20 11 ID: 52897892 José Manuel Silva é eleito bastonário da Ordem dos Médicos Carlos Castro, cronista, é assassinado em Nova Iorque, e o jovem Renato Seabra, de Cantanhede, acabará por ser condenado pelo homicídio João Gabriel Silva é o novo reitor da Universidade de Coimbra Morre José Barros, presidente da APCC Idealmed anuncia construção de novo hospital privado em Coimbra Morre Duarte Silva, ex-presidente da Câmara da Figueira da Foz 15-03-2014 | Aniversário Tiragem: 12000 Pág: 49 País: Portugal Cores: Cor Period.: Ocasional Área: 26,85 x 30,22 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 2 Peripécias do novo Pediátrico de Coimbra DB-Gonçalo Manuel Martins Está em Coimbra o único hospital pediátrico construído de raiz em Portugal. Mas falta ainda apurar a história final das vicissitudes várias, que fizeram disparar os seus custos F inalmente, a 5 de fevereiro de 2011, após anos de adiamentos, o Hospital Pediátrico de Coimbra Professor Carmona da Mota é inaugurado, com direito à presença do primeiro-ministro José Sócrates e da ministra da Saúde, Ana Jorge. Para trás ficam praticamente duas décadas de luta pela construção de um hospital para crianças, uma batalha que provocou várias demissões, a forma de protesto dos médicos que defendiam a nova unidade de saúde, pela imperiosa necessidade de melhorar as condições de assistência às crianças. Mas hoje, três anos depois da inauguração, a história final do novo Pediátrico de Coimbra continua por escrever, até que terminem as investigações, a cargo da Polícia Judiciária, à alegada fraude que envolveu a sua construção, que acabaria por custar o dobro do orçamentado. Adjudicada a construção do novo Hospital Pediátrico de Coimbra ao consórcio Somague/Bascol, pelo ministro social democrata Luís Filipe Pereira, a empreitada ficaria marcada por vários atrasos na fase de construção do edif ício, alegadamente devido à descoberta de linhas de água no subsolo, cuja existência agora se coloca em causa. O edifício, que abriu três anos depois do previsto – as obras começaram em 2005 e deveriam ter ficado prontas em 2007 – custou 92 milhões de euros (embora tenha sido adjudicado por cerca de 45 milhões), somando a construção, os equipamentos e os proverbiais atrasos. Suspeitas de burla As suspeitas de burla na construção, que pode ter chegado a milhões de euros, estão a ser investigadas pela Polícia Judiciária. Inaugurado há três anos, o Pediátrico de Coimbra já precisa de obras. Os defeitos, atribuídos a trocas de materiais e erros de construção, que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) imputa ao consórcio, exigem obras que custarão vários milhões. Por outro lado, um exfiscal da obra, João Costa da Silva, acusou de fraude o consórcio construtor, que terá inflacionado a obra em 27 milhões de euros em relação ao orçamentado, devi- do à existência da tal linha de água e de rocha no subsolo. Na altura, o consórcio construtor terá apresentado 10 milhões de euros de custos imprevistos e conseguiu ainda uma indemnização de 16,7 milhões em ação arbitral ganha à Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC). Contudo, recentemente, uma vistoria no local feita pela IGAS, através de 46 furos feitos no terreno, não encontrou qualquer água no subsolo. Um conjunto de desconfianças que, a serem provadas, explicam como derraparam tanto os custos da obra. A ponto de, na altura, muitas vozes começarem a pôr em causa o acerto de construir o novo hospital, que se afigurava sobredimensionado. Poucos dias antes da inauguração do novo Hospital Pediátrico de Coimbra, a ministra Ana Jorge admitiu, em entrevista ao DIÁRIO AS BEIRAS, que, “arquitetonicamente, o novo hospital não foi pensado para crianças” e, “pelo seu tamanho, exigiria mais pessoal”. Condições precárias Até à transferência para o novo e colorido edif ício, o DB-Luís Carregã Pediátrico de Coimbra funcionou 33 anos num imóvel que fora um convento e, posteriormente, um sanatório para mulheres e crianças, onde se instalara em 1977, pela mão de Santos Bessa e Bissaya Barreto. Poucos anos depois começam a acentuar-se as deficiências e insuficiências f ísicas do velho edif ício, dificultando a missão dos profissionais que lutavam pelos melhores serviços para as crianças. Mas foram necessárias muitas lutas para que, após adiamentos e recuos, o novo hospital começasse a tomar forma. Até lá, fica a memória dos desesperos dos profissio- nais que zelavam pela saúde das crianças numa estrutura tão precária que, por falta de condições, chegou a obrigar a encerrar serviços e a suspender consultas e cirurgias. Peripécias à parte, a inauguração do novo hospital de crianças fez justiça ao trabalho dos muitos pediatras que criaram e deram nome à escola de Pediatria de Coimbra, e à sua reconhecida diferenciação técnica, tal como a atribuição ao novo hospital do nome de Henrique Carmona da Mota, primeiro diretor clínico do Pediátrico de Coimbra. | Dora Loureiro ID: 52897892 primeira página 15-03-2014 | Aniversário Tiragem: 12000 Pág: 50 País: Portugal Cores: Cor Period.: Ocasional Área: 26,45 x 14,80 cm² Âmbito: Regional Corte: 2 de 2 DB-Luís Carregã protagonista Jorge Seabra, ex-director do Serviço de Ortopedia do HPC DB-Gonçalo Manuel Martins Obra foi iniciada em 2005, por Luís Filipe Pereira, e só viria a ser inaugurada em 2011, por José Sócrates O velho Hospital Pediátrico de Coimbra (HPC) instalara-se, em 1977, num velho convento usado como sanatório de mulheres, pouco vocacionado para o tratamento de crianças e adolescentes. Os pais viam-se obrigados a dormir em cadeiras, os médicos disputavam duramente os gabinetes de consultas e o Bloco Operatório, apenas com duas salas, limitava muito a actividade cirúrgica. O HPC, apesar de essas limitações, soube construir uma identidade própria, de hospital prestigiado e foi lutando por novas instalações, tendo visto concretizada essa ambição com a construção do novo HPC, moderno e desafogado. A sua edificação arrastou-se durante mais de duas décadas com abundantes peripécias, entre as quais uma “inventona“ de água que causou um conve- Os hospitais para crianças não são hospitais pequenos niente atraso e o pagamento de mais 27 milhões ao construtor. Alguns ministros passaram a considerá-lo demasiado grande e caro, depois de terem feito outros muito mais caros e menos úteis. Os hospitais para crianças não são hospitais pequenos. Têm de ter áreas suplementares para ensino, actividades lúdicas e de apoio aos pais, entre outras. O novo Pediátrico é, contudo, desequilibrado. É grande nuns lados e pequeno noutros. Mas, apesar dos erros e desventuras, representa um enorme avanço que elevou muito a fasquia das condições de trabalho e dos cuidados prestados. Apenas precisa que lhe respeitem a autonomia e não lhe destruam a coerência e diferenciação das equipas clínicas, diluindo-o na departamentação macrocéfala dos CHUC.