JB NEWS
Informativo Nr. 413
Editoria: Ir Jerônimo Borges
Loja Templários da Nova Era – GLSC
Quinta-feira 20h00 – Templo Obreiros da Paz
Praia de Canasvieiras
Florianópolis (SC) 18 de outubro de 2011
Índice desta terça-feira*
1. Almanaque
2. Mestre da Loja ou Venerável Mestre? (Ir. Anatoli Oliynik)
3. O Rito Adonhiramita (Ir. José Castellani)
4. Significado e Simbolismo do Avental dentro da
Ritualística (Ir. Eduardo Grytz)
5. Perguntas e Respostas (Ir Pedro Juk)
6. Destaques JB
* Pesquisas e artigos da edição de hoje:
Arquivo próprio - Internet - Colaboradores –
Blogs - http:pt.wikipedia.org
Imagens: próprias e www.google.com.br
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1 – Almanaque
Hoje, 18 de outubro de 2011,
é o 291º. dia do calendário gregoriano.
Faltam 74 para acabar o ano.
Eventos Históricos:
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1534 - Caso dos cartazes: cartazes criticando as doutrinas da Igreja Católica são
afixados nas ruas da França.
1685 - Revogação do Édito de Nantes.
1748 - Assinatura do tratado de Aix-la-Chapelle.
1807 - Tropas francesas do general Junot invandem a Espanha (v. Guerra
Peninsular).
1817 - O general Gomes Freire de Andrade é enforcado no Forte de São Julião
da Barra.
1847 - Descoberta do asteroide Flora por John Russell Hind.
1850 - Maria II de Portugal institui o ducado de Palmela em benefício de D.
Pedro de Sousa Holstein.
1890 - Jorge Tibiriçá Piratininga é nomeador governador de São Paulo.
1912 - Os reinos da Bulgária, Grécia e Sérvia, se unem contra a Turquia na
primeira guerra dos Bálcãs.
1918 - Fundação do Fortaleza Esporte Clube.
1931 - Thomas Edison, o pai da luz elétrica, morre aos 84 anos.
1934 - Revolução Espanhola: capitulação da Comuna das Astúrias pelas tropas
de Franco.
1941 - O espião da KGB Richard Sorge é preso em Tóquio e encarceirado na
prisão de Sugamo.
1944 - O major-general alemão Erwin Rommel é sepultado com as mais altas
honrarias militares do III Reich.
1958 - A vila moçambicana de Pemba (então Porto Amélia) é elevada à
categoria de cidade.
1966 - Dom Lucas Moreira Neves toma posse como membro da Academia
Brasileira de Letras.
1967 - Sonda Venera 4 alcança Vênus.
1968 - John Lennon e Yoko Ono são presos em Londres por porte de drogas.
1977 - A polícia alemã invade um avião da Lufthansa, e mata três
seqüestradores. Os 86 passageiros ficaram cinco dias como reféns.
1989 - Ônibus Espacial Atlantis lança Sonda Galileu com o objetivo de chegar
até Júpiter.
1991 - Edição da nova Lei do Inquilinato brasileira.
2003 - Carlos Mesa ocupa o cargo de presidente da república da Bolívia.
2004 - Iniciam-se as transmissões do canal temático SIC Comédia.
2009 - O piloto inglês Jenson Button conquista seu primeiro título na Fórmula 1.
Feriados e Eventos cíclicos:
No Brasil
 Dia das Comunicações e Eletrônica da Marinha
 Dia do Pintor
 Dia do Estivador
 Dia do Médico
Mitologia e religião
 Mitologia celta: Dia de Cernunnos, senhor da natureza e dos animais
 Dia de São Lucas, evangelista e companheiro de São Paulo
Históricos maçõnicos do dia:
(Fonte: “o Livro dos Dias” e arquivo pessoal)
1871:
Foi decidido editar um Boletim do Grande Oriente do Brasil sendo seu
primeiro redator o IrAlexandrino Freire do Amaral.
1931:
Fundação da Lajoa Maçônica Regente Feijó, de Cotia – SP.
1997:
Fundação da Loja Acácia das Gaivotas nr. 67, de Balneário Gaivota,
que trabalha no REAA (GOSC)
2 – Mestre da Loja ou Venerável Mestre?
O autor, Ir Anatoli Oliynik é
Past Grande Secretário-Geral Adjunto de Orientação Ritualística
para o Rito de York do Grande Oriente do Brasil,
escritor e palestrante,
membro da Academia Paranaense de Letras- Maçônicas,
dae Academia de Cultura de Curitiba.
E membro da Loja Laelia Purpura nr. 3496,
de Balneário Camboriú - SC
Contato: [email protected]
Há uma questão polêmica na denominação correta do cargo de
presidente de uma loja maçônica simbólica:
Mestre da Loja ou Venerável Mestre?
Para dirimir essa dúvida, vamos fazer algumas ilações a respeito deste
instigante assunto, começando com a definição de seus elementos.
A palavra “Mestre”
A palavra mestre é um substantivo masculino [do francês antigo,
maiestre], que designa aquele que é versado em uma arte ou ciência; o
artífice que dirige outros oficiais; aquele que trabalha por conta
própria, entre outras definições.
Na antiguidade, segundo Nicola Aslan, o título era usado entre os
Talhadores de Pedra para indicar o Companheiro encarregado da
direção de um canteiro de obras. Mais tarde, a Maçonaria especulativa
atribuiu o título à quem presidia as assembléias de uma Loja. A partir
de 1725, o termo foi usado para designar, não mais uma função, mas
uma dignidade, e tornou-se a denominação de um terceiro grau.
A palavra “Vener|vel”
A palavra venerável [do latim venerabile] é um adjetivo que designa
algo ou alguém digno de veneração ou respeito.
Nicola Aslan, define como primeiro oficial e presidente de uma loja
maçônica simbólica. Segundo Castellani, a utilização desta palavra para
designar o presidente de uma loja maçônica, é um “erro crasso”, pois
mesmo quando usada como Venerável Mestre, continua sendo o
adjetivo relativo ao substantivo Mestre.
Ainda, segundo Aslan, e Castellani adotam a mesma linha de raciocínio,
o título surgiu no século XVII, quando as guildas inglesas começaram a
denominar-se “Worshipful”, isto é, Vener|vel. A Companhia de
Pedreiros de Londres passou então a chamar-se “The Worshipful
Company of Masons”. Na Inglaterra, o título de “Worship”, significando
veneração ou adoração, foi aplicado primeiro ao Grão-Mestre, depois
às lojas, e mais tarde ao seu Mestre.
Se examinarmos as Constituições dos Franco-Maçons que são o
documento básico da Maçonaria chamada Moderna, também
conhecidas por Constituições de Anderson, de 1723, logo no primeiro
título, constataremos o seguinte:
The
CONSTITUTIONS
OF THE
Free-masons
Containing the
History, Charges, Regulations, &c.
Of that most Ancient and Right
Worshipful FRATERNITY
For the Use of de LODGES
[Tradução]
As
CONSTITUIÇÕES
dos
FRANCO-MAÇONS
contendo a
História, as Obrigações, Regulamentos, &c.
Dessa mui Antiga e Mui
Venerável FRATERNIDADE
Para o Uso das LOJAS
A palavra “Worshipful” (o grifo é meu) aparece aí colocada como
adjetivo qualificativo do substantivo feminino “Fraternidade”, sendo
utilizada para qualificar a Instituição, no caso, a Premier Grand Lodge.
No preâmbulo da parte histórica do mesmo documento, constata-se o
seguinte:
The
CONSTITUTION,
History, Charges, Regulations, &c.
of the
Right Worshipful FRETERNITY of
Accepted Free MASONS;
Collected
From their general RECORDS, and their
Faithful TRADITIONS of many Ages.
To be read
At the Admission of a New Brother, when the
Master or Warden fhall begin, …
[Tradução]
“A
CONSTITUIÇÃO,
História, Leis, Obrigações Ordens, Regulamentos, e
Usos,
Da
Mui Venerável FRATERNIDADE dos
MAÇONS Livres e Aceitos;
Coligidos
De seus ARQUIVOS gerais, e de suas fiéis
TRADIÇÕES de muitas Eras.
para serem lidas
Quando da Admissão de um NOVO IRMÃO, quando o Mestre ou o
Vigilante começara...” Observem que o tratamento ao presidente da
Loja é “Mestre” (o grifo é meu) e não “Vener|vel” utilizado para
designar a Fraternidade. Isso corrobora que a palavra “Vener|vel” era
utilizada, inicialmente, apenas para qualificar a Instituição, segundo
afirmam Aslan e Castellani.
Na parte que trata dos Regulamentos Gerais, novamente aparece a
designação “Mui Vener|vel GRÃO-MESTRE MONTAGU, ...”.
O artigo XII, por exemplo, descreve: “A Grande Loja é formada por
Mestres e Vigilantes de todas as Lojas regulares e particulares
Registradas, ...”.
Observe-se que Anderson refere-se a Mestre para designar o
presidente da Loja, e Venerável, para designar a Fraternidade, no caso,
a Grande Loja. Ele faz isso em todo o documento, sem exceção.
Aqueles que conhecem o Rito de York, mais especificamente o Ritual de
Emulação inglês, encontrarão no Primeiro Grau e também no Ritual de
Cerimônia de Instalação, alusões e referências ao Mestre e não
Venerável Mestre.
Castellani, em seu Dicionário Etimológico faz a seguinte afirmação:
“Em Maçonaria, o termo (Vener|vel) tem origem inglesa: derivado da
palavra inglesa worship, que significa adoração, culto, reverência
(como forma de tratamento), quando usada como substantivo, e
venerar, idolatrar, adorar, quando usada como verbo transitivo, tem-se
o vocábulo Worshipful, que significa adorador, reverente, ou, como
forma de tratamento, venerável. Assim, o presidente de uma Loja
passou a ser designado como Worshipful Master – normalmente
apenas Master – expressão que significa Venerável Mestre e que seria
adotada por todos os agrupamentos maçônicos, embora o termo
Venerável, de princípio, fosse aplicado apenas às corporações
(Vener|vel Ordem, Vener|vel Instituição)”.
Dissemos, que a partir de 1725 a palavra Mestre deixou de designar
uma função para designar uma dignidade. Segundo Nicola Aslan, a
razão dessa denominação, parece ter sido o desejo de fazer uma
escolha entre os membros cada vez mais numerosos da associação e de
constituir um “high Order of Masonry”, como o grau de Mestre foi
algumas vezes denominado. O que quer que fosse, este grau representa
uma criação própria da Maçonaria especulativa. Os seus autores que
permaneceram desconhecidos, apelaram para todos os recursos de sua
imaginação e para uma erudição tão vasta quanto incoerente e
produziram um monstro enigmático do qual as pesquisas mais
conscienciosas não puderam descobrir a verdadeira origem.
Conclusão
Assim, o cargo de presidente de uma Loja Maçônica, denominado
Mestre, assume, inexplicavelmente e erroneamente, a denominação de
Venerável Mestre.
Aceitamos que frase Venerável Mestre seja utilizada como um vocativo,
ou forma de tratamento, segundo normas e regras gramaticais da
língua portuguesa, mas não se pode aceitar que o termo designe um
cargo.
Por este motivo, no livro O Rito de York, de minha autoria, denomino o
cargo de presidente de uma Loja Maçônica simbólica, como sendo:
Mestre da Loja e não Venerável Mestre.
Bibliografia
Aslan, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Rio de
Janeiro: Ed. Artenova, V vol. 1975.
Castellani, José. Dicionário de Termos Maçônicos. Londrina: Ed. A Trolha, 2ª ed.,
1995.
Castellani, José. Dicionário Etimológico Maçônico. Londrina: Ed. A Trolha, 1990.
Mellor, Alec. Dicionário da Franco-Maçonaria e dos Franco-Maçons. São Paulo: Ed.
Martins Fontes, 1989.
Oliynik, Anatoli. O Rito de York. Curitiba: Ed. Vicentina, 1997. Reprodução das
Constituições dos Franco-Maçons.
Tradução de João Nery Guimarães. Brasília: Ed. Gráfica do Grande Oriente do
Brasil, 1997.
Dicionário Eletrônico Aurélio da Língua Portuguesa.
Dicionário Eletrônico DIC Michaelis.
3 – O Rito Adonhiramita
Sinopse - Síntese
Do livro;
" Fragmentos da Pedra Bruta "
Volume II - Editora A Trolha - 2001.
José Castellani
O RITO ADONHIRAMITA
--- José Castellani ---
O Nascimento
O belo Rito Adonhiramita, hoje só praticado no Brasil e também
chamado de Maçonaria Adonhiramita, nasceu de uma controvérsia, na
França do século XVIII, em torno de Hiram Abi ("Hiram, meu pai"),
chamado de Adon-Hiram ("senhor Hiram"), e Adonhiram, que, segundo
os textos bíblicos, era um preposto às corvéias, por ocasião da
construção do templo de Jerusalém (1).
Ocorreu que, em 1744, Louis Travenol, sob o pseudônimo de Leonard
Gabanon, em sua obra "Cathécisme des Francs Maçons ou le Secret des
Francs Maçons", confundiu Adonhiram com Hiram Abi, o que fez com
que os ritualistas se dividissem, pois, para uns, Adonhiram e Hiram
eram a mesma pessoa, enquanto outros sustentavam uma teoria
dualista, divergindo quanto à ação de cada um dos personagens: um
grupo sustentava que Adonhiram não havia sido mais do que um
subalterno, ao passo que o outro via, nele, o verdadeiro protagonista
do terceiro grau.
Nasceria, assim, uma Maçonaria dita Adonhiramita, que seria, segundo
seus teóricos, oposta à Maçonaria "Hiramita". E ela se tornaria
conhecida através da publicação do "Recueil Précieux de la Maçonnerie
Adonhiramite", publicado em 1782, por Louis Guillemain de SaintVictor, e que Ragon, sem nenhum fundamento, atribuiu, erradamente,
ao barão de Tschoudy. Essa primeira compilação envolvia os quatro
primeiros graus e foi completada, em 1785, pelo mesmo Louis
Guillemain, com uma compilação complementar abordando oito Altos
Graus, completando os doze do rito.
Depois de 1785, Saint-Victor publicou a tradução de um artigo alemão,
sobre um grau dito "Noachita" (alusivo a Noah, ou Noé), ou "Cavaleiro
Prussiano", tratando-o, ironicamente, em trabalho estampado no
"Journal de Trévoux". O mesmo Ragon, novamente sem nenhum
fundamento, "viu", aí, um décimo-terceiro grau adonhiramita, embora
Saint-Victor só tenha apresentado o artigo como uma curiosidade (2).
No Brasil
Ao lado do Rito Moderno, o Rito Adonhiramita foi um dos primeiros
introduzidos no Brasil, precedendo, por pouco tempo, o primeiro, no
início do século XIX. O Grande Oriente do Brasil --- inicialmente Grande
Oriente Brasílico --- criado em 1822, todavia, adotou o Rito Moderno. E
isso é comprovado, através de atas do Grande Oriente, em 1822, as
quais se referem aos "sistema dos sete graus" (3).
Embora, no início do século XIX, o rito tenha tido muita aceitação, ele
acabaria, logo,sendo praticamente ignorado, pois, quando, depois do
fechamento do Grande Oriente Brasílico --- a 25 de outubro de 1822 --foi reerguida a Maçonaria brasileira, em 1830 e 1831, através de dois
troncos, o Grande Oriente Brasileiro e o Grande Oriente do Brasil,
respectivamente, nenhuma Loja adotou o rito. Ele só seria
reintroduzido em 1837, quando foi fundada a Loja "Sabedoria e
Beneficência", de Niterói, regularizada a 16 de janeiro de 1838, na
jurisdição do Grande Oriente do Brasil, vindo a abater colunas em
1850.
A segunda Loja --- "Firmeza e União" --- surgiria em 1839, ano em que
a Constituição do Grande Oriente do Brasil instituía o Grande Colégio
de Ritos, para abrigar os Altos Graus dos ritos então praticados:
Moderno, Adonhiramita e Escocês Antigo e Aceito. Este último havia
sido introduzido em 1829 e seu Supremo Conselho, fundado em 1832,
sendo Obediência independente, começava a criar suas próprias Lojas.
Em 1842, com a promulgação de uma nova Carta Magna do Grande
Oriente do Brasil, foi reorganizado o Grande Colégio dos Ritos, com os
três ritos então praticados, o que mostra como foi extemporânea a
comemoração, em 1992, no Rio de Janeiro, do "sesquicentenário" da
Oficina Chefe do Rito Moderno (4).
A incorporação, em 1854, do Supremo Conselho do Rito Escocês ao
Grande Oriente do Brasil, teria de provocar uma modificação no
Grande Colégio de Ritos, do qual já não faria parte o Escocês. Assim, de
acordo com a Constituição de 1855, foi criado, apenas para atender aos
Ritos Moderno e Adonhiramita, o Sublime Grande Capítulo dos Ritos
Azuis (5).
Em 1863, ocorreria uma dissidência, no Grande Oriente do Brasil,
liderada por Joaquim Saldanha Marinho, sendo criado o Grande
Oriente do Vale dos Beneditinos --- que, depois de uma fracassada
tentativa de reunificação, passou a se denominar Grande Oriente
"Unido" --- em alusão ao seu local d funcionamento. Nesse Grande
Oriente, o Rito Adonhiramita floresceu, chegando, o número de suas
Lojas, a suplantar o do Grande Oriente do Brasil : neste, foram
fundadas as Lojas "Aliança", em 1869, e "Redenção", em 1872,
perfazendo três Lojas do rito, contra cinco, existentes, na mesma
época, no Grande Oriente dos Beneditinos.
Com essas três Lojas, o Grande Oriente do Brasil criou, pelo Decreto nº
21, de 2 de abril de 1873, o Grande Capítulo dos Cavaleiros
Noachitas, ligado, como Supremo Conselho Escocês, ao Grande
Oriente, que era uma Obediência mista (simbólico-filosófica), numa
situação que iria perdurar até 1951. Nesse ano, a 23 de maio, pelo
Decreto nº 1641, o Grão-Mestre do GOB, Joaquim Rodrigues Neves,
promulgava a nova Constituição, a qual passava a reger apenas a
Maçonaria Simbólica, fazendo com que o Grande Oriente voltasse a ser
uma Obediência estritamente simbólica, separando-se das Oficinas
Chefes de Rito. A Constituição esclarecia que o Grande Oriente "com
elas mantém relações da mais estreita amizade e tratados de
reconhecimento, mas não divide com elas o governo dos três
primeiros graus, baseados na lenda de Hiram, que exerce na mais
completa independência em toda a sua vasta jurisdição" (o grifo é
meu).
A partir daí, assim como o Supremo Conselho do Rito Escocês, o
Grande Capítulo dos Cavaleiros Noachitas passava a ser uma
Obediência independente, separada do GOB, passando, de acordo com
os seus estatutos, elaborados em 1953, a se denominar Muito
Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas
para o Brasil (já modernizada a grafia de "noachita", termo alusivo a
Noha, ou Noé).
A 15 de abril de 1968, era assinado, entre o Grão-Mestre do Grande
Oriente, Álvaro Palmeira, e o então Grande Inspetor do Sublime Grande
Capítulo, Josué Mendes, um Tratado de Aliança e Amizade entre as
duas Obediências. Com a morte, em 1969, de Josué Mendes, Aylton de
Menezes assumiu o cargo de Grande Inspetor, tratando de alterar,
totalmente, a estrutura administrativa do rito, que, há muito, não era
mais praticado em qualquer outro país do mundo. Com isto, de acordo
com sua Constituição, promulgada a 2 de junho de 1973, o Sublime
Grande Capítulo passou a se denominar Excelso Conselho da
Maçonaria Adonhiramita, enquanto o Grande Inspetor assumia o
título de Magnífico Patriarca Regente. Conforme os termos da
Constituição,, os poderes e autoridades do Sublime Grande Capítulo
eram transmitidos ao Excelso Conselho, embora o tratado de 1968,
com o GOB, tivesse sido feito em nome do Grande Capítulo. Além da
alteração administrativa, os graus adonhiramitas eram, então,
aumentados de treze para trinta e três.
Em 1973, por uma cisão no Grande Oriente do Brasil, surgiram os
Grandes Orientes estaduais independentes, ou autônomos. Alguns
criaram Lojas adonhiramitas, mas não promoveram essa modificação
estrutural, surgida no âmbito do Grande Oriente do Brasil. Foi o caso
da pujante Maçonaria Adonhiramita do Grande Oriente de Santa
Catarina --- depois transformada em Oficina Chefe do rito, em âmbito
nacional, para todos os Grandes Orientes independentes --- que já
promoveu diversos encontros estaduais e nacionais, com pleno
sucesso. Ali, a Oficina Chefe do Rito continua sendo o Sublime Grande
Capítulo, é dirigida por um Grande Inspetor e adota o Rito
Adonhiramita original, sem o acréscimo de graus.
Rituais e Ritualismo
Não foram feitos muitos rituais adonhiramitas dos graus simbólicos, no
Brasil (menos ainda nos Altos Graus). Os primeiros utilizados, na
primeira metade do século XIX, eram, simplesmente, uma tradução
feita --- e mal feita --- da "Compilação Preciosa". Somente em 1873,
diante da iminente criação do Grande Capítulo Noachita, é que o
Grande Oriente do Brasil editaria o Regulamento dos Graus de
Aprendiz, Companheiro e Mestre (o Grande Oriente dos Beneditinos já
possuía esses rituais). Esse regulador dos três graus simbólicos seria
reeditado em 1916 e em 1938. Depois disso, surgiriam novas edições,
com mais freqüência.
As práticas ritualísticas do Rito Adonhiramita são, seguramente, das
mais belas, entre as dos diversos ritos praticados em nosso país. Se o
Rito Schroeder é, sem dúvida nenhuma, o mais simples e objetivo, o
Adonhiramita é o mais complexo e o de maior riqueza cênica, não só
nas cerimônias magnas de iniciação, elevação e exaltação, mas até nas
sessões mais simples, quando nenhuma das práticas próprias do rito é
omitida.
E essas práticas são, por exemplo, a cerimônia de incensação --- que
tem sido imitada, indevidamente, por outros ritos --- o cerimonial do
fogo (reavivamento da Chama Sagrada, tirada do Fogo Eterno) e as
doze badaladas argentinas, também copiadas, erradamente, por outros
ritos, em todas as sessões. E, no cerimonial de iniciação, a cena da
"traição", de grande beleza cênica, profundo conteúdo dramático e alto
teor educativo, pois, além de mostrar quão execrável é o traidor de
seus próprios princípios, ainda ensina uma lição moral e uma verdade
social: ninguém pode ser condenado, sem um julgamento imparcial. A
cerimônia final da câmara ardente --- também muito copiada, inclusive
em algumas edições de rituais escoceses --- é decorrência da cena
inicial da "traição", que os demais ritos não possuem. Todas essas
imitações apenas confirmam a beleza cênica do rito.
Adonhiramita ou Adoniramita?
Na apresentação da edição francesa do "Recueil Précieux", esclarece-se
que, para o autor. Saint-Victor, Adonhiram era um patronímico de
Hiram, composto, portanto, dos termos Adon e Hiram (Adon-Hiram), e
não o preposto às corvéias, Adonhiram.
No idioma português, a letra "h", inicial da segunda palavra, de termos
compostos, é mantida quando há hífen. O hífen serve para ligar
elementos de palavras compostas, que mantêm sua própria
acentuação, ou seja, sua independência fonética, quando o conjunto
constitui uma identidade semântica, mesmo que os seus elementos
percam a identificação, desde que considerados isoladamente ; serve,
também, para a formação de palavras, a partir da aglutinação dos
prefixos com outros elementos (exemplos : anti, extra, intra). Em
outros casos de palavras compostas, ou com outros prefixos (como, por
exemplo, o prefixo "in"), o "h" da segunda palavra desaparece.
Exemplos: inabitável, desarmonia, desidratado, hiperemia, lobisomem,
desumano, coonestar, reabilitação, etc.).
Como o termo composto "adonhiramita" é escrito sem o hífen, ele
perderia, portanto, segundo as regras gramaticais, o "h". Para manter a
letra, como pretendem muitos, só se a grafia fosse adon-hiramita, com
hífen.
Isso, salvo melhor juízo, pois não é minha intenção transformar uma
simples questão gramatical num "casus belli".
______________________
Notas
1. O personagem Adonhiram, ou Adoram, ou Hadoram, citado em Reis
I, Samuel II e Crônicas II, era encarregado dos impostos e dos
prepostos às corvéias. Preposto é o auxiliar encarregado de certos
negócios e que age em nome e por conta de um patrão, um preponente.
Corvéia era o trabalho ou o serviço gratuito --- praticamente um
trabalho escravo --- que as pessoas tinham de prestar ao rei (também
presente no feudalismo europeu). Adonhiram, portanto, era o
contratante dessa atividade servil, como preposto de Salomão e,
depois, de Roboão. Ele foi apedrejado, até à morte, pelos hebreus de
dez tribos, os quais, a partir desse dia foram considerados infiéis à casa
de David como consta em Reis I, 12 - 18 e 19 (a referência é ao cisma
de 920 a.C., quando os hebreus dividiram-se em dois Estados : Israel e
Judá). A apresentação da edição francesa do "Recueil", todavia, situa
que Adonhiram é nome composto do hebraico "Adon" e "HIram", de
acordo, inclusive com o próprio autor. A lenda do 4º grau confirma
isso.
2. Esses dados são unanimemente citados por respeitáveis
pesquisadores franceses, como Paul Naudon, Alec Mellor e Bayard.
3. Da ata da sessão do 22º dia do 4º mês maçônico do Ano da
Verdadeira Luz 5822 (12 de julho de 1822), do Grande Oriente, consta
a discussão de proposta de elevação ao grau de Eleito Secreto (o quarto
grau do Rito Moderno), dos Irmãos Zimmerman, Sertório, Ícaro, Castor
e Vasco da Gama (nomes simbólicos, costume da época, hoje só
mantido pelo Rito Adonhiramita). Mais adiante, na mesma ata, em
resposta ao pedido de elevação ao mestrado, de outros obreiros, consta
que ficaram na espera os Irmãos Curius, Procion, Celso, Lycurgo e
Baudeloque, mandando recomendar, a Grande Loja (órgão executivo
do Grande Oriente), a esses obreiros, que se lembrassem de que,
adotada a Maçonaria dos sete graus, o grau de Mestre tornava-se muito
respeitável e que, se eles tinham verdadeiro amor pela Ordem,
deveriam querer que fosse mais lenta essa concessão de graus, para
torná-los mais valiosos (uma verdadeira lição para os afoitos, que
querem subir a jato, sem conhecimentos suficientes).
4. O Grande Capítulo do Rito Moderno, na realidade, só surgiria em
novembro de 1874, depois da criação do Grande Capítulo Noachita e a
conseqüente saída deste do Capítulo dos Ritos Azuis. O atual título da
Oficina Chefe, Supremo Conselho do Rito Moderno para o Brasil, é bem
mais recente, de 1976.
5. Isso porque os ritos Moderno e Adonhiramita são azuis,embora o
Escocês, embora tenha várias cores, é, predominantemente, vermelho.
Do livro "Fragmentos da Pedra Bruta" - volume II - Editora A Trolha - 2001. Como o
primeiro volume, este também apresenta artigos e trabalhos ainda não inseridos em outros
livros.
4 – Significado e Simbolismo do Avental
dentro da Ritualística
Ir.·. Eduardo Grytz
Introdução – Significado e Simbolismo do
Avental dentro da Ritualística.
Um conjunto importante de significados e símbolos relativos ao
Avental do Aprendiz pode ser aprendido ainda durante a cerimônia de
Iniciação pela qual passa todo Maçom.
Ao lhe ser entregue o Avental, a ele e dito que esta é a insígnia
distintiva do Maçom. E que esta insígnia é mais antiga que o Tosão de
Ouro ou a Águia Romana, e que é mais honrosa que a Ordem da
Jarreteira, ou que qualquer outra Ordem existente. Dentro da própria
seqüência do ritual, o Maçom aprende que o Avental é o símbolo da
Inocência, e o laço da Amizade, e que se ele não o desonrar, o Avental
também não o desonrará.
Para se entender melhor o texto trazido na Iniciação com relação às
ordens e símbolos com os quais o Avental é comparado (e apresentado
como mais honroso), cabe mencionar brevemente sobre cada uma: a
Ordem da Jarreteira é a mais alta e mais antiga comenda britânica,
tendo sido instituída pelo rei inglês Eduardo III em 1348, com o
objetivo de premiar e reconhecer os que se destacavam pela lealdade à
Coroa e pelo mérito militar. O Tosão de Ouro, por sua vez, foi uma
ordem de cavalaria instituída em 1420 por Filipe, o Bom, Duque de
Borgonha, voltada para a defesa do reino e da fé cristã, e também
distintiva daqueles que a ela pertenciam. Seu nome teve base no mito
do herói grego Jasão, que passa por aventuras para conquistar a pele
(tosão) de um carneiro que possuía lã de ouro, e assim reconquistar
para si o reinado que havia sido tomado de seu pai (possivelmente
aqui esteja um outro motivo para a comparação com o Avental trazida
pelo texto da Iniciação, uma vez que o Avental Maçônico
originariamente era feito da pele do carneiro). Já a Águia Romana
simboliza o poder e a força que o império romano teve durante o seu
auge.
Uma das possíveis explicações do porque o Avental, como símbolo da
Inocência, representa uma honra maior para o Maçom do que todas
estas outras Ordens e símbolos é a de que, com relação a estes, todos
podem ter de se curvar aos caprichos de governantes ou do poder, mas
com relação a Inocência, que em si própria é uma verdadeira virtude,
isto não poderá ocorrer.
Para se entender com mais profundidade o conceito de Inocência
simbolizada pelo Avental do Aprendiz, vale trazer uma das definições
citadas no dicionário Houaiss para a palavra: a Inocência é a qualidade
de quem é incapaz de praticar o mal; é o estado daquele que não é
culpado de uma determinada falta ou crime.
Ainda durante a cerimônia de Iniciação, o V.·.M.·. acrescenta que o
Avental também simboliza o laço de amizade, e que jamais deverá ser
usado por um Maçom ao visitar uma Loja em que haja um Ir.·. com
quem tenha qualquer desentendimento. O Avental só poderá ser usado
por ambos após a resolução da pendência, para que assim trabalhem
com o amor e harmonia que devem caracterizar todos os Maçons. E se
isto não for possível, então é recomendado que um ou ambos não
participem da reunião da Loja, para que a sua harmonia não seja
perturbada.
Os conceitos de Inocência e do laço de Amizade que o Avental
simboliza, e que são apresentados ao Maçom durante a Iniciação, são
desenvolvidos ao longo do texto do livro do Ritual do Primeiro Grau,
no Rito de York, que explica com relação ao material e à cor que
caracterizam o Avental, que estes tomam como base a pele do carneiro,
que, desde tempos imemoriais, é reconhecido como um símbolo da
pureza e também da inocência. Estes elementos servem então para
lembrar o Maçom constantemente da pureza necessária em sua vida e
em seus atos, que deve distingui-lo em todos os momentos, e que é
uma condição para sua entrada na Grande Loja do Além, onde os
abençoados descansam.
Feita uma análise inicial do significado do Avental de Aprendiz a partir
do conteúdo da ritualística, pode-se procurar entender o contexto do
surgimento e da evolução do simbolismo atribuído ao Avental do
Aprendiz, para conhecer outros aspectos quanto a suas possíveis
interpretações.
Surgimento e Evolução do Simbolismo e Significado do Avental.
Diferentes correntes de escritores Maçônicos propõem explicações
alternativas com relação ao surgimento e a evolução do simbolismo e
do significado do Avental Maçônico. De maneira geral, estas correntes
ressaltam, entretanto, que o avental, como um paramento, tem sido
utilizado por diferentes culturas ao longo da História com múltiplas
finalidades e em situações diversas.
Entre suas utilizações estiveram desde a de encobrir e proteger, a de
enfeitar, a de diferenciar classes sociais, e também, segundo muitos, a
de servir como elemento de significado dentro de alguns ritos
religiosos.
Desta forma, as diferentes explicações existentes a respeito do
surgimento e da evolução do simbolismo do Avental Maçônico
dependem significativamente da corrente de pensamento seguida e
das premissas aceitas por estas correntes.
Alguns escritores remetem a origem do significado e do simbolismo do
Avental para aspectos da religião e do misticismo, citando como
referência para estes a descrição bíblica da cobertura de pele tecida
por Deus para Adão após a sua descida do Paraíso Bíblico. Outros,
dentro desta mesma corrente de pensamento, vinculam a origem da
utilização do Avental, como paramento dotado de significado e
simbolismo, às iniciações religiosas dos ritos chamados de Antigos
Mistérios, que são os rituais religiosos místicos que teriam sido
praticados no Egito antigo (os mistérios de Isis e Osíris), aqueles
praticados pelos Persas, pelos Hindus, e, em períodos posteriores,
pelos Essênios.
Albert G. Mackey, em sua obra Symbolism of Freemasonr (1), menciona
que o avental formava uma parte da vestimenta dos sacerdotes
israelitas. Este, com o restante do vestu|rio, era para ser usado “para
gloria e para beleza”, e também “como emblema daquela santidade e
daquela pureza que sempre caracterizou a natureza divina e a
veneração que ela merece”. O autor menciona ainda que nos mistérios
persas de Mitra, o candidato, tendo recebido, primeiro, a luz, é
revestido com uma cinta, uma coroa, ou uma mitra, uma túnica de cor
púrpura, e, finalmente, com um avental branco.
Em contraposição a esta linha de pensamento, outros autores remetem
a origem do significado e do simbolismo do Avental Maçônico ao
avental de trabalho utilizado pela Maçonaria Operativa, o qual teria
sido adotado como insígnia, posteriormente, pela Maçonaria
Especulativa.
Portanto, o Avental teria sido inicialmente uma peca do vestuário, ou
protetora do vestuário, utilizada pelos Maçons Operativos para o
desempenho do seu trabalho, tendo, desta forma, a sua origem nas
guildas (as corporações de oficio que regulavam o trabalho artesão
durante a Idade Média). Estes eram feitos, em sua função original, de
pele ou de lona.
Com relação às características envolvendo o trabalho dos Maçons
Operativos, o fornecimento de aventais e luvas pelo mestre aos
aprendizes do oficio foi uma prática bastante comum, e aparece
refletida em alguns contratos de trabalho datados de 1355 e 1430, bem
como em outros mais recentes, de 1685 e 1723.
Assis Carvalho (2) citando a obra “London in the Eighteenth Century”,
de Sir Walter Besant, menciona também que, por volta de 1750, a
indumentária das diversas classes artesãs e operativas tinha função
muito semelhante à de um uniforme, pela qual a profissão de seu
portador poderia ser facilmente reconhecida. Dessa forma, assim como
os maçons operativos usavam aventais semelhantes (e específicos da
sua atividade), da mesma maneira, os aventais portados por
carpinteiros, sapateiros, cervejeiros, ferreiros, pintores etc. também
mantinham cada qual um padrão semelhante e especifico, e serviam,
da mesma forma, como uma maneira para a identificação dos
profissionais de cada uma destas classes profissionais.
Segundo os autores desta linha, o avental do Maçom Operativo teria
sido então adotado posteriormente pelo Maçom Especulativo como um
emblema, um símbolo para o trabalho, para a amizade, para a pureza e
para a inocência. Como símbolo do trabalho ele refletiu, conforme
escreve H.L. Haywood (3), uma profunda mudança de atitude da
sociedade com relação a este, fosse manual ou intelectual, que era
antes desprezado pelos nobres, mas agora considerados símbolos de
uma
vida
honrada.
Com relação a este processo de adoção, na fase de início da Maçonaria
Especulativa, o Avental utilizado, seguindo o modelo usado por Maçons
Operativos em seu trabalho, era feito de uma simples e desalinhada
pele de cordeiro branca, sem forro, segura por cordões que passavam
pelos ombros e pelo pescoço. O Avental branco, hoje paramento
exclusivo dos Aprendizes, era usado nesta época por todos os Maçons.
Entretanto, a pele de carneiro curtida, que de acordo com os autores
desta corrente representava uma efetiva proteção para a roupa dos
Maçons Operativos em seu ambiente de trabalho, muitas vezes
prejudicava as roupas mais finas utilizadas pelos Maçons
Especulativos. Assim, estes passaram a forrar a pele de carneiro com
seda ou outro material, para minimizar este inconveniente. Segundo o
The Freemason’s Pocket Reference Book(4), estas modificações vieram
a acontecer a partir de 1731.
A partir daí então, e principalmente no último terço do século XVIII,
muitos dos Aventais dos Maçons Especulativos que tiveram a pele de
carneiro, rústica e sem trato, substituída por lona ou brim brancos,
passaram a ser, muitas vezes, decorados ou ornamentados com
emblemas, divisas e símbolos maçônicos.
Muitos deles passaram a ser pintados sob encomenda dos seus
proprietários, resultando, em muitos casos, em trabalhos bastante
sofisticados e muitas vezes em verdadeiras obras de arte. Nesta fase,
portanto, muitos Aventais foram desenhados, pintados ou bordados ao
próprio gosto. Alguns dos museus maçônicos da Europa e dos Estados
Unidos hoje estão repletos destas peças. Um destes aventais, o Moira
(nome dado tanto à Loja de Honra como ao Avental, em homenagem ao
maçom Inglês Francis Rawdon, 2o. Conde de Moira), foi pintado por
William Armfield Hobday, um pintor de retratos e miniaturista, e se
converteu no avental mais famoso e mais caro da Inglaterra (5).
Dada a grande diversidade e diferença entre os Aventais usados
durante esta fase, a Grande Loja da Inglaterra, em 1815, determinou a
uniformização dos Aventais Maçônicos, surgindo dai os atuais Aventais
ingleses, e também o Avental do Rito de York. A regulamentação
manteve inicialmente os Aventais feitos de pele de carneiro, que eram
então forrados, sendo estes mais tarde substituídos por tecido e por
outros materiais.
Outros Significados e Simbolismos Atribuídos ao Avental
Maçônico
Muitos autores desenvolveram ainda outras perspectivas com relação
aos possíveis significados e simbolismos associados ao Avental
Maçônico.
Com relação à importância do Trabalho, e do Avental como um símbolo
que remete a ele, o escritor Plantageneta(6) escreve que “...o Trabalho
é o objetivo primordial do Maçom e a função essencial do homem na
sociedade... A vida nada é, a morte nada é, só o Trabalho fecunda uma,
e enobrece a outra...”. Quanto { cor branca do Avental, o mesmo autor
escreve que “...o ‘trabalho’ só e um castigo quando realizado com fins
egoístas. Para que seja uma fonte inesgotável de alegria, é preciso que
seja amado pelo que é; é preciso que ele não seja função única de
causas degradantes; e este é o motivo pelo qual o Avental é branco,
imaculado, e puro”.
Ao comentar também a cor do Avental, Adolfo Terrones Benitez (7)
escreve que o branco não é uma cor em si, mas é a representação da
Luz, dentro da qual ele próprio não aparece. Assim, a cor branca é um
símbolo para a Ciência, a Sabedoria, e a Verdade (pois ela não pode ser
associada a nenhuma parcialidade).
Segundo Júlio Doin Vieira (8), o Avental também pode ser um símbolo
da vestimenta corpórea da alma, ou seja, aquela que ela fabrica por
meio de seus próprios desejos e pensamentos. Dessa forma, conforme
estes sejam puros ou impuros, assim também será o corpo físico
correspondentemente transparente e branco, ou denso e opaco. O
Avental, portanto, representa a vestidura feita pela própria alma, com
o material do seu próprio Eu, de maneira tal que marca o seu próprio
progresso.
Outros autores explicam que o Avental Maçônico, por cobrir a parte
inferior do corpo, e, sobretudo, o baixo-ventre, representa a separação
da sede da afetividade e das paixões, para que a parte superior do
corpo, sede das faculdades da razão e do espírito, participe da maneira
adequada do trabalho espiritual.
Já um grande grupo de autores utiliza a Geometria, ciência Maçônica
por excelência, para suas explicações com relação aos significados e
símbolos que o Avental de Aprendiz comporta. Estes autores
apresentam o Avental Maçônico como uma representação do
“tern|rio” (a abeta) que esta sobre o “quatern|rio” (o quadrado do
Avental).
Estes dois elementos em conjunto (o triângulo e o quadrado), implicam
no número sete, que por si só remete à diversas interpretações
especificas (inclusive a da necessidade da presença de sete M.·.M.·.
para a abertura da Loja, ou, guardando possíveis semelhanças com a
doutrina judaica, às sete voltas dadas com o laço do Tefilin – filactério –
que é colocado no braço, e que são feitas separando as três primeiras
voltas das quatro seguintes).
O autor Adolfo Torres Benitez (9) escreve, seguindo esta linha, que o
triângulo constitui a mais perfeita das figuras geométricas, pois, na
seqüência do ponto, de uma reta, e de um ângulo (união de duas retas),
é a primeira figura a formar a medida de área. O quadrado, dentro do
qual podem ser encontrados dois triângulos, é a figura que lhe segue
em perfeição. O Avental de Aprendiz, com a abeta levantada, forma a
figura de um polígono de cinco lados, convertendo-se em uma figura
geométrica mais avançada que o quadrado.
Neste esquema de idéias, o triângulo seria o emblema do espírito do
homem, e de todas as forças suscetíveis de educação e de progresso; o
quadrado seria o representante da matéria, e do corpo, e de todas as
forças materiais suscetíveis de modelação e transformação; o polígono
de cinco lados, formado pela maneira como o Aprendiz utiliza o seu
Avental, representa então o trabalho material que o Iniciado começa a
fazer, ao modelar a Pedra Bruta. A abeta abaixada indica que o espírito
penetra progressivamente na matéria, e que o Iniciado caminha no
sentido de dominar as suas paixões e seus vícios.
Outras explicações simbólicas que adotam a Geometria como base
associam o Avental ao Triangulo de Pitágoras (que tem lados menores
de dimensões três e quatro, e hipotenusa de dimensão cinco,
remetendo, dessa forma, ao triângulo, ao quadrado e ao polígono de
cinco lados formado pelo Avental do Aprendiz), e também, na
interpretação de Luis Umbert Santos (10) ao símbolo do compasso
sobre o esquadro, o compasso remetendo ao conceito do triângulo, o
esquadro ao do quadrado, e o conjunto de ambos ao polígono de cinco
lados formado pelo Avental de Aprendiz.
Conclusão
Em minha opinião, a partir de minhas vivências em meio a meus IIr.·.
na Fraternidade Acadêmica Canaã, e dentro da Maçonaria em geral,
entendo que, além de todas as conotações, significados e símbolos
expostos anteriormente com relação ao Avental do Aprendiz, ele pode
nos remeter também a idéia de que, como Aprendizes que somos, e, a
partir de nossa Iniciação, temos a oportunidade de revisar os nossos
atos particulares e em sociedade com base nos princípios Maçônicos
que estamos aprendendo, e que, portanto, como Aprendizes, hoje
começamos os nossos trabalhos a partir de um quadro, representado
pelo Avental de Aprendiz, totalmente Branco. As cores, formas e
conteúdo que iremos produzir, vestindo nossos Aventais, a partir desta
fase, dependerá exclusivamente de nós e do nosso esforço em
apreendermos e praticarmos corretamente os conceitos com os quais
estamos tendo contato. Isto vale também para os rabiscos ou manchas
que eventualmente venhamos a criar. Que possamos evitar que eles
aconteçam, ou corrigi-los quando assim não conseguirmos.
Que possamos como Aprendizes e Maçons fazer com que os nossos
Aventais permaneçam continuamente limpos, e que possamos nos
orgulhar dele toda vez que o coloquemos perante os nossos IIr.·. em
Loja.☆
5 – Perguntas e Respostas - Ir Pedro Juk
Questão apresentada pelo Respeitável
Irmão Rogério Heringer, Loja Gralha
Azul, 3.721, GOB-PR, Oriente de Londrina,
Estado do Paraná.
[email protected]
Estimado Irmão Pedro Juk. L. I F Sirvo-me do
presente para esclarecer uma dúvida que tenho quanto ao uso
da palavra pelo Mestre de Cerimônias e pelo Cobridor no Rito
Moderno. O Ritual menciona que: ..."Sempre que um Ir.'.
solicitar a palavra, deverá pronunciá-la de pé e à ordem"... E,
na sequência... "O M.'. de CCer.'. e o Cobr.'. falarão em pé,
PORTANDO AS ESPADAS"...
Sendo assim os mesmos não farão o sinal de ordem ao
efetuarem a saudação? Ou seja, farão a saudação e o uso da
palavra "portando" a espada na mão direita, verticalmente, com
a ponta para cima, antebraço à frente estendido
perpendicularmente junto ao corpo.
Está certo o meu raciocínio? Esta é a única exceção?
CONSIDERAÇÕES:
A questão de se estar à Ordem carece antes de uma pequena
explicação. O termo “em pé e a Ordem” assume certo caráter de
redundância, pois nos ritos que preconizam esse costume, todos os
Obreiros que estiverem em pé e parados em Loja aberta, estarão à
Ordem.
Dessa dicotomia acabou surgindo o tal “Sinal de Ordem” quando é
sabido que o Sinal é o Penal composto em se estando à Ordem, ou
seja: corpo ereto com os pés em esquadria.
Dessa posição se compõe o sinal do Grau com a mão.
Desse princípio costumeiro o Obreiro em pé e parado na forma de
costume estará à Ordem compondo o Sinal do Grau (penal),
todavia, se o mesmo estiver empunhando um objeto de trabalho (no
caso uma arma), este não fará o sinal com o instrumento, isto é:
não usará o instrumento para compor o Sinal.
Assim ele ficará com o corpo ereto e os pés em esquadria (à
Ordem), porém na posição determinada de rigor com o, no caso, a
espada. Nessa posição o Obreiro não estará fazendo Sinal, senão
se postando empunhando a espada na forma habitualmente
preconizada. Um Irmão disposto nessa situação para fazer o uso da
palavra não faz sinal algum, entretanto antes se dirige aos Irmãos
na forma de costume (Venerável Mestre...) e em seguida dela faz o
uso.
Se o rito não previr o uso de espada embainhada, o Cobridor e
Mestre de Cerimônias assumem essa posição que, em linhas gerais
é conhecida como “de rigor”. No caso de estarem estes com as
suas respectivas espadas embainhadas, então eles comporão
normalmente o Sinal na forma costumeira.
Talvez, pelo ritual não previr o uso de receptáculo (bainha) para o
uso da espada, este exare na forma identificada pelo Irmão.
Note que a nota explicativa aponta para que os mesmos falem em
pé, evidentemente que os respectivos pés estarão em esquadria.
T.F.A.
PEDRO JUK - [email protected] - OUT/2011
NÃO FIQUE NA DÚVIDA.
Pergunte ao [email protected]
Não esqueça de mencionar nome completo, Loja,
Oriente, Rito praticado e Obediência.
O Irmão receberá a resposta diretamente do Ir Pedro
Juk e através do JB News.
6 – Destaques JB
O Medo
Interessante o link abaixo sobre o medo. A fala provoca algumas
reflexões que valem a pena meditar. A colaboração veio do Ir. Jarlei
Sartori, da Loja Estrela de Herval nr. 3334, de Joaçaba SC.
. http://www.youtube.com/watch?v=jACccaTogxE&feature=youtu.be
Para a posteridade:
Avenida Paulista, São Paulo, dia 12 de outubro de 2011
Agora, silêncio, por favor, eu estou ouvindo a
www.radiosintonia33.com.br
Rádio Sintonia 33 e JB News.
Uma dobradinha incrível.
Rede Catarinense de Informações Maçônicas
Regente Feijó – SP.
A mensagem abaixo transcrita melhor expressa a sensibilidade do Ir.
Adilson Zotovici, nosso poeta colaborador do
“Fechando a Cortina” dos sábados.
A dedicação desses versos homenageia
o Ir. Pedro Juk:
“Caríssimo Ir:. Jeronimo, bom dia !
Segue anexo, uma singela homenagem ao nosso valoroso irmão
e “Grande Mestre” Pedro juk, o qual não tive ainda a alegria
de conhecê-lo pessoalmente, mas, talvez, o conheça ao menos
um pouquinho, através de seu trabalho, que como já falamos,
é muitíssimo importante, empregando seu vasto conhecimento
em prol da nossa Sublime Instituição...e isso, é o mais importante.
Peço ao Ir que dentro de sua possibilidade, transmita ao Ir:. Pedro,
minha humilde mas, profunda admiração.
Um TFA - Ir:. Adilson Zotovici”
GRANDE MESTRE
Perdoe-me o atrevimento !
De em poucas linhas tentar
Expressar tanto sentimento,
Por quem bem vive, a ensinar!
Mestre prestimoso e atento !
Usa da vasta sabedoria,
Com firmeza, com desprendimento,
Pra ser de todos, bom guia !
Mas fato real, eu avento !
Ledo engano, se imaginar
Que tanto conhecimento,
Por si só, veio brotar !
Destarte, tese, sustento ;
De quem falo, com alegria,
Aliado, ao seu nato talento...
Há estudos, à porfia !
Pra chegar ao acabamento
Pedras, houve, que lapidar
Junto a bom místico cimento,
Em sua obra interior, de invejar !
Tudo isso, é embasamento !
Que faz fluir, simples poesia
A quem traz encantamento
Pelo saber, pela maestria !
Quis assim, nesse momento
Junto a quem, assim pensar,
Como justo acontecimento
Essa homenagem prestar !
Olho, pois, o firmamento
E rogo ao PAI com euforia;
Proteção e agradecimento
A esse irmão, da Maçonaria !
Adilson Zotovici
ARLS Chequer Nassif-169
São B. do Campo - SP
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Informativo nr. 0413