JB NEWS Informativo Nr. 413 Editoria: Ir Jerônimo Borges Loja Templários da Nova Era – GLSC Quinta-feira 20h00 – Templo Obreiros da Paz Praia de Canasvieiras Florianópolis (SC) 18 de outubro de 2011 Índice desta terça-feira* 1. Almanaque 2. Mestre da Loja ou Venerável Mestre? (Ir. Anatoli Oliynik) 3. O Rito Adonhiramita (Ir. José Castellani) 4. Significado e Simbolismo do Avental dentro da Ritualística (Ir. Eduardo Grytz) 5. Perguntas e Respostas (Ir Pedro Juk) 6. Destaques JB * Pesquisas e artigos da edição de hoje: Arquivo próprio - Internet - Colaboradores – Blogs - http:pt.wikipedia.org Imagens: próprias e www.google.com.br Livros Indicados Mais de 150 ilustrações já foram disponibilizadas individualmente. Visite www.artedaleitura.com.br conheça O Museu Maçônico Paranaense http://www.museumaconicoparanaense.com 1 – Almanaque Hoje, 18 de outubro de 2011, é o 291º. dia do calendário gregoriano. Faltam 74 para acabar o ano. Eventos Históricos: 1534 - Caso dos cartazes: cartazes criticando as doutrinas da Igreja Católica são afixados nas ruas da França. 1685 - Revogação do Édito de Nantes. 1748 - Assinatura do tratado de Aix-la-Chapelle. 1807 - Tropas francesas do general Junot invandem a Espanha (v. Guerra Peninsular). 1817 - O general Gomes Freire de Andrade é enforcado no Forte de São Julião da Barra. 1847 - Descoberta do asteroide Flora por John Russell Hind. 1850 - Maria II de Portugal institui o ducado de Palmela em benefício de D. Pedro de Sousa Holstein. 1890 - Jorge Tibiriçá Piratininga é nomeador governador de São Paulo. 1912 - Os reinos da Bulgária, Grécia e Sérvia, se unem contra a Turquia na primeira guerra dos Bálcãs. 1918 - Fundação do Fortaleza Esporte Clube. 1931 - Thomas Edison, o pai da luz elétrica, morre aos 84 anos. 1934 - Revolução Espanhola: capitulação da Comuna das Astúrias pelas tropas de Franco. 1941 - O espião da KGB Richard Sorge é preso em Tóquio e encarceirado na prisão de Sugamo. 1944 - O major-general alemão Erwin Rommel é sepultado com as mais altas honrarias militares do III Reich. 1958 - A vila moçambicana de Pemba (então Porto Amélia) é elevada à categoria de cidade. 1966 - Dom Lucas Moreira Neves toma posse como membro da Academia Brasileira de Letras. 1967 - Sonda Venera 4 alcança Vênus. 1968 - John Lennon e Yoko Ono são presos em Londres por porte de drogas. 1977 - A polícia alemã invade um avião da Lufthansa, e mata três seqüestradores. Os 86 passageiros ficaram cinco dias como reféns. 1989 - Ônibus Espacial Atlantis lança Sonda Galileu com o objetivo de chegar até Júpiter. 1991 - Edição da nova Lei do Inquilinato brasileira. 2003 - Carlos Mesa ocupa o cargo de presidente da república da Bolívia. 2004 - Iniciam-se as transmissões do canal temático SIC Comédia. 2009 - O piloto inglês Jenson Button conquista seu primeiro título na Fórmula 1. Feriados e Eventos cíclicos: No Brasil Dia das Comunicações e Eletrônica da Marinha Dia do Pintor Dia do Estivador Dia do Médico Mitologia e religião Mitologia celta: Dia de Cernunnos, senhor da natureza e dos animais Dia de São Lucas, evangelista e companheiro de São Paulo Históricos maçõnicos do dia: (Fonte: “o Livro dos Dias” e arquivo pessoal) 1871: Foi decidido editar um Boletim do Grande Oriente do Brasil sendo seu primeiro redator o IrAlexandrino Freire do Amaral. 1931: Fundação da Lajoa Maçônica Regente Feijó, de Cotia – SP. 1997: Fundação da Loja Acácia das Gaivotas nr. 67, de Balneário Gaivota, que trabalha no REAA (GOSC) 2 – Mestre da Loja ou Venerável Mestre? O autor, Ir Anatoli Oliynik é Past Grande Secretário-Geral Adjunto de Orientação Ritualística para o Rito de York do Grande Oriente do Brasil, escritor e palestrante, membro da Academia Paranaense de Letras- Maçônicas, dae Academia de Cultura de Curitiba. E membro da Loja Laelia Purpura nr. 3496, de Balneário Camboriú - SC Contato: [email protected] Há uma questão polêmica na denominação correta do cargo de presidente de uma loja maçônica simbólica: Mestre da Loja ou Venerável Mestre? Para dirimir essa dúvida, vamos fazer algumas ilações a respeito deste instigante assunto, começando com a definição de seus elementos. A palavra “Mestre” A palavra mestre é um substantivo masculino [do francês antigo, maiestre], que designa aquele que é versado em uma arte ou ciência; o artífice que dirige outros oficiais; aquele que trabalha por conta própria, entre outras definições. Na antiguidade, segundo Nicola Aslan, o título era usado entre os Talhadores de Pedra para indicar o Companheiro encarregado da direção de um canteiro de obras. Mais tarde, a Maçonaria especulativa atribuiu o título à quem presidia as assembléias de uma Loja. A partir de 1725, o termo foi usado para designar, não mais uma função, mas uma dignidade, e tornou-se a denominação de um terceiro grau. A palavra “Vener|vel” A palavra venerável [do latim venerabile] é um adjetivo que designa algo ou alguém digno de veneração ou respeito. Nicola Aslan, define como primeiro oficial e presidente de uma loja maçônica simbólica. Segundo Castellani, a utilização desta palavra para designar o presidente de uma loja maçônica, é um “erro crasso”, pois mesmo quando usada como Venerável Mestre, continua sendo o adjetivo relativo ao substantivo Mestre. Ainda, segundo Aslan, e Castellani adotam a mesma linha de raciocínio, o título surgiu no século XVII, quando as guildas inglesas começaram a denominar-se “Worshipful”, isto é, Vener|vel. A Companhia de Pedreiros de Londres passou então a chamar-se “The Worshipful Company of Masons”. Na Inglaterra, o título de “Worship”, significando veneração ou adoração, foi aplicado primeiro ao Grão-Mestre, depois às lojas, e mais tarde ao seu Mestre. Se examinarmos as Constituições dos Franco-Maçons que são o documento básico da Maçonaria chamada Moderna, também conhecidas por Constituições de Anderson, de 1723, logo no primeiro título, constataremos o seguinte: The CONSTITUTIONS OF THE Free-masons Containing the History, Charges, Regulations, &c. Of that most Ancient and Right Worshipful FRATERNITY For the Use of de LODGES [Tradução] As CONSTITUIÇÕES dos FRANCO-MAÇONS contendo a História, as Obrigações, Regulamentos, &c. Dessa mui Antiga e Mui Venerável FRATERNIDADE Para o Uso das LOJAS A palavra “Worshipful” (o grifo é meu) aparece aí colocada como adjetivo qualificativo do substantivo feminino “Fraternidade”, sendo utilizada para qualificar a Instituição, no caso, a Premier Grand Lodge. No preâmbulo da parte histórica do mesmo documento, constata-se o seguinte: The CONSTITUTION, History, Charges, Regulations, &c. of the Right Worshipful FRETERNITY of Accepted Free MASONS; Collected From their general RECORDS, and their Faithful TRADITIONS of many Ages. To be read At the Admission of a New Brother, when the Master or Warden fhall begin, … [Tradução] “A CONSTITUIÇÃO, História, Leis, Obrigações Ordens, Regulamentos, e Usos, Da Mui Venerável FRATERNIDADE dos MAÇONS Livres e Aceitos; Coligidos De seus ARQUIVOS gerais, e de suas fiéis TRADIÇÕES de muitas Eras. para serem lidas Quando da Admissão de um NOVO IRMÃO, quando o Mestre ou o Vigilante começara...” Observem que o tratamento ao presidente da Loja é “Mestre” (o grifo é meu) e não “Vener|vel” utilizado para designar a Fraternidade. Isso corrobora que a palavra “Vener|vel” era utilizada, inicialmente, apenas para qualificar a Instituição, segundo afirmam Aslan e Castellani. Na parte que trata dos Regulamentos Gerais, novamente aparece a designação “Mui Vener|vel GRÃO-MESTRE MONTAGU, ...”. O artigo XII, por exemplo, descreve: “A Grande Loja é formada por Mestres e Vigilantes de todas as Lojas regulares e particulares Registradas, ...”. Observe-se que Anderson refere-se a Mestre para designar o presidente da Loja, e Venerável, para designar a Fraternidade, no caso, a Grande Loja. Ele faz isso em todo o documento, sem exceção. Aqueles que conhecem o Rito de York, mais especificamente o Ritual de Emulação inglês, encontrarão no Primeiro Grau e também no Ritual de Cerimônia de Instalação, alusões e referências ao Mestre e não Venerável Mestre. Castellani, em seu Dicionário Etimológico faz a seguinte afirmação: “Em Maçonaria, o termo (Vener|vel) tem origem inglesa: derivado da palavra inglesa worship, que significa adoração, culto, reverência (como forma de tratamento), quando usada como substantivo, e venerar, idolatrar, adorar, quando usada como verbo transitivo, tem-se o vocábulo Worshipful, que significa adorador, reverente, ou, como forma de tratamento, venerável. Assim, o presidente de uma Loja passou a ser designado como Worshipful Master – normalmente apenas Master – expressão que significa Venerável Mestre e que seria adotada por todos os agrupamentos maçônicos, embora o termo Venerável, de princípio, fosse aplicado apenas às corporações (Vener|vel Ordem, Vener|vel Instituição)”. Dissemos, que a partir de 1725 a palavra Mestre deixou de designar uma função para designar uma dignidade. Segundo Nicola Aslan, a razão dessa denominação, parece ter sido o desejo de fazer uma escolha entre os membros cada vez mais numerosos da associação e de constituir um “high Order of Masonry”, como o grau de Mestre foi algumas vezes denominado. O que quer que fosse, este grau representa uma criação própria da Maçonaria especulativa. Os seus autores que permaneceram desconhecidos, apelaram para todos os recursos de sua imaginação e para uma erudição tão vasta quanto incoerente e produziram um monstro enigmático do qual as pesquisas mais conscienciosas não puderam descobrir a verdadeira origem. Conclusão Assim, o cargo de presidente de uma Loja Maçônica, denominado Mestre, assume, inexplicavelmente e erroneamente, a denominação de Venerável Mestre. Aceitamos que frase Venerável Mestre seja utilizada como um vocativo, ou forma de tratamento, segundo normas e regras gramaticais da língua portuguesa, mas não se pode aceitar que o termo designe um cargo. Por este motivo, no livro O Rito de York, de minha autoria, denomino o cargo de presidente de uma Loja Maçônica simbólica, como sendo: Mestre da Loja e não Venerável Mestre. Bibliografia Aslan, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Rio de Janeiro: Ed. Artenova, V vol. 1975. Castellani, José. Dicionário de Termos Maçônicos. Londrina: Ed. A Trolha, 2ª ed., 1995. Castellani, José. Dicionário Etimológico Maçônico. Londrina: Ed. A Trolha, 1990. Mellor, Alec. Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1989. Oliynik, Anatoli. O Rito de York. Curitiba: Ed. Vicentina, 1997. Reprodução das Constituições dos Franco-Maçons. Tradução de João Nery Guimarães. Brasília: Ed. Gráfica do Grande Oriente do Brasil, 1997. Dicionário Eletrônico Aurélio da Língua Portuguesa. Dicionário Eletrônico DIC Michaelis. 3 – O Rito Adonhiramita Sinopse - Síntese Do livro; " Fragmentos da Pedra Bruta " Volume II - Editora A Trolha - 2001. José Castellani O RITO ADONHIRAMITA --- José Castellani --- O Nascimento O belo Rito Adonhiramita, hoje só praticado no Brasil e também chamado de Maçonaria Adonhiramita, nasceu de uma controvérsia, na França do século XVIII, em torno de Hiram Abi ("Hiram, meu pai"), chamado de Adon-Hiram ("senhor Hiram"), e Adonhiram, que, segundo os textos bíblicos, era um preposto às corvéias, por ocasião da construção do templo de Jerusalém (1). Ocorreu que, em 1744, Louis Travenol, sob o pseudônimo de Leonard Gabanon, em sua obra "Cathécisme des Francs Maçons ou le Secret des Francs Maçons", confundiu Adonhiram com Hiram Abi, o que fez com que os ritualistas se dividissem, pois, para uns, Adonhiram e Hiram eram a mesma pessoa, enquanto outros sustentavam uma teoria dualista, divergindo quanto à ação de cada um dos personagens: um grupo sustentava que Adonhiram não havia sido mais do que um subalterno, ao passo que o outro via, nele, o verdadeiro protagonista do terceiro grau. Nasceria, assim, uma Maçonaria dita Adonhiramita, que seria, segundo seus teóricos, oposta à Maçonaria "Hiramita". E ela se tornaria conhecida através da publicação do "Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite", publicado em 1782, por Louis Guillemain de SaintVictor, e que Ragon, sem nenhum fundamento, atribuiu, erradamente, ao barão de Tschoudy. Essa primeira compilação envolvia os quatro primeiros graus e foi completada, em 1785, pelo mesmo Louis Guillemain, com uma compilação complementar abordando oito Altos Graus, completando os doze do rito. Depois de 1785, Saint-Victor publicou a tradução de um artigo alemão, sobre um grau dito "Noachita" (alusivo a Noah, ou Noé), ou "Cavaleiro Prussiano", tratando-o, ironicamente, em trabalho estampado no "Journal de Trévoux". O mesmo Ragon, novamente sem nenhum fundamento, "viu", aí, um décimo-terceiro grau adonhiramita, embora Saint-Victor só tenha apresentado o artigo como uma curiosidade (2). No Brasil Ao lado do Rito Moderno, o Rito Adonhiramita foi um dos primeiros introduzidos no Brasil, precedendo, por pouco tempo, o primeiro, no início do século XIX. O Grande Oriente do Brasil --- inicialmente Grande Oriente Brasílico --- criado em 1822, todavia, adotou o Rito Moderno. E isso é comprovado, através de atas do Grande Oriente, em 1822, as quais se referem aos "sistema dos sete graus" (3). Embora, no início do século XIX, o rito tenha tido muita aceitação, ele acabaria, logo,sendo praticamente ignorado, pois, quando, depois do fechamento do Grande Oriente Brasílico --- a 25 de outubro de 1822 --foi reerguida a Maçonaria brasileira, em 1830 e 1831, através de dois troncos, o Grande Oriente Brasileiro e o Grande Oriente do Brasil, respectivamente, nenhuma Loja adotou o rito. Ele só seria reintroduzido em 1837, quando foi fundada a Loja "Sabedoria e Beneficência", de Niterói, regularizada a 16 de janeiro de 1838, na jurisdição do Grande Oriente do Brasil, vindo a abater colunas em 1850. A segunda Loja --- "Firmeza e União" --- surgiria em 1839, ano em que a Constituição do Grande Oriente do Brasil instituía o Grande Colégio de Ritos, para abrigar os Altos Graus dos ritos então praticados: Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito. Este último havia sido introduzido em 1829 e seu Supremo Conselho, fundado em 1832, sendo Obediência independente, começava a criar suas próprias Lojas. Em 1842, com a promulgação de uma nova Carta Magna do Grande Oriente do Brasil, foi reorganizado o Grande Colégio dos Ritos, com os três ritos então praticados, o que mostra como foi extemporânea a comemoração, em 1992, no Rio de Janeiro, do "sesquicentenário" da Oficina Chefe do Rito Moderno (4). A incorporação, em 1854, do Supremo Conselho do Rito Escocês ao Grande Oriente do Brasil, teria de provocar uma modificação no Grande Colégio de Ritos, do qual já não faria parte o Escocês. Assim, de acordo com a Constituição de 1855, foi criado, apenas para atender aos Ritos Moderno e Adonhiramita, o Sublime Grande Capítulo dos Ritos Azuis (5). Em 1863, ocorreria uma dissidência, no Grande Oriente do Brasil, liderada por Joaquim Saldanha Marinho, sendo criado o Grande Oriente do Vale dos Beneditinos --- que, depois de uma fracassada tentativa de reunificação, passou a se denominar Grande Oriente "Unido" --- em alusão ao seu local d funcionamento. Nesse Grande Oriente, o Rito Adonhiramita floresceu, chegando, o número de suas Lojas, a suplantar o do Grande Oriente do Brasil : neste, foram fundadas as Lojas "Aliança", em 1869, e "Redenção", em 1872, perfazendo três Lojas do rito, contra cinco, existentes, na mesma época, no Grande Oriente dos Beneditinos. Com essas três Lojas, o Grande Oriente do Brasil criou, pelo Decreto nº 21, de 2 de abril de 1873, o Grande Capítulo dos Cavaleiros Noachitas, ligado, como Supremo Conselho Escocês, ao Grande Oriente, que era uma Obediência mista (simbólico-filosófica), numa situação que iria perdurar até 1951. Nesse ano, a 23 de maio, pelo Decreto nº 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim Rodrigues Neves, promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a Maçonaria Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser uma Obediência estritamente simbólica, separando-se das Oficinas Chefes de Rito. A Constituição esclarecia que o Grande Oriente "com elas mantém relações da mais estreita amizade e tratados de reconhecimento, mas não divide com elas o governo dos três primeiros graus, baseados na lenda de Hiram, que exerce na mais completa independência em toda a sua vasta jurisdição" (o grifo é meu). A partir daí, assim como o Supremo Conselho do Rito Escocês, o Grande Capítulo dos Cavaleiros Noachitas passava a ser uma Obediência independente, separada do GOB, passando, de acordo com os seus estatutos, elaborados em 1953, a se denominar Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil (já modernizada a grafia de "noachita", termo alusivo a Noha, ou Noé). A 15 de abril de 1968, era assinado, entre o Grão-Mestre do Grande Oriente, Álvaro Palmeira, e o então Grande Inspetor do Sublime Grande Capítulo, Josué Mendes, um Tratado de Aliança e Amizade entre as duas Obediências. Com a morte, em 1969, de Josué Mendes, Aylton de Menezes assumiu o cargo de Grande Inspetor, tratando de alterar, totalmente, a estrutura administrativa do rito, que, há muito, não era mais praticado em qualquer outro país do mundo. Com isto, de acordo com sua Constituição, promulgada a 2 de junho de 1973, o Sublime Grande Capítulo passou a se denominar Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, enquanto o Grande Inspetor assumia o título de Magnífico Patriarca Regente. Conforme os termos da Constituição,, os poderes e autoridades do Sublime Grande Capítulo eram transmitidos ao Excelso Conselho, embora o tratado de 1968, com o GOB, tivesse sido feito em nome do Grande Capítulo. Além da alteração administrativa, os graus adonhiramitas eram, então, aumentados de treze para trinta e três. Em 1973, por uma cisão no Grande Oriente do Brasil, surgiram os Grandes Orientes estaduais independentes, ou autônomos. Alguns criaram Lojas adonhiramitas, mas não promoveram essa modificação estrutural, surgida no âmbito do Grande Oriente do Brasil. Foi o caso da pujante Maçonaria Adonhiramita do Grande Oriente de Santa Catarina --- depois transformada em Oficina Chefe do rito, em âmbito nacional, para todos os Grandes Orientes independentes --- que já promoveu diversos encontros estaduais e nacionais, com pleno sucesso. Ali, a Oficina Chefe do Rito continua sendo o Sublime Grande Capítulo, é dirigida por um Grande Inspetor e adota o Rito Adonhiramita original, sem o acréscimo de graus. Rituais e Ritualismo Não foram feitos muitos rituais adonhiramitas dos graus simbólicos, no Brasil (menos ainda nos Altos Graus). Os primeiros utilizados, na primeira metade do século XIX, eram, simplesmente, uma tradução feita --- e mal feita --- da "Compilação Preciosa". Somente em 1873, diante da iminente criação do Grande Capítulo Noachita, é que o Grande Oriente do Brasil editaria o Regulamento dos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre (o Grande Oriente dos Beneditinos já possuía esses rituais). Esse regulador dos três graus simbólicos seria reeditado em 1916 e em 1938. Depois disso, surgiriam novas edições, com mais freqüência. As práticas ritualísticas do Rito Adonhiramita são, seguramente, das mais belas, entre as dos diversos ritos praticados em nosso país. Se o Rito Schroeder é, sem dúvida nenhuma, o mais simples e objetivo, o Adonhiramita é o mais complexo e o de maior riqueza cênica, não só nas cerimônias magnas de iniciação, elevação e exaltação, mas até nas sessões mais simples, quando nenhuma das práticas próprias do rito é omitida. E essas práticas são, por exemplo, a cerimônia de incensação --- que tem sido imitada, indevidamente, por outros ritos --- o cerimonial do fogo (reavivamento da Chama Sagrada, tirada do Fogo Eterno) e as doze badaladas argentinas, também copiadas, erradamente, por outros ritos, em todas as sessões. E, no cerimonial de iniciação, a cena da "traição", de grande beleza cênica, profundo conteúdo dramático e alto teor educativo, pois, além de mostrar quão execrável é o traidor de seus próprios princípios, ainda ensina uma lição moral e uma verdade social: ninguém pode ser condenado, sem um julgamento imparcial. A cerimônia final da câmara ardente --- também muito copiada, inclusive em algumas edições de rituais escoceses --- é decorrência da cena inicial da "traição", que os demais ritos não possuem. Todas essas imitações apenas confirmam a beleza cênica do rito. Adonhiramita ou Adoniramita? Na apresentação da edição francesa do "Recueil Précieux", esclarece-se que, para o autor. Saint-Victor, Adonhiram era um patronímico de Hiram, composto, portanto, dos termos Adon e Hiram (Adon-Hiram), e não o preposto às corvéias, Adonhiram. No idioma português, a letra "h", inicial da segunda palavra, de termos compostos, é mantida quando há hífen. O hífen serve para ligar elementos de palavras compostas, que mantêm sua própria acentuação, ou seja, sua independência fonética, quando o conjunto constitui uma identidade semântica, mesmo que os seus elementos percam a identificação, desde que considerados isoladamente ; serve, também, para a formação de palavras, a partir da aglutinação dos prefixos com outros elementos (exemplos : anti, extra, intra). Em outros casos de palavras compostas, ou com outros prefixos (como, por exemplo, o prefixo "in"), o "h" da segunda palavra desaparece. Exemplos: inabitável, desarmonia, desidratado, hiperemia, lobisomem, desumano, coonestar, reabilitação, etc.). Como o termo composto "adonhiramita" é escrito sem o hífen, ele perderia, portanto, segundo as regras gramaticais, o "h". Para manter a letra, como pretendem muitos, só se a grafia fosse adon-hiramita, com hífen. Isso, salvo melhor juízo, pois não é minha intenção transformar uma simples questão gramatical num "casus belli". ______________________ Notas 1. O personagem Adonhiram, ou Adoram, ou Hadoram, citado em Reis I, Samuel II e Crônicas II, era encarregado dos impostos e dos prepostos às corvéias. Preposto é o auxiliar encarregado de certos negócios e que age em nome e por conta de um patrão, um preponente. Corvéia era o trabalho ou o serviço gratuito --- praticamente um trabalho escravo --- que as pessoas tinham de prestar ao rei (também presente no feudalismo europeu). Adonhiram, portanto, era o contratante dessa atividade servil, como preposto de Salomão e, depois, de Roboão. Ele foi apedrejado, até à morte, pelos hebreus de dez tribos, os quais, a partir desse dia foram considerados infiéis à casa de David como consta em Reis I, 12 - 18 e 19 (a referência é ao cisma de 920 a.C., quando os hebreus dividiram-se em dois Estados : Israel e Judá). A apresentação da edição francesa do "Recueil", todavia, situa que Adonhiram é nome composto do hebraico "Adon" e "HIram", de acordo, inclusive com o próprio autor. A lenda do 4º grau confirma isso. 2. Esses dados são unanimemente citados por respeitáveis pesquisadores franceses, como Paul Naudon, Alec Mellor e Bayard. 3. Da ata da sessão do 22º dia do 4º mês maçônico do Ano da Verdadeira Luz 5822 (12 de julho de 1822), do Grande Oriente, consta a discussão de proposta de elevação ao grau de Eleito Secreto (o quarto grau do Rito Moderno), dos Irmãos Zimmerman, Sertório, Ícaro, Castor e Vasco da Gama (nomes simbólicos, costume da época, hoje só mantido pelo Rito Adonhiramita). Mais adiante, na mesma ata, em resposta ao pedido de elevação ao mestrado, de outros obreiros, consta que ficaram na espera os Irmãos Curius, Procion, Celso, Lycurgo e Baudeloque, mandando recomendar, a Grande Loja (órgão executivo do Grande Oriente), a esses obreiros, que se lembrassem de que, adotada a Maçonaria dos sete graus, o grau de Mestre tornava-se muito respeitável e que, se eles tinham verdadeiro amor pela Ordem, deveriam querer que fosse mais lenta essa concessão de graus, para torná-los mais valiosos (uma verdadeira lição para os afoitos, que querem subir a jato, sem conhecimentos suficientes). 4. O Grande Capítulo do Rito Moderno, na realidade, só surgiria em novembro de 1874, depois da criação do Grande Capítulo Noachita e a conseqüente saída deste do Capítulo dos Ritos Azuis. O atual título da Oficina Chefe, Supremo Conselho do Rito Moderno para o Brasil, é bem mais recente, de 1976. 5. Isso porque os ritos Moderno e Adonhiramita são azuis,embora o Escocês, embora tenha várias cores, é, predominantemente, vermelho. Do livro "Fragmentos da Pedra Bruta" - volume II - Editora A Trolha - 2001. Como o primeiro volume, este também apresenta artigos e trabalhos ainda não inseridos em outros livros. 4 – Significado e Simbolismo do Avental dentro da Ritualística Ir.·. Eduardo Grytz Introdução – Significado e Simbolismo do Avental dentro da Ritualística. Um conjunto importante de significados e símbolos relativos ao Avental do Aprendiz pode ser aprendido ainda durante a cerimônia de Iniciação pela qual passa todo Maçom. Ao lhe ser entregue o Avental, a ele e dito que esta é a insígnia distintiva do Maçom. E que esta insígnia é mais antiga que o Tosão de Ouro ou a Águia Romana, e que é mais honrosa que a Ordem da Jarreteira, ou que qualquer outra Ordem existente. Dentro da própria seqüência do ritual, o Maçom aprende que o Avental é o símbolo da Inocência, e o laço da Amizade, e que se ele não o desonrar, o Avental também não o desonrará. Para se entender melhor o texto trazido na Iniciação com relação às ordens e símbolos com os quais o Avental é comparado (e apresentado como mais honroso), cabe mencionar brevemente sobre cada uma: a Ordem da Jarreteira é a mais alta e mais antiga comenda britânica, tendo sido instituída pelo rei inglês Eduardo III em 1348, com o objetivo de premiar e reconhecer os que se destacavam pela lealdade à Coroa e pelo mérito militar. O Tosão de Ouro, por sua vez, foi uma ordem de cavalaria instituída em 1420 por Filipe, o Bom, Duque de Borgonha, voltada para a defesa do reino e da fé cristã, e também distintiva daqueles que a ela pertenciam. Seu nome teve base no mito do herói grego Jasão, que passa por aventuras para conquistar a pele (tosão) de um carneiro que possuía lã de ouro, e assim reconquistar para si o reinado que havia sido tomado de seu pai (possivelmente aqui esteja um outro motivo para a comparação com o Avental trazida pelo texto da Iniciação, uma vez que o Avental Maçônico originariamente era feito da pele do carneiro). Já a Águia Romana simboliza o poder e a força que o império romano teve durante o seu auge. Uma das possíveis explicações do porque o Avental, como símbolo da Inocência, representa uma honra maior para o Maçom do que todas estas outras Ordens e símbolos é a de que, com relação a estes, todos podem ter de se curvar aos caprichos de governantes ou do poder, mas com relação a Inocência, que em si própria é uma verdadeira virtude, isto não poderá ocorrer. Para se entender com mais profundidade o conceito de Inocência simbolizada pelo Avental do Aprendiz, vale trazer uma das definições citadas no dicionário Houaiss para a palavra: a Inocência é a qualidade de quem é incapaz de praticar o mal; é o estado daquele que não é culpado de uma determinada falta ou crime. Ainda durante a cerimônia de Iniciação, o V.·.M.·. acrescenta que o Avental também simboliza o laço de amizade, e que jamais deverá ser usado por um Maçom ao visitar uma Loja em que haja um Ir.·. com quem tenha qualquer desentendimento. O Avental só poderá ser usado por ambos após a resolução da pendência, para que assim trabalhem com o amor e harmonia que devem caracterizar todos os Maçons. E se isto não for possível, então é recomendado que um ou ambos não participem da reunião da Loja, para que a sua harmonia não seja perturbada. Os conceitos de Inocência e do laço de Amizade que o Avental simboliza, e que são apresentados ao Maçom durante a Iniciação, são desenvolvidos ao longo do texto do livro do Ritual do Primeiro Grau, no Rito de York, que explica com relação ao material e à cor que caracterizam o Avental, que estes tomam como base a pele do carneiro, que, desde tempos imemoriais, é reconhecido como um símbolo da pureza e também da inocência. Estes elementos servem então para lembrar o Maçom constantemente da pureza necessária em sua vida e em seus atos, que deve distingui-lo em todos os momentos, e que é uma condição para sua entrada na Grande Loja do Além, onde os abençoados descansam. Feita uma análise inicial do significado do Avental de Aprendiz a partir do conteúdo da ritualística, pode-se procurar entender o contexto do surgimento e da evolução do simbolismo atribuído ao Avental do Aprendiz, para conhecer outros aspectos quanto a suas possíveis interpretações. Surgimento e Evolução do Simbolismo e Significado do Avental. Diferentes correntes de escritores Maçônicos propõem explicações alternativas com relação ao surgimento e a evolução do simbolismo e do significado do Avental Maçônico. De maneira geral, estas correntes ressaltam, entretanto, que o avental, como um paramento, tem sido utilizado por diferentes culturas ao longo da História com múltiplas finalidades e em situações diversas. Entre suas utilizações estiveram desde a de encobrir e proteger, a de enfeitar, a de diferenciar classes sociais, e também, segundo muitos, a de servir como elemento de significado dentro de alguns ritos religiosos. Desta forma, as diferentes explicações existentes a respeito do surgimento e da evolução do simbolismo do Avental Maçônico dependem significativamente da corrente de pensamento seguida e das premissas aceitas por estas correntes. Alguns escritores remetem a origem do significado e do simbolismo do Avental para aspectos da religião e do misticismo, citando como referência para estes a descrição bíblica da cobertura de pele tecida por Deus para Adão após a sua descida do Paraíso Bíblico. Outros, dentro desta mesma corrente de pensamento, vinculam a origem da utilização do Avental, como paramento dotado de significado e simbolismo, às iniciações religiosas dos ritos chamados de Antigos Mistérios, que são os rituais religiosos místicos que teriam sido praticados no Egito antigo (os mistérios de Isis e Osíris), aqueles praticados pelos Persas, pelos Hindus, e, em períodos posteriores, pelos Essênios. Albert G. Mackey, em sua obra Symbolism of Freemasonr (1), menciona que o avental formava uma parte da vestimenta dos sacerdotes israelitas. Este, com o restante do vestu|rio, era para ser usado “para gloria e para beleza”, e também “como emblema daquela santidade e daquela pureza que sempre caracterizou a natureza divina e a veneração que ela merece”. O autor menciona ainda que nos mistérios persas de Mitra, o candidato, tendo recebido, primeiro, a luz, é revestido com uma cinta, uma coroa, ou uma mitra, uma túnica de cor púrpura, e, finalmente, com um avental branco. Em contraposição a esta linha de pensamento, outros autores remetem a origem do significado e do simbolismo do Avental Maçônico ao avental de trabalho utilizado pela Maçonaria Operativa, o qual teria sido adotado como insígnia, posteriormente, pela Maçonaria Especulativa. Portanto, o Avental teria sido inicialmente uma peca do vestuário, ou protetora do vestuário, utilizada pelos Maçons Operativos para o desempenho do seu trabalho, tendo, desta forma, a sua origem nas guildas (as corporações de oficio que regulavam o trabalho artesão durante a Idade Média). Estes eram feitos, em sua função original, de pele ou de lona. Com relação às características envolvendo o trabalho dos Maçons Operativos, o fornecimento de aventais e luvas pelo mestre aos aprendizes do oficio foi uma prática bastante comum, e aparece refletida em alguns contratos de trabalho datados de 1355 e 1430, bem como em outros mais recentes, de 1685 e 1723. Assis Carvalho (2) citando a obra “London in the Eighteenth Century”, de Sir Walter Besant, menciona também que, por volta de 1750, a indumentária das diversas classes artesãs e operativas tinha função muito semelhante à de um uniforme, pela qual a profissão de seu portador poderia ser facilmente reconhecida. Dessa forma, assim como os maçons operativos usavam aventais semelhantes (e específicos da sua atividade), da mesma maneira, os aventais portados por carpinteiros, sapateiros, cervejeiros, ferreiros, pintores etc. também mantinham cada qual um padrão semelhante e especifico, e serviam, da mesma forma, como uma maneira para a identificação dos profissionais de cada uma destas classes profissionais. Segundo os autores desta linha, o avental do Maçom Operativo teria sido então adotado posteriormente pelo Maçom Especulativo como um emblema, um símbolo para o trabalho, para a amizade, para a pureza e para a inocência. Como símbolo do trabalho ele refletiu, conforme escreve H.L. Haywood (3), uma profunda mudança de atitude da sociedade com relação a este, fosse manual ou intelectual, que era antes desprezado pelos nobres, mas agora considerados símbolos de uma vida honrada. Com relação a este processo de adoção, na fase de início da Maçonaria Especulativa, o Avental utilizado, seguindo o modelo usado por Maçons Operativos em seu trabalho, era feito de uma simples e desalinhada pele de cordeiro branca, sem forro, segura por cordões que passavam pelos ombros e pelo pescoço. O Avental branco, hoje paramento exclusivo dos Aprendizes, era usado nesta época por todos os Maçons. Entretanto, a pele de carneiro curtida, que de acordo com os autores desta corrente representava uma efetiva proteção para a roupa dos Maçons Operativos em seu ambiente de trabalho, muitas vezes prejudicava as roupas mais finas utilizadas pelos Maçons Especulativos. Assim, estes passaram a forrar a pele de carneiro com seda ou outro material, para minimizar este inconveniente. Segundo o The Freemason’s Pocket Reference Book(4), estas modificações vieram a acontecer a partir de 1731. A partir daí então, e principalmente no último terço do século XVIII, muitos dos Aventais dos Maçons Especulativos que tiveram a pele de carneiro, rústica e sem trato, substituída por lona ou brim brancos, passaram a ser, muitas vezes, decorados ou ornamentados com emblemas, divisas e símbolos maçônicos. Muitos deles passaram a ser pintados sob encomenda dos seus proprietários, resultando, em muitos casos, em trabalhos bastante sofisticados e muitas vezes em verdadeiras obras de arte. Nesta fase, portanto, muitos Aventais foram desenhados, pintados ou bordados ao próprio gosto. Alguns dos museus maçônicos da Europa e dos Estados Unidos hoje estão repletos destas peças. Um destes aventais, o Moira (nome dado tanto à Loja de Honra como ao Avental, em homenagem ao maçom Inglês Francis Rawdon, 2o. Conde de Moira), foi pintado por William Armfield Hobday, um pintor de retratos e miniaturista, e se converteu no avental mais famoso e mais caro da Inglaterra (5). Dada a grande diversidade e diferença entre os Aventais usados durante esta fase, a Grande Loja da Inglaterra, em 1815, determinou a uniformização dos Aventais Maçônicos, surgindo dai os atuais Aventais ingleses, e também o Avental do Rito de York. A regulamentação manteve inicialmente os Aventais feitos de pele de carneiro, que eram então forrados, sendo estes mais tarde substituídos por tecido e por outros materiais. Outros Significados e Simbolismos Atribuídos ao Avental Maçônico Muitos autores desenvolveram ainda outras perspectivas com relação aos possíveis significados e simbolismos associados ao Avental Maçônico. Com relação à importância do Trabalho, e do Avental como um símbolo que remete a ele, o escritor Plantageneta(6) escreve que “...o Trabalho é o objetivo primordial do Maçom e a função essencial do homem na sociedade... A vida nada é, a morte nada é, só o Trabalho fecunda uma, e enobrece a outra...”. Quanto { cor branca do Avental, o mesmo autor escreve que “...o ‘trabalho’ só e um castigo quando realizado com fins egoístas. Para que seja uma fonte inesgotável de alegria, é preciso que seja amado pelo que é; é preciso que ele não seja função única de causas degradantes; e este é o motivo pelo qual o Avental é branco, imaculado, e puro”. Ao comentar também a cor do Avental, Adolfo Terrones Benitez (7) escreve que o branco não é uma cor em si, mas é a representação da Luz, dentro da qual ele próprio não aparece. Assim, a cor branca é um símbolo para a Ciência, a Sabedoria, e a Verdade (pois ela não pode ser associada a nenhuma parcialidade). Segundo Júlio Doin Vieira (8), o Avental também pode ser um símbolo da vestimenta corpórea da alma, ou seja, aquela que ela fabrica por meio de seus próprios desejos e pensamentos. Dessa forma, conforme estes sejam puros ou impuros, assim também será o corpo físico correspondentemente transparente e branco, ou denso e opaco. O Avental, portanto, representa a vestidura feita pela própria alma, com o material do seu próprio Eu, de maneira tal que marca o seu próprio progresso. Outros autores explicam que o Avental Maçônico, por cobrir a parte inferior do corpo, e, sobretudo, o baixo-ventre, representa a separação da sede da afetividade e das paixões, para que a parte superior do corpo, sede das faculdades da razão e do espírito, participe da maneira adequada do trabalho espiritual. Já um grande grupo de autores utiliza a Geometria, ciência Maçônica por excelência, para suas explicações com relação aos significados e símbolos que o Avental de Aprendiz comporta. Estes autores apresentam o Avental Maçônico como uma representação do “tern|rio” (a abeta) que esta sobre o “quatern|rio” (o quadrado do Avental). Estes dois elementos em conjunto (o triângulo e o quadrado), implicam no número sete, que por si só remete à diversas interpretações especificas (inclusive a da necessidade da presença de sete M.·.M.·. para a abertura da Loja, ou, guardando possíveis semelhanças com a doutrina judaica, às sete voltas dadas com o laço do Tefilin – filactério – que é colocado no braço, e que são feitas separando as três primeiras voltas das quatro seguintes). O autor Adolfo Torres Benitez (9) escreve, seguindo esta linha, que o triângulo constitui a mais perfeita das figuras geométricas, pois, na seqüência do ponto, de uma reta, e de um ângulo (união de duas retas), é a primeira figura a formar a medida de área. O quadrado, dentro do qual podem ser encontrados dois triângulos, é a figura que lhe segue em perfeição. O Avental de Aprendiz, com a abeta levantada, forma a figura de um polígono de cinco lados, convertendo-se em uma figura geométrica mais avançada que o quadrado. Neste esquema de idéias, o triângulo seria o emblema do espírito do homem, e de todas as forças suscetíveis de educação e de progresso; o quadrado seria o representante da matéria, e do corpo, e de todas as forças materiais suscetíveis de modelação e transformação; o polígono de cinco lados, formado pela maneira como o Aprendiz utiliza o seu Avental, representa então o trabalho material que o Iniciado começa a fazer, ao modelar a Pedra Bruta. A abeta abaixada indica que o espírito penetra progressivamente na matéria, e que o Iniciado caminha no sentido de dominar as suas paixões e seus vícios. Outras explicações simbólicas que adotam a Geometria como base associam o Avental ao Triangulo de Pitágoras (que tem lados menores de dimensões três e quatro, e hipotenusa de dimensão cinco, remetendo, dessa forma, ao triângulo, ao quadrado e ao polígono de cinco lados formado pelo Avental do Aprendiz), e também, na interpretação de Luis Umbert Santos (10) ao símbolo do compasso sobre o esquadro, o compasso remetendo ao conceito do triângulo, o esquadro ao do quadrado, e o conjunto de ambos ao polígono de cinco lados formado pelo Avental de Aprendiz. Conclusão Em minha opinião, a partir de minhas vivências em meio a meus IIr.·. na Fraternidade Acadêmica Canaã, e dentro da Maçonaria em geral, entendo que, além de todas as conotações, significados e símbolos expostos anteriormente com relação ao Avental do Aprendiz, ele pode nos remeter também a idéia de que, como Aprendizes que somos, e, a partir de nossa Iniciação, temos a oportunidade de revisar os nossos atos particulares e em sociedade com base nos princípios Maçônicos que estamos aprendendo, e que, portanto, como Aprendizes, hoje começamos os nossos trabalhos a partir de um quadro, representado pelo Avental de Aprendiz, totalmente Branco. As cores, formas e conteúdo que iremos produzir, vestindo nossos Aventais, a partir desta fase, dependerá exclusivamente de nós e do nosso esforço em apreendermos e praticarmos corretamente os conceitos com os quais estamos tendo contato. Isto vale também para os rabiscos ou manchas que eventualmente venhamos a criar. Que possamos evitar que eles aconteçam, ou corrigi-los quando assim não conseguirmos. Que possamos como Aprendizes e Maçons fazer com que os nossos Aventais permaneçam continuamente limpos, e que possamos nos orgulhar dele toda vez que o coloquemos perante os nossos IIr.·. em Loja.☆ 5 – Perguntas e Respostas - Ir Pedro Juk Questão apresentada pelo Respeitável Irmão Rogério Heringer, Loja Gralha Azul, 3.721, GOB-PR, Oriente de Londrina, Estado do Paraná. [email protected] Estimado Irmão Pedro Juk. L. I F Sirvo-me do presente para esclarecer uma dúvida que tenho quanto ao uso da palavra pelo Mestre de Cerimônias e pelo Cobridor no Rito Moderno. O Ritual menciona que: ..."Sempre que um Ir.'. solicitar a palavra, deverá pronunciá-la de pé e à ordem"... E, na sequência... "O M.'. de CCer.'. e o Cobr.'. falarão em pé, PORTANDO AS ESPADAS"... Sendo assim os mesmos não farão o sinal de ordem ao efetuarem a saudação? Ou seja, farão a saudação e o uso da palavra "portando" a espada na mão direita, verticalmente, com a ponta para cima, antebraço à frente estendido perpendicularmente junto ao corpo. Está certo o meu raciocínio? Esta é a única exceção? CONSIDERAÇÕES: A questão de se estar à Ordem carece antes de uma pequena explicação. O termo “em pé e a Ordem” assume certo caráter de redundância, pois nos ritos que preconizam esse costume, todos os Obreiros que estiverem em pé e parados em Loja aberta, estarão à Ordem. Dessa dicotomia acabou surgindo o tal “Sinal de Ordem” quando é sabido que o Sinal é o Penal composto em se estando à Ordem, ou seja: corpo ereto com os pés em esquadria. Dessa posição se compõe o sinal do Grau com a mão. Desse princípio costumeiro o Obreiro em pé e parado na forma de costume estará à Ordem compondo o Sinal do Grau (penal), todavia, se o mesmo estiver empunhando um objeto de trabalho (no caso uma arma), este não fará o sinal com o instrumento, isto é: não usará o instrumento para compor o Sinal. Assim ele ficará com o corpo ereto e os pés em esquadria (à Ordem), porém na posição determinada de rigor com o, no caso, a espada. Nessa posição o Obreiro não estará fazendo Sinal, senão se postando empunhando a espada na forma habitualmente preconizada. Um Irmão disposto nessa situação para fazer o uso da palavra não faz sinal algum, entretanto antes se dirige aos Irmãos na forma de costume (Venerável Mestre...) e em seguida dela faz o uso. Se o rito não previr o uso de espada embainhada, o Cobridor e Mestre de Cerimônias assumem essa posição que, em linhas gerais é conhecida como “de rigor”. No caso de estarem estes com as suas respectivas espadas embainhadas, então eles comporão normalmente o Sinal na forma costumeira. Talvez, pelo ritual não previr o uso de receptáculo (bainha) para o uso da espada, este exare na forma identificada pelo Irmão. Note que a nota explicativa aponta para que os mesmos falem em pé, evidentemente que os respectivos pés estarão em esquadria. T.F.A. PEDRO JUK - [email protected] - OUT/2011 NÃO FIQUE NA DÚVIDA. Pergunte ao [email protected] Não esqueça de mencionar nome completo, Loja, Oriente, Rito praticado e Obediência. O Irmão receberá a resposta diretamente do Ir Pedro Juk e através do JB News. 6 – Destaques JB O Medo Interessante o link abaixo sobre o medo. A fala provoca algumas reflexões que valem a pena meditar. A colaboração veio do Ir. Jarlei Sartori, da Loja Estrela de Herval nr. 3334, de Joaçaba SC. . http://www.youtube.com/watch?v=jACccaTogxE&feature=youtu.be Para a posteridade: Avenida Paulista, São Paulo, dia 12 de outubro de 2011 Agora, silêncio, por favor, eu estou ouvindo a www.radiosintonia33.com.br Rádio Sintonia 33 e JB News. Uma dobradinha incrível. Rede Catarinense de Informações Maçônicas Regente Feijó – SP. A mensagem abaixo transcrita melhor expressa a sensibilidade do Ir. Adilson Zotovici, nosso poeta colaborador do “Fechando a Cortina” dos sábados. A dedicação desses versos homenageia o Ir. Pedro Juk: “Caríssimo Ir:. Jeronimo, bom dia ! Segue anexo, uma singela homenagem ao nosso valoroso irmão e “Grande Mestre” Pedro juk, o qual não tive ainda a alegria de conhecê-lo pessoalmente, mas, talvez, o conheça ao menos um pouquinho, através de seu trabalho, que como já falamos, é muitíssimo importante, empregando seu vasto conhecimento em prol da nossa Sublime Instituição...e isso, é o mais importante. Peço ao Ir que dentro de sua possibilidade, transmita ao Ir:. Pedro, minha humilde mas, profunda admiração. Um TFA - Ir:. Adilson Zotovici” GRANDE MESTRE Perdoe-me o atrevimento ! De em poucas linhas tentar Expressar tanto sentimento, Por quem bem vive, a ensinar! Mestre prestimoso e atento ! Usa da vasta sabedoria, Com firmeza, com desprendimento, Pra ser de todos, bom guia ! Mas fato real, eu avento ! Ledo engano, se imaginar Que tanto conhecimento, Por si só, veio brotar ! Destarte, tese, sustento ; De quem falo, com alegria, Aliado, ao seu nato talento... Há estudos, à porfia ! Pra chegar ao acabamento Pedras, houve, que lapidar Junto a bom místico cimento, Em sua obra interior, de invejar ! Tudo isso, é embasamento ! Que faz fluir, simples poesia A quem traz encantamento Pelo saber, pela maestria ! Quis assim, nesse momento Junto a quem, assim pensar, Como justo acontecimento Essa homenagem prestar ! Olho, pois, o firmamento E rogo ao PAI com euforia; Proteção e agradecimento A esse irmão, da Maçonaria ! Adilson Zotovici ARLS Chequer Nassif-169 São B. do Campo - SP