Universidade Castelo Branco Curso de Medicina Veterinária Profª Christianne Perali • Quantidade e Qualidade • Bons Pastos Sucesso na Pecuária ? • Forragens Verdes Picadas • Fenos e Silagem • Alimentos Concentrados • Mineralização = = CONDIÇÃO CORPORAL 1. Introdução A ração que a vaca consome pode ser bem diferente daquela formulada, devido a variações na qualidade da forragem (o teor de matéria seca, por exemplo), da ingestão de alimentos ou complicações com mal funcionamento ou inapropriado sistema de alimentação que pode comprometer um apropriado sistema de nutrição. Portanto, a vaca é a avaliação final da ração. Principais pontos de avaliação: • Ingestão de matéria seca; • Produção do rebanho; • Composição do leite; • Curva de lactação; e • Monitoramento da condição corporal dos animais. Permitem avaliação do manejo alimentar e da dieta e o diagnóstico precoce dos problemas nutricionais do rebanho. O manejo cuidadoso da energia em vacas leiteiras é crucial para a eficiência produtiva e reprodutiva. •Energia é comumente o fator mais limitante, que contribui para a baixa produção de leite e pior performance reprodutiva. •A medição da condição corporal (CC) tem se mostrado eficiente no monitoramento da ingestão de energia de vacas e rebanhos. Apesar de subjetiva, a CC oferece acurada medida da reserva de energia no animal vivo, melhor do que através da variação no peso corporal, especialmente em novilhas e vacas em gestação. Isto se dá por que as mudanças no peso vivo (como os que ocorrem durante períodos de alta ingestão de matéria seca) refletem mais o total de alimentos no trato digestivo que mudanças no status de reserva de energia. A técnica de medição da condição corporal é relativamente simples e de custo baixíssimo, podendo se tornar uma rotina comum no manejo, pois um leigo, com pouco treinamento, pode se tornar um competente avaliador da condição corporal. 2. Sistemas de Avaliação da Condição Corporal Existem diversos sistemas de avaliação da condição corporal em uso no mundo, o que pode levar a uma confusão na interpretação dos dados: • O sistema britânico usa uma escala de 0 a 5, com aumento de 0,5 ponto, resultando em uma escala de 11 pontos. • O sistema australiano usa escala de 1 a 8. • O sistema americano, desenvolvido na Virgínia é uma adaptação do britânico e usa uma escala de 1 a 5. Tabela 1 - Tabela de conversão para diferentes sistemas de avaliação da condição corporal. Sistema Americano Sistema Britânico Sistema Australiano 1 0 1 2 1 2 3 3 2 4 3 5 4 4 6 7 5 5 8 No Brasil, há uma tendência em se utilizar o sistema americano e o britânico. 3. Sistema Americano de Avaliação da Condição Corporal O sistema americano desenvolvido na Virgínia é o mais utilizado nos Estados Unidos e em outros países da América. Neste sistema as vacas são avaliadas de 1 a 5, baseado na apreciação visual e palpação manual do lombo, garupa e região da cauda. Um escore de 1 é dado a uma vaca muito magra e o valor 5 a uma vaca muito obesa. Recentemente, uma variação do sistema da Virgínia tem sido desenvolvido na Califórnia, onde a avaliação é praticamente visual, sem apalpação, mais prático e fácil de utilizar em sistema de free-stall, mas não é tão preciso. 4. Objetivo da Avaliação da Condição Corporal (CC) • Identificar falhas na alimentação discrepância entre as recomendações performance do rebanho; e/ou e a • Otimizar a produtividade minimizando desenvolvimento de problemas reprodutivos. O acompanhamento da variação da CC dos animais ao longo do ciclo de produção, propicia o monitoramento das mudanças nas reservas corporais associadas com mudanças na produção de leite, reprodução e saúde Permite adoção de ações de manejo adequadas para manter CC e produção atual e futura. 5. CC e Produção de Leite: • A CC na época do parto é de extrema importância para a lactação subsequente. •Tem sido observado que vacas que parem em ECC 4 ou mais produzem mais leite e com maior teor de gordura no leite durante o início da lactação, quando as vacas estão sendo alimentadas com dietas com suficiente fibra. •Já vacas com ECC acima de 3 no parto alcançam mais cedo o pico de lactação, e este é mais alto, porém a persistência na lactação é relativamente menor. Por outro lado, os bovinos são mais eficientes em depositar energia durante a lactação do que no período seco: •Vacas em lactação = 75% de eficiência no uso da energia metabolizável do alimento para substituir as reservas corporais •Vacas secas = 60% de eficiência (requerendo 15 a 25% mais alimento para substituir as reservas, quando comparado com vacas em lactação). No início da lactação, ingestão de matéria seca é geralmente menor e a perda na condição corporal tende a ser maior (acima de 1 unidade na CC) para vacas gordas (acima de 4), quando comparadas a vacas em CC adequada (3 a 4). Neste caso, a correção na quantidade de energia é necessária para reduzir a taxa de mobilização da gordura. Por outro lado, CC elevada no parto também é indesejável. • Vacas com CC acima de 4, particularmente quando combinadas com longas lactações, longos períodos secos ( acima de 70 dias) e pior manejo nutricional no pós-parto, terão menor produção de leite, mais doenças metabólicas e baixa performance reprodutiva. 6. CC e Performance Reprodutiva: Vacas gordas com problemas de deposição de gordura no fígado Maior período para a primeira ovulação, primeiro estro e concepção = problemas de infertilidade. Vacas em balanço energético negativo ( PV) = 44 % de taxa de concepção e 2,32 serviços/concepção (baixa performance reprodutiva) X Vacas em balanço positivo ( PV) = 67 % de taxa de concepção e 1,5 serviços/concepção. Tabela 2 - Relação entre a perda de condição corporal pós-parto e performance reprodutiva (síntese de uma pesquisa). Perda de Nº Dias para Dias Serviços CC Vacas a 1a para o por ovulação 1o estro concepção Pequena (< 0,5) Moderad a (0,5 a 1) Severa (>1) Período de serviço 23 24 40 1,7 92 16 34 35 1,8 88 15 35 53 1,9 104 No período seco, o manejo alimentar das vacas precisa ser direcionado para manutenção da CC, sem perda de peso ou variação no escore. As vacas excessivamente gordas devem ser manejadas separadamente durante o período seco. Objetivo: Manter a condição corporal, com ganho de peso de 0,5 a 0,7 Kg/dia para compensar o rápido desenvolvimento do feto. 7. Épocas de Avaliação da CC: Quanto mais freqüente as vacas forem avaliadas, melhor a determinação das mudanças na reserva corporal. O ideal é que as vacas sejam avaliadas mensalmente ou a cada dois meses. Esta avaliação pode ser feita também no manejo normal do rebanho: no parto, na secagem, durante vacinações, durante inspeção veterinária. As seguintes épocas são sugeridas para avaliação dos animais: •No parto; •Entre 5 e 6 semanas após o parto (próximo ao pico de lactação, ao primeiro cio, ou quando o primeiro exame retal é feito pós-parto, etc.); •Entre 150 e 200 dias após o parto (no meio da lactação); •No fim da lactação (secagem). Nestes momentos de avaliação, o escore desejado deve ser o listado na tabela 3. Se o escore estiver fora das variações aceitáveis, o manejo deve ser direcionado na tentativa de resolver o problema. O mais importante é observar a mudança na condição corporal entre um estágio e outro de lactação. A tabela 4 apresenta algumas possíveis causas da variação da CC e recomendações para correção das possíveis causas desta variação. Tabela 3 - Condição bovinos leiteiros. Animal Vacas corporal Condição corporal desejável recomendada Variação na condição corporal Parto 3,5 3,0 a 4,0 Pico de Lactação 2,5 2,0 a 2,5 Meio da Lactação 3,0 3,0 a 3,5 Fim da Lactação 3,5 3,0 a 3,5 3,0 2,5 a 3,0 Época do cruzamento 3,0 2,0 a 3,0 Parto 3,5 3,0 a 4,0 Novilhas 6 meses de idade para Tabela 4 - Relações do estágio de lactação e escore de condição corporal (ECC) ou mudanças na condição corporal e seus possíveis problemas. Período ECC Alto ( > 4,0 ) Época de Secar Razões vacas ganharam peso excessivo durante a lactação Vacas não se alimentaram para Baixo ( < 3,0 ) ganhar peso durante o período de lactação Excessiva energia na ração de vacas Ganho em CC secas. acima de 4,25 Excessivo dias secos, resultante de problemas ou falhas na reprodução Durante o período seco Perda em CC Vacas secas perderam peso devido a ração Sugestão de manejo Reduzir a energia da ração no último terço da lactação Aumentar a energia no último terço da lactação Medir a ingestão, analisar a forragem e reduzir a energia Limitar o dia seco em 70 dias no máximo. Estabeleça um rigoroso manejo reprodutivo Checar a ingestão, analisar a forragem, ajustar a energia da ração para parar a perda de peso. Checar o espaço no cocho, suprimento de água, sombra. checar vacas individuais para problemas de doenças Tabela 4 - R (continuação). Período Do parto ao pico ECC Razões Sugestão de manejo CC muito alta (> 3,0 ) Genética inadequada Proteína na ração pósparto muito alta em relação ao nível de ingestão da vaca Agrupe as vacas baseado na habilidade produtiva; Medir a ingestão e ajustar a proteína da ração para um máximo de 19% na ração Perda de CC de 1,0 unidade Isto é normal e esperado em vacas leiteiras. Maximizar a densidade energética da ração, mas guarde níveis de FDN efetivo na ração para manter a fermentação ruminal. Considerar adição de niacina e gordura Perda de CC acima de 1,0 unidade caindo para abaixo de 2,5 Vacas muito magras no parto ou perda excessiva de peso Medir a ingestão de MS. Usar gordura na ração e forragem de alta qualidade. Tabela 4 - (continuação). Período ECC Razões Sugestão de manejo CC muito alta ( > 3,0 ) Vacas geneticamente inferiores. Vacas em dieta rica em energia por muito tempo Estas vacas são sérias candidatas a serem descartadas se o problema não for nutricional CC permanece baixa(< 2,5) ou vacas continuam a perder peso Vacas não se recuperaram da perda da condição no inicio da lactação. Densidade energética da ração muito baixa. Doença crônica Ração baixa em energia para restabelecer a CC. Grande variação na habilidade genética do rebanho. Vacas não alimentadas para atender as exigências de energia. Balancear ração para atender as exigências de energia e manter até as vacas atingirem CC>3,0. Descartar vacas com problemas de doenças. Medir a ingestão, analisar forragem, balancear ração Agrupar vacas de acordo com a produção e CC. Ter certeza de que todas as vacas tem acesso a ração e água. Do pico ao meio da lactação Algumas vacas com CC muito baixa (< 2,5) algumas com CC muito alta (>3,5) Tabela 4 - (continuação). Período Vacas em final de lactação ECC Razões Sugestão de manejo CC muito alta (>3,75). Vacas recebendo excesso de energia Medir ingestão, ajustar a ração Intervalo entre partos muito longo Melhorar o manejo reprodutivo, Descartar vacas com problemas de fertilidade CC muito baixa ou vacas não ganham condição para chegar a 3,5 na época de secar Ingestão mais baixa que a esperada (palatabilidade da ração, alteração na qualidade da forragem, stress, etc. Individualmente as vacas podem ter doenças crônicas Fornecer ração alta em energia no último terço da lactação Consulte um veterinário Informações quantitativas relacionadas a avaliação da CC e composição corporal, são limitadas. Existe um consenso de que a mudança de uma unidade na CC relaciona-se a uma mudança no peso corporal (em torno de 30 a 60 Kg). MANEJO ALIMENTAR A pecuária leiteira é desenvolvida desde os sistemas mais simples até os mais tecnificados. Independente disso, a alimentação, além de ser um insumo fundamental, é o item que mais onera a produção. Pesquisas da Embrapa Gado de Leite indicam que, em geral, o custo da alimentação chega, em média, de 40 a até 60% do custo total. Dessa forma, a nutrição correta, no sentido de aumentar a eficiência produtiva e econômica, deve ser objetivo constante do criador. Os recursos alimentares disponíveis são dos principais fatores determinantes da sustentabilidade dos sistemas de produção. Sistemas que não compatibilizam as características dos alimentos disponíveis àquelas dos animais do rebanho leiteiro, correm sérios riscos de viabilidade, com dependência elevada de recursos alimentares de alto custo. A compatibilização entre os alimentos e animais só é possível conhecendo-se detalhadamente as características dos alimentos e a demanda por energia e nutrientes pelo rebanho ao longo do ano. Em um rebanho leiteiro, sempre haverá oportunidades de se utilizar os alimentos de maior e menor qualidade, segundo a categoria ou o estádio fisiológico dos animais. Para implementar um sistema de alimentação de vacas leiteiras, faz-se necessário considerar: • • • • • • • o nível de produção, os estágios reprodutivos e os estágios da lactação. o peso do animal, o consumo esperado de matéria seca, a condição corporal, os tipos e o valor nutritivo dos alimentos a serem utilizados. De acordo com as fases que ocupam dentro do sistema de produção de leite, ao longo do ano, são variáveis as exigências nutricionais dos animais em energia e proteína. Portanto, é necessário o balanceamento dos alimentos disponíveis às exigências dos mesmos. Isso se torna possível conhecendo-se detalhadamente as características de cada um e a demanda por energia e nutrientes pelo rebanho ao longo do ano. Diante dos recursos alimentares disponíveis, verifica-se a grande variação no que diz respeito às suas características qualitativas e quantitativas. Deve-se estabelecer um controle de qualidade dos alimentos utilizados na propriedade, como forma de diminuir os erros de previsão para produção de leite e consumo de alimentos. Ração Balanceada Atenda as Exigências Nutricionais (16 a 20% PB) Pesquisa de Mercado Alimentos de Qualidade Menor Custo Exigências do rebanho leiteiro A exigência diária em nutrientes e energia pelo animal é determinada pelo seu nível de produção, pelo seu peso corporal, seu estádio fisiológico e pela interação com o ambiente (ambiente climático, instalações e equipamentos, manejo, tipo de alimento, etc.). Os veículos que utilizamos para suprir as referidas exigências são os diversos recursos alimentares disponíveis, normalmente classificados segundo suas características qualitativas, em alimentos volumosos, concentrados e suplementos vitamínicos e minerais. A Tabela 1 contém informações acerca das exigências em energia e proteína pelos animais, segundo a categoria e nível de produção. Foram calculadas considerando-se peso corporal, estádio fisiológico e nível de produção. Na Tabela 2 são apresentados valores referenciais de consumo de matéria seca por vacas leiteiras, segundo o peso corporal, nível de produção de leite. Nota-se que as exigências em energia variam consideravelmente em função da categoria animal, estádio fisiológico e nível de produção. Uma mesma vaca de 600 kg de peso corporal, variará em grande magnitude suas exigências quanto à energia e proteína: No início da lactação este animal receberia dietas com 73 % de NDT e 19% de PB, tendo em vista que neste período o ritmo de incremento na produção de leite é superior à capacidade de ingestão de alimentos, resultando em balanço energético negativo, ou seja, perda de peso pelo animal. O mesmo animal, em fase posterior, poderia receber dietas com menores concentrações de energia e proteína, pois a capacidade de ingestão de alimentos permitiria ao animal compensar a menor densidade pelo maior consumo de MS. Dividindo-se o período de lactação em 3 fases, supondo-se que o referido animal estaria produzindo cerca de 30 kg de leite/dia na fase intermediária e cerca de 20 kg na fase final, as dietas teriam as seguintes características ao longo da lactação: fase inicial com 73% de NDT e 19% de PB na MS, fase intermediária com 71% de NDT e 16% de PB na MS e fase final com 67% de NDT e 15% de PB na MS. Os consumos diários de matéria para novilhas, em função do peso corporal e taxas de ganho de peso estão apresentados na Tabela 3. A quantidade de MS demandada por touros em nível de mantença, desde que respeitadas as condições descritas na Tabela 1, é da ordem de 1,5% do peso corporal (NRC, 1989). Estas informações permitem o planejamento das quantidades de alimentos volumosos e concentrados ao longo do ano, bem como a definição da qualidade necessária aos mesmos. Uma maneira de racionalizar o uso de alimentos na propriedade é através do padrão de nascimentos ao longo do ano. Pode-se programar os nascimentos priorizando-se a produção de leite via pastagens de verão, com redução na dependência de alimentos suplementares no inverno, ou concentrar a produção de leite nos meses em que o preço do produto é mais atrativo, demandando, neste caso, provisão de alimentos de qualidade no período de inverno. Qualquer que seja a estratégia adotada, as ações devem ser tomadas com muita antecedência, pois normalmente implicam em grande impacto na quantidade e qualidade do alimento a ser fornecido aos animais. O raciocínio em função das variações das exigências constitui parte fundamental das ações necessárias de planejamento alimentar do rebanho leiteiro, que, associado às previsões de produção de alimentos na propriedade, constitui-se em ferramenta fundamental no processo de tomada de decisões. Alimentação para Vacas Leiteiras • 400 g Gordura 10 kg de leite • 300 g Proteína • 490 g Lactose • 70 g Minerais e • 1250 g MS Também temos opiniões Somos Muito Exigentes Produção + Mantença • Produção Contínua • Período Seco • Espera do Próximo Parto Reservas Alimentação para Novilhas Época chuvosa Época Seca Substitutas dos descartes do plantel Alimentação para Bezerros • Colostro • Animais monogástricos • 8º dia iniciar pastejo 45 a 50 dias ruminantes • O leite pode ser dispensado? • Alimentos com NDT 74%, 18% PB, Minerais e Vitaminas • Palatabilizantes (Melaço, Leite em pó) Os Volumosos fornecidos devem ser tenros, menos fibrosos, de preferência fenos de boa qualidade. Não se deve fornecer Silagem a bezerros com menos de 3 meses de idade.