PROFESSOR: ALAN LEAL 2ºU.L SOCIOLOGIA 2S1/2S2/2S3 CULTURA: Introdução e aspectos gerais A palavra “cultura” veio do latim, e designava tanto uma cerimônia religiosa de homenagem a uma divindade e cultivo da terra. Na Europa do século XVII e XVIII, a palavra cultura começou a significar um cultivo abstrato de ideias. Definições de cultura: Com a contribuição de vários teoricos podemos convergir as definições de cultura em três aspectos essenciais. CULTURA Transmitida pela herança cultural. Compreende a totalidade das criações humanas. Características que compõe a cultura: Característica exclusiva das sociedades humanas. Tudo que é produzido pelo ser humano (bens materiais e imateriais). Elementos tangíveis: tecnologia, ferramentas, maquinas, construções. Não tangíveis: valores, ideologia, crenças, símbolos. Estabelece os limites em que se desenvolve a ação social (ex: poligamia ou monogamia). CULTURA Construída e compartilhada pelos membros de uma sociedade ou grupo social. Manifesta-se por meio de diversos sistemas (valores, normas, ideologias etc.) . Elementos identificadores da Cultura Produção e troca material. Interações sociais. Linguagem. Estética. Religião. Hábitos alimentares. Teóricos e seus conceitos sobre a cultura 1- Edward Burnett Tylor: “Cultura é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, direito, costume e outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (Conceito de cultura, 1871). 2- Bronislaw Malinowski: “A cultura consiste no conjunto integral dos instrumentos e bens de consumo, nos códigos constitucionais dos vários grupos da sociedade, nas ideias e artes, nas crenças e costumes humanos” (Uma teoria cientifica da cultura, 1997). CULTURA E ANTROPOLOGIA: TEÓRICOS Edward Burnett Tylor Racionalista e evolucionista, Tylor teve suas idéias influenciadas pela crença no progresso do ser humano e na de que todas as sociedades se desenvolvem segundo lei semelhante àquela que Charles Darwin concebeu para explicar a seleção natural das espécies biológicas: a sobrevivência dos mais aptos e dos mais fortes. Aplicando essa teoria à análise das diferentes sociedades e culturas, procurou mostrar que todas elas têm um passado comum e um processo histórico progressivo e necessário, que as leva de um estágio selvagem ao caminho da civilização. Tylor classificou essas culturas como primitivas ou avançadas, conceitos que poderiam ser aplicados às diferentes sociedades de acordo com um rigoroso método comparativo, que estudava diversas variáveis, como a religião. Ele acreditava também que havia uma “unidade psíquica do gênero humano” perceptível nas mais diferentes manifestações culturais, atestando a racionalidade mesmo em culturas primitivas. Dessa forma, procurava combater o preconceito vigente, segundo o qual os povos não europeus teriam um tipo de subjetividade e capacidade mental diferentes e, para muitos, seriam menos desenvolvidos do que os ocidentais europeus. Franz Boas Recusou o evolucionismo e lançou as bases da antropologia moderna ao pensar cada sociedade como um sistema integrado, resultante de um processo histórico peculiar. Procurou mostrar que a cultura existe independentemente de traços biológicos e físicos. Boas se recusou a comparar culturas diferentes como parte de um mesmo processo histórico. Ele propõe uma análise da cultura humana em sua múltipla diversidade e não como um objeto único. Cultura de massa: Ou industria cultural, é a cultura destinada às massas, ou seja, é comercializada para um maior número de pessoas possível. Ela homogeneíza as manifestações artísticas ao oferecer à exaustão um determinado fenômeno de venda e veicular sempre o mesmo, o que desestimula o espírito inovador e empobrece o cenário cultural. ≠ Cultura popular: seria a cultura própria e espontânea de um povo, refletindo as suas particularidades regionais e recuperando a tradição e os valores autênticos de um dado grupo. ≠ Cultura erudita: Manifestações artísticas, que por condições históricas e sociais, ficam delimitadas a um grupo seleto de admiradores e apreciadores, geralmente ligados as elites de um contexto social. Bronislaw K. Malinowski e Radcliffe-Brown Definiram o conceito de função como a resposta da cultura às necessidades básicas do homem, como alimentação, defesa e habitação. A função de um costume ou hábito numa dada sociedade pode ser entendida como sua contribuição para o todo social, pensado como um conjunto integrado de partes. Assim, para o cientista descobrir essa função, ele precisa entender a sociedade como um sistema composto de inter-relações. O Funcionalismo é a escola desenvolvida nas ciências sociais, tendo por modelo as ciências naturais e biológicas, que concebem o organismo como uma totalidade composta de partes interdependentes, cuja natureza é definida por sua contribuição para com a sobrevivência do todo. Transposto para o estudo das sociedades, esse princípio pretendia entender a função das instituições, das crenças e da cultura na manutenção, equilíbrio e conservação da sociedade. Introduzem a observação participante, método de pesquisa que revolucionou os estudos antropológicos, substituindo a análise de informações superficiais e questionários inadequados pelo estudo sistemático das sociedades. O investigador, inserido na cultura, desvenda seus significados, guiado por suas informações e não por teorias externas à realidade. Combateram duas tendências reducionistas de cultura: EUROCENTRISMO: Tendência a interpretar as sociedades não europeias a partir dos valores e princípios europeus, isto é, tomar a sociedade europeia como modelo e padrão. ETNOCENTRISMO: princípio tendencioso de considerar uma raça como modelo, ponto mais elevado atingido pela espécie humana. Processos de formação das culturas: aculturação e assimilação Todos os contatos entre sociedades produzem trocas e transformações e podem ocorrer de dois modos: Aculturação: Designa a troca de influências entre culturas diferentes, quando estas entram em contato contínuo e direto e modificam padrões, valores, comportamentos e língua. Muitas vezes surge desse contato uma cultura mestiça e híbrida, composta por traços das culturas envolvidas. Exemplo o candomblé. Assimilação: é a transformação cultural que ocorre quando o grupo social minoritário ou subordinado abandona seus traços culturais distintivos e adota os valores e as formas de comportamento do grupo social dominante. Exemplo: imigrantes e catequização dos jesuítas.