícolas começaram a tomar forma com ajuda dos produtores agropecuários”. Como disse o autor o cooperativismo brasileiro foi se espalhando com o tempo por todo o Brasil, buscando uma melhoria de vida para os seus cooperados. Segundo Benato (2007, p.63) “A criação da OCB foi finalmente concretizada durante o VI Congresso de Cooperativismo, realizado entre 2 a 6 de dezembro de 1969, em Belo Horizonte MG”. Que até hoje a Organização das Cooperativas Brasileiras é o órgão que representa as sociedades cooperativas. 499 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE No ano de 1971 no dia 16 de dezembro, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei cooperativista que até hoje disciplina as sociedades cooperativas, a criação da lei, foi um grande marco na história do cooperativismo brasileiro, porém essa mesma lei restringiu a autonomia das cooperativas, que voltaram a ser independentes após a nova Constituição Federal de 1988 que em seu art. 5º, item XVIII define “A criação de associações e, na forma da Lei, a de cooperativas, independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento”. O artigo da Constituição Federal deixa bem claro que as sociedades cooperativas têm a sua liberdade e direito a uma autogestão. Após a sua sanção, ficou também determinada em seu art. 107 que “As cooperativas são obrigadas, para seu funcionamento, a registrar-se na Organização das Cooperativas Brasileiras ou na entidade estadual, se houver, mediante apresentação dos estatutos sociais e suas alterações posteriores”. Com bastante tempo depois, veio à necessidade de se criar uma instituição que se dedicasse e que ajudasse a OCB no trabalho de manter as cooperativas brasileiras, foi aí que nasceu o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP), que é uma das instituições que fazem parte do sistema “S” e que hoje é responsável pelo ensino, pela formação profissional, organização e promoção social das pessoas que estão envolvidas em qualquer cooperativa brasileira. 2.2 ATOS COOPERATIVISTAS 2.2.1 Ato cooperativo A Lei 5.764/71 em seu art. 79 estabelece que: “Denominam-se atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais”. Com base no que se refere o artigo da Lei Cooperativista, o ato cooperativo é todo e qualquer ato realizado com os associados da cooperativa. Um exemplo de ato cooperativo ocorre em uma cooperativa de trabalho, onde a mesma consegue trabalho para os seus cooperados, fechando contratos com terceiros. O fato de a cooperativa fechar esse contrato para que os seus cooperados trabalhem, mesmo que para terceiros, é considerado um ato cooperativo, pois conseguir trabalho para os seus associados está no objetivo social da mesma e quem presta o serviço é o próprio cooperado. Para o ato cooperativo, a própria Constituição Federal reserva um tratamento tributário diferenciado. Considera-se lícita e justa esta diferenciação tributária, uma vez que os resultados alcançados pelos próprios cooperados, a eles retornarão no final do exercício quando da apuração contábil. A Assembléia Geral de cooperados deverá decidir o que fazer com estes resultados, quer sejam sobras, quer sejam perdas, e deverão ser rateados proporcionalmente, de acordo com o trabalho realizado pelo cooperado. Os atos denominados cooperativos são isentos de tributação de acordo com o art. 39 da Lei 10.865/04, que afirma que “As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação específica, relativamente aos atos cooperativos, ficam isentas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL”. O mesmo acontece com o IRPJ, a partir do que trata Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR) em seu art. 182, quando estabelece “As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação específica não terão incidência do imposto sobre suas atividades econômicas, de proveito comum, sem objetivo de lucro (Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, art. 3º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 69)”. 500 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.2.2 Ato não cooperativo Para Becho (2005, p. 191) “o ato não cooperativo é aquele ato normal da cooperativa, também chamado de negócio-fim, ou negócio principal, realizado dentro do objetivo social da empresa cooperativa, porém não realizado com associado [...]”. Ante a esta afirmação, entende-se que o ato não cooperativo é todo aquele que não envolve o cooperado e sim terceiros, como preceitua a Lei 5.764/71 em seus artigos 85 e 86 que estatuem: Art. 85. As cooperativas agropecuárias e de pesca poderão adquirir produtos de não associados, agricultores, pecuaristas ou pescadores, para completar lotes destinados ao cumprimento de contratos ou suprir capacidade ociosa de instalações industriais das cooperativas que as possuem. Art. 86. As cooperativas poderão fornecer bens e serviços a não associados, desde que tal faculdade atenda aos objetivos sociais e estejam de conformidade com a presente lei. As sociedades cooperativas que praticam este tipo de ato, com terceiros, deverão observar o que diz o art. 87 da Lei cooperativista 5.764/71, que define: “Os resultados das operações das cooperativas com não associados, mencionados nos artigos 85 e 86, serão levados à conta do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social e serão contabilizados em separado, de molde a permitir cálculo para incidência de tributos”. Isso ocorre quando após a apuração do exercício constata-se um lucro com esse tipo de ato. Quando é constatado um prejuízo, o item 10.8.2.7 da NBC T 10.8 determina que “[...] quando negativo, deve ser levado à Reserva Legal, e se insuficiente sua coberta, será rateado entre os associados”. De acordo com a legislação, as sociedades que realizam operações com terceiros, devem fazer sua demonstração separadamente e pagar os tributos, tais como IRPJ e CSLL, já que a isenção só se dá para com o ato cooperativo. 2.3 TRIBUTAÇÃO 2.3.1 Tributação nas cooperativas As sociedades cooperativas, no que diz respeito aos atos com cooperados, tem de acordo com o art. 146 alínea c da Constituição Federal um adequado tratamento tributário. Em relação ao regime de tributação em que as sociedades cooperativas podem se enquadrar as cooperativas desde que não sejam obrigadas a fazerem a sua apuração no lucro real, podem optar pelo lucro presumido, não podem optar pelo Simples Nacional exceto as sociedades cooperativas de consumo, conforme explica a LC 123/2006, art. 3º, § 4º, inc. VI. Sociedades cooperativas que executem suas atividades com os seus cooperados (atos cooperados) estão isentos da CSLL conforme art. 39 da Lei 10.865/04 que diz que “As sociedades cooperativas que obedecerem ao disposto na legislação específica, relativamente aos atos cooperativos, ficam isentas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL”. Estão isentas também sobre os atos com cooperados do IRPJ conforme art. 182 do Decreto 3.000/99. No que se diz respeito ao ICMS, deve ser observado e levado em conta às operações que a cooperativa realiza e assim cumprir o que determina a Legislação do ICMS. Já o ISS (Imposto Sobre Serviços), se a cooperativa prestar serviços a terceiros, terá que pagar ISS, conforme Legislação de cada município. 501 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quanto aos PIS/COFINS que podem ser não cumulativos e cumulativos, as sociedades cooperativas dos ramos, agropecuária e consumo, se enquadram automaticamente no regime não cumulativo, já os demais ramos do cooperativismo existentes no regime cumulativo. No PIS são feitas as exclusões previstas pela MP 2.158-35/2001, art. 15 e calcula à alíquota de 0,65% (quando o regime for cumulativo) e 1,65% (quando não cumulativo) de acordo com a MP 107. Já a COFINS, recolhem 3% (cumulativo) e 7,6% (não cumulativo) sendo permitidas as mesmas exclusões existentes sobre o PIS. Com base na leitura e breve revisão nas leis que dizem respeito à tributação nas sociedades cooperativas, destaca-se: 1. Uma cooperativa que seu ramo é de transporte de passageiros, ela pagará PIS/COFINS (cumulativo), não pagará IRPJ e CSLL sobre os atos cooperativos, em uma do mesmo ramo, porém de transporte de carga existe a isenção de PIS e COFINS sobre os atos cooperativos e a mesma também não contribui com IRPJ e CSLL sobre atos realizados com seus cooperados; 2. Uma cooperativa de trabalho pagará PIS/COFINS (cumulativo), onde a base de calculo será o percentual que o cooperado deixa na cooperativa após realizar o trabalho, conforme permite o art. 15 da MP 2.158-35/2001, pagará ISS sobre essa mesma base de calculo com a alíquota que determina o município onde a cooperativa realiza suas funções e também não pagará IRPJ e CSLL sobre os atos com os seus cooperados; 3. Uma sociedade cooperativa em que seu ramo seja educação pagará PIS e COFINS cumulativo não sendo permitida nenhuma exclusão, ou seja, pelo faturamento total, também será pago o ISS de acordo com a legislação tributária do município, e em conformidade com o que diz a legislação, não paga IRPJ e CSLL sobre os atos realizados com os seus cooperados; e 4. A sociedade cooperativa cujo ramo seja produção, paga PIS e COFINS cumulativo, podendo ser excluído da base de cálculo os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa, como determina o art. 15 da MP 2.158-35/2001, pagará ou não o ICMS dependendo do produto que ela comercializa, pois existem algumas isenções na legislação do ICMS no estado de Pernambuco. Em todos esses ramos, percebe-se que não existe incidência de IRPJ e CSLL, porém se essas cooperativas também trabalharem com terceiros (não cooperados), existirá a base de cálculo para estas contribuições e terá que ser feita pela contabilidade, uma demonstração de resultado, separada, para uma apuração mais clara e objetiva dos tributos a serem pagos, caso seja evidenciado um resultado positivo (lucro), como determina o item 10.8.4.1 da NBC T 10.8. Os resultados líquidos com terceiros auferidos no final de cada exercício, após a apuração de todos os tributos, obedecerão ao que rege o item 10.8.2.6 da NBC T 10.8 que diz: [...] quando positivo, deve ser destinado para a Reserva de Assistência Técnica, Educacional e Social, não podendo ser objeto de rateio entre os associados. Quando negativo, deve ser levado à Reserva Legal e, se insuficiente sua cobertura, será rateado entre os associados. 502 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para um melhor entendimento elaborou-se uma DSP que substitui a DRE quando se trata de apuração de resultado dos atos com cooperados, e também uma DRE com apenas os atos não cooperativos, conforme os quadros 2 e 3, respectivamente. Quadro 2 – Demonstração de Sobras ou Perdas DSP 31/12/20XX Ingressos Operacionais 959.130,96 Dedução PIS/COFINS (3.469,90) Outros Ingressos 16.430,79 (-) Produção de Associados (479.740,56) (-) Outros Custos de Produção (406.099,94) (-) Dispêndios Administrativos (56.656,01) (-) Dispêndios Tributários (8.345,61) (-) Dispêndios Financeiros (3.650,22) Sobras Brutas do Exercício 17.599,51 (-) 10% Reserva Legal s/ sobras (1.759,95) (-) 5% RATES s/ sobras (879,98) (=) Sobra a Disposição da AGO 14.959,58 Fonte: Elaboração Própria (2012) O quadro 2 representa uma DSP (Demonstração de Sobras ou Perdas), demonstração esta que deve ser apresentada ao final do exercício com a finalidade de apresentação do resultado final dos atos cooperados realizados pela cooperativa, onde RATES significa (Reserva de Assistência Técnica, Educacional e Social) e AGO (Assembléia Geral Ordinária). Quadro 3 – Demonstração de Resultado do Exercício DRE 31/12/20XX Receitas Operacionais 959.130,96 Dedução PIS/COFINS (3.469,90) Outras Receitas 16.430,79 (-) Produção de Associados (479.740,56) (-) Outras Despesas de Produção (406.099,94) (-) Despesas Administrativas (56.656,01) (-) Despesas Tributárias (8.345,61) (-) Despesas Financeiras (3.650,22) Resultado Operacional 17.599,51 PIS 0,65% (114,40) COFINS 3,00% (527,99) CSLL 9,00% (1.583,96) IRPJ 15,00% (2.639,93) Resultado Líquido 12.733,25 (=) Transferência para RATES 12.733,25 Fonte: Elaboração Própria (2012) 503 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O quadro 3 apresenta uma DRE, a demonstração utilizada pelas sociedades cooperativas que praticam atos com terceiros, foram utilizados os mesmos valores da DSP, para que fosse feita uma comparação em relação a tributação das cooperativas, quando essas praticam atos com terceiros, se igualam aos demais tipos de sociedades mercantis. 3 PROCEDER METODOLÓGICO A pesquisa foi realizada através do método dedutivo, com o propósito de evidenciar e atender os objetivos que foram traçados no trabalho. Andrade (2005, p. 131), diz que “o método dedutivo é o caminho das consequências, pois numa cadeia de raciocínio, do geral ao particular, leva à conclusão”. Em se tratando dos objetivos, a pesquisa teve como característica uma pesquisa descritiva. Silva (2003, p. 64), por sua vez, demonstra que a pesquisa descritiva “tem como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis”. Quanto aos procedimentos, foi utilizada a pesquisa bibliográfica. Ainda para Silva (2003, p. 60), a pesquisa bibliográfica é que “[...] discute um tema ou problemas com base em referências teóricas” no trabalho, foram utilizados como fonte de pesquisa artigos científicos, livros, leis e sites da internet, que tivessem como abordagem assuntos relacionados ao tema da pesquisa. Em relação à abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa. Onde Beuren (2006, p. 92) ressalta que “Na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado”. 4 CONCLUSÃO As sociedades cooperativas, de acordo com lei têm um tratamento tributário diferenciado das demais sociedades no que se diz respeito aos atos cooperativos, por se tratarem de sociedades sem fins lucrativos. Suas receitas e despesas, são denominados ingressos e dispêndios. Comparativamente estas nomenclaturas estão bem definidas na elaboração da demonstração de sobras e perdas onde os resultados alcançados pela primeira não geram encargos tributários enquanto que as de atos com terceiros são integralmente tributadas. No entanto, ficou visível que o tratamento e os benefícios são poucos uma vez que as sociedades cooperativas, são entidades que visam atender os interesses dos seus sócios, sem nenhum objetivo de lucro, mas sim, de sobrevivência da sociedade, buscando obter resultados para benefício dos mesmos e da sociedade como um todo. Para que seja calculada a correta tributação e para que ocorra uma tranquilidade maior em relação aos tributos que as cooperativas devem ou não pagar, faz-se necessário, um bom planejamento e estudo sobre a legislação que regem tal assunto. O fato das maiorias das sociedades cooperativas trabalharem utilizando os dois atos, com cooperados e com terceiros, faz com que a contabilidade tenha a necessidade de estar atenta para todas as peculiaridades que foram vistas no presente trabalho. Ficou constatado que as sociedades cooperativas, em sua maioria, são isentas apenas do IRPJ já que o resultado alcançado pela cooperativa não pertence a ela, mas sim aos seus cooperados e da CSLL pelo fato da sociedade não apresentar lucro e sim um resultado que se chama de sobra, em relação aos atos praticados com seus cooperados. 504 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Há diferenças entre o tratamento tributário dado ao ato cooperativo e ao ato não cooperativo, onde em alguns casos, mesmo praticando ato com cooperados, estas entidades pagam PIS, COFINS, ICMS, ISS, podendo fazer suas exclusões, ou tendo de alguma forma um tratamento diferenciado. Porém se as mesmas praticarem atos com terceiros, esses resultados são tributados normalmente, como uma sociedade mercantil qualquer e o lucro líquido após as suas devidas tributações, não poderá ser dividido entre os sócios como se faz com as sobras e sim lançados em um fundo de reserva como ordena a lei. Desta forma, conclui-se que para o correto cálculo da tributação de cooperativas é necessário conhecer a fundo cada área de atuação. Obtém-se desta forma, a certeza dos tributos a serem pagos, só sendo isto possível quando tratados separadamente os atos cooperativos e não cooperativos praticados pelas entidades. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 7ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2005. BECHO, Renato Lopes. Tributação das Cooperativas. 3ª. Ed. São Paulo: Dialética, 2005. BENATO, João Vitorino Azolin. O abc do cooperativismo. 8ª. Ed. São Paulo: CENACOPE, 2007. BEUREN, Ilse Maria (org). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2006. BRASIL. Constituição Federal de 1988 – Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 10 de ago. 2013. ______. Decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em 07 out. 2013. ______. Lei 5.764 de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5764.htm. Acesso em 10 ago. 2013. ______. Lei 9.532 de 10 de dezembro de 1997. Altera a legislação tributária federal e dá outras providências. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9532.htm>. Acesso em 07 out. 2013. 505 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ______. Lei 10.865 de 30 de abril de 2004. Dispõe sobre a Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social incidentes sobre a importação de bens e serviços e dá outras providências. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/leis/2004/lei10865.htm>. Acesso em 07 out. 2013. ______. Lei complementar 123 de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte [...]. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em 07 out. 2013. ______. Medida Provisória nº 107, de 10 de fevereiro de 2003. Altera dispositivos das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e dá outras providências. Disponível em : <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/MPs/2003/mp107.htm>.Acesso em 29 out. 2013. ______. Medida Provisória no 2.158-35, de 24 de agosto de 2001. Altera a legislação das Contribuições para a Seguridade Social - COFINS, para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e do Imposto sobre a Renda, e dá outras providências. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/215835.htm>. Acesso em 29 out. 2013. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução nº 1015/05. Aprova a NBC T 10.8 IT 01 – Entidades Cooperativas. Disponível em: <http://crcsp.org.br/portal_novo/legislacao_contabil/resolucoes/Res1013.htm>. Acesso em 03 out. 2013. GAWLAK, Albino. Cooperativismo: primeiras lições. 3ª. Ed. Brasília: SESCOOP, 2007. ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/site/cooperativismo/evolucao_no_brasil.asp>. Acesso em 04 out. 2013. POLONIO, Wilson Alves. Manual das sociedades cooperativas. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1999. SCHMIDT, Derli e PERIUS, Virgilio. In: CATTANI, Antônio David. A outra economia. Porto Alegre: Veraz Editores, 2003. SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da Pesquisa aplicada à contabilidade: orientações de estudos, projetos, relatórios, monografias, dissertações, teses. São Paulo: Atlas, 2003. 506 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE UM ESTUDO SOBRE O ENDIVIDAMENTO TRIBUTÁRIO DOS PARTIDOS POLÍTICOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO AUTORES: Rodrigo Lins de Morais, Umbelina Cravo Teixeira Lagioia e João Gabriel Nascimento de Araújo. RESUMO Este trabalho teve como objetivo investigar se, mesmo diante do benefício constitucional da imunidade tributária (no tocante a impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços), os partidos políticos têm apresentado, em seus Relatórios Contábeis-Financeiros, algum tipo de endividamento tributário perante o Estado e, sendo a resposta afirmativa, como vem se comportando esta dívida no decorrer do tempo. A pesquisa foi delimitada aos passivos tributários, registrados no período de 2009 a 2011, das 10 direções partidárias regionais do Estado de Pernambuco que receberam recursos do fundo partidário em algum dos exercícios financeiros citados, sendo os dados extraídos dos pareceres conclusivos emitidos pela Justiça Eleitoral nos processos de prestação de contas anuais dos partidos políticos. O que se observou é que a maioria dos partidos da amostra selecionada (07 das 10 agremiações) apresentaram, sim, durante o período analisado, dívidas de ordem tributária vencidas e não pagas perante o estado, endividamento este que, de maneira geral, aumentou consideravelmente (cerca de 30%) no decorrer do tempo. Verificou-se ainda que estas mesmas entidades receberam, entre os exercícios financeiros de 2009 e 2011, recursos do fundo partidário que somados equivalem a quase 20 vezes mais o maior valor do débito tributário total registrado no período, o que denota uma possível ausência de prioridade da dívida com tributos quando da gestão dos passivos destas agremiações. Palavras-chave: partidos políticos; imunidade tributária; endividamento tributário. 1. INTRODUÇÃO Os partidos políticos ocupam importante papel nas sociedades concebidas sob a égide de um regime democrático de direito, atuando como conectivos entre uma série de interesses e necessidades presentes no corpo social e o governo (COELHO, 2010). São estruturas organizacionais constituídas para representar os diferentes ideais nas decisões de estado, que se utilizam do instrumento do voto para viabilizarem seus objetivos. No Brasil, os órgãos partidários são essenciais para a chegada ao poder e detêm o monopólio da elegibilidade. Sem partido, ninguém pode se candidatar a cargo eletivo (PINTO, 2008). Por isso, gozam de certas prerrogativas que permitem o seu funcionamento e a manutenção de suas atividades. Uma destas garantias é a imunidade tributária prevista no artigo 150, inciso VI, alínea “c” da Constituição Federal de 1988, que veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços destas instituições. A regra tem o fito de desonerar parte da carga tributária que recai sobre as agremiações partidárias, limitando, também, a influência do poder estatal sobre a administração de seus recursos financeiros. Atente-se, no entanto, para o fato de que a imunidade em questão só se refere a impostos, uma vez que o dispositivo constitucional só alude expressamente a esta espécie do gênero tributo, pelo que não compreende vedação às 507 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE taxas e às contribuições de melhoria (ROSA JUNIOR, 1999). Ademais, outras obrigações tributárias previstas em lei podem ser exigidas pelo Estado, como por exemplo, as retenções e recolhimentos de tributos decorrentes das relações contratuais com terceiros. Neste contexto, formula-se a seguinte questão que norteia este trabalho: como os partidos políticos vêm administrando as obrigações de natureza tributária às quais estão sujeitos? Ou seja, pretende este estudo verificar se, mesmo diante do benefício constitucional da imunidade tributária, os partidos políticos apresentam, em seus Relatórios ContábeisFinanceiros, passivos tributários vencidos e não pagos, e, caso a resposta seja afirmativa, como vem se comportando esta dívida no decorrer do tempo. Considerando o caráter representativo dos partidos políticos, torna-se esta pesquisa relevante no sentido de promover a transparência dos resultados encontrados, permitindo um controle mais efetivo dos diversos grupos sociais sobre o cumprimento ou não dos débitos tributários por parte destas entidades. 2. REVISÃO DA LITERATURA Esta seção foi dividida em duas partes. A primeira aborda aspectos gerais dos partidos políticos, apresentando conceitos e princípios essenciais para a compreensão da metodologia adotada quando do desenvolvimento deste trabalho. A segunda trata, especificamente, da imunidade tributária aplicada aos partidos políticos e das obrigações tributárias que devem ser cumpridas por estas instituições, temas que serão fundamentais para a análise dos dados coletados. 2.1 PARTIDOS POLÍTICOS – CONCEITO E PRINCÍPIOS Partidos políticos podem ser conceituados como organizações de pessoas que, inspiradas por ideias ou movidas por interesses, buscam tomar o poder, normalmente pelo emprego de meios legais, e nele conservar-se para a realização dos fins propugnados (BONAVIDES, 2010). São canais legítimos de atuação política e social, que captam e assimilam rapidamente a opinião pública, catalisam, organizam e transformam em bandeiras de luta as díspares aspirações surgidas no meio social (GOMES, 2010) e representam os diversos grupos sociais na defesa de seus interesses (MICHELS, 2006). Esta representação se materializa através do voto. Como afirma Schlickmann (2010, p. 31-32) “os partidos políticos constituem os instrumentos que viabilizam o exercício do direito político de votar e ser votado”. No Brasil, a importância destas instituições foi manifestada com inclusão de capítulo próprio sobre o tema na Constituição Federal promulgada em 1988, onde foram traçados princípios básicos para o seu funcionamento, regulamentados, posteriormente, pela Lei n° 9.096/1995, instituto legal que fixou normas gerais a serem observadas pelos partidos políticos. Dentre os princípios elencados pela constituição, três devem ser destacados: o caráter nacional dos partidos políticos, o direito ao recebimento de recursos do Fundo Partidário, e o dever de prestar contas. 508 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.1.1 O CARÁTER NACIONAL DOS PARTIDOS POLÍTICOS O caráter nacional dos partidos políticos tem o objetivo de inibir a formação de partidos de abrangência, unicamente, estaduais, distritais ou municipais. No entanto, estruturalmente, as agremiações partidárias podem ser divididas em setoriais de níveis nacional, estadual ou municipal, apresentando cada um deles certa autonomia administrativa e financeira. Uma direção partidária de nível nacional tem alcance em todo território federal. As direções partidárias de níveis estaduais ou regionais são delimitadas a Estados da Federação, e as direções de nível municipal, ao âmbito de determinados municípios. É no estatuto do partido que se encontra a regulamentação da estrutura interna, da organização e do funcionamento destes órgãos. Apesar desta divisão administrativa, todas as esferas partidárias deverão se ater às normas gerais estabelecidas pela mencionada Lei nº 9.096/1995. 2.1.2 O RECEBIMENTO DE RECURSOS DO FUNDO PARTIDÁRIO O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, mais comumente conhecido como Fundo Partidário, compõe-se de valores oriundos de multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código Eleitoral e leis conexas, de recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter permanente ou eventual, de doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de depósitos bancários diretamente na conta do Fundo Partidário, e de dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da proposta orçamentária, multiplicados por trinta e cinco centavos de real, em valores de agosto de 1995. Resumidamente, são recursos públicos destinados aos partidos políticos para que possam realizar suas atividades, tanto em anos eleitorais, macroeleitorais, como em anos em que não há eleições, microeleitorais (VELLOSO; AGRA, 2010). Registre-se que a regra não impede que os partidos políticos recebam contribuições ou doações de ordem privada. No entanto, a constitucionalização do direito ao fundo partidário possibilita que cada organização partidária financie suas próprias atividades sem depender de doações de pessoas jurídicas privadas ou de pessoas físicas, cuja pressão política acaba frequentemente ocorrendo (MEZZAROBA, 2008). O argumento utilizado aqui é o de evitar o risco, presente nas fontes de financiamento privado, de que os partidos (e o próprio Estado) se tornem dependentes de determinados agentes sociais que, em decorrência do seu poderio econômico, possam influir, excessivamente, nas decisões políticas do Estado (LIMA, 2009). O art. 41 da Lei 9.096/95 prevê que os recursos do fundo partidário serão repassados mensalmente pela União para os partidos políticos. Entretanto, este repasse será feito apenas para as direções partidárias nacionais. Ou seja, não haverá repasses da União diretamente para as direções estaduais ou municipais. Porém, as direções nacionais detêm autonomia para distribuir ou não parte dos valores recebidos para as demais esferas partidárias (direções estaduais e municipais). Havendo distribuição de recursos do fundo partidário para os demais setoriais do partido, deverá a direção nacional informar à Justiça Eleitoral o quantum repassado. 509 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.1.3 O DEVER DE PRESTAR CONTAS Segundo o dicionário Houaiss (2001. p. 2293) o termo prestação de contas significa a “apresentação documentada do emprego de verbas destinadas a determinado fim, feita pelos administradores públicos ou particulares”. Pode ser compreendida assim como uma forma de controle sobre os recursos confiados a certa entidade ou pessoa física, observando-se sempre a qualidade da documentação, se os investimentos estão de acordo com a finalidade proposta, se existe justificação para cada fato, e se existe aprovação pelo poder competente (SÁ; SÁ, 2005). Desta feita, apesar de gozarem de relativa autonomia quanto ao seu funcionamento, devem os Partidos Políticos, pela própria natureza representativa destas instituições, prestar contas de suas ações à sociedade. Neste sentido, a Lei n° 9.096/1995 instituiu dispositivo que obriga os partidos políticos a apresentarem anualmente à Justiça Eleitoral o balanço contábil do exercício findo, contendo discriminação detalhada da obtenção dos recursos, bem como da aplicação das receitas, a fim de que se possa exercer com segurança a fiscalização financeira destas agremiações (SOBRINHO, 1996). Dispõe ainda o citado instrumento legal que o balanço contábil do órgão partidário nacional deverá ser encaminhado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o dos órgãos estaduais aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e o dos órgãos municipais aos Juízes Eleitorais, ficando o partido político obrigado, através de cada um dos seus setoriais, a manter escrituração contábil, de forma a permitir o conhecimento da origem de suas receitas e a destinação de suas despesas. Tais normas asseguram uma adequada fiscalização da Justiça Eleitoral quanto à malversação dos recursos públicos (recursos do fundo partidário) destinados aos partidos políticos. Com o objetivo de proporcionar o devido controle sobre a movimentação financeira e patrimonial destas entidades, o Tribunal Superior Eleitoral editou a Resolução TSE nº 21.841/2004, disciplinando a prestação de contas dos partidos políticos. Dispõe esta instrução normativa que um conjunto de documentos fiscais e relatórios contábeis deverá integrar o processo de prestação de contas partidária de modo a comprovar todos os lançamentos realizados no exercício financeiro findo, formando um verdadeiro radiograma das entradas e saídas das espécies financeiras, concretas ou estimadas (BERNARDES, 2008). Após o recebimento desta documentação, caberá à unidade técnica do tribunal competente para a análise (TSE, TRE, ou Juízo Eleitoral) emitir parecer conclusivo, apontando as falhas ou inconsistências encontradas na prestação de contas, com a finalidade de subsidiar o julgamento destes processos. As contas partidárias poderão ser julgadas como não prestadas (quando não apresentadas dentro do prazo legal), aprovadas (quando regulares), aprovadas com ressalvas (quando constatadas falhas que, examinadas em conjunto, não comprometam a regularidade das contas) e como desaprovadas (quando constatadas falhas que, examinadas em conjunto, comprometam a regularidade das contas). Os partidos que tiverem suas contas rejeitadas, parcial ou totalmente, ou que não prestarem no devido tempo terão seus valores pertinentes ao fundo partidário suspensos, além de implicar aos responsáveis as penalidades legais (VELLOSO, 2010). 510 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.2 A IMUNIDADE TRIBUTÁRIA E AS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS DOS PARTIDOS POLÍTICOS Imunidade tributária é o obstáculo posto pelo legislador constituinte, limitador da competência outorgada às pessoas políticas de direito constitucional interno, excludente do respectivo poder tributário, na medida em que impede a incidência da norma impositiva, aplicável aos tributos não vinculados (impostos), e que não comportaria fracionamentos, vale dizer, assume foros absolutos, protegendo de maneira cabal as pessoas, fatos e situações que o dispositivo mencione (CARVALHO, 1993). Trata-se, em resumo, de regra constitucional que impede a exação de determinados tributos sobre pessoas (imunidade subjetiva), ou sobre bens, fatos e situações (imunidade objetiva). Neste sentido, estabelece a constituição federal de 1988, no art. 150, inciso VI, alínea “c”, norma instituidora de imunidade tributária subjetiva a ser aplicada aos partidos políticos, nos seguintes termos: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; (...) § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. Dois aspectos devem ser observados quando da análise do regramento constitucional em questão. O primeiro é que a imunidade tributária restringe-se apenas a impostos, não abarcando as demais espécies tributárias. Ou seja, não há impedimento para que outras obrigações tributárias sejam exigidas destas entidades. Neste ponto, deve-se registrar que predomina no Supremo Tribunal Federal (STF) a teoria pentapartida, em que os tributos são divididos em cinco espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais (estas subdivididas em contribuições sociais, contribuições de intervenção no domínio econômico, contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas e contribuições para o custeio do serviço de iluminação pública). Desta feita, só não serão cobrados dos partidos políticos os impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as suas finalidades essenciais, embora deva-se considerar a interpretação do STF no sentido de que referida imunidade tributária abrange todos os impostos incidentes sobre estas instituições (PAULSEN, 2012). Ademais, poderão ser exigidas também obrigações em que, por razões de praticidade, comodidade na arrecadação, garantia do crédito e proteção contra a evasão (BALEEIRO, 2005), a agremiação partidária figure como responsável tributário, ou seja, como sujeito passivo da obrigação tributária que, sem revestir a condição de contribuinte, vale dizer, sem 511 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ter relação pessoal e direta com o fato gerador respectivo, tem seu vínculo com a obrigação decorrente de dispositivo expresso da lei (MACHADO, 2006). A responsabilidade tributária, neste caso, materializa-se, normalmente, com a instituição de mecanismos de retenção na fonte de tributos, que procura facilitar a fiscalização e aumentar a arrecadação, tornando mais práticos os diversos procedimentos dos órgãos públicos competentes (OLIVEIRA et al, 2012). As situações mais comuns incluem retenções de impostos sobre renda ou sobre serviços e de contribuições sociais, decorrentes, principalmente, de relações contratuais com empregados e terceiros. O segundo aspecto a ser observado diz respeito à parte final da alínea “c” do inciso VI do art. 150 ('sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei”), dispositivo regulamentado pelo Código Tributário Nacional (CTN), onde foram estabelecidos critérios objetivos para que as entidades mencionadas no artigo gozem da referida imunidade tributária, requisitos que, se não observados, implicarão na suspensão do benefício fiscal. Convém registrar, no entanto, que, conforme interpretação doutrinária, a regra aplicase apenas às instituições de educação e de assistência social (AMARO, 2012), excluindo os partidos políticos desta obrigatoriedade legal. Deve-se mencionar, porém, que outro instrumento normativo (e apenas ele) foi instituído com o condão de limitar o usufruto pelos partidos políticos da imunidade tributária prevista no art. 150, inciso VI, alínea “c” da Constituição Federal de 1988. Trata-se do §11º do art. 32 da Lei nº 9.430/96 que prevê a suspensão da aludida imunidade tributária para as agremiações que tiverem suas contas julgadas como irregulares ou não prestadas pela Justiça Eleitoral. A regra, entretanto, abrange apenas às prestações de contas das direções partidárias nacionais, não compreendendo as contas das direções estaduais ou municipais. Ou seja, não há, no vigente ordenamento jurídico pátrio, norma punitiva que determine a suspensão da imunidade tributária para as direções estaduais ou municipais que tiverem suas contas julgadas como desaprovadas ou não prestadas pela Justiça Eleitoral. Além disso, não existe previsão legal expressa de que impropriedades de natureza tributária podem ensejar a desaprovação das contas de um partido, até porque este não é o objetivo principal da Justiça Eleitoral quando da análise destes processos. 3. METODOLOGIA Esta pesquisa se limitou a investigar, apenas, o endividamento tributário, registrado no período de 2009 a 2011, dos diretórios regionais do Estado de Pernambuco que receberam recursos do fundo partidário em algum dos exercícios financeiros citados. Assim, embora houvessem, entre os exercícios de 2009 a 2011, 28 órgãos partidários com representação no Estado de Pernambuco, apenas 10 agremiações (DEM, PMDB, PP, PPS, PR, PSB, PSC, PSDB, PT e PTB) foram contempladas, durante o período mencionado, com o recebimento de recursos desta natureza, sendo estas as entidades que compuseram a amostra deste trabalho. O objetivo ao escolher este conjunto amostral foi o de verificar se órgãos partidários beneficiados duplamente pelo Estado (primeiro, com a imunidade tributária prevista constitucionalmente, e segundo, com o recebimento de recursos públicos) apresentaram 512 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE dívidas vencidas e não pagas perante este mesmo agente, ou seja, débitos tributários registrados nos Relatórios Contábeis-Financeiros cujo prazo de pagamento já tenha transcorrido. Esta informação foi extraída dos pareceres conclusivos emitidos pela unidade técnica do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) nos processos de prestação de contas anuais dos partidos políticos, posto que o descumprimento de obrigações tributárias configura-se como falha a ser apontada no momento da análise das contas destas agremiações. Convém ressaltar a ausência do caráter sigiloso destes dados, visto que, nos termos da própria legislação (a já citada Resolução TSE nº 21.841/2004), os processos relativos às prestações de contas dos partidos políticos são públicos e podem ser consultados por quaisquer interessados. Cabe ainda assinalar que o intuito de delimitar a pesquisa ao período em questão foi o de obter os dados mais recentes sobre a amostra selecionada. Como, até a finalização deste artigo, em agosto de 2014, não haviam sido emitidos todos os pareceres conclusivos referentes aos processos de prestação de contas dos exercícios financeiros de 2012 e 2013, a análise restringiu-se aos três exercícios (2009, 2010 e 2011) com informações mais atuais sobre o material a ser coletado. As respostas observadas foram consolidadas por exercício financeiro através de métodos estatísticos, examinando-se também o comportamento do endividamento tributário das referidas direções partidárias no decorrer do tempo. 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Os dados foram segregados inicialmente por exercício financeiro (2009, 2010 e 2011), e consolidados, ao final, com o objetivo de observar o comportamento da dívida tributária dos partidos políticos no decorrer deste período. Os débitos foram discriminados por espécie tributária (impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais) de modo a permitir a decomposição do endividamento encontrado. A Tabela 1 apresenta os valores do fundo partidário recebidos, entre os exercícios de 2009 a 2011, pelas 10 agremiações da amostra selecionada – DEM, PMDB, PP, PPS, PR, PSB, PSC, PSDB, PT e PTB. 513 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 1 – Valores do Fundo Partidário recebidos nos exercícios financeiros de 2009, 2010 e 2011 Partido Valor do FundoValor do FundoValor do FundoTotal Partidário Partidário RecebidoPartidário Recebido Recebido emem 2010 em 2011 2009 (R$) (R$) (R$) Montante de FP recebido pelo partido no período/Total (%) DEM R$ 363.000,00 R$ 454.000,00 R$ 675.800,00 R$ 1.492.800,00 15,96% PMDB R$ 590.606,28 R$ 625.221,82 R$ 680.374,90 R$ 1.896.203,00 20,27% PP R$ 85.000,00 R$ 392.651,51 R$ 331.226,07 R$ 808.877,58 8,65% PPS R$ 0,00 R$ 160.000,00 R$ 160.000,00 R$ 320.000,00 3,42% PR R$ 59.939,11 R$ 0,00 R$ 159.331,60 R$ 219.270,71 2,34% PSB R$ 197.022,86 R$ 307.301,14 R$ 168.704,01 R$ 673.028,01 7,20% PSC R$ 19.032,30 R$ 0,00 R$ 30.000,00 R$ 49.032,30 0,52% PSDB R$ 320.267,70 R$ 1.278.751,77 R$ 573.157,44 R$ 2.172.176,91 23,22% PT R$ 263.251,89 R$ 423.175,42 R$ 828.436,66 R$ 1.514.863,97 16,20% PTB R$ 26.200,00 R$ 70.780,00 R$ 110.380,00 R$ 207.360,00 2,22% Total R$ 1.924.320,14 R$ 3.711.881,66 R$ 3.717.410,68 R$ 9.353.612,48 100,00% Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco Das informações da Tabela 1, verifica-se que, durante o período analisado, os valores referentes a recursos do fundo partidário recebidos pelas direções partidárias estaduais de Pernambuco foram bastante significativos. Nesta senda, convém registrar que 06 partidos – DEM, PMDB, PP, PSB, PSDB e PT receberam montantes acima de R$ 500.000,00, valores que somados representam 91,50% do total do fundo partidário remetido para as organizações partidárias do estado. 4.1 EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2009 Para o exercício financeiro de 2009, foram analisados os pareceres emitidos pela unidade técnica do TRE-PE nos processos de prestações de contas anuais, referentes ao período em questão, das agremiações partidárias selecionadas na amostra. Nestes relatórios conclusivos foram apontadas impropriedades tributárias, conforme Tabela 2. Tabela 2 – Passivo Tributário referente ao exercício financeiro de 2009 Partido Impostos Impostos porContribuições Contribuições Total acumulado de Total de vencidos e nãopartido/Total Sociais vencidasSociais porobrigações obrigações pagos dívida come não pagas partido/Total datributárias vencidas tributárias do (R$) impostos (%) (R$) dívida come não pagas (R$) partido/Total de contribuições sociais obrigações (%) tributárias (%) 514 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE DEM R$ 16.894,35 PMDB R$ 0,00 38,26% R$ 83.674,15 36,73% R$ 100.568,50 36,98% 0,00% R$ 26,07 0,01% R$ 26,07 0,01% PP R$ 14.513,81 32,87% R$ 104.990,24 46,09% R$ 119.504,05 43,94% PPS R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% PR R$ 0,00 0,00% R$ 4.140,13 1,82% R$ 4.140,13 1,52% PSB R$ 8.797,11 19,92% R$ 25.540,31 11,21% R$ 34.337,42 12,63% PSC R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% PSDB R$ 2.378,08 5,39% R$ 4.815,30 2,11% R$ 7.193,38 2,64% PT R$ 1.567,79 3,55% R$ 4.626,00 2,03% R$ 6.193,79 2,28% PTB R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% Total R$ 44.151,14 100,00% R$ 227.812,20 100,00% R$ 271.963,34 100,00% Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco Observa-se pelo quadro acima que, das 10 direções estaduais, apenas 03 - PPS, PSC e PTB - não apresentaram, em seus passivos, dívidas tributárias vencidas e não pagas. Em relação aos demais partidos, foram identificadas obrigações tributárias a pagar no montante de R$ 271.963,34. O valor em questão refere-se, apenas, às espécies de tributos impostos e contribuições sociais, ou seja, não foram encontrados débitos a pagar de taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios ou outras contribuições especiais. Constata-se ainda que 91,05% da dívida total com impostos e 94,03% do débito total com contribuições sociais foram provenientes de três partidos, apenas – DEM, PP e PSB. Por conseguinte, 93,55% do endividamento tributário total indicado na tabela em análise esteve concentrado nestas três agremiações. Por fim, deve-se mencionar que aproximadamente 84% da dívida total referia-se a contribuições sociais devidas e não pagas por estas entidades. 4.2 EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2010 Dos pareceres conclusivos das prestações de contas partidárias, referentes ao exercício financeiro de 2010, foram extraídas informações de natureza tributária, conforme Tabela 3. Tabela 3 – Passivo Tributário referente ao exercício financeiro de 2010 Partido Impostos Impostos porContribuições Contribuições Total acumulado de Total de vencidos e nãopartido/Total Sociais vencidasSociais porobrigações tributárias obrigações pagos dívida come não pagas partido/Total davencidas e não pagas tributárias do (R$) impostos (%) (R$) dívida com(R$) partido/Total de contribuições obrigações sociais (%) tributárias (%) DEM R$ 17.036,69 PMDB R$ 0,00 45,56% R$ 84.623,76 37,22% R$ 101.660,45 38,39% 0,00% R$ 26,07 0,01% R$ 26,07 0,01% 515 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE PP R$ 14.951,35 39,99% R$ 108.601,40 47,76% R$ 123.552,75 46,66% PPS R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% PR R$ 0,00 0,00% R$ 4.140,13 1,82% R$ 4.140,13 1,56% PSB R$ 0,00 0,00% R$ 5.142,97 2,26% R$ 5.142,97 1,94% PSC R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% PSDB R$ 2.828,16 7,56% R$ 3.948,22 1,74% R$ 6.776,38 2,56% PT R$ 2.575,92 6,89% R$ 20.900,59 9,19% R$ 23.476,51 8,87% PTB R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% Total R$ 37.392,12 100,00% R$ 227.383,14 100,00% R$ 264.775,26 100,00% Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco Novamente, apenas 03 partidos – os mesmos PPS, PSC e PTB - deixaram de apresentar obrigações tributárias vencidas e não pagas ao final do exercício em análise. As 07 agremiações restantes – DEM, PMDB, PP, PR, PSB, PSDB e PT – acumularam passivos tributários no montante de R$ 264.775,26, valor atinente, como no exercício financeiro de 2009, a apenas impostos e contribuições sociais devidas, ou seja, não há registros contábeis de débitos a pagar com taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios ou outras contribuições especiais. A maior parte deste débito (85,55% dos impostos devidos, 84,98% das contribuições sociais a pagar, e 85,05% do endividamento tributário total) teve como sujeitos passivos apenas 02 partidos – DEM e PP. Ademais, do total acumulado de obrigações tributárias vencidas e não pagas, cerca de 86% correspondia a dívidas com contribuições sociais. 4.3 EXERCÍCIO FINANCEIRO DE 2011 Semelhante aos exercícios de 2009 e 2010, a Tabela 4 foi construída com base nas irregularidades de ordem tributária elencadas nos pareceres conclusivos das prestações de contas anuais dos partidos políticos, referentes ao exercício financeiro de 2011. Tabela 4 – Passivo Tributário referente ao exercício financeiro de 2011 Partido Impostos Impostos porContribuições Contribuições SociaisTotal acumulado Total de obrigações vencidos e nãopartido/Total Sociais vencidaspor partido/Total dade obrigações tributárias do pagos dívida come não pagas dívida comtributárias partido/Total de (R$) impostos (%) (R$) contribuições sociaisvencidas e nãoobrigações (%) pagas (R$) tributárias (%) DEM R$ 17.570,65 30,81% R$ 90.486,56 30,51% R$ 108.057,21 30,56% PMDB R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% PP R$ 12.077,68 21,18% R$ 111.279,04 37,53% R$ 123.356,72 34,89% PPS R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% PR R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% 516 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE PSB R$ 15.576,17 27,31% R$ 29.526,18 9,96% R$ 45.102,35 12,76% PSC R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% PSDB R$ 7.065,58 12,39% R$ 60.477,12 20,39% R$ 67.542,70 19,10% PT R$ 4.745,88 8,32% R$ 4.775,27 1,61% R$ 9.521,15 2,69% PTB R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% R$ 0,00 0,00% Total R$ 57.035,96 100,00% R$ 296.544,17 100,00% R$ 353.580,13 100,00% Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco Observa-se que 05 agremiações – os mesmos PPS, PSC e PTB de exercícios anteriores, acrescidos, desta vez, do PR e do PMDB – deixaram de apresentar em seus Relatórios Contábeis-Financeiros dívidas tributárias vencidas e não pagas. Os demais partidos acumularam débitos desta natureza no valor de R$ 353.580,13, montante relativo apenas a impostos e contribuições sociais devidas, ou seja, não foram registradas despesas a pagar com taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios ou outras contribuições especiais. Verifica-se também que 91,69% dos impostos devidos, 98,39% do saldo devedor de contribuições sociais e 97,31% do endividamento tributário total estiveram concentrados no passivo contábil de 04 agremiações – DEM, PP, PSB e PSDB. Outrossim, aproximadamente 84% do total acumulado de obrigações tributárias vencidas e não pagas dizia respeito a contribuições sociais em atraso perante o fisco. 4.4 ANÁLISE SOBRE O COMPORTAMENTO DA DÍVIDA TRIBUTÁRIA A análise foi realizada a partir das informações obtidas nas seções anteriores. Inicialmente, verificou-se a variação individual dos itens (impostos e contribuições sociais) que compuseram a dívida no período estudado, para depois se examinar o comportamento das obrigações tributárias totais vencidas e não pagas atinentes à amostra selecionada. 4.4.1 ANÁLISE SOBRE O COMPORTAMENTO DA DÍVIDA COM IMPOSTOS No tocante aos impostos, foi elaborada a Tabela 5. Tabela 5 – Variação dos Impostos devidos e não pagos no período de 2009 a 2011 Partido Impostos vencidos e não pagosImpostos vencidos e não pagos Impostos vencidos e não pagos – – Exercício de 2009 (R$) – Exercício de 2010 (R$) Exercício de 2011 (R$) DEM R$ 16.894,35 R$ 17.036,69 R$ 17.570,65 PMDB R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 PP R$ 14.513,81 R$ 14.951,35 R$ 12.077,68 517 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE PPS R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 PR R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 PSB R$ 8.797,11 R$ 0,00 R$ 15.576,17 PSC R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 PSDB R$ 2.378,08 R$ 2.828,16 R$ 7.065,58 PT R$ 1.567,79 R$ 2.575,92 R$ 4.745,88 PTB R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 Total R$ 44.151,14 R$ 37.392,12 R$ 57.035,96 (15,31%) 52,53% Variação (%) entre os exercícios Variação período (%) do 29,18% Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco Observa-se que, entre os exercícios financeiros de 2009 e 2010, o endividamento tributário total com impostos regrediu em 15,31%. Esta redução percentual ocorreu devido, principalmente, ao pagamento de todos os impostos em atraso do exercício de 2009 pelo PSB (R$ 8.797,11), tendo em vista que em relação aos demais partidos não houve alteração significativa no saldo devedor durante o período citado. Em compensação, entre os exercícios financeiros de 2010 e 2011, a dívida tributária total com impostos aumentou em 52,53%, motivada, especificamente, pelos aumentos desta natureza registrados nos passivos do PSB, do PSDB e do PT. Verifica-se também que entre os exercícios financeiros de 2009 e 2011 o saldo total de impostos vencidos e não pagos aumentou em 29,18%. Neste mesmo período, PSB (77%), PSDB (197%) e PT (203%) deram saltos percentuais relevantes no que concerne ao montante de impostos a pagar. Por fim, cabe registrar que da amostra selecionada, 05 direções estaduais – DEM, PP, PSB, PSDB e PT - apresentaram algum tipo de dívida com impostos durante o período em análise. 4.4.2 ANÁLISE SOBRE O COMPORTAMENTO DA DÍVIDA COM CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS No que diz respeito às contribuições sociais, a Tabela 6 resume a movimentação dos valores devidos referentes ao período de 2009 a 2011: Tabela 6 – Variação das Contribuições Sociais devidas e não pagas no período de 2009 a 2011 Partido Contribuições sociais vencidasContribuições sociais vencidas Contribuições sociais vencidas e e não pagas – Exercício dee não pagas – Exercício denão pagas – Exercício de 2011 2009 (R$) 2010 (R$) (R$) 518 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE DEM R$ 83.674,15 R$ 84.623,76 R$ 90.486,56 PMDB R$ 26,07 R$ 26,07 R$ 0,00 PP R$ 104.990,24 R$ 108.601,40 R$ 111.279,04 PPS R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 PR R$ 4.140,13 R$ 4.140,13 R$ 0,00 PSB R$ 25.540,31 R$ 5.142,97 R$ 29.526,18 PSC R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 PSDB R$ 4.815,30 R$ 3.948,22 R$ 60.477,12 PT R$ 4.626,00 R$ 20.900,59 R$ 4.775,27 PTB R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 Total R$ 227.812,20 R$ 227.383,14 R$ 296.544,17 (0,19%) 30,42% Variação (%) entre os exercícios Variação período (%) do 30,17% Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco Observa-se que, entre os exercícios financeiros de 2009 e 2010, houve uma pequena redução percentual de 0,19% do endividamento tributário total com contribuições sociais, destacando-se, neste período, a quitação pelo PSB de débitos de aproximadamente R$ 20.000,00 e o acréscimo de pouco mais de R$ 16.000,00 ao saldo devedor do PT. Entre os exercícios financeiros de 2010 e 2011, a dívida tributária total com contribuições sociais aumentou em 30,42%, valor que pode ser creditado ao acréscimo substancial dos débitos a pagar de dois partidos – PSB (quase R$ 25.000,00) e PSDB (cerca de R$ 56.000,00). Registre-se também o pagamento pelo PT, no período citado, de contribuições sociais em atraso no montante de pouco mais de R$ 16.000,00 (dezesseis mil reais). Constata-se ainda um aumento, entre os exercícios financeiros de 2009 e 2011, de 30,17% do saldo total de contribuições sociais vencidas e não pagas, motivado, principalmente, pelo significativo acréscimo, tanto em termos percentuais (1155,94%) quanto em valores absolutos (aproximadamente R$ 56.000,00), do saldo de contribuições sociais a pagar do PSDB. Por fim, cabe registrar que da amostra selecionada, 07 direções estaduais – DEM, PMDB, PP, PR, PSB, PSDB e PT - apresentaram algum tipo de endividamento com contribuições sociais durante o período em análise. 519 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.4.3 ANÁLISE SOBRE O COMPORTAMENTO DA DÍVIDA TOTAL No que pertine às obrigações tributárias vencidas e não pagas, a Tabela 7 consolida todas as informações coletadas durante a pesquisa: Tabela 7 – Variação das Obrigações Tributárias vencidas e não pagas no período de 2009 a 2011 Partido Total de obrigações tributáriasTotal de obrigações tributárias Total de obrigações tributárias vencidas e não pagas –vencidas e não pagas –vencidas e não pagas – Exercício de 2009 (R$) Exercício de 2010 (R$) Exercício de 2011 (R$) DEM R$ 100.568,50 R$ 101.660,45 R$ 108.057,21 PMDB R$ 26,07 R$ 26,07 R$ 0,00 PP R$ 119.504,05 R$ 123.552,75 R$ 123.356,72 PPS R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 PR R$ 4.140,13 R$ 4.140,13 R$ 0,00 PSB R$ 34.337,42 R$ 5.142,97 R$ 45.102,35 PSC R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 PSDB R$ 7.193,38 R$ 6.776,38 R$ 67.542,70 PT R$ 6.193,79 R$ 23.476,51 R$ 9.521,15 PTB R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 Total R$ 271.963,34 R$ 264.775,26 R$ 353.580,13 (2,64%) 33,54% Variação (%) entre os exercícios Variação período (%) do 30,01% Fonte: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco Observa-se que, entre os exercícios financeiros de 2009 e 2010, houve uma redução percentual de 2,64% do endividamento total com obrigações tributárias, destacando-se, neste período, a quitação pelo PSB de débitos de aproximadamente R$ 20.000,00 e o acréscimo de pouco mais de R$ 17.000,00 ao saldo devedor do PT. Entre os exercícios financeiros de 2010 e 2011, a dívida tributária total aumentou em 33,54%, valor que pode ser creditado ao acréscimo substancial dos débitos a pagar de dois partidos – PSB (quase R$ 40.000,00) e PSDB (cerca de R$ 60.000,00). Registre-se também o pagamento pelo PT, no período citado, de obrigações tributárias no montante de pouco mais de R$ 14.000,00. Verifica-se ainda um aumento, entre os exercícios financeiros de 2009 e 2011, de 30,01% do saldo total de obrigações tributárias vencidas e não pagas, motivado, principalmente, pelo significativo acréscimo, tanto em termos percentuais (838,96%) quanto 520 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE em valores absolutos (aproximadamente R$ 60.000,00), do saldo de obrigações tributárias a pagar do PSDB. Por fim, cabe registrar que da amostra selecionada, 07 direções estaduais – DEM, PMDB, PP, PR, PSB, PSDB e PT - apresentaram algum tipo de endividamento tributário durante o período em análise, valores que no total sempre ficaram numa faixa entre R$ 260.000,00 e R$ 360.000,00. Ressalte-se que, conforme Tabela 1 exposta neste trabalho, estas mesmas 07 entidades receberam, entre os exercícios financeiros de 2009 e 2011, recursos do fundo partidário no montante de R$ 6.661.746,47, número que representa quase 20 vezes o maior saldo registrado do passivo tributário total destas instituições durante o período estudado. 5. CONCLUSÃO Este estudo teve como objetivo verificar se, mesmo diante do benefício constitucional da imunidade tributária, os partidos políticos têm apresentado, em seus Relatórios ContábeisFinanceiros, algum tipo de endividamento tributário perante o Estado, e, sendo a resposta afirmativa, como vem se comportando esta dívida no decorrer do tempo. A pesquisa foi delimitada aos passivos tributários, registrados no período de 2009 a 2011, das 10 direções partidárias regionais do Estado de Pernambuco que receberam recursos do fundo partidário em algum dos exercícios financeiros citados. Foram elas: DEM, PMDB, PP, PPS, PR, PSB, PSC, PSDB, PT e PTB. O que se observou é que a maioria dos partidos da amostra selecionada (07 das 10 agremiações) apresentaram, sim, durante o período analisado, dívidas de ordem tributária vencidas e não pagas perante o estado, endividamento este que, de maneira geral, aumentou consideravelmente (cerca de 30%) no decorrer do tempo. Verificou-se ainda que estas mesmas entidades receberam, entre os exercícios financeiros de 2009 e 2011, recursos do fundo partidário que somados equivalem a quase 20 vezes mais o maior valor do débito tributário total registrado no período, o que denota uma possível ausência de prioridade da dívida com tributos quando da gestão dos passivos destas agremiações. Esta situação pode ter sido motivada pelo fato de não haver previsão legal de que débitos desta natureza ensejam a suspensão da imunidade constitucional relacionada aos impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços das instituições partidárias. Por fim, sugere-se, para pesquisas futuras, a utilização de novas amostras abrangendo direções partidárias nacionais e de outros estados da federação, bem como informações referentes a exercícios mais recentes, com o intuito de observar se este quadro se repete também nestes cenários. Numa outra linha, pode-se ainda investigar o percentual do endividamento tributário na composição do passivo contábil das agremiações partidárias, tendo como objetivo analisar se esta espécie de débito se constitue ou não na principal fonte de obrigações a pagar destas entidades. 521 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE REFERÊNCIAS AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 18. ed. 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COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado. Direito eleitoral e processo eleitoral – Direito penal eleitoral e direito político. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar. 2010. 588p. GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey. 2010. 608 p. HOAUISS, Antônio. VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Objetiva. 2001. 2926 p. LIMA, Sídia Maria Porto. Prestação de contas e financiamento de campanhas eleitorais. 2. ed. Curitiba: Juruá. 2009. 240p. MEZZAROBA, Orides. Partidos Políticos. 1. ed. Curitiba: Juruá. 2008. 192 p. MICHELS, Vera Maria Nunes. Direito Eleitoral: de acordo com a Constituição Federal, LC 64/90, Lei 9.096/95 e Lei 9.504/97. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora. 2006. 238 p. OLIVEIRA, Luís Martins de et al. Manual de Contabilidade Tributária: textos e testes com as respostas. 11. ed. Sâo Paulo: Atlas. 2012. 411 p. PAULSEN, Leandro. Curso de Direito Tributário Completo. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora. 2012. 268 p. 522 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE PINTO, Djalma. Direito eleitoral: improbidade administrativa e responsabilidade fiscal. 4. ed. São Paulo: Atlas. 2008. 429 p. ROSA JUNIOR, Luiz Emygidio F. da. Manual de direito financeiro e direito tributário. 13. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. 811 p. SÁ, Antônio Lopes de; SÁ, Ana Maria Lopes de. Dicionário de Contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas. 2005. 498p. SCHLICKMANN, Denise Goulart. Financiamento de campanhas eleitorais. 5. ed. Curitiba: Juruá. 2010. 544p. SOBRINHO, José Bispo. Comentários à Lei Orgânica dos Partidos Políticos. 1. ed. Brasília: Livraria e Editora Brasília Jurídica. 1996. 168 p. TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL. Disciplina a prestação de contas dos partidos e a Tomada de Contas Especial. Resolução n. 21.841, de 22 de junho de 2004. 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A partir da abordagem constitucional do tributo, e do estudo de sua aplicabilidade em favor da preservação ambiental, verificou-se no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), a possibilidade de implantar medidas que reduzam comportamentos depredatórios, e estimulem nos contribuintes a consciência da importância de seu papel na proteção do meio ambiente. Ao fazer uso da extrafiscalidade do IPTU no aspecto ambiental, denominado de IPTU Verde, em favor da adoção de práticas sustentáveis no imóvel, o município concede descontos ao contribuinte, reduzindo a onerosidade do imposto. Partindo dessa premissa, alguns municípios brasileiros têm adotado e utilizado essa ferramenta de proteção ao meio ambiente com sucesso. Buscou-se abordar de forma sucinta, o panorama de sua adesão nesses municípios, e quais os parâmetros para concessão do desconto estão inseridos em cada legislação. Palavras-chave: Meio ambiente. Tributação ambiental. Extrafiscalidade. IPTU. ABSTRACT This study aims to address the social function of the tax as an instrument of public policy, the enforcement of fundamental rights constitutionally taxes to the state. From the constitutional approach of the tax, and the study of its applicability in favor of environmental preservation, it was found in Property Tax and Urban Land (property tax), the ability to implement measures to reduce depredatórios behaviors, and encourage awareness of the taxpayers importance of their role in protecting the environment. By making use of the property tax extrafiscality the environmental aspect, called Green property taxes in favor of the adoption of sustainable practices in the property, the municipality grants rebates to taxpayers, reducing the burden of the tax. From this premise, some municipalities have adopted and used this tool to protect the environment successfully. We sought to address succinctly, the panorama of his membership in these municipalities, and what the parameters for granting the discount are inserted into each law. Keywords: Environment. Environmental taxation. Extrafiscality. Property tax. 524 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE INTRODUÇÃO A qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável tornaram-se alvo de atuação do Estado, que através das regras normativas do Sistema Tributário, atua de forma a induzir determinados comportamentos por parte do contribuinte. Os entes federativos, mais especificamente os municípios, têm atribuído ao tributo papel importante na proteção do meio ambiente, no intuito de garantir o efetivo cumprimento dos direitos fundamentais determinados na Constituição Federal, especialmente o direito ao meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado para todos. O IPTU, uma das principais fontes de receita do município, devido ao seu poder de alcance populacional, tem sido utilizado como instrumento de políticas públicas, concedendo descontos no valor do imposto aos cidadãos que adotarem práticas sustentáveis em seus imóveis. Diante da extrafiscalidade do tributo, mediante sua aplicação além da mera arrecadação, é através do IPTU Verde, que surge a necessidade de se avaliar de que maneira, o uso extrafiscal do tributo pode atuar como ferramenta de proteção ao meio ambiente, estimulando o desenvolvimento da população de forma sustentável. A partir do estudo sobre a introdução aos conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, direito ao meio ambiente, e do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana, pretende-se verificar a aplicabilidade do IPTU para fins ambientais, de forma a mostrar brevemente o atual panorama de sua atuação no país, e a importância da continuidade de seu estudo. Foram utilizados no estudo, os métodos de pesquisa exploratória e documental, onde foram reunidos diversos textos entre trabalhos científicos, publicações em periódicos e legislações ligados ao tema, a fim de possibilitar maior clareza nas informações abordadas. SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A conservação do meio ambiente vem ganhando destaque frente à esfera pública no Brasil. O tema sustentabilidade tem sido objeto de constantes debates na atualidade, desde o início do século XX. O conceito de desenvolvimento econômico que até então abordava apenas aspectos econômicos, mudou ao longo dos anos após a inserção dos aspectos sociais e do bem-estar social como parte dos objetivos estatais. Como nova alternativa aos modelos tradicionais de desenvolvimento, o conceito de desenvolvimento econômico sustentável e as práticas de responsabilidade social tornaram-se uma estratégia no mundo corporativo em diversos setores da economia, tanto no setor público quanto privado. Dentre os variados conceitos relacionados, de forma sintética, o termo sustentabilidade pode ser definido como sendo a integração, de forma organizada, dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade, e como esses aspectos se mantêm em equilíbrio ao longo do tempo (CABRERA, 2009). A relação entre o retorno econômico, ações sociais e conservação da natureza, estão vinculadas à saúde ambiental e ao bem-estar coletivo da sociedade. Os problemas ambientais ganharam destaque nas últimas décadas a partir dos desequilíbrios climáticos causados pela poluição e degradação da natureza pelo homem. Evidencia-se o empenho dos chefes de estado no combate a tais ações, através de participação maciça na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida por Eco-92, na qual foi elaborada a Agenda 21 e o Protocolo de Kyoto (contrato criado em 1997 e assinado por diversos países do 525 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE mundo que se comprometeram a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa), revelando que as questões relativas ao meio ambiente, especialmente a exploração de recursos naturais, tornaram-se alvo de preocupação. A sustentabilidade tornou-se um meio de amenizar, no curto e longo prazo, os danos causados ao meio ambiente visando à sobrevivência das gerações seguintes e à conservação do planeta. Atrelada à sustentabilidade, temos a expressão “Desenvolvimento Sustentável” que passou a ser utilizada em 1987, a partir do relatório da Organização das Nações Unidas, desenvolvido pela primeira-ministra da Noruega Gro Harlem conhecido como Relatório de Brundtland. O documento define a expressão, como formas com as quais atuais gerações satisfazem suas necessidades, sem comprometer a capacidade das gerações futuras também satisfazerem suas próprias necessidades. Podemos observar a integração e interação entre os conceitos de Sustentabilidade e Desenvolvimento sustentável, onde a ideia não é interromper o desenvolvimento econômico, mas criar formas de manter o equilíbrio entre o avanço tecnológico e a redução dos impactos na utilização de recursos, investindo em meios para renovação dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico sustentável, atuando de forma preventiva de modo a suprir todas as necessidades do homem, e incentivando a exploração de forma sustentável sem esgotar as fontes do planeta (FRANCO; FIGUEIREDO, 2007, p. 249). MEIO AMBIENTE COMO DIREITO FUNDAMENTAL O homem como parte integrante da natureza desde o surgimento da Terra, tem se utilizado de seus recursos para sua sobrevivência. A esses recursos, chamamos de Recursos naturais, que consistem em tudo aquilo que é necessário ao homem e que se encontra na natureza, dentre os quais temos o solo, a água, o oxigênio, energia oriunda do sol, as florestas, os animais, dentre outros. São classificados como renováveis- onde mesmo explorados continuam disponíveis-, e não renováveis- aqueles que com o uso se esgotam. A sociedade capitalista, especialmente após a Revolução Industrial, em busca do lucro, tem extraído cada vez mais os recursos naturais, e de forma descontrolada, ameaçando sua continuidade. Todos têm o direito ao meio ambiente saudável, que põe a disposição os meios necessários a uma vida digna, e para isso, é necessário construir uma relação de equilibro entre o homem e a natureza, conforme determina em seu artigo 225, a Constituição Federal: Art. 225- Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). Sendo assim, o conceito aludido pela Constituição, trata o meio ambiente não só como bem público, uma vez que não é só do Estado, mas de todos, o dever de mantê-lo e preserválo. Além disso, a Constituição Federal reconhece que as questões ambientais são de suma importância para a coletividade da sociedade, uma vez que se trata de valores imensuráveis economicamente, visto que a defesa do meio ambiente é um princípio constitucional geral condicionado a atividade econômica, em busca do desenvolvimento sustentável, como disposto no artigo 170, inciso VI da Constituição. Ao considerar a essencialidade de um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado, a Constituição nos impõe que é dever da coletividade e do poder público sua defesa e preservação, visto que o ônus da degradação não pode ser repartido, por ser um bem comum a todos e se tratar de um interesse coletivo. 526 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O direito ao meio ambiente está correlacionado ao direito à vida como se refere o artigo 225 da Constituição Federal, não se restringindo apenas ao direito à vida, e sim à qualidade de vida em um meio ambiente de qualidade. O indivíduo, para garantir sua evolução de maneira saudável, deve buscar novas estratégias, onde seja possível conciliar desenvolvimento econômico e a exploração racional dos recursos naturais, como garantia da qualidade de vida. A introdução do meio ambiente como direito fundamental do indivíduo, traz ao Estado e sua ordem jurídica o dever e a garantia de assegurar a sobrevivência da natureza e o crescimento sustentável, bem como de seu principal elemento integrante, a população, assegurando a dignidade humana (ROCHA; QUEIROZ, 2011). FUNÇÃO SOCIAL DO TRIBUTO O Estado enquanto provedor, no exercício de sua função social, tem o dever de garantir ao indivíduo acesso aos direitos fundamentais, dos quais se destaca o direito a dignidade da pessoa a uma vida digna, ou seja, direito à saúde, moradia, lazer e, principalmente, a um ambiente equilibrado, conforme o art. 3º, III e IV da Constituição Federal. Para garantir ao indivíduo acesso a tais direitos, o Estado se utiliza de toda uma estrutura que possa permitir sua ação em busca dos direitos do cidadão, e para manter tal estrutura, utiliza-se de recursos financeiros, obtidos através dos tributos. O papel do tributo é arrecadar recursos financeiros para o Estado, e por meio da arrecadação custear sua manutenção e atender às demandas da sociedade. Através do tributo, o cidadão contribui de forma a financiar as ações do Estado, gerando retorno em seu benefício. A Constituição Federal confere autonomia para instituir tributos conforme dispõe em seu art. 145: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas (BRASIL, 1988). A partir do disposto na Constituição, o tributo surge como uma das principais fontes de arrecadação dos cofres públicos, no intuito de promover a justiça social, possibilitando ao Estado recursos para que desenvolva meios de cumprir com suas obrigações constitucionalmente impostas, e conferindo autonomia na destinação dos mesmos, objetivando o bem estar social. A destinação desses recursos é que dá ao tributo a função social, decorrente da obrigação constitucionalmente imposta ao Estado, e sua utilização de forma planejada e organizada beneficia a todos. Sendo assim, os tributos são tidos como instrumentos de políticas públicas, que permitem a efetivação dos direitos fundamentais. O art. 3º do Código Tributário Nacional define Tributo como ”toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”, ou seja, um conjunto de arrecadações através das quais o governo atende, financeiramente, às demandas da sociedade. O tributo também tem uma função extrafiscal e, é através dela que o Estado consegue intervir como instrumento de políticas públicas, amenizando, e em alguns 527 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE casos solucionando problemas que atingem toda a sociedade, minimizando a desigualdade social. Para Moura (2014, p. 5) a extrafiscalidade traduz-se no “conjunto de normas que têm por finalidade principal ou dominante a obtenção de determinados resultados econômicos ou sociais, por meio do instrumento tributário”. Sendo assim, a função extrafiscal do tributo intervém na economia, no intuito de efetivar os direitos fundamentais. A diversidade de tributos existentes em nosso sistema tributário permite uma variedade de fontes de receitas tributárias, onde os impostos configuram maior relevância. No que diz respeito ao uso extrafiscal do tributo, através da diminuição de alíquotas, concessão de isenção, incentivos e benefícios fiscais, como ferramentas de políticas públicas, destaca-se a utilização os impostos por serem tributos não vinculados. No campo ambiental, a extrafiscalidade encontra-se amparada por dois princípios: o da prevenção e do poluidor-pagador. O princípio da prevenção, claramente abordado na Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, determina a prevenção aos danos ambientais, enfatizando o que determina o artigo 225 da Constituição Federal, de forma a prevenir a degradação ao meio ambiente no que diz respeito às atividades econômicas. Inversamente ao princípio da prevenção, o princípio do poluidor-pagador referese à proteção do meio ambiente após a realização do dano, seu entendimento é de que a coletividade responde pelos efeitos negativos causados por agente poluidor, e para reverter tal situação este deve arcar com os danos por ele causados. De forma interventiva, o Poder Público se utiliza da tributação com foco ambiental, a fim de atender as demandas da sociedade e garantir a efetivação dos direitos fundamentais, inibindo comportamentos predatórios. Para fins extrafiscais são utilizados vários tributos, dentre os comumente utilizados para tal finalidade, destaca-se o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU. ASPECTOS GERAIS DO IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO - IPTU Segundo o Art. 16 do CTN - Código Tributário Nacional, “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. O Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU é um imposto de competência municipal, previsto no artigo 156, inciso I, da Constituição Federal e cujas normas gerais se encontram nos artigos 32 a 34 do CTN. O imposto incide sobre a propriedade, domínio útil, ou posse de bem imóvel localizado em zona urbana do município, conforme dispõe o artigo 32 do CTN, observando a existência de pelo menos dois dos requisitos mínimos de melhoramentos a que se refere o artigo: meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; abastecimento de água; sistema de esgotos sanitários; rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de três quilômetros de imóvel considerado. Incluem-se no critério as áreas consideradas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou comércio, mesmo que localizados fora das zonas urbanas tratadas anteriormente. A base de cálculo do IPTU, de acordo com artigo 33 do CTN é o valor venal do imóvel, que segundo Passos (BALEEIRO, 1999, p.249, apud PASSOS, 2012), entende ser “aquele que o imóvel alcançará para a compra e venda à vista, segundo as condições usuais do mercado de imóveis”. As alíquotas do imposto não são regulamentadas pela Constituição Federal nem pelo CTN, pois os percentuais são instituídos por lei ordinária de cada município. O lançamento do imposto, Conforme o § 2º, do artigo 144 do CTN, reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. 528 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Já foi mencionado que extrafiscalidade do IPTU encontra-se amparada pela Constituição Federal nos artigos 156, §1º, incisos I e II, e 182, §4º, inciso II, mediante imposição da tributação como forma de coibir ações depredatórias ao meio ambiente, e a organização do espaço urbano. Diante do exposto, tem-se a progressividade do imposto com o objetivo de alcançar metas além da arrecadação, bem como vislumbra-se a possibilidade do imposto atuar como instrumento de proteção e desenvolvimento do meio ambiente artificial, visando atingir uma sustentabilidade. Progressão é a utilização de alíquotas variadas sobre o mesmo fato, onde variam de acordo com a base de cálculo, ou seja, quanto maior a base de cálculo, maior a alíquota e vice-versa. A progressão pode ser utilizada para inibir determinado comportamento do contribuinte, mediante lei, variando as alíquotas onde a base de cálculo permanece inalterada. A aplicação da progressividade, não considera o imposto apenas como fonte de arrecadação aos cofres públicos, mas enfatiza a função social da propriedade, visto seu amparo constitucional onde as alíquotas podem variar de acordo com a localização e utilização do bem imóvel (PASSOS, 2012). No inciso II do § 4º do artigo 182 da Constituição Federal, temos a progressividade no tempo, ou seja, a gradação das alíquotas para imóveis que não cumpram com sua função social, o que serve para exigir do proprietário do imóvel, que a edificação deve ser realizada de acordo com a função social determinada em Plano Diretor. Logo, a progressividade no tempo é aplicada quando há confronto com as diretrizes do Plano Diretor, servindo como instrumento de regulação a fim de garantir o cumprimento da função social da propriedade. A partir da Emenda Constitucional 29/2000, a progressividade passa a ser utilizada em razão do valor venal do imóvel, e as alíquotas variam de acordo com seu uso e localização, deste modo, tal instrumento surge no intuito de inibir os proprietários de imóveis de contrariar os planos de urbanização das cidades (MOTA, 2014). O IPTU pode ser considerado um importante instrumento para a preservação ambiental, na medida em que a concessão de incentivos estimula e induz o proprietário contribuinte a dar à propriedade sua devida função social, contribuindo, sobremaneira, para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente urbano. É no exercício da extrafiscalidade do IPTU, sendo viabilizada por meio da tributação ambiental, onde, a partir do mecanismo da renúncia de receita por parte do município, obtém-se uma forma de proteção ao meio ambiente. O Estado ao renunciar receita, abre mão da arrecadação em favor da prática de comportamentos preventivos aos danos causados ao ambiente urbano. A renúncia de receitas tributárias submete-se ao artigo 14 da Lei Complementar 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, onde encontramos as regras de direcionam essa prática. Em seu art. 14, § 1º, a Lei 101/2000 compreende como renúncia de receita: anistia, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. O IPTU VERDE O IPTU verde é um incentivo fiscal que nasceu no intuito de estimular a consciência da preservação ambiental na população, e que segundo Vieira (2014) “funciona como um desconto para o morador que construir ou reformar o seu imóvel implantando sistemas ambientalmente eficientes, como captação e reuso de água, geração de energia, tratamento de resíduos e uso de materiais reciclados”. Por ser um imposto de caráter municipal, sua disposição varia de acordo com a legislação de cada município, onde o desconto está condicionado a uma variedade de medidas adotadas, chamadas de Tecnologias Sustentáveis: 529 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Sistema de captação e utilização de água da chuva, Sistema de reuso de água, Sistema de aquecimento hidráulico/elétrico solar, Sistema de aproveitamento energético solar, Separação e encaminhamento de resíduos sólidos inorgânicos para reciclagem, Plantios de mudas, Disposição de áreas verdes de acordo com a extensão total do imóvel, Sistema para manutenção de áreas permeáveis, Permitir recarga do lençol freático, Construção de calçadas ecológicas, Arborização no calçamento, Instalação de telhado verde, Sistema de utilização de energia eólica, Material sustentável para obras de construção e Lâmpadas de LED (LEIS MUNICIPAIS, 2014). Como forma de promover o desenvolvimento sustentável das cidades e estimular os consumidores a investir em empreendimentos ambientalmente responsáveis, o governo tem incentivado a adoção do IPTU Verde nos grandes centros urbanos. A primeira cidade a adotar o IPTU Verde, foi o município de Guarulhos em São Paulo, introduzindo o benefício por meio da Lei Ordinária 6.793/2010. Os incentivos fiscais são previstos no artigo 61 da referida Lei, mediante concessão de descontos que variam de 3% a 20% no valor do IPTU, desde que, o proprietário do imóvel comprove a adoção de duas ou mais medidas ambientais, tais como: sistemas de reuso e captação de água, aquecimento hidráulico/elétrico solar, construções com material sustentável, utilização de energia passiva, sistema de energia eólica, telhado verde e separação de resíduos sólidos (GUARULHOS, 2010). No intuito de estimular o desenvolvimento sustentável, a partir do exemplo de Guarulhos, as cidades de Araraquara, Valinhos, São Carlos e São Vicente, todas em São Paulo, aderiram ao IPTU Verde. Como forma de compensar o contribuinte proprietário do imóvel, além dessas, outros municípios brasileiros aderiram ao IPTU Verde, como se pode visualizar na Tabela 1 abaixo: Tabela 1: Panorama do IPTU Verde no Brasil LEI Nº MUNICÍPIO ESTADO % MÁXIMO CONCEDIDO 4.684/2009 Vila Velha ES 67 235/2012 Goiânia GO 20 6.435/1993 Belo Horizonte MG 100 8.484/2013 Salvador BA 10 886/2005 Manaus AM 50 9.806/2000 Curitiba PR 100 2.544/2013 Camboriú SC 12 Fonte: Elaboração da própria autora (2014) Através da Lei nº 7.152/2009 a prefeitura de Araraquara concede descontos que variam de 10% a 40% no valor do IPTU, para propriedades acima de 2 mil metros quadrados, que possuam vegetação arbórea nativa ou declarada de preservação permanente (ARARAQUARA, 2009). 530 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A legislação da cidade de Valinhos incentiva a preservação do meio ambiente mediante a Lei nº 3.915/05, oferecendo descontos que variam de 20% a 45% do valor do IPTU, aos proprietários de imóveis que possuam áreas arborizadas naturais ou reflorestadas (VALINHOS, 2005). Em São Carlos, por meio da Lei nº 13.692/05 artigos 44 e 45 o denominado Incentivo Ambiental, concede descontos que podem chegar a 24% para os contribuintes que possuem imóveis horizontais com árvores plantadas na calçada, em frente ao imóvel e que possuam no perímetro de seu terreno, áreas permeáveis com cobertura vegetal (SÃO CARLOS, 2005). A prefeitura de São Vicente por meio do IPTU Verde introduzido pela Lei Complementar nº 634/2010, beneficia os proprietários dos imóveis residenciais ou não, que utilizam em sua construção materiais como tijolo ecológico e telhado verde, ou implantem ações tais como separação de lixo domiciliar, plantio de árvores na calçada, utilização de fontes de energia renováveis, entre outros. Os descontos podem chegar a 23% a depender dos critérios que o contribuinte atender (SÃO VICENTE, 2010). Além das cidades de São Paulo, a iniciativa tem alcançado várias cidades do país, onde o IPTU Verde constitui poderoso instrumento no exercício da função social dos tributos, e incentivo à proteção e preservação ao meio ambiente. No Estado do Espírito Santo, a cidade de Vila Velha por meio da Lei Municipal nº 4.864/09, concede até 67% de desconto no valor do IPTU ao contribuinte que plantar árvore em frente ao terreno ou imóvel, padronizar e preservar a calçada. O proprietário que plantar árvore de acordo com as normas da Secretaria Municipal do Meio Ambiente- Semma recebe 10% de desconto, ao plantar outra árvore recebe 12%, e na terceira árvore plantada, 18% (VILA VELHA, 2009). Como forma de incentivo a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento sustentável, a cidade de Goiânia, no Estado de Goiás, através do denominado Programa IPTU Verde, instituído pela Lei Complementar 235 de 2012, concede desconto de até 20% no valor do IPTU, aos contribuintes que utilizem sistemas de captação e reuso de água, sistemas de aquecimento solar, construção de calçadas ecológicas, arborização nas calçadas, solo com cobertura vegetal, coleta seletiva, material de construção sustentável e telhado verde (GOIÂNIA, 2012). Em Belo Horizonte no Estado de Minas gerais, a Lei Municipal nº 6.491 de 1993, concede desconto de até 100% no valor do IPTU, ao proprietário de imóvel reconhecido como Reserva Particular Ecológica, o desconto é concedido na mesma proporção entre a área de reserva e a área total do imóvel na qual a reserva está inserida (BELO HORIZONTE, 1993). Recentemente adotado em Salvador, no Estado da Bahia, o IPTU Verde foi instituído pela Lei Municipal nº 8.474 de 2013 que concede até 10% no valor do IPTU, ao proprietário de imóvel que adote medidas que se enquadrem no padrão de construção ambiental. Proprietários de imóveis residenciais ou não, que implantem sistemas de reaproveitamento de águas, captação de luz natural, uso de energia solar e lâmpadas LED, plantio de árvores e telhado verde, serão beneficiados com desconto (SALVADOR, 2013). Manaus, no Estado do Amazonas por meio da Lei nº 886/2005, concede isenção do IPTU aos proprietários que possuem área de Reserva Particular de Patrimônio Natural531 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE RPPN, desde que comprovadas junto ao município. Aguardando aprovação, o Projeto de Lei 248/2013 que institui o Programa IPTU Verde em Manaus, pretende conceder de 2% a 50% de desconto aos proprietários que utilizem sistema de captação de água da chuva, sistema de reuso de água, sistema de aquecimento hidráulico ou elétrico solar, construções com material sustentável, utilização de energia passiva, sistema de utilização de energia eólica, além de manutenção no imóvel de uma ou mais espécie arbórea nativa, escolhida entre os tipos adequados à arborização de vias públicas, ou preservação de espécie arbórea nativa já existente, observando-se a manutenção de área suficiente para sua irrigação e manutenção, no perímetro de seu terreno, de áreas efetivamente permeáveis (MANAUS, 2005). O município de Curitiba no Estado do Paraná, através da Lei Complementar nº 9.806/2000 - Código Florestal do Município de Curitiba concede até 100% de desconto no IPTU, aos proprietários de terrenos com área verde com bosque nativo ou pinheiros de grande porte, ou árvores com grande volume de copada (CURITIBA, 2000). No município de Camboriú, em Santa Catarina, o IPTU Verde foi instituído pela Lei nº 2.544/2013, que concede até 12% de desconto no valor do imposto, ao contribuinte que adote no imóvel, medidas como: sistema de captação de água da chuva, reuso de água, sistema de aquecimento hidráulico solar e construções com material sustentável (CAMBORIÚ, 2013). Embora ainda não exista legislação aprovada no município de Recife especificando o IPTU Verde, desde 2005 há discussões sobre propostas de implantação na cidade, onde inicialmente beneficiaria os proprietários de imóveis que possuam árvore ou palmeira tombada no interior ou calçada do imóvel, e áreas arborizadas localizadas em Imóveis de Proteção de Área Verde - IPAV. Atualmente, existe em tramitação o Projeto de Lei nº 346/2013, no intuito de incentivar a população a adotar práticas sustentáveis, em troca da concessão de descontos no valor do IPTU. A proposta é qualificar os beneficiários do programa, com o Certificado de Qualificação Ambiental denominado “Recife Verde”, concedido aos proprietários de imóveis comerciais e residenciais desde que adotem medidas como conservação e reuso da água, utilização de energia solar e eólica, e seleção de resíduos, de modo que facilite a coleta seletiva. O projeto aguarda as análises da Comissão de Legislação e Justiça, Finanças e Meio Ambiente, e pretende ser aprovado para que a partir de 2015, a população seja beneficiada com os descontos no IPTU (RECIFE, 2013). Diante da ausência de Lei específica relativa ao IPTU Verde, Recife se utiliza da progressividade do IPTU para garantir o efetivo cumprimento da função social da propriedade, onde a alíquota do imposto varia de acordo com o valor venal do imóvel, conforme disposto na Lei Complementar 15.563/91 em consonância com artigo 154, da Lei 17.511/08 que dispõe sobre o Plano Diretor do município. Em nível nacional encontra-se em fase inicial de tramitação a Proposta de Emenda Constitucional PEC 306/13, que propõe a alteração dos dispositivos constitucionais referentes ao IPTU, no objetivo de diferenciar as alíquotas do imposto de acordo com o uso das tecnologias aplicadas á sustentabilidade. A pretensão da proposta é induzir os consumidores a priorizar a compra de imóveis de construtoras que adotem tais tecnologias e fixar alíquotas menores do imposto de acordo com a permeabilização de solo do imóvel (FAZZIO, 2014). 532 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE CONCLUSÃO A extrafiscalidade dos tributos permite ao Estado no que tange o IPTU, intervir no uso da propriedade privada em prol do desenvolvimento sustentável, visando garantir o desenvolvimento social e a efetivação dos direitos fundamentais dos cidadãos, cumprindo com sua função social. Através da imposição de tributos, além de arrecadar recursos para manter-se, o Estado gera recursos financeiros, o que configura ao tributo função fiscal. A utilização do tributo como ferramenta de intervenção nas políticas públicas tem ganhado força no país, seja para estimular ou inibir determinados comportamentos do contribuinte, que em contrapartida recebe benefícios fiscais por parte do Estado. Ao se valer da tributação ambiental, no caso do IPTU Verde, o Estado não só cumpre com seu dever constitucional em garantir os princípios fundamentais, mas estimula a população ao exercício da proteção ambiental e desenvolvimento de forma sustentável, oferecendo um ambiente adequado à sobrevivência humana. Assim como o IPTU, outros tributos, as taxas e contribuições são utilizados em prol das causas ambientais, e merecem ter seu estudo aprofundado a fim de viabilizar sua aplicação e execução a partir da implementação de políticas públicas, de forma a atingir maior parcela da população e ampliar o leque de alternativas aos gestores públicos quanto ao atendimento das demandas sociais. O Recife, seguindo uma tendência mundial, também está articulando para introduzir uma tributação ambiental através do IPTU, o que se vê consolidado através do Projeto de Lei nº 346/2013. O estímulo tributário à adoção de práticas responsáveis relacionadas aos aspectos ambientais e de sustentabilidade é fundamental para que o Brasil seja competitivo na economia, preserve seus recursos naturais, reduza o impacto de suas atividades sobre o clima, e promova ciclos sustentáveis de desenvolvimento. REFERÊNCIAS ARARAQUARA. Lei nº 7.152, 08 de dezembro de 2009. Concede isenção de Imposto Predial e Territorial Urbano para propriedades que conservarem área arborizada IPTU Verde. Folha da cidade, n. 7.268, 11 de dez. 2009. Disponível em: <http://prototipo.techs.com.br/prefeituraararaquara2012/Pagina/Default.aspx?IDPagina=201> Acesso em: 19 jul. 2014. BELO HORIZONTE. Lei nº 6.491, de 29 de dezembro de 1993. Altera a Lei 6.314 de 12 de janeiro de 1993, que dispõe sobre a instituição, no Município, de reserva particular ecológica por destinação do proprietário, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.cmbh.mg.gov.br/leis/legislacao>. Acesso em: 02 ago. 2014. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 19 jul. 2014. BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e 533 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Municípios. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm>. Acesso em: 26 jul. 2014. CABRERA, Luiz Carlos. Afinal, o que é sustentabilidade?. Disponível em:<http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_474382.shtml>. Acesso em: 12 jul. 2014. CAMBORIÚ. Lei nº 2.544, de 03 de jun. de 2013. Institui o programa de incentivo e desconto, denominado “IPTU VERDE” no âmbito do Município de Camboriú e dá outras providências. Disponível em:< https://www.leismunicipais.com.br/Prefeitura/sc/camboriu>. Acesso em: 25 ago. 2014. CURITIBA. Lei nº 9.806, de 03 de janeiro de 2000. Institui o Código Florestal do Município de Curitiba, e dá outras providências. Disponível em:<http://www.curitibapr.gov.br/multimidia/00083115.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2014. FAZZIO. Luiz Paulo Ferreira Pinto. PEC quer reduzir IPTU para quem protege meio ambiente. Disponível em:< http://www.conjur.com.br/2014-mar-05/luiz-fazzio-pec-propoereducao-iptu-quem-protege-meio-ambiente>. Acesso em: 20 ago. 2014. FRANCO, Décio Henrique; FIGUEIREDO, Paulo Jorge Moraes. Os impostos ambientais (taxação ambiental) no Mundo e no Brasil - O ICMS ecológico como uma das opções de instrumentos econômicos para a defesa do meio ambiente no Brasil. 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Lei nº 886, de 14 de outubro de 2005. Dispõe sobre a criação e o reconhecimento das reservas particulares do patrimônio natural no município de Manaus, e dá outras providencias. Disponível em:< http://cmmanaus.jusbrasil.com.br/legislacao/232143/lei-886-05>. Acesso em: 09 ago. 2014. 534 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE MOTA, Roberto. Tributação municipal: a progressividade e eficácia do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/ 29074/tributacao-municipal-a-progressividade-e-eficacia-do-imposto-sobre-a-propriedadepredial-e-territorial-urbana/2#ixzz3BGFqdVJE>. Acesso em: 16 ago. 2014. MOURA, Daiana Malheiros. A Efetivação Dos Direitos Fundamentais Pelo Estado Fiscal: Função Social Dos Tributos. In: XI SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE DEMANDAS SOCIAIS E POLÍTICAS PÚBLICAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, Santa Cruz do Sul: UNISC, 2014. 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Institui a Planta Genérica de Valores do Município, define critérios para lançamento do imposto Predial e Territorial Urbano, e dá outras providências. Disponível em:< http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/incentivo-ambiental-iptu.html>. Acesso em: 22 jul. 2014. 535 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE VALINHOS. Lei nº 3.915, de 29 de setembro de 2005. Institui o Código Tributário do Município de Valinhos, dispõe sobre o sistema tributário do Município e dá outras providências. Câmara Municipal de Valinhos. Disponível em:< http://www.valinhos.sp. gov.br/portal/arquivos/leis/lei3915%20-20C%C3%B3digo%20Tribut%C3%A1rio.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2014. VIEIRA, Agostinho. IPTU Verde. Disponível <http://oglobo.globo.com/blogs/ecoverde/posts/2014/01/31/iptu-verde-522722.asp>. em: 26 jul. 2014. em: Acesso VILA VELHA. Lei nº 4.864, de 29 de dezembro de 2009. Altera As Tabelas I E VII, da Lei Nº 4.017, de 26 de dezembro de 2002, e Tabelas II e V da Lei Nº 3.871, de 20 de Dezembro De 2001, Que Editou A Pgv - Planta Genérica De Valores Imobiliários, Cria a Tabela Xiv - Fator Gleba e Fator de Localização e Utilização da Edificação para os Condomínios Verticais e dá outras providências. Disponível em:<http://www.Legislacaoonline.com.br/vilavelha/images/leis/html/L48642009.html>. Acesso em: 26 de jul. 2014. 536 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ANÁLISE FINANCEIRO-ECONÔMICA DE UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE: Um estudo em um Supermercado Potiguar. AUTORES: Gildene de Carvalho Monteiro, Francisco Jean Carlos de Souza Sampaio, Alexandre Wallace Ramos Pereira e Sidnéia Maia de Oliveira Rego. RESUMO O estudo utilizou-se do Balanço Patrimonial, da Demonstração do Resultado do Exercício, dos índices de Liquidez, de Estrutura de Capital e de Rentabilidade e de um questionário aplicado ao Administrador para investigar o comportamento financeiro-econômico da empresa Mercadinho Monteiro levantando a seguinte problemática: Qual o desempenho financeiro-econômico do Supermercado Potiguar nos últimos cinco exercícios? Para isso, analisou a situação financeiro-econômica do Supermercado Potiguar no período de 2008 a 2012. A pesquisa é descritiva, explicativa, documental e bibliográfica, sendo o método dedutivo e o caráter quanti-qualitativo. A análise da empresa apresenta um desempenho decrescente em relação a sua liquidez reduzindo sua capacidade de pagamento a cada ano, ficando cada vez mais endividada e fornecendo menos garantias para o pagamento de suas obrigações. Sua rentabilidade oscila, ocasionando um desempenho econômico discreto. Palavras-Chave: Desempenho Financeiro-Econômico. Demonstrações Contábeis. Índices. 1 INTRODUÇÃO O mundo contemporâneo, principalmente no referente aos negócios, é caracterizado por um ambiente mutável e flexível. O cenário econômico que as empresas estão inseridas passa constantemente por modificações, isto se deve em especial a combinação de significativas inovações tecnológicas e com a ampla integração econômica mudando rotineiramente as “regras do jogo”. A conjuntura econômico-financeira que as empresas se deparam nos dias atuais é muito dinâmica e volúvel, no que se referem as micro e pequenas empresas. Esta situação se mostra mais presente, em função da quantidade de empresas e da concorrência acirrada existente. Em dado publicado pelo (SEBRAE, 2011) no anuário do trabalho na micro e pequena empresa, aponta que no Brasil 99% dos estabelecimentos são micro e pequenas empresas, e que o setor comercial responde por 51,5% do total destas empresas, cerca de 3,1 milhões de Micro e Pequenas Empresas (MPEs) no comércio. A quantidade de empresas é expressiva e o mercado está a cada dia mais saturado. Tal cenário requer maior competência e organização das empresas, exigindo um planejamento adequado e objetivo visando melhorar seus resultados para permanecer no mercado. Para permanecerem atuantes no mercado as empresas precisam se adaptar a essa nova conjuntura, onde é exigido da empresa maior profissionalismo. Em estudo do SEBRAE 2011 com empresas constituídas a partir de 2006, indica que a taxa de mortalidade das empresas comerciais do Brasil a partir de dois anos de sua constituição é de 27,8%. Levandose em conta o mesmo período no RN os números são ainda mais preocupantes, sendo que 36,8% das empresas encerram suas atividades. Um dos fatores que são determinantes para o insucesso das MPEs é a falta de planejamento financeiro, ele representa a fonte dos recursos para que as atividades operacionais se desenvolvam eficientemente. Sem projeções financeiras confiáveis, sem um controle financeiro eficiente, sem uma constante e sequencial tomada de decisões financeiras 537 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ótimas, nenhuma empresa terá condições de oferecer para seus clientes o produto desejado, com uma qualidade adequada, a um bom preço, no momento que o mercado demanda. Segundo Marion (2011, p. 16). “A contabilidade é importante no processo de tomada de decisão porque coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados”. Hoje finanças é reconhecidamente a área para a qual convergem todas as outras, pois sem resultados a empresa não tem lucro e sem lucro a empresa pode fechar. Deste modo, a utilização de índices como parâmetros de avaliação financeiroeconômica, mostra-se uma ferramenta de grande relevância para as empresas, tendo em vista possibilitar a avaliação de sua performance e fornecer informações que apontam sobre seus pontos fracos e fortes, favorecendo um planejamento financeiro-econômico mais profundo e eficiente. Esse estudo se propõe a viabilizar as empresas, informações sobre seu desempenho financeiro-econômico e promover a utilização de indicadores de desempenho como ferramentas auxiliar no processo decisório de melhor gestão dos recursos financeiro e condução das suas atividades. Aponta Matarazzo (2003, p.148) “Assim como um médico usa certos indicadores, como pressão e temperatura, para elaborar um quadro clínico do paciente, os índices financeiros permitem construir um quadro de avaliação da empresa”. Desta forma, este trabalho analisa o desempenho financeiro-econômico da empresa comercial Mercadinho Monteiro, uma empresa potiguar de pequeno porte, localizada na cidade de São Miguel-RN. Visando avaliar seu desempenho através de índices na perspectiva de sua liquidez, de sua estrutura de capital e de sua rentabilidade. Para isto busca responder a seguinte problemática: Qual o desempenho financeiro-econômico do Supermercado Potiguar, durante os últimos cinco exercícios? 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Importância do conhecimento do desempenho financeiro-econômico Qualquer organização, independente do ramo ou setor, para sobreviver no mercado, precisa no mínimo gerar lucros, ou recursos suficientes para cumprir suas obrigações e despesas. Do contrário não sobreviverá. Essa é a realidade do mundo capitalista, se não se consegue gerar receitas como fazer para cobrir as despesas? Uma opção seria recorrer a terceiros, a bancos, investidores. Mas nos negócios, tudo tem seu preço. Será viável para a empresa recorrer a capitais externos? A empresa conseguirá honrar com esses compromissos? Para responder essas questões, e várias que surgem, principalmente nas dificuldades financeiras elas ficam mais evidentes, é necessário essencialmente que a empresa se conheça, saiba onde se encontra não no sentido logístico da palavra, mas no que se refere a desempenho econômico-financeiro. A análise das demonstrações financeiras ou contábeis é um mecanismo fundamental à geração de informações sobre o desempenho organizacional, a situação econômico-financeira das empresas e, até mesmo, com relação a seu gerenciamento. A avaliação sobre a organização tem por finalidade detectar os pontos fortes e fracos do processo econômico e financeiro da organização, mostrando a evolução durante os períodos, objetivando propor alternativas de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos gestores da mesma. 538 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A expressão “indicadores financeiro-econômicos” denota todo o tipo de indicadores baseados em dados econômicos e financeiros de determinada entidade e podem ser expostos em valores monetários absolutos, valores relativos ou taxas de variação, tempo, entre outros. Apesar de estarem interligados e devam ser analisados de forma integrada, precisamos diferir o que se refere uma situação econômica ou situação financeira. É possível uma empresa desfrutar de uma situação financeira ótima, mas uma situação econômica péssima, ou vice-versa, assim também como as duas situações, sejam positivas ou negativas. Matarazzo (2003, p. 262), ressalta a distinção entre econômico e financeiro: Econômico: Refere-se a lucro, no sentido dinâmico, de movimentação. Estaticamente, refere-se ao patrimônio líquido. Financeiro: Refere-se a dinheiro. Dinamicamente, representa a variação de Caixa. Estaticamente, representa o saldo de caixa. O termo financeiro tem significado amplo e restrito. Quando encarado de forma restrita, refere-se à Caixa; quando seu significado é amplo, refere-se à Caixa Circulante Líquido. Tomando por exemplo, uma empresa está momentaneamente com elevada quantia no caixa, advindos de um empréstimo junto ao banco. Por outro aspecto, a maioria do capital e dos bens dessa empresa e de origem de terceiros, até o imóvel é alugado. O que se percebe, a grosso modo, é que financeiramente a curtíssimo prazo ela está bem, mas economicamente o quadro é preocupante. Marion (2010, p. 1): “Poderíamos dizer que só teremos condições de conhecer a situação econômico-financeira de uma empresa por meio dos três pontos fundamentais de análise: Liquidez (Situação Financeira), Rentabilidade (Situação Econômica) e Endividamento (Estrutura de Capital)”. 2.2 Índice como parâmetro de desempenho Através da análise correlacionada dos índices de liquidez, rentabilidade e estrutura do capital, pode-se avaliar a saúde financeira e econômica da empresa comparando seus desempenhos, medindo a capacidade de pagamento a curto/longo prazo, além da medição da rentabilidade em função dos investimentos e patrimônio líquido. Índice é uma ferramenta de mensuração para análise da performance da empresa em determinado período, sobre o aspecto do desempenho financeiro-econômico, estabelecendo bases para ações e decisões, determinando valores e resultados em seus diferentes segmentos. É um instrumento de auxílio para tomada de decisões favorecendo condutas eficientes que conduzam para ganhos financeiros e de capital, tornando a administração do investimento mais racional, mas centrada, e consciente das suas potencialidades e dificuldades. Os índices revelam aspectos, características da Organização, que talvez fossem ignoradas, ou até mesmo não percebidas. Para Matarazzo (2003, p. 147), “Um índice é como uma vela acesa num quarto escuro”. Eles são obtidos a partir da relação entre contas ou grupos de contas das Demonstrações Financeiras ou Contábeis, as mais utilizadas são: Balanço Patrimonial (BP) e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). 539 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.3 Os índices Financeiros-econômicos A situação financeira das empresas pode ser medida com os índices dos grupos de Liquidez e o de Estrutura de Capitais e a situação econômica através do grupo de Rentabilidade conforme o quadro a seguir. Os índices de liquidez são medidas de avaliação da capacidade financeira da empresa em honrar seus compromissos para com terceiros. Os índices de estrutura de capital evidenciam a situação financeira da empresa, apreciando o seu nível de endividamento, possibilitando analisar qual o percentual de recursos de terceiros frente aos recursos próprios da empresa. E os índices de Rentabilidade visam mensurar a capacidade econômica das empresas medindo o quanto uma empresa está sendo lucrativa ou não, indicando qual a geração de receitas sobre cada unidade monetária investida. 540 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quadro 01 - Quadro-resumo dos índices. SITUAÇÃO ÍNDICE FÓRMULA INDICA INTERPRETAÇÃO Liquidez Liquidez Corrente Ativo Circulante Passivo Circulante Ativo Circulante – Estoques Passivo Circulante Quanto a empresa possui de Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de Passivo Circulante. Quanto a empresa possui de Ativo Líquido para cada R$1,00 de obrigações de Curto Prazo. Quanto maior, melhor. Liquidez Geral Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo Quanto maior, melhor. Liquidez Imediata Disponibilidade Passivo Circulante Quanto a empresa detém no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada R$1,00 de dívida total. Quanto a empresa possui de disponibilidade momentânea, para cada R$ 1,00 de Dívida de Curto Prazo. Exigível Total Exigível Total + Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido Exigível Total Passivo Circulante Exigível Total Quanto a empresa possui de recursos de terceiros para cada R$ 1,00 de recursos totais. Quanto a empresa tem de garantias de Capital Próprio para cada R$ 1,00 de Terceiros. Qual o percentual de Obrigações de Curto Prazo em relação ás obrigações totais. Quanto menor, melhor. Vendas Líquidas Ativo Lucro Líquido x100 Vendas Líquidas Lucro Líquido x100 Ativo Lucro Líquido x100 Patrimônio Líquido Médio Quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total. Quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100,00 vendidos. Quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100,00 de investimento total. Quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100,00 de capital próprio investido, em média, no exercício. Quanto maior, melhor. Liquidez Seca F I N A N C E I R A E C O N Ô M I C A Estrutura de Capitais Participação de Capitais de Terceiros Sobre Recursos Totais Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros Composição do Endividamento Rentabilidade Giro do Ativo Margem Líquida Rentabilidade do Ativo Rentabilidade do Patrimônio Líquido Quanto maior, melhor. Quanto maior, melhor. Quanto maior, melhor. Quanto menor, melhor. Quanto maior, melhor. Quanto maior, melhor. Quanto maior, melhor. Fonte - Adaptado de Marion (2010), Matarazzo (2003). 541 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 Tipo de pesquisa De acordo com Gil (2010, p. 27-28) as pesquisas quanto a seus objetivos podem ser classificadas em: exploratórias, descritivas e explicativas. O presente trabalho apresenta uma pesquisa de caráter descritiva, tal que procura descrever as características financeiro-econômicas da empresa Mercadinho Monteiro através dos índices, e explicativa, por que visa aprofundar-se no conhecimento da realidade financeira e econômica da empresa, analisando cada índice, visando identificar a razão, o porquê de seus valores e o que isso representa para a empresa. Em relação aos métodos de pesquisas empregados, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. A abordagem da pesquisa é de caráter quanti-qualitativo. Tal tratamento quantitativo se caracteriza em razão do levantamento de dados e cálculos efetuados visando mensurar o desempenho financeiro-econômico da empresa. A abordagem qualitativa é evidenciada na interpretação desses dados, valores, índices e no levantamento de melhorias financeiroeconômica para a empresa. Aponta Figueiredo e Souza (2011, p. 96): Do ponto de vista metodológico, embora se trate de métodos de natureza distinta, não se pode pensar em oposição entre as investigações quantitativa e qualitativa. Ao contrário, é de se esperar que esses métodos se completem no sentido de que o estudo quantitativo pode gerar questões para serem aprofundadas qualitativamente, e vice-versa. 3.2 Universo e amostra Marconi e Lakatos (2008, p. 27) definem: “Universo ou população: é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum”. Corrar e Theóphilo (2008, p. 20) acrescentam que: “Quanto ao tamanho, à população classifica-se em finita ou infinita. São finitas as que possuem um tamanho limitado e infinitas aquelas cujos números de elementos é ilimitado”. A presente pesquisa é de caráter finito, tal que o universo pode ser mensurado e abrangido em sua totalidade. No trabalho foram coletados e levantados todos os relatórios existentes da empresa, mais precisamente os últimos cinco exercícios anuais, de 2008 a 2012. Apesar de a empresa ter mais de sete anos de existência, a mesma não confeccionava relatórios nos períodos iniciais de sua atividade, especificamente nos primeiros dois anos, com isso a pesquisa se ateve a utilizar os relatórios possíveis e existentes da empresa, que compreende os últimos cinco anos. A amostra de acordo com Gil (1999, p. 100) representa: “Subconjunto do universo ou população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população”. De acordo com Corrar eThéophilo (2008, p. 21-22) o censo permite maior precisão já que se utiliza de todos os elementos da população, principalmente quando se trata de população reduzida é tido como mais adequado. Para a presente pesquisa foi utilizado o censo já que a pesquisa é de caráter finito e serão pesquisados todos os elementos do universo. 542 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 3.3 Coleta de dados Conforme Cooper e Schindler (2003, p. 223): “As fontes de informação são normalmente classificadas em três níveis: fontes primárias, fontes secundárias e fontes terciárias”. Os referidos autores, ao abordarem da fonte primária dizem que se trata de dados não interpretados ou processados de forma que retrate objetivamente a cerca do que é a variável, sendo considerada com melhor fonte de informações, por que não se corre o risco de obter informações distorcidas ou já filtradas. A coleta de dados do presente trabalho ficou constituída especialmente pela pesquisa documental, sendo colhidos os relatórios contábeis Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) compreendidos no período de 2008 a 2012. Tais relatórios de propriedade privada e acesso restrito foram possibilitados a pesquisa através de autorização da empresa Mercadinho Monteiro que permitiu acesso irrestrito à pesquisa. Estes relatórios são originários de fontes primárias, já que se trata de dados brutos e não interpretados. Foi utilizado também como forma de captação de dados um questionário, para melhor entendimento de algumas variáveis financeiro-econômicas e como forma de possibilitar o feedback para a empresa, através de um planejamento que foi disponibilizado a gestão da empresa. 3.4 Tratamento dos dados O tratamento dos dados para Gil (2008, p. 153): “[...] objetivam tornar os dados válidos e significativos. Para tanto são utilizados procedimentos estatísticos que possibilitam estabelecer quadros, diagramas e figuras que sintetizam e põem em relevo as informações obtidas”. A presente pesquisa utilizou como ferramenta auxiliar no tratamento de dados, planilhas do Microsoft Excel, possibilitando a resolução dos índices de Liquidez, Estrutura de Capital e Rentabilidade, dando suporte para criações de quadros e gráficos. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 4.1 Identificação dos dados do BP e DRE para o cálculo dos índices de Liquidez, Estrutura de Capital e Rentabilidade. Tendo em vista o objetivo do trabalho que visa a utilização dos índices para fins de analisar a situação financeiro-econômica da empresa dentre os períodos, foram filtrados os dados pertinentes e indispensáveis ao cálculo dos índices. No quadro 02 estão elencados os dados do BP referentes ao Ativo da empresa dentre o período de 2008 a 2012 com seus respectivos valores, tal Ativo é composto por contas distribuídas no ativo circulante e ativo não circulante. O quadro 03 apresenta os dados do BP referentes ao Passivo da empresa dentre os exercícios de 2008 a 2012 com seus devidos valores, sendo o Passivo composto por contas do passivo circulante, passivo não circulante e pelo patrimônio líquido. Em relação ao quadro 04 são apresentados os valores da DRE compreendendo os períodos de 2008 a 2012. Esta demonstração apresenta as receitas e despesas anuais da empresa comercial Mercadinho Monteiro. Com isso os quadros 02, 03 e 04 fornecem todos os dados de forma simplificada e generalizada acerca dos valores relativos no tocante às contas patrimoniais e contas de 543 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE resultado da organização em estudo envolvidas no cálculo dos índices de liquidez, de Estrutura de Capital e os de Rentabilidade. 544 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quadro 02 - Dados patrimoniais do Ativo da empresa Mercadinho Monteiro dentre os períodos de 2008 a 2012. CONTAS PATRIMONIAIS ATIVO 2008 2009 2010 2011 2012 ATIVO CIRCULANTE R$ 6.311,78 R$ 12.028,60 R$ 26.047,68 R$ 53.121,30 R$ 109.879,73 Caixa R$ 1.657,86 R$ 272,86 R$ 450,00 R$ 1.257,19 R$ 2.449,97 Contas a Receber R$ 3.210,59 R$ 5.320,86 R$ 14.110,26 R$ 23.566,54 R$ 53.622,99 (-) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa -R$ 128,42 -R$ 212,83 -R$ 423,31 -R$ 471,33 -R$ 1.072,46 Estoques R$ 1.571,75 R$ 6.647,71 R$ 11.910,73 R$ 28.768,90 R$ 54.879,23 ATIVO NÃO CIRCULANTE R$ 7.550,00 R$ 11.171,75 R$ 8.000,00 R$ 14.000,00 R$ 21.678,04 ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO -Duplicatas a Receber R$ 350,00 R$ 1.571,75 R$ 0,00 R$ 800,00 R$ 4.478,04 IMOBILIZADO Computadores e Impressoras R$ 8.000,00 (-) Depreciação Acumulada de Computadores e Impressoras -R$ 1.600,00 Móveis e Utensílios R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 8.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 (-) Depreciação Acumulada de Móveis e utensílios -R$ 800,00 -R$ 1.600,00 -R$ 2.400,00 -R$ 3.600,00 -R$ 4.800,00 Veículos R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 6.000,00 R$ 6.000,00 (-) Depreciação Acumulação de Veículos -R$ 800,00 -R$ 1.600,00 -R$ 1.200,00 -R$ 2.400,00 R$ 23.200,35 R$ 34.047,68 R$ 67.121,30 R$ 131.557,77 TOTAL DO ATIVO R$ 13.861,78 Fonte - Dados da pesquisa, 2013. Quadro 03 - Dados patrimoniais do Passivo da empresa Mercadinho Monteiro dentre os períodos 2008 a 2012. CONTAS PATRIMONIAIS PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE 2008 2009 2010 2011 2012 R$ 4.033,78 R$ 7.442,72 R$ 18.957,35 R$ 38.529,96 R$ 101.547,07 Fornecedor R$ 2.729,00 R$ 4.522,73 R$ 11.993,72 R$ 20.023,06 R$ 45.579,54 Salários a Pagar R$ 100,00 R$ 150,00 R$ 600,00 R$ 1.500,00 R$ 4.000,00 Aluguéis a Pagar R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 250,00 R$ 500,00 R$ 1.000,00 545 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Impostos a Pagar R$ 104,78 R$ 169,99 R$ 350,87 R$ 1.536,90 R$ 2.976,57 Contas a Pagar R$ 1.000,00 R$ 2.500,00 R$ 5.762,76 R$ 14.970,00 R$ 47.990,96 PASSIVO NÃO CIRCULANTE R$ 0,00 R$ 3.800,00 R$ 4.500,00 R$ 10.000,00 R$ 9.000,00 PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO - Duplicatas a Pagar R$ 0,00 R$ 3.800,00 R$ 4.500,00 R$ 10.000,00 R$ 9.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO R$ 9.828,00 R$ 11.957,63 R$ 10.590,33 R$ 18.591,34 R$ 21.010,70 Capital Social R$ 9.500,00 R$ 9.500,00 R$ 9.500,00 R$ 9.500,00 R$ 9.500,00 R$ 328,00 R$ 2.457,63 R$ 1.090,33 R$ 9.091,34 Lucros ou Prejuízos Acumulados Resultado do Exercício R$ 328,00 R$ 2.129,63 -R$ 1.367,30 R$ 8.001,01 R$ 2.419,36 TOTAL DO PASSIVO R$ 13.861,78 R$ 23.200,35 R$ 34.047,68 R$ 67.121,30 R$ 131.557,77 Fonte - Dados da pesquisa, 2013. Quadro 04 - Dados da DRE dentre os períodos 2008 a 2012. DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCICIO 2008 2009 2010 2011 2012 RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS R$ 31.433,00 R$ 50.995,80 R$ 105.260,39 R$ 337.163,48 R$ 522.206,67 ( - ) Impostos sobre vendas -R$ 1.257,32 -R$ 2.039,83 -R$ 4.210,42 -R$ 18.442,84 -R$ 35.718,94 R$ 30.175,68 R$ 48.955,97 R$ 101.049,97 R$ 318.720,64 R$ 486.487,73 -R$ 24.140,36 -R$ 36.536,51 -R$ 80.629,46 -R$ 254.056,37 -R$ 387.404,24 R$ 6.035,32 R$ 12.419,46 R$ 20.420,51 R$ 64.664,27 R$ 99.083,49 Aluguel -R$ 1.200,00 -R$ 1.200,00 -R$ 3.000,00 -R$ 6.000,00 -R$ 12.000,00 Alvará funcionamento -R$ 50,00 -R$ 50,00 -R$ 80,00 -R$ 150,00 -R$ 150,00 Agua, Luz e Telefone -R$ 650,00 -R$ 700,00 -R$ 1.450,00 -R$ 6.000,00 -R$ 8.400,00 Material Limpeza -R$ 350,00 -R$ 350,00 -R$ 400,00 -R$ 590,00 -R$ 670,00 Salários -R$ 1.200,00 -R$ 1.800,00 -R$ 7.200,00 -R$ 18.000,00 -R$ 42.000,00 Provisão para devedores duvidosos -R$ 1.257,32 -R$ 2.039,83 -R$ 3.157,81 -R$ 6.723,26 -R$ 10.444,13 Despesas com veículo (combustível, manutenção, emplacamento) R$ 0,00 -R$ 1.050,00 -R$ 2.000,00 -R$ 3.500,00 -R$ 4.200,00 Outras despesas operacionais -R$ 1.000,00 -R$ 1.900,00 -R$ 3.300,00 -R$ 5.700,00 -R$ 8.800,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 328,00 R$ 3.329,63 -R$ 167,30 R$ 18.001,01 R$ 12.419,36 = RECEITA LÍQUIDA ( - ) Custo das Mercadorias Vendidas = LUCRO BRUTO ( - ) Despesas Operacionais ( + ) Outras receitas operacionais = LUCRO OPERACIONAL 546 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ( - ) Despesas não operacionais - Retiradas Pró-labore = LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Fonte - R$ 0,00 -R$ 1.200,00 -R$ 1.200,00 -R$ 10.000,00 -R$ 10.000,00 R$ 328,00 R$ 2.129,63 -R$ 1.367,30 R$ 8.001,01 R$ 2.419,36 Dados da pesquisa, 2013 547 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.2 Avaliação do desempenho financeiro-econômico da empresa comercial Mercadinho Monteiro. 4.2.1 Análise dos índices de liquidez Na empresa Mercadinho Monteiro foram analisados os índices de liquidez tomando por base R$ 1,00 de recursos, onde quanto maior for o índice melhor. Tabela 1 - Índices de liquidez da empresa Mercadinho Monteiro. 2008 2009 2010 2011 2012 Índice de Liquidez Geral 1,65 1,21 1,11 1,11 1,03 Índice de Liquidez Corrente 1,56 1,62 1,37 1,38 1,08 Índice de Liquidez Seca 1,18 0,72 0,75 0,63 0,54 Índice de Liquidez Imediata 0,41 0,04 0,02 0,03 0,02 Fonte - Dados da pesquisa, 2013. Analisando o índice de liquidez geral da empresa, observa-se que a empresa apresentou durante os períodos uma capacidade de saldar seus compromissos de curto e longo prazo. Doravante, essa capacidade vem reduzindo gradualmente a cada exercício, o que indica um alerta para a empresa aumentando o risco de insolvência. Tal que em 2008 para cada R$ 1,00 de dívidas que a empresa possuía ela detinha R$ 1,65 de ativos para saldá-las, já em 2012 para cada R$ 1,00 de dívidas totais a empresa tinha 1,03 de ativos para satisfazer seus débitos. No que se refere aos índices de liquidez corrente, este demonstrou que a empresa deteve uma capacidade de liquidar suas obrigações de curto prazo satisfatória durante o período, porém a cada período o índice apresenta uma redução. Em 2009, para cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo a empresa possuía R$ 1,62 disponíveis a curto prazo, logo em 2012 para cada unidade monetária de dívidas de curto prazo a empresa tinha disponível R$ 1,08. Quanto a sua liquidez seca, observasse que a empresa vem aumentando sua dependência em relação ao uso do estoque como garantia dos pagamentos das obrigações a curto prazo. Em 2008 o índice de liquidez seca foi de R$ 1,18, já a partir de 2009 o índice se manteve abaixo de R$ 1,00, e em 2012, para cada R$ 1,00 de dívidas exigíveis de curto prazo a empresa dispunha de R$ 0,54 de valores referentes ao seu caixa e contas a receber. Este índice evidencia que a empresa vem perdendo sua capacidade de solvência a curto prazo indicando uma necessidade cada vez maior no uso de seus estoques para se manter solvente. Em relação à liquidez imediata, o Mercadinho Monteiro não apresenta boa capacidade de liquidar de forma imediata suas dívidas de curto prazo, sendo que em 2012 para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo a empresa tinha em caixa R$ 0,02. Entretanto deve-se ressaltar que esse resultado não pode ser considerado desesperador para a empresa, pelo fato de ser desaconselhável na atualidade manter disponibilidades elevadas, sendo de costume da maioria das empresas alocarem esses recursos para outras opções mais rentáveis. A análise conjunta dos índices de liquidez sugere que a empresa possua no seu ativo recursos necessários ao pagamento de suas obrigações de curto e longo prazo, mas se vê cada vez mais dependente de sua capacidade de geração de recursos para efetuar o pagamento de suas dívidas, principalmente a prazos mais curtos e imediatos. 563 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE De acordo com o administrador proprietário da empresa Mercadinho Monteiro, o prazo médio concedido pelos seus fornecedores é de 30 dias, sendo o mesmo prazo que a empresa concede a seus clientes. Tais fatores indicam que a maior parte das movimentações financeiras é circulante, sendo necessária uma sincronização eficiente para que a empresa honre seus compromissos. 4.2.2 Análise dos índices de estrutura de capital Os índices de estrutura de capital destacam a situação financeira apreciando o seu nível de endividamento. Na análise foram utilizados os índices de estrutura com base em R$ 1,00 de recursos, conforme descrito no referencial teórico. Tabela 2 - Índice de estrutura de capital da empresa Mercadinho Monteiro. 2008 2009 2010 2011 2012 Participação de Capital de Terceiros 0,29 0,48 0,69 0,72 0,84 Garantia de Capital Próprio ao Capital de Terceiros 2,44 1,06 0,45 0,38 0,19 Composição do Endividamento 1,00 0,66 0,81 0,79 0,92 Fonte - Dados da pesquisa, 2013. Em relação à participação de capitais de terceiros sobre recursos totais da empresa Mercadinho Monteiro, a situação no seu aspecto quantitativo é tida como preocupante. Em 2012, por exemplo, de cada R$ 1,00 dos recursos totais, R$ 0,84 são de capitais de terceiros, isso torna a empresa mais vulnerável e insegura quanto ao cumprimento de suas obrigações. Tal situação pode ser mais confortável se a empresa for rentável já que o lucro não distribuído irá compor o patrimônio liquido, reduzindo o endividamento. No que se refere à garantia de capital próprio ao capital de terceiros, a empresa não dispõe de recursos próprios suficientes que possam efetivamente garantir o pagamento de recursos advindos de capital de terceiros. Isto se visualiza a partir de 2011, pois observasse que para cada R$ 1,00 de capital de terceiros existia R$ 0,38 de capital próprio como garantia, sendo que essa garantia no exercício seguinte se torna ainda menor, sendo de R$ 0,19. Quanto à composição do endividamento da empresa verifica-se que as dívidas são em grande parte de curto prazo. Tal que em 2012 para cada R$ 1,00 de dívidas existentes, R$ 0,92 correspondiam a dívidas de curto prazo, principalmente de obrigações com fornecedores, podendo gerar desconfiança quanto ao cumprimento de obrigações. Cabe considerar que tais recursos advindos de terceiros são originários em grande parte dos fornecedores e os mesmos não exigem juros quando evidentemente realizado nos seus devidos prazos, tal fator exige sincronia de pagamentos entre as compras realizadas e contas a receber. Segundo o gestor da empresa ele não faz um planejamento financeiro detalhado, mas procura ajustar suas dívidas de acordo com os valores a receber. Conforme apresentado os índices de participação de capital de terceiros e de composição do endividamento estão em ascendência enquanto que o índice de garantia de capital próprio está em declínio. Com isso fica evidenciado que a empresa a cada período se 564 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE utiliza cada vez mais, de recursos de terceiros para desenvolver suas atividades e fornece menos garantias quanto à quitação de seus débitos, não conseguindo equilibrar de forma sadia a utilização de capital de terceiros e também utilizar eficientemente a proporção na distribuição de prazos para efetuar o pagamento de suas obrigações. 4.2.3 Análise dos índices de rentabilidade Os índices de rentabilidade evidenciam a capacidade econômica na perspectiva de sua lucratividade, sendo que o giro do ativo foi calculado e analisado na base unitária, e os demais em dados percentuais, conforme abordado no referencial teórico. Tabela 3 - Índices de rentabilidade da empresa Mercadinho Monteiro. 2008 2009 2010 2011 2012 Giro do Ativo 2,18 2,11 2,97 4,75 3,70 Margem Líquida 1,09% 4,35% -1,35% 2,51% 0,50% Rentabilidade do Ativo 2,37% 9,18% -4,02% 11,92% 1,84% Rentabilidade do Patrimônio Líquido 2,28% 14,79% -9,50% 55,58% 16,81% Fonte - Dados da pesquisa, 2013. No índice giro do ativo a empresa obteve uma evolução positiva na maioria dos períodos, apenas em 2009 e em 2012 o índice sofreu uma pequena variação abaixo do desempenho do período anterior. Em 2011 a empresa obteve seu melhor desempenho tal que para cada R$ 1,00 investido a empresa vendeu R$ 4,75, tal desempenho se deve especialmente ao aumento das vendas que teve um ótimo desempenho durante os exercícios. Em relação à margem líquida, este índice se mostrou irregular durante os períodos, alternando bons e maus momentos. Em 2010, por exemplo, a empresa apresentou um resultado negativo apresentando prejuízos, porem posteriormente a empresa apresentou resultados positivos. Em 2011 a margem líquida foi de 2,51%, o que significa dizer que para cada R$ 100,00 vendidos a empresa obteve R$ 2,51 de lucro. Quanto à rentabilidade do ativo o mesmo demonstra instabilidade dentre os períodos alternando momentos bons e ruins da rentabilidade. Em 2011 a empresa alcançou sua melhor rentabilidade R$ 11,92%, já em 2012 ele teve um de seus menores índices de rentabilidade sendo de 1,84%, ou seja, em 2012 para cada R$100,00 de investimento total a empresa obteve um lucro de R$ 1,84. No tocante a rentabilidade do patrimônio líquido, o desempenho foi inconstante, apresentando flutuações positivas e negativas, como em 2010 onde a empresa apresentou um prejuízo de 9,50%, mas em sua maioria o resultado pode ser visto como razoável, onde conseguiu manter em maior parte um rendimento superior a grande parte dos títulos de mercado, que oscilam em torno de 6%. Tendo 2012 como base, apesar da performance inferior ao do período anterior a empresa auferiu para cada R$ 100,00 de capital próprio investido o equivalente a R$ 16,81 de lucro. Ao analisar a DRE da empresa, percebe-se que as receitas aumentaram significativamente e as despesas operacionais cresceram abruptamente, o que nos sugere que a 565 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE empresa vende muito e tem uma receita líquida boa, mas suas despesas acabam por reduzir consideravelmente o lucro e consequentemente a rentabilidade da mesma. 4.3 Planejamento financeiro-econômico para a empresa comercial Mercadinho Monteiro. O trabalho delineou uma proposta de condução de algumas atividades entendidas como importantes, objetivando a melhora dos indicadores financeiros e econômicos da empresa fazendo com que ela se solidifique e ganhe estabilidade em seus exercícios posteriores. Tendo em vista os índices de liquidez da empresa percebe-se que a mesma vem demonstrando perda progressiva da capacidade de pagamento ao longo dos períodos, principalmente no que tange a prazos mais curtos. Utilizando dados do BP de 2012, referente ao ativo circulante e passivo circulante, pode ser visualizado no gráfico 1, que a empresa apoderou-se de recursos no seu ativo circulante suficiente para cumprir suas obrigações circulantes, porem cabe salientar que não existe uma distância considerável entre as variáveis, o que exige de forma mais aguda que a empresa se apodere de fato de seus recursos do ativo para que cubra suas obrigações. Gráfico 1 - Relação ativo circulante e passivo circulante da empresa Mercadinho Monteiro, 2012. PASSIVO CIRCULANTE … ATIVO CIRCULANTE … Fonte - Dados da pesquisa, 2013. Doravante quando o estoque não é utilizado para efeito de análise, conforme apresentado no gráfico 2, percebe-se que a empresa dispõe apenas de pouco mais da metade dos recursos necessários para tais obrigações. Tais situações evidenciam que a empresa apresenta dificuldades de liquidez a curto prazo, sendo dependente dos estoques para garantir sua liquidez corrente e que depende do giro dos mesmos para angariar recursos. Gráfico 2 - Relação ativo circulante (sem estoques) e passivo circulante da empresa Mercadinho Monteiro, 2012. PASSIVO CIRCULANTE … ATIVO CIRCULANTE (sem… Fonte - Dados da pesquisa, 2013. 566 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Existem dois fatores principais que afetam e reduzem a liquidez a curto prazo da empresa, diminuição do ativo circulante ou aumento do passivo circulante, com isso o que se tem a fazer para melhorar o desempenho é tomar ações que aumente o seu ativo circulante ou reduza seu passivo circulante. No que tange ao ativo um fator que poderia aumentar a liquidez da empresa seria o aumento do nível de estoques, porém a empresa já é dependente deles em relação a sua liquidez de longo prazo e também provém de poucos recursos próprios para isto e teria que, por exemplo, recorrer a terceiros para financiá-los, o que não melhoraria em nada sua situação, e estoques em excesso representam custos, correm o risco de ficar velhos e obsoletos, não sendo assim viável. A implementação de uma política bem definida de crédito aos clientes, tais como conceder aos clientes crédito em compras compatíveis com sua renda mensal, fazer pesquisas e procurar informações em relação a novos clientes, tal como utilizar de fato as ferramentas da Câmera de Dirigentes Lojistas – CDL, como consultas do CPF, favoreceriam a minimização das perdas, e maximizaria os valores a receber para empresa. Em relação às contas a receber é preciso estabelecer critérios e metodologias em relação às cobranças, para que esta atividade assuma o seu grau de importância. No que diz respeito aos inadimplentes estabelecer um sistema de cobranças periódicas, de forma a persuadi-los a cumprir e pagar seus débitos em atrasos. Ao analisar o BP, os fornecedores representam uma parcela significativa dos recursos financeiros da empresa, faz necessário que a empresa analise se o nível de compras é de fato indispensável, para se evitar o excesso, tendo em vista diminuir suas obrigações e com isso aumentar sua capacidade de saldar seus compromissos. A empresa também apresenta valores expressivos em relação a contas a pagar, sendo que em 2012 tal conta se mostrou a de maior valor. Faz necessário que a empresa reavalie suas dívidas contraídas durante o exercício e as planeje, tal que evite o acúmulo progressivo e desproporcional das obrigações pertinentes a contas a pagar, e monitore suas ações tendo em vista reduzir gradativamente os valores da conta e como consequência o Passivo Circulante. Em relação ao passivo, poderia negociar prazos maiores com seus fornecedores, que atualmente é em torno de 30 (trinta) dias, tendo em vista propiciar o ciclo de pagamentos das dívidas além do suficiente para que a empresa consiga gerar os recursos. Tendo em vista melhorar sua liquidez a prazos mais curtos, aumentando seu capital de giro. Em relação a sua estrutura de capital ele é composto em maior parte por capital de terceiros e suas obrigações são em maioria a curto prazo, o que a torna frágil financeiramente. Gráfico 3 - Relação percentual do capital próprio com o capital de terceiros, 2012. capital próprio 16% capital terceiros 84% Fonte - Dados da pesquisa, 2013. 567 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Conforme o gráfico 3, a empresa trabalha em sua maioria com recursos de terceiros, tal que sua participação só tem aumentado a cada período. Para que a empresa possa reverter esse quadro e melhorar sua capacidade financeira é preciso que ela melhore sua rentabilidade. A empresa apresenta um potencial interessante quanto às vendas onde detém um considerável giro do ativo, porem não consegue traduzir esse desempenho em lucro líquido, ou seja, apropriar-se de fato de capital para fortalecer o patrimônio da empresa. Do ponto de vista das despesas, estas evoluíram significativamente a cada exercício,de acordo com o gráfico 4. Em 2010 as despesas cresceram em 126% enquanto que no mesmo período as receitas cresceram 106%, em 2012 apesar de a empresa ter obtido lucro as despesas cresceram mais do que as receitas. Ou seja, a empresa não está se planejando financeiramente, agindo ineficientemente na coordenação e utilização de seus recursos. Será importante que a empresa reavalie suas despesas investigando o que pode ser melhorado e quais gastos podem ser reduzidos. Atentar se está havendo desperdício de insumos, sejam equipamentos, ferramentas ou mão-de-obra, cabe salientar que em 2012 as despesas com funcionários representaram quase metade das despesas totais da organização, de acordo com dados da DRE. Em relação ao pró-labore, será importante que não se aumente o valor das retidas mensais, se possível reduzir, será benéfico para a empresa. Gráfico 4 - Crescimento anual das receitas e despesas da empresa Mercadinho Monteiro. 215,41% 126% 106,41% 127% 62,24%59% 86% 52,64% 0% 2008 2009 Receita Líquida 2010 2011 Despesas totais 2012 Fonte - Dados da pesquisa, 2013. Outra alternativa, para a empresa melhorar a rentabilidade seria a mesma optar por um reajuste nos preços vendas das mercadorias ou ampliar o número de vendas, de modo que aumente sua margem líquida, evidentemente a empresa deve analisar o mercado e a concorrência de modo que se verifique a viabilidade de tal atitude. Caso contrário poderá impactar negativamente sobre as vendas e agravar ainda mais sua situação econômica. 2 CONSIDERAÇÕES FINAIS As informações obtidas descrevem e explicam categoricamente a performance da empresa estudada durante os períodos analisados, e indicam a empresa ações que podem ser úteis para desenvolver seu planejamento financeiro-econômico. Em relação ao desempenho financeiro na perspectiva de liquidez da Empresa Mercadinho Monteiro, conclui-se que os resultados auferidos são aceitáveis, porem preocupantes, em especial a mesma apresenta dificuldades a prazo mais curtos, sendo que a 568 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE empresa apresenta uma perda gradativa da sua capacidade de pagamento a cada ano, o que indica que as tendências não são favoráveis. Tendo em vista a atividade financeira na concepção de sua estrutura de capitais da Empresa Mercadinho Monteiro os resultados são preocupantes, a empresa é composta em sua maior parte por capital de terceiros e suas dívidas são em maioria a curto prazo, tais fatores alargam o risco de insolvência e não cumprimento das obrigações. No que diz respeito à performance econômica tendo em vista a rentabilidade da Empresa Mercadinho Monteiro, averigua-se que são aceitáveis os resultados, porem aquém do potencial existente da organização, apresentando grandes oscilações dentre os períodos. Tendo em vista a realidade financeiro-econômica da empresa, seria importante para a empresa buscar orientação junto ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (SEBRAE), para buscar informações sobre minimização de custos, formulação do preço de venda das mercadorias, inovações no negócio e aperfeiçoar a gestão administrativa e financeira, além de promover consultorias e cursos no intuito de profissionalizar as práticas adotadas pela empresa visando torná-la mais competitiva. É oportuno que a empresa analise as demonstrações contábeis apresentadas pelo contador, buscando esclarecimento com o mesmo para compreender a conjuntura das demonstrações, pois elas representam um importante instrumento para o processo de tomada de decisões em diferentes níveis, por fornecer informações patrimoniais, financeiras e econômicas da entidade em geral. Outra perspectiva relevante é que a empresa invista na fomentação dos dados do fluxo de caixa, alimentando diariamente com todas as informações pertinentes a entradas e saídas de recursos financeiros. Em relação à concessão de crédito será fundamental que a empresa aperfeiçoe sua política, tendo em vista possibilitar vendas mais seguras e que não rendam despesas adicionais para a empresa, a parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) é elementar, doravante é essencial que a empresa mercadinho monteiro se utilize das informações e ferramentas que o órgão dispõe. O referente trabalho pode servir de alicerce para demais pesquisas acadêmicas na área financeira, podendo se ampliar a temática do trabalho estudando os índices sobre outras perspectivas tal como a análise por índice padrão proposta por Marion (2010) ou manter a mesma linha de pesquisa abordando outros índices, como os índices de atividade, que trabalham sobre o enfoque de prazos médios e giro do estoque. E por fim, outra recomendação seria ampliar o estudo das demonstrações contábeis utilizadas, tais como utilizar para o estudo e análise além do BP e DRE outras demonstrações contábeis. 569 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE REFERÊNCIAS COOPER, Donald R.; SCHINDLER, Pamela S. Métodos de pesquisa em administração. Tradução Luciana de Oliveira da Rocha 7. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. CORRAR, Luiz J.; THEÓPHILO, Carlos Renato (coord.). Pesquisa operacional para decisão em contabilidade e administração: contabilometria. 2. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008. FIGUEREDO, A. M. de; SOUZA, S. R. G. de. Como elaborar projetos, monografias, dissertações e teses: da redação científica à apresentação do texto final. 4. Ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 1999. ___________. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008. ____________. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. 7. Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008. MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis. 6. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A.: 2010. ____________. Contabilidade Empresarial. 9. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2011. MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. 6. Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2003. SEBRAE; (Org.). Anuário do trabalho na micro e pequena empresa: 2010-2011. 4. Ed. São Paulo, 2011. SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Coleção de Estudos e Pesquisas 2011. Taxas de sobrevivência das empresas no Brasil. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/45465B1C66A6772D832579300051816C /$File/NT00046582.pdf>. Acesso em 01 jan. de 2013. 570 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ITG 1000, RISCO DE DETECÇÃO E INFORMAÇÃO CONTÁBIL: UMA ANÁLISE TEÓRICA SOBRE A RELAÇÃO CUSTO VERSUS BENEFÍCIO PARA AS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE AUTORES: Mateus Alexandre Costa dos Santos, Luiz Carlos Marques dos Anjos, Paulo Roberto Nóbrega Cavalcante e Paulo Aguiar do Monte. RESUMO Estima-se que, atualmente, exista no Brasil mais de 8 milhões de entidades que deveriam adotar o Pronunciamento Técnico CPC PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Por outro lado, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) aprovou a Interpretação Técnica Geral (ITG) 1000, que define um modelo contábil para as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), com vigência desde 2012. Este ensaio tem por objetivo discutir aspectos relacionados aos incentivos a que estão submetidos os indivíduos (proprietários) no tocante à adoção ou não da ITG 1000, bem como aos possíveis cenários decorrentes das respostas desses indivíduos a tais incentivos. Para desenvolvimento deste trabalho, foi assumido, como pressuposto básico, que não há a interrelação da decisão entre optar por manter apenas a escrituração do livro caixa, ou adotar a ITG 1000, com outras escolhas econômicas. A discussão baseia-se nos pressupostos da racionalidade econômica e assume que os indivíduos, sob a incerteza, comportam-se no sentido Von Neumann-Morgenstern. Além disso, orienta-se pelo modelo clássico proposto por Allingham e Sandmo (1972), referente à teoria econômica da evasão tributária. Percebe-se que o sucesso na adoção da ITG 1000 pode ser alcançado com a conscientização dos segmentos envolvidos (entidades e profissionais) e com a inibição e punição de condutas adversas, permitindo inferir que a adoção da ITG 1000, em um sentido macro depende muito mais de ações da classe contábil, do que propriamente de uma decisão da gestão. Palavras-Chave: ITG 1000. Contabilidade para Micro e Pequenas Empresas. Regulação Contábil. 1. INTRODUÇÃO A prática contábil brasileira foi sendo moldada ao longo dos anos, influenciada pela escola italiana e com forte interferência estatal, sobretudo a de caráter tributário. Para a grande maioria das empresas, a informação contábil era sinônimo de informação para o fisco. Em muitos casos, a decisão de manter a escrituração contábil se dava em função da exigência ou não, pelo fisco, dessa “obrigação”. Estima-se que, atualmente, exista no Brasil mais de 9 milhões de entidades privadas com fins lucrativos (exceto microempreendedor individual – MEI) (SEBRAE, 2014). Dentre estas, não mais que 1% está sujeito à adoção obrigatória do conjunto completo dos IFRS, “obrigação” que, na verdade, representa uma vantagem competitiva no que se trata de captação de investimentos. Já para as demais, que totalizam, aproximadamente, mais de 8 milhões de entidades, restou a adoção dos Pronunciamento Técnico CPC PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas. Apesar de dispensar um tratamento contábil mais simplificado, o CPC PME encerra um nível de complexidade incompatível com boa parte das necessidades informacionais das pequenas e médias empresas brasileiras, o que tende a violar a mais básica relação econômica 571 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE do custo versus benefício, cujo equilíbrio é reconhecido como necessário no próprio CPC PME R1: “Os benefícios derivados da informação devem exceder o custo de produzi-la”. (CPC, 2009, p. 10) Recentemente, o Conselho federal de Contabilidade (CFC) aprovou, por meio da Resolução CFC nº 1.418/2012, a Interpretação Técnica Geral (ITG) 1000, que define um modelo contábil para as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), com vigência desde 2012. A aprovação da ITG 1000 representa o reconhecimento de que as ME/EPP necessitam de uma atenção especial, mas, ao mesmo tempo, sinaliza o reconhecimento da não efetividade do CPC PME para tais entidades, além de oferecer uma alternativa contábil viável que pode estimular tais entidades a realizar, efetivamente, a sua escrituração contábil. Diante desse contexto, e assumindo que o custo de produzir a informação contábil é do proprietário da entidade (ME, EPP ou PME), algumas questões merecem reflexões. Por exemplo, a escrituração contábil simplificada definida pela ITG 1000 é capaz de gerar informação útil para os proprietários das entidades? Os proprietários e gestores conseguem compreender a utilidade da informação contábil além daquela relacionada à exigência tributária? O benefício gerado por essa informação, na ótica desses usuários, excede o custo de obtê-la? Sendo assim, este ensaio tem por objetivo discutir aspectos relacionados aos incentivos a que estão submetidos os indivíduos (proprietários) no tocante à adoção ou não da ITG 1000, bem como aos possíveis cenários decorrentes das respostas desses indivíduos a tais incentivos. Para desenvolvimento deste trabalho, foi assumido, como pressuposto básico, que não há a inter-relação dessa decisão com outras escolhas econômicas. A discussão baseia-se nos pressupostos da racionalidade econômica e assume que os indivíduos, sob a incerteza, comportam-se no sentido Von Neumann-Morgenstern. Além disso, orienta-se pelo modelo clássico proposto por Allingham e Sandmo (1972), referente à teoria econômica da evasão tributária. Por fim, frise-se que não é objeto dessa discussão a avaliação do conteúdo da ITG 1000, mas sim, da sua adoção. 2. Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP) O empresário, a empresa individual de responsabilidade limitada, a sociedade empresária e a sociedade simples, podem enquadrar-se na condição de ME ou EPP em um determinado ano, em função da receita bruta auferida no ano anterior. ME é definida como aquela empresa cuja receita bruta foi igual ou inferior a R$ 360.000,00, já a EPP é aquela cuja receita tenha sido superior a esse limite e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00. Esse é um segmento empresarial altamente representativo no Brasil. Estima-se que atualmente, pelo menos 7,7 milhões de empresas sejam classificadas como ME ou EPP, o que consiste em uma parcela de, aproximadamente, 62% dos mais de 12 milhões de empreendimentos privados estabelecidos4. 4 De acordo com as estatísticas apresentadas disponíveis no Portal Simples Nacional, em 30/08/2014, havia no Brasil 9.138.596 de entidades optantes pelo Simples Nacional e 4.342.585 Microempreendedores Individuais (MEI) formalizados (www8.receita.fazenda.gov.br). Conforme a BM&Fbovespa , em 08/2014, havia 522 companhias listadas (www.bmfbosvepa.com.br). Segundo a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), aproximadamente 1,5 milhão de pessoas jurídicas apresentaram declarações do IRPJ/2013 (www.receita.fazenda.gov.br) 572 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE As ME/EPP, em sua grande maioria, são entidades familiares, geridas pelo próprio dono. Não há separação entre propriedade e controle, portanto, os problemas internos de agência tendem a ser pouco significativos ou até mesmo inexistentes. Por outro lado, na sua relação com os demais agentes, tais como, bancos, clientes e empregados tem-se presente a assimetria informacional que dentre outros impactos traz o aumento do custo de capital (ALLEE; YOHN, 2009; HUSSAIN; MILLMAN; MATLEY, 2006; BECK, KUNT; 2006; CASSAR; HOLMES, 2003). Estudos como o de Anjos et al. (2012) e de Caneca et al. (2009) mostram que a prédisposição de se divulgar a informação contábil, dada sua não obrigatoriedade nestas entidades, decorre de relações de confiança entre o empresário e a outra parte, fato que não necessariamente se identifica entre proprietário e contador. Este fato é decorrente, também, da percepção dos empresários de que a contabilidade, na forma que lhes é fornecida, seria apenas uma obrigação de conformidade tributária e / ou legal. O enfoque fiscal, conforme descrito por Hendriksen e Van Breda (1999) e Iudícibus (2010), notadamente exerce influência sobre as relações profissionais de prestação de serviços entre contadores e micro e pequenos empresários. Não apenas na percepção destes, mas na dos contadores também que entendem que já prestam serviços e informações suficientemente relevantes para a gestão, ao passo que os gestores estão pré-dispostos a remunerar mais os contadores por informações úteis à sua tomada de decisão (CANECA et al, 2009; MIRANDA et al, 2008). No tocante à escrituração contábil, percebe-se que a sua dispensa ou simplificação, aparentemente, seria um benefício para tais entidades. Sob essa lógica, a informação contábil, aparentemente, tende a ser vista como um “encargo” e não um elemento necessário à gestão das ME/EPP. 3. Escrituração Contábil e Informação Contábil O Código Civil (CC) determina que as entidades empresariais devem manter sistema de contabilidade com base na escrituração uniforme de seus livros, bem como elaborar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. O pequeno empresário é dispensado dessa obrigação. A LC123, por sua vez, em nenhum dos seus dispositivos dispensa a manutenção da escrituração contábil por parte da ME/EPP. Contudo, em seu art. 27, prevê a possibilidade das ME/EPP adotarem, opcionalmente, uma contabilidade simplificada. Como se vê, há apenas duas opções para a escrituração/contabilidade: (1) completa; e (2) simplificada. Em ambas é subjacente a obrigatoriedade de manter a escrituração contábil. Um ponto de controvérsia é quanto à previsão tributária acerca da escrituração do livro-caixa. Em seu art. 26, a LC123 dispõe que as ME/EPP estão obrigadas, em síntese, a emitir documento fiscal e a manter em boa ordem e guarda os documentos que suportam a apuração dos tributos devidos e o cumprimento das obrigações acessórias. Mais adiante, o § 2o desse mesmo artigo determina que além das obrigações acima mencionadas, as ME/EPP “deverão, ainda, manter o livro-caixa em que será escriturada sua movimentação financeira e bancária” [grifo nosso]. Esse comando é claro: para fins tributários, deverá ser escriturado o livro-caixa. Ele não prevê a possibilidade de a escrituração contábil ser substituída pelo livro-caixa, simplesmente por este ser uma obrigação tributária acessória. 573 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE No que compete à contabilidade simplificada, a LC123 prevê que a sua regulamentação será realizada pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN). Em atendimento a essa previsão, o CGSN, atualmente por meio da Resolução CGSN nº 94/2011, determina que a contabilidade “simplificada” a ser adotada pelas ME/EPP deverá atender as disposições previstas no CC e nas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) emitidas pelo CFC5 (art. 65). A determinação acima tem a fundamentação legal reforçada pela atribuição legal do CFC, conferida pela Lei nº 12.249/2010 que alterou o Decreto-Lei nº 9.295/1946 (DL9295), quanto à regulação dos princípios contábeis e a edição das NBC, tanto de natureza técnica quanto profissional. E foi com base nessa atribuição que o CFC, por meio da Resolução CFC nº 1.418/2012, aprovou a ITG 1000. Interpretação que vai ao encontro da previsão legal contida na LC123 e regulamentada pelo CGSN. Contudo, o que se verifica é que muitas ME/EPP simplesmente não mantêm a sua escrituração contábil, limitando-se, equivocadamente, à escrituração do livro-caixa, a fim de atender uma exigência tributária mínima. (SELL, 2005) A escrituração contábil, nesse contexto, é compreendida, exclusivamente, como um custo de conformidade tributário. Como não há a previsão de uma penalidade expressa e específica pelo não atendimento dessa obrigação por parte das entidades optantes do Simples Nacional, a decisão de efetuar ou não a escrituração contábil, e correlatamente, de adotar a ITG1000 ou não, tende a se concentrar, preponderantemente, na avaliação da percepção do benefício marginal a ser produzido pela informação contábil ante o custo incremental decorrente da realização da escrituração contábil. Contudo, é importante destacar que as ME/EPP têm em comum diversas características, dentre as quais, neste momento, destaca-se a sua gestão. No Brasil, essas entidades costumam ser empresas familiares, com alta concentração da gestão, e má qualificação desta para as atividades administrativas (MIRANDA et al, 2008; OLEIRO; DAMEDA; VICTOR, 2007; IBGE, 2003). Sendo assim, a despeito do atendimento a uma obrigação legal, a informação contábil pode gerar inúmero benefícios, sendo útil em diversas situações como pode ser verificado no Quadro 1. AUTOR Lucena (2004) Uedo e Casa Nova (2006) Oleiro, Dameda e Victor (2007) Caneca (2009) INFORMAÇÃO Previsão de vendas; Necessidades de caixa; Controles de despesas financeiras; Controle dos prazos de vendas e compras. Gestão financeira que auxilie o acesso ao crédito; Controle de clientes e fornecedores; Gestão do capital de giro; Gestão Fiscal; Controle de estoque. Controle do imobilizado; Análise da margem de lucro; Controle de despesas. Controle da folha de pagamento; Controle de tributos e contribuições; Controle do contas a pagar; Cálculo do caixa gerado no mês; Cálculo do lucro gerado no mês; Depreciação do imobilizado. Quadro 2 – Utilidade da Contabilidade em ME/ EPP Apesar da evidente utilidade da informação contábil, diversas pesquisas mostram que micro e pequenos empresários baseiam suas decisões nas suas intuições ou experiências 5 Essa determinação foi inicialmente prevista por meio da Resolução CGSN nº 28/2008, que alterou a Resolução CGSN nº 10/2008. Esta última foi revogada pela Resolução CGSN nº 94/2011 574 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE vividas (MIRANDA et al., 2008; CANECA et al., 2009; ANJOS et al., 2012). Por outro lado o IBGE (2003) mostra que uma característica dessas organizações, e que contribui para menores taxas de sobrevivência, são os registros contábeis pouco adequados, decorrentes de grande influência da legislação tributária nas atividades profissionais contábeis. Adicionalmente, frise-se que a informação contábil pode propiciar um maior nível de transparência e controle, reduzindo, assim, a assimetria informacional nas relações contratuais das ME/EPP, o que pode contribuir, por exemplo, com a redução do custo do capital obtido junto às instituições financeiras. (ALLEE; YOHN, 2009) Sendo assim, a ITG 1000 possibilita o surgimento de um ambiente onde a informação contábil pode revelar sua importância para a gestão, por meio de uma conscientização dos profissionais contábeis acerca da importância de elaborar relatórios tempestivos e confiáveis para seus clientes. Sob a perspectiva do profissional contábil, é importante destacar que a elaboração da escrituração contábil e a elaboração/levantamento das demonstrações contábeis representam trabalhos técnicos de contabilidade previstos na alínea “b” do art. 25 do DL9295. Trabalhos estes que devem, necessariamente, ser realizados de forma independente e em observância aos princípios de contabilidade e às NBC. Desse modo, verifica-se que a não aplicação da ITG 1000 (não elaborar a escrituração contábil) configura-se em transgressão ético-disciplinar, podendo sujeitar o profissional a penalidades. 4. Algumas Reflexões. 4.1. Benefício Percebido da ITG 1000 Como em qualquer decisão, os aspectos dominantes são o custo de implementação (Ct) e o benefício a ser obtido (Bnf). A decisão será implementada se e somente se Bnf > Ct, ressaltando que ambos, necessariamente, não estão restritos apenas a dimensão monetária. Na presente análise, assume-se que a adoção da ITG 1000 é uma decisão alternativa e exclusiva à adoção do livro-caixa. Tem-se, então, a decisão entre o consumo de dois bens, mutuamente exclusivos, os benefícios líquidos gerados pela ITG 1000 (Bnf ITG) e os benefícios líquidos gerados pelo livro-caixa (Bnf LCX). Considerando que os bens são substitutos perfeitos, a taxa marginal de substituição de um bem pelo outro é constante, indicando um formato linear da curva de indiferença. No caso em questão, a situação de equilíbrio será caracterizada como uma solução de canto, significando que o consumidor consome apenas de um bem (1LCX, 0ITG) ou (0LCX, 1ITG), conforme demonstrado na Figura 1. Assim, racionalmente, a escolha entre um ou outro bem tenderia a ser direcionada pelo seu preço, neste caso, pelo custo da sua implementação. 575 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ITG (1 ITG, 0 LCX) LC X (0 ITG, 1LCX) Figura 1 – Curva de Indiferença LCX versus ITG Contudo, em ambos os casos, Bnf é indefinido, dada a sua amplitude em função das diferentes percepções dos indivíduos em relação ao benefício a ser obtido com uma ou outra decisão. Porém, no caso do livro-caixa, tem-se, no mínimo, o atendimento de uma obrigação legal, que representa um custo mínimo e inevitável (CtLCX), pois, a falta de escrituração desse livro pode ensejar a exclusão da entidade do Simples Nacional. Assim, a permanência nesse regime representa um benefício direto de CtLCX. Já em relação à adoção da ITG 1000, o benefício - em teoria - existe e é superior aos custos envolvidos, no entanto, não está diretamente relacionado às obrigações acessórias do Simples Nacional, mas sim, apesar da exigência da legislação comercial, ao processo decisório dos donos/gestores das entidades. Entretanto, muitos proprietários / gestores não sabem ou não compreendem esse fato, portanto, não enxergam o benefício marginal na decisão de realizar a escrituração contábil e elaborar as respectivas demonstrações, só enxergando o custo dessa decisão (CtITG), o que resulta na situação em que BnfL CX Bnf ITG É possível assumir que o CtITG é composto por três parcelas distintas: (1) A primeira, trata-se de uma porção mais evidente, representativa dos gastos adicionais associados à decisão (ω), como por exemplo, o aumento no valor dos honorários a serem pagos ao contador e as taxas pelo registro do livro diário; (2) A segunda parcela advém da não percepção dos benefícios gerados pela adoção da norma (ν); e (3) A terceira decorre de fatores não passíveis de identificação (ε), tais como, o desejo de menor transparência e de não registrar das operações da entidade. Assim, tem-se que a relação entre Bnf e Ct, no tocante à decisão de adotar ou não a norma contábil, pode ser expressa da seguinte forma: * BnfITG Ct LCX (2) Onde, Bnf*ITG representa o benefício percebido acerca da ITG, o qual é resultado do efeito de sobre o benefício real (BnfITG). Sendo assim, é possível assumir que 1 * BnfITG BnfITG , em que, invariavelmente, ≥ 1. 576 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Como, necessariamente, (CtLCX + ω)>0 e ε é incerto e não controlável, podendo variar até dominar qualquer nível de BnfITG, tem-se ν como fator determinante para a decisão, naqueles casos em que ε tende a zero (a entidade funciona regularmente). A minimização ν, por sua vez, depende, teoricamente, da habilidade do profissional de demonstrar os benefícios efetivos gerados pela informação contábil para a tomada de decisão dos proprietários das ME e EPP. Habilidade esta que incorpora diversos aspectos, desde o conhecimento da norma contábil até questões éticas. Desse modo, tem-se que, inicialmente, Bnf*ITG=f(ν), cujo comportamento é demonstrado na Figura 2: Bnf Bnf*ITG BnfLCX Figura 2 – Benefício percebido da ITG 1000 Portanto, tem-se que quanto menor for (maior inclinação da curva Bnf*ITG), maior será o benefício percebido em relação à ITG. Por outro lado, o benefício atrelado ao LCX mantém-se constante em relação à Sob essa ideia, o ponto * resulta na indiferença quanto à escolha entre LCX e ITG, pois, em *, o benefício percebido vinculado a cada uma dessas opções seria o mesmo. Ao assumir que, necessariamente, BnfITG é superior à BnfLCX e excede os custos da sua implementação, os quais sempre podem ser suportados pela ME/EPP, tem-se que a decisão de adotar a ITG ou o LCX tende a ser direcionada por . BnfITG e BnfLCX são substitutos perfeitos e mutuamente exclusivos, de modo que a escolha ótima sempre resultará em um ou outro bem. Neste caso, não há de se falar em restrição orçamentária, pois, ela aqui não existe, uma vez que o orçamento sempre suportará qualquer escolha. Como esta é direcionada por , tem-se que a restrição que lhe é imposta reside justamente no nível dessa variável, o qual pode ser assim categorizado: (a) (b) e (c) 577 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE ITG ITG ITG a) * * Bnf ITG LCX Bnf LCX b) * * Bnf ITG LCX ~ Bnf LCX c) * Bnf LCX Bnf LCX * ITG Figura 3 – Escolha Ótima com restrição em Assim, a minimização de necessária à adoção da ITG 1000, será aquela em que essa variável alcance o valor imediatamente inferior à *.Dessa forma, é possível categorizar as ME/EPP em dois grupos: (gemp1) aquelas que já perceberam o benefício da ITG 1000 e, portanto, decidiram adotá-la; e (gemp2) aquelas que ainda não perceberam esse benefício ou não o desejam. Quanto à gemp1, tem-se, portanto, que < *. Além disso, as ME/EPP assim classificadas tendem a manter a sua situação, ou seja, não tomarão a decisão de deixar de usar a ITG. No caso de gemp2, a adoção da ITG 1000 dependerá da conjugação de diversos fatores, por exemplo, da capacidade do profissional de contabilidade minimizar ; ou da existência de profissionais dispostos a não aplicar a ITG 1000; ou pelo fato de ε>0, em proporção tal que domine qualquer nível de Bnf*ITG. 4.2. O Profissional de Contabilidade e o Risco de Detecção (φ) De acordo com Allingham e Sandmo (1972), a evasão tributária afeta a função utilidade do indivíduo. Sendo este avesso ao risco, a sua decisão de evadir, ou não, e quanto evadir, em um ambiente de incerteza, possui maior sensibilidade à penalidade imposta para esse comportamento e ao risco da sua detecção pelas autoridades tributárias (probabilidade de ser fiscalizado). Eis o modelo: EU 1 p U W X pU W X W X (1) em que: E[...] – operador de expectância; U é a utilidade; p é a probabilidade/risco de detecção (de ser fiscalizado);W é a renda real; X é a renda declarada às autoridades tributárias; θ é a alíquota do tributo; e π é a penalidade. Nessa modelagem teórica, Allingham e Sandmo (1972) demonstraram que quanto maior a probabilidade de detecção (p) e/ou maior a penalidade (π), menor será a utilidade do indivíduo em função da evasão, portanto, maior será a parcela declarada (X). Em suma, o indivíduo decidirá pela evasão se θ > pπ, na proporção da sua aversão ao risco. Utilizando os pressupostos subjacentes a esse modelo econômico e às suas conclusões, é possível analisar a decisão econômica do profissional de contabilidade relacionada à aplicação ou não da norma contábil, no caso a ITG 1000. Se de um lado cabe à ME/EPP a decisão ou não de adotar a ITG 1000, por outro lado, cabe ao profissional de contabilidade aceitar ou não essa decisão. 578 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE De uma maneira geral, é possível classificar esses profissionais em duas categorias: (gcont1) aqueles que, sob qualquer circunstância, aplicarão a ITG 1000 e que estão dispostos a abrir mão das ME/EPP que decidam o contrário; e (gcont2) aqueles que a aplicação ou não dessa norma dependerá do seu nível de aversão ao risco de detecção (φ) decorrente da atuação fiscalizatória dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRC). Sendo assim, tem-se que essa atuação fiscalizatória também pode ser considerada, via os efeitos de φ, um fator importante para aplicação efetiva da ITG 1000. Na relação entre os profissionais e a fiscalização dos CRC há assimetria informacional, uma vez que os CRC não sabem com precisão quais profissionais estão seguindo ou não as normas e interpretações contábeis, bem como, pelo fato de os profissionais não conhecerem a probabilidade de serem fiscalizados. Assim, tem-se que a não aplicação da ITG 1000 pelos profissionais é uma decisão tomada sob a incerteza. De um lado, a decisão de aplicar a ITG 1000, naqueles casos em que BnfITG não seja percebido pela ME/EPP, pode resultar na perda do cliente, afetando assim a utilidade econômica do profissional. De outro, a não aplicação dessa interpretação, se detectada, ensejará penalidades profissionais, que também afetarão negativamente a sua utilidade econômica, além dos efeitos negativos sobre a sua conduta profissional, do ponto de vista ético. Desse modo, considerando apenas os profissionais de gcont2, na situação em que a não aplicação da ITG 1000 foi a decisão, tem-se que a riqueza do profissional (W) será incrementada pela remuneração () adicional proveniente daquelas ME/EPP do gemp2 (gemp2). Contudo, a uma probabilidade φ, a conduta adversa poderá ser detectada, ensejando, assim, uma penalidade, a qual é assumida como composta por uma parcela mínima e fixa () e uma parcela vinculada a cada ME/EPP do gemp2 detectada (θ). Sendo assim, a função de utilidade esperada do profissional do gcont2 poderá ser assim definida: EU gcont2 1 U W gemp 2 U W gemp 2 (3) Assume-se que essa é a utilidade esperada da decisão do profissional que ainda não sofreu nenhuma fiscalização ou se sujeitou a qualquer penalidade ético-disciplinar, ou seja, profissional não é reincidente. Outrossim, a função não incorpora o efeito das penalidades éticas, na medida em que os possíveis efeitos sobre a riqueza do profissional (W) advindos de uma possível falta de prestígio ou sobre a penalidade esperada, por exemplo, são de difícil mensuração. Sob (3), os estados da riqueza do profissional, em função da sua decisão, poderão ser assim representados: 579 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE W sim B Aplicar a ITG 1000? W + (θ)gemp2 sim (φ) não Detectado pelo CRC? A não (1-φ) W + gemp2 Figura 4 – estados de riqueza Em que W < B < A, caso . g emp 2 A condição de primeira ordem para a obtenção de uma solução interior para o problema do contador é dada por: EU gcont2 1 U ' A U ' B 0 g emp 2 (4) Enquanto a condição de segunda ordem que satisfaz a concavidade da função utilidade, dada a aversão ao risco do profissional de contabilidade, é D 2 EU gcont2 g emp 2 2 2 EU gcont2 g emp 2 2 1 U ' A U ' B 0 2 2 0 . Assim: (5) Para que as condições sejam satisfeitas pelos parâmetros da função (φ, e), de modo que se obtenha uma solução interior, é preciso avaliar a utilidade esperada em gemp2=0 e gemp2= g*emp2 (ponto máximo), que consiste na quantidade ótima gemp2 que oferecerá a utilidade máxima para o profissional. Assim, em gemp2=g*emp2 tem-se que: EU gcont2 g emp 2 * * 1 U ' W g emp 2 U ' W g emp 2 0 (6) gemp 2 g*emp 2 Por outro lado, como a utilidade esperada decresce à medida que gemp2 diminui, em gemp2=0 (valor mínimo possível) verifica-se o menor nível de utilidade esperada para o profissional gcont2, portanto é possível assumir que: EU gcont2 g emp 2 1 U ' W U ' W 0 (7) gemp 2 0 580 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Considerando esses dois extremos, é possível expressar as respectivas condições da seguinte maneira: * U ' W g emp 2 1 * U ' W g emp 2 (6’) U ' W 1 U ' W (7’) Em (6’), a penalidade esperada, dado gemp2=g*emp2, tende a ser inferior ao incremento na riqueza do profissional, o que implica na aceitação das ME/EPP não dispostas a adotar a ITG 1000 até esse limite. Já a não aceitação dessas ME/EPP (gemp2=0), dar-se-á caso a penalidade esperada seja superior ao incremento individual de cada ME/EPP aceita sobre a riqueza do profissional, conforme (7’). Aqui, merece atenção o valor de , cuja magnitude poderá resultar no não estabelecimento de (7’). Pois, se varia a fim de compensar a penalidade esperada [φ(gemp2+)], tende a, necessariamente, ser maior que esta. Contudo, é importante frisar que a magnitude de é limitada pelo mercado. Ademais, como essa remuneração integra CtLCX, ter-se-á, por exemplo, em uma situação extrema, que o aumento de poderia elevar CtLCX a um nível superior ao do CtITG, decorrente de um profissional do gcont1, o que incentivaria a adoção da ITG 1000, mesmo sem qualquer redução em . Sendo assim, assume-se que sempre é limitado ao patamar em que CtLCX < CtITG , ou seja, que . Percebe-se que as condições reescritas em (6’) e (7’) assemelham-se àquelas propostas por Allingham e Sandmo (1972) em (5’) e (6’), respectivamente. Entretanto, há de se notar que as direções são contrárias, o que se deve ao fato de que, ao contrário do valor da renda a ser declarado para as autoridades tributárias, quanto maior o nível de gemp2, maior será a utilidade. Para finalizar, é importante avaliar a sensibilidade de gemp2 frente às variações de , φ, e . As premissas aqui assumidas levam em consideração que o profissional de contabilidade é avesso a φ e que a sua utilidade decresce à medida que φ(gemp2+) aumenta. Assim, tem-se que a medida absoluta de aversão ao risco de Arrow-Pratt para os dois estados de riqueza contemplados na função de utilidade esperada são funções decrescentes, o que indica que o profissional tende a diminuir a sua propensão a aceitar gemp2 à medida que a sua utilidade esperada aumenta. RAA U " A U ' A (8a) RAB U " B U ' B (8b) Aqui, observa-se que RAA < RAB. Diferenciando (4) por , verifica-se que: g emp 2 1 g emp 2 1 U ' ' A U ' ' B D 1 g emp 2 1 U ' A U ' B D (9) 581 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Ambos os termos de (9) são positivos, haja vista que o incremento em aumenta a riqueza do profissional e torna mais lucrativa a aceitação de clientes gemp2. Se assumirmos que sempre compensará o risco, até o limite de equilíbrio do mercado, tem-se que o seu aumento sempre ocorrerá, tendendo a mitigar os efeitos da aversão absoluta ao risco, implicando assim na não aplicação da ITG 1000. Já diferenciando (4) por φ, obtém-se: g emp 2 1 U ' A U ' B D (10) Aqui, a derivada é negativa, pois, como é de se esperar, dado a aversão absoluta ao risco ser decrescente, tem-se que um aumento na probabilidade de detecção reduzirá os casos de não aplicação da ITG 1000. Resolvendo a diferenciação de (4) para tem-se: g emp 2 1 1 g emp 2 U ' ' B U ' B D D (11) No mesmo sentido de (10), ambos os termos são negativos, revelando que o aumento na penalidade sempre resultará na redução dos casos de não aplicação da ITG 1000. Por fim, diferenciando (4) por : g emp 2 1 U ' ' B D (12) A derivada em (12) é negativa, o que significa que um aumento na parcela mínima da penalidade também influenciará positivamente na aplicação da ITG 1000. Percebe-se, como é de se esperar, que esse efeito, exclusivamente, tende a ser inferior àquele produzido pela parcela variável. Basicamente, havendo a detecção de pelo menos 2 gemp2, ter-se-á a penalidade 2. Com o incremento marginal em gemp2, a parcela individual de p tende a diminuir, reduzindo também a sua representatividade na penalidade total. Com base em (9), (10), (11) e (12), em resumo, verifica-se que aumentos isolados em contribuem para não aplicação da ITG 1000, por outro lado, aumentos isolados em φ,e criam um ambiente no qual se espera que ocorra a aplicação da ITG 1000. É importante ressaltar que, em sua decisão, o profissional só exerce controle , até o limite do mercado, uma vez que φ,e são exógenas. Considerando essas premissas, serão analisados cenários hipotéticos a fim de avaliar a chance de sucesso da ITG 1000. 4.3. Cenários No que foi discutido até agora, percebe-se que a adoção da ITG 1000, fundamentalmente, depende: (i) da minimização de , de modo que < *; e (ii) da magnitude de φ, e . Contudo, é bem verdade que esta formulação é limitada, em função de não considerar a influência de outras questões sobre a decisão de adotar ou aplicar a ITG 1000, tais como, aquelas relacionadas à ética profissional. De todo modo, a fim de atenuar essa limitação, é possível estabelecer dois cenários: (1) todos os profissionais aplicarão a ITG 1000; e (2) alguns profissionais não aplicarão a ITG 1000. 582 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.3.1. Cenário 1 Se todos os profissionais, independentemente dos efeitos negativos sobre a sua riqueza, estiverem dispostos, por qualquer motivo por questões éticas ou pela exata compreensão dos benefícios da informação contábil, a não prestar serviços para aquelas ME/EPP que não sejam convencidas dos benefícios da ITG 1000, ou, simplesmente, que não desejam adotá-la, mas que, entretanto, desejam garantir a sua permanência no Simples Nacional (0), criar-se-ia um ambiente no qual a decisão, por parte da ME/EPP, quanto à adoção ou não da ITG 1000, seria inócua, haja vista que não haveria profissionais que atuariam somente no cumprimento das obrigações fiscais (livro caixa). Assim, gemp2 tenderia a zero. Neste cenário, aparentemente, a importância de ν mostra-se reduzida, entretanto, o atendimento da finalidade da informação contábil consiste na compreensão do seu benefício, de modo que a minimização de ν ainda representaria uma ação a ser desenvolvida. 4.3.2. Cenário 2 Trata-se de um cenário mais realista, nele assume-se a existência de profissionais (gcont2) cuja observância à ITG 1000 dependerá da sua percepção de risco relacionada à ação fiscalizatória do conselho de classe e à penalidade a ser imposta. A assimetria informacional existente entre a atuação desse profissional e a ação fiscalizatória do órgão de classe pode contribuir para o aumento do número de profissionais que não respeitam as determinações normativas técnico-profissionais, propiciando assim um ambiente favorável à seleção adversa, no sentido proposto por Akerlof (1970). Em outras palavras, aquelas ME/EPP que não desejarem adotar a ITG 1000 (gemp2) buscarão estes profissionais e sempre os encontrarão. A utilidade do profissional contábil que é gerada pela não aplicação da norma (manutenção de clientes do gemp2, menor custo de atuação etc.) é afetada pelos níveis de φ e gemp2. Assim, por ser avesso ao risco, a decisão do profissional de aplicar ou não a ITG 1000 depende da penalidade esperada [φ (gemp2, expectativa, em boa medida, determinada pela atuação fiscalizatória do órgão de classe. Considerando (6’), percebe-se que gemp2 tende ao máximo (g*emp2) à medida que φ diminui. Frise-se que uma baixa φ não oferece incentivos para a minimização ν, evitando assim incrementos em BnfITG*, de modo a criar um ambiente desfavorável para uma futura aplicação da ITG 1000. Tem-se aqui uma situação em que seria possível alcançar o nível mais elevado de seleção adversa. Já (7’) evidencia que gemp2 tende a zero caso φ seja maior do que a remuneração recebida () na proporção do incremento da utilidade da primeira unidade de gemp2. Isso implica na migração do profissional em gcont2 para gcont1, assumindo que ele continuará exercendo suas atividades. Como os profissionais possuem diferentes níveis de aversão ao risco, provavelmente, gemp2>0 enquanto φ <1, o que também implica em um cenário de seleção adversa. Por outro lado, havendo o aumento de φpara todos os profissionais, ou para aqueles remanescentes em gemp2, ter-se-á um cenário próximo ao ideal, onde gcont2=0 e adoção da ITG 583 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 1000 por todas as ME/EPP (0). Contudo, o aumento de φnessas condições é de difícil operacionalização, de modo que sempre gemp2>0. Dado esse cenário, tem-se que o número de entidades que, provavelmente, irá adotar a ITG 1000, pode ser definido, teoricamente, em função de ν e φ. Contudo, a minimização de ν, e consequentemente o aumento de BnfITG*, depende, em parte, dos efeitos da decisão do profissional de contabilidade acerca da aplicação da ITG 1000 sobre a sua utilidade, os quais, principalmente, são decorrentes do nível de φssim, é possível assumir que (EUgcont2,μ), sendo μ os demais fatores que também concorrem para a minimização de por exemplo, capacitação do profissional etc., portanto, é possível assumir que: * BnfITG BnfITG * BnfITG BnfITG 1 EU gcont2 , 1 1 U W g U W g emp 2 emp 2 (12) Conclusões Conciliar a simplificação da contabilidade e a utilidade da informação que será produzida representa um desafio complexo. Sobretudo em um ambiente no qual essa informação é vista como um “encargo” de natureza governamental por parte dos usuários. Sob uma perspectiva racional, neste ensaio, foram desenvolvidas algumas reflexões acerca da adoção da ITG 1000. Dentre os fatores analisados, dois ganham destaque: a atuação do profissional contábil e ação fiscalizatória do órgão de classe. Percebe-se que o sucesso na adoção da ITG 1000 pode ser alcançado com a conscientização dos segmentos envolvidos (entidades e profissionais) e com a inibição e punição de condutas adversas. Trata-se de uma conclusão, em certa medida, óbvia, no entanto, um aspecto que surge nessas reflexões é que a adoção da ITG 1000, em um sentido macro, aparentemente, depende muito mais de ações da classe contábil, do que propriamente de uma decisão das ME/EPP. As reflexões aqui compartilhadas, no entanto, devem ser ponderadas dada a simplificação que foi imposta à avaliação das decisões, bem como à configuração dos cenários. Há outros fatores, sobretudo éticos, que permeiam de modo particular cada uma das escolhas e podem exercer influência significativa. Outra deficiência deste ensaio é quanto ao limitado desenvolvimento matemático das relações propostas, o que tende a fragilizar alguns pontos abordados. Contudo, não se pretendeu aqui esgotar o assunto, mas sim, apresentar reflexões. O tema é instigante e de interesse da classe contábil, acredita-se que esta discussão apresenta direcionamentos iniciais para estudos futuros. 584 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE REFERÊNCIAS AKERLOF, G. A. The Market for “Lemons”: Quality Uncertainty and the Market Mechanism. The Quarterly Journal of Economics, v. 84, issue 3, p. 488 – 500, 1970. ALLEE, Kristian D.; YOHN, Teri Lombardi. The demand for financial statement in an unregulated environment: an examination of the production and use of financial statements by privately held small businesses. The Accounting Review, v. 84. n. 1, p. 1-25, 2009. ALLINGHAM, M, G.; SANDMON, A. Income Tax Evasion: A theorical analysis. 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RESUMO Este artigo tem por objetivo verificar a aderência das Estruturas Curriculares das IES’s selecionadas, do estado da Paraíba, que ofertam o curso de Ciências Contábeis na modalidade presencial, às diretrizes curriculares do MEC, segundo a Resolução CNE/CES nº 10/2004, e/ou o Currículo Mundial proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR. Realizou-se uma pesquisa descritiva, fundamentada por meio de documentos e bibliografias. A abordagem foi qualiquantitativa. O nível de similaridade na comparação das Estruturas Curriculares e o Currículo Mundial atingiu uma média de 81%, no tocante ao comparativo das Estruturas Curriculares com a Resolução CNE/CES nº 10/2004, observou-se que o nível similaridade atingiu 84%. Palavras Chaves: Currículo Mundial; Resolução ONU/UNCTAD/ISAR; Estrutura Curricular. CNE/CES nº 10/2004; MEC; 1 INTRODUÇÃO Com a complexidade e competitividade do mercado global as empresas passam a tornar mais forte o intercâmbio de informações, esse fato demanda a necessidade de profissionais contábeis que estejam habilitados a fornecerem tais informações para o processo de tomada de decisão. Para que o contador esteja apto a suprir as necessidades do cenário atual, surge a importância da boa formação profissional que deve contemplar habilidades específicas para um bom desempenho na sociedade. Segundo Mulatinho (2007), um dos aspectos que devem ser apreciados na formação do contador é o currículo adotado pelos gestores que elaboram o projeto político pedagógico das instituições de ensino superior que ofertam o curso de Ciências Contábeis. O ensino da Contabilidade ao longo do tempo vem sofrendo grandes mudanças e ganhando papel de destaque na sociedade, neste contexto, o curso de bacharelado em Ciências Contábeis é um dos que mais formam no Brasil, pois existem 1376 instituições ministrando o curso (MEC, 2014). Sob esta ótica, a preocupação com a formação desses contadores passou a ser alvo de estudo por diversos pesquisadores, pois, de acordo com Segantini et al. (2013) o mercado vem demandando profissionais contábeis qualificados para atuarem dentro e fora do país. Neste contexto, as Instituições de Ensino Superior (IES) são de suma importância para atingir este fim, pois são elas as responsáveis pela formação dos profissionais para atuarem no mercado internacional. Dias Filho (2011) afirma que quase todas as empresas, independentemente do porte, estão atuando em mercados globais, submetidas a novas regras, novos parceiros de negócios e adoção de estratégias cada vez mais complexas. Neste cenário é relevante indagar se a profissão contábil está apta para tantos desafios, ou se ao menos o ensino está sendo adequado com as novas regras atuais. 587 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE É perceptível que a boa formação é o ponto de partida para o sucesso profissional, tendo em vista que é a partir do conhecimento que o profissional chega até a excelência. As IES’s são responsáveis por levarem este conhecimento para aqueles que ingressam no ensino superior objetivando a excelência na formação profissional escolhida, pois, Dias e Moreira (2008, p.2) afirmam que “As Instituições de Ensino Superior (IES) devem transmitir o conhecimento aos discentes, para que estes estejam preparados para atuar no mercado de trabalho”. No tocante ao ensino ministrado pelas IES’s, um dos aspectos que se deve levar em consideração na formação dos contadores é uma análise da estrutura curricular propostas pelos cursos de graduação. De acordo com Cavalcante et al. (2011), um dos pontos principais, na formação superior, é a estratégia adotada pelos currículos da área contábil que vem procurando seguir o Currículo Mundial (CM) proposto pelo ISAR/UNCTAD. O objetivo principal deste currículo é fortalecer a profissão contábil no mundo todo com o intuito de criar uma profissão global capaz de oferecer serviços através das fronteiras. (UNCTAD, 1999). Segundo Cavalcante et al. (2011), no Brasil as IES’s devem elaborar seus currículos obedecendo às regulamentações do Ministério da Educação e Cultura (MEC), tendo em vista que os cursos de bacharel em Ciências Contábeis devem estar em acordo com a Resolução n º 10/2004 do Conselho Nacional de Educação (CNE) e Câmara de Educação Superior (CES). Esta resolução versa sobre as áreas de conhecimento a ser contempladas nos projetos políticos pedagógicos. Como foi exposto anteriormente, o Brasil possui 1376 instituições ministrando o curso de ciências contábeis, considerando as modalidades de educação presencial e à distância. No estado da Paraíba são 23 instituições registradas ministrando o curso nas duas modalidades. Diante disso, a presente pesquisa vem a apresentar as estruturas curriculares das instituições do estado da Paraíba, levantando-se como questão de pesquisa: Qual o nível de similaridade das Estruturas Curriculares do curso de Ciências Contábeis nas IES’s do estado da Paraíba, na modalidade presencial, em relação as diretrizes curriculares do MEC, de acordo com a Resolução CNE/CES nº 10/2004 e/ou o Currículo Mundial proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR? 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O Ensino da Contabilidade no Brasil De acordo com Peleias et al. (2007), a evolução do ensino contábil no Brasil surgiu com a chegada da Família Real Portuguesa no país, que instituiu formalmente as aulas de comércio. Dessa forma, as aulas de comércio foram precursoras na área, pois Peleias et al. (2007) afirma que o impulso para inserção das aulas partiu da chegada da família real em 1808, até este momento, as atividades comerciais no Brasil resumia-se à venda dos bens produzidos ao mercado internacional. Ainda neste aspecto, Leite (2005) afirma que a chegada da família real originou um choque na cultura, e estrutura das principais cidades do país, pois não havia escolas, jornais, 588 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE circulação de livros, biblioteca, fábricas e outros instrumentos sociais que permitissem a formulação de opiniões que eram controladas pela inquisição. De acordo com Schmidt (2000), uma das primeiras manifestações educacionais na área contábil ocorreu em 1856 com a criação do Instituto Comercial do Rio de Janeiro, e em 1863 o instituto passou a oferecer o curso de escrituração mercantil, essa era uma forma de qualificação prática de registro contábil. De acordo com Peleias et al. (2007) as aulas de comércio, na cidade do Rio de Janeiro, foram regulamentadas pelo decreto nº 456/1846 que trazia em sua redação as disciplinas de cunho prático a serem ministradas, posteriormente as aulas foram reformuladas pelos Decretos nº769/1854 e nº1763/1856 que de trazia novos estatutos às aulas de comércio formando um curso de estudos denominado Instituto Comercial do Rio de Janeiro. Em 1902, houve outro marco para o ensino em contabilidade, pois Nossa (1999) comenta que foi criada a escola Prática de Comércio de São Paulo, posteriormente denominada Escola de Comércio Álvares Penteado, Peleias et al. (2007) afirma que a escola tornou-se referência no ensino comercial ao lado da Academia de Comércio do Rio de Janeiro. Leite (2005) afirma que com essas duas instituições são consideradas ponto de partida para a criação do curso superior de Ciências Contábeis. De acordo com Freitas, Machado e Domingues (2010) o curso superior de Ciências Contábeis e Atuariais surgiu no Brasil em 1945 com o Decreto Lei 7.988/1945, no período em que o desenvolvimento das forças produtivas locais, em toda sua extensão técnica e administrativa, era imposto pelo período pós-guerra, na tentativa de reforçar a industrialização para substituir os produtos importados. Foi estabelecida uma duração de quatro anos para a conclusão do curso, definiu as disciplinas deveriam ser ministradas e especificou qual a sequência. QUADRO 01: Estrutura Curricular proposta pela lei nº 7988/1945 Primeira série Segunda série Terceira série Quarta série 1. Matemática atuarial. 1. Análise matemática. 1. Matemática financeira. 1. Organização e contabilidade 2. Estatística geral e 2. Ciência das finanças. de seguros. aplicada. 2. Organização e 2. Contabilidade pública. 3. Contabilidade Geral. 3. Revisões e perícia contábil. 3. Estatística matemática e contabilidade bancária. 4. Ciência da demográfica. 4. Instituições de direito social. 3. Finanças das empresas. administração. 5. Legislação tributária e fiscal. 4. Técnica comercial. 5. Economia política. 6. Prática de processo civil e 4. Organização e 5. Instituições de direito comercial. contabilidade industrial e civil e comercial. agrícola. 5. Instituição de direito público. Fonte: Decreto Lei nº 7988 de 22 de Setembro de 1945 Posteriormente ocorreram dois grandes fatos importantes para a contabilidade, pois de acordo com Schmidt (2000) em 26 de janeiro 1946 foi fundada a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (FEA-USP), onde foi instituído o Curso de Ciências Contábeis e Atuariais. A partir da criação dessa faculdade, a contabilidade passou a ter um centro de pesquisas eminentemente nacional, que contribuiu e 589 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE continua contribuindo para o desenvolvimento contábil nacional. O outro fato foi a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais pelo Decreto Lei nº 9295 de 27 de maio de 1946. De acordo com Soares et al. (2012) em 1951 foi criada a Lei n. 1.401 que separou o curso superior de Ciências Contábeis e Atuariais, transformando em curso de Bacharelado em Ciências Contábeis e Bacharelado em Ciências Atuariais. De fato, as duas ciências tratam de objetos de estudos distintos, o que justificou a separação dos cursos. O profissional contábil deverá estar apto a prever situações e elaborar soluções para várias situações pertinentes às empresas, este terá o compromisso com constante atualização referente às mudanças no mundo relativo ao cenário contábil. Em 1961, ocorre mais uma mudança com reflexo no curso superior de Ciências Contábeis, pois Peleias et al. (2007) afirma que essas mudanças foram motivadas pela Lei nº. 4024, de 20.12.1961, que fixou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional e criou o Conselho Federal de Educação (CFE), fixando os currículos mínimos e a duração dos cursos superiores voltados à formação de profissões regulamentadas. Segundo Soares et al. (2012), em 1996 foi criada a Lei nº 9.394/96 das Diretrizes e Bases da Educação, que estabelecia a competência de regulação do ensino superior ao Conselho Nacional de Educação (CNE) que, por sua vez, emitiu resoluções acerca dos cursos de Ciências Contábeis, sendo a mais recente em 2004. Essa resolução mencionada pelo autor trata-se da Resolução CNE/CES nº 10/2004, que a estipula as diretrizes que as Instituições de Ensino Superior devem seguir na elaboração de suas estruturas curriculares, as áreas são amplas, permitindo a compreensão do administrador de cada instituição. 2.2 Diretrizes Curriculares do Curso de Ciências Contábeis As diretrizes Curriculares no Brasil são emanadas pelo MEC, que é o órgão criado pelo Governo Federal responsável pelas políticas educacionais no país. Foi criado em 1930 pelo Decreto Lei 19.402 pelo presidente Getúlio Vargas. (MEC, 2014). De acordo com Segantini et al. (2013), o MEC instituiu as diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Ciências Contábeis. Através da Lei 9.394/1996, existe uma flexibilidade do currículo por meio do Projeto Político Pedagógico (PPP) de forma participativa, com a contribuição de docentes, discentes, corpo administrativo da IES e comunidade devendo está em consonância com a Resolução CNE/CES nº10/2004. Segundo Ott e Pires (2010), a elaboração das estruturas curriculares deve observar a Resolução CNE/CES nº 10/2004, esta determina que a organização curricular do curso de Ciências Contábeis deve ser estabelecida através de um Plano Pedagógico que contemple a descrição dos seguintes aspectos: a) o perfil profissional esperado para o formado, em termos de competências e habilidades; b) componentes curriculares integrantes; c) sistemas de avaliação do estudante e do curso; d) estágio curricular supervisionado; 590 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE e) atividades complementares; f) monografia, projeto de iniciação científica ou projeto de atividades como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC); g) regime acadêmico de oferta; e h) outros aspectos que tornem consistente o referido projeto. Os alunos da graduação de Ciências Contábeis deverão ser contemplados com uma organização curricular que versem sobre conhecimentos do cenário econômico e financeiro, nacional e internacional, de forma a proporcionar a harmonização das normas e padrões internacionais de contabilidade, em conformidade com a formação exigida pela Organização Mundial do Comércio e pelas peculiaridades das organizações governamentais. (Resolução CNE/CES nº 10/2004). 2.3 Currículo Mundial Através de propostas de organismos específicos, estão ocorrendo diversas mudanças em prol da harmonização do ensino contábil nas IESs, com objetivo de preparar profissionais que atendam às exigências do mercado nacional e internacional. De acordo com Silva F., Silva M. e Vasconcelos (2011), existem várias instituições especializadas em diversas áreas específicas que estão ligadas a Organização das Nações Unidas (ONU), entre essas se encontra a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD). Apesar de não possui escritório no Brasil, é considerado um órgão presente no país através de seus projetos e programas. Neste cenário surge a proposta da criação de um Currículo Mundial que seria elaborado por um organismo ligado a ONU/UNCTAD. Segundo Cavalcante et al. (2011), após muitas discussões sobre a educação contábil em âmbito mundial, e levando em consideração a harmonização das normas internacionais, em 1982 foi criado o Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting (ISAR). Vinculado ao UNCTAD, o ISAR promove estudos e debates relacionados à contabilidade, inclusive a formação profissional. Em fevereiro de 1999, em Genebra, houve a décima sexta sessão do ISAR, neste encontro foi adotada uma orientação sobre os requisitos nacionais para a qualificação do contador. A diretriz inclui um modelo de currículo para a educação profissional em contabilidade. (UNCTAD, 2003). Este modelo curricular foi criado, por especialistas em contabilidade, com o objetivo de fornecer um parâmetro para criação das estruturas curriculares nas instituições no mundo inteiro, tendo em vista as necessidades da profissão esse currículo é revisado de tempos em tempos para melhor atender as necessidades dos futuros profissionais. (UNCTAD, 2003). O intuito do currículo é demonstrar para o meio internacional, as áreas que um futuro contador deverá conhecer para se tornar bom profissional. O currículo modelo tem seus conteúdos descritos no documento TD/B/COM.2/ISAR/5 e tem sua última revisão feita em 2003, no documento TD/B/COM.2/ISAR/21. 591 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Esse modelo de referência foi desenvolvido para a comunidade internacional como um todo, a fim de promover a harmonização global de requisitos de qualificação profissional, tal harmonização iria fechar as lacunas nos sistemas nacionais de formação. (UNCTAD, 2003) No quadro abaixo estão detalhados os blocos pelo ISAR/UNCTAD, demonstrado no TD 21. QUADRO 02: Blocos de Conhecimentos exposto no Currículo Mundial de Contabilidade 1 Conhecimento Organizacional e de Negócios 1.1 Economia; 1.2 Métodos e estatísticas quantitativas para os negócios; 1.3 Políticas gerais de negócios, estrutura organizacional básica e comportamento organizacional; 1.4 Funções de gestão, práticas e gestão de operações; 1.5 Marketing; 1.6 Negócios internacionais. 2 Tecnologia da Informação 2.1 Tecnologia da informação (TI). 3 Conhecimento Básicos de Contabilidade e Áreas afins 3.1 Contabilidade Básica; 3.2 Contabilidade Financeira; 3.3 Contabilidade Financeira Avançada; 3.4 Contabilidade Gerencial; 3.5 Tributação; 3.6 Sistemas de informação de contabilidade; 3.7 Negócios e direito comercial; 3.8 Fundamentos da Auditoria; 3.9 Finanças empresariais e gestão Financeira; 3.10 Integração do conhecimento. 4 Contabilidade, Finanças e Conhecimentos afins. 4.1 Demonstrações Financeiras e contabilidade para indústrias; 4.2 Contabilidade de Gestão avançada; 4.3 Tributação avançada; 4.4 Direito empresarial avançado; 4.5 Auditoria avançada; 4.6 Finanças empresariais e Gestão Financeira Avançadas; 4.7 Contabilidade de estágio. Fonte: Revised Model Accounting Curriculum (MC) - TD/B/COM.2/ISAR/21 (2003) 3 METODOLOGIA 3.1 Técnicas da Pesquisa Quanto à finalidade, a pesquisa caracterizou-se como descritiva, pois das estruturas curriculares foram observadas, analisadas e interpretadas para responder a questão levantada. Neste contexto (GIL, 1999) afirma que a pesquisa descritiva tem por principal objetivo demonstrar as características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis. Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa caracterizou-se como documental, pois foram analisadas as Estruturas Curriculares, verificadas Leis que dispõem sobre o assunto abordado, e Resoluções. Para (SILVA, 2010) a pesquisa documental é aquela que utiliza material que ainda não recebeu tratamento analítico ou que pode ser reelaborado. Para (GIL, 1999) na pesquisa bibliográfica utiliza-se material já elaborado como livros e artigos científicos, neste sentido o estudo também foi caracterizado como pesquisa bibliográfica, pois, para fundamentar a pesquisa houve a necessidade de recorrer aos artigos, revistas, dissertações e sites. Quanto à abordagem da problemática, a pesquisa caracterizou-se como qualiquantitativa, pois tem o objetivo de demonstrar as características das Estruturas Curriculares das IES’s através de tabelas e gráficos, utilizando método de estatística descritiva. Para Silva (2010) e Gil (1999), a pesquisa qualitativa é a estratégia de investigação que partilham determinadas características, compreende os fenômenos sociais segundo as perspectivas dos participantes. Sob a ótica da pesquisa quantitativa, os dados levantados podem ser agrupados em tabelas, possibilitando uma análise estatística. 592 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quanto ao método para estabelecer a lógica da investigação, foi utilizado o método dedutivo, pois de acordo com (GIL, 1999) é o método que parte do geral para o particular, parte de princípios reconhecidos como verdadeiros que possibilita chegar a conclusões de maneira lógica. 3.2 Universo e Amostra da Pesquisa Para Silva (2010), o universo ou população da pesquisa é o conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam, pelo menos, uma das características em comum. O universo, verificado no Portal do MEC, é composto por 23 instituições que ministram que estão distribuídas entre presencial e a distância. A amostra da pesquisa é uma parte do universo, pois Silva (2010) afirma que, é uma parcela ou porção convenientemente selecionada do universo, é um subconjunto do universo. Neste contexto, a amostra da pesquisa é composta de 12(doze) IES’s, porém foi considerado como 14(Catorze), tendo em vista que 2(duas) delas possuem outro campus que ofertam o curso de Ciências Contábeis e apresentam estruturas curriculares distintas. A instituição Faculdade Paraibana-FAP não apresentou sua estrutura curricular, pois afirmaram que o curso de Ciências Contábeis está funcionando no Instituto de Ensino Renovado (INPER/ASPER). 3.3 Coleta dos Dados A coleta dos dados foi realizada, inicialmente, por meio do Portal do Ministério da Educação e Cultura, com objetivo de identificar as IES’s do estado da Paraíba que ofertam o curso de Ciências Contábeis na modalidade presencial. Posteriormente foram acessados os sítios eletrônicos de cada instituição para coletar as Estruturas Curriculares, apenas três instituições não disponibilizavam estes documentos eletronicamente, fazendo-se necessário o a solicitação através de contato por telefone com as coordenações do curso de Ciências Contábeis das Instituições e, posteriormente, foram recebidas por e-mail. No Portal do MEC foram identificadas 12 instituições que ministram o curso de Ciências Contábeis na modalidade presencial, porém foram considerados 14 cursos, pois a UEPB e UFCG possuem outro campus que apresentam Estruturas Curriculares distintas. QUADRO 03: Instituições de Ensino Superior Analisadas INSTITUIÇÃO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ FACULDADE DE CAMPINA GRANDE- FAC/UNESC FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS LUIZ MENDES - LUMEN FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE CAJAZEIRAS - FAFIC FACULDADE INTERNACIONAL DA PARAÍBA – FPB FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU - FMN JOÃO PESSOA FACULDADE PARAIBANA – FAP INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPEROR DA PARAÍBA INSTITUTO DE ENSINO RENOVADO - INPER/ASPER UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB CAMPUS I UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - UEPB CAMPUS VI UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB CAMPUS I UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB CAMPUS IV UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Fonte: Dados da Pesquisa 2014. MUNICIPIO João Pessoa Campina Grande João Pessoa Cajazeiras João Pessoa João Pessoa João Pessoa João Pessoa João Pessoa Campina Grande Monteiro João Pessoa Mamanguape Sousa 593 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 3.4 Análises dos Dados Na análise dos dados foram utilizados os recursos do Excel, para organizar os dados das Estruturas Curriculares de forma quantitativa, utilizando a técnica de descrição. Posteriormente foram estruturadas tabelas para verificação das frequências das disciplinas e foram utilizados gráficos para melhor visualização. O resultado da pesquisa foi obtido através de uma comparação das nomenclaturas das disciplinas que compõem as Estruturas Curriculares das IES’s pesquisadas com as habilidades profissionais trazidas pelo Currículo Mundial da ONU/UNCTAD/ISAR. Posteriormente foi realizada outra comparação usando como parâmetro as especificações da Resolução CNE/CES nº 10/2004. O critério utilizado foi de similaridade entre as nomenclaturas das disciplinas ministradas pelas IES’s com especificações trazidas no Currículo Mundial e na resolução, para analisar onde cada disciplina se enquadrava. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 4.1 Estruturas das IES’s X Currículo Mundial de % Similaridade ao de 23 26 19 22 25 6 4 4 5 5 59 54 40 41 52 52 45 33 36 41 88% 83% 83% 88% 79% 0 26 4 43 39 91% 0 2 1 1 1 2 2 15 23 24 21 23 34 32 29 327 8 11 7 6 4 7 6 77 47 64 45 47 63 74 65 694 37 47 38 37 49 55 54 563 79% 73% 84% 79% 78% 74% 83% 81% 2,16% 47,12% 11,10% 100,00% Totais Disciplinas Similares CM Contabilidade, e Finanças Conhecimentos afins UNIPÊ 21 FAC CG - UNESC 14 LUMEN 9 FAFIC 8 FPB 10 MAURICIO DE 9 NASSAU IESP 6 ASPER-INPER 10 UEPB I 9 UEPB VI 7 UFPB I 10 UFPB IV 14 UFCG 17 144 Total por Bloco % Média de Disciplina por 20,75% Bloco Fonte: Dados da Pesquisa 2014. de Totais Disciplinas das IES's Conhecimentos de Básicos Contabilidade e Áreas afins 2 1 1 1 1 Conhecimento Organizacional e de Negócios IES Tecnologia da Informação TABELA 01: Similaridades entre as IES da PB o Currículo Mundial As Instituições apresentaram, em média, cerca de 50 disciplinas compondo suas estruturas curriculares, porém, algumas apresentaram maior quantidade por possuírem opções diversificadas para o cumprimento das disciplinas optativas. Entre estas, as que mais 594 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE apresentaram opções foram: UFPB campus I e IV, com 25 e 33 opções, respectivamente e a UFCG, com 26 opções. A tabela 01 apresenta os Blocos de Conhecimentos propostos pelo Currículo Mundial (CM), o número total de disciplinas ofertadas nas Estruturas Curriculares de cada Instituição, o número de disciplinas que se assemelhavam aos conhecimentos elencados em cada bloco e o percentual de adesão adquirido na relação entre o total de disciplinas de cada bloco e o total de disciplinas das estruturas curriculares. Em uma visão geral, observou-se que similaridade entre as estruturas curriculares do curso de Ciências Contábeis das IES’s analisadas e o Currículo Mundial (CM) é alta, apresentando uma média de 81%. Dessa forma, é possível dizer que as instituições do estado da Paraíba estão em consonância com o Currículo Mundial. Um resultado muito semelhante foi encontrado na pesquisa realizada por Czesnat, Cunha e Domingues (2009), pois eles relataram que as Estruturas Curriculares das Instituições do estado de Santa Catarina apresentaram um nível alto de similaridade, tendo em vista que a média foi 88,27%. Santos, Domingues e Ribeiro (2011) também apresentaram resultados semelhantes, pois fizeram uma pesquisa no estado do Paraná e constataram uma taxa de 88,38% de adesão. Rodrigues e Araújo (2013) fizeram uma pesquisa com as IES’s do estado de São Paulo e obtive uma taxa de aderência de 61,18%, apesar de ter um nível de aderência considerável, este resultado foi inferior em relação ao resultado dos estados de Santa Catarina, Paraná e a Paraíba. GRÁFICO 01: Ranking de Aderência ao Currículo Mundial Fonte: Dados da Pesquisa 2014. No gráfico 01, observa-se que a Estrutura Curricular do curso de Ciências Contábeis no estado da Paraíba que apresentou maior aderência ao Currículo Mundial, levando em consideração as características elencadas no mesmo, foi a da Maurício de Nassau com 91%. Em contrapartida, a Estrutura que menos apresentou menor nível de aderência foi a INPER/ASPER com 73%, ainda assim, observando os resultados de São Paulo, por exemplo, foi representativo. 595 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE TABELA 02: Disciplinas Frequentes no Bloco Conhecimento Organizacional e de Negócios DISCIPLINAS Economia Métodos e estatísticas quantitativas para os negócios FREQUÊNCIA 35 45 Políticas gerais de negócios, estrutura organizacional básica e comportamento organizacional 58 Funções de gestão, práticas e gestão de operações Marketing Negócios internacionais Fonte: Dados da Pesquisa 2014. 0 5 1 A tabela 02 demonstra as disciplinas e suas respectivas frequências, ou seja, o número de disciplinas ofertadas pelo conjunto das 12 instituições selecionadas. As áreas de conhecimentos da “Economia”, “Métodos e estatísticas quantitativas”, e “Políticas gerais de negócios” apresentaram maiores frequências, tendo em vista que estas áreas abrangem disciplinas como: Matemática, Administração e Economia. A área de Funções de gestão, práticas e gestão de operações não apresentou frequência, pois, de acordo com as características citadas no Currículo Mundial, as disciplinas das estruturas curriculares não apresentaram: Funções e estilo de gestão, a importância do contador na equipe de gestão, exploração e serviços de gestão, gestão de recursos humanos e gestão do ambiente de trabalho. Na pesquisa de Czesnat, Cunha e Domingues. (2009), constatou-se que as disciplinas mais frequentes neste bloco são: Matemática e Estatística, Economia, Teoria Administrativa e Mercado de Capitais. Tendo em vista que são ofertadas por todas as instituições. GRÁFICO 02: Distribuição das IES's na Área de Conhecimento Fonte: Dados da Pesquisa 2014. No gráfico 02, verificou-se que a UNIPÊ foi a instituição que ofertou mais opções de disciplinas similares a área “Política gerais de negócios, estrutura organizacional básica e comportamento organizacional”, ou seja, área da Administração. Entre as disciplinas estão: Comunicação empresarial, Introdução à administração, Psicologia organizacional, Sociologia das organizações, Teoria das organizações, Administração Pública, Aplicações Empresariais, Gestão de Projetos, UNIPÊ Management Business Simulation, Inteligência Empresarial, 596 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Soluções Empresariais, Governança Corporativa, Macrotendências e Modelagens de Negócios e Observatório Empresarial. Constatou-se que a instituição que ofertou mais disciplinas na área de conhecimento da “Economia” foi a UFPB IV, sendo estas denominadas disciplinas obrigatórias e optativas. Esse conjunto abrangem as disciplinas: Economia I, Mercado Financeiro e de Capitais, Economia Brasileira, Economia da Tecnologia, Economia do Setor Terciário, Economia Clássica, Economia das Organizações e Economia II. Verificou-se que a IES’s que apresentou mais disciplinas na área de “Métodos e estatística quantitativas para os negócios” foram as FAC-CG/UNESC e UFCG. As disciplinas que foram consideradas nesta área são: Matemática Básica, Matemática Financeira, Estatística, Métodos Quantitativos e Contabilometria. TABELA 03: Disciplinas Frequentes no Bloco Tecnologia da Informação DISCIPLINAS Tecnologia da Informação Fonte: Dados da Pesquisa. FREQUÊNCIA 15 Na tabela 03, verificou-se uma frequência baixa, tendo em vista o resultado demonstrado, na tabela 01, esta área de conhecimento apresentou uma média de 2,16% demonstrando uma escassez neste bloco. Czesnat, Cunha e Domingues (2009) também afirmaram, em sua pesquisa, que as IES’s de Santa Catarina, estão muito aquém no quesito “Tecnologia da Informação”, pois foi obtida uma média de 4,65%, demonstrando que existe um déficit nesta área. Com os aportes tecnológicos atuais, o profissional deverá está capacitado para suprir as necessidades do mercado de trabalho no que refere-se à tecnologia para a área contábil. GRÁFICO 03: Distribuição das IES's em Relação à Tecnologia da Informação. Fonte: Dados da Pesquisa 2014. No gráfico 03, observou-se que são ofertadas, no máximo, 2(duas) disciplinas com exceção da instituição Maurício de Nassau e a IESP, que não contemplam em suas estruturas curriculares na área de “Tecnologia da Informação”. Os futuros profissionais que serão formados por estas instituições, sentirão muita dificuldade em compreender os aportes tecnológicos envolvidos no ambiente profissional. 597 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE TABELA 04: Disciplinas Frequentes no Bloco Conhecimento Básicos de Contabilidade e Áreas Afins DISCIPLINAS Contabilidade Básica FREQUÊNCIA 62 Contabilidade Financeira Contabilidade Financeira Avançada Contabilidade Gerencial Tributação Sistemas de informação de contabilidade Negócios e direito comercial Fundamentos da Auditoria Finanças empresariais e gestão Financeira Integração do conhecimento Fonte: Dados da Pesquisa 2014. 101 24 36 19 8 45 13 17 2 Na tabela 04, constatou-se que este bloco de conhecimento abrange maior quantidade de disciplina entre todos os blocos, ou seja, são conhecimentos mais específicos da formação do contador. No rol da área de Contabilidade Financeira foram onde apresentaram maiores números de disciplinas, enquadrando disciplinas como: Contabilidade Avançada, Contabilidade Societária, Contabilidade Pública, Contabilidade Aplicada ao Terceiro Setor e outras Contabilidades direcionadas a setores específicos. A área de “Integração do Conhecimento” apresentou uma frequência baixa, pois, de acordo com o Currículo Mundial, esta área engloba disciplinas que possibilitem reforçar a integração da capacidade de raciocínio intelectual, oral e escrita e habilidades interpessoais no ensino da técnica e profissional. (UNCTAD, 2003). TABELA 05: Disciplinas Frequentes no Bloco Contabilidade, Finanças e Conhecimentos Afins DISCIPLINAS Demonstrações Financeiras e contabilidade para indústrias Contabilidade de Gestão avançada Tributação avançada Direito empresarial avançado Auditoria avançada Finanças empresariais e Gestão Financeira avançadas Contabilidade de estágio Fonte: Dados da Pesquisa 2014. FREQUÊNCIA 0 14 10 0 8 1 44 Na tabela 05 observou-se que a maioria da frequência está alocada no rol de “Contabilidade de Estágio”, demonstrou deficiências em áreas como: Demonstrações Financeiras e contabilidade para indústrias. Pode- se dizer que os graduados dessas instituições não receberam a carga de informações necessárias com relação aos relatórios financeiros do setor industrial. 598 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE GRÁFICO 04: Disciplinas não similar ao Currículo Mundial Fonte: Dados da Pesquisa 2014. No gráfico 04, estão representadas as quantidades de disciplinas que as instituições contemplam em suas estruturas curriculares, porém não apresentou similaridade com o Currículo Mundial. Observou-se que neste rol encontra-se a disciplina de Perícia Contábil que, apesar de não estar no Currículo Mundial, são ministradas nas IES’s. Pode-se dizer que os graduados estarão com um diferencial para o mercado de trabalho Internacional. 4.2 Estruturas Curriculares das IES’s X Resolução CNE/CES nº 10/2004 TABELA 06: Similaridades entre o currículo MEC e as IES da PB IES UNIPÊ FAC CG - UNESC LUMEN FAFIC FPB MAURICIO DE NASSAU IESP ASPER-INPER UEPB I UEPB VI UFPB I UFPB IV UFCG 25 19 12 14 13 13 11 14 11 12 15 19 Conteúdo Conteúdo de de Formação Formação TeóricoProfissional Pratica 22 5 23 8 18 3 17 6 24 6 23 5 21 10 25 10 22 7 21 8 31 7 32 9 12 190 17 296 42,41% Conteúdo Formação Básica Total por Bloco % Média de Disciplina 27,22% por Bloco Fonte: Dados da Pesquisa 2014. de Totais de Totais de Disciplinas % de Disciplinas Similares ao Similaridade das IES's MEC 59 56 40 41 52 43 46 64 47 50 67 78 52 50 33 37 43 41 42 49 40 41 53 60 88% 89% 83% 90% 83% 95% 91% 77% 85% 82% 79% 77% 15 99 55 698 44 80% 84% 14,18% 100,00% A tabela 06 apresenta as áreas de Conhecimentos apresentados pela Resolução nº 10/2004, o número total de disciplinas ofertadas nas Estruturas Curriculares de cada IES’s, o número de disciplinas que apresentaram semelhanças com as disciplinas elencadas em cada bloco e o percentual de adesão adquirido na relação entre o total de disciplinas de cada Bloco e o total de disciplinas das estruturas curriculares. 599 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Percebe-se que as IES’s apresentaram um nível alto de aderência à resolução, pois foi obtida uma média de 84%. Sendo assim, conclui-se que as Instituições de Ensino Superior em Ciências Contábeis do estado da Paraíba estão em consonância com as diretrizes curriculares emanadas pelo MEC, através da Resolução CNE/CES nº 10/2004. Observou-se que a UFPB, campus I e IV, foi a instituição que apresentou maior quantidade de disciplinas voltadas para área de Conhecimento Profissional, esta informação revela que essas IES estão focadas na área contábil, diferentemente da UNIPÊ, que possui maior frequência de disciplinas na área de Conhecimentos Básicos. Acredita-se que essa realidade acontece em função do curso ter uma formação maior de gestão e funcione os primeiros períodos concomitantemente com o curso de administração, ou seja, não existe separação entre os cursos para os dois períodos iniciais. A UFCG destacou-se na quantidade de disciplinas relacionadas ao Conhecimento Prático, revelando que o profissional terá vivenciado várias situações do cotidiano contábil no decorrer da graduação. GRÁFICO 05: Ranking de Aderência à Resolução CNE/CES nº 10/2004 Fonte: Dados da Pesquisa 2014. O gráfico 05 mostra o nível de aderência das Estruturas Curriculares das IES’s pesquisadas que estão de acordo com a resolução. Constatou-se que a Instituição de Ensino Superior que possui maior aderência em sua Estrutura Curricular foi a Mauricio de Nassau com 95%, em contrapartida, a Instituição com menos adesão foi a ASPER/INPER com 77%. Houve disciplinas que não foram encontradas em algumas Estruturas Curriculares das IES’s analisadas. DISCIPLINAS Contabilidade Gerencial Contabilidade Internacional Estágio/Prática Contábil Ética Profissional Noções de Atuária Teoria da Contabilidade INSTITUIÇÕES Maurício de Nassau e IESP UNIPÊ, FAFIC e Maurício de Nassau FPB ASPER FAC-CG, LUMEN, ASPER, UEPB I e UEPB VI ASPER Fonte: Dados da pesquisa 2014. 600 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O que pode ter ocorrido é que essas disciplinas são ofertadas com outras disciplinas dificultando o levantamento das mesmas, tendo em vista que, para à análise foram utilizadas apenas as nomenclaturas das disciplinas apresentadas. De acordo com a Resolução nº 10/2004, a Estrutura Curricular deve apresentar, obrigatoriamente, o estágio supervisionado/prática contábil. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa objetivou verificar se as Estruturas Curriculares adotadas pelas 14 Instituições de Ensino Superior que ministram os cursos de Ciências Contábeis do estado da Paraíba possuem aderência às diretrizes curriculares do MEC e/ou Currículo Mundial proposto pela ONU/UNCTAD/ISAR. O objetivo da proposta do Currículo Mundial foi criar um parâmetro para criação das Estruturas Curriculares em todos os países, pois este modelo busca maior uniformidade no ensino contábil para que os profissionais tenham capacidade de atuar internacionalmente. O Brasil possui as diretrizes curriculares, trazidas pela Resolução CNE/CES nº 10, que norteiam a elaboração das Estruturas Curriculares dentro do país. Constatou-se que, no comparativo entre as especificações do Currículo Mundial e as disciplinas das Estruturas Curriculares analisadas, o nível de adesão atingiu 81%. Este resultado demonstra que as Instituições da Paraíba estão atendendo às necessidades internacionais, de acordo com que foi exposto pelo modelo mundial. Observou-se que, no comparativo das disciplinas apresentadas nas Estruturas Curriculares com a Resolução CNE/CES nº 10/2004, o resultado de adesão atingiu 84% demonstrando que as IES’s estão em consonância com as exigências do MEC. A Instituição que apresentou maior adesão ao Currículo Mundial e a Resolução CNE/CES, concomitantemente, foi a Maurício de Nassau com 91% e 95%, respectivamente, e a que apresentou menos aderência foi a ASPER/INPER com 73% e 77%. Constatou-se que os resultados foram muito parecidos, tendo em vista que foram utilizados dois modelos diferentes, um a nível nacional e outro a nível mundial, demonstrando que o Currículo Mundial e as Diretrizes Curriculares do MEC estão buscando um mesmo propósito acadêmico. Com relação à limitação da pesquisa, registra-se que este estudo foi realizado apenas com a observação das nomenclaturas das disciplinas apresentadas nas Estruturas Curriculares analisadas, impossibilitando maiores conclusões com relação ao nível de similaridade com o Currículo Mundial e a Resolução CNE/CES nº 10/2004. Para pesquisas futuras, sugere-se uma análise das ementas de cada disciplina da Estrutura Curricular das Instituições pesquisadas, fazer uma correlação entre o exame de suficiência ou ENADE para verificar a influência das Estruturas Curriculares em ambos. Aplicar uma pesquisa com os alunos para verificarem o grau de satisfação da estrutura curricular e o nível de conhecimento na sua instituição de ensino. 601 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação e Cultura – MEC. Resolução CNE/CES, nº 10, de 16 de Dezembro de 2004. 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RESUMO O ensino superior noturno tem tomado grandes proporções e traz consigo uma figura chamada trabalhador – estudante, este é o estudante que trabalha durante o dia e a noite estuda enfrentando uma jornada dupla, em muitos casos este alunado ainda possui responsabilidade familiar, o que lhe insere em uma jornada tripla. Este público visualiza no ensino superior, uma chance de alcançar melhores condições de trabalho,remuneração, cargos e etc.Desta forma, no meio destas jornadas enfrentadas, existem diversos fatores que podem ser cruciais para a manutenção ou não deste alunado no ensino superior. Sendo assim, objetivou-se analisar a percepção dos graduandos em Ciências Contábeis com relação aos reflexos causados pela relação entre trabalho e ensino superior noturno sobre a sua formação. A pesquisa foi realizada com graduandos do curso de Ciências Contábeis da UFPB, Campus IV, alcançou-se 84 respondentes por meio de um questionário disponibilizado na plataforma Google Docs® que utilizou a escala Likert. Após coletado os dados da pesquisa, estes foram analisados por meio da técnica da estatística descritiva e foram tratados por meio do IBM SPSS Statistics – versão 20.0®. Como resultadoo trabalho constatou que os estudantes noturnos sofrem com o cansaço proporcionado pelo trabalho e locomoção, o que reflete na concentração destes em sala, na leitura e também na interpretação de textos. Estes fatores são desgastantes e diminui o desempenho dos graduandos na academia. O fato de trabalhar reduz o seu tempo de dedicação aos estudos, contudo, trabalhar e estudar ao mesmo tempo não é um fator desestimulante para os graduandos, principalmente para os que atuam na área contábil. Palavras – chaves: ensino superior; noturno; trabalhador-estudante. 1 INTRODUÇÃO Os traços iniciais do ensino da Contabilidade no Brasil surgem com a chegada da Família Real e as necessidades criadas por ela ao chegar ao Brasil, pois este acabava de se transformar em sede do Império Português. Como mostra Soares et. al. (2011)as aulas de comércio se iniciaram em 1809, por meio do Alvará do Príncipe Regente, D. João VI. De fato, as raízes do curso da Contabilidade no Brasil surgem por meio da necessidade de formação de mão de obra para atendimento à família real, ou seja, a relação entre trabalho e ensino é historicamente presente no ensino da Contabilidade. Passado as diversas etapas, como o surgimento do ensino superiorno Brasil por meio do Decreto-lei nº 7.988, de 22 de setembro de 1945, entre outras e chegando aos tempos atuais verifica-se que o curso de Ciências Contábeis hoje é predominantemente noturno e fornecido em sua grande maioria por Instituições de Ensino Superior privadas, o que abriu o caminho para a figura do trabalhador – estudante, que trabalha durante o dia e à noite estuda. De fato o ensino superior tem tomado grande proporção em seu crescimento, e principalmente o ensino noturno tem sido um grande atraente de novos discentes a esta 605 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE modalidade de ensino, conforme dados do INEPem 2012 o ensino superior contava com 5.923.838 alunos matriculados em todo o Brasil, destes 3.738.579 (63,1%) eram matrículas noturnas contra 2.185.259 (36,9%) das matrículas diurnas. Questionando-se sobre o porquê da procura do trabalhador pelo ensino superior,Bittar e Oliveira (2010, p.8) logo afirma que as respostas podem estar relacionadas às necessidades familiares e pessoais, à melhoria das condições de vida e ascensão social, à ampliação do mercado de trabalho, etc. A procura pelo ensino ofertado no período noturno pode também se dá pela busca da melhoria das condições de trabalho para aqueles que já se encontram no mercado de trabalho, como, melhor remuneração, alcance de cargos melhores, como também ascensão social. Poucos foram os trabalhos que buscaram estudar o ensino superior noturno e a sua relação com o trabalho, porém, apesar de terem sido poucos, pode-se aqui elencar algumas pesquisas que trataram esta relação: Quadro 1 – alguns estudos desenvolvidos Autores Objetivos dos estudos Andrade e Spósito (1986) Buscou retratar o perfil de alunos de cursos superiores noturnos, considerando a dupla situação de trabalhador e estudante. Sonneville (1992) Teve como objetivo examinar com precisão a questão da conciliação dos estudos com o trabalho universitário. Guimarães (2006) Buscou identificar qual é o contexto atual da relação entre trabalho e ensino superior e como se situa o trabalhador-estudante do ensino superior noturno neste contexto, buscando contribuir para as reflexões comprometidas com a realidade dos trabalhadores-estudantes. Carelli e Santos (2006) Objetivou identificar e comparar as condições temporais e pessoais de estudo de alunos do último ano degraduação, dos turnos diurno e noturno. Peleias et. al (2008) Pesquisou a percepção de alunos de Instituições de Ensino Superior sobre as dificuldades por eles enfrentadas no primeiro ano noturno de Ciências Contábeis. Panucci-Filho et. al. (2011) Investiga a composição das dificuldades dos estudantes de Ciências Contábeis ainda no curso de formação. Fonte: Elaboração própria (2014) O ensino superior noturno se mostrou crescente nos últimos anos e pontos levantados neste trabalho mostram a realidade vivida pelos estudantes trabalhadores, em especial a realidade dos estudantes do curso de Ciências Contábeis. Desta forma, a presente pesquisa buscou contribuir com a literatura existente, e diferente dos estudos já realizados buscou analisar a percepção de discentes dos diversos períodos da graduação e justifica sua existência, justamente pela contribuição trazida por meio da identificação e compreensão dos principais problemas vivenciados na relação entre trabalho e ensino superior noturno pelo corpo discente durante o curso, problemas estes que podem estar permeando o processo de ensino e aprendizagem dos graduandos, desta forma, proporcionada uma evidência de tais problemas torna-se mais fácil uma ação de auxílio aos graduandos estudados. Sendo assim, a pesquisa se norteou por meio do seguinte problema: qual é a percepção dos graduandos em Ciências Contábeis quanto aos reflexos causados pela relação entre trabalho e ensino superior noturno ao longo da sua formação? Intrínseco a esta questão, a 606 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE pesquisa teve como objetivo a análiseda percepção dos graduandos em Ciências Contábeis com relaçãoaos reflexos causados pela relação entre trabalho e ensino superior noturno sobre a sua formação. O trabalho foi estruturado em quatro partes. Após a introdução, foi apresentado um referencial teórico sobre: um breve histórico do curso de Ciências Contábeis no Brasil, a expansão do ensino superior no Brasil e a relação entre trabalho e ensino superior noturno, logo após, na terceira parte, foi evidenciado a Metodologia da Pesquisa, já na quarta seção foi demonstrado os resultados e por fim as considerações finais da pesquisa. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NO BRASIL: breve histórico A educação contábil no Brasil se desenvolveu por influências sociais e econômicas que surgiram em diversos momentos de sua história, o que evidencia uma forte relação entre o desenvolvimento da profissão e o da sociedade, como também a enorme importância do crescimento da Contabilidade para o desenvolvimento econômico do país. Como afirmado por Niyama (2010) o desenvolvimento da Contabilidade no Brasil estáligado ao desenvolvimento econômico do país. Na década de setenta, as taxas de crescimento econômico do Produto Interno Bruto se elevaram, chamando a atenção dos investidores e bancos estrangeiros. Os registros iniciais do ensino da Contabilidade no Brasil, surge por meio do ensino comercial que teve seu surgimento com a chegada da família real, devido à necessidade de trabalhadores para a realização dos negócios públicos e privados que chegaram com a transformação do Brasil em sede do Império Português. Conforme Soares et. al. (2011)as aulas de comércio se iniciaram em 1809, por meio do Alvará do Príncipe Regente, D. João VI. Já em 1906 a Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP, sediada na cidade de São Paulo foi a primeira escola a ministrar o curso de Ciências Contábeis no Brasil, em nível secundário. A passagem e criação de um curso superior em Ciências Contábeis e Atuarias surgiu no Brasil por meio do Decreto-lei nº 7.988, de 22 de setembro de 1945,o que passava a conferir título de bacharel, adquiridos com quatro anos de estudos. Dentre as grandes contribuições à Contabilidade está a contribuição da Universidade de São Paulo, por ter sido, a primeira instituição do país a oferecer curso regular em mestrado e doutorado. Em 2013 conforme os dados do Ministério da Educação, retirados do portal e-MEC em 2013, eram oferecidos 1.328 cursos de graduação em Ciências Contábeis autorizados, por todo o Brasil. Ao longo do tempo o Brasil possuiu uma Contabilidade com forte influência da Escola Italiana, até a alteração da Lei nº 6.404/76, atualizada pela Lei nº 11.638/07 e 11.941/09, que trouxe critérios e procedimentos aplicados pela Escola Norte-americana, os quais tem o foco na informação passada aos usuários com finalidade de auxiliar o processo de tomada de decisão e foi a responsável pela quebra de barreiras no processo de harmonização contábil no Brasil. O processo de harmonização das normas contábeis, também trouxe mudanças no ensino da Contabilidade, mudanças que visam formar profissionais mais capacitados a lhe dar com as mudanças ocorridas, uma das exigências que surgiu pela classe contábil foi a definida 607 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE pela lei 12.249/2010 que trouxe novamente a obrigatoriedade do Exame de Suficiência aos profissionais Contábil. Com diversas mudanças ocorridas, a profissão contábil vem ganhando maior reconhecimento da sociedade, mudando a imagem do profissional, que era visto como mero guarda-livros, passando a ser uma figura importante na gestão das entidades. Como também, a expansão de cursos de Contabilidade tomou uma grande proporção, conforme dados da Sinopse da Educação Superior realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em 2011, principalmente por meio das Instituições de Ensino Superior privadas, dos 1.104 cursos existentes, 934 (85%) são de instituições privadas e 170 (15%) públicas, consequentemente as matrículas seguem a mesma proporção das 288.786 matrículas nos cursos de Ciências Contábeis 238.800 (83%) é do ensino privado e 49.986 (17%) do ensino público. 2.2 A EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR NOTURNO NO BRASIL O ensino superior tem tomado grande proporção em seu crescimento, em especial o ensino noturno tem sido um grande atraente de novos discentes a esta modalidade de ensino, conforme dados do INEPem 2012 o ensino superior contava com 5.923.838 alunos matriculados em todo o Brasil, destes 3.738.579 (63,1%) eram matrículas noturnas contra 2.185.259 (36,9%) das matrículas diurnas. Essa diferença na proporção do crescimento entre turnos não é uma realidade nova: Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) Nos dados do Censo de 2012 desenvolvido pelo INEP, observa-se que esta diferença na proporção possui um histórico.O crescimento do ensino superior não é algo recente, como também o olhar no ensino superior noturno, como mencionado por Andrade e Spósito (1986) a evolução do ensino superior brasileiro nos últimos anos podem ser analisados por diversos pontos, porém dentre os problemas gerados pelo desenvolvimento deste nível de ensino, recai principalmente pelos provocados por uma expansão interna, particularmente sob a forma de cursos particulares noturnos em faculdades isoladas. Este fato cresceu e é presente até os dias de hoje, as Instituições de Ensino Superior (IES) particulares tomam um crescimento gigante: em 2012 existiam 2.416 IES em todo o Brasil, destas, 2.112 (87%) eram IES de ensino privado, contra 304 (13%) de ensino público. Esta diferença entre a disponibilidade de ensino entre IES pública e privada reflete sistematicamente nos matriculados dos cursos promovidos pelas IES, segundo os dados do 608 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Censo, as instituições de ensino privado diurno somava 1.129.579 (27%) alunos matriculados, já o ensino privado noturno somou no mesmo ano 3.078.507 (73%). Andrade e Spósito (1986) continua relatando que a expansão provocou uma maior diversidade social em meio aos cursos de ensino superior, em especial ao ensino superior noturno que trouxe para seu meio cidadãos que conciliam atividade remunerada com o ensino superior, ou seja, o ensino superior noturno foi adotado pelos trabalhadores – estudantes. Terribili Filho e Quaglio (2005) continua a falar sobre o desenvolvimento do ensino superior e conclui que o ensino superior noturno do Brasil surge nos anos 60 e que seu desenvolvimento está ligado ao fato dos estudantes poderem exercer atividade profissional e também realizarem sua graduação, podendo assim arcar com a realização do curso, como até o sustento familiar, já que muitos também já possuem responsabilidades familiar. Bittar e Oliveira (2010) também relatam sobre a busca pelo ensino superior noturno, e questionam-se sobre o que faz um jovem trabalhador buscar um curso de nível superior e sua resposta é que, este fato está ligado às necessidades familiares e pessoais, à melhoria das condições de vida e ascensão social, à ampliação do mercado de trabalho, entre outros fatores. 2.3 TRABALHO E ENSINO SUPERIOR NOTURNO: o curso de Ciências Contábeis Andrade e Spósito (1986) concluiu em seu trabalho que, após a reforma universitária de 1968, houve a ampliação de acesso ao ensino superior devido ao surgimento das instituições particulares, que se fez principalmente sobre a forma de cursos noturnos, o que mudou a população, e trouxe a tona o trabalhador-estudante, este novo alunado do ensino superior busca crescimento por meio de um diploma para assim, galgar cargos, aprimorar seu desempenho no trabalho, como também nas relações interpessoais. Este crescimento buscado pelo discente do ensino superior noturno, não é de fato, algo fácil de se alcançar, já que estes possuem consigo, algumas dificuldades que necessitam ser enfrentadas, o que exige deste aluno uma dedicação ainda maior, visto que a jornada enfrentada entre trabalho, estudos e em alguns casos a responsabilidade familiar.Guimarães (2006) em seu trabalho de dissertação preocupou-se com o ensino superior noturno, que nele estavam inseridos os trabalhadores-estudantes, e relatou que o ensino noturno tem sua procura maior por parte dos trabalhadores que já estão inseridos no mercado de trabalho, e estes estudantes por sua vez são diferenciados por possuírem expectativa própria, e estarem inseridos muitas vezes em contextos de necessidade e dificuldade. Estas dificuldades podem ser expostas pelas jornadas enfrentadas entre ensino e trabalho como demonstrado por Guimarães (2006) que afirmou que este fato de alunos do ensino superior noturno estudarem e trabalharem forçam estes a adotarem jornadas duplas e até triplas de atividades, o que pode afetar o seu desempenho educativo. Seguindo a mesma linha de pensamento Panucci-Filho et. al. (2011) concluiu em seu trabalho que a ocupação com trabalho, estudos e família torna o tempo insuficiente para conciliar todas as atividades satisfatoriamente. Continuando a relatar sobre o fator tempo inserido no contexto do trabalhadorestudante, pode-se evidenciar o trabalho de Carelli e Santos (2006) que desenvolveu um estudo que possuía como objetivo verificar as condições temporais e pessoais de estudo de universitários, concluindo-se que a principal razão sobre o tempo para estudos, principalmente entre os alunos noturnos, é devido ao fato da dedicação de grande parte do seu tempo ser ao trabalho e que estes alunos sentem-se prejudicados pela falta de tempo para maior dedicação às atividades de estudo extraclasse, visto que estudam mais aos finais de semana, como 609 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE também apontaram que o sono e o cansaço são grandes comprometedores de seus rendimentos. Contudo, há pesquisas que demonstram pontos positivos sobre a relação de trabalho e ensino superior noturno, como a desenvolvida por Sonneville (1992), que após desenvolver um estudo de caso sobre o tempo de estudo e tempo de trabalho dos universitários de uma Instituição de Ensino Superior, concluiu que conciliar os estudos com o trabalho exige muita perseverança e força de vontade, fatores imprescindíveis para alcançar os seus objetivos e que apesar de todas as dificuldades enfrentadas a pesquisa mostrava que o trabalho, mesmo que seja mais desgastante e cansativo para os alunos, não é um fator que implicará em alunos menos eficiente e produtivo, em termos acadêmicos. Isso se torna possível principalmente quando o estudante atua na área da sua formação, como Peleias et. al. (2008) concluiu em sua pesquisa, mostrando que os alunos que trabalhavam na área contábil possuíam menos dificuldades para estudar do que os que não atuavam. A perseverança e a perspectiva de um futuro melhor ou de uma ascensão no mercado de trabalho nos casos em que os graduandos já se encontram inseridos no mercado, podem ser fatores que transmitam aos estudantes a busca ao alcance de seus objetivos, os tornando assim pessoas mais dedicadas que buscam organização do tempo, para que a relação trabalho mais a dedicação aos estudos seja realizada da melhor forma. Trabalhar durante o dia e estudar à noite exigem algumas premissas, como já mencionado, e este é um perfil do discente em Contabilidade, devido à alta empregabilidade existente e pela necessidade por parte do estudante em colocar seu conhecimento teórico em prática, contudo a vida dupla enfrentada e a falta de tempo podem vir a ser um fator decisivo na continuidade do estudante na graduação. 1. METODOLOGIA Esta pesquisa se desenvolveu com o objetivo de analisar por meio da percepção dos graduandos em Ciências Contábeis, os reflexos causados pela relação entre trabalho e ensino superior noturno ao longo da sua formação. A pesquisa iniciou-se por meio da investigação bibliográfica que tratou sobre um breve histórico sobre o curso de Ciências Contábeis, sobre a expansão do ensino superior noturno, bem como, demonstrou um pouco sobre a relação entre trabalho e ensino no curso de Ciências Contábeis,objetivando o confronto da literatura existente com os resultados alcançados por meio da pesquisa. Foi eleito para realização da pesquisa os graduandos do curso de Ciências Contábeis, da Universidade Federal da Paraíba, Campus IV, Litoral Norte (UFPB-LN), que frequentam o curso na modalidade noturna e que estão inseridos no mercado de trabalho. Este local foi escolhidopor conveniência para o desenvolvimento da pesquisa, visto o melhor acesso aos respondentes. Para coleta de dados apesquisa utilizou-se de um questionário, que foi elaborado de forma virtual, por meio da plataforma do Google Docs®. Foram enviados e-mails para os graduandosos convidadosa participar da pesquisa, como também, os mesmos foram incentivados por meio de rede social. Desta forma, o instrumento de coleta de dados constituiu-se da seguinte forma: as 9(nove) primeiras questões buscaram verificar o consentimento para participação na pesquisa, 610 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE traças o perfil do respondente, como também sua colocação no mercado de trabalho, as demais, buscaram verificar a percepção dos respondentes acerca da relação entre trabalho e ensino superior noturno. Foram construídas 11 (onze) assertivas, com base na escala Likert de 3 pontos, em que o ponto 1 indica “discordo”, o 2 “indiferente” e o ponto 3 “concordo”,esta escala foi escolhida devido ao trabalho de buscar analisar percepções de outras pessoas. Dentro das questões do questionário foram inseridas questões de controle, estas questões serviram para parametrizar a participação dos graduandos que possuem o requisito já mencionado anteriormente. As questões para controle foram as seguintes: Questão 1: a qual o respondente aceitava participar da pesquisa; Questão 2: buscou averiguar se o respondente trabalhava; Questão 8: que questionou sobre o período que o aluno cursava,com o objetivo de eliminar possíveis profissionais já formados que viessem a responder a pesquisa; Questão 9: que buscou eliminar respondentes de outras instituições, visto que, neste primeiro momento a pesquisa se dar apenas com a UFPB, Campus IV. Estas questões que serviram de controle foram eliminadas da análise, exceto a questão 8, pois além de ser de controle, a mesma participou da pesquisa como uma questão que compôs a análise dos dados. Os questionários foram disponibilizados durante a 1ª semana de setembro, obtendo 113 respondentes, porém com base na parametrização da participação dos graduandos na pesquisa mostrada anteriormente, foram eliminados 29 respondentes, restando então, de forma filtrada, como amostra da pesquisa 84 respondentes. Como demonstrado, esta avaliação se realizou por meio das 11 assertivas que foram avaliadas utilizando a escala Likert, e tomou como base a experiência vivida pelo estudo de Peleias et. al. (2008), que reuniu 40 assertivas, em sua pesquisa por meio da leitura de 86 redações escritas por alunos da disciplina “Introdução à Pesquisa Contábil”, oferecida no 2º. semestre do 1º ano de um curso noturno em Ciências Contábeis na cidade de São Paulo e após a leitura e análise das redações, foram identificadas as dificuldades de estudar no período noturno, citadas pelos alunos. A partir de tais dificuldades, foram redigidas as assertivas. Os dados da pesquisa foram analisados por meio da técnica da estatística descritiva e foram tratados por meio do IBM SPSS Statistics – versão 20.0®. 611 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4. RESULTADOS 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES Tabela 1 - (item 3 a 8) Caracterização do perfil dos graduandos Itens Frequência Relativa Frequência Absoluta (%) (Item3) Trabalha na área Contábil? Não Sim Total 45 39 84 53,6 46,4 100,0 (Item 4) Cidade/Estado aonde reside: Microrregião do Litoral Norte Região Metropolitana Microrregião de Guarabira Microrregião de Sapé Total 51 21 11 1 84 60,7 25,0 13,1 1,2 100,0 (Item 5) Cidade/Estado aonde trabalha: Microrregião do Litoral Norte Região Metropolitana Microrregião de Guarabira Microrregião de Sapé Total 41 28 14 1 84 48,8 33,3 16,7 1,2 100,0 (Item 6) Gênero: Feminino Masculino Total 37 47 84 44,0 56,0 100,0 (Item 7) Idade: De 19 a 24 anos De 25 a 30 anos De 31 a 35 anos De 36 a 40 anos Acima de 40 anos Total 43 31 7 2 1 84 51,2 36,9 8,3 2,4 1,2 100,0 (Item 8) Período que está cursando: 1º ano (1º e 2º período) 2º ano (3º e 4º período) 3º ano (5º e 6º período) 4º ano (7º e 8º período) 5º ano (9º e 10º período) Total 10 22 12 14 26 84 11,9 26,2 14,3 16,7 31,0 100,0 Para o desenvolvimento da pesquisa foram questionados graduandos de todos os períodos, ou seja, o instrumento de coleta de dados foi aplicado do 1º ao 5º ano do curso.Por meio da análise do perfil dos graduandos observa-se que a maior parte deles, 54% (45),não trabalha na área contábil. No que se refere à cidade de residência dos estudantes, verificou-se que maior parte mora na Microrregião do Litoral Norte 61% (51), ou seja, estão no entorno da UFPB, Campus IV, está Microrregião, é formada pelas cidades: Mamanguape (cidade de localização do campus), Baía da Traição, Mataraca, Curral de Cima, Jacaraú, Pedro Regis, Capim, Cuité de Mamanguape, Marcação e Rio Tinto. Mesmo estando nos arredores da cidade do campus estas cidades possuem uma relativa distância de acesso à Universidade, como as cidades de 612 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Mataraca com 46,5 km e Jacaraú 37,4 km de distância. Outra boa parte 25% (21) reside na região Metropolitana, em especial nas cidades de João Pessoa, Santa Rita e Bayeux, como também na Microrregião de Guarabira 13% (11) principalmente em Guarabira e Araçagi. Observa-se também que alguns moradores da Microrregião do Litoral Norte não possuem o mesmo endereço pra fins de trabalho, desta forma, alguns buscam a região Metropolitana, o que pode estar relacionado a esta região possuir maior oportunidade de empregos na área Contábil e até mesmo em outras áreas, visto que nela se localiza a capital do Estado. Quanto ao gênero esse se mostrou homogêneo, mostrando uma pequena diferença na quantidade entre os entrevistados do sexo feminino e masculino, já no que diz respeito a faixa etária, os estudantes do campus IV mostraram-se relativamente novos, já que maior parte estão de 30 anos para baixo 88% (74). 4.2 DISCUSSÃO DAS ASSERTIVAS ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E ENSINO SUPERIOR NOTURNO Tabela 2 - (item 10) Administrar o tempo livre é uma atividade difícil para quem estuda e trabalha. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 3 2 79 84 Frequência Absoluta (%) 3,6 2,4 94,0 100,0 No que diz respeito à administração do tempo livre,o graduando afirmar ser difícil a realização desta tarefa 94% (79), poisos estudantes noturnos trabalham durante o dia, estudam à noite e ainda podem estar em uma terceira jornada, que seriam “os donos de casa”, enfim o tempo livre pode ser usado seja para estudar de forma extra a sala de aula, para cuidar da família ou até mesmo proporcionar algum momento de descaço, já que a rotina entre trabalho e estudo não segue um baixo ritmo, desta forma, conciliar as diversas atividades com o pouco tempo livre se torna uma dificuldade. Tabela 3 - (item 11) O cansaço causado pelo trabalho afeta minha concentração na sala de aula. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 10 6 68 84 Frequência Absoluta (%) 11,9 7,1 81,0 100,0 Tabela 4 - (item 12) O cansaço causado pelo trabalho afeta minha concentração na leitura e interpretação de textos. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 6 15 63 84 Frequência Absoluta (%) 7,1 17,9 75,0 100,0 613 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 5 - (item 13) O cansaço causado pela locomoção afeta meu desempenho no curso. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 14 22 48 84 Frequência Absoluta (%) 16,7 26,2 57,1 100,0 Estes alunos que enfrentam jornadas duplas, entretrabalho e ensino superior noturno, estão expostos a um cansaço que é proporcionado tanto pelo trabalho, como pela locomoção realizada entre a cidade de localização do seu trabalho ou a do seu endereço residencial até a cidade do Campus IV. Este cansaço por sua vez chega a interferir em algumas atividades, primeiramente foi alegado que este cansaço afeta a concentração em sala de aula 81% (68),também foi exposto que o mesmo afeta a concentração na leitura e interpretação de textos 75% (63) e consequentemente após evidenciado alguns desgastes por parte do cansaço, apesar de uma parte dos graduandos não concordarem ou acharem indiferente 43% (36), foi alegado que ofato de estar cansado diminui o desempenho dos graduandos no curso 57% (48). Estas constatações vão de contra ao estudo de Sonneville (1992), que após desenvolver um estudo de caso sobre o tempo de estudo e tempo de trabalho dos universitários de uma Instituição de Ensino Superior, concluiu que apesar de todas as dificuldades enfrentadas a pesquisa mostrava que o trabalho, mesmo que seja mais desgastante e cansativo para os alunos, não é um fator que implicará em alunos menos eficientes e produtivos, em termos acadêmicos. Porém corrobora quanto ao cansaço com Carelli e Santos (2006) que verificou as condições temporais e pessoais de estudo de universitários, concluindo que o sono e o cansaço são grandes comprometedores de seus rendimentos. Tabela 6 - (item 14) Tenho sono durante as aulas e isso atrapalha meu aprendizado. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 21 22 41 84 Frequência Absoluta (%) 25,0 26,2 48,8 100,0 No que tange ao sono, a presente pesquisa se distanciou das conclusões de Carelli e Santos (2006), visto que, o fator sono foi um item que não se mostrou tão relevante quanto a sua interferência no aprendizado do aluno, pois 51% (43) dos entrevistados não concordaram ou acharam indiferente a afirmativa de que eles teriam sono durante as aulas e isso atrapalhava o seu aprendizado. Tabela 7 - (item 15) Necessidade de trabalhar causa falta de tempo para estudo. Discordo Indiferente Concordo Frequência Relativa 4 11 69 Frequência Absoluta (%) 4,8 13,1 82,1 614 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Total 84 100,0 Já no que concerne ao fator trabalho, constatou-se que a maioria 82% (69) afirma que a existência da necessidade de trabalhar causa falta de tempo para seus estudos, o que mostra que o fato de trabalhar afeta a atuação do discente no ensino superior. O fato de trabalhar toma muito tempo dos estudantes, o que compromete seus estudos e Carelli e Santos (2006) comprovaram este fato em seus resultados, e afirmaram que a principal razão sobre o tempo para estudos, principalmente entre os alunos noturnos, é devido ao fato da dedicação de grande parte do seu tempo ao trabalho e que estes alunos sentem-se prejudicados pela falta de tempo para maior dedicação às atividades de estudo extraclasse, visto que estudam mais aos finais de semana. Tabela 8 - (item 16) Trabalhar durante o período diurno e estudar no período noturno é um fator que estimula a dar continuidade aos estudos. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 19 19 46 84 Frequência Absoluta (%) 22,6 22,6 54,8 100,0 Com relação ao fator trabalho e estudo ser um ponto estimulante para o estudante do ensino superior dá continuidade aos seus estudos, observa-se que a maioria concorda 55% (46). Esta concordância pode estar associada ao que Andrade e Spósito (1986) afirmavam, após a expansão do ensino superior com a reforma universitária de 1968, que trouxe a tona o trabalhador-estudante, e com ele surgia o estímulo de crescimento por meio de um diploma para assim, galgar cargos, aprimorar seu desempenho no trabalho, como também nas relações interpessoais. Estes fatores elencados podem ser fatores de estímulo ao alunado do ensino superior noturno. Tabela 9 - (item 17) Tempo para dormir e descansar me deixa disposto a aprender. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 8 15 61 84 Frequência Absoluta (%) 9,5 17,9 72,6 100,0 O fato de dormir e descansar deixa o estudante do ensino superior noturno disposto a aprender como mostrou 73% (61) dos alunos da UFPB, Campus IV. Porém, pode-se concluir também que apesar de considerar os fatores dormir e descansar importante, estes não devem ser atividades realizadas de forma correta pelos estudantes, já que além de trabalhar durante o dia e estudar a noite, estes se deslocam até a cidade de localização do curso, o que pode levar a diminuição seu tempo para dormir e descansar. 615 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 10 - (item 18) O fato de trabalhar na área contábil ajuda o aluno a compreender melhor o conteúdo ministrado em sala de aula, mesmo que ele esteja cansado do trabalho ou da locomoção. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 5 16 63 84 Frequência Absoluta (%) 6,0 19,0 75,0 100,0 Os discentes concordam em 75% (63) que o fato de trabalhar na área Contábil é uma forma de melhoria na compreensão dos conteúdos em sala de aula, mesmo que eles estejam cansados tanto do trabalho, como da locomoção. Esta conclusão se assemelha a de Peleias et. al. (2008) mostrando que os alunos que trabalhavam na área contábil possuíam menos dificuldades para estudar do que os que não atuavam na área contábil. Porém os alunos da UFPB, Campus IV, como já analisado, mostram-se em sua maioria não atuar na área contábil, o que pode ser um fator diminuidor da compreensão deste alunado. Tabela 11 - (item 19) O trânsito dificulta a chegada dos alunos no horário da aula. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 11 19 54 84 Frequência Absoluta (%) 13,1 22,6 64,3 100,0 Além do cansaço com a locomoção, os alunos relatam por meio de 64,3% (54) que o trânsito é um ponto de dificuldade para que se possa chegarno horário da aula. Este fator está mais presente na vida dos discentes que se deslocam da região Metropolitana. Tabela 12 - (item 20) Dificuldade de locomoção consomem muito tempo dos alunos. Discordo Indiferente Concordo Total Frequência Relativa 8 15 61 84 Frequência Absoluta (%) 9,5 17,9 72,6 100,0 Como já relatado, o fato da locomoção é um ponto que diminui ainda mais o tempo do estudante do ensino superior que trabalhou o dia inteiro e para chegar até a instituição de ensino passa por desgastes como o trânsito e distância. 616 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.3 COMPARATIVO ENTRE DADOS (Crosstabulation) Tabela 13 - (Crosstabulation) Relação entre trabalhar na área Contábil (item 3) e o local de trabalho (item 5) Local de trabalho Trabalha na área Não Contábil? Sim Total Microrregião Norte 57,8% do Litoral Região Metropolitana 20,0% 38,5% 48,8% 48,7% 33,3% Microrregião de Guarabira 22,2% Microrregião de Sapé 0,0% Total 100,0% 10,3% 16,7% 2,6% 1,2% 100,0% 100,0% A relação entre o fato de trabalhar na área Contábil e o seu local de trabalho mostra que maior parte das pessoas que trabalham na área Contábil elege a região metropolitana como seu local de trabalho, representando 48,7%, o que pode ser explicado pelo fato de ser uma localidade maior e pelo número de oportunidades de trabalho na área, ao contrário, a maior parte dos respondentes que afirmam não trabalhar na área Contábil que elegem a Microrregião do Litoral Norte como local de trabalho,representando 57,8%, este fato pode ser explicado de forma inversa ao anterior, ou seja, o fato dos estudantes trabalhadores da Microrregião do Litoral Norte não trabalharem na área Contábil pode se dar pela restrita oportunidade de trabalho na localidade. Tabela 14 - (Crosstabulation) Relação entre trabalhar na área Contábil (item 3) e o período que está cursando (item 8) Período que está cursando Trabalha na área Não Contábil ? Sim Total 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano Total 13,3% 37,8% 8,9% 20,0% 20,0% 100,0% 10,3% 12,8% 20,5% 12,8% 43,6% 100,0% 11,9% 26,2% 14,3% 16,7% 31,0% 100,0% Já na análise entre o fato de trabalhar ou não na área Contábil e o período que o graduando está cursando, verificou-se que a maior parte dos graduandos que afirma trabalhar na área Contábil é do 5º anoformando 43,6%,estando estes entre o 9º e o 10º período, ou seja, o grau de empregabilidade destes alunos na área se dá quando se aproxima o final do curso, o que pode estar ligado ao mercado ter maior aceitação quando estes estudantes estão no final do curso, ou também, pelo fato destes durante o curso trabalharem em outras áreas e quando chega o período de conclusão tomam rumos mais voltados a sua área profissional. ] 617 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 15 - (Crosstabulation) Relação entre trabalhar na área Contábil (item 3) e Trabalhar durante o período diurno e estudar no período noturno é um fator que estimula a dar continuidade aos estudos (item 16) Trabalhar durante o período diurno e estudar no período noturno são fatores que estimulam a dar continuidade aos estudos Trabalha na área Não Contábil ? Sim Total Discordo 24,4% Indiferente 26,7% Concordo 48,9% Total 100,0% 20,5% 17,9% 61,5% 100,0% 22,6% 22,6% 54,8% 100,0% Na relação entre o fato de trabalhar na área contábil e o fato de trabalhar e estudar ser um atraente para continuidade dos estudos, analisou-se que os profissionais que trabalham na área Contábil estão mais propensos a concordar com este fato representando 61,5%. Este achado pode ser associado a questões de crescimento profissional, pois os profissionais que já estão inseridos na área podem visualizar uma melhor remuneração e ou crescimento nas funções que exerce por meio da conquista da sua formação superior. Tabela 16 - (Crosstabulation) Relação entre trabalhar na área Contábil (item 3) e o fato de trabalhar na área contábil ajudar o aluno a compreender melhor o conteúdo ministrado em sala de aula, mesmo que ele esteja cansado do trabalho ou da locomoção (item 18) Trabalhar na área contábil ajudar o aluno a compreender melhor o conteúdo ministrado em sala de aula, mesmo que ele esteja cansado do trabalho ou da locomoção Trabalha na área Não Contábil ? Sim Total Discordo 11,1% Indiferente 26,7% Concordo 62,2% Total 100,0% 0,0% 10,3% 89,7% 100,0% 6,0% 19,0% 75,0% 100,0% Tantos os alunos que trabalham na área Contábil 89,7%, como os que não trabalham 62,2%, concordaram que o fato de trabalhar na área contábil auxilia o aluno em uma melhor compreensão dos assuntos ministrados em sala de aula. Este pensamento se dá devido ao curso de Ciências Contábeis ser bastante prático e aplicando os assuntos aprendidos em sala de aula no seu local de trabalho é uma forma do estudante ir construindo uma relação entre o conteúdo e a sua aplicabilidade. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa preocupou-se em analisar a percepção dos graduandos em Ciências Contábeis acerca dos reflexos causados pela relação entre trabalho e ensino superior noturno sobre a sua formação. Desta forma, alcançando o objetivo do estudo por meio dos dados coletados foi possível analisar os reflexos causados pela relação entre trabalho e ensino superior noturno, sendo assim, verificou-se em síntese que maior parte dos graduandos em Ciências Contábeis da UFPB, Campus IV, não trabalha na área contábil, o que diminui a facilidade de aprendizado dos conteúdos em sala de aula. Os estudantes pesquisados também sofrem com o cansaço proporcionado pelo trabalho e locomoção, este cansaço reflete na concentração destes em sala de aula, bem como, na concentração, na leitura e interpretação de textos, estes fatores são desgastantes e diminui o 618 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE desempenho dos graduandos na academia. Concluiu-se também que por parte de mais da metade dos alunos o sono não interfere durante as aulas e não é um fator que atrapalha o aprendizado. Trabalhar reduz o seu tempo de dedicação aos estudos, contudo, trabalhar e estudar ao mesmo tempo não é um fator desestimulante para os graduandos, principalmente para os profissionais que atuam na área contábil o que pode estar aliado à busca de uma ascensão profissional. Trânsito e locomoção diminuem ainda mais o tempo do estudante, e são estes, outros fatores que interferem na vida dos estudantes noturnos da UFPB, Campus IV, principalmente para os estudantes das outras regiões fora do Litoral Norte da Paraíba. Por fim, observou-se que os estudantes de final de curso são os que mais possuem trabalhos na área contábil. Esta pesquisa apresenta como limitação, a questão da generalização, pelo fato dos resultados alcançados representarem apenas a realidade da localidade estudada, o que não compromete a relevância da pesquisa, já que por meio desta podem ser analisados outros grupos de estudantes de Ciências Contábeis ou de outros cursos. Como contribuição para pesquisas futuras indica-se que a pesquisa seja ampliada de forma comparativa entre estudantes de instituições públicas e privadas. Outra forma de discussão sobre o tema seria fazendo um confronto entre a realidade do estudante diurno e o estudante noturno, já que os estudantes diurnos apenas estudam, estes podem, por exemplo, buscar um número elevado de disciplinas por período que comprometa também seu desempenho acadêmico. REFERÊNCIAS BITTAR, M.; OLIVEIRA, J. F. Ensino superior noturno no brasil: democratização do acesso, da permanência e da qualidade. In I Congresso Ibero Brasileiro de Política e Administração da Educação, VI Congresso Luso-Brasileiro de Política e Administração da Educação, IV Congresso do Fórum Português de Administração Educacional, 2010. Disponível em: <http://www.anpae.org.br/iberolusobrasileiro2010/cdrom/52.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2014. PELEIAS, I. R.; PETRUCCI, V. B. C.; GARCIA, M. N.; SILVA, D. Pesquisa sobre a percepção dos alunos do 1º. ano de ciências contábeis na cidade de São Paulo em relação às dificuldades por eles percebidas no período noturno. Revista Universo Contábil, Blumenau, v. 4, n. 1, p. 81-94, jan./mar. 2008. GUIMARÃES, M. G. G. S. Trabalhadores - Estudantes: um olhar para o contexto da relação entre trabalho e ensino superior noturno. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE). Presidente Prudente-SP, 2006. PANUCCI-FILHO, L.; CLEMENTE, A.; SOUZA , A.;ESPEJO, M. M. S. B.Dificuldades dos Estudantes de Ciências Contábeis de uma Universidade Pública. Revista Cesumar Ciências Humanas e Sociais Aplicadas v. 16, n. 1, jan./jun. 2011, p. 49-72. 619 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE CARELLI, M. J. G.; SANTOS, A. A. A.Condições temporais e pessoais de Estudo em Universitários.2006.Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v2n3/v2n3a06.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2014. SOARES, S. V.; RICHARTZ, F.; VOSS, B. L.; FREITAS, C. L. Evolução do currículo de Contabilidade no Brasil desde 1809. Revista Catarinense da Ciência Contábil – CRCSC – Florianópolis, v. 10, n. 30, p. 27-42, ago./nov. 2011. ANDRADE, C. L.; SPOSITO, M. P. O Aluno do Curso Superior Noturno um Estudo de Caso. Cad. Pesq., São Paulo, p. 3-19, maio 1986. TERRIBILI FILHO, A.; QUAGLIO, P.O cenário urbano para o estudante do ensino superior noturno na cidade de São Paulo: triste realidade ou palco de heróis?Millenium, Viseu, n. 31, p. 74-87, mai. 2005. INEP – INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (2012). Censo da Educação Superior em 2012. Disponível em: <http://www.inep.gov.br>. Acesso em: 27 jul. 2014. (2011).Sinopse da Educação Superior de 2011. Brasília: INEP Disponível em: <http://www.inep.gov.br>. Acesso em: 27 jul. 2014. SONNEVILLE, J. J. O Tempo de Estudo e de Trabalho do Aluno Universitário – um estudo de caso: os alunos da FAEEBA. Revista da FAEEBA, v.1, n.1, 1992. 620 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE APÊNDICE - Questionário Seção I - Caracterização do Respondente: 01. Termo de Livre Consentimento. ( ) Sim ( ) Não 02. Trabalha, estagia, presta serviço, é dono do próprio negócio, entre outros trabalhos? (Se você respondeu NÃO a pesquisa está encerrada para você) ( ) Sim ( ) Não 03. Trabalha na área Contábil? ( ) Sim ( )Não 04. Cidade aonde reside: _____________ 05. Cidade aonde trabalha: ___________ 06. Gênero: ( ) Masculino ( )Feminino 07. Idade: _________________________ 08. Período que está cursando: ________ 09. Universidade/ Faculdade que você estuda: ____________________________ Seção II- Análise da relação entre ensino e trabalho: (De acordo com as afirmações, assinale uma das opções) Item Assertivas Concordo Indiferente Discordo Administrar o tempo livre é uma atividade difícil 10 para quem estuda e trabalha. O cansaço causado pelo trabalho afeta a minha 11 concentração na sala de aula. O cansaço causado pela locomoção afeta meu 12 desempenho no curso. O cansaço causado pelo trabalho afeta a minha 13 concentração na leitura e na interpretação de textos. Tenho sono durante as aulase isso atrapalha o 14 aprendizado do aluno. Necessidade de trabalhar causa falta de tempo para 15 estudo. Trabalhar durante o período diurno e estudar no 16 período noturno é um fator que estimula a dar continuidade aos estudos. Tempo para dormir e descansar me deixa disposto 17 a aprender. O fato de trabalhar na área contábil ajuda o aluno a compreender melhor o conteúdo ministrado em 18 sala de aula, mesmo que ele esteja cansado do trabalho e ou da locomoção. 621 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 19 20 O trânsito dificulta a chegada dos alunos no horário da aula. Dificuldade de locomoção consomem muito tempo dos alunos. 622 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE UM ESTUDO SOBRE O PERFIL DAS MONOGRAFIAS DO CURSO DE CONTÁBEIS EM UMA IES DE CARUARU – PE AUTORES: Amanda Francielly dos Santos, Ilka Gislayne de Melo Souza e Lavoisiene Rodrigues de Lima. RESUMO Este estudo teve como objetivo apresentar os elementos utilizados para analisar as características do perfil das monografias do curso de ciências contábeis em uma Instituição de Ensino Superior – IES na cidade de Caruaru – PE. A pesquisa procurou analisar as demografias de autoria, estrutura e referências das monografias da IES. A metodologia utilizada foi de característica descritiva, documental, com natureza quantitativa e qualitativa. A amostra foi composta de 81 monografias no período de 2010 a 2012. Conclui-se que as técnicas de pesquisas mais utilizadas foi à análise bibliográfica, onde 100% das monografias se utilizaram desta técnica. Já o instrumento mais utilizado para recolhimento de informações foi o questionário. Com estas análises constatou-se que a área contabilidade gerencial e tributária é a mais procurada. Nas referências verificou-se uma preferência primordial nas bibliografias e sites. Todas as monografias contêm justificativas. Por fim, as informações recolhidas mostram as áreas com maior deficiência, e o grau acadêmico das monografias, que poderão servir de auxilio para os próximos estudantes de graduação em ciências contábeis. Palavras-chaves: Perfil das Monografias. Instituição de Ensino Superior. Ciências Contábeis. 1. INTRODUÇÃO A área contábil esta em grande desenvolvimento, a procura pelo curso tem aumentando constantemente nos últimos três anos. Prova disso é a grande quantidade de monografias que está sendo desenvolvida atualmente. Hoje temos 313.174 alunos no Brasil do curso de ciências contábeis, sendo educação presencial e a distância. (EXAME, 2013). Um dos motivos pelo qual está crescendo a procura do curso de Bacharelado em Ciências Contábeis é o extravio, ao qual diz que após 1° de Junho de 2015 os técnicos em contabilidade não irão possuir mais o direito de emitir o Registro em Conselho Regional de Contabilidade, ou seja, os cursos de bacharel em contábeis irão ser ainda mais procurados, ao mesmo tempo, mais monografias irão ser produzidas. (JUSBRASIL, 2010). Com o crescente número de graduações, as monografias estão sendo desenvolvidas cada vez mais. Gallonet al. (2008, p.2) afirma que “diversos estudos desenvolvidos até o momento tiveram como foco de investigação a qualidade e o rigor científico, o conteúdo e a forma, as estratégias metodológicas, a autoria e as referências bibliográficas da produção científica da área de Contabilidade brasileira”. O MEC apontou em 2012 o curso de Contábeis como sendo um dos mais procurados nas Universidades Federais, visto isso através do levantamento do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a partir do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Entre o Segundo semestre de 2011 e o primeiro semestre de 2012 foi visto que a procura pelo curso praticamente dobrou, assim ocupando a oitava posição no ranking nacional. 623 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Segundo Pocetti (2012), presidente do instituto de Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) os principais motivos que tem levado os estudantes procurar formação em ciências contábeis são as novas oportunidades profissionais geradas pelo mercado financeiro. Um dos maiores causadores da grande procura por este tipo de profissional é a convergência com a contabilidade Internacional, ganhando espaço na bolsa de valores através da atração de novos investidores, daí vem a procura por mais profissionais capacitados para preparar as demonstrações financeiras e auditá-las. O curso superior em Ciências Contábeis possibilita que o futuro profissional tenha inúmeras possibilidades de escolha, podendo atuar em diversas áreas de estudo, organizando e regulamentando o funcionamento das empresas. Diante disso surge uma problemática demonstrando os estudos de maiores interesses, em relação aos estudos para monografias, descrevendo através de analises documentais. Neste contexto, esta pesquisa busca contribuir para a análise de pesquisa no âmbito das monografias de graduação, respondendo a seguinte questão de pesquisa: Qual o Perfil das Monografias do Curso de Ciências Contábeis em uma Instituto de Ensino Superior – IES na cidade de Caruaru - PE? O presente trabalho procura traçar o perfil das monografias em uma IES direcionado ao Curso de Ciências Contábeis, localizada na cidade de Caruaru – PE. Justificam-se tal estudo através de sua utilidade e contribuição aos demais programas de graduação na área. O trabalho foi determinado devido à aplicação da analise da estrutura das Monografias de uma IES da cidade de caruaru, analisando Quatro Aspectos, que são: Analisar a Demografia de Autoria das Monografias (O gênero do autor, o número de Orientações por ano e as áreas temáticas das monografias). Analisar a Estrutura organizacional das Monografias, os tipos de pesquisas quanto aos procedimentos (bibliográfica, descritiva, exploratória, explicativa, quantitativa, qualitativa, dedutiva, indutiva). Verificar as formas de argumentação das monografias (Justificativas). Verificar as referências utilizadas (livros, periódicos, teses, Dissertações, Sites Web, jornais e outros). Através disso serão analisados os pólos metodológicos como embasamento: Polo Epistemológico, Polo Teórico, Polo Metodológico e polo Técnico. Portanto, a análise relaciona-se as monografias do curso de contábeis em uma IES, a intenção é analisar o perfil das monografias, desenvolvidas no período de 2010 a 2012, com a perspectiva de avaliação da estrutura e área específica ao qual foi trabalhada. Um estudo com a mesma perspectiva foi realizado por Santos, Klann e Rausch (2010). Estes autores traçaram o Perfil das dissertações do Mestrado em Ciências Contábeis da USP e FURB, analisando 66 dissertações defendidas no período de 2007 a 2009, sendo 35 da USP e 31 da FURB. As variáveis que foram analisadas por esses autores foram as seguintes: Demografia de Autoria, estrutura, formas de argumentações e referências. Foi constatado que houve uma predominância nos estudos baseados em pesquisa documental e métodos Quantitativos. A pesquisa utilizada foi aplicada a monografias defendidas no ano. Contribuindo para o melhoramento das próximas monografias em relação a qualidade de pesquisas em contabilidade, e a possível contribuição que esse estudo pode trazer para os demais programas de graduação em ciências contábeis, fazendo com que novas pesquisas sejam bem elaboradas, além de subsídios para determinadas linhas de pesquisa. A análise de monografias tem como objetivo evidenciar quais as áreas do curso de contábeis que os alunos mais se identificam, pois é daí que visam o desenvolvimento do TCC, onde se tem inteira dedicação ao assunto estudado, e a necessidade de alunos tomarem por conhecimento os assuntos abordados. Outros estudos no meio acadêmico já foram feitos com essa mesma linha de pesquisa, ao qual foi tomado como base: Perfil das dissertações do mestrado em Ciências 624 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Contábeis da USP e FURB; O Perfil das Dissertações do Programa Multi-institucional e Interregional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN/UFPE; entre outros. A abordagem metodológica pode ser definida como a estratégia e caminhos que o autor vai utilizar para atingir os objetivos propostos no trabalho com relação a avaliação epistemológica das pesquisas Científicas.Gamboa (1987), Martins (1994) e Theóphilo (2004), são inspirados por Bruyne, Herman e Schouth (1982) tem a mesma linha de raciocínio nas análises epistemológicas (metodologia Quadripolar) de produção científica em estudo. BRUYNE, HERMAN E SCHOUTH (1982). Os estudos desses autores foram referentes aos polos metodológicos que abrangem o Epistemológico: Ruptura epistemológica; Produção do objeto Científico; Explicitação da Problemática; e Processos Discursivos que neles estão contidos: dialética, fenomenologia, quantificação, método hipotético-dedutivo. O Teórico: Quadro de formulação; Quadro de explicitação e Quadro de Referência que esta incorporada nele: positivismo, compreensão, funcionalismo, estruturalismo. O Morfológico: Exposição; Causação; Objetivação e Quadros de Análise: tipologia, tipo ideal, sistemas, modelos estruturais. O Técnico: Modos de Investigação: Estudo de Caso, Estudos Comparativos, Experimentação, Simulação. GAMBOA (1987). Os estudos de Gamboa (1987) trás um relato um pouco diferenciado dos estudos de BRUYNE, HERMAN E SCHOUTH (1982), alem de analisar outros dois polos, o Lógico-Gnosiológico e Ontológico. Gamboa analisa o Epistemológico como: Causalidade e Validade da Prova Científica e de Ciência. O Teórico: Fenômenos Privilegiados; Núcleo Conceitual Básico; Autores e Clássicos Cultivados; Pretensões Críticas; Tipo de Mudança Proposta e Outros. O metodológico: Empirismo; Positivismo; Funcionalista; Sistêmica; Fenomenologia Hermenêutica; Crítico-Dialética; e outros. O Técnico: Organização e tratamento de dados, Informações e Técnicas de Coleta: históricas, teóricas, bibliográficas, descritivas (enquete), experimentais, quase-experimentais, pesquisa-ação, pesquisa participante, análise de conteúdo, análise do discurso, outros; Organização e Tratamento de Dados; e Informações. O Lógico-Gnosiológico: Critérios de Elaboração do Objeto Científico: abstração, generalização, conceitualização, classificação, formalização ou maneiras de relacionar o sujeito e o objeto. E o Ontológico: Concepção de Histórias, de Homem, de Educação e de Realidade. MARTINS (1994) Tem seu estudo parecido com algumas concepções de Camboa e Theóphilo em relação ao seu epistemológico, teórico e metodológico. Martins estuda os seus polos separadamente em Epistemológico: Causalidade; e Validade da Prova Científica e de Ciência. O Teórico: Fenômenos Privilegiados; Núcleo Conceitual Básico; e Análise Crítica. O Metodológico: Empirismo; Positivismo; Funcionalismo; Sistêmica; Fenomenologia Hermenêutica e Crítico-Dialética. E o Técnico: Tipos de Estratégias: experimento, quase-experimento, levantamento, estudo de caso, pesquisaação, outros. E Técnicas de Coleta e Análise de Dados: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, observação, questionários, entrevista, focusgroup, análise de conteúdo, outras. THEÓPHILO (2004). Deteve seus estudos aos quatro polos metodológicos, são eles: Epistemológico, Teórico, Metodológico e Técnico. O Epistemológico estuda a: Causalidade; Hipóteses Concorrentes; Validade Interna; Validade Externa; e Validade de Constructo. O Teórico: Programa de Desenvolvimento Científico: investigação em superfície e em profundidade; Postura Teórica: positiva e normativa; Abordagem à 625 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Teoria Contábil: fiscal, legal, ética, estrutural (sistêmica), microeconômica, social e comportamental. O Metodológico: Empirismo; Positivismo; Estruturalismo; Sistêmica; Fenomenologia Descritiva; Fenomenologia Hermenêutica; e CríticoDialética. E o Técnico: Tipos de Estratégias: experimento, quase-experimento, levantamento, estudo de caso, pesquisa-ação, outros; Ênfase do Estudo; Ocorrência do Fenômeno. Estes autores dão embasamentos aos referenciais teóricos e todo o desenvolvimento do trabalho servindo para ampliar o conhecimento acerca do programa a alunos e pesquisadores da área. Este tipo de trabalho foi feito devido à própria necessidade de se saber qual o perfil que as monografias do curso de contábeis abrangem mais, o que os alunos mais trabalham em suas monografias de conclusão de curso. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Inicialmente alguns conceitos teóricos relacionados às pesquisas acadêmicas e aos seus objetivos serão abordados em quatro aspectos metodológicos referentes às Ciências Sociais Aplicadas, são elas: Polo Epistemológico, Polo Teórico, Polo Metodológico e Polo Técnico, tomando como construção do conhecimento Martins e Theóphilo (2007), Bruyneet al. (1977) e Ribeiro Filho et al. (2006). Esses polos “definem um campo metodológico que assegura a cientificidade das práticas de pesquisa”. (BRUYNE et al., 1977, p. 35). Os autores propõem uma metodologia geral “capaz de estabelecer pontos entres as diversas disciplinas, pois os métodos são instrumentos suficientemente gerais para serem comuns a todas as ciências ou a uma parte suficientemente importantes dentre elas” (BRUYNE et al., 1977, p. 27). Os Polos são gerados com diversos aspectos distintos do processo de produção de conhecimentos. São formulados esquemas paradigmáticos para a construção de trabalhos científicos, facilitando o seu desenvolvimento. 2.1 Polo Epistemológico Martins e Theóphilo (2009, p. 3), conceituam como epistemologia “o estudo metódico e reflexivo da ciência, de sua organização, de sua formação, do seu funcionamento e produtos intelectuais”. Epistemologia é o estudo detalhado e reflexivo do conhecimento, justificação e limites. O Referencial epistemológico define as demais direções dos polos a serem tomadas. Segundo Martins e Theóphilo (2009, p.4), a ordem ao qual foi apresentada não foi imprevista para os autores, “O Referencial epistemológico orienta a direção do referencial teórico que por sua vez determina as coordenadas do polo metodológico, que influenciam o polo técnico”. O Polo Epistemológico envolve a crítica sobre o que está sendo objeto de estudo e de problematização para além do senso comum a partir da compreensão e validade das teorias e sob quais condições os fatos podem ser explicados, isto é, como o conhecimento pode ser aceito como válido (BRUYNE et al., 1977). Já Ribeiro Filho et al. (2006) diz que no pólo epistemológico, se opera a estável elaboração de um objeto científico e a definição dos limites da problemática de investigação, ocorrendo uma constante concepção dos parâmetros discursivos dos paradigmas e dos critérios de cientificidade que orientam todo o processo de constatação. 626 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.2 Polo Teórico No polo teórico, Segundo Theóphilo (2000), verifica-se entre os epistemólogos é uma tendência pela defesa do caráter de precedência da teoria sobre o fato, destacando que o processo científico não se origina dos dados para a teoria: ao contrário, uma experimentação ou uma observação tem sempre uma estrutura teórica na qual se baseiam. De acordo com o autor, este polo quer dizer que o termo teoria serve para que uma pessoa possa passar suas ideias de forma compreensível, ajudando a orientar para futuras investigações ou realidades presentes. A busca da compreensão e de explicações mais abrangentes a respeito da realidade, conduzida por um processo de investigação científica, pode conduzir á construção de leis e teorias. As teorias uniformidades e as regularidades explicadas e comprovadas pelas leis em um sistema cada vez mais amplo e coerente, com a vantagem de corrigi-las e aperfeiçoá-las. O objetivo da teoria é o da reconstrução conceitual das estruturas objetivas dos fenômenos, a fim de compreendê-los e explicá-los. (MARTINS, THEÓPHILO, 2009). Assim sendo, sua função mais importante deixando claro qual o conceito, onde toda teoria oferece conhecimentos e explicações sobre a realidade. 2.3 Polo Metodológico Conceituando o polo metodológico, Martins e Theóphilo (2007) asseguram que o polo metodológico contém a estratégia utilizada para explicar os fenômenos estudados. Este polo inclui dimensões relacionadas com os diversos modos de tratar a realidade. Inclui dimensões amplas, como abordagens metodológicas (positivismo, dialética, fenomenologia, etc), e outras mais específicas, como os métodos (indutivo, dedutivo, hipotético – dedutivo etc). Theóphilo (2007) complementa que polo metodológico é a instância que inclui as maneiras por meio das quais se busca a explicação para os fenômenos estudados. 2.4 Polo Técnico O polo técnico é o meio pelo qual se faz as elaborações dos dados pelas coletas e transformações das informações para objetos de estudos, se relacionando com a problemática da pesquisa, com base nesses dados é constituído o objetivo científico. Desse modo, Bruyne, Herman e Schouth (1982) assinalam que, no polo técnico, a pesquisa coleta os dados em função da elaboração dos fatos. Técnicas deverão ser desenvolvidas para que o desenvolvimento e suas conclusões sejam realizadas. Martins e Theóphilo sugerem algumas técnicas ao qual poderá ser utilizadas, são elas: Observação, observação participante, pesquisa documental, entrevista, laddering, painel, focusgroup, questionário, escalas sociais de atitudes, história oral e história de vida, análise de conteúdo, análise do discurso. 627 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quadro 1 – A base em quatro polos da metodologia: Método do Polo Epistemológico Dialética, Fenomenologia, Quantificação e lógica Hipotético-Dedutiva. Quadro de Referencia do Polo Teórico Positivismo, Compreensão, Funcionalismo e Estruturalismo. Quadro de Análise Morfológico do Polo Tipologia, Tipo Ideal, Sistemas e Modelos estruturais. Modos de investigação do Polo técnica Estudo de caso, Estudos Comparativos, Experimentações e Simulações. Fonte: Adaptado de BRUYNE, et al. (1977, p. 36). Toda essa Metodologia são elementos flexíveis que influenciam as práticas científicas. Sua peculiaridade não acontece de forma cronológica, e seus acontecimentos são concebidos como aspectos particulares, ou seja, não se tem uma estrutura de polos a ser seguidos, mais também não é feito separadamente cada polo, os polos são desenvolvidos dependendo do método de pesquisa a ser elaborado. O espaço científico é considerado um espaço dinâmico ao qual está sujeito a diferentes articulações de polos ou instâncias, segundo Martins e Théophilo (2009). 3. METODOLOGIA 3.1 Tipologia da Pesquisa Este trabalho se fundamentou de informações documentais, os dados foram colhidos na biblioteca de uma IES na cidade de caruaru – PE, no período de 2010 a 2012, foram observadas todas as monografias depositadas na instituição neste período. Inicialmente foi feita uma análise nas fontes bibliográficas das monografias disponíveis do período, ao qual se fez um levantamento das análises. A tipologia utilizada nesse trabalho foi a pesquisa bibliográfica, descritiva e documental formulada diante de livros, monografias, artigos e sites. A pesquisa foi do tipo bibliográfica, que utiliza referências para fazer levantamentos em meios escritos, a descritiva tem como objetivo descrever as ideias sobre os temas, e a documental “se assemelha à pesquisa bibliográfica, todavia não levanta material editado – livros, periódicos etc. -, mas busca material que não foi editado.” (MARTINS e THEÓPHILO, 2009, p.88), assim facilitando a compreensão do estudo para os leitores. Nestas analises foram estudados 81 monografias defendidas do curso de ciências contábeis. Considera-se defendidas as monografias depositadas no repositório da IES. 3.2 Coleta de Dados Os dados foram coletados com bases nas monografias disponíveis pela biblioteca sendo analisada de forma manual, observando suas variáveis uma por uma, sendo seus resultados processados em planilhas do software Microsoft Excel, realizando o esboço da pesquisa nos limites dos estudos. As variáveis utilizadas no trabalho foram às mesmas utilizadas no estudo de análise da Demografia de Autoria das Monografias (O gênero do 628 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE autor, o número de Orientações por ano e as áreas temáticas das monografias). Analisar a Estrutura organizacional das Monografias, os tipos de pesquisas quanto aos procedimentos (bibliográfica, descritiva, exploratória, explicativa, quantitativa, qualitativa, dedutiva, indutiva). Verificar as formas de argumentação das monografias (Justificativas). Verificar as referências utilizadas (livros, periódicos, teses, dissertações, sites web, jornais, outros). O intuito desde estudo foi de mostrar as informações ligadas às monografias em geral do curso de contábeis ao qual poderão ser úteis para futuros estudos. 4. DESCRIÇÃO E ANALISE DOS DADOS Na descrição de análise dos dados mostram-se as demografias de autoria, a estrutura das monografias, as formas de argumentação, onde 100% das monografias se utilizaram desta técnica, e referências bibliográficas. 4.1 Demografias de Autoria Este tópico da analise pretende atingir o seguinte objetivo específico: Analisar as demografias de Autoria das monografias, especificamente será verificado o gênero dos orientadores em quantidade e em percentual por ano; o número de orientações que foram defendias por ano e as áreas temáticas trabalhadas nas monografias, evidenciando quais as áreas que são mais trabalhadas em relação a desenvolvimento e apresentação em Trabalhos de Conclusão de Curso, ou seja, as monografias. Tabela 7 - Total de Homens e Mulheres Orientadores das Monografias de uma IES de Caruaru - PE Descrição / Anos Gênero Quantidade % do Total Total 2010 H 5 71,43% 2011 M 2 28,57% 7 H 17 54,39% M 14 45,61% 58,14% 31 2012 H 25 41,86% 43 M 18 58,02% Total H 47 41,98% 81 M 34 Fonte: Dados da pesquisa (2013) Na tabela 1 observou-se uma predominância de homens em todos os anos, totalizando 47 homens e 34 mulheres nestes três anos. Em 2011 ainda se teve um maior percentual de mulheres, relacionado aos outros anos, mais nenhum ano foi superior a quantidade de mulheres em relação aos homens. A média geral dos três anos foi de 58,02% para homens e 41,98% para mulheres, ou seja, as mulheres não estão tão distantes dos homens, podendo assim se igualar ou ate mesmo orientar mais monografias nos próximos anos. Tabela 8 – Monografias Defendidas da IES no ano de 2010 a 2012 Monografias Defendidas Total % do Total 2010 2011 2012 7 31 43 81 8,64% 38,27% 53,09% 100% Total Fonte: Dados da pesquisa (2013) Na tabela 2 verifica-se o total das monografias que foram desenvolvidas no período de 2010 a 2012. Notou-se que a variação foi crescente simultaneamente ao passar dos anos. No Ano de 2010 foram apenas 7 monografias defendidas, já no ano seguinte foram 31, e no ano 629 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE de 2012 foram 43. Estes resultados mostram claramente que anualmente o curso de contábeis cresceu, sua procura tem sido crescente nos anos de 2011 e 2012. No Ano de 2012 a quantidade de monografias defendidas superou até mesmo os dois anos juntos, representando 53,09% do total dos três anos. Tabela 9 - Áreas Temáticas das Monografias da IES Áreas Temáticas Gerencial Controladoria Custos Financeira Tributária Ambiental Pública Auditoria Perícia Ética Profissional Ensino e Pesquisa Sistemas de Informação Contábil Departamento Pessoal Planejamento Estratégico Marketing Contábil Total 2010 1 0 0 0 2 1 1 0 0 0 2 0 0 0 0 7 2011 6 0 5 1 5 1 2 1 0 4 2 3 1 0 0 31 2012 9 1 3 4 9 4 4 1 1 1 1 1 2 1 1 43 Total 16 1 8 5 16 6 7 2 1 5 5 4 3 1 1 81 % do Total 19,75 1,23 9,88 6,17 19,75 7,41 8,64 2,47 1,23 6,17 6,17 4,94 3,70 1,23 1,23 100,00 Fonte: Dados da pesquisa (2013) Na tabela 3 constatou-se que quinze áreas foram trabalhadas no decorrer destes três anos, onde duas áreas temáticas foram as mais abordadas, sendo elas a contabilidade gerencial e a tributária possuindo o mesmo percentual, que é de 19,75% cada uma delas. Em seguida fica a contabilidade de custos com 9,88%, logo após vem à contabilidade pública com 8,64% do total. A Área menos trabalhada foi controladoria, planejamento estratégico e marketing contábil, possuindo cada uma um percentual de 1,23%. Com essa pesquisa vimos que gerencial e tributária são as áreas que mais são trabalhadas pelos alunos em todos os anos. 4.2Estruturas das Monografias Este tópico tem o intuito de atingir o seguinte objetivo específico da pesquisa: analisar a estrutura das monografias, descrevendo os instrumentos utilizados para o recolhimento das informações para a criação das analises dos dados; as estruturas organizacionais que foram utilizadas nas monografias; os tipos de pesquisas quanto aos procedimentos; verificar se todas as monografias possuem justificativas; e verificar as referências utilizadas como fontes de pesquisas e desenvolvimento. Tabela 10 – Instrumentos utilizados nas monografias da IES Instrumentos Utilizados Questionário Documental Entrevista Total 2010 4 2 2 8 2011 22 6 4 32 2012 25 21 2 48 Total 51 29 8 88 Fonte: Dados da pesquisa (2013) Na tabela 4 observam-se os instrumentos que foram utilizados para o desenvolvimento da analise dos dados. Verificou-se que questionário foi o instrumento mais utilizado para a 630 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE elaboração das monografias do curso de ciências contábeis onde resultaram 62,96% das monografias, em seguida análise documental. Houve monografias com mais de um instrumento de pesquisa, especificam-se entre um quantitativo de oito. O questionário foi utilizado como instrumento em 51 monografias, onde de 2010 a 2012 superou em todos os anos qualquer outro instrumento. Tabela 11 – Estrutura Organizacional utilizadas nas monografias da IES Estrutura 2010 2011 2012 Total Pesquisa de Campo 0 2 7 9 Estudo de Caso 7 29 33 69 Estudo de Campo 0 0 2 2 Estudo Acadêmico 0 0 1 1 Fonte: Dados da pesquisa (2013) Na tabela 5 verifica-se que a estrutura mais utilizada é o estudo de caso, onde 69 monografias das 81 foram na estrutura do estudo de caso, esse tipo de pesquisa se aprofunda mais ao seu fenômeno de investigação sem generalizar o objeto da pesquisa. Outra estrutura que também é uma das mais utilizadas é a pesquisa de campo, onde acontece o estudo em um local onde ocorre ou onde ocorreu um fenômeno com fatos para explicá-los, obtendo nesta analise 9 monografias com esta estrutura. Tabela 12 – Tipos de Pesquisas quanto aos procedimentos das monografias da IES Tipos de Pesquisa Bibliográfica Descritiva Exploratória Quantitativa Qualitativa Dedutiva Indutiva Explicativa 2010 7 6 3 5 2 1 0 2 2011 31 18 20 16 19 11 11 2 2012 43 31 24 23 24 12 18 4 Total 81 55 47 44 45 24 29 8 Fonte: Dados da pesquisa (2013) Na tabela 6 verifica-se que todas as monografias se utilizaram de pesquisa bibliográfica, onde várias monografias também se utilizaram de outros procedimentos, com o objetivo de aprimorar os resultados, deixando-os com mais informações. Em seguida observase que a descritiva esteve presente em 55 monografias, tendo o intuito de melhor descrever os fenômenos analisados. A pesquisa exploratória também foi bastante utilizada, ao qual ela descreve uma maior familiaridade com o tema pesquisado, contudo, um maior aprofundamento no tema escolhido. Todos esses tipos de pesquisa foram utilizados espontaneamente pela necessidade do tema abordado de cada monografia. Também se Observou que todas as monografias analisadas possuíram justificativas do trabalho, justificando a sua importância de pesquisa. 4.3 Referências Bibliográficas Tabela 13 – Tipos de Fontes Utilizadas nas Monografias da IES Fontes de Informação Bibliográfica Sites Dissertações 2010 7 7 4 2011 31 28 26 2012 43 40 31 Total 81 75 61 631 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Teses Revistas Total 0 4 22 6 17 108 11 16 141 17 37 271 Fonte: Dados da pesquisa (2013) Na tabela 7 foi visto que nas referências utilizadas, todas as monografias utilizaram a pesquisa bibliográfica como fonte para o desenvolvimento das monografias, todas elas também se utilizaram com mais de um tipo de fonte, onde o aumento do numero de referências pode contribuir numa maior qualidade do trabalho, além de mostrar interesse no autor da monografia. Sites também foi um dos mais utilizados onde 75 monografias se utilizaram deles. Os tipos de pesquisa se concluem em um total de 271 fontes de pesquisas para as 81 monografias, onde fica uma média de 29,89% de utilização de fontes de pesquisa para cada monografia. 5. CONCLUSÃO O objetivo da pesquisa é traçar o perfil das monografias do curso de ciências contábeis em uma IES de caruaru – PE. A demografia de autoria relata que o número de orientadores homens foi superior ao de mulheres, ostentou-se também que a procura do curso tem aumentado, prova disso foi o grande aumento de monografias defendidas no ano. Também foi visto que duas áreas temáticas foram as mais abordadas, sendo elas, a contabilidade gerencial e a contabilidade tributária, as duas tendo a mesma quantidade de defesas. Na análise da estrutura das monografias os instrumentos mais utilizados para a elaboração das monografias foram à análise sobre questionário e a análise documental. O estudo de caso foi o tipo mais comum no instrumento organizacional das monografias, todas as pesquisas se utilizaram de pesquisas bibliográficas, em seguida o procedimento descritivo e o exploratório. E por fim, nas referências bibliográficas se utilizou mais fontes bibliográficas, sites e dissertações. Portanto, em geral conclui-se que o objetivo deste trabalho é a essência das monografias do curso de contábeis, onde foi analisado e mostrado seus resultados de maneira ampla mostrando os conhecimentos que os alunos de graduação poderão atingir. Com esse tipo de pesquisa, podemos também concluir quais áreas e aspectos poderiam ser mais trabalhadas nas próximas pesquisas, abordando assuntos que foram pouco trabalhados, para que assim os seguintes trabalhos possam ser mais úteis para seus leitores. REFERÊNCIAS BOTELHO, Ducineli Régis. Universidade de Brasília. Epistemologia da pesquisa em contabilidade internacional: enfoque cultura-reflexivo. Brasília, DF, 2012. 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São Paulo, SP, 2012 633 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A TEORIA DOS PROSPECTOS E A HEURÍSTICA DO EFEITO MANADA: Um estudo experimental quanto à atitude de indivíduos na decisão de investimentos em cenários de risco AUTORES: Vinícius Gomes Martins, Luiz Felipe de Araújo Pontes Girão e Paulo Aguiar do Monte. RESUMO Este trabalho buscou analisar os reflexos da heurística do efeito manada de investidores na atitude do indivíduo na tomada de decisão em ambientes de risco que envolva cenários de ganho e de perda. Para isso, utilizou-se de uma amostra de 113 alunos do curso de Ciências Contábeis, onde se analisou esse reflexo, por meio de dois casos, ambos com cenários de valorização e de desvalorização. O primeiro caso (Caso I) teve como objetivo testar a Teoria dos Prospectos, enquanto o segundo caso (Caso II), com informações similares a do Caso I, procurou encontrar evidências de efeito manada (herd behavior). Os principais resultados evidenciaram que os sujeitos da pesquisa são avessos ao risco em situações de ganho e propensos ao risco em situações de perdas, corroborando portanto a Teoria dos Prospectos. As evidências sustentam também que o conservadorismo no cenário de ganho é tão arraigado que, mesmo em situações em que o mercado, por meio de evidências de efeito manada, apresente uma postura mais agressiva, os indivíduos permanecem com a mesma atitude conservadora de antes. Já em relação a um cenário de perda, a atitude dos indivíduos também é persistente, ou seja, mesmo na situação em que o mercado sinaliza uma postura mais conservadora, realizando a perda, os indivíduos, mesmo aqueles que foram classificados com perfil conservador, apresentam uma postura mais propensa ao risco. Palavras-chave: Prospect Theory; Efeito Manada; Heurística; Atitude. 1. INTRODUÇÃO A Moderna Teoria de Finanças possui algumas premissas, dentre as quais, destacamse: o investidor é racional, avesso ao risco e emprega a curva de utilidade para maximizar seu bem estar (CASTRO JÚNIOR; FAMÁ, 2002). Entretanto, nas últimas décadas, tais premissas passaram a ser bastante criticadas, dividindo espaço com outros estudos que têm buscado aperfeiçoar esses modelos teóricos tradicionais, incorporando aspectos psicológicos, mais especificamente, aspectos comportamentais. Nesse sentido, um dos estudos bastante disseminados na literatura é o de Kahneman e Tversky (1979) que, ao criticarem a teoria da utilidade esperada como um modelo descritivo de tomada de decisão sob risco, desenvolveram um modelo alternativo, chamado Prospect Theory (Teoria dos Prospectos). A teoria apresentada por Kahneman e Tversky (1979) sustenta que, na tomada de decisão, os agentes são avessos ao risco em situações de ganhos e propensos ao risco em situações de perda. Segundo a teoria, nessas situações, a “dor” relacionada à perda de um valor X é maior do que o “prazer” associado ao ganho do mesmo valor X. De acordo com Castro Júnior e Famá (2002) o estudo desse comportamento nos faz entender melhor alguns fenômenos como a aversão a realizar perdas. Quando algumas ações da carteira do investidor estão em contínua queda, ele não se sente à vontade para se desfazer delas imediatamente, pois isso seria realizar a perda. Assim, para o investidor, o mais sensato 634 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE seria esperar um tempo maior por uma possível reversão do quadro e um consequente aumento do valor do título a um patamar de, no mínimo, menor perda. Analogamente, outro comportamento comum é desfazer-se dos títulos em alta cedo demais, realizando logo o ganho certo ao invés de esperar até o fim do ciclo de sucesso do título. Entretanto, os agentes para se habituarem com sua racionalidade limitada, fazem uso de estratégias simplificadoras em suas decisões, onde, procuram facilitar o processo decisório. Essas estratégias simplificadoras, caracterizam a racionalidade limitada do indivíduo e é conhecida como heurística (DOROW et al., 2010). Uma das estratégias simplificadoras utilizadas por investidores é seguir o efeito manada (Herd behavior). O efeito manada de mercado ocorre quando uma parcela de investidores está optando por uma decisão e os outros investidores acabam acompanhando-o (BIKHCHANDANI; SHARMA, 2001). Quando se segue a maioria, o indivíduo acaba abandonando a escala de risco que está disposto a assumir e adquirindo o risco da “manada”, podendo, portanto, obter retornos favoráveis ou desfavoráveis. Nesse contexto, um levantamento feito nos Estados Unidos pela empresa de pesquisas TrimTabs6 revelou que metade dos norte-americanos que investem em fundos mútuos perdeu, ao menos, 25% na última década por fazer retiradas mesmo quando o mercado estava em alta. O motivo para eles agirem assim: estavam seguindo o comportamento dos outros, o chamado, efeito manada. Frente a essa discussão, pode-se se questionar se a atitude dos indivíduos em cenários de risco, sustentada pela Prospect Theory, pode ser influenciada por essa heurística. Diante dessa lacuna, surge o questionamento que norteia a presente pesquisa: qual é a influência do efeito manada de investidores na atitude do indivíduo quanto à tomada de decisão em ambientes de risco envolvendo cenários de perdas e de ganhos? Para responder a essa questão, o objetivo desta pesquisa é o de analisar os reflexos da heurística do efeito manada de investidores na atitude do indivíduo na tomada de decisão em ambientes de risco. A partir da discussão teórica apresentada na literatura, algumas hipóteses de pesquisa podem ser levantadas. Corroborando a teoria proposta por Kahneman e Tversky (1979), a Prospect Theory, formulou-se a primeira hipótese da pesquisa: H1: Os indivíduos são avessos ao risco em situações de ganho e propensos ao risco em situações de perdas. Com base nos construtos da atitude e do efeito manada (TORRES; NEIVA, 2011; BIKHCHANDANI; SHARMA, 2001; KUTCHUKIAN, 2010; BOND, 2005; ASCH, 1951), formulou-se a segunda hipótese da pesquisa: H2: A atitude na decisão do indivíduo perante o risco não se mantem constante frente a uma situação de evidência de efeito manada de investidores. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Devido à limitação espacial, optou-se por tratar da Prospect Theory apenas na introdução e as teorias que são de fato o foco inovador deste artigo mais detalhadamente no referencial teórico, uma vez que a Prospect Theory já foi muito discutida em pesquisas no 6 Fonte: Reportagem de Flávia Furlan Nunes, disponível em: http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/1974895/ 635 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Brasil e no mundo, sendo utilizada como uma base de comparação para as demais teorias utilizadas neste trabalho. 2.1. Efeito Manada (Herd Behavior) O efeito manada surge quando há incerteza, não só sobre o valor do ativo, mas também em relação a outras características do mercado, da assimetria informacional, da incapacidade dos agentes no uso das informações disponíveis bem como da sua racionalidade limitada. Dessa forma, quando um agente toma uma decisão influenciada por esse efeito, ele acaba abandonando as informações que possui até o momento, bem como sua estratégia de investimento previamente definida. Essa decisão influenciada pela manada, dificilmente conduzirá à curva de utilidade do agente e nem ao seu grau de aversão ou propensão ao risco (KUTCHUKIAN, 2010). Assim, caso o indivíduo seja passivo à atitude do grupo em sua decisão, o mesmo assumirá a mesma curva de utilidade e o mesmo nível de risco da manada, podendo ser, portanto, muito arriscado para os indivíduos mais conservadores. Conforme Bond (2005) um dos primeiros estudos a analisar esse efeito em humanos foi o de Asch (1951), com o objetivo de analisar como o julgamento particular do indivíduo pode ser influenciado pelo do grupo. Os resultados evidenciaram que um pouco mais de 50% das cobaias utilizadas optaram pela resposta errada dos atores contratados para estimular a manada (cobaias). Asch (1951) demonstrou que, para a natureza humana, é mais confortável corroborar um grupo de indivíduos do que demonstrar sua atitude, mesmo em situações em que há convicção da certeza. Teh e Bondt (1997) analisaram dois tipos de efeito manada: (a) em investimentos convencionais; e (b) negociações por razões não informacionais. Dentre as principais hipóteses e resultados, era esperado, teoricamente, que investidores que são mais relutantes a tomarem atitudes que se desviam do “aceitável” achem uma ação mais atrativa se outras pessoas negociarem com essa ação. Todavia, os autores encontraram uma relação negativa entre o volume de negociações passadas e os retornos dos ativos. Os autores justificam que esse resultado é consistente com a noção de que as manadas oferecem “proteção numérica” aos investidores, de modo que algumas pessoas estão dispostas a pagar algo a mais por um ativo que muitas pessoas escolhem negociar. Venezia, Nashikkar e Shapira (2011) analisaram investidores amadores e profissionais em Israel, durante um período de 4 anos. Os autores encontraram uma tendência de comportamento em manada tanto nos amadores quanto nos profissionais, porém a propensão é menor nos profissionais. Todavia, o efeito manada depende do risco sistemático e do tamanho da empresa, sendo os profissionais também menos sensíveis a essas variáveis. Outro resultado interessante é que o comportamento em manada, principalmente pelos amadores, “causa Granger” em volatilidade do mercado. 2.2. O Construto da atitude Para Olson e Zanna (1993), atitudes têm sido definidas sob vários enfoques, tais como: a) Avaliação: tendência psicológica que é expressa pela avaliação de uma entidade particular com algum grau de favorabilidade ou desfavoribilidade; b) Afeto: o afeto associado com um objeto mental; c) Cognição: um tipo especial de conhecimento, cujo conteúdo é avaliativo ou afetivo; d) Predisposições comportamentais: o estado de uma pessoa que a predispõe a uma resposta favorável ou desfavorável quanto a um objeto, pessoa ou ideia. 636 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para Torres e Neiva (2011), tal como outros construtos da psicologia, as atitudes não podem ser observadas diretamente, mas sim inferidas de respostas observáveis. Tais respostas são eliciadas por meio de estímulo proveniente de uma entidade específica, denominada de objeto da atitude, ou objeto atitudinal, o qual pode ser qualquer coisa passível de discriminação ou de retenção pela mente do indivíduo. Entretanto, podem-se construir objetos de atitudes, como por exemplo: pessoas, objetos, grupos de indivíduos, lugares, organizações, conceitos, ideologias, comportamentos, eventos e produtos (TORRES; NEIVA, 2011). No contexto desta pesquisa, a atitude será inferida a partir de respostas observáveis e o objeto de atitude é a decisão dos indivíduos no que se refere a cenários de ganhos e perdas em ambientes de risco, corroborando a Prospect Theory. Conforme Torres e Neiva (2011), a perspectiva mais proeminente de estudo da estrutura interna das atitudes é o modelo de três componentes, segundo o qual as respostas eliciadas por um objeto atitudinal podem pertencer a três classes: a) Componente cognitivo: composta por pensamentos, crenças, percepções e conceitos acerca do objeto atitudinal. As cognições incluem percepções, conceitos e crenças acerca do objeto da atitude e são normalmente eliciadas por perguntas verbais oral ou escrita; b) Componente afetivo: traz sentimentos e emoções associadas ao objeto da atitude. É a forma como uma pessoa se sente em relação a um objeto atitudinal, sendo geralmente determinada pela associação prévia do objeto de atitude com estados agradáveis ou desagradáveis; c) Componente comportamental: engloba ações, ou intenções para agir. Configura um estado de prontidão, que, se atiçado por uma motivação específica, resultará em um determinado comportamento. Frente aos componentes das atitudes, pode-se relacioná-los com o processo de tomada de decisão do indivíduo. Nesse processo, principalmente quando envolve incertezas, é possível que esses três fatores possam impactar a decisão. Entretanto, para fins desse estudo, adotou-se a visão unicomponente, onde a atitude será observada a partir da visão comportamental. Segundo Torres e Neiva (2011), um dos primeiros psicólogos sociais a investigar empiricamente o impacto das atitudes no processo de informação foi Festinger (1957 apud TORRES; NEIVA, 2011) que desenvolveu a hipótese da seletividade, que propõe que, antes de adotar uma postura com relação a um objeto, as pessoas aceitam receber informações que dão suporte e informações que refutam suas ideias. Nesse contexto, uma vez comprometidas com uma postura, as pessoas selecionam as informações que dão suporte a suas posições e excluem aquelas que as contradizem. A hipótese da seletividade não foi totalmente confirmada, mas algumas pesquisas demonstraram que as pessoas tendem a avaliar as informações que são consistentes com suas atitudes como mais positivas e memorizam essas informações mais facilmente (TORRES; NEIVA, 2011). No entanto, quando não há informações adicionais disponíveis, as atitudes dos indivíduos podem ser influenciadas por heurísticas, tal como o viés da unanimidade e efeito manada (BANERJEE, 1992), contradizendo, portanto, a hipótese da seletividade. 3. METODOLOGIA 3.1. Instrumento de Coleta dos Dados e Amostra Para responder ao problema da pesquisa, bem como testar as hipóteses levantadas, realizou-se uma pesquisa de campo, por meio de um questionário estruturado, aplicada em alunos do curso de Ciências Contábeis de uma faculdade particular e uma universidade pública, ambas localizadas em uma mesma cidade do estado da Paraíba. A escolha das duas 637 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE instituições teve o intuito de evitar problema de tendências nas respostas, uma vez que, mesmo sendo alunos distribuídos nos dez semestres do curso, poderia se identificar algumas características comuns entre eles, pelo fato de estudarem em uma mesma instituição. A amostra da pesquisa é não probabilística, sendo composta por todos os alunos que estavam presentes em sala de aula e que se dispuseram, voluntariamente, a participar do estudo no período de aplicação. Como o processo de amostragem adotado foi nãoprobabilístico, as evidências apresentadas pelo presente estudo não poderão ser generalizadas, portanto, ficarão limitadas aos participantes da amostra. A amostra da pesquisa totalizou 116 observações. Entretanto, foram excluídos dois questionários por ausência de respostas a questões-chave do estudo, e um questionário, por duplicidade de resposta, invalidando assim, sua análise. Contudo, a amostra válida foi composta por 113 observações. A justificativa da amostra ser composta por alunos do curso de Ciências Contábeis deve-se a necessidade de se capturar algo intrínseco do ser humano, portanto, que independe de características específicas. A outra razão adicional deve-se ao conhecimento prévio que os graduandos em contabilidade, teoricamente, possuem de finanças, facilitando, portanto, o entendimento das situações apresentadas no questionário. Por fim, a utilização de alunos como amostra corrobora o estudo original de Kahneman e Tversky (1979). Quanto ao questionário, o mesmo foi elaborado com questões objetivas e dividido em quatro partes. A primeira parte buscou conhecer, por meio de seis questões objetivas, algumas características dos respondentes, tais como: gênero, a idade, se já cursou alguma disciplina na área de negócios ou já atuou na área. Ainda nessa primeira parte, buscou-se também analisar o perfil dos mesmos quanto à aversão ou propensão a investimentos de risco, sem levar em consideração situações de ganho ou de perda. O objetivo de inserir essas duas perguntas preliminares relacionadas a risco é identificar algumas características dos respondentes e relacioná-las com as respostas dos casos que serão explanadas a seguir. Na segunda parte buscou-se captar evidências da Prospect Theory. Para isso, criou-se um caso onde o respondente é inserido em uma situação em que ele é acionista de uma empresa e necessita tomar decisão frente a dois cenário distintos, quais sejam: Cenário 1 – Valorização das ações: questionou-se: a) você realizaria um ganho certo de R$ 1.650 ou b) esperaria um pouco mais, uma vez que existe a possibilidade de 25% de chance de ganhar R$ 6.780,00 e 75% de não ganhar nada; Cenário 2 – Desvalorização das ações: questionou-se: a) se o respondente realizaria uma perda certa de R$ 1.650 ou b) esperaria um pouco mais, uma vez que existe a possibilidade de 25% de chance de não perder nada e de 75% de perder R$ 6.780. Na terceira parte o objetivo foi o de analisar se as evidências de efeito manada dos investidores podem influenciar a decisão dos respondentes apresentadas na parte anterior (segunda parte). Para isso, utilizou-se de um caso similar ao da segunda parte, porém, com uma observação adicional relativa ao efeito manada, onde apresenta ao respondente uma situação em que grande parte dos investidores vêm optando pela opção contrária aquelas sustentadas pela Prospect Theory, que no Cenário 1 é alternativa a) e no Cenário 2 é a alternativa b), pois, conforme a referida teoria, as pessoas dão preferência a um ganho certo, mesmo em um valor menor, em detrimento de um ganho maior, porém incerto, mesmo na hipótese de que o valor esperado desse último supere o primeiro. Dessa forma, no Cenário 1 da terceira parte do questionário inseriu a observação de que “ontem, 54% dos investidores preferiram optar pela opção b), hoje, o percentual de investidores que optaram pela opção b) subiu para 88%;” Já no Cenário 2 a observação inserida foi a de que “ontem, 55% dos investidores preferiram optar pela opção a), hoje, o 638 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE percentual de investidores que optaram pela opção a) subiu para 89%”. A inserção dessas observações tem o objetivo de analisar se o viés do efeito manada é capaz de interferir na atitude dos respondentes relativas ao caso da segunda parte do questionário. Vale enfatizar que na terceira parte as alternativas dos cenários são as mesmas da segunda parte, com a inserção da observação que caracteriza evidências de efeito manada. Por fim, na quarta e última parte, questionou-se como a observação de evidências de efeito manada interferiu na decisão dos respondentes, por meio das seguintes alternativas: i) A observação “não interferiu” na minha decisão, portanto, assumi a mesma postura adotada no Caso I, por achar que é a melhor disponível; ii) A observação “não interferiu” na minha decisão, porém, fez-me repensar, deixando-me em dúvida; iii) A observação “interferiu” na minha decisão, uma vez que o volume de investidores que aderiram a mesma alternativa é muito grande, portanto, segui o mercado. Esse questionamento teve o objetivo de confirmar se a mudança de atitude foi provocada pela observação e se, nos casos em que o respondente não mudou de opinião, a heurística lhe fez repensar. Para a aplicação do questionário, utilizou-se o seguinte procedimento metodológico: 1) Os alunos responderam a primeira parte, sem ter contato com as outras partes evitando, assim, o possível viés nas respostas; 2) Recolhida a primeira parte, solicitou-se que os mesmos respondessem a segunda parte; 3) Recolhida a segunda parte, solicitou-se que respondessem a terceira parte; e 4) Recolhida a terceira parte, solicitou-se que respondessem a última parte. Dessa forma, é possível captar as evidências desejadas com menos propensão de vieses nas respostas, tornando, portanto, os achados mais robustos. 3.2. Tratamento dos dados O tratamento dos dados foi realizado em duas partes: i) análise exploratória dos dados; ii) análise das hipóteses da pesquisa. A análise exploratória foi procedida a partir das frequências das respostas obtidas, bem como por meio de tabelas de contingências, na qual se realizou o cruzamento de algumas respostas com o intuito de avaliar alguma relação entre elas. Além disso, buscou-se inferir o perfil dos indivíduos participantes em relação a sua aversão ou propensão a risco em investimentos de forma geral através da criação de quatro fatores de risco, com base numa escala de risco/retorno: 1º quartil (risco de 0 a 20%), foi considerado com perfil conservador; 2° quartil (risco de 21% a 45%), foi considerado com perfil moderado; 3º quartil (risco de 46% a 70%), foi considerado com perfil agressivo; e 4º quartil (risco de 71% a 100%), foi considerado com perfil muito agressivo. Para testar as hipóteses da pesquisa, foi necessário controlar a amostra pela Prospect Theory uma vez que a heurística do efeito manada foi inserida no Caso II, contrariando a resposta esperada sustentada pela teoria, tanto no cenário de valorização como no de desvalorização. Esse controle foi feito da seguinte forma: a) Utilizaram-se apenas as observações em que a resposta para o Caso I referente ao cenário de valorização foi a de realizar o ganho; b) Utilizaram-se apenas as observações em que a resposta para o Caso I referente ao cenário de desvalorização foi a de esperar um pouco mais, no sentido de tentar não realizar o ganho. Para testar a primeira hipótese da pesquisa aplicou-se o teste Q de Cochran onde se testou, ao nível de significância de 5%, se os valores observados das repostas do Caso I, para ambos os cenários - valorização e desvalorização - são estatisticamente iguais aos valores 639 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE esperados conforme a Prospect Theory. O teste de Q de Cochran é aplicado para testar contagens ou proporções em duas ou mais amostras relacionadas a partir de variáveis binárias ou dicotômicas (FÁVERO et al., 2009). Dessa forma, a primeira amostra refere-se aos valores observados do Caso I onde se atribuiu 1 para a resposta que correspondia a teoria e 2 para a outra alternativa que contrária a teoria. Esse procedimento foi realizado para ambos os cenários. Já para a outra amostra, a dos valores esperados, atribuiu-se apenas o número 1 que correspondia a resposta esperada, conforme a teoria. Dessa forma, foi possível realizar o teste e avaliar se a atitude observada do respondente é estatisticamente igual a atitude esperada. Para testar a segunda hipótese da pesquisa, também se utilizou da amostra controlada pela teoria e realizou-se o teste de McNemar. Segundo Fávero et al. (2009), o objetivo desse teste é verificar se houve mudanças significativas de antes para depois da ocorrência de determinado evento. O teste utiliza dados categóricos e medidos em escala nominal. Como o objetivo é testar se a atitude dos indivíduos irá mudar significativamente após a inserção de evidência de efeito manada, o teste pode ser considerado apropriado. 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1. Análise exploratória dos dados Na primeira parte do questionário buscou-se capturar algumas características da amostra. Verificou-se que 71,7% dos alunos possuem menos de 27 anos, sendo formado por 60% de homens e 40% de mulheres, aproximadamente, estando a grande maioria (68%) ursando entre o 5º e o 7º semestre do curso. Esse perfil da amostra demonstra, teoricamente, um grupo de estudantes com certo nível de maturidade, levando em consideração a frequência das idades. Ademais, pode-se concluir que a amostra de alunos possui conhecimento prévio de alguns conceitos discutidos no estudo, tais como risco, retorno e mercado de forma geral, visto que a maior parcela dos respondentes já cursou mais de 50% do curso e, aproximadamente, 78% destes afirmaram ter cursado alguma disciplina relacionada a finanças ou avaliação de empresas ou mercado de capitais. A tabela 1 apresenta as frequências das escalas de risco assumida pelos respondentes. O objetivo aqui foi o de inferir o perfil dos respondentes no referente a aversão ou propensão a risco em investimentos de forma geral para, depois, confrontar com os resultados obtidos a partir do Caso I que testa a Prospect Theory. Na tabela 1 é possível observar que 69,9% dos respondentes se enquadram no fator conservador, indicando aversão a risco em seus investimentos. Este resultado é coerente com as respostas obtidas ao se questionar qual o tipo de investimento que eles possuem, onde, cerca de 53% afirmaram possuir recursos na poupança (6,2% em fundo de renda fixa), definido como investimento de baixíssimo risco (ou até mesmo, livre de risco). 640 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 1 – Fator de Risco assumido pelos respondentes Fator Conservador Moderado Agressivo Muito Agressivo Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) Frequência Acumulada (%) 10 8,8 8,8 22 19,5 28,3 19 16,8 45,1 13 11,5 56,6 15 13,3 69,9 4 3,5 73,5 6 5,3 78,8 3 2,7 81,4 1 0,9 82,3 2 1,8 84,1 11 9,7 93,8 4 3,5 97,3 1 0,9 98,2 2 1,8 100,0 113 100,0 Relativa Em seguida, buscou-se através de dois cenários distintos, um de valorização e outro de desvalorização, analisar qual seria a atitude do indivíduo caso tivesse apenas duas alternativas: i) no caso de valorização, se ele realizaria um ganho certo ou esperaria um pouco mais, tendo em vista que existe uma probabilidade de 25% de ganhar mais e de 75% de não ganhar nada; e ii) no caso de desvalorização, se ele realizaria uma perda certa ou esperaria um pouco mais tendo em vista que existe uma probabilidade de 25% de não perder nada e de 75% de perder mais. Com base na Prospect Theory é de esperar que, na situação de valorização, os indivíduos realizem um ganho certo e, na situação de desvalorização, esperem um pouco mais para não realizar a perda. Frente a isso, com o intuito de analisar o viés da heurística do efeito manada na decisão, na Parte III do questionário o mesmo caso foi replicado porém, a única diferença é que foi inserida uma observação que caracteriza evidências de efeito manada e que contraria a teoria. A tabela 2 apresenta as frequências das respostas obtidas de todas as observações para o cenário de valorização, com e sem a heurística do efeito manada. Observa-se que, dos 113 questionados, 84 responderam que realizaria o ganho, representando um percentual de 74,3% que corroboraram a teoria. Ao se inserir a observação de evidências de efeito manada, na qual indica que a maior parte dos investidores não está realizando o ganho, observa-se uma menor frequência dado que cerca de 60,2% optaram por realizar o ganho. 641 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 2 – Cenário I - Valorização Sem evidências de manada Com evidências de manada Frequência Relativa (%) Frequência Relativa Acumulada (%) Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) Frequência Relativa Acumulada (%) Você realizaria 84 um ganho certo 74,3 74,3 68 60,2 60,2 Esperaria pouco mais 29 25,7 100 45 39,8 100 113 100 - 113 100 - Frequência Absoluta um Total Dado que não é possível afirmar se variação na frequência das respostas foi oriunda da mudança de atitude dos mesmos respondentes, utilizou-se de uma tabela de contingência, evidenciada na tabela 3, que contém as frequências de contingência produzida a partir do cruzamento entre as respostas do cenário I, com e sem a heurística do efeito manada. O objetivo foi analisar o percentual de respondentes que mantiveram sua atitude na decisão. Os resultados indicaram que 56,6% dos indivíduos mantiveram sua postura de realizar um ganho certo, não sendo influenciados pela heurística inserida na Parte III do questionário. Porém, ainda não é possível inferir quanto às hipóteses da pesquisa, uma vez que essas evidências podem ou não ser significativas do ponto de vista estatístico. Tabela 3 – Cenário 1 – Valorização versus Cenário 1 – Valorização com a Heurística do Efeito Manada Cenário 1 – Valorização c/ Efeito Manada Você realizaria ganho certo um Esperaria um pouco Total mais Você realizaria um ganho 56,6% Cenário 1 - certo Valorização 3,5% Esperaria um pouco mais 60,2% Total 17,7% 74,3% 22,1% 25,7% 39,8% 100,0% Com relação ao cenário de desvalorização, a tabela 4 evidencia que cerca de 62,8% dos respondentes optariam por esperar um pouco mais, ou seja, não realizaria a perda, corroborando, portanto, com a Prospect Theory. Ao realizar o mesmo cenário, porém com a adição do viés do efeito manada, observa-se que esse percentual se reduz para 54,9%. Tabela 4 – Cenário II - Desvalorização Sem evidências de manada Com evidências de manada Frequência Relativa (%) Frequência Relativa Acumulada (%) Frequência Absoluta Frequência Relativa (%) Frequência Relativa Acumulada (%) Você realizaria a 42 perda certa 37,2 37,2 51 45,1 45,1 Esperaria pouco mais 71 62,8 100 62 54,9 100 113 100 113 100 Frequência Absoluta Total um 642 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Similarmente à análise anterior, não é possível afirmar que a variação na frequência das respostas da tabela 4 foi oriunda da mudança de atitude dos respondentes, para isso, produziu-se uma tabela de contingência, onde os resultados estão evidenciados na tabela 5. Nesta, verifica-se que 50,4% dos respondentes optaram por não realizar a perda e, quando postos frente a heurística do efeito manada, não mudaram de atitude. Da mesma forma, ainda não é possível inferir quanto às hipóteses da pesquisa, uma vez que essas evidências são preliminares e podem ou não ser significativas do ponto de vista estatístico. Tabela 5 – Cenário 2 – Desvalorização versus Cenário 2 – Desvalorização com a Heurística do Efeito Manada Cenário 2 - Desvalorização/Manada Total Você realizaria perda certa Canário 2 Desvalorização Você realizaria a perda 32,7% - certa Esperaria um pouco mais Total a Esperaria um pouco mais 4,4% 37,2% 12,4% 50,4% 62,8% 45,1% 54,9% 100,0% A tabela 6 apresenta os resultados do cruzamento das respostas obtidas do Caso I (sem evidências de manada), no cenário de valorização e desvalorização com a questão das escalas de risco assumida pelos respondentes, apresentada por meio de fatores. O objetivo foi o de analisar a coerência das respostas entre aqueles que corroboraram a teoria com o perfil de risco apresentada pelos fatores de risco. Verifica-se que cerca de 59,3% dos respondentes classificados como conservadores optariam por realizar um ganho certo, em detrimento de arriscar um pouco mais, convergindo assim com a teoria, pois, conforme a Prospect Theory os agentes apresentam uma postara mais conservadora quando da tomada de decisão em situações de ganho (KAHNEMAN; TVERSKY, 1979). O mesmo cruzamento das frequências de respostas apresentados para o cenários de valorização, é apresentada para o cenário de desvalorização do valor das ações. Observa-se que o percentual de respostas que apresentaram o perfil conservador e ao mesmo tempo tomaram uma decisão conservadora, de realizar a perda, não foi tão representativo como visto no caso anterior. Isso indica que, 50,40% foram classificados no fator conservador, porém, foram mais propensos ao risco no cenário de perda. Essas evidências também corroboram a Prospect Theory, pois, conforme a mesma, os indivíduos apresentam uma postura mais imponderada quando da tomada de decisão em situações de risco que envolva perda (KAHNEMAN; TVERSKY, 1979). 643 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 6 – Escala de risco assumida versus Cenário de valorização e desvalorização Escala de risco assumida versus Cenário de valorização Escala de assumida risco Cenário de Valorização Você realizaria um ganho Esperaria um pouco mais certo Total Conservador 59,30% 10,60% 69,90% Moderado 8,80% 5,30% 14,10% Agressivo 5,30% 8,90% 14,20% Muito Agressivo 0,90% 0,90% 1,80% 74,30% 25,70% 100,00% Total Escala de risco assumida versus Cenário de desvalorização Escala de risco assumida Canário de Desvalorização Total Você realizaria a perda Esperaria um pouco mais certa Total Conservador 19,50% 50,40% 69,90% Moderado 10,60% 3,50% 14,10% Agressivo 6,20% 8,00% 14,20% Muito Agressivo 0,90% 0,90% 1,80% 37,20% 62,80% 100,00% 4.2. Análise das Hipóteses da Pesquisa A primeira hipótese da pesquisa é a de que as respostas do Caso I confirmam a Prospect Theory, ou seja, que “os investidores são avessos a risco em situações de ganho e propensos a risco em situações de perdas”. Para isso, testou-se, por meio do teste de Q de Cochran se a atitude observada dos respondentes referente ao cenário de valorização é estatisticamente igual a atitude esperada, que é a de realização do ganho. A tabela 7 evidencia o resultado do teste Q de Cochran cujo nível de significância observado foi de 0,086, não rejeitando, portanto, a hipótese nula de que a atitude dos respondentes quanto ao cenário de valorização corrobora o estudo de Kahneman e Tversky, (1979), e por consequência, com a teoria. Para o cenário de desvalorização, em que a atitude esperada é a de que os respondentes não realizem a perda, ou seja, arrisquem um pouco mais com a expectativa de reverte-la, o valor da estatística Q de Cochran de 6,030, o que faz com que não se rejeite a hipótese nula, ou seja, as evidências aqui expostas, quanto a atitude dos respondentes no cenário de desvalorização, também confirma a teoria apresentada por Kahneman e Tversky (1979). 644 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 7 – Resultado do Teste Q de Cochran para o cenário de valorização Teste Q de Cochran Cenário de Valorização Cenário de Desvalorização N 113 113 Cochran's Q 5 6,03 df 1 1 Asymp. Sig. 0,086 0,059 As evidências apresentadas sustentaram que os indivíduos são avessos a risco em situações de ganho e propensos a risco em situações de perdas, convergindo dessa forma com a Prospetc Theory. Estes resultados podem ser justificados a partir dos argumentos expostos por Castro Júnior e Famá (2002) de que quando algumas ações da carteira do investidor estão em contínua queda e o mesmo não se sente à vontade para se desfazer delas imediatamente, pois, caso o fizesse estaria realizando a perda. Conforme a Prospect Theory, para o investidor, o mais sensato seria esperar um tempo maior por uma possível reversão do quadro e um consequente aumento do valor do título a um patamar de, no mínimo, menor perda. Analogamente, outro comportamento comum é desfazer-se dos títulos em alta cedo demais, realizando logo o ganho certo, ao invés de esperar até o fim do ciclo de sucesso do título (CASTRO JÚNIOR; FAMÁ, 2002). Partindo para a segunda hipótese da pesquisa, buscou-se testar, se a heurística do efeito manada inserida como observação no Caso II, é capaz de interferir significativamente na atitude do indivíduo. A tabela 8, apresenta os resultados de uma tabela de contingência, em que realizou-se o cruzamento entre a questão da Parte IV do questionário, com a variável criada de mudança e a não mudança de atitude frente a heurística do efeito manada de investidores. Como a amostra foi controlada pela teoria, a tabela é composta pela resposta dos indivíduos que optaram em realizar o ganho, que totalizou 83 observações. Pode-se verificar, que contrariamente ao que se esperava a frequência dos indivíduos que mudaram de atitude quando sua decisão foi contrariada pela heurística do efeito manada, foi inferior aos que mantiveram a atitude. Ou seja, apenas 24,1% mudaram de atitude quando inseriu-se evidências de efeito manada de investidores, contra 75,9% que mantiveram seu comportamento. Dos 75,9% que não mudaram de atitude, 30,1% afirmaram que a observação do efeito manada, de fato não interferiu na sua decisão, assumindo a mesma postura adotada no Caso I, por achar que é a melhor disponível. Já 36,1% dos que não mudaram de atitude afirmaram que a observação não interferiu em sua decisão, porém, os fez repensarem, os deixando, portanto, em dúvida, porém mesmo assim, mantiveram a atitude. Entretanto, algumas respostas apresentaram inconsistência, tais como, 9,6% dos que não mudaram de atitude afirmaram que a observação do efeito manada interferiu em sua decisão, bem como 10,8% (4,8% + 6,0%) dos que mudaram de atitude afirmaram que a observação não interferiu em sua decisão. Essas respostas podem ser julgadas como inconsistentes, haja vista que a única diferença entre o Caso I e o Caso II é a observação da heurística do efeito manada, portanto, se o indivíduo mudou de atitude no Caso II, por exemplo, é coerente afirmar que essa mudança foi ocasionada pelas evidências de efeito manada, uma vez que as outras informações e alternativas são as mesmas. 645 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 8 – Mudança de atitude no cenário de valorização versus efeito do viés da manada na atitude Mudança de atitude Total A observação NÃO INTERFERIU Como a Observação do A observação NÃO efeito manada Interferiu porém, me fez repensar na atitude INTERFERIU, A observação INTERFERIU Total N Não mudou Mudou 30,1% 4,8% 34,9% 36,1% 6,0% 42,2% 9,6% 13,3% 22,9% 75,9% 24,1% 100,0% 83 Para testar se o percentual de respondentes que mudaram de atitude na sua decisão, quando se inseriu a heurística do efeito manada, foi estatisticamente significativo, realizou-se o teste de McNemar. Para dar maior robustez a análise, realizou-se o teste com a amostra total controlada pela teoria e com a amostra ajustada, após excluir as observações que apresentaram informações contraditórias, conforme apresentado na tabela 8. Assim, foram excluídos os 9,6% que afirmaram que a observação interferiu em sua decisão, porém não mudou de atitude e os 10,8% (4,8% + 6,0%) que afirmaram que a observação não interferiu em sua decisão, mas mudaram de atitude. Com base nisso, foram excluídas 17 observações, restando uma amostra ajustada de 66. A tabela 9 apresenta o resultado dos testes, onde, pode-se verificar que o nível de significância do teste de McNemar, para a amostra total, é de 0,097, o que faz com que a hipótese não nula seja rejeitada, ou seja, não houve mudança significativa na atitude do indivíduo quando inseriu-se a heurística do feito manada no cenário de valorização. O resultado do teste para a amostra ajustada apresentou-se ainda mais robusto, uma vez que o nível de significância foi de 0,231, o que também faz com que a hipótese nula não seja rejeitada. Isso comprova as evidências apresentadas anteriormente de perfil conservador dos participantes da presente pesquisa, que também é sustentada pela teoria, ou seja, mesmo numa situação em que grande parte dos investidores estavam optando por não realizar o ganho, os indivíduos, sem possuírem nenhuma informação adicional, preferiram se desfazer dos títulos em alta mais cedo, realizando logo o ganho certo, ao invés de esperar até o fim do ciclo de pico. 646 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 9 – Resultado do Teste de McNemar para o cenário de valorização Teste de McNemar Cenário 1 - Valorização & Cenário 1 Valorização/Manada Amostra Total N 83 Exact Sig. (2-tailed) 0,097a Amostra Ajustada N 66 Exact Sig. (2-tailed) 0,231a a. Distribuição binomial. Partindo para ao cenário de desvalorização, os resultados são consistentes com os apresentados na tabela 9. Contrariando as expectativas, o percentual de indivíduos que mudou de atitude quando inseriu-se a heurística do efeito manada de investidores contradizendo sua postura inicial, também foi inferior aos que mantiveram a atitude. Isto é, apenas 19,7% mudaram de atitude, enquanto 80,3% preferiram manter a mesma postura apresentada inicialmente no Caso I. Verifica-se também que 31% dos que não mudaram de atitude afirmaram que a observação do efeito manada não interferiu na sua atitude por julgar ser a melhor alternativa disponível, mesmo contrariando a tendência do mercado, enquanto cerca de 39,4% afirmaram que a observação não interferiu entretanto os fez repensarem, deixandoos em dúvida, por outro lado, mantiveram a atitude de não realizar a perda. Assim como na tabela 9, verifica-se na tabela 10 que alguns respondentes apresentaram inconsistências em suas repostas, tais como 9,9% dos que não mudaram de atitude afirmaram que a observação interferiu na sua decisão e 5,6% (2,8% + 2,8%) dos que mudaram de atitude, afirmaram que a observação não interferiu na decisão. Dessa forma, o teste de McNemar também foi realizado com a amostra total, controlada pela Prospect Theory, e com a amostra ajustada, com a qual se excluíram as respostas inconsistentes. Tabela 10 - Mudança de atitude no cenário de desvalorização versus efeito do viés da manada na atitude Se mudou de atitude Total Não mudou Mudou 31,0% 2,8% 33,8% observação NÃO Como a Observação do efeito A INTERFERIU, porém, me fez 39,4% manada Interferiu na atitude repensar 2,8% 42,3% 9,9% 14,1% 23,9% 80,3% 19,7% 100,0% A observação INTERFERIU NÃO A observação INTERFERIU Total N 71 Por fim, a tabela 11 apresenta o resultado do teste de McNemar que tem o objetivo de avaliar se a heurística do efeito manada de investidores ocasionou uma mudança significativa na atitude dos indivíduos quanto ao cenário de desvalorização. Verifica-se que a estatística do 647 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE teste, para a amostra total controlada pela teoria, apresentou um nível de significância de 0,104, o que faz com que a hipótese nula não seja rejeitada, ou seja, não houve diferença significativa na atitude dos respondentes quando se inseriu a observação de evidências de efeito manada de investidores. Da mesma forma, para a amostra ajustada foram excluídas da amostra total,11 observações referente ao percentual de respostas inconsistentes evidenciados na tabela 10, portanto, a mesma ficou composta por 60 repostas. Com base no nível de significância de 0,211, a decisão também é a não rejeitar a hipótese nula, ou seja, não houve mudança significativa na atitude dos indivíduos da amostra ajustada. Tabela 11 - Resultado do Teste de McNemar para o cenário de valorização Teste de McNemar Canário 2 - Desvalorização & Cenário 2 - Desvalorização/Manada Amostra Total N 71 Exact Sig. (2-tailed) 0,104a Amostra Ajustada N 61 Exact Sig. (2-tailed) 0,211 a a. Distribuição binomial. Os resultados evidenciados nas tabelas 8 a 11 rejeitam a segunda hipótese da pesquisa de que a atitude na decisão do indivíduo perante o risco não se mantém constante frente uma situação de evidências de efeito manada de investidores. As evidências sustentam que os indivíduos apresentam atitudes mais conservadoras em suas decisões que envolvem incertezas de ganho, e esse conservadorismo é tão arraigado, que mesmo em situações em que o mercado, por meio de evidências de efeito manada, esteja sinalizando uma postura mais agressiva, os indivíduos permanecem com a mesma atitude conservadora. Com relação ao cenário de perda, a atitude dos indivíduos é persistente, isso indica que, mesmo na situação em que o mercado sinaliza uma postura mais conservadora, ou seja, de realizar a perda, os indivíduos, mesmo aqueles que foram classificados com perfil conservador, apresentaram uma postura mais arriscada, isto é, em situações de perda, os indivíduos não se sentem à vontade para se desfazer de seus investimentos, pois isso seria realizar a perda (CASTRO JÚNIOR; FAMÁ, 2002). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teve como objetivo analisar o reflexo da heurística do efeito manada de investidores na atitude do indivíduo na tomada de decisão em ambientes de risco que envolvam cenários de ganho e de perda. Em uma análise preliminar, observou-se que grande parte dos respondentes classificados com perfil conservador apresentaram uma atitude conservadora no que se refere ao cenário de ganho, porém, a maior parcela desse grupo não manteve a mesma postura quando inseridos em um cenário de perda, ou seja, foram mais propensos ao risco. Essas evidências corroboram com Prospect Theory e sustentam que o medo da perda é tão forte que mesmo os indivíduos com perfil conservador acabam aderindo ao risco na tentativa de se evitar perda. 648 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Partindo para as hipóteses da pesquisa, as evidências para o cenário de valorização corroboram a teoria, indicando que os indivíduos são avessos ao risco em situações de ganho, preferindo assim realizar um ganho certo em detrimento de aguardar mais na expectativa de obter melhores retornos, porém, com risco de não ganhar nada. Resultado similar foi observado em um cenário de perda, mostrando que os indivíduos são mais propensos ao risco quando o cenário envolve perdas visto que eles preferem ariscar mais com o intuito de não realizar a perda e, por consequência, tentar revertê-la. Frente a esses resultados, não se rejeita a primeira hipótese da pesquisa referente à aversão ao risco em situações de ganho e propensos a risco em situações de perdas conforme sustenta a teoria de Kahneman e Tversky (1979). No referente a segunda hipótese da pesquisa, as evidências demonstraram que, ao contrário do que se esperava, aproximadamente 76% dos respondentes que preferiram realizar o ganho não mudaram de atitude quando inserido a heurística do efeito manada contrariando sua postura. Da mesma forma, no cenário de perda, cerca de 80% dos que optaram por não realizar a perda também não mudaram de atitude quando colocado o efeito manada contrariando sua atitude inicial. Estes resultados demonstram que os preceitos sustentados pela Prospect Theory é algo tão forte nos indivíduos que nem mesmo a heurística da manada pode interferir em suas atitudes predefinidas no que se refere a decisões de investimentos referente a risco, principalmente quando o evento se refere a situações de perda. Portanto, rejeita-se a segunda hipótese da pesquisa de que a atitude na decisão do indivíduo perante o risco se mantém constante frente uma situação de evidências de efeito manada de investidores. Contudo, vale enfatizar que as evidências aqui apresentadas se limitam aos indivíduos da amostra, uma vez que a mesma foi definida de forma não probabilística. Portanto, a aplicação deste estudo com outro público pode comprovar ou contornar a resultados diferentes destes. Para futuras pesquisas, sugere-se a ampliação deste, bem como a ampliação do estudo com outras heurísticas que possam influenciar os indivíduos em suas decisões em ambientes de risco, contribuindo assim, com a literatura relacionada. REFERÊNCIAS BANERJEE, A. “A simple model of herd behaviour”. The Quartely Journal of Economics, v. 107, n.3. 1992. BIKHCHANDANI, S.; SHARMA, S. Herd behavior in financial markets. IMF Staff Papers, v.47, n.3, International Monetary Fund, 2001. BOND, Group Size and Conformity. Group Processes & Intergroup Relations. v. 8, n. 4, p. 331 – 354, 2005. CASTRO JÚNIOR, F. H. F.; FAMÁ, R. As novas finanças e a teoria comportamental no contexto da tomada de decisão sobre investimentos. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 09, n. 2, abril/junho, 2002. 649 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE DOROW, A.; MACEDO JÚNIOR, J. S; NUNES, P.; REINA, D.; MAXIMINIANO, D. R. A heurística da ancoragem e a tomada de decisão sob risco em investimentos imobiliários. Contabilidade, Gestão e Governança, v. 13, n. 3, p. 86 – 101, set/dez 2010. FÁVERO, L. P.; PATRÍCIA, B.; SILVA, F. L.; CHAN, B. L. Análise de Dados: Modelagem Multivariada para Tomada de Decisão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. KAHNEMAN, Daniel, TVERSKY, Amos. Prospect theory: an analysis of decision under risk. Econometrica, v. 47, March,1979. KUTCHUKIAN, E. O Efeito Manada nos Fundos de Investimento no Brasil: Um Teste em Finanças Comportamentais. 2010. Dissertação (mestrado) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo. Fundação Getúlio Vargas – FGV, São Paulo, 2010. OLSON, J. M.; ZANNA, M. P. Attitudes and attitudes change. Annual Review of psychology, v. 44, p. 117 – 154, 1993. TEH, L.L.; BONDT, W.F.M. Herding behavior and stock returns: an exploratory investigations. Swiss Journal of Economics and Statistics, v.33, i.2, p.293-324, 1997. TORRES, C. V.; NEIVA, E. R. (Organizadores). 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Para a realização da presente pesquisa foram analisadas as Demonstrações Contábeis dos 20 clubes membros do extinto clube dos 13, grupo que abrange os times de maior expressão no cenário nacional, o período analisado foi o de 2010 a 2012. Foram testadas três hipóteses e contou com 33 itens de evidenciação. RESULTADOS. CONCLUSÕES. De forma que, A partir do teste de hipóteses tivemos a capacidade de verificar se a evidenciação apresenta uma correlação média com as variáveis receitas e desempenho, o que significa que os clubes com melhores receitas estão melhorando a sua evidenciação para atender os seus diversos usuários e obtendo uma melhor performance esportiva, uma vez que dispõem de mais recursos, a variável torcida apresenta uma correlação forte com o montante de receitas obtidas, reforçando, portanto, a idéia de que o torcedor é o maior patrimônio do clube. 1 INTRODUÇÃO A cada ano que se passa a prática esportiva, torna-se de vital importância para proporcionar qualidade de vida para as pessoas, e sob este aspecto em nível de Brasil o futebol é uma paixão nacional. (DELOITTE, 2011) e (HOLANDA ET. AL 2012). Não obstante, o reflexo de tal prática gera benefícios de cunho social, cultural e principalmente econômico. O futebol movimenta quantias cada vez mais altas em todo o mundo, é notório o crescimento nas receitas proporcionadas por essa modalidade, ele deixou de ser apenas um lazer e se tornou um ramo de negócio extremamente lucrativo, conforme apresenta Deloitte (2013) em que enfatiza as vinte maiores receitas operacionais dos clubes europeus na temporada 2011/2012 em torno de 4,8 bilhões de euros. E sob esta ótica o futebol brasileiro figura como um mercado crescente e com receitas altas, pois, de acordo com BDO (2013) o faturamento dos 24 principais clubes na temporada 2012 totalizaram 3,19 bilhões de reais. Desta forma, o elevado volume financeiro apresentado nos últimos anos evidencia o grande potencial econômico do futebol como referendado por diversos autores que vem estudando o tema. (SILVA, TEIXEIRA, NIYAMA, 2009); (CARDOSO, MAIA E PONTE, 2012); (HOLANDA ET AL, 2012); (LEITE E PINHEIRO, 2012); (BDO, 2013). Com isso as Demonstrações Contábeis dos Clubes de Futebol se tornam peça chave no cenário econômico, pois, os clubes necessitam divulgar e evidenciar de forma transparente as informações contábeis para toda a Sociedade. Nessa linha de raciocínio foi instituída a medida provisória nº 79, promulgada em 27 de novembro de 2002 em que altera a lei 9.615/98 obrigando os clubes brasileiros com atletas profissionais a elaborarem e publicarem as demonstrações financeiras de acordo com as leis 651 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE societárias vigentes. Mais tarde, com as novas exigências das normas internacionais foram surgindo, novos adendos como, por exemplo, NBC T 10.13, aprovada pela resolução n° 1.005/04. Segundo Iudícibus (2004), as Demonstrações Contábeis devem apresentar em seu escopo a maior quantidade de informações relevantes possíveis, dispostas de forma objetiva e utilizando uma linguagem simplória facilitando o entendimento dessas informações por parte dos seus usuários, em relação às notas explicativas, o supracitado autor ressalta a importância de sua utilização para evidenciar informações qualitativas ou cuja clareza poderia ficar comprometida se inseridas nos demonstrativos contábeis, proporcionando assim, maior confiabilidade as suas demonstrações. Com as mudanças ocorridas pelo desenvolvimento em vários aspectos do futebol, inclusive o financeiro, Cardoso, Maia e Ponte (2012) afirmam que as demonstrações são um importante meio de comunicação do clube com seu ambiente de negócios, demonstrando o comprometimento com a gestão do clube. Dantas e Boente (2011) afirmam que o futebol começou a ser tratado como negócio a partir do momento que a televisão passou a exibir os jogos gratuitamente, trazendo maior visibilidade aos clubes e assim originou os patrocinadores, tanto nas placas publicitárias, como nas camisas das equipes, a evolução do futebol trouxe diversas formas de se ganhar dinheiro para os clubes, como por exemplo, a venda de produtos licenciados, explorando a imagem dos seus jogadores. Lopes e Martins (2005) destacam que os gestores devem refletir de forma justa e verdadeira as transações econômicas ocorridas na organização em determinado período, é preciso que haja transparência na forma como os clubes conduzem seu patrimônio. Diante dessas mudanças em todo o cenário futebolístico mundial e consequentemente brasileiro, em um curto espaço de tempo, a presente pesquisa visa analisar a seguinte questão: Quais são as principais práticas de evidenciação das informações contábeis apresentadas pelos membros do “clube dos 13”? Assim este artigo tem por objetivo Identificar as principais práticas de evidenciação das informações contábeis apresentadas pelos clubes de futebol, no período de 2010 a 2012, verificando se as práticas adotadas pelos clubes estão de acordo com as normas brasileiras de contabilidade. Dantas e Boente (2012) relatam que o desempenho esportivo de um clube em competições oficiais está diretamente relacionado com o seu desempenho financeiro, através de variáveis como: número de torcedores do clube, contratos de publicidade, premiações por conquistas de competições, cotas negociadas para transmissão de jogos e receitas com a venda de produtos associados à imagem dos atletas ou à do próprio clube. 2 REFERENCIAL TÉORICO 2.1. A evolução do futebol como negócio A medida que o futebol evoluiu, surgiu a necessidade de sua profissionalização e com isso a paixão em se praticar o esporte cada vez mais deu lugar a preocupações financeiras, 652 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE nesta perspectiva a história do futebol, com essa mudança de paradigmas perdeu a beleza de ser praticado apenas pelo prazer (GALEANO, 1995). Dessa forma, passou a vislumbrar o futebol como um negócio, onde são necessários maximizar receitas e evidenciar uma gestão profissional, onde a contabilidade assume papel fundamental, junto aos clubes de futebol. Para Cunha (2010) os clubes por todo o mundo sempre tentaram se organizar para defender seus interesses e a forma encontrada pelos mesmos foi a formação de ligas e associações. No Brasil, em 11 de julho de 1987, foi criado pelos maiores clubes brasileiros, o clube dos 13, com o objetivo de representar esses clubes, frente à assinatura de contratos, principalmente com a televisão, além de propor uma modernização do futebol brasileiro, o nome clube dos 13 foi escolhido porque eram treze os clubes fundadores, eram eles: Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco da Gama, posteriormente, a entidade recebeu a entrada de mais sete membros, são eles: Atlético Paranaense, Coritiba, Goiás, Guarani, Portuguesa, Sport e Vitória, porém permaneceu utilizando o seu nome de fundação. Em 2011, conforme relata Borges (2011) os clubes pertencentes ao clube dos 13, liderados pelo Corinthians, o primeiro a pedir desfiliação da entidade, descontentes com a forma de gestão da organização, decidiram negociar os direitos de transmissão dos seus jogos separadamente, o que levou ao fim da entidade. 2.2. Evidenciação Contábil Silva; Teixeira e Niyama (2009) destacam que as discussões a respeito dos objetivos da Contabilidade sempre tiveram o interesse de estabelecer como função principal da contabilidade, o fornecimento de informações financeiras que sirvam de auxílio para o seu usuário na tomada de decisões, conforme Iudícibus (2004) a Contabilidade, como ciência social, analisa o patrimônio das organizações, suas alterações, bem como estuda a atividade de produzir e divulgar informações sobre essas mudanças; uma das finalidades da atividade do contador é proporcionar aos usuários internos e externos da entidade, informações capazes de subsidiar as decisões tomadas pelos mesmos. Salmonson (1977) apud Lopes et al. (2009, p. 58) vê a contabilidade como um “processo sistemático de mensuração e evidenciação a vários usuários, de informações financeiras relevantes para os tomadores de decisões a respeito das atividades econômica de uma organização ou entidade.” De acordo com Medeiros e Quinteiro (2005), a evidenciação está diretamente relacionada com às características qualitativas da informação contábil, como compreensibilidade, relevância, materialidade, credibilidade e comparabilidade, para Yamamoto e Salotti (2006) uma informação é relevante na medida em que sua divulgação tem como consequência o reforço ou a alteração da opinião de seus usuários a respeito de um determinado aspecto da atividade da entidade; é confiável se puder ser confirmada por outros profissionais qualificados; e é uniforme se eventos iguais forem registrados da mesma forma, o que gera consistência e comparabilidade para a informação. Em relação aos usuários Iudicíbus et al. (2010) afirma que estes podem ser tanto internos como externos a organização e possuem interesses diversificados, motivo pelo qual 653 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE as informações geradas devem ser amplas e fidedignas e devem no mínimo serem suficientes para a avaliação da sua situação patrimonial e assim permitir inferências sobre o seu futuro. De acordo com Yamamoto e Salotti (2006), a evidenciação adequada das informações contábeis é proporcionada por demonstrações contábeis tradicionais, notas explicativas e outras formas alternativas, como demonstrações complementares e relatórios de administração. Iudícibus (2004) acrescenta como formas de evidenciação a informação entre parênteses, os quadros e demonstrativos suplementares e os comentários do auditor. De acordo com Lima e Viegas (2002) A divulgação das Demonstrações Contábeis (DC) tem por objetivo fornecer aos usuários uma quantidade suficiente de informações de natureza patrimonial, econômica, financeira, legal, física e social e dar suporte para a tomada de decisão, possibilitando o conhecimento e a análise da situação da entidade. Para Aquino e Ferreira (2007) a informação contábil evidenciada deve ser eficiente e eficaz, ser eficiente, a medida que é divulgada de forma compreensível e eficaz, no momento em que é colocada a disposição de forma indispensável para o processo decisorial. Os clubes passaram então a divulgar as suas demonstrações auditadas, no entanto conforme afirma Silva, Teixeira e Niyama (2009, p. 03). “devido à ausência de uma norma específica para o setor, não havia a comparabilidade das informações divulgadas, visto que essas informações não eram padronizadas.” Diante desse cenário, o CFC por meio da Resolução nº 1.005/04, aprovou a NBC T 10.13 que trata Dos Aspectos Contábeis Específicos em Entidades Desportivas Profissionais, essa NBC T conforme Andrade (2009) “entrou em vigor em 2005 e estabeleceu critérios e procedimentos específicos de avaliação, registro e estruturação das demonstrações contábeis das entidades de futebol profissional e demais práticas desportivas profissionais”, Visando auxiliar os clubes, com essa adaptação, em 2006 o ministério do esporte em parceria com o CFC, o IBRACON e o clube dos 13, publicou uma cartilha denominada “Padronização das práticas contábeis – Clubes de futebol profissional ” , que constou em seus anexos, modelos de como os demonstrativos contábeis dos clubes deveriam ser, para se tornarem comparativos e sujeitos à análise econômico-financeira, respeitando as particularidades de cada clube, a parceria entre os órgãos citados incentivava a utilização destes modelos como padrão para publicação. No dia 25 de janeiro de 2013, foi aprovada através da resolução 1.429/13 do CFC, a ITG 2003 que revoga a resolução 1.005/04, esta nova resolução, teve sua publicação no diário oficial da união no dia trinta de janeiro de 2013, entrando em vigor na data de sua publicação, aplicando-se aos exercícios iniciados a partir de primeiro de janeiro de 2013, não serão abordados maiores detalhes desta ITG, visto que na execução da pesquisa em questão foram utilizadas as DC dos anos de 2010 a 2012, período o qual os clubes de futebol eram obrigados a publicarem de acordo com a resolução do CFC 1005/04, que aprovara a NBC T 10.13. 654 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.3 Estudos Relacionados Leoncini (2001) apresentou um estudo sobre a transformação do modelo de gestão estratégica nos clubes de futebol e fez um estudo de caso no Clube de Regatas Flamengo e na Associação Desportiva São Caetano, ambas em processo de profissionalização, concluindo que cada vez mais os clubes necessitam de pessoas capacitadas para gerirem os seus recursos e alcançarem melhores resultados tanto na parte esportiva como na financeira. Silva (2004) dissertou sobre o reconhecimento e evidenciação nas demonstrações contábeis dos clubes de futebol do valor decorrente do direito de utilização dos atletas por conta das alterações promovidas pela lei 9.615 (lei pelé), foi realizado um estudo de caso nas demonstrações contábeis do Sport Clube Corinthians Paulista do período de 1998 a 2003, apresentou como resultado uma análise critica da qualidade informativa das demonstrações estudadas e propôs um modelo para sanar com esse problema. Bastos, Pereira e Tostes (2005) analisaram comparativamente a evidenciação do intangível pelos clubes brasileiros e europeus, a amostra escolhida foi: Fluminense (Brasil/RJ), Flamengo (Brasil/RJ), Vasco da Gama (Brasil/RJ), Santos (Brasil/SP), Benfica (Portugal), Porto (Portugal), Manchester United (Inglaterra) e Barcelona (Espanha), nenhum dos clubes do Brasil evidenciou o valor aplicado na contratação de seus atletas e os gastos com a formação de atletas (alimentação, alojamento, uniformes, entre outros) em seu ativo imobilizado, tal como é feito pelos clubes europeus, vale ressaltar que na época do estudo a resolução 1.005 não estava em vigor para os clubes brasileiros. Em 2010, com a citada resolução em vigor Raschka, Wallner e Costa (2010) verificaram a aderência dos clubes paulistas de futebol a ela nas demonstrações contábeis de 2005 a 2008, concluíram que os clubes apresentaram um nível satisfatório de evidenciação, exceto o Corinthians, por não ter apresentado as notas explicativas nos anos de 2007 e 2008. Holanda et al. (2012) avaliaram a associação entre o nível de observância das práticas de disclosure de custos com formação de atletas e os incentivos econômicos dos clubes de futebol por meio da análise de 69 demonstrações contábeis de clubes de futebol brasileiros no período de 2006 a 2009, as variáveis escolhidas referentes aos incentivos econômicos foram: tamanho, lucro, retorno, endividamento, e oportunidades de crescimento, os resultados forneceram subsídios para aceitar apenas a hipótese de que um maior nível de disclosure das informações dos custos com formação de atletas está associado a um maior tamanho (ativo total). Cardoso, Maia e Ponte (2012) elaboraram um check-list com 29 itens baseado no IAS38 para mensurar o nível de divulgação do intangível nas demonstrações contábeis dos 10 maiores clubes de futebol do mundo e dos 10 maiores clubes de futebol do Brasil, efetuaram um teste de diferença de médias para verificar se havia diferença no nível de divulgação entre os dois grupos mencionados, os resultados demonstraram que o nível de divulgação do intangível nas demonstrações contábeis é superior nos 10 maiores clubes de futebol do mundo. Silva, Teixeira e Niyama (2009) analisaram o nível de evidenciação das demonstrações contábeis de 19 clubes que disputaram o campeonato brasileiro no ano de 2007, sendo 13 clubes da série A e 6 clubes da série B. Para verificar o nível de evidenciação das 655 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE demonstrações contábeis destes clubes, os autores elaboraram um check-list com 48 itens baseado na Lei Pelé, na Resolução CFC 1.005/04 e na Lei nº 6.404 (alterada pela Lei nº 11.638). Por meio de uma análise de regressão, os autores verificaram que quanto maior o total de receitas obtidas pelos clubes de futebol e quanto melhor o seu desempenho esportivo, maior será o nível de evidenciação das demonstrações contábeis. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para Prodanov e Freitas (2013) o pesquisador busca através de métodos e técnicas obter respostas para as suas indagações, as particularidades da Contabilidade permitem enfocar as tipologias que irão delinear as pesquisas na área em três categorias: quanto aos objetivos, quanto aos procedimentos e quanto à abordagem do problema. (BEUREN, 2012) A tipologia desta pesquisa quanto aos seus objetivos se caracteriza pelo caráter exploratório. Conforme Gil (2006) pesquisas exploratórias tem-se como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias busca-se proporcionar uma visão geral, de forma mais detalhada sobre um determinado fato. Quanto aos procedimentos utilizados, esta pesquisa se caracteriza como uma Pesquisa Documental, Prodanov e Freitas (2013, p. 56) afirmam que “A utilização da pesquisa documental é destacada no momento em que podemos organizar informações que se encontram dispersas, conferindo-lhe uma nova importância como fonte de consulta”. Também se classifica como uma pesquisa bibliográfica, uma vez que utilizou-se de literatura existentes em alguns aspectos, principalmente nos que se referem a contabilidade e a história e evolução do futebol, segundo Boente e Dantas (2012) “uma pesquisa bibliográfica, se baseia na bibliografia pública sobre determinados assuntos em publicações escritas, faladas ou filmadas.” Para Richardson (1999) a abordagem quali-quantitativa, justifica-se, por ser uma forma para atender a natureza de um fenômeno social, fato ocorrido nessa pesquisa que visa observar o grau de qualidade das informações evidenciadas pelos clubes através de suas demonstrações contábeis. Segundo o site da FIFA o Brasil possui 29.208 clubes de futebol, Gil (2006) afirma que a amostragem da pesquisa pode ser classificada em dois tipos: probabilística e não probabilística, para a realização da presente pesquisa foram analisadas as Demonstrações Contábeis dos 20 clubes membros do extinto clube dos 13, grupo que abrange os times de maior expressão no cenário nacional, o período analisado foi o de 2010 a 2012, conforme o supracitado autor é uma amostra não probabilística por tipicidade ou intencional, visto que consiste em uma parte do universo, que com base nas informações disponíveis, possa ser considerada representativa de toda a população. Inicialmente para a obtenção das demonstrações contábeis dos clubes foram consultadas às páginas oficiais de cada clube na internet e o site da Federação Pernambucana de Futebol, o Sport Clube Recife, foi o único clube que não disponibilizou as demonstrações dos anos de 2010 e 2011, foi feito solicitação dos demonstrativos diretamente ao departamento administrativo do clube, via telefone, o clube solicitou por escrito e não respondeu a solicitação, por essa razão foi excluído da amostra, a coleta de dados ocorreu entre os meses de maio a setembro de 2013. Chegou-se, a uma amostra final composta por 19 clubes. 656 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para a pesquisa, foram testadas as duas hipóteses de Silva, Teixeira e Niyama (2009) e formulada outra hipótese: Hipótese 1: O nível de evidenciação contábil do clube de futebol está associado ao montante de receitas auferidas pelo clube. Hipótese 2: Existe relação entre o nível de evidenciação das informações contábeis e o desempenho do clube em competições profissionais . Hipótese 3: Existe relação entre o tamanho da torcida e o montante de receitas auferidas pelo clube O roteiro utilizado na pesquisa contou com 33 itens de evidenciação preconizados na lei n.° 9.615/98, na Resolução CFC n.° 1.005/04, na Lei n.° 6.404/76 (alterada pela Lei 11.638/2007) e demais itens de evidenciação contábil não-obrigatórios adaptados de Silva, Teixeira e Niyama (2009). Para a apuração do índice de evidenciação, foram atribuídos pontos para cada item divulgado. Pela definição adotada no trabalho, os valores do indicador do nível de evidenciação podem variar entre o mínimo de 0(zero) e o máximo de 150 pontos, sendo que quanto maior o número de pontos maior a evidenciação contábil do clube. Além do indicador de evidenciação contábil, as hipóteses formuladas consideraram outras três variáveis: o montante de receitas auferidas pelo clube nos exercícios financeiros analisados, o desempenho do clube no campeonato brasileiro e o tamanho da sua torcida. A variável “Receitas” foi obtida através do Demonstrativo de Resultados evidenciado pelas entidades, foram considerados os montantes registrados sob as rubricas “Receitas Operacionais”, “Outras Receitas Operacionais”, ”Receitas Financeiras” e “Receitas NãoOperacionais” e para a variável “ Tamanho da Torcida” foi considerada a “ 1ª Pesquisa PLURI sobre o Potencial de Consumo das Torcidas Brasileiras" realizada pela Pluri Consultoria em 2012. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Em relação as Demonstrações Contábeis, as preconizadas no artigo 176 da lei n.° 6.404/76 e suas alterações na lei 11.638/07, são as elaboradas com maior freqüência pelos clubes participantes da amostra, Conforme disposto na tabela a seguir. 657 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 01 - Clubes Brasileiros X Disclosure das Demonstrações Contábeis ITENS AVALIADOS 2010 Q % 2011 Q % 2012 Q % TOTAL Q 01 – O clube publicou balanço patrimonial? 19 100 19 100 19 100 57 100 19 100 19 100 19 100 57 100 18 94,7 18 94,7 19 100 55 96,5 18 94,7 18 94,7 19 100 55 96,5 18 94,7 18 94,7 19 100 55 96,5 4 21,1 4 21,1 5 26,3 13 22,8 2 10,5 1 5,3 1 5,3 4 7,0 02 – O clube publicou a demonstração do superávit do exercício? 03 – O clube publicou demonstração dos fluxos de caixa? 04 – O clube publicou demonstração das mutações do patrimônio líquido? 05 – O clube publicou parecer dos auditores independentes? 06 – O clube publicou demonstração do valor adicionado? 07 – O clube publicou balanço social? % Fonte: Elaborado pelos autores Em relação as Demonstrações Contábeis mencionadas no art. 176 da Lei n.º 6.404 e suas alterações, o Esporte Clube Bahia foi o único clube que não divulgou todas as Demonstrações Contábeis, publicando nos anos de 2010 e 2011 apenas o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Verifica-se, também, a observância dos clubes à exigência da Lei n.º 10.672/03, que em seu artigo 27, determina que os Clubes devam publicar suas demonstrações auditadas por auditores independentes, apenas o Bahia não publicou o parecer de auditoria nos anos mencionados. Embora a Demonstração do Valor Adicionado seja exigida apenas para companhias abertas, conforme disposto pela lei 11.638/07, percebe-se um crescimento no seu disclosure pelos clubes brasileiros, em 2012, apresentaram Atlético Paranaense, Corinthians, Santos, São Paulo e Vitória, totalizando 26,3% da amostra estudada. Iudicibus e Marion (2009) afirmam que a Demonstração do Valor Adicionado é parte integrante do Balanço Social, nesse sentido destaca-se o Clube Atlético Paranaense, único a publicar essa demonstração durante todo o período analisado, o Club de Regatas Vasco da Gama publicou o Balanço Social em 2010, não continuando com essa prática nos anos posteriores. Dentre os itens analisados, a tabela 02 mostra a observância em relação a lei 9.615/98, conhecida como lei Pelé e suas alterações redigidas na lei 10.672/03 e na lei 12.395/11. 658 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 02 - Clubes Brasileiros X Disclosure lei 9.615/98 e Alterações ITENS AVALIADOS 01 - As Demonstrações publicadas foram auditadas por auditor independente? 02 - O clube publicou as demonstrações até o dia 30 de abril? 03 – Foi divulgada a existência de seguros? 04 – Foram divulgados quais ativos estão cobertos por seguros? 05 – O clube apresenta Nota Explicativa dos seguros contratados para os atletas profissionais e demais ativos da entidade? 2010 Q % 2011 Q % 2012 Q % TOTAL Q 18 94,7 18 94,7 19 100 55 96,5 19 100 19 100 19 100 57 100 6 31,6 8 42,1 9 47,4 23 40,4 1 5,3 3 15,8 3 15,8 7 12,3 6 31,6 8 42,1 9 47,4 23 40,4 % Fonte: Elaborado pelos autores A observância dos clubes em relação as alterações trazidas pela lei 10.672/03 é de alto nível, 100 % dos clubes publicaram suas demonstrações até o último dia de abril, conforme rege a lei em seu artigo 46 A e apenas o esporte Clube Bahia não publicou as demonstrações auditadas em 2010 e 2011, no ano de 2012 a observância dos clubes em relação as alterações impostos pela 10.672/03 atingiu 100 %. O artigo 45 da lei Pelé, alterado pela lei 12.395/2011 determina que as entidades desportivas são obrigadas a contratar seguro de vida e de acidentes pessoais, vinculado a atividade desportiva para os seus atletas, verifica-se na tabela um crescimento no disclosure da existência de seguro nos clubes, porém ainda é um número baixo, atingindo 47,7% em 2012, ou seja, da amostra estudada menos da metade divulga a existência de seguros, essa existência é divulgada através de nota explicativa, quando verifica-se quais clubes divulgam os ativos cobertos por seguros, esse número reduz significativamente, sendo apenas 01 em 2010 e 03 nos anos de 2011 e 2012, destaca-se mais uma vez o Atlético Paranaense que é o único a divulgar durante os três anos, o Coritiba e o Guarani fazem seguros apenas para os seus atletas, não cobrindo outros ativos. A tabela 03 mostra a observância dos clubes em relação aos itens avaliados exigidos pela NBC T 10 13, aprovada pela resolução 1.005/04. Tabela 03 - Clubes Brasileiros X Disclousure NBC T 10 13 ITENS AVALIADOS 2010 Q % 2011 Q % 2012 Q % TOTAL Q 01 – A demonstração do superávit do exercício apresenta, de forma segregada, as receitas, os custos e as despesas diretamente vinculadas com a atividade desportiva das demais? 18 94,7 18 94,7 18 94,7 54 94,7 02 – As receitas de bilheteria, direito de transmissão de imagem, patrocínio, publicidade e outras receitas assemelhadas são registradas em contas específicas do resultado operacional? 18 94,7 18 94,7 18 94,7 54 94,7 % 659 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 03 – O recebimento antecipado das receitas de bilheteria, direito de transmissão de imagem, patrocínio, publicidade e outras receitas assemelhadas são registradas em contas específicas do resultado operacional? 14 73,7 15 78,9 15 78,9 44 77,2 04 – O clube apresenta nota explicativa das contingências ativas e passivas de natureza tributária, previdenciária, trabalhista, cível e assemelhadas? 18 94,7 18 94,7 19 100 55 96,5 05 – Os gastos com formação de atletas são registrados no ativo imobilizado, em conta específica de formação de atletas? 4 21,1 3 15,8 2 10,5 9 15,8 06 – Os gastos com a contratação ou a renovação de contrato de atletas profissionais são registrados no ativo imobilizado, em conta específica, pelo valor, efetivamente, pago ou incorrido? 3 15,8 3 15,8 1 5,3 7 12,3 07 – O clube apresenta nota explicativa dos gastos com a formação de atletas, registrados no ativo imobilizado e montante baixado para o resultado no exercício? 3 15,8 3 15,8 2 10,5 8 14,0 08 – O clube apresenta nota explicativa da composição dos direitos sobre os atletas profissionais, registrados no ativo imobilizado com a segregação do valor correspondente a custo e amortização e prazo médio remanescente a amortizar? 3 15,8 3 15,8 1 5,3 7 12,3 09 – O clube apresenta nota explicativa das receitas obtidas e seu correspondente custo de aquisição com a negociação e a liberação de atletas profissionais, segregados os valores das negociações com o mercado externo? 1 5,3 1 5,3 1 5,3 3 5,3 10 – O clube apresenta nota explicativa dos valores em moeda estrangeira de direitos e obrigações com o mercado externo? 2 10,5 2 10,5 3 15,8 7 12,3 Fonte: Elaborado pelos autores. De acordo com a análise dos dados da tabela 03, percebe-se que os clubes brasileiros possuem um alto grau de aderência a maior parte dos itens exigidos pela NBC T 10.13, mas deixa a desejar quando o assunto é a evidenciação dos atletas, uma vez que apenas 15,8% de todas as DC analisadas apresentam o gasto com formação de atletas no ativo imobilizado em conta especifica e 14% apresentam nota explicativa com esse registro baixando o montante para o resultado do exercício. Em relação a renovação e contratação dos jogadores, 12,3% de toda a amostra segue a norma, esse é o mesmo percentual que apresenta nota explicativa da composição dos direitos sobre os atletas profissionais, registrados no ativo imobilizado com a segregação do valor correspondente a custo e amortização e prazo médio remanescente a amortizar, o que é considerado um número muito baixo.Quando o assunto é a negociação e liberação dos atletas, a situação fica muito pior, a norma manda apresentar nota explicativa das receitas obtidas com essa prática e demonstrar o seu custo, segregando os valores com o mercado externo, o Cruzeiro Esporte Clube foi o único a obedecer esse item da norma adequadamente. 660 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O Brasil é um dos maiores exportadores de jogadores de futebol do mundo, o processo de globalização tem facilitado essas transferências internacionais, abrindo novos mercados para os jogadores (Rodrigues, 2010), um outro fator importante para esse crescimento segundo o autor supracitado foi a lei 9.615/98, que acabou com o passe, não sendo mais necessário ao clube comprador adquirir o passe do atleta, apenas pagar a rescisão contratual ao clube atual, caso o atleta esteja empregado, ou em caso de estar desempregado, acertar diretamente com o jogador o seu salário, diante desse exposto, considera-se o percentual de 12,3%, parte da amostra estudada que apresenta nota explicativa dos valores de direitos e obrigações com o mercado externo em moeda estrangeira, abaixo do esperado. Os demonstrativos devem ser elaborados em bases seguras, visando reduzir as incertezas e conduzir o seu usuário a melhor decisão, para isso é imprescindível que a informação contábil seja revestida de qualidade (Campelo, 2007), a tabela 04 a seguir, demonstra o comportamento dos clubes em relação ao disclosure dos atributos qualitativos analisados nesse estudo. Tabela 04 - Clubes Brasileiros X Atributos Qualitativos ITENS AVALIADOS 2010 Q % 2011 Q % 2012 Q % TOTAL Q 01 – O clube publicou notas explicativas? 18 94,7 18 94,7 19 100 55 96,5 02 – O clube publicou relatório da administração? 5 26,3 6 31,6 8 42,1 19 33,3 18 94,7 18 94,7 19 100 55 96,5 12 63,2 12 63,2 13 68,4 37 64,9 9 47,4 8 42,1 8 42,1 25 43,9 12 63,2 13 68,4 15 78,9 40 70,2 03 – O clube divulgou as principais práticas contábeis adotadas para o registro contábil das operações e elaboração das demonstrações contábeis? 04 – O clube divulgou a taxa de juros dos empréstimos e financiamentos? 05 – O parecer de auditoria é sem ressalva? 06 – O clube mantém no seu site em local de fácil acesso as demonstrações contábeis? % Fonte: Elaborado pelos autores. Verifica-se na tabela 04, uma melhora nos atributos qualitativos evidenciados pelos clubes, no ano de 2012, toda a amostra estudada apresentou notas explicativas e divulgou as práticas adotadas para o registro contábil e elaboração das DC, 64,9% da amostra no período analisado, divulgou a taxa de juros dos empréstimos e financiamentos obtidos, percebe-se um crescimento por parte dos clubes na publicação do relatório de administração, totalizando 33,3% do estudo, 70,2% mantém as demonstrações em local de fácil acesso em seu site, proporcionando uma maior transparência e credibilidade a sua gestão, verifica-se que 43,9% da amostra estudada apresentou o parecer de auditoria sem ressalva, o que pode ser considerado um avanço significativo, uma vez que há poucos anos atrás os clubes não apresentavam os seus demonstrativos ou os publicavam sem nenhuma padronização, não proporcionando uma comparabilidade aos usuários da informação. 661 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.1 TESTE DAS HIPÓTESES Nesta seção foram apresentados os resultados dos testes das hipóteses enunciadas no desenvolvimento do estudo, o teste das hipóteses está dividido em duas partes, na primeira parte será analisada a relação entre o nível de evidenciação com as receitas e o desempenho dos clubes no período de 2010 a 2012, os dados da primeira parte estão resumidos na tabela 05. Tabela 05 – Evidenciação X Receitas e Desempenho no Período de 2010 a 2012 Clube Evidenciação Santos São Paulo Atlético PR vitória Grêmio Fluminense Corinthians Palmeiras Goias Cruzeiro Atlético MG Vasco Coritiba Inter Portuguesa Botafogo Flamengo Guarani Bahia (em pontos) 2010 2011 36 36 36 36 36 35 33 33 33 33 30 31 30 31 28 32 29 29 30 30 29 29 32 30 24 30 27 28 29 27 25 26 25 24 19 24 11 10 Receita 2012 37 37 37 34 33 32 31 32 32 30 31 26 31 28 26 26 24 26 21 Total 109 109 108 100 99 93 92 92 90 90 89 88 85 83 82 77 73 69 42 (milhões) 2010 116,5 194,7 67,7 42,1 113,6 76,8 213,5 148,3 30,4 101,4 93,3 83,6 30,7 179,2 24,5 52,7 128,5 22,9 20,6 Pontos 2011 189,1 224,6 65,4 34,2 142,4 80,2 290,4 148,1 17,1 128,7 99,8 136,6 66,5 198,5 29,2 59,5 184,2 14,6 39,6 2012 197,8 246,7 211,4 52,3 235,2 151,1 358 244,6 71,3 120,4 162,3 139,4 82,8 264,2 50,3 123,4 212 26,1 66,6 Total 503,4 704,6 344,6 128,7 490,5 308,1 861,6 537,5 100,6 350,4 356,0 359,5 180,0 651,8 104,0 235,0 525,6 63,8 132,0 (Brasileirão) 2010 2011 56 53 55 59 60 41 42 60 63 48 71 6,3 68 71 50 50 33 52 69 43 45 45 49 69 71 57 58 60 62 81 59 56 44 61 37 52 65 46 2012 53 66 71 71 71 77 57 34 78 52 72 58 48 52 45 55 50 41 47 Fonte: Elaborado pelos autores. O Santos e o São Paulo foram os clubes com a melhor evidenciação com base nos itens do estudo, obtendo 109 pontos cada dos 150 possíveis, o Coritiba teve uma melhora na sua evidenciação e nas suas receitas ao longo do período analisado, o Bahia teve a pior evidenciação, devido a não publicar algumas demonstrações no ano de 2010 e 2011, o Guarani apresentou a segunda pior evidenciação e a menor receita da amostra estudada, no ano de 2014 a equipe disputará a terceira divisão do campeonato nacional, Vasco e Portuguesa, apresentaram uma redução na sua evidenciação ao longo dos anos analisados, no ano de 2014 ambos disputarão a segunda divisão do campeonato brasileiro. Destaca-se também o Atlético Paranaense, terceira melhor evidenciação e teve um aumento significativo nas suas receitas no ano de 2012. 662 Total 162 180 172 173 182 211 196 134 163 164 162 176 176 170 188 170 155 130 158 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Hipótese 01: O nível de evidenciação contábil do clube de futebol está associado ao montante de receitas auferidas pelo clube. Figura 01 - Diagrama de Dispersão entre as variáveis Receitas e Evidenciação Evidenciação X Receitas Evidenciação 120 y = 0,0282x + 77,613 R² = 0,1634 100 80 60 Evidenciação X Receitas 40 20 Linear (Evidenciação X Receitas) 0 0 200 400 600 800 1000 Receitas Fonte: Elaborado pelos autores. Os clubes brasileiros aumentaram as suas receitas ao longo dos anos, porém 0,165 é o coeficiente de determinação com a variável evidenciação, ou seja, apenas 16,5% da variável independente receita pode ser explicado pela variável dependente evidenciação, o grau de relacionamento, obtido através do coeficiente de correlação dessas duas variáveis é de 41%, considerado uma correlação média, diante desse cenário percebe-se que os clubes precisam melhorar em relação ao seu disclosure. 663 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Hipótese 02: Existe relação entre o nível de evidenciação das informações contábeis e o desempenho do clube em competições profissionais Figura 02 - Diagrama de Dispersão entre as variáveis Desempenho e Evidenciação Evidenciação X Desempenho 120 Evidenciação 100 y = 0,2762x + 41,054 R² = 0,1098 80 60 Evidenciação X Desempenho 40 20 0 0 50 100 150 Linear (Evidenciação X Desempenho) 200 250 Desempenho Fonte : Elaborado pelos autores. Quando analisa-se a relação desempenho e evidenciação percebe-se que 10,9% é o coeficiente de determinação e 0,33 é o de correlação, número que representa uma correlação média. Percebe-se que os clubes brasileiros evoluíram ao longo dos anos em relação as suas receitas e a sua estrutura organizacional, porém ainda estão se adequando contabilmente a essa nova realidade. 664 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Hipótese 03: Existe relação entre o tamanho da torcida e o montante de receitas auferidas pelo clube Figura 03 - Diagrama de Dispersão entre as variáveis Torcida e Receitas 35 Torcida X Receitas 30 y = 0,0277x - 3,0642 R² = 0,5801 25 Torcida 20 Torcida X Receitas 15 Linear (Torcida X Receitas) 10 5 0 -5 0 200 400 Receitas 600 800 1000 Fonte: Elaborado pelo autor Verifica-se na figura 03 que o número de torcedores está relacionado com a montante de receitas obtidas, apresentando um coeficiente de correlação de 0,76, correlação forte, destacase nessa análise, o Flamengo, que embora seja a maior torcida do Brasil é apenas o quinto em receitas obtidas no período analisado, por sua vez o Internacional, detentor da oitava maior torcida do Brasil é o terceiro em quantidade de receitas obtidas. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A NBC T 10 13 aprovada pela resolução 1005/04 foi fundamental para a evolução dos desportos profissionais, uma vez que normatiza os procedimentos a serem adotados pelas entidades desportivas na elaboração dos seus demonstrativos e divulgação das suas informações, proporcionando aos usuários uma maior comparabilidade com os outros clubes e revestindo os mesmos com uma maior credibilidade, porém, os clubes brasileiros, enfrentam problemas em relação a essa padronização, fato claramente perceptível no disclosure dos atletas. A contabilidade dos clubes brasileiros ainda não estão adequada para os seus usuários, embora haja uma melhora por parte dos clubes, percebe-se que há muito a se melhorar principalmente em relação aos atributos qualitativos das informações fornecidas e a própria legislação especifica que as entidades devem seguir. A partir do teste de hipóteses verificou-se que a evidenciação apresenta uma correlação média com as variáveis receitas e desempenho, o que significa que os clubes com melhores receitas estão melhorando a sua evidenciação para atender os seus diversos usuários 665 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE e obtendo uma melhor performance esportiva, uma vez que dispõem de mais recursos, a variável Torcida apresenta uma correlação forte com o montante de receitas obtidas, reforçando a idéia de que o torcedor é o maior patrimônio do clube. 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São Paulo: Atlas, 2006. 669 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE SANEAMENTO BÁSICO E CONVERGÊNCIA CONTÁBIL: UM ESTUDO SOBRE A ADOÇÃO DA ICPC 01 NA CONTABILIZAÇÃO DOS ATIVOS DA CONCESSÃO PÚBLICA NAS EMPRESAS BRASILEIRAS AUTORES: Rafael Becker Ferreira Rodrigues, Livia Vilar Lemos, Rosana Medeiros Ferreira, João Marcelo Batista do Nascimento e Tiago de Moura Soeiro. RESUMO Este trabalho busca identificar se existem diferenças na contabilização dos ativos utilizados nas concessões públicas no setor de saneamento básico do Brasil. A abordagem metodológica escolhida para a condução da pesquisa embasou-se no método da análise de conteúdo (AC), orientada por um roteiro realizado a partir da Interpretação Técnica ICPC 01 (R1) - Contratos de Concessão, utilizado para identificar os eventos nas notas explicativas, de modo que para cada evento foram desenvolvidas categorias com o objetivo de consolidar as informações coletadas para as análises estatísticas. De um total de 25 Companhias de Saneamento Estaduais associadas à Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (AESBE), foram selecionadas 10 empresas que atenderam ao critério de seleção da amostra. Nos resultados constatou-se que mediante a não obrigatoriedade da aplicação da ICPC 01 nos anos de 2008 e 2009, as empresas de saneamento, de forma geral, não contabilizavam a infraestrutura, receitas e custos de construção, provisões de passivos e ativos contingentes e custos de empréstimos segundo as indicações desta instrução técnica. Nota-se, maior aderência às praticas determinadas pela ICPC 01, nos exercícios de 2010 e 2011, não deixando de acontecer algumas inconformidades nas práticas contábeis. O exercício de 2012 apresenta o maior grau de adesão às práticas determinadas pela instrução técnica. E quanto aos pareceres de auditoria, foi identificado que não possuíam ressalvas relacionadas aos aspectos determinados pela ICPC 01. 1. INTRODUÇÃO O marco da adequação das Normas Contábeis Brasileiras às Normas Internacionais se deu a partir da publicação da Lei 11.638/2007. No intuito de garantir a uniformização dos procedimentos adotados em decorrência da internacionalização das normas contábeis, o Conselho Federal de Contabilidade criou o CPC - Comitê dePronunciamentos Contábeis, incumbido da responsabilidade pelo estudo e emissão dos pronunciamentos técnicos. Nesse contexto, a publicação da Interpretação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - ICPC 01 – Contratos de Concessão elaborada a partir do IAS 36 (IFRIC 12) – Impairment of Assets buscou fornecer orientações sobre a forma de aplicar os novos pronunciamentos contábeis do CPC às concessionárias de serviços públicos (Gomes, 2012). A publicação da Interpretação ICPC 01 impulsionou discussões a respeito do modelo societário para concessionárias de serviço público e dos efeitos dessa adoção. Tema que tem sido explorado extensivamente por diversos pesquisadores contábeis dentre eles: Brugni, Rodrigues & Cruz, (2012), Andrade & Martins (2009), Andrade & Martins (2010), Lima & Bainha (2013), Cruz, Silva &Rodrigues (2009), Scalzer & Silva (2010), Paris, Rodrigues, Cruz & Brugni (2011). Apesar do interesse dos pesquisadores observa-se que permanece pouco explorada 670 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE abordagem da ICPC 01 aplicadas ao setor de saneamento, como as pesquisas de Silberman, Rodrigues, Sancovschi & Ferreira (2013) e Dantas,et. al(2012). O saneamento básico brasileiro engloba os serviços de abastecimento de água potável e esgotamento sanitário, considerados como serviços industriais de utilidade pública (CNM, 2005). Tal setor é de fundamental importância para o desenvolvimento do País. No intuito de fortalecer e universalizar o atendimento dos serviços de saneamento para toda a população, nas ultimas décadas diversas mudanças políticas e legais foram realizadas, como a ampliação dos investimentos, a promulgação da Lei 11.445/2007, a chamada “lei do saneamento seguidos da implementação de programas específicos de saneamento como o Saneamento Para Todos e em especial a implantação do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) (Souza& Vinha, 2012). Sendo assim, a pesquisa justifica-se pela convergência das normas e pela relevância social do serviço de saneamento básico em virtude da utilização das demonstrações contábeis para tomada de decisão interna das empresas. Nesse contexto, o objetivo principal dessa pesquisa consiste em identificar se existem diferenças na contabilização dos ativos utilizados nas concessões públicas no setor de saneamento básico do Brasil. Para tanto foi necessário identificar a classificação contábil dos ativos realizada pelas empresas de saneamento básico, verificar o tratamento contábil dado aos ativos pelas mesmas, identificar se existe diferenças no tratamento contábil dos ativos entre as empresas e apurar as causas das possíveis diferenças no tratamento contábil dos ativos. Nesse sentido, a metodologia empregada visou aplicar a técnica de análise de conteúdo (AC) às Notas Explicativas das demonstrações contábeis financeiras emitidas pelas empresas que compõem a amostra do estudo, com o objetivo de identificar de forma objetiva as informações sobre o tratamento contábil conferido aos ativos utilizados nos contratos de concessão do setor de saneamento básico no Brasil. Dessa forma, esta pesquisa tem o propósito de responder o seguinte questionamento: Existem diferenças no tratamento contábil dos ativos utilizados nas concessões públicas no setor de saneamento básico do Brasil? 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1.Aspectos gerais da ICPC 01 – Contratos de Concessão O Pronunciamento ICPC 01 - Contratos de Concessão foi elaborado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) a partir do IAS 36 (IFRIC 12) – Impairment of Assets, emitido pelo International Accounting Standards Board (IASB) com o objetivo de fornecer orientações sobre a forma de contabilização de concessões de serviços públicos a entidades privadas. Para Scalzer (2010), uma das grandes inovações criadas pelo ICPC01 corresponde à extinção do tratamento da infraestrutura utilizada pelo concessionário como ativo imobilizado, uma vez que o contrato de concessão fornece ao concessionário a permissão apenas para operar a infraestrutura e realizar a prestação dos serviços públicos conforme as condições estipuladas no contrato de concessão, mas não lhe garante o direito de controlar o seu uso. Dessa forma, para Dantas (2012) o registro desse direito ao ser contabilizado como Ativo Financeiro ou Ativo Intangível estará respeitando a diretriz da essência sob a forma. 671 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE No contrato de concessão, a classificação do ativo do parceiro privado em financeiro e/ou intangível é determinada pelo risco de demanda pelos serviços públicos (Martins&Andrade, 2010). Sendo assim, o concessionário registrará um ativo financeiro quando apresentar o direito contratual incondicional de receber pela prestação de serviços de construção. Por outro lado, será registrado um ativo intangível na medida em que o concessionário possuir autorização para cobrar dos usuários pela prestação dos serviços públicos. O contrato pode possibilitar duas formas de remuneração pelos serviços de construção uma parte em ativo financeiro e a outra parte em intangível, caso isso aconteça, cada componente da remuneração recebida ou a receber deve ser contabilizada separadamente, pelo seu valor justo decorrente do percentual que cabe a cada um dos tipos de classificação (ICPC 01). As receitas dos serviços prestados, as receitas de construção ou de melhoria e as receitas dos serviços de operação devem ser reconhecidas e mensuradas pelo concessionário de acordo com o CPC 30 e o CPC 17 (equivalentes ao IAS 18 - Receitas e IAS 11 - Contratos de Construção). A mudança está nos registros dos ativos da concessão que não poderão ser registrados como ativo imobilizado da concessionária, desse modo, em contrapartida a remuneração recebida ou a receber deverá ser registrada como ativo financeiro ou ativo intangível pelo seu valor justo (Souza, 2011). A diferenciação entre receita de serviços e receita de construção pode aumentar a qualidade das demonstrações contábeis no segmento de concessões, por evidenciar de forma mais detalhada os fluxos de recursos nas entidades privadas. Além disso, esse tipo de segmento poderia se tornar mais atraente para o investidor, pela geração de resultados diferenciados refletidos na distribuição antecipada de dividendos decorrentes dos lucros gerados em fases pré-operacionais (Brugni et. al., 2012). De acordo com a nova forma de classificação, as obrigações contratuais com manutenção e recuperação da infraestrutura deverão ser registradas e a avaliadas pela melhor estimativa dos gastos necessários para liquidar a obrigação presente na data do balanço. Enquanto os custos de empréstimos relacionados ao contrato devem ser contabilizados como despesa no período em que ocorrerem, excerto se houver o direito contratual de recebimento de um ativo intangível. Nesse caso, os custos deverão ser acumulados durante a fase de construção (ICPC01, 2012). Ao tratar do ativo financeiro, a Interpretação enfoca os Pronunciamentos Técnicos CPC14, CPC 38, CPC 39 e CPC 40, aplicáveis a instrumentos financeiros destacando que o valor devido pelo concedente deve ser contabilizado como: empréstimo ou recebível; ativo financeiro disponível para venda; ativo financeiro pelo valor justo por meio do resultado. Caso seja contabilizado como empréstimo ou recebível ou ativo financeiro disponível para venda, a parcela referente aos juros calculados com base no método da taxa efetiva de juros deverá ser reconhecida no resultado (ICPC01, 2012). Por fim, outra inovação trazida pela norma corresponde a possibilidade de retenção ou negociação de outros ativos do concedente, com exceção da infraestrutura, caso façam parte da remuneração dos serviços que serão pagos e não se trate de subvenções governamentais. Portanto devem ser contabilizados como ativos do concessionário e avaliados pelo valor justo no seu reconhecimento inicial e em contrapartida deverá ser registrado um passivo referente às obrigações não cumpridas, assumidas em troca desses outros ativos (ICPC01, 2012). 672 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2.2. Parecer de Auditoria A auditoria busca examinar as demonstrações contábeis, verificando se há conformidades com as diretrizes traçadas para suas elaborações, se foram atendidas com eficácia e se estão adequadas aos objetivos a que se destinam. Nesse sentido, a NBC T 11 – Normas de Auditoria das Demonstrações Contábeis define auditoria das demonstrações contábeis como: O conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica. (NBC T 11, 2003). Outra definição de Auditoria é a de Batista et al.(2010), este autor expõe a auditoria das demonstrações contábeis como um sistema de verificação de procedimentos e informações de uma entidade, refletida em relatórios e demonstrações contábeis, tendo como principal objetivo emitir uma opinião sobre a situação investigada. Já Scarpin et al. (2010) corrobora que a auditoria das demonstrações contábeis é o trabalho realizado por auditor independente, o qual após aplicação de um conjunto de procedimentos por ele adotado, emite um parecer sobre a adequação das demonstrações contábeis analisadas, às normas contábeis. Mas, para que a auditoria possa ser efetiva no seu objetivo, de assegurar os usuários das informações constantes nas demonstrações contábeis a utilizá-las ou não, é necessário um instrumento que seja o canal de confiança entre os usuários e a opinião do auditor. Nesse caso, tem um caráter decisório, para esclarecimento dos possíveis gargalos encontrados na elaboração das demonstrações, ou pelo fato de assegurar a conformidade das demonstrações às suas diretrizes e normas. O parecer de auditoria é o instrumento pelo qual a opinião do auditor, sobre o resultado das investigações quanto ao cumprimento das exigências e diretrizes da elaboração das demonstrações contábeis, é expressa. É o documento mediante o qual o auditor expressa sua opinião, de forma clara e objetiva, sobre as demonstrações contábeis nele indicadas, (NBC T 11, 2003). Com o objetivo de realizar uma análise crítica dos pareceres de auditores independentes, quanto a sua compreensão e utilidade, Almeida (2008) constatou a existência de equívocos na compreensão da natureza opinativa do parecer dos auditores independentes e que os analistas de investimentos consultados ignoram as informações contidas no parecer dos auditores independentes, durante o processo decisório de investir. A pesquisa realizada por Damascena et al.(2011), sobre as divergências entre parágrafo de pareceres de auditoria, apresentou vários estudos que, apesar da relevância dos trabalhos, estes, apenas quantificavam os pareceres, não faziam uma análise crítica de cada parecer. Firmino et al. (2011) analisaram os parágrafos de ênfase e pareceres de ressalvas em demonstrações contábeis de empresas listadas na Bovespa, evidenciando nas conclusões a necessidade de maiores especificações nos resultados apresentados nos pareceres de auditoria para justificar a veracidade das informações divulgadas. Portanto, os pareceres de auditoria são importantes ferramentas de comunicação quanto à elaboração das demonstrações contábeis. Sendo um instrumento que pode ampliar as interpretações sobre os fenômenos representados nos balanços das empresas, desde que haja 673 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE clareza nas opiniões, confirmando sua compreensibilidade e utilidade. 2.3. Concessão Pública no Setor de Saneamento Básico A atividade de infraestrutura nas cidades, ramo no qual está inserido o saneamento básico, é fundamental para a qualidade de vida da população, tendo impacto direto na saúde publica, meio ambiente e desenvolvimento econômico e social das regiões (Campos, 2005). Dessa forma,segundo Vargas e Lima (2004) o saneamento pode ser tido como “ferramenta estratégica quanto à melhoria da saúde publica e desenvolvimento sócio econômico do país”, por possibilitar a diminuição de incidência de doenças, despesas médico hospitalar e aumento da renda local. Nesse contexto, é observado que no Brasil a partir da década de 1990 o modelo de organização institucional das empresas de saneamento básico foi submetido a um processo de transformação gradual, passando da gestão centralizada para a descentralização e flexibilização institucional, ou concessão,conforme Vargas (2005). Concessão pode ser entendida como sendo a celebração de acordo pelo qual a administração confere o uso remunerado, na forma de exploração do serviço, à concedente para fins diversos específicos (Meirelles, 2008). Dessa forma, a fim de tentar garantir que a maximização dos resultados seja obtida na concessão, alguns requisitos devem ser cumpridos pelos candidatos. Conforme Mello (2005), os melhores resultados para as concessões acontecem quando há disputa efetiva, por isso é desejável ter o maior número de participantes possível como também, a fim de garantir que as concessionárias tenham uma situação econômica adequada é comum solicitar alguns indicadores que comprove o bom desenvolvimento das mesmas. Outro aspecto inerente às concessões é o de que a criação das relações concessionárias a partir da sua concepção principal objetiva atender a critérios de eficiência técnico, administrativa e econômica. (Botton & Gouvello, 2008; Junior & Monteiro, 2006). Nesse âmbito, visando a melhor prestação do serviço, e maximização do desempenho econômico financeiro, “elas deveriam implantar tarifas adequadas, proporcionar melhoria e expansão dos serviços e a redução dos custos operacionais” (Britto & Bessa 2009). Todavia, um governo não consegue monitorar todas as decisões das concessionárias por não poderem controlar perfeitamente firmas e consumidores dos produtos das concessões(Karam &Shima, 2007). Isso implica também em questões como a gestão dos riscos, que nesse caso é compartilhada por ambas as partes, governos e concessionárias, de acordo com Sousa (2009). Por exemplo, o setor privado fica responsável pela construção, pelo financiamento, renovação, gestão e manutenção enquanto que o setor público é responsável em remunerar as concessionárias através das tarifas acordadas. 3. METODOLOGIA 3.1. População e Amostra A população desta pesquisa é formada pelas Companhias de Saneamento estaduais associadas à Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (AESBE), composta por 25 empresas, a associação não contempla todas as empresas estaduais do país, em virtude das companhias dos Estados do Amazonas e do Mato Grosso não estarem 674 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE relacionadas como empresas associadas de acordo com as informações coletadas no sítio eletrônico da AESBE. Para compor a amostra desta pesquisa foram selecionadas as companhias de saneamento que tivessem publicado as suas demonstrações contábeis financeiras com as notas explicativas, no período de 2008 a 2012. Vale salientar que as empresas que publicaram as demonstrações contábeis, mas não publicaram suas respectivas notas explicativas não foram consideradas como componente da amostra. No entanto, ressalta-se que as empresas que não publicaram suas demonstrações e notas explicativas, em algum ano do período delimitado para a pesquisa, não foram desconsideradas, pois a análise foi separada por períodos, conforme descritos: 2008 e 2009; 2010 (ano da adoção aos padrões IFRS) e 2011 e 2012. Desta forma, é possível que alguma empresa faça parte da amostra nos anos de 2008 e 2009 e não o faça em 2010. Assim, das 25 empresas listadas como associadas, foram selecionadas 10 empresas que atenderam ao critério de seleção da amostra, as quais são: Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB); Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE); Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN); Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN); Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA); Companhia Rio-grandense de Saneamento (CORSAN); Companhia de Saneamento de Sergipe (DESO); Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA); Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) e Empresa de Saneamento do Mato Grosso do Sul S.A. (SANESUL). Já as empresas que não compuseram a amostra foram decorrentes a algumas fragilidades para a detecção de informações necessárias às análises. As principais dificuldades foram: Apresentação das demonstrações contábeis sem o complemento das notas explicativas e dos pareceres de auditoria, dificuldade de acesso às demonstrações disponibilizadas nos ambientes eletrônicos das empresas e falta de divulgação de algumas demonstrações. 3.2. Coleta e tratamento dos de dados A coleta dos dados foi realizada a partir da análise das notas explicativas às demonstrações contábeis financeiras das empresas que compõem a amostra do estudo. Foi aplicada às notas explicativas a análise de conteúdo (AC) com o objetivo de identificar de forma objetiva as informações sobre o tratamento contábil conferido aos ativos utilizados nos contratos de concessão do setor de saneamento básico no Brasil. A análise foi orientada por um roteiro realizado a partir da Interpretação Técnica ICPC 01 (R1) - Contratos de Concessão, este roteiro de análise foi utilizado para identificar os eventos nas notas explicativas, para cada evento desenvolvidas categorias com o objetivo de consolidar as informações coletadas. No Quadro 1 é exposto os eventos analisados, as orientações dada pelo normativo citado e a categorização de cada evento analisado. Quadro 4- Roteiro e Categorização da Análise de Conteúdo Eventos sob análise Trecho da ICPC 01 Código 675 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Classificação infraestrutura da A infraestrutura dentro do alcance desta Interpretação não será registrada como ativo imobilizado do concessionário porque o contrato de concessão não transfere ao concessionário o direito de controlar o uso da infraestrutura de serviços públicos. 1 Registra em Imobilizado; 2 - Registra em Ativo Intangível; 3 - Registra em Ativo Financeiro; 4 - Registra em Ativo Financeiro e Intangível; 5 - Não menciona o registro. O concessionário deve reconhecer um ativo financeiro à medida em que tem o direito contratual incondicional de receber caixa ou outro ativo financeiro do concedente pelos serviços de construção; o concedente tem pouca ou nenhuma opção para evitar o pagamento, normalmente porque o contrato é executável por lei. O concessionário deve reconhecer um ativo intangível à medida em que recebe o direito (autorização) de cobrar os usuários dos serviços públicos. Esse direito não constitui direito incondicional de receber caixa porque os valores são condicionados à utilização do serviço pelo público. O concessionário deve contabilizar receitas e custos relativos a serviços de construção ou de melhoria de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 17 – Contratos de Construção. O concessionário pode ter obrigações contratuais que devem ser atendidas no âmbito da sua concessão (a) para manter a infraestrutura com um nível específico de operacionalidade ou (b) recuperar a infraestrutura na condição especificada antes de devolvê-la ao concedente no final do contrato de serviço. Tais obrigações contratuais de manutenção ou recuperação da infraestrutura, exceto eventuais melhorias, devem ser registradas pela melhor estimativa de gastos necessários para liquidar a obrigação presente na data do balanço. Os custos de empréstimos atribuíveis ao contrato de concessão devem ser registrados como despesa no período em que são incorridos, a menos que o concessionário tenha o direito contratual de receber um ativo intangível. 1 - Caracteriza-se como ativo financeiro; 2 Não caracteriza-se como ativo financeiro; 3 - Não registra em ativo financeiro Classificação financeiro em ativo Classificação intangível em ativo Contabilização de receitas e custos de construção Contabilização de Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes Contabilização de Custos de empréstimos incorridos pelo concessionário 1 - Caracteriza-se como ativo intangível; 2 - Não caracteriza-se como ativo intangível; 3 - Não registra em ativo intangível 1- Contabiliza as receitas/custos de construção de acordo com o CPC 17; 2 - Não contabilizam as receitas/custos de construção de acordo com o CPC 17. 3 - Não mencionou 1 - Possui obrigações contratuais, contabilizadas como Provisões; 2 - Possui obrigações contratuais, evidenciadas como Passivos Contingentes; 3 - Possui obrigações contratuais, evidenciadas como Ativos Contingentes; 4 - Não possui obrigações contratuais; 5 - Não menciona as obrigações contratuais. 1 - Contabiliza os custos de empréstimos; 2 - Não contabilizam os custos de empréstimos (não mencionou); 3 - Não contabilizam os custos de empréstimos (concessionário tem direito contratual de receber um ativo intangível); Fonte: Elaborado a partir de BRASIL (2011). Também foi realizada a análise dos pareceres de auditoria das respectivas demonstrações analisadas, o objetivo desta análise foi identificar alguma ressalva no respectivo parecer a respeito do processo de contabilização dos ativos pertencentes ao contrato de concessão, assim, não se fez necessário categorizar as informações coletadas neste documento. O período para análise foi de 2008 a 2012, considerou-se 2008 como o primeiro ano para análise pelo fato de ser o primeiro ano para a aplicação facultativa dos normativos contábeis convergentes aos padrões contábeis internacionais. Sabe-se que a obrigatoriedade da adoção ocorreu a partir de 2010, no entanto, os anos de 2008 e 2009 foram contemplados com o objetivo de verificar se já existia algum esforço das empresas para adotarem tais normativos. 676 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise compreendeu o espaço temporal dos exercícios de 2008 a 2012, sendo explorados os seguintes eventos de acordo com os pressupostos da Interpretação Técnica ICPC 01 (Contratos de Concessão): Classificação da Infraestrutura pertencente à concessão em Ativo Financeiro e/ou Ativo Intangível, Contabilização de Receitas e Custos de construção, Contabilização de Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes e Contabilização de Custos de empréstimos incorridos pelo concessionário. Desta forma, a análise a seguir é apresentada em sessões, conforme o Quadro 2: Quadro 5 - Sessões dos Resultados da Pesquisa Item 4.1 4.2 4.3 4.4 Sessão Classificação da Infraestrutura Receitas e Custos de Construção Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes Custos de Empréstimos Dados Analisados Informações sobre a classificação da infraestrutura da concessão em ativo financeiro e/ou intangível Informações sobre a contabilização das Receitas e Custos de Construção conforme o CPC 17 Contabilização das obrigações contratuais em Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes Contabilização dos custos dos empréstimos do contrato de concessão 4.1. Classificação da Infraestrutura Quanto à classificação da infraestrutura,nos exercícios de 2008 e 2009,as empresas CAESB, CAGECE, CASAN, DESO, EMBASA, SANEPAR, SANESUL, CESAN, COMPESA e CORSANclassificam sua infraestrutura como ativo imobilizado. No exercício de 2010 as empresas CAESB, CAGECE,COMPESA, CESAN, CORSAN, EMBASA e SANESULderam início à adoção da ICPC 01, com areclassificaçãoda infraestrutura, que deixou de ser registrada no ativo imobilizado e passou a ser classificada em intangível e financeiro (o valor correspondente ao ativo indenizável), no não circulante, de modo que no imobilizado dessas companhias ficaram apenas os bens de uso geral, que não possuem vinculação com concessões de serviços públicos. Vale ressaltar que na CESAN a conta do ativo financeiro recebe o nome de contratos de concessão indenizável. A SANEPAR classificou a infraestrutura em imobilizado e intangível correspondente aos bens relacionados ao contrato de concessão e a contratos de programas respectivamente. Enquanto a CASAN e a DESO permaneceram realizando a contabilização da infraestrutura no imobilizado. Já relativo ao exercício social de 2011, a CAESB reclassificou os valores dos ativos indenizáveis do ativo financeiro para o intangível por entender que trata de bens vinculados ao sistema de água e esgoto. Entende-se que houve um equívoco nessa interpretação uma vez que os ativos indenizáveis correspondem a direitos incondicionais de recebimento não poderia 677 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE estar no intangível. A CASAN segregou a infraestrutura em intangível e financeiro, assim como a CAGECE, CESAN, CORSAN, EMBASA e a SANESULvinham fazendo desde o ano anterior. Apenas a DESO continuou realizando a classificação da infraestrutura no imobilizado. O exercício de 2012, somente a DESO classificou a infraestrutura como ativo imobilizado. As demais procederam classificando como ativo intangível e financeiro. No tocante a contabilização dos valores pagos pelas concedentes aos concessionários, como ativo financeiro, observou-se que nos anos de 2008 e 2009, nenhuma das empresas analisadas procedeu essa forma de contabilização. Em 2010, a CAESB, CAGECE, CORSAN, EMBASA e SANESUL passam a contabilizar o crédito a receber do poder concedente referente a indenização como ativo financeiro por possuir o direito incondicional de receber indenização ao fim do contrato. As empresas CASAN, COMPESA, DESO e SANEPAR não contabilizam o ativo financeiro. A CASAN mantinha os ativos indenizáveis decorrentes da concessão registrados em conta do ativo realizável a longo prazo como ativos municipalizados a receber, enquanto a CESAN contabilizava os ativos financeiros na conta de contratos de concessão indenizáveis. No exercício de 2011, a CAESB contabilizou os ativos indenizáveis no ativo intangível, entretanto os mesmos deveriam ser classificados no ativo financeiro. A CASAN, transferiu os ativos municipalizados para conta de ativo financeiro (não circulante), enquanto a CESAN manteve o ativo financeiro na conta de contratos de concessão indenizáveis. As demais empresas contabilizaram os ativos indenizáveis no ativo financeiro conforme a ICPC 01. Conforme o ICPC 01 (Brasil, 2011, p. 6), “o concessionário deve reconhecer um ativo intangível à medida em que recebe o direito (autorização) de cobrar os usuários dos serviços públicos”, ao analisar as empresas pertencentes à amostra quanto a este aspecto para os exercícios de 2008 e 2009, observou-se que somente a CAGECE contabiliza os ativos como ativo intangível, as demais empresas não o classificaram.Lembrando que as entidades que não realizaram esta classificação não estão em desacordo com o normativo, visto que, para estes exercícios à adoção ainda era facultativa, respeitando a transição que cada empresa passou para se adaptar às novas exigências. Já no exercício de 2010, as empresas: CAESB, CAGECE, CESAN, COMPESA, CORSAN, EMBASA, SANEPAR e SANESUL adotaram os critérios descritos reconhecendo como ativo intangível seguindo a interpretação do ICPC 01, uma vez que os investimentos em bens vinculados aos contratos de concessão serão revertidos ao poder concedente ao final de cada contrato de concessão. No exercício de 2011, observou-se que a empresa CAESB passa a classificar erroneamente o ativo indenizável como ativo intangível e a CASAN começa a realizar a contabilização dos diretos de cobrar dos usuários em ativo intangível, entretanto as obras em andamento quedeveriam estar registradas no intangível são registradas no imobilizado. Das empresas analisadas, no ano de 2011, a única empresa que não realizou a contabilização do intangível foi a DESO. 4.2. Receitas e Custos de Construção As receitas e os custos de construção foram contabilizados de acordo com o CPC 17 somente no exercício de 2009 na empresa DESO e nos exercícios de 2010 e 2011 nas 678 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE empresas CESAN, COMPESA, CORSAN, CAGECE, EMBASA e SANESUL, segundo o método de porcentagem de conclusão. Para os exercícios de 2008 à 2011 a CAESB e a CASAN não mencionam os custos e receitas de construção em suas notas explicativas. Já a empresa SANEPAR não realizou a contabilização de acordo como pronunciamento nos períodos de 2008 à 2010 e no ano de 2011 não auferiu receitas e custos de construção. Referente ao exercício de 2012, as empresas CESAN, COMPESA, CORSAN, SANESUL, EMBASA e CAGECE mencionaram que a contabilização está de acordo com a CPC 17. Enquanto que a DESO não menciona nas notas explicativas a contabilização referente a receitas ecustos de construção, e as demais não estão de acordo com a CPC 17. 4.3. Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes Quanto ao reconhecimento e contabilização das obrigações contratuais como provisões ou passivos contingentes, no ano de 2011 a CORSAN realizou a revisão das estimativas para perdas e passou a realizar o reconhecimento das provisões quando a companhia tem uma obrigação legal ou não formalizada. As demais empresas não possuem e não mencionam as obrigações contratuais nos exercícios de 2008 à 2011. As obrigações contingenciais mencionadas referem-se a causas judiciais, trabalhistas e fiscais e não aos contratos de concessão. No exercício de 2012 as empresas CESAN, COMPESA, CORSAN SANEPAR, SANESUL, DESO, EMBASA e CAGECEnão indicam nas notas explicativas se possui obrigações contratuais referentes aos contratos. De maneira semelhante aos exercícios anteriores, essas reportam as provisões quando são referentes a causas judiciais, trabalhistas e fiscais. Enquanto que a CASAN e CAESB afiram que não possui obrigações contratuais. 4.4. Custos de Empréstimos Os custos dos empréstimos incorridos pelo concessionário nos exercícios de 2008 e 2009são contabilizados, pela CAESB e CASAN, SANESUL. Para os exercícios de 2010 e 2011, as empresasCAESB e CASAN, CESAN, COMPESA, SANESUL, CAGECE e EMBASA também os contabilizam. No exercício referente ao ano de 2012 as empresas CESAN, COMPESA, SANESUL, CAESB, CAGECE e CASAN contabilizam os custos de empréstimo. De forma diferente, a CORSAN,SANEPAR, DESO e EMBASA, não contabilizam os custos de empréstimo e não mencionam em notas explicativas. As empresas CORSAN, DESO e SANEPAR não contabilizam ou não mencionam informações referentes aos custos de empréstimos, em nenhum dos exercícios analisados. Assim, os custos de empréstimos e financiamento diretamente relacionados com a aquisição e construção de ativos qualificáveis são capitalizados como parte do custo do ativo correspondente, sendo todos os demais registrados como despesa do exercício. 679 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Registro dos itens antes e depois da ICPC 01/2010 Itens Ativos Imobilizados Ativos Financeiros Ativos Intangíveis Empresas CACEGE Antes Imobilizado Antes Não caracteriza com Ativo financeiro Depois Ativo financeiro Antes Caracteriza Ativo Intangível Depois Caracteriza Ativo Intangível Não caracteriza com Ativo financeiro Não caracteriza com Ativo financeiro Não Caracteriza Ativo Intangível Caracteriza Ativo Intangível Não caracteriza com Ativo financeiro Ativo financeiro Não Caracteriza Ativo Intangível Caracteriza Ativo Intangível Imobilizado - Ativo financeiro Caracteriza Ativo Intangível Não Caracteriza Ativo Intangível Depois Ativo financeiro Intangível CAESB Imobilizado Intangível CASAN Imobilizado Ativo financeiro Intangível CESAN Ativo financeiro Intangível e e e COMPESA Imobilizado Imobilizado Não caracteriza com Ativo financeiro Ativo financeiro Não Caracteriza Ativo Intangível Não Caracteriza Ativo Intangível CORSAN Imobilizado Imobilizado Ativo financeiro Ativo financeiro Não Caracteriza Ativo Intangível Não Caracteriza Ativo Intangível DESO Imobilizado Imobilizado - Não caracteriza com Ativo financeiro - Não Caracteriza Ativo Intangível Itens Ativos Imobilizados Ativos Financeiros Ativos Intangíveis Receitas e Construção Antes Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Custos de Depois Contabiliza de acordo com o CPC 17 Provisões, Ativos e Passivos Contingentes Antes Depois Não Não menciona menciona as as obrigações obrigações contratuais contratuais Custos de Empréstimos Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Contabiliza de acordo com o CPC 17 Não possui obrigações Não possui obrigações Antes Não constabiliza os custos ou não mencionou Contabiliza os custos Não possui obrigações Não possui obrigações Contabiliza os custos Contabiliza os custos Passivos contingentes Provisões Contabiliza os custos Contabiliza de acordo com o CPC 17 Não possui obrigações Provisões Contabiliza de acordo com o CPC 17 Não possui obrigações Provisões Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não possui obrigações Não menciona as obrigações contratuais Não constabiliza os custos ou não mencionou Não constabiliza os custos ou não mencionou Não constabiliza os custos ou não mencionou Não constabiliza os custos ou não mencionou Receitas e Custos de Construção Provisões, Ativos e Passivos Contingentes Depois Contabiliza os custos Contabiliza os custos Contabiliza os custos Não constabiliza os custos ou não mencionou Não constabiliza os custos ou não mencionou Custos de Empréstimos 680 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Empresas Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois Antes Depois SANEPAR Imobilizado Intangível Não caracteriza com Ativo financeiro Não caracteriza com Ativo financeiro Caracteriza Ativo Intangível Caracteriza Ativo Intangível Não possui obrigações Imobilizado Ativo financeiro Intangível Não caracteriza com Ativo financeiro Ativo financeiro Não Caracteriza Ativo Intangível Caracteriza Ativo Intangível Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Contabiliza de acordo com o CPC 17 Não possui obrigações SANESUL Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não contabiliza de acordo com o CPC 17 Não possui obrigações Não possui obrigações Não constabiliza os custos ou não mencionou Não constabiliza os custos ou não mencionou Não constabiliza os custos ou não mencionou Contabiliza os custos e 681 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 5. CONCLUSÃO Este estudo teve como objetivo principal identificar se existem diferenças na contabilização dos ativos utilizados nas concessões públicas no setor de saneamento básico do Brasil. Para tanto foram coletados os relatórios contábeis disponibilizados pelo site das próprias empresas e BOVESPA, nos exercícios de 2008 a 2012. Foram explorados os eventos de acordo com os pressupostos da Interpretação Técnica ICPC 01 (Contratos de Concessão): Classificação da Infraestrutura pertencente à concessão em Ativo Financeiro e/ou Ativo Intangível, Contabilização de Receitas e Custos de construção, Contabilização de Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes e Contabilização de Custos de empréstimos incorridos pelo concessionário. Portanto, mediante a não obrigatoriedade da aplicação da ICPC 01 nos anos de 2008 e 2009, as empresas de saneamento, de forma geral, não contabilizavam a infraestrutura, receitas e custos de construção, provisões de passivos e ativos contingentes e custos de empréstimos segundo as indicações desta instrução técnica. Nota-se, maior aderência às praticas determinadas pela ICPC 01, nos exercícios de 2010 e 2011, não deixando de acontecer algumas inconformidades nas práticas contábeis.O exercício de 2012 apresenta o maior grau de adesão às práticas determinadas pela instrução técnica. Quanto aos pareceres de auditoria, foi identificado que não possuíam ressalvas relacionadas aos aspectos determinados pela ICPC 01. Dessa forma, a relevância desta pesquisa pode ser observada por ampliar o campo de discussão sobre a convergência das normas de Contabilidade e na importância social do serviço de saneamento básico em virtude da utilização das demonstrações contábeis para tomada de decisão interna das empresas. Como limitação deste estudo destacam-se as dificuldades de acesso aos relatórios contábeis, às notas explicativas e aos pareceres de auditoria, como também a incompletude dos relatórios disponibilizados, reduzindo assim, em algumas análises, o espaço amostral. Como sugestão para pesquisas futuras, recomenda-se estudos sobre a adesão à ICPC 01 em concessionárias de serviços públicos de outros setores econômicos como, por exemplo, rodoviário e elétrico. Outro aspecto que pode ser explorado com maior profundidade é a percepção dos profissionais de contabilidade das empresas de saneamento, quanto à adoção da ICPC 01, mediante entrevista e questionário. Bem como a realização de estudos de caso múltiplos sobre a aplicação da ICPC 01 e análise dos seus impactos. REFERÊNCIAS ANDRADE, M., MARTINS, V.. Análise dos Normativos de Contabilidade Internacional sobre contabilização de contratos de parcerias público-privada. Revista Contemporânea de Contabilidade, Florianópolis, 6, jan. 2010. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/contabilidade/article/view/2175069.2009v6n11p83. Acesso em: 09 Jan. 2014. ANDRADE, M. E. M. C; MARTINS, V. A. Evidenciação dos ativos e passivos dos contratos de concessão: o caso da PPP-MG050. In: ENCONTRO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GOVERNANÇA DA ANPAD, IV, 2010, Vitória. Anais... Rio de Janeiro: ANPAD, 2010. 682 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE BRASIL, Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). INTERPRETAÇÃO TÉCNICA CPC 01 (R1) CONTRATOS DE CONCESSÃO. Brasília, DF, 02 Dez, 2011. Disponível em: <www.cpc.org.br>. 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Quanto aos procedimentos, a pesquisa é tanto bibliográfica quanto documental.As Organizações do Terceiro Setorsurgiram a fim de suprirem as necessidades coletivas que o Governo se mostrava incapaz de satisfazer. No Brasil, medidas vêm sendo adotadas a fim de estimular o crescimento do Terceiro Setor. Esforços têm sido somados no sentido desta reformulação legal, essas organizações sem fins lucrativos encontram seu marco legal no Decreto nº 3.100/99, o qual regulamentou a Lei nº 9.790/99, também conhecida como Lei das OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). As OSCIPssão entidades paraestatais e têm como característica a prestação de serviços públicos por iniciativa privada que podem receber ajuda e proteção do Estado.Para que fosse possível o desenvolvimento da pesquisa foi feito um levantamento das entidades existentes em Recife, Pernambuco, pelo site do Ministério da Justiça (MJ). Desse levantamento foram encontradas 140 OSCIPs cadastradas no site do MJ, dessas, 77 estão em Recife. Entretanto, muitas delas não tinham suas demonstrações publicadas nesse site.Logo, só foi possível analisar as Demonstrações Contábeis (DC) de 19 entidades, no período de 2009 a 2011. As OSCIPs utilizam as DC como instrumento de prestação de conta dos recursos recebidos do Governo, e essa prestação de contas estão em conformidade com a ITG 2002. Embora, nãohouve nenhuma publicação, no período analisado, deDFC e DMPL. Palavras Chaves: Prestação de Contas. OSCIPs. ITG 2002. 1. INTRODUÇÃO De acordo com Albuquerque (2007, p 18), As Organizações do Terceiro Setor (OTS)surgiram a fim de suprirem as necessidades coletivas que o Governo se mostrava incapaz de satisfazer: A crise do Estado como provedor dos serviços sociais marcou as últimas três décadas no Brasil. Esta realidade limitou sobremaneira a sua capacidade de atendimento às demandas sociais, desembocando numa situação de caos que tem se apresentado como um ambiente propício ao crescimento de um número cada vez maior de organizações sem fins lucrativos com vistas à produção de bens e serviços públicos. Essa defasagem de atendimento das demandas sociais por parte do Estado proporcionou o aumento do número de organizações sem fins lucrativos, que, por sinal, encontraram seu marco legal no Decreto nº 3.100, de 30 junho de 1999, o qual regulamentou a Lei nº 9.790/99, também conhecida como Lei das OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). Esta Situação que contribuiu para que o ente estatal começasse a 686 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE repassar recursos financeiros e materiais para aquelas entidades, de modo a proporcionar para elas um meio de subsistência – dada sua característica de não possuírem fins lucrativos, ao passo em que poderiam, assim, continuar cumprindo seu papel perante a sociedade. De acordo com artigo 70, parágrafo único, da Constituição Federal do Brasil, qualquer pessoa física ou jurídica que recebe algum recurso monetário do ente estatal, terá que elaborar uma prestação de contas, qualquer recurso advindo da União deve ser evidenciado por meio de prestação de contas e fiscalizando, obrigatoriamente, visto que está determinado no art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988: Art. 70 - [...] Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. O Estado não é o único financiador das atividades das OTS, de acordo com Chagas et al (2011, p.102) “os recursos financeiros destinados às Organizações do Terceiro Setor são oriundos de diferentes tipos de doadores, tais como o Estado, fundações nacionais e internacionais, empresas nacionais e internacionais, dentre outros”. Seguindo a orientação constitucional, também a legislação infraconstitucional, a já mencionada Lei nº 9.790/99, que versa sobre as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, também deixa evidente a necessidade de prestação de contas, visto que as receitas dessas organizações, em sua maioria, decorrem de auxílios governamentais. Dessa maneira, no artigo 4º, inciso IV, da dita lei, determina-se o mínimo de prestação de contas que deverá ser feito: VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão, no mínimo: a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade; b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocandoos à disposição para exame de qualquer cidadão; c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento; d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal. A Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, que regulamento o acesso às informações previsto na Constituição Federal, apresenta em seu artigo 2º determinações as entidades sem fins lucrativos: 687 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Art. 2o Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, àsentidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. Então, os requisitos legais geram para as OTS uma obrigação de elaborar suas Demonstrações Contábeis e divulgá-las conforme as normas contábeis vigentes para o setor, pois as informações contábeis fazem parte dos relatórios da prestação de contas. Estudos na área da prestação de contas através das Demonstrações Contábeis, como o desenvolvido por Pereira et al (2005), mostram que “[...] a elaboração das demonstrações está sendo realizada com base nas determinações das normas em questão, quanto a publicação das mesmas nos sites das fundações, conclui-se que ela não são publicadas com frequência”. Ou ainda como a pesquisa realizada por Santos et al (2010), que verificou que: A grande parte das entidades utiliza as Demonstrações Contábeis na prestação de contas ao governo sendo que um número reduzido também as usam com o intuito de prestar contas aos seus doadores e à comunidade. Contata-se aqui um aspecto que deve ser melhorado por estas organizações, visto que as entidades do Terceiro Setor operam com recursos doados pela sociedade geral, assumindo assim uma obrigação, ainda que moral, de prestar contas aos seus doadores. Sendo que as Demonstrações Contábeis constituem um principal instrumento de prestação de contas por conter um conjunto de informações quantitativas e qualitativas acerca das origens e aplicações de recursos e da situação financeira, econômica e patrimonial das entidades. O Conselho Federal de Contabilidade - CFC determinou que as Demonstrações Contábeis que são obrigatórias para as entidades do Terceiro Setor estão descritas na ITG 2002, que aponta o reconhecimento, os registros contábeis, as Demonstrações Contábeis, as contas de compensação e a divulgação serem publicadas em sítios públicos, possibilitando o acesso à informação aos cidadãos, conforme Lei nº 12.527/11. As demonstrações elencadas na ITG 2002 no tópico 23 são: As Demonstrações Contábeis, que devem ser elaboradas pela entidade sem finalidade de lucros, são o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e a Demonstração dos Fluxos de Caixa, conforme previsto na NBC TG 26 ou na seção 3 da NBC TG 1000, quando aplicável. Assim, focado na transparência como meio de confiabilidade, Leal e Famá (2007) afirmam: Nas OTS, geralmente, os recursos financeiros provêm de doações de pessoas jurídicas e físicas e os recursos humanos, na sua maior parte, compõem-se de voluntários e uma pequena parcela de contratações. A questão da confiabilidade é muito importante, visto que ambos os recursos são escassos e os doadores ao doarem tempo ou dinheiro, querem se sentir seguros de que os recursos investidos serão utilizados de maneira eficiente e honesta. 688 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Nesse sentido, o presente estudo encontra sua relevância em demonstrar como as Organizações do Terceiro Setor estão procedendo para divulgar sua prestação de contas em conformidade com as normas contábeis brasileiras vigentes. Assim, corroborando para um processo de transparência, favorecendo para a fiscalização e o controle dos recursos públicos e privados. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Natureza Jurídica do Terceiro Setor Além do primeiro setor (setor público) e do segundo setor (setor Privado), há um Terceiro Setor que se relaciona tanto com o primeiro quanto com o segundo setor, como descreve Fernandes (2002, p.19-20. Destaques do autor): “há um ‘Terceiro Setor’. ‘Nãogovernamental’ e ‘não-lucrativo’, é no tanto organizado, independente, e mobiliza particularmente a dimensão voluntária do comportamento das pessoas”. O Terceiro Setor é constituído por organizações sem fins lucrativos, onde o lucro é substituído por doações, e que não distribui entre os seus membros e colaboradores os excedentes do período, de acordo com o artigo 1º, primeiro paragrafo, da Lei 9.790/99: Art. 1º- [...] § 1º [...] Considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurídica de direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social. As Entidades sem fins lucrativos surgiram a fim de suprirem as necessidades coletivas que o Governo se mostrava incapaz de satisfazer, conforme apresenta Albuquerque (2007, p.18): A crise do Estado como provedor dos serviços sociais marcou as últimas três décadas no Brasil. Esta realidade limitou sobremaneira a sua capacidade de atendimento às demandas sociais, desembocando numa situação de caos que tem se apresentado como um ambiente propício ao crescimento de um número cada vez maior de organizações sem fins lucrativos com vistas à produção de bens e serviços públicos. No Brasil, medidas vêm sendo adotadas a fim de estimular o crescimento do Terceiro Setor. Esforços têm sido somados no sentido desta reformulação legal, essas organizações não governamentais encontram seu marco legal no Decreto nº 3.100, de 30 junho de 1999, o qual regulamentou a Lei nº 9.790/99, também conhecida como Lei das OSCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). Situação esta que contribuiu para que o ente estatal começasse a repassar recursos financeiros e materiais para aquelas entidades, de modo a proporcionar para elas um meio de subsistência – dada sua característica de não possuírem fins lucrativos, ao passo em que poderiam, assim, continuar cumprindo seu papel perante a sociedade. 2.2 Características das Entidades Sem Fins Lucrativos Olak e Nascimento (2006, p.6), após observarem as contribuições de diversos autores, afirmam a existência das características listada por Salamon acima e ainda acrescentam: 689 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Não fazem do lucro seu objetivo, mas encara-o como uma forma de garantir a continuidade da entidade; Seus métodos e objetivos provocam mudanças na sociedade, independente de seu objetivo específico; Não há participação econômica de seus membros ou mantenedores, pois o patrimônio pertence à sociedade; Tem como suas principais fontes de recursos financeiros, econômicos e materiais as doações, contribuições e subvenções. Segundo Fernandes (2002, p.21), o conceito de Terceiro Setor implica no conjunto de organizações e por haver uma grande diversidade de entidades nesse setor, é possível identificar os seguintes componentes, com base em Fernandes (1994), Falconer (1999) e Fischer (2002): Entidades tradicionais religiosas e laicas; Entidades paraestatais; Organizações não governamentais; Entidades associativas; Entidades de iniciativa empresarial; e Empreendimentos de serviços no Terceiro Setor. 2.3 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP Dentre as entidades do Terceiro Setor encontramos as entidades denominadas de paraestatais. Para Meirelles (1993, p. 63), essas organizações “são pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação é utilizada por lei específica para a realização de obras, serviços ou atividades de interesse coletivo.” Di Pietro (2009, p. 489) completa as informações dispostas por Meirelles (1993), afirmando que pertence a essa classe os serviços sociais autônomos, as organizações sociais e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. Essas entidades paraestatais, OSCIP, têm como característica a prestação de serviços públicos por iniciativa privada que podem receber ajuda e proteção do Estado, mas para isso precisam atender determinados requisitos determinados por lei, como a Lei nº 9.790/99, cumprindo esses requisitos Di Pietro (2009, p.490) afirma que a entidade passa a receber títulos, “como o de utilidade pública, o de certificado de fins filantrópicos, a qualificação de organização social”. O que difere as OSCIP das demais entidades do Terceiro Setor é o Termo de Parceira celebrado entre a instituição e o Governo. Esse Termo de Parceria estabelecerá o elo de colaboração entre o Poder Público e a OSCIP para o desenvolvimento das atividades de interesse público que a entidade realizará. O instrumento contempla a definição de metas de desempenho e responsabilidades dos seus signatários, assim como os procedimentos de avaliação dos resultados alcançados. 2.4 Responsabilização na Prestação de Contas O Estado não é o único financiador das atividades das OTS, de acordo com Chagas et al (2011, p.102) “os recursos financeiros destinados às Organizações do Terceiro Setor (OTS) são oriundos de diferentes tipos de doadores, tais como o Estado, fundações nacionais e internacionais, empresas nacionais e internacionais, dentre outros”. Mas, conforme o artigo 70, paragrafo único, da Constituição Federal do Brasil, qualquer pessoa física ou jurídica que recebe qualquer recurso advindo da União deve evidenciá-lo por meio de prestação de contas. 690 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE No que diz respeito a prestações de contas das organizações do Terceiro Setor, o Caderno de Procedimentos Aplicáveis à Prestação de Contas das Entidades do Terceiro Setor (2012, p. 19), afirma que: O objetivo das Demonstrações Contábeis destinadas a atender a propósitos gerais sob a ótica do Terceiro Setor deve ser o de proporcionar informação útil para a tomada de decisão e para demonstrar a existência da accountability da entidade quanto aos recursos que lhe foram confiados. Seguindo a orientação constitucional, também a legislação infraconstitucional, a já mencionada Lei nº 9.790/99, que versa sobre as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, também deixa evidente a necessidade de prestação de contas, visto que as receitas dessas organizações, em sua maioria, decorrem de auxílios governamentais. Dessa maneira, no artigo 4º, inciso VII, da dita lei, determina-se o mínimo de prestação de contas que deverá ser feito: VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que determinarão, no mínimo: a) a observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade; b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões negativas de débitos junto ao INSS e ao FGTS, colocandoos à disposição para exame de qualquer cidadão; c) a realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes se for o caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto do termo de parceria conforme previsto em regulamento; d) a prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público será feita conforme determina o parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal. Estudos na área da prestação de contas através das Demonstrações Contábeis, como o desenvolvido por Pereira et al (2005), mostram que “[...] a elaboração das demonstrações está sendo realizada com base nas determinações das normas em questão, quanto a publicação das mesmas nos sites das fundações, conclui-se que ela não são publicadas com frequência”. Ou ainda como a pesquisa realizada por Santos et al (2010), que revela o oposto do que está exposto no art. 5º, da Lei 9.790/99, no qual a entidade deve apresentar ao final de cada período prestação de contas, Santos verificou que: A grande parte das entidades utiliza as Demonstrações Contábeis na prestação de contas ao governo sendo que um número reduzido também as usam com o intuito de prestar contas aos seus doadores e à comunidade. Contata-se aqui um aspecto que deve ser melhorado por estas organizações, visto que as entidades do Terceiro Setor operam com recursos doados pela sociedade geral, assumindo assim uma obrigação, ainda que moral, de prestar contas aos seus doadores. Sendo que as Demonstrações Contábeis constituem um principal instrumento de prestação de contas por conter um conjunto de informações quantitativas e qualitativas acerca das origens e aplicações de recursos e da situação financeira, econômica e patrimonial das entidades. 691 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE O Conselho Federal de Contabilidade - CFC determinou que as Demonstrações Contábeis que são obrigatórias para as entidades do Terceiro Setor estão descritas na ITG 2002, que aponta o reconhecimento, os registros contábeis, as Demonstrações Contábeis, as contas de compensação e a divulgação serem publicadas em sítios públicos, possibilitando o acesso à informação aos cidadãos, conforme Lei nº 12.527/11. As demonstrações elencadas na ITG 2002 no tópico 23 são: 23. As Demonstrações Contábeis, que devem ser elaboradas pela entidade sem finalidade de lucros, são o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e a Demonstração dos Fluxos de Caixa, conforme previsto na NBC TG 26 ou na seção 3 da NBC TG 1000, quando aplicável. O Caderno de Procedimentos Aplicáveis à Prestação de Contas das Entidades do Terceiro Setor (2012, p. 36), dá sugestões de como registrar contabilmente as questões de: “a) Receita de Doações;b) Trabalho Voluntário;c) Imunidades e Isenções;d) Receita de Convênios e Contrapartida de Convênios; e) Gratuidade”. Assim, focado na transparência como meio de confiabilidade, Leal e Famá (2007) afirmam: Nas OTS, geralmente, os recursos financeiros provêm de doações de pessoas jurídicas e físicas e os recursos humanos, na sua maior parte, compõem-se de voluntários e uma pequena parcela de contratações. A questão da confiabilidade é muito importante, visto que ambos os recursos são escassos e os doadores ao doarem tempo ou dinheiro, querem se sentir seguros de que os recursos investidos serão utilizados de maneira eficiente e honesta. Deste modo, a prestação de contas dessas entidades é essencial para a continuação de suas atividades, pois assegura aos doadores, colaboradores que os recursos recebidos desses, e do governo, estão sendo gastos para a obtenção dos objetivos dessas instituições. Além do fato de que as Demonstrações Contábeis esclarecerão aos provedores de recursos à utilização dos mesmos e os êxitos obtidos pela entidade. E assim, as entidades poderão atrair mais colaboradores e assegurar a continuidade de sua atividade. 3 METODOLOGIA O método de abordagem é o dedutivo a partir da ITG 2002 das NBC, que de acordo com Lakatos e Marconi (2009, p.106) é o “método que, partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente)”. Com relação aos seus objetivos, a pesquisa é de caráter exploratório e descritivo, que, conforme Gil (2002, p.41- 42) “proporciona maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses [...], e descreve as características de determinada população ou fenômeno.” Dessa maneira, busca-se um aprofundamento do assunto estudado, para que seja possível sua melhor análise e caracterização, a fim de contextualizá-lo com outras perspectivas. Para atingir esse objetivo, é necessário registrar e observar as características de uma população. 692 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quanto aos procedimentos, a pesquisa é tanto bibliográfica, que de acordo com Marconi e Lakatos (2009, p.185) “propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras” quanto documental, que segundo Martins (2007, p.35) “tem por finalidade reunir, classificar e distribuir os documentos de todo gênero dos diferentes domínios da atividade humana”. Onde as informações serão retiradas de livros, artigos, revistas e Demonstrações Contábeis no sitio do Ministério da Justiça. Tratando-se da abordagem do problema, um momento de levantamento quantitativo e em um segundo momento um qualitativo através do uso de análise crítica e aprofundada em relação ao assunto estudado com visitas a lócus nas entidades. A presente investigação científica se delimita a localizar as prestações de contas divulgadas pelas OTS, qualificadas como OSCIPs, situadas no estado de Pernambuco, na cidade de Recife, que estão cadastradas no Portal da Transparência do Ministério da Justiça (http://portal.mj.gov.br), correspondentes ao período de 2009 a 2011. Para fosse possível o desenvolvimento da pesquisa foi feito um levantamento das entidades existentes em Recife, Pernambuco, pelo site do Ministério da Justiça (<http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJ59319A86PTBRNN.htm>). Desse levantamento foram detectadas 140 OSCIPs cadastradas no Ministério da Justiça, dessas, 77 estão em Recife. Entretanto, muitas delas não tinham suas demonstrações publicadas nesse site. A fim de obter os dados dessas entidades, decidiu-se entrar em contato com cada uma dessas entidades pelo e-mail, telefone e fazendo visitas nos lócus das entidades, através dos dados de identificação disponibilizados no site citado. 4 RESULTADOS A partir dos dados de representatividade e evolução do Terceiro Setor, por Região, no Brasil apresentados no Quadro1, é possível perceber que a maior parte das entidades sem fins lucrativos está localizada na Região Sudeste. Quadro14– Concentração das entidades sem fins lucrativos nas Regiões do país Ano Região 2002 2005 2010 Quantidade Percentual Quantidade Percentual Quantidade Norte 11715 4,3% 16164 4,8% 14128 Percentual 4,9% Nordeste 61295 22,2% 79998 23,7% 66529 22,9% Sudeste 121175 43,9% 143444 42,4% 128619 44,2% Sul 63652 23,0% 76888 22,7% 62633 21,5% Centro-Oeste 18148 6,6% 21688 6,4% 18783 6,5% Total 275985 100,0% 338182 100,0% 290692 100,0% Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do IBGE (2002, 2005, 2010). 693 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE A região Nordeste se encontra em segundo lugar no ranking de concentração de Organizações do Terceiro Setor. Existem no Brasil 6.537 entidades que receberam a qualificação de OSCIP, cadastradas no Ministério da Justiça. Dessas, 140 estão no Estado de Pernambuco, das quais 77estão localizadasna cidade de Recife. Após a busca pelos dados dessas entidades verifica-se que: 19 entidades tinham suas demonstrações publicadas, no site do Ministério da Justiça; 11 entidades foram cadastradas após 2009, portanto foram desconsideradas; 9 entidades não recebem mais a qualificação de OSCIP ou tiveram o CNPJ baixado; 17 entidades não disponibilizaram as Demonstrações Contábeis; e 21 entidades disponibilizaram informações incorretas no Ministério da Justiça, como telefone, e-mail e endereço. Dessa forma, o nosso estudo pode-se avaliar 19 OSCIPs, do Recife, das 77 cadastradas no Ministério da Justiça. Podemos discutir os resultados da seguinte forma: A. Demonstrações Contábeis De acordo com ITG 2002, tópico 23, as demonstrações que as entidades do Terceiro Setor devem publicar são: Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado (DR), Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e Notas explicativas (NE). Porém, de acordo com o Quadro1, das entidades analisadas não houve publicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa e da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Quadro2: Demonstrações Contábeis Publicadas Demonstrações Balanço Patrimonial Demonstração de Resultado Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Demonstração dos Fluxos de Caixa Notas Explicativas Total (%) Ano 2009 18 18 - 2010 19 19 - 2011 17 17 - - - - 18 90% 19 95% 17 85% Fonte: elaborado pela autora a partir do site do Ministério da Justiça (2013). As Demonstrações Contábeis constituem um principal instrumento de prestação de contas por conter um conjunto de informações quantitativas e qualitativas acerca das origens e aplicações de recursos e da situação financeira, econômica e patrimonial das entidades. Assim, quando a entidade não publica a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) e a 694 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), limita o doador de recursos a obter informações sobre a aplicação do recurso e sobre o comportamento o Patrimônio Social da entidade. B. Terminologia contábil As Demonstrações Contábeis analisadas, 162 DC, das 19 entidades que publicaram no site do Ministério da Justiça, em sua totalidade, estão de acordo com o tópico 24 da ITG 2002, no Balanço Patrimonial o Lucro ou Prejuízo Acumulado vem sendo substituído pela nomenclatura Superávit ou Déficit do Exercício. Da mesma forma, o Lucro ou Prejuízo está sendo devidamente substituído por Superávit ou Déficit do Exercício. C. Gratuidade e Voluntariado Das entidades analiadas apenas 3 apresentaram na Demonstração do Resultado e nas Notas Explicativas as informações do valor das gratuidades. Porém, não de dispõe de informações sobre o número de atendidos e de atendimentos, ou seja, não apresentam dados quantitativos e qualitativos como descreve a ITG 2002. Quanto as informações dos serviços voluntários obtidosnão houve informação em nenhuma Demonstração Contábil das entidades analisadas. O quea entidade, se utilizou serviços voluntário, deveria registrar tanto nas Notas Explicativas como na DR, pois o trabalho voluntário é uma captação de recursos da entidade que na realização da sua atividade gera receita, mas não há desmbolso por parte da entidade, por isso precisa reconhecer o trabalho voluntário como parte dos benefícios que a entidade concede aos seus usuários. D. Prestação do Contas Conforme a Lei nº 9.790/99, todas as OSCIPs devem a prestação de contas de todos os recursos e bens de origenspúblicas recebidas, e muitas entidades utiliza as DC na prestação de contas em concordância com as NBC - ITG 2002. A ITG 2002 determina que as informações sobre isenções tributárias, subvenção, contribuição e todos os recursos recebidos que deverão ser prestado contas junto aos órgãos governamentais, deverão estar nas Notas Explicativas como complemento da Demonstração do Resultado. No Quadro 3, estão descritos os recursos advindos do Governo recebido pelas OSCIPs. Conforme o Quadro 2, é notório que 2010 foi o ano que houve maior número de publicações das demonstrações. Isso pode ser explicado pelo fato de que em 2010 foi o ano que as entidades receberam mais receitas advindas do Termo de Parceria celebrado entre a OSCIP e o Poder Público, conforme a Quadro 3. Quadro 3: Receitas das OSCIPs advindas do Poder Público Receita Convênios Públicos Subvenções Públicas Termo de Parceria Total 2009 R$ 3.655.110,04 R$ 4.100,00 R$ 9.319.767,65 R$ 12.978.977,69 2010 R$ 6.891.976,24 R$ 7.669.131,71 R$ 10.562.759,16 R$ 25.123.867,11 2011 R$ 13.900.433,57 R$ 7.409.001,20 R$ 3.742.639,00 R$ 25.052.073,77 Fonte: elaborado pela autora a partir do site do Ministério da Justiça (2013). 695 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quanto a Nota Explicativa das entidades analisadas, foi possivel observar os pontos alencados na Quadro4: Quadro4: Notas Explicativas analisadas das OSCIPs Nas Notas Explicativas contém: Critérios de apuração das receitas e das despesas Subvenções recebidas pela entidade Informações sobre as taxas de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo Isenções tributárias Ano 2009 2010 2011 18 19 17 17 16 14 - - - 18 19 17 Fonte: elaborado pela autora a partir do site do Ministério da Justiça (2013). As informações sobre as subvenções recebidas nas NE devem conter informações sobre a aplicação dos recursos e as responsabilidades decorrentes dessas subvenções. Essas informações adicionais não foram encontradas em nenhuma NE analisada. CONCLUSÃO O objetivo deste estudo foianalisar a conformidade das informações contábeis, fornecidas pelas OSCIPs, cadastradas no site do Ministério da Justiça, de acordo com a ITG 2002/Normas Brasileiras de Contabilidade. Diante do exposto, conclui-se que as OSCIPs analisadas limita o doador de recursos, seja esse doador uma Pessoa Jurídica ou Física, de obter informações sobre a aplicação do recurso por não publicarem DFC, o que pode causar em dúvida no doador sobre a verdadeira aplicabilidade do recurso, e sobre o comportamento o Patrimônio Social (PS) da entidade, pois a DMPL analisa o comportamento do PS. A nomenclatura utilizada nas Demonstrações Contábeis analisadas das Organizações Sociais Civil de Interesse Público de Recife, PE, está em conformidade às normas brasileiras adotadas para as entidades de Terceiro Setor sem fins lucrativos. As informações sobre Gratuidades não estão sendo segregadas, apenas 3 entidades destacaram informações sobre a gratuidade, de e mesmo assim não de dispõe de informações sobre o número de atendidos e de atendimentos, ou seja, não apresentam dados quantitativos e qualitativos como descreve a ITG 2002. Quanto ao Voluntáriado, não houve nenhuma informação sobre o serviço prestado desse serviço voluntário, ou o número de vonluntários, e nem como são registrados, pois de acordo com a ITG 2002 devem ser reconhecido pelo valor justo da prestação do serviço e como se tivesse ocorrido o desembolso financeiro. As OSCIPs utilizam as DC como instrumento de prestação de conta dos recursos recebidos do Governo, e essa prestação de contas estão em conformidade com a ITG 2002. Embora, nãohouve nenhuma publicação, no período analisado, deDFC eDMPL, e as informações sobre Gratuidade e os trabalhos voluntários não estão em conformidade com a ITG 2002. 696 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE REFERÊNCIAS CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Manual de Procedimentos Contábeis para Fundações e Entidades de Interesse Social. Banco de Dados. Disponível em:<http://www.mp.to.gov.br/static/caops/patrimonio-publico/files/files/manual-fundacoes2ed.pdf>. Acesso em 09 de março de 2013. _________. ITG 2002. Banco de Dados, Disponível em:<www.cfc.org.br/uparq/ITG%202002%20audiencia.doc>. Acesso em 27 de março de 2013. ALBUQUERQUE, Lúcia Silva. 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Acesso em 09 de setembro de 2013. 697 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 6. ed. – 7. reimpr. - São Paulo: Atlas, 2009. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores LTDA, 1993. NASCIMENTO, Auster Moreira; REGINATO, Luciene. Controladoria: Um enfoque naeficácia organizacional. São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organizações e métodos: uma abordagem gerencial. São Paulo: Atlas, 2010. OLAK, Paulo Arnaldo; NASCIMENTO, Diogo Toledo do. Contabilidade para entidades semfins lucrativos (Terceiro Setor). São Paulo: Atlas, 2006. RIBEIRO FILHO, José Francisco; LOPES, Jorge. Estudando Teoria da Contabilidade. SãoPaulo: Atlas, 2009. SANTOS, Cleston Alexandre dos. Práticas de Contabilidade das Organizações sem Fins Lucrativos de Curitiba. 2010. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Universidade Federal do Paraná. 698 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE UM ESTUDO SOBRE A UTILIZAÇÃO DA NBC TG 1.000 PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS EM ESCRITÓRIOS DE CARUARU-PE AUTORES: Geiziane Alves, Rhoger Fellipe Marinho, Ana Rosa Gomes Cunha e Eddie Raoni de Lima Marques. RESUMO O objetivo geral do presente trabalho foi verificar se os profissionais contábeis de Caruaru-PE estão utilizando a Norma Brasileira de Contabilidade NBC TG 1.000 para Micro e Pequenas Empresas. Para tanto, utilizou-se o método dedutivo, através da revisão bibliográfica e aplicação de questionários junto aos profissionais contábeis a fim de atingir os objetivos do estudo. Através da análise de dados, observou-se que os profissionais contábeis estão utilizando a Norma Brasileira de Contabilidade NBC TG 1.000 para Micro e Pequenas Empresas, embora ainda seja necessária atualização, no que concerne a elaboração das demonstrações e no tratamento da execução dos trabalhos do dia a dia. Assim, concluiu-se que a maioria dos profissionais contábeis tem conhecimento sobre das Normas Brasileiras de Contabilidade NBC TG 1.000 e procuram aplicá-los aos relatórios elaborados para Micro e Pequenas Empresas, valorizando sua classe e fornecendo informações mais confiáveis para os usuários de acordo com a norma vigente. Palavras-chave: Normas brasileiras de contabilidade NBC TG 1.000. Utilização da norma nas MPE. Atualização do profissional contábil. ABSTRACT The overall objective of this study was to verify whether the accounting professionals Caruaru-PE are using the Brazilian Accounting Standard NBC TG 1000 for Micro and Small Enterprises. For this, we used the deductive method, through literature review and questionnaires along with accounting professionals in order to achieve the objectives of the study. Through data analysis, it was observed that accounting professionals are using the Brazilian Accounting Standard NBC TG 1000 for Micro and Small Enterprises, although update is still needed, with regard to the statements made and the treatment of the implementation of the work of daily. Thus, it was concluded that most accounting professionals have knowledge about the Brazilian Accounting Standards NBC TG 1000 and seek to apply them to the reports produced for Micro and Small Enterprises, valuing its class and providing more reliable information to the users according to the applicable standard. KEYWORDS: Brazilian accounting standards NBC TG 1000. Using the norm in MPE. Update the accounting professional. 1 INTRODUÇÃO Considerada como uma ciência social, que gera informações para serem utilizadas dentro e fora da empresa, a contabilidade contribui para o desenvolvimento econômico e financeiro da organização privada ou pública, visando atender às necessidades e exigências do mercado, podendo dar suporte para tomada de decisão da entidade, tendo o objetivo de fornecer aos usuários a avaliação do estado econômico e financeiro interferindo na qualidade das informações futura (IUDÍCIBUS, 2010). 699 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE De acordo com Figueiredo e Caggiano (2008, p. 25), “O mercado profissional dos contadores, [...], tem-se diversificado, impactado por novas tecnologias, exigindo dos contadores adaptação ao seu perfil profissional”. Com base nisso, o profissional contábil precisa se aperfeiçoar, pois representa um papel importante na geração de informações para atingir as metas e objetivos da entidade. A Resolução nº 1.328/11, Art. 2, § único, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), diz que: “as Normas Brasileiras de Contabilidade, sejam elas Profissionais ou Técnicas, estabelecem preceitos de conduta profissional e padrões e procedimentos técnicos necessários para o adequado exercício profissional”. Nesse contexto, a convergência objetiva facilitar o entendimento das várias demonstrações financeiras e normas diferentes, que dificultam a comparação das mesmas, facilitando a aplicação dos recursos pelos investidores de qualquer país (NEVES E VICECONTI, 2009). Assim, devido as mudanças que houveram nas Normas Brasileiras de Contabilidade, por causa do processo de convergência para as Normas Internacionais de Contabilidade, fazse necessário que o contador adapte-se a essas modificações e solicitações exigidas pelas normas vigentes, para assim, utilizar as melhores práticas e conhecimento nas informações essenciais e confiáveis, para servir de suporte no processo decisório para seus usuários internos e externos. Portanto, a contabilidade internacional veio para diminuir as diferenças e definir uma maneira que torne fácil o entendimento dos relatórios contábeis, por isso, precisa de profissionais capacitados para aplicação e entendimento das normas nesse processo de convergência. De acordo com Iudícibus (2010), o uso dos padrões internacionais de contabilidade depende também que o profissional contábil qualifique-se para estar apto à execução da sua atividade e poder atuar em qualquer país. A partir desse contexto, emerge o seguinte o problema a ser solucionado na pesquisa: Estarão os profissionais contábeis de Caruaru-PE utilizando a NBC TG 1.000 para Micro e Pequenas Empresas? Para tanto, este trabalho tem por objetivo geral verificar se os profissionais contábeis de Caruaru-PE estão utilizando a NBC TG 1.000 para Micro e Pequenas Empresas. O estudo se justifica ao verificar se os profissionais contábeis de Caruaru-PE estão utilizando a NBC TG 1.000 para Micro e Pequenas Empresas, e se estão atualizando a essas alterações, que devem ser utilizadas na rotina de trabalho do profissional contábil que não só atende ao fisco e suas obrigações, mas procura ser um profissional com capacidade de observar os acontecimentos pensando em estratégias para tomada de decisão e melhoria para a organização. A pesquisa ainda se mostra importante em contribuir na construção acadêmica, à medida que visa ajudar no fundamento teórico adquirido na graduação das ciências contábeis, unindo a teoria à prática. 700 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O PROCESSO DE CONVERGÊNCIA AS NORMAS INTERNACIONAIS E AS ATUALIZAÇÕES DA NBC TG 1.000 A contabilidade é conceituada como uma ciência social aplicada e influenciada pelo ambiente em que atua. Levando-se em consideração que cada região tem características diferentes, como os valores culturais, a tradição histórica, a estrutura política, econômica e social, estes repercutem nas aplicações contábeis de uma nação. Todavia, o crescimento das mesmas pode estar relacionado à situação de desenvolvimento econômico de cada país (NIYAMA, 2010). Segundo Niyama (2010), a contabilidade pode ser entendida como a linguagem dos “negócios”, que busca o entendimento e a comparabilidade das informações contábeis, para elaborar os demonstrativos como uma única norma para todos os países. Dessa forma, o processo de convergência teve por finalidade diminuir as diferenças nos tratos contábeis em cada país. Conforme Silva (2012, p. 53), “podemos entender como padrões internacionais as normas emitidas pelo IASB (International Accounting Standards Commitee) no papel de emissão de normas contábeis visando à convergência de procedimentos em dimensão globalizada”. De acordo com Neves e Vicecconti (2009), o objetivo da convergência da contabilidade as normas internacionais é facilitar a averiguação das demonstrações financeiras com uma norma regida para todos, tornando-as comparáveis entre si e atraindo os investimentos de fora do país, o que viabiliza a injeção de recursos oriundos do exterior, contribuindo para o crescimento da economia. Portanto, a convergência às normas internacionais de contabilidade necessitava de órgãos reguladores que emitissem as normas e pronunciamentos. De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) criado pela Resolução CFC nº 1.055, de 2005, o mesmo tem como objetivo estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos sobre os métodos e publicação das informações da contabilidade, para assim, consentir a criação de normas pela entidade reguladora brasileira, com intuito de concentrar e unir aos padrões internacionais à convergência da contabilidade brasileira. Por sua vez, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) edita as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC’s) que devem ser adotadas por todos os profissionais da contabilidade no Brasil, para garantir o crescimento das Ciências Contábeis e a aplicação do conhecimento atualizado e globalizado no exercício profissional, sendo a prioridade do CFC a busca da convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais, a elaboração e a revisão das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC’s) Técnicas e Profissionais, assim como dos Princípios de Contabilidade (Resolução CFC nº 750/93). Assim, o CFC editou a NBC TG 1.000 a Adoção Plena da NBC TG 1.000 conhecida como a Contabilidade para Pequena e Média Empresa, para aplicação às demonstrações contábeis para as empresas de pequeno e médio porte (PMEs), sendo composto por sociedades fechadas e aquelas que não sejam exigidas a fazer prestação pública de suas contas. Posteriormente foi aprovada pelo CFC a Resolução nº 1.418/2012 que trata da Interpretação Técnica Geral - ITG 1.000 o Modelo Contábil para Microempresa e Empresa de 701 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Pequeno Porte, tendo como objetivo proporcionar um tratamento diferenciado, visando a simplificação da escrituração e da geração de demonstrações contábeis, tendo que levar em conta o porte, o volume de negócios e a transações realizadas por esse grupo de entidades. De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) nº 46, no Brasil as sociedades limitadas e as demais sociedades comerciais, com exceção das sociedades de grande porte enquadradas pela Lei 11.638/07, são considerados como pequenas e médias empresas, não tendo obrigação de publicação das demonstrações contábeis, devendo serem elaboradas apenas para os usuários externos. Todavia, a Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte podem optar em adotar a Escrituração Contábil Simplificada sendo obrigadas à elaboração do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado, em conformidade com a Norma Brasileiras de Contabilidade NBC TG 1.000, as outras demonstrações emitidas pela legislação Societária são opcionais. As demonstrações obrigatórias devem ser assinadas pelo profissional contador legalmente habilitado e o empresário, isso transcritas no Livro Diário e registrada no registro público competente, conforme a legislação em vigor (SCHINORR, 2008). Mesmo sem estarem obrigadas, recomenda-se a elaboração de todas as demonstrações e notas explicativas visando ao atendimento das necessidades de controle de informações no que se refere aos aspectos fiscais e gerenciais e para análise da situação financeira e econômica da empresa (SCHINORR, 2008). O Balanço Patrimonial deve ser separado em ativos, passivos e patrimônio líquido. Antes da atualização o ativo era dividido em circulante, realizável a longo prazo e permanente, que, por sua vez, tinha como subdivisão investimento, imobilizado e diferido. Com as alterações advindas da lei 11.638/07 e 11.941/09, passou a ser segregado em ativo circulante e não circulante, sendo o não circulante subdividido em ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. O Passivo, por sua vez, era dividido em circulante, exigível a longo prazo e resultados de exercício futuros, passando a ser segregado apenas em circulante e não circulante, sendo o resultado de exercício futuros revogado. (IUDÍCIBUS, 2010). No Patrimônio Líquido, as mudanças são mais expressivas, pois, antes das atualizações era dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados. Dessa forma, passou a ser dividido em capital social, reservas de capital, ajuste de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. No entanto, os prêmios recebidos na emissão de debêntures e as doações e subvenções não podem mais ser registrados nas reservas de capital. A reserva de reavaliação foi revogada e foi instituída a conta de ajuste de avaliação patrimonial, que segue o regime de competência e deve receber os aumentos ou diminuições no valor de ativos e passivos avaliados pelo valor justo (NEVES E VICECONTI, 2009). A Demonstração de Resultado, a partir da lei nº 11.638/07 e lei nº 11.941/09, passou a não mais classificar o resultado como operacional e não operacional, ademais, os itens receitas e despesas não operacionais passaram a ter expressão outras receitas e despesas. Para o tratamento fiscal dos resultados operacionais e não operacionais, para fins de apuração e compensação de prejuízos fiscais, permanece o mesmo (NEVES E VICECONTI, 2009). 702 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Para fins de divulgação da Demonstração de Resultado, o CPC 30 (2012), relata que, a receita inclui apenas os ingressos brutos de benefícios econômicos recebidos e a receber derivado das suas próprias atividades, não inclui mais as receitas adquiridas de terceiros, como os tributos sobre vendas e os sobre bens e serviços que não são considerados benefícios econômicos para a empresa e não resulta em incrementos no Patrimônio Líquido. A conciliação da receita bruta fiscal e a receita evidenciada na Demonstração de Resultado deve ser demonstrada em Notas Explicativas (ALMEIDA, 2014). No que concerne a mensuração inicial dos ativos e passivos, quando destinadas à negociação, devem ser avaliados pelo seu valor justo ou valor de emissão, já quando se tratar de exigíveis ou realizáveis a longo prazo, devem ser avaliado pelo valor justo de aquisição ou valor de emissão, ajustado ao valor provável de realização, ou seja, deverão ser ajustados ao seu valor presente (CREPALDI, 2010). Para a mensuração subseqüente, o tratamento dos bens do ativo imobilizado, segundo o CPC 27, deve ser com base na vida útil estimada do bem (ALMEIDA, 2014). O arrendamento mercantil (leasing) passou a ser distinguido em financeiro e operacional. O arrendamento mercantil é considerado como operacional se os riscos e benefícios do bem não forem transferidos, devendo, portanto, ser tratado de forma semelhante a um aluguel. Já quando os riscos e benefícios são transferidos, o arrendamento é tratado como financeiro, que se caracteriza como compra financiada de bens, devendo ser escriturado em contas de ativo e passivo (NEVES E VICECONTI, 2009). De acordo com o art. 2º da Lei nº 11.638/07, a reserva de incentivos fiscais, sendo uma parcela do lucro líquido procedente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, podendo ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório, devendo compor no resultado do exercício e o montante pode ser destinado à reserva de lucros em reserva de incentivos fiscais (NEVES E VICECONTI, 2009). 3 METODOLOGIA De acordo com os objetivos trata-se de uma pesquisa descritiva, que, de acordo com Silva (2010, p. 59), “tem como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis. Os dados coletados nesse tipo de pesquisa possuem técnicas padronizadas, como o questionário e a observação sistemática”. Como procedimentos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica referente ao tema, seguida da coleta de dados. Segundo Beuren (2008, p. 68), “a coleta de dados tem por fim sua análise e interpretação, visando responder à pergunta de pesquisa”. Quanto aos procedimentos, o estudo classificou-se de levantamento ou survey. Conforme Gil (1999, apud BEUREN, 2008, p. 85): As pesquisas de levantamento se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se a solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes aos dados coletados. Diante da temática a abordagem quantitativa demostrou-se para o estudo da problemática, segundo Silva (2010, p. 28), “A abordagem quantitativa dos métodos de investigação é bem utilizada no desenvolvimento de investigações descritivas, pois as mesmas 703 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis, assim como na investigação da relação de causalidade entre os fenômenos causa e efeito”. Dessa forma, a pesquisa foi realizada utilizando-se fontes de informações como livros, publicações da internet, artigos, entre outros, para ter como base dos procedimentos, conceitos e normas referentes ao assunto da pesquisa realizada. Posteriormente, a fim de atingir o objetivo proposto, elaborou-se um questionário semiestruturado, contendo 18 questões fechadas e organizadas em três blocos, sendo o primeiro, referente aos dados do profissional contábil, o segundo, com questões mais pertinentes ao objetivo da pesquisa, formuladas a partir da teoria constante na plataforma teórica, evidencia as questões referentes à busca pela atualização e utilização na prática das Normas Brasileiras de Contabilidade NBC TG 1.000 e o terceiro buscou identificar a percepção dos profissionais contábeis a respeito das mudanças na contabilidade. O referido instrumento de coleta de dados foi aplicado de forma presencial e por e-mail. A presente pesquisa teve como população os profissionais contábeis de Caruaru- PE que trabalhavam em escritórios de contabilidade no período de Maio de 2014. A amostra foi composta por 60 profissionais contábeis que exercem suas funções na área contábil e que aceitaram responder a pesquisa. Após a aplicação dos questionários, utilizou-se de planilhas eletrônicas do Microsoft Excel® para a tabulação e análise dos dados. Para a análise buscou-se sintetizar os resultados, recorrendo-se a medidas de estatística descritiva e métodos de tabelas, a fim de facilitar a leitura e entendimento dos mesmos, e, por fim, apresentaram-se tais resultados em forma de relatório levando-se em consideração os vários aspectos do estudo. 4 ANÁLISE DE RESULTADOS 4.1 DADOS DO PROFISSIONAL CONTÁBIL A partir da análise dos resultados, observou-se que 11,66% dos respondentes possuíam o curso Técnico em Contabilidade, 41,67% dos profissionais que trabalham na área contábil eram estudantes universitários cursando Bacharelado em Ciências Contábeis e 46,67% eram Formados em Ciências Contábeis, conforme pode ser observado na tabela 1. Desses profissionais, embora cerca de 60% sejam técnicos ou bacharéis em Contabilidade, verificouse que apenas 38,33% possuem o Registro do Conselho de Contabilidade (CRC). Tabela 1 - Formação Formação Técnico em Contabilidade Cursando Bacharel em Contabilidade Bacharel em contabilidade Total Número de respondentes 7 25 28 60 % 11,66 41,67 46,67 100,00 Fonte: Elaboração própria, 2014. 704 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quanto à atualização profissional, constatou-se que 98,33% dos profissionais procuram se atualizar. Dentre estes, 68,33% o fazem numa freqüência de três em três meses, 26,67% de seis em seis meses e, apenas, 3,33% de ano em ano. O meio mais utilizado pelos respondentes para manterem-se atualizados foi a internet apontada por 85%, seguida por cursos com 68,33%, e consultas a IOB com 40%. Os que utilizam revistas como forma de se atualizarem somaram 21,67% e 20% procuram frequentar seminários, já os jornais e palestras do CRC foram citados 11,67% dos entrevistados, respectivamente. 4.2 PRÁTICA CONTÁBIL QUANTO AS MUDANÇAS NA CONTABILIDADE Quanto à opinião dos profissionais, no que se refere a utilização das normas provenientes no processo de convergência no seu dia a dia e o conhecimento destes a respeito do tema, observou-se que a maioria dos profissionais tem conhecimento das demonstrações obrigatórias para as Micro e Pequenas Empresas, conforme a Norma Brasileira de Contabilidade, visto que apontaram o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado com 90,00% e 83,33%, respectivamente, como sendo de elaboração obrigatória pelas MPE`s. No entanto, alguns profissionais ainda apontaram a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (21,67%), a Demonstração de Fluxo de Caixa (23,33%), a Demonstração de Lucro ou Prejuízo Acumulados (20,00%), as Notas Explicativas (16,67%), a Demonstração do Valor Adicionado (5,00%), a Demonstração do Resultado Abrangente (3,33%) e a Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos (1,67%), que não possuem elaboração obrigatória para MPE’s, sendo estas, portanto, de divulgação facultativas. Encontrou-se, ainda que 8,33% acreditam que as MPE’s não possuem nenhuma Demonstração de caráter obrigatório, conforme pode ser observado na tabela 2. Tabela 2 - Demonstrações Obrigatórias para MPE’s Respostas Balanço Patrimonial Demonstração de Resultado Demonstração de Resultado Abrangente Demonstração de Fluxo de Caixa Demonstração de Valor Adicionado Demonstração das Mutações do PL Demonstração de Lucro ou Prejuízo Acumulados Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos Notas Explicativas Nenhuma Demonstração é obrigatória Número de respondentes 54 50 2 14 3 13 12 1 10 5 % 90,00 83,33 3,33 23,33 5,00 21,67 20,00 1,67 16,67 8,33 Fonte: Elaboração própria, 2014. Quanto às demonstrações que o profissional elabora para as MPE’s, na tabela 3, observa-se que além das demonstrações obrigatórias, o Balanço Patrimonial com 93,33% e Demonstração de Resultado com 76,67%, alguns profissionais elaboram as outras demonstrações para análise de situação financeira e econômica da empresa, a saber: Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos (1,67%), Demonstração de Fluxo de Caixa (43,33%), Demonstração de Valor Adicionado (3,33%), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (30,00%), Demonstração de Lucro ou Prejuízo Acumulados (26,67%), Notas Explicativas (11,67%) e Demonstração de Resultado Abrangente (3,33%). 705 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 3 - Demonstrações que o profissional executa para MPE’s Respostas Balanço Patrimonial Demonstração de Resultado Demonstração de Resultado Abrangente Demonstração de Fluxo de Caixa Demonstração de Valor Adicionado Demonstração das Mutações do PL Demonstração de Lucro ou Prejuízo Acumulados Demonstração de Origem e Aplicação de Recursos Notas Explicativas N° de respondentes 55 46 2 26 2 18 16 1 7 % 93,33 76,67 3,33 43,33 3,33 30,00 26,67 1,67 11,67 Fonte: Elaboração própria, 2014 Quando questionado sobre o modelo de Balanço Patrimonial que mais se assemelhava ao elaborado pelos profissionais no seu dia a dia, constatou-se que, dentre as quatro alternativas apresentadas, 60,00% utilizam a nova estrutura do Balanço Patrimonial (conforme figura 1) atualizada pelas leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09 que alteram a lei nº 6.404/76. Figura 1 – Balanço Patrimonial ATIVO ATIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMONIO LÍQUIDO Realizável a Longo Prazo Capital Social Investimentos Reservas de Capital Propriedades para investimentos Ajuste de Avaliação Patrimonial Imobilizado Reservas de Lucros Intangível Ações em Tesouraria Prejuízos Acumulados Fonte: Elaboração própria, 2014 Já no que diz respeito à estrutura da Demonstração de Resultado, dentre as quatro alternativas apresentadas, observou-se que 78,34% dos profissionais apontaram a estrutura que se inicia com a receita bruta menos as deduções, sendo a estrutura que traz o resultado agregado em operacional e não operacional, a qual foi modificada para fins de divulgação, conforme figura 2, assim, apenas 3,33% responderam a alternativa correta, a qual apura a receita líquida a parte, em notas explicativas, conforme CPC 30 (R1). Em conformidade com a lei nº 11.941/09, as receitas e despesas não devem ser mais segregadas em operacionais e não operacionais, devendo ser denominadas de Outras Receitas e Outras Despesas, incluídas após o lucro bruto, visto que a empresa deve destacar apenas o resultado financeiro (receitas e despesas financeiras). 706 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Figura 2 – Demonstração de Resultado Receita Líquida de Vendas e Serviços (-) Custo das mercadorias e Serviços vendidos (=) Lucro Bruto (-) Despesas Despesas com vendas Despesas Gerais e administrativas Outras Receitas e Despesas (=) Resultado Antes das Receitas e das Despesas Financeiras (+) Receitas Financeiras (-) Despesas Financeiras (=) Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro (-) Tributos sobre o Lucro (=) Lucro Líquido do Período Fonte: Elaboração própria, 2014 Ao analisar qual o tratamento que os profissionais executam no seu trabalho para MPE’s, quando efetuam um contrato de Arrendamento Mercantil Financeiro (Leasing), que é caracterizado como compra financiada de bens e, portanto, deve-se, na data do contrato, registrar a transação em contas de ativo e passivo, respectivamente, 91,66% dos respondentes a executam de forma correta. Apenas 6,67% efetuam o registro ao final do contrato, quando o bem é transferido para a empresa e 1,67% não efetua nenhum registro (tabela 4). Tabela 4 - Arrendamento Mercantil Financeiro (Leasing) Respostas Nº de respondentes Não efetua nenhum registro. 1 Na data do início do contrato, registra a transação em contas de ativo e passivo. 55 Ao final do contrato, quando o bem é transferido para a empresa, registra a transação em conta de ativo. 4 % 1,67 91,66 Total 100,00 60 6.67 Fonte: Elaboração própria, 2014 Na tabela 5 observa-se os percentuais obtidos ao verificar qual o tratamento que o profissional executa no seu trabalho para MPE’s, para Subvenção e Assistência Governamentais. Segundo a lei 11.638/07, os prêmios recebidos na emissão de debêntures e as doações e subvenções não podem mais ser registrados nas reservas de capital, sendo registrado pelo seu valor justo e na contabilização deve-se efetuar a apuração em conta de resultado para transferir seu saldo para Reserva de Lucro (Incentivos Fiscais). Assim sendo, verificou-se que 58,33% dos profissionais têm conhecimento sobre esse tratamento, 35,00% desconhecem a lei e lançam diretamente na conta de Reservas de Capital (Incentivos Fiscais) e 6,67% não efetuam nenhum registro. 707 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Tabela 5 - Subvenção e Assistência Governamentais Respostas Nº de respondentes Não efetua nenhum registro. 4 Lança diretamente em conta de Reserva de Capital (Incentivos Fiscais). 21 Efetua a apuração em conta de resultado para transferir seu saldo para Reserva de Lucro (Incentivos Fiscais). 35 Total 60 % 6,67 35,00 58,33 100,00 Fonte: Elaboração própria, 2014 Quando abordado sobre o tratamento que efetua para compras e vendas a prazo nas Micro e Pequenas Empresas, percebe-se que apenas 11,67% apuram o valor presente da transação para efetuar o registro em contas de ativo e passivo, enquanto que 83,33% efetuam o registro em contas de ativo e passivo pelo valor da transação, o que demonstra que a maioria dos contadores não aplica o ajuste a valor presente na mensuração de seus realizáveis e exigíveis, conforme os princípios e normas contábeis atualizados e continuam aplicando o custo histórico como única forma de mensurar ativos e passivos. Ademais, observou-se que 1,67% não efetuam nenhum registro, o que fere o princípio da competência e 3,33% não responderam esta questão, como evidencia a tabela 6. Tabela 6 - Contabilização de compra e venda a prazo Respostas Não efetua nenhum registro. Efetua o registro em contas de ativo e passivo pelo valor da transação. Apura o valor presente da transação e efetua o registro em contas de ativo e passivo. Não respondeu Total N° de respondentes 1 50 7 2 60 % 1,67 83,33 11,67 3,33 100,00 Fonte: Elaboração própria, 2014. No que diz respeito à forma como o profissional realiza a depreciação dos ativos imobilizados nas MPE’s, verificou-se (conforme tabela 7) que, 30,00% dos respondentes utilizam a vida útil estimada do bem, em atendimento a norma CPC 27. No entanto, 61,67% concordam que a contabilização deve ser com base nas taxas estimadas pelo fisco, o que denota uma necessidade de atendimento as legislações fiscais ainda latente no trato da profissão contábil. Os demais (8,33%) não responderam esta questão. Tabela 7 - Contabilização para depreciação de imobilizado Respostas Não contabiliza a depreciação. Contabiliza a depreciação com base nas taxas estimativas do Fisco Contabiliza a depreciação com base na vida útil estimada do bem adquirido. Não respondeu Total Nº de respondentes 0 37 18 5 60 % 0,00 61,67 30,00 8,33 100,00 Fonte: Elaboração própria, 2014. 708 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 4.3 PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS CONTÁBEIS A RESPEITO DAS MUDANÇAS NA CONTABILIDADE Observou-se que de 96,67% dos profissionais contábeis concordam total ou parcialmente que as alterações do processo de convergência internacional são importantes para a prática contábil. Apenas 3,33% discordam parcialmente com a importância dessa internacionalização, conforme tabela 8. Tabela 8 - A importância do processo de Convergência Internacional para a prática contábil Respostas Discordo Totalmente Discordo Parcialmente Concordo Parcialmente Concordo Totalmente Total N° de respondentes 0 2 14 44 60 % 0,00 3,33 23,33 73,34 100,00 Fonte: Elaboração própria, 2014. Quanto à confiabilidade da elaboração das demonstrações contábeis, 98,33% dos respondentes concordam total ou parcialmente que é necessário o profissional se manter atualizado diante das mudanças contábeis e exigências do mercado. Apenas 1,67% discordam parcialmente, de acordo com a tabela 9. Tabela 9 - Atualização do profissional Respostas Discordo Totalmente Discordo Parcialmente Concordo Parcialmente Concordo Totalmente Total Nº de respondentes 0 1 1 58 60 % 0,00 1,67 1,67 96,66 100,00 Fonte: Elaboração própria, 2014. Quanto a aplicabilidade das normas no dia a dia, 90,00% dos respondentes concordam total ou parcialmente que procuram aplicar as alterações do processo de convergência internacional em sua prática diária e 10% discordam parcialmente, portanto, não procuram aplicar as alterações advindas do processo de convergência. Tabela 10 – Aplicação das alterações do processo de convergência internacional Respostas Discordo Totalmente Discordo Parcialmente Concordo Parcialmente Concordo Totalmente Total N° de respondentes 0 6 30 24 60 % 0,00 10,00 50,00 40,00 100,00 Fonte: Elaboração própria, 2014. 709 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE Quanto à obrigatoriedade das demonstrações contábeis, 68,33% dos profissionais concordam total ou parcialmente que a apresentação destas deveria ser obrigatória para as Micro e Pequenas Empresas, conforme demonstrado na tabela 11. No entanto, 31,67% discordam total ou parcialmente com esta obrigatoriedade. Fato que talvez explique o não conhecimento da necessidade/obrigatoriedade da elaboração e apresentação das demonstrações contábeis das MPE’s por parte de alguns profissionais contábeis. Tabela 11 - A obrigatoriedade das demonstrações financeira para MPE’s Respostas Discordo Totalmente Discordo Parcialmente Concordo Parcialmente Concordo Totalmente Total N° de respondentes 9 10 9 32 60 % 15,00 16,67 15,00 53,33 100,00 Fonte: Elaboração própria, 2014. Por fim, uma vez que o processo de convergência internacional para a prática do profissional contábil tem como objetivo facilitar o entendimento das várias demonstrações e normas distintas, facilitando o entendimento dos relatórios contábeis, buscou-se entender como este processo está sendo visto pelos contadores. Dessa forma, verificou-se que, dos respondentes, 55% acreditam que a internacionalização das normas contábeis representa uma etapa no processo de evolução da contabilidade, já 50% acham que tal processo valorizou mais a profissão contábil, enquanto 36,67% apontaram que a convergência assegura transparência e confiabilidade às práticas contábeis. Ainda, 35% dos entrevistados apontaram que houve um aumento na responsabilidade do profissional contábil, 15% acreditam que o processo trouxe benefícios para atuação do profissional contábil e 1,67% entende que dificultou os trabalhos do profissional contábil. No entanto, há uma pequena parcela (3,33%) para os quais o processo de convergência não afetou a rotina do trabalho. Todas essas informações estão na tabela 12. Tabela 12 - O processo de convergência internacional para a prática contábil Respostas Valorizou mais a profissão contábil Aumentou a responsabilidade do profissional contábil. Trouxe benefícios para atuação do profissional contábil Assegura transparência e confiabilidade às práticas contábeis Dificultou os trabalhos do profissional contábil Não afetou a rotina do trabalho do profissional contábil Representa uma etapa no processo de evolução da contabilidade Nº de respondentes 30 21 9 22 1 2 33 % 50,00 35,00 15,00 36,67 1,67 3,33 55,00 Fonte: Elaboração própria, 2014. 710 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE 5 CONCLUSÃO O presente estudo constituiu em verificar se os profissionais contábeis utilizam a NBC TG 1.000 para Micro e Pequenas Empresas. Dessa forma, observou-se que embora a maioria dos técnicos e bacharéis em Contabilidade e daqueles que estão cursando Bacharel em Ciência Contábeis procure alguma forma de se atualizar e a faça com freqüência, poucos buscam as palestras oferecidas pelo Conselho, preferindo meio como a internet que fornece informações mais rápidas, ademais, apenas uma parte dos profissionais possuem Registro do Conselho de Contabilidade. Verificou-se também que os profissionais conhecem as obrigatoriedades quanto a elaboração das demonstrações para as Micro e Pequenas Empresas e elaboram algumas demonstrações de caráter facultativo, a fim de fornecer informações sobre a situação financeira, patrimonial e do desempenho da empresa para auxiliar os usuários na tomada de decisão. Todavia, identificou-se uma necessidade de atualização, no que concerne a elaboração dessas demonstrações, visto que, ainda que a maioria elabore o Balanço Patrimonial de acordo com as normas vigentes, estes desconhecem a estrutura atual da Demonstração de Resultado e continuam a elaborá-la da maneira antiga. Quanto ao tratamento dado na execução dos trabalhos no dia a dia, comprovou-se que os profissionais possuem conhecimento sobre a forma correta de contabilização dos contratos de arrendamento mercantil financeiro e dos valores recebidos em forma de subvenções e assistência governamental. No entanto, não aplicam o ajuste a valor presente na mensuração de seus realizáveis e exigíveis, conforme os princípios e normas contábeis atualizados. Também inferiu-se que, aplicam as taxas fornecidas pelo fisco na realização da depreciação, em detrimento da vida útil estimada dos ativos. Por fim, verificou-se que esses profissionais entendem a importância do processo de convergência internacional e o apontam como uma etapa na evolução da contabilidade e valorização da profissão. Além disto, mencionam a necessidade de se manter atualizado para elaborar relatórios contábeis mais transparentes e confiáveis e, apesar de maiores responsabilidades, procuram aplicar as inovações em seu dia a dia. No entanto, indicam a necessidade da obrigatoriedade da elaboração das demonstrações contábeis por parte das Micro e Pequenas Empresas. Assim, concluiu-se que a maioria dos profissionais contábeis tem conhecimento sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade NBC TG 1.000 e procuram aplicá-los aos relatórios elaborados para Micro e Pequenas Empresa, valorizando sua classe e fornecendo informações mais confiáveis para os usuários de acordo com a norma vigente. 711 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO VIII SEMINÁRIO UFPE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS, 23 e 24 de Outubro de 2014, CCSA/UFPE REFERÊNCIAS ALMEIDA, Marcelo Cavalcante. Curso de contabilidade introdutória em IFRS e CPC: atende à programação da 1° ano dos cursos de Ciências Contábeis, Administração de empresas e economia. São Paulo: Atlas, 2014. BEUREN, Ilse Maria (org). Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade. 3. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade: resumo da teoria, atendendo às novas demandas da gestão empresarial, exercício e questões com respostas. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo Cesar. Controladoria: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. GUIMARÃES, Leda Maria et al. O profissional Contábil diante da Convergência das normas contábeis: análise da preparação desse profissional nos processos organizacionais. VIII Simpósio de excelência em Gestão e Tecnologia. Ano, 2011. Disponível em: <http://inf.aedb.br/seget/artigos11/34414349.pdf. htm>. Acesso em: 20 abr. 2014. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MEIRELLES JUNIOR, Julio Cândido de; MEIRELLES, Camyla D’Elyz do Amaral. A busca pela harmonização das normas internacionais de contabilidade. Revista Mineira de Contabilidade. Belo Horizonte, nº 33, p. 6-15, janeiro/fevereiro/março de 2009. NEVES, Silvério das; VICECCONTI, Paulo E. Contabilidade básica. 14. ed. São Paulo: Frase, 2009. NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade internacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SCHINORR, Paulo Walter. 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