UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
Psicomotricidade e a Alfabetização
na Creche da UFRJ
Por
Elizabeth Aparecida do Sacramento
Orientador: Celso Sanches
Co-orientadora: Fátima Alves
Rio de Janeiro - RJ
Junho/2003
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
Psicomotricidade e a Alfabetização
na Creche da UFRJ
Monografia apresentada à Universidade Cândido
Mendes como requisito básico para a obtenção
parcial
do
título
Psicomotricidade.
de
especialista
em
3
Dedico este trabalho a todas as crianças que por
ventura tenham sido roubadas de seu direito de ter
infância.
À Mayara, minha afilhada, que por muitas razões me
fez sentir a sentir a alegria de viver.
4
Agradecimentos
A Deus por me fazer existir e estar comigo a cada instante da minha
vida e dessa pesquisa.
Aos meus pais por me educarem e ajudarem a traçar todos os
caminhos de minha vida escolar.
A todos aqueles que direta ou indiretamente colaboraram para a
realização desse estudo.
As amigas presentes nesse curso: Bianca, Rosane e Paulina.
Os que confiam no senhor serão como o Monte de
Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.
(Salmo 125)
5
Reflexão
Monte Castelo
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria
É só o amor. É só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece.
Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um Ter com quem nos mata lealdade,
Tão contrário a si é o mesmo Amor
Estou acordado e todos dormem,
todos dormem, todos dormem
6
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só amor, É só amor
Que conhece o que é verdade
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.
7
Resumo
Este
estudo
leva
a
uma
reflexão
sobre
a
importância
da
Psicomotricidade no processo de alfabetização desde os primeiros anos da
criança.
Para tanto se faz necessário pensar as práticas pedagógicas e seus
objetivos com o intuito de relatar questões sobre movimento, educação
infantil, pesquisadas na Creche da UFRJ e a entrevistas feitas pelas
educadoras que diretamente lidam com as crianças.
Mostrar a importância da estimulação nos vários aspectos da criança,
seu desenvolvimento, oferecidos através da rotina da Creche da UFRJ.
Todo o trabalho vem de encontro com o meio, com o papel social
dentro e fora da instituição e da psicomotricidade como fonte e caminho para
uma alfabetização clara e segura.
8
Sumário
I.
Problema
09
Objetivo
09
II.
Introdução
10
III.
Metodologia
12
Psicomotricidade
13
Movimento
16
Psicomotricidade na Creche da UFRJ
19
Educação Infantil e a Educação Psicomotora
21
Princípios educativos na Creche da UFRJ
23
Finalidades da Creche
26
Leitura e escrita na Creche da UFRJ
29
Análise de dados
33
Organograma
33
Organização da Creche da UFRJ
34
Entrevistas
39
V.
Conclusão
41
VI.
Referências bibliográficas
42
IV.
9
I.
Problema
Qual a importância da psicomotricidade na construção da autonomia,
criatividade, cooperação, socialização e a possibilidade de contribuir para a
formação da alfabetização da criança na Educação Infantil?
O desenvolvimento da linguagem escrita da criança com estímulos
diversos através da psicomotricidade contribui para o desempenho na
entrada da vida escolar da criança.
Objetivo
Este trabalho tem por objetivo relatar através de informações técnicas
e de opiniões expressas por pessoas na área de educação, o alfabetizar
através do desenvolvimento psicomotor da educação infantil na fase da
alfabetização.
Relatar toda a importância de um trabalho de estimulação em
crianças de 0 a 6 anos idade.
10
II.
Introdução
Relatar o fazer pedagógico da Pintando a Infância, Creche da UFRJ,
com profundo sentimento de reviver as mudanças que sofreram do trabalho
pedagógico pelos caminhos nestes 21 anos de existência, quando a criança
é o ator principal desta Instituição, almejando a preocupação com o prazer, a
alegria e a liberdade de expressão nas primeiras faixas-etárias que comporta
a Educação infantil na Creche da UFRJ.
Os primeiros anos desta Instituição tinham caráter assistencialista,
pois a Direção desta, era formada na sua totalidade por médicos, onde todo
e qualquer ponto crucial era o bem estar físico, emocional das crianças.
Com a segunda direção, passa a ser realizado um trabalho como um
todo, através do Projeto Pedagógico e contato com o meio que nos envolve,
com uma equipe de psicólogos e educadores (em nível de escolaridade
diversas). Ao trocar de direção, o enfoque em contribuir junto ao educador a
idéia de um lugar de educação e cuidados coletivos com crianças de 0 a 6
anos de idade.
Começa a preocupação na formação geral dos educadores
estimulando o permanente objetivo dedicado a ação educativa que privilegia
a compreensão e não a memorização.
O ato de oferecer um ambiente lúdico e prazeroso, fornece a criança
a possibilidade de construir uma identidade autônoma, cooperativa e criativa.
“Tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada
em função da relação entre o método utilizado e o
estado de “maturidade” ou “prontidão da criança”.
(Ferreiro, pág. 9, 2000)
Através de toda uma estimulação global das crianças na entrada da
Instituição, passando por todos os trabalhos com o grupo de educadores e
trabalhos pedagógicos, com o projeto das oficinas: música, arte, história,
psicomotricidade, leva a criança desta Instituição na última sala (Jardim III),
11
assim chamadas, a estarem completamente familiarizadas com a leitura e a
escrita de acordo com sua faixa etária, sem precisar estar diante de um livro
didático, lápis e caderno com tempo organizado para “estudos” como
algumas escolas procedem diferente do projeto da UFRJ. Que tem a prática
pedagógica sócio-interacionista que tem como foco principal a criança e o
meio.
Tratar a construção do conhecimento não é algo que acontece de
maneira mágica ou mecânica. É um processo, um acontecimento, um
interação da criança com o educador e com o mundo.
12
III – Metodologia
Nesta pesquisa foram considerados estudos analisados em cima de
conceitos e experiências vividas por profissionais na área da Educação.
É um estudo definido em relatos ocorridos na Instituição da UFRJ em
relação a psicomotricidade.
Foi utilizada a técnica de questionário, com o objetivo de investigar a
opinião dos educadores desta Instituição em relação a alfabetização.
Os questionários são formulados por uma pergunta por área de cada
educador.
13
Psicomotricidade
O termo psicomotricidade, apareceu pela primeira vez com Dupré em
1920, significando um entrelaçamento entre o movimento e o pensamento.
Todo movimento realiza-se sobre um fundo tônico, e um dos aspectos
fundamentais e sua ligação com as emoções. A boa evolução de atividades
e do comportamento podemos transmitir sem palavras através da linguagem
corporal, todo o nosso estado interior.
A psicomotricidade auxilia melhor o aluno em sua assimilação das
aprendizagens escolares, um bom desenvolvimento psicomotor proporciona
ao aluno algumas das capacidades básicas a um bom desempenho escolar.
Portanto, a psicomotricidade é a evolução do movimento com atuação
sobre o intelecto, numa relação entre o pensamento e a ação, englobando
funções neurofisiológicas e psíquicas.
Desenvolvimento da psicomotricidade
Para uma pessoa manipular os objetos da cultura em que vive precisa
ter certas habilidades que são essenciais. Ela precisa saber se movimentar
no espaço com desenvoltura, habilidade e equilíbrio, ter o domínio do gesto
e do instrumento.
Coordenação global
Diz respeito a atividades dos grandes músculos. Depende da
capacidade de equilíbrio postural.
A coordenação global e a experimentação levam a criança a adquirir a
dissociação de movimentos.
14
Coordenação fina e óculo-manual
Diz respeito a habilidade e destreza manual e constitui um aspecto
particular da coordenação global. Só possuir uma coordenação fina não é
suficiente. É necessário que haja também um controle ocular, isto é, a visão
acompanhando os gestos da mão.
Esquema corporal
O corpo é uma forma de expressão da individualidade. O
desenvolvimento da criança é o resultado da interação de seu corpo com os
objetos de seu meio, com as pessoas com quem convive e com o mundo
onde estabelece ligações afetivas e emocionais.
Lateralidade
Diz respeito a propensão que o ser humano possuir de utilizar
preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em três níveis:
mão, olho e pé.
Estruturação espacial
É através do espaço e das relações espaciais que nos situamos no
meio em que viemos, em que estabelecemos relações entre as coisas, em
que fazemos observações, comparando-as, combinando-as, vendo as
semelhança e diferença entre elas.
15
Estruturação temporal
É através do ritmo que haverá um boa orientação no domínio da
escolarização.
A
estrutura
temporal
garantirá
experiências
de
acontecimentos passados e condições de enfrentar situações futuras.
Tanto a estrutura espacial quanto a estrutura temporal, depende do
desenvolvimento cognitivo da criança já mais avançado.
Discriminação visual e auditivo
Visual envolve a exploração do ambiente auditivo está associado ao
cantar, dançar, reproduzir sons e tocar instrumentos.
16
Movimento
O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da
cultura humana. As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo
cada vez maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez
mais das possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham,
manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com
objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar
seu corpo e seu movimento. Ao movimentar-se, as crianças expressam
sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso
significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto,
é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em
uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e
atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu
teor expressivo.
A criança e o movimento
O primeiro ano de vida
Nesta fase, predomina a dimensão subjetivo do movimento, pois são
as emoções o canal privilegiado de interação do bebê com o adulto e
mesmo com outros crianças. O diálogo afetivo que se estabelece com o
adulto, caracterizado pelo toque corporal, pelas modulações da voz, por
expressões cada vez mais cheias de sentido, constitui-se um espaço
privilegiado de aprendizagem. A criança imita o amigo e cria suas próprias
reações: balança o corpo, bate palmas, vira ou levanta a cabeça etc.
Ao longo dessas capacidades expressivas, o bebê realiza importantes
conquistas no plano da sustentação do próprio corpo, representadas em
ações como virar-se, rolar, sentar-se, etc.
Ações exploratórias permitem que o bebê descubra os limites e a
unidade do próprio corpo, conquistas importantes no plano da consciência
17
corporal. As ações em que procura descobrir o efeito de seus gestos sobre
os objetos proporcionam a coordenação sensório-motora, a partir de quando
seus atos se tornam instrumentos para atingir situações no mundo exterior.
É
importante
ressaltar
que
a
aceitação
da
importância
da
corporeidade para o bebê é relativamente recente, pois até pouco tempo
percebia-se que o bebê fosse conservado evoluindo em cueiros e faixas que
os imobilizam, tolhendo seus movimentos. Claro sendo feito como forma de
proteger o bebê. Por outro lado ao proteger dessa forma, estava-se
impedindo sua movimentação. Não tendo como interagir com o mundo físico
e tendo menos possibilidades de interagir com o mundo social, era mais
difícil expressar-se e desenvolver habilidades necessárias para uma relação
mais independente com o ambiente.
Crianças de um a três anos
Logo que aprende a andar, a criança parece tão encantada com sua
nova capacidade que se diverte em locomover-se de um lado para outro,
sem uma finalidade específica. O exercício dessa capacidade, somando ao
progressivo
amadurecimento
do
sistema
nervoso,
propicia
o
aperfeiçoamento do andar, que se torna cada vez mais segura e estável,
desdobrando-se nos atos de correr, pular, saltar, desdobrado-se nos atos de
correr, pular, saltar, etc.
A grande independência que andar propicia na exploração do espaço
é acompanhada também por uma maior disponibilidade das mãos. A criança
dessa idade é aquela que não para, mexe em tudo, explora, pesquisa. Ao
mesmo tempo que explora, aprende gradualmente a adequar seus gestos e
movimentos às sus intenções e às demandas da realidade.
Outro aspecto da dimensão expressiva do ato motor é o
desenvolvimento dos gestos simbólicos, tanto aqueles ligados ao faz-deconta quanto os que possuem uma função indicativa, como apontar, dar
tchau, etc.
No plano da consciência corporal, nessa idade a criança começa a
reconhecer a imagem de seu corpo, o que ocorre principalmente por meio
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das interações sociais que estabelece e das brincadeiras que faz diante do
espelho. Nessas situações, ela aprende a reconhecer as características
físicas que integram a sua pessoa, o que é fundamental para a construção
de sua identidade.
Crianças de quatro a seis anos
Nesta faixa etária a criança constata-se uma ampliação de gestos,
atos que exigem coordenação de vários segmentos motores e o ajuste a
recortar, colar, encaixar pequenas peças, etc. Permanece a tendência lúdica
da motricidade, sendo muito comum que as crianças, durante a realização
de uma atividade, desviem a direção de seu gesto, a criança está recortando
e de repente põe-se a brincar com a tesoura, transformando-a num avião,
numa espada, etc.
Gradativamente, o movimento começa a submeter-se ao controle
voluntário, o que se reflete na capacidade de planejar e antecipar ações, de
pensar antes de agir e no desenvolvimento de recursos de contenção
motora.
Os recursos de contenção motora, se traduzem no aumento de tempo
que a criança consegue manter-se numa mesma posição. Isso é um enorme
esforço exigido da criança, já que, quando o corpo está parado, ocorre
intensa atividade muscular para mantê-lo na mesma postura.
O maior controle sobre a própria ação resulta em diminuição da
impulsividade motora que predomina nos bebês.
19
Psicomotricidade na Creche da UFRJ
A Prática psicomotora Educativa está voltada para as crianças até
aproximadamente os seis anos, período que marca uma etapa fundamental
do desenvolvimento infantil, no qual a criança tem necessidade de agir para
pensar favorecendo sua maturação psicológica por meio da motricidade, sua
ação e seu brincar que são a base do desenvolvimento do pensamento.
O psicomotricista é, portanto o especialista da compreensão
psicodinâmica da criança pela via motora, interessando-se não somente pelo
ato motor, mas pelas transformações tônicas, sensorias e emocionais que
existem em suas ações pelo processo de transformação interior da criança.
Para os educadores da Instituição que trabalham em paralelo com o
educador específico da prática psicomotora, é um lugar de conhecimento e
troca sobre as crianças, seu desenvolvimento e suas possibilidades
pedagógicas sobre o grupo/turma.
Suas interações, seus interesses, seus caminhos de evolução. Para a
Instituição, pode ser um lugar onde surjam reflexões e discussões sobre a
prática pedagógica, sua metodologia, filosofia e coerência.
As iniciativas das crianças, suas curiosidades e vontades de explorar,
as tornam sujeitos ativos no mundo em que vivem. As atividades propostas
devem buscar-se em uma organização do espaço e na oferta de materiais
de forma a possibilitar a iniciativa, a ação independente e a imaginação das
crianças.
Os espaços físicos
Todo espaço físico é um território cultural a ser ocupado, construído,
bagunçado, organizado, marcado por experiências, sentimentos e ações das
pessoas. Os espaços das creches são variados e diferentes. Por isso, eles
devem refletir os princípios educativos em que se baseiam e a prática dos
profissionais da educação infantil que neles agem.
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As crianças tem espaço para movimenta-se, esconder-se, olhar-se,
engatinhar, andar, saltar, pular, experimentar, mexer e descansar.
Os adultos podem criar um ambiente cultural de maneira a
proporcionar ao máximo a escolha de atividades das crianças, dentro de um
padrão de segurança, de estímulo à autonomia e a cooperação.
“Para
mim,
uma
criança
que
aprende
um
desenvolvimento harmonioso é aquela criança de
acolhida e de abertura em busca de demandas com as
pessoas do seu meio. É uma criança que sente prazer
em dar e receber, em descobrir e conhecer, é uma
criança feliz de viver que, afirma seus desejos sem
medo, dúvidas, nem culpa”. (Aucouturier, 1994)
Entendemos que o processo educacional se inicia desde o
nascimento é pensar que o trabalho pedagógico na Educação Infantil deve
partir do universo da criança, de sua realidade e sabedoria criativa,
permitindo que ela saia da posição de passivo receptor do saber e conquiste
o espaço de criador e gerador de conhecimento, ressaltando, que cabe a
nós, termos sempre cuidado de fazer com que esta postura perpasse o
cotidiano da escola, empregando todo o fazer pedagógico, no sentido de se
tornar possível a construção da autonomia, a cooperação, a criatividade, a
capacidade criativa e a formação do auto conhecimento positivo. Para isso
torna-se necessário que as crianças se sintam valorizadas e reconhecidas
nas suas diferenças. ( Boletim da Creche UFRJ – Dezembro/1993).
21
Educação Infantil e a Educação Psicomotora
Educação Infantil
Abrangendo a faixa etária que vai de zero a seis anos de idade, a
educação infantil se constitui na primeira etapa da educação básica de
acordo com a Lei 9394/96 e deverá ser oferecida em creches para crianças
até três anos e em pré-escolas para as crianças de quatro a seis anos de
idade.
A Educação Infantil representa o prazer de agir e o prazer de pensar.
A brincadeira com espaço de aprendizagem
De acordo com Vygotsky (1984), no início da vida da criança, sua
ação sobre o mundo é determinada pelo contexto percentual e pelos objetos
nele contidos.
O brincar é portanto uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento das crianças pequenas. Através das brincadeiras, a criança
pode desenvolver algumas capacidades importantes, tais como: atenção,
imitação, memória, imaginação. Ao brincar, as crianças exploram e refletem
sobre a realidade a cultura na qual vivem incorporando e ao mesmo tempo,
questionando regras e papéis sociais.
Educação psicomotora
Compreendendo a criança como um ser único e global, é que
entendemos a Educação e a Psicomotricidade interligadas. A educação
como algo mais amplo do que a transmissão de conhecimentos e a
aprendizagem não apenas preparatória da aprendizagem.
22
Piaget (1987), estudando as estruturas cognitivas, descreve a
importância do período sensório-motor e da motricidade, principalmente
antes da aquisição da linguagem, no desenvolvimento da inteligência.
Educação Psicomotora, segundo Aucouturier (1996), é um processo
de maturação psicológico que a criança percorre do seu nascimento até os
sete anos de idade. Neste período constata-se que a sensação, o tônus e o
movimento estão intimamente interligados, constituindo-se na origem da
representação mental.
O eixo norteador dessa intervenção é a ação espontânea da criança
na qual lhe é oportunizado agir com liberdade, fazer sua escolha, ela é
sujeito do processo, num itinerário de favorecimento à sua maturação
psicológica por meio de jogos e de brincadeiras levar a criança
gradualmente a transpor os limites do prazer, do agir ao prazer de pensar.
23
Princípios educativos da Creche
A palavra creche, de origem francesa, é que significa manjedoura, foi
utilizada para designar a primeira instituição criada pelo Padre Oberlin, na
França, há mais de duzentos anos, para guardar e abrigar crianças
pequenas consideradas necessitadas pela sociedade.
A década de 80 passou por um momento de ampliação do debate a
respeito das funções das creches para a sociedade moderna. A partir desse
período, as creches passaram a ser pensadas e reivindicadas como o lugar
de educação e cuidados coletivos das crianças de zero a seis anos.
Hoje, as creches com o trabalho pedagógico voltado para a Educação
Infantil tem base no foco de trabalho:
•
A brincadeira é uma atividade educativa fundamental da infância;
•
A organização do espaço e do tempo é importante para a educação,
interação e construção de conhecimentos;
•
A creche deve desenvolver ações que integrem cuidado e educação;
•
Deve respeitar a cultura de origem de cada criança;
•
Deve partilhar com as famílias seus projetos educativos;
•
É um espaço de socialização, de vivências e de interação;
•
Deve ter um ambiente cultural que propicie a leitura e a escrita.
Elaboração tem como base
Pistas teóricas e práticas acumuladas orientam a elaboração da
programação para as crianças.
As múltiplas interações presentes nas creches são as condições para
o crescimento das crianças e devem ser traduzidas em atividades diárias.
As diferentes formas de linguagem verbal, corporal, plástica e musical
e todas as formas de comunicação e expressão são básicas para que as
crianças compreendam, compartilhem e se estruturem na cultura e na
sociedade.
24
Objetivos da Creche
1. Propiciar uma vida saudável e de bem estar para as crianças, as famílias
e os profissionais;
2. Possibilitar a multiplicidade de expressão;
3. Estimular a construção da auto-estima, da confiança em si, da autonomia
e do desejo de aprender;
4. Trabalhar com base nas diferenças individuais;
5. Criar um ambiente propício às interações, à apropriação e produção de
saberes, que seja acolhedor e estável;
6. Favorecer a colaboração com os familiares e com a comunidade, criando
estruturas de intercâmbio, cooperação e trabalho;
7. Elaborar uma programação ampla, diferenciação contínua e que tenha
como centro a aprendizagem direta, experimental e ativa da criança;
8. Encarar a brincadeira, a fala, o silêncio, a expressão e as práticas das
crianças como forma de aprendizagem;
9. Elaborar uma programação que contemple momentos de atividades
coletivas e individuais, atividades livres e dirigidas, atividades de
repouso, de higiene e de alimentação;
10. Formar equipes estáveis e permanentes de profissionais de educação
infantil e atualizá-los em serviço.
Sabendo-se que trazer os filhos para a creche é uma etapa importante na
vida da família, já que o ingresso neste convívio social começa muito cedo
na vida da criança. E, a partir dos 4 meses de idade, em horário integral.
Sabendo-se como é penoso para os pais e mães separar-se das crianças e
entregá-las ao cuidado de uma instituição. Sabendo também que para as
crianças a experiência do novo, novo espaço, novas situações de
relacionamento, outras e muitas crianças para conviver e brincar é muito
rico, mas também pode ser um pouco assustador.
O trabalho da Creche da UFRJ é reduzir ao mínimo as perturbações da
criança. Nossos esforços serão acostumá-las às novidades, introduzidas na
sua vida e nos seus hábitos, a partir do momento em que ela ingresse na
25
creche. Para isso, levamos em conta o tipo de hábito que ela teve em casa
até hoje, introduzindo as modificações e a rotina da Creche aos poucos, de
maneira flexível. Estaremos atentos às necessidades individuais de cada
criança.
26
Finalidades da Creche Universitária da UFRJ
•
A Creche Universitária tem como objetivo atender adequadamente a
criança, promovendo seu desenvolvimento físico, afetivo, emocional,
social e intelectual, proporcionando seu desenvolvimento integral e
tornando-a um ser seguro, crítico e participante;
•
A Creche Universitária tem como objetivo atender as necessidades de
ensino e pesquisa referentes ao atendimento de crianças de 0 a 6 anos;
•
Contribuir para que a UFRJ avance no seu papel de proporcionar
produção de conhecimentos referentes à educação Infantil, como espaço
de desenvolvimento integral da criança;
•
Atender aos filhos de funcionários técnicos-administrativos e docentes da
UFRJ.
Concepção pedagógica da Creche da UFRJ
Proporcionar um ambiente que possibilite um relacionamento
interpessoal onde haja condições plenas para a criança desenvolver seus
aspectos cognitivos e afetivos, tendo como elemento norteador o processo
educativo na prática pedagógica sócio-interacionista, onde a criança tem a
construção social do saber pela socialização diante do seu meio.
Área de conhecimento
•
Comunicação e expressão:
Desenvolver a linguagem enquanto instrumento que atende as
necessidades sociais da comunicação inserida no contexto social.
•
Matemática e ciências naturais:
Estimular na criança a aquisição de atitudes terminais, que desenvolvam
o raciocínio lógico e crítico, através da experimentação concreta.
27
•
Ciência social e integração
Estimular na criança a aquisição de atitudes terminais, que levem à
compreensão do seu papel na sociedade e sua relação com seu meio.
•
Desenvolvimento motor
Desenvolver o domínio do próprio corpo e de tudo que pode ser realizado
por ele e suas partes. Adquirir as qualidades físicas básicas quanto à
coordenação motora dos grandes e pequenos movimentos: força,
resistência, lateralidade, orientação temporal e estruturação espacial.
•
Atividades educacionais
As atividades educacionais desenvolvidas são as seguintes:
Atividades psicopedagógicas:
São realizadas diariamente junto com as crianças nas quais procurase
estimular/desenvolver
a
percepção,
motricidade,
atenção,
concentração, memória, raciocínio, linguagem, etc.
Atividades nutricionais
São realizadas semanalmente junto as crianças com o objetivo de
trabalho as funções dos alimentos, os hábitos alimentares, etc.
Atividades de saúde
São realizadas periodicamente com as crianças e educadoras, com a
finalidade de estimular e desenvolver os seguintes aspectos: hábitos
higiênicos, prevenção e profilaxia na saúde individual e coletiva.
Planejamento anual
O planejamento anula caracteriza-se pela articulação das atividades
dos diversos setores para que o trabalho mantenha uma funcionalidade
entre os setores e uma integração do seu corpo funcional à proposta
político-administrativa.
28
Planejamento pedagógico
O
planejamento
pedagógico
utiliza
a
metodologia
sócio-
interacionalista, onde o saber é construído pela criança através do saber
historicamente acumulado pela humanidade.
Plano de atividades
O plano de atividades caracteriza-se pela previsão das atividades
diárias por sala, orientado pelo planejamento pedagógico (anual), com
supervisão da pedagogia realizado no mês anterior que antecede a
realização do plano de atividades em sala.
29
Leitura e escrita na Creche
Como para os educadores e profissionais da área vão de encontro à
prática da realidade da criança, esse processo começa antes do seu
ingresso na instituição, pois a partir de que a criança começa a enfrentar o
mundo que a cerca, ela já está em contato com os sinais da vida e da leitura,
feita primeiramente pela mãe.
Na Creche as crianças ao entrarem no berçário encontram um
ambiente estimulador por várias formas. Através dos recursos humanos e
materiais pedagógicos. Esse caminhar vai sendo aperfeiçoado com os anos
e com o trabalho nas salas seguintes.
Ao chegar no jardim aos três anos, as crianças dão um salto para a
leitura e escrita, naturalmente. O interesse apresenta uma certa curiosidade
nas crianças em avançar nas suas atividades de escrita. Sua linguagem, na
maioria das crianças,
por terem esse convívio tão cedo apresenta uma
desenvoltura crescente.
A leiturização
A educação infantil, até pouco tempo de pré-escola, desponta como
um dos ambientes onde a criança pode construir e evoluir nas suas
hipóteses a respeito dos conceitos de leitura e escrita. Enquanto os adultos
dirigem quanto ao ensinar ou não a ler nesta etapa, um significado número
de crianças inicia suas experiências de leitura sem pedir-lhes autorização
para tanto.
O envolvimento desde cedo com escritos variados, manuseando,
ouvindo
e
vendo
histórias,
vivenciando
e
interpretando
situações,
proporcionará à criança o desenvolvimento do gosto pela leitura.
Portanto, é através da leiturização que a criança expressa a
linguagem do pensamento, tendo contato com a leitura e escrita, fator que
antecede o processo de alfabetização.
30
A leitura e a escrita devem ser apresentadas às crianças desde o
início de sua vida escolar na creche e educação infantil de forma natural,
cotidiana, com histórias lidas, figuras.
Mesmo não sabendo ler, no sentido exato da palavra, as crianças
podem penetrar no mundo da literatura e interagir com a leitura.
Pré escrita
Aprender
a
ler
e
escreve
é
como
aprender
um
jogo.
O
desenvolvimento da escrita não se deve simplesmente a um fazer de
exercícios.
A escrita é constituída de uma atividade psicomotora
extremamente complexa, na qual participam os aspectos da maturação do
sistema nervoso, expressado pelo conjunto de atividades motoras, pelo
desenvolvimento psicomotor geral.
Quem escreve é a criança, mas para fazê-lo necessita de sua mão,
de sua orientação espacial, de um ritmo motor e de seu reconhecimento no
referido ato.
Na Educação Infantil todos os aspectos da percepção devem ser
trabalhados: o visual, o auditivo, o tátil, o olfativo e o gustativo. A imagem
corporal, que é a impressão que a criança tem de seu corpo pode ser
medida a partir de desenhos da figura humana que ela realiza.
Maturidade para leitura e escrita
Evolução do grafismo:
•
Rabiscação descontínua
É puro prazer de manipulação do instrumento (lápis, caneta ou pincel) e
nenhuma interação de comunicação do pensamento.
•
Rabiscação de linhas contínuas
31
Prazer de manipulação do material e nenhuma intenção de expressão de
pensamentos, mas o nível de coordenação de movimentos aperfeiçoouse um pouquinho.
•
Célula
Ocorre por volta dos três anos e meio. Não houve intenção de expressar
essa ou aquela idéia, mas evidencia o fato de que o homem tende a
atribuir significado à forma fechada, o que o torna capaz de ler.
•
Garatuja
Das células saem agora radiais e no seu interior aparecem pontos
indicando os olhos, às vezes a boca e o nariz.
O desenho livre mostra sempre o que a criança sabe e como ela “vê” as
coisas. O desenho é a expressão fiel do seu conhecimento e não cópia
da realidade.
•
Figuras isoladas
Por volta dos cinco anos a coordenação de movimentos deve ter-se
aperfeiçoado e a percepção e detalhes também evoluídos. Há um maior
poder de coordenar movimentos e dirigi-los, sob o comando do cérebro,
em movimentos intencionais – as figuras são mais identificáveis, mas
mostram que o pensamento devagar ao sabor do acaso. Iniciar uma
alfabetização, nesta hora, seria contar com sérios riscos de insucesso, as
habilidades psicomotoras da criança não estariam de acordo com sua
maturidade.
•
Cenas simples
Revelam um aprimoramento na organização de idéias, um nível
possivelmente maior de coordenação motora, maior memória de detalhes
mas ainda está insuficiente quanto à orientação espacial.
•
Cenas completas
32
Por volta dos seis anos, em média, a criança expressa através do
desenho espontâneo da cena completa com detalhes, toda uma
organização do pensamento que inclui, além de orações coordenadas,
algumas orações subordinadas. A cena completa, é a expressão de
idéias em conjunto único, portanto, em idéias inter-relacionadas. A
colocação dos objetos pousados sobre a linha do chã, a representação
do céu por uma linha próxima a borda superior do papel indicam
claramente a visão de localização dos objetos no espaço já adquirido
pela criança.
33
IV - Análise de dados
Organograma
Direção
Equipe técnica
Setor
Psicopedagógico
Setor
Administrativo
Setor
Saúde
Setor
Nutrição
SCB
SECRET
OP
B
M1
M2
RECEP
M3
ALM
J1
COPA
J2
J3
MM
REFEITÓRIO
SL
AUD
Legenda
OP – oficina pedagógica
SCB – sala de cuidados básicos
MM – sala de multimeios
B – berçário
J – jardim
M – maternal
ALM – almoxarifado
AUD - audiovisual
34
Organização
•
O ensino é laico;
•
A lotação da Creche é de 110 crianças e se distribui da seguinte forma:
1. Berçário – 10 crianças de 4 meses a 12 meses;
2. Maternal I – 10 crianças de 1 ano a 1 ano e meio;
3. Maternal II – 10 crianças de 1 ano e meio a 2 anos;
4. Maternal III – 10 crianças de 2 anos a 3 anos;
5. Jardim I – 20 crianças de 3 anos a 4 anos;
6. Jardim II – 20 crianças de 4 anos a 5 anos;
7. Jardim III – 20 crianças de 5 anos a 6 anos.
•
O corpo técnico-administrativo se compõe da seguinte forma:
1. Direção;
2. Equipe técnica: psicóloga, pedagoga, nutricionista, assistente social e
fonoaudiologa;
3. Educadoras;
4. Administrativos;
5. Técnico de enfermagem;
6. Copeiras;
7. Limpeza;
8. Manutenção.
Direção:
Responsável pela política administrativa do setor e pela coordenação
de todo trabalho da Creche.
Setor psicopedagógico:
Tem como base a prática pedagógica a abordagem sóciointeracionista de desenvolvimento do indivíduo compreende o processo
educativo escolar como um elemento importante para a democratização do
35
acesso aos conhecimentos acumulados pela humanidade, visando a
instrumentar os indivíduos para intervirem na produção de conhecimentos.
Objetivos específicos:
•
Realizar entrevistas de triagem com os pais logo que a criança é
matriculada, identificando e avaliando os elementos sócio-econômicosculturais, colhendo a história desde a gestação para que se possa ter
uma maior integração família-instituição;
•
Orientar os pais através de entrevistas solicitadas pela equipe técnica
e/ou responsáveis para dissipar dificuldades que possam surgir, de
acordo com o enfoque dos elementos envolvidos no processo educativo;
•
Promover palestras com os responsáveis para esclarecimento em torno
de temas relacionados com as crianças nas suas diversas faixa etárias;
•
Apresentar relatórios do crescimento e desenvolvimento da criança com
periodicidade semestral, tornando possível o acompanhamento pelos
responsáveis e membros da equipe técnica;
•
Organizar a pasta com dados relativos à criança, para possibilitar a
análise por parte da equipe técnica, permitindo assim um conhecimento
global da criança;
•
Promover uma avaliação diagnostica da criança para que se possa
situá-la nas salas de acordo com sua idade cronológica e seu
desenvolvimento;
•
Acompanha a criança e seu responsável na sua inserção junto as outras
crianças de sua faixa etária e do seu desenvolvimento, possibilitando
maior segurança entre as crianças, a família e a Instituição;
•
Estimular a independência da criança dentro das possibilidades de sua
faixa etária;
•
Observar o comportamento de cada criança na relação que mantém com
seu grupo e nos diversos grupos em situações festivas e excursões;
•
Realizar observações individuais ou coletivas para acompanhamento
nos aspectos afetivo, intelectual, social e motor, possibilitando a
confecção dos relatórios entregue aos pais semestralmente;
36
•
Facilitar entrevistas com os responsáveis para dissipar junto à família
possíveis casos de encaminhamentos a profissionais especializados;
•
Promover revisão do planejamento anual ao término de cada ano, para
avaliar o trabalho realizado e reelaborar o referencial que irá nortear o
trabalho do próximo ano;
•
Promover reciclagem com o quadro funcional para discutir a criança
como um ser integral nas diversas áreas do conhecimento;
•
Orientar o trabalho pedagógico através de reuniões com as educadoras,
tendo como referencial teórico a pedagogia social interacionista, onde o
saber seja reelaborado constantemente desde a sua concepção inicial;
•
Acompanhar o plano de atividades de caráter multidisciplinar, através de
supervisão do referencial teórico que será o balizamento do trabalho
mensal em sala; acompanhar em sala a execução do plano de
atividades (P. A) de caráter multidisciplinar pelos diversos profissionais
que compõem a equipe técnica;
•
Promover atualização permanente do quadro funcional;
•
Orientar funcionários através de entrevistas, visando a dissipar
dificuldades no relacionamento interpessoal;
•
Proporcionar em ambiente fraterno e solidário entre as crianças, onde se
possa
elaborar
e
reelaborar
o
seu
próprio
conhecimento
constantemente.
Setor saúde: é o setor responsável pelo atendimento integral à saúde das
crianças.
Objetivos específicos:
•
Desenvolver medidas profiláticas através de ações educativas;
•
Evitar a proliferação de doenças infecto-contagiosa na Creche;
•
Manter
a
infra-estrutura
para
os
atendimentos
emergenciais
e
encaminhá-los à estrutura hospitalar da própria Universidade.
Setor de nutrição: é o setor responsável pelo planejamento, recebimento,
armazenamento, controle e qualidade e confecção de alimentos.
37
Setor administrativo: é o setor responsável pelos serviços burocráticos e
administrativos, garantindo toda infra-estrutura para o funcionamento da
Creche: recepção, secretaria, almoxarifado, administração financeira e
limpeza da Creche.
Serviço social: é responsável pela inscrição, seleção e admissão e pelo
trabalho social com os pais e funcionários da Creche, quando do surgimento
de problemas ligados à criança ou à família.
Psicologia: o setor de psicologia realiza um trabalho enfocando três
aspectos: a criança, a família e as educadoras. Em relação às crianças, o
trabalho consiste em observação participativa, com objetivo de proporcionar
às crianças as condições para seu amplo desenvolvimento cognitivo e
social. Em relação as famílias, é feito um trabalho de orientação que é
realizado quando solicitado pelos pais (dúvidas, momentos de crise, etc.) ou
solicitado por nós quando percebemos mudanças comportamentais nas
crianças. Com as educadoras também é realizado um trabalho de
orientação específica em relação à cada criança em reuniões realizadas
com as educadoras de cada turma.
Fonoaudiologia: o trabalho de fonoaudiologia na Creche é realizado através
de ação pedagógica e tem caráter preventivo e de estimulação, atendendo
as necessidades da fala, articulação, voz e da linguagem nas diferentes
faixas etárias. As alterações do desenvolvimento que venham a se
manifestar nos primeiros anos de vida podem se refletir no processo de
aprendizagem,
não
apenas
nesta
faixa
etária,
como
nas
etapas
subsequentes do ensino caso não sejam observadas, diagnosticadas e
devidamente trabalhadas. Neste sentido a Fonoaudiologia está atenta as
observações e as intervenções que se façam necessárias, no momento
adequado, atuando de maneira preventiva em relação a possíveis
conferenciais das funções. Neste contexto uma Fonoaudiologa atua em
equipe e está em relação com os profissionais de outras áreas, trabalham
no processo de aprendizagem próximo a psicologia, assistente social,
38
pedagogia, nutricionista. Abrange a orientação às educadoras no que diz
respeito a observação, acompanhamento.
Orientação aos pais: encaminhamento e atendimento clínico quando se fizer
necessário.
39
Entrevistas
Os dados foram coletados através de perguntas (em anexo) feitas aos
profissionais que trabalham na Instituição, sendo assim distribuídos: três
educadoras de sala, uma supervisora, uma educadora de psicomotricidade.
Quanto a importância do brincar como forma de estimulação no
processo da leitura e escrita, as educadoras foram claras em explicar que
para compreender o processo de construção da linguagem e da escrita a
criança precisa primeiro interagir com o seu meio, com outras crianças,
adultos, ambientes diferentes. É através do brincar que a criança inicia sua
interação social. Brincando, a criança desenvolve seu lado emocional e
afetivo bem como algumas áreas do domínio cognitivo, tais como
capacidade de síntese, jogo simbólico, etc.
Toda a construção desse processo, deve ser feita através de
experiências concretas e plenamente vividas com o corpo inteiro das
crianças, pois atuando, brincando, falando, controlando e descobrindo seu
corpo e movimento, ela será capaz de iniciar seu processo de alfabetização
com interesse e prazer.
Quanto ao momento adequado para a alfabetização, as educadoras
relataram que o processo da leitura e escrita compreende variadas formas
de interação da criança com o mundo. É importante que a criança já tenha
contato com a leitura desde pequeninos, pois os bebês devem ser
estimulados a manusear livros de tecidos e plástico. Não há uma idade pré
definida, mas há um princípio fundamental: despertar a paixão pelo mundo.
O ingresso na educação infantil encontrará um ambiente facilitador
propício.
Quanto a preparação adequada a criança na educação infantil a
supervisora foi categórica em responder a “preparação adequada”, está em
oferecer um ambiente estimulante de leitura, criar jogos, inventar
brincadeiras. Possuir uma boa sala de leitura ou biblioteca é fundamental.
Fazer passeios, brincar com rótulos e embalagens. Ler o mundo, ler a vida.
40
Quanto a importância da psicomotricidade na relação da leitura e da
escrita na faixa etária da educação infantil, a educadora psicomotricista da
Instituição relatou que a psicomotricidade utiliza um movimento como meio
onde as experiências vividas pelo corpo vão transmitindo lentamente essas
informações para o cérebro, permitindo-lhes pouco a pouco uma
representação mental de seu corpo e gestos. São umas sensações
captadas pelos seus corpos que lhes serão úteis no momento de tentar os
primeiros traços da escrita e da leitura.
A realização e atividades de representação (desenho, pintura,
colagem, etc) após as atividades motoras auxilia no processo de
interiorização
e
representação.
Isso
é
muito
importante
pois
a
representação é o eixo de todas as aprendizagens, como a alfabetização, a
matemática e outras.
41
V.
Conclusão
Está fora da escola uma parcela significativa das crianças em idade
escolar. Isso se agrava quando se trata da Educação Infantil, onde menos
de 6% da população com idade de zero a seis anos, mesmo com a
conquista do direito legal à educação de creches e pré-escolas, faltam mais
ofertas dessas instituições públicas e com qualidade para atenderem às
classes populares.
Se a educação infantil deve ou não alfabetizar parece ainda confuso,
com posições a favor e contra.
Mas existe a clareza
em relação a atender a criança nesta faixa
etária com responsabilidade, importância de que ela será atendida em todos
os aspectos: social, emocional, cognitivo, motor, etc.
As ações pedagógicas determinam um espaço compromissado com
as crianças, espaço que lhes garantam a apropriação de novas linguagens
que expressam sua própria forma de representar o mundo.
Portanto, quando a instituição atende as crianças, tendo um olhar
pedagógico e afetivo sabendo-se que os primeiros anos, são os anos
mágicos da criança, ela poderá seguir o seu caminho escolar e na vida com
mais segurança e sem medo de errar. Pois trabalhar o lado humano das
pessoas nos reflete a ampliação e a aquisição de novos conhecimentos.
Formar a criança ao prazer de comunicar é, antes de tudo, socializála, como também ajudá-la a sair de si mesmo (Aucouturrier, 1994).
42
VI.
Referências bibliográficas
ABRAMOWICZ, Anete. Creches: atividades para crianças de zero a seis
anos.
São Paulo, Moderna, 1995.
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro,
Wak, 2003.
AUCOUTURIER, Bernard. Formação em Prática Psicomotora educativa,
apostilas. Rio de Janeiro, Espaço Néctar, 1996-1999.
AUCOUTURIER, Bernard. A ação pedagógica da prática psicomotora.
Apostila, Conferência Ministrada em Lille, 1994.
Boletim da Creche Universitária Pintando a Infância – UFRJ – N.º 1. Rio de
Janeiro, 1993.
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo, Editora
Cortez, 2000.
LIMA, Ana Flávia de Oliveira. Pré-escola e alfabetização – Uma proposta
baseada em Paulo freire e Jean Piaget. Petrópolis, 1999.
OLIVEIRA, Gislene de Campos.Psicomotricidade: educação e reeducação
num enfoque psicopedagógico. Petrópolis, RJ, Vozes, 1997.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia – tradução de Maria Alice M.
D’Amorim e Paulo S. L. Silva. Rio de Janeiro, Editora Fiorense,
Universitária LTDA, 1987.
POPPOVIC, Ana Maria & Colubi, Geny de Moraes. Prontidão para a
alfabetização
–
programa
para
específicas, São Paulo, Vetor, 1996.
o
desenvolvimento
de
funções
43
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes,
1984.
WALLON, Henri. Do ato do pensamento – ensaio de Psicologia Comparada
– Tradução de J. Seabra Diniz. Lisboa, Morães Editores, 1979.
44
Anexo
Entrevista – perguntas
1. Antes de iniciar-se no processo da linguagem e escrita, a criança utiliza
um sistema simbólico como forma de representação da realidade. Na sua
opinião
qual
a
importância
do
brincar
estimular
neste
estágio
preparatório?
2. Quanto a introdução no processo de leitura e da escrita qual o momento
adequado na sua opinião? Explique porque.
3. Na sua opinião, qual é a preparação adequada à criança na Educação
Infantil? Porque?
4. Qual é a relação da psicomotricidade com a leitura e a escrita na faixa
etária da Educação Infantil ?
45
ÍNDICE
I.
Problema
9
Objetivo
9
II.
Introdução
10
III.
Metodologia
12
III. I Psicomotricidade
13
III. I. I Desenvolvimento da Psicomotricidade
13
III. I. II Coordenação Global
13
III. I. III Coordenação Fina e Óculo-manual
14
III. I. IV Esquema Corporal
14
III. I V. Lateralidade
14
III. I. VI Estruturação Espacial
14
III. I. VII Estruturação Temporal
15
III. I. VIII Discriminação Visual e Auditiva
15
III. II Movimento
16
III. II. I A criança e o movimento
16
III. II. II Os primeiros anos de vida
16
III. II. III Crianças de um a três anos
17
III. II. IV Crianças de quatro a seis anos
18
III. III Psicomotricidade na Creche da UFRJ
19
III. III. I Os espaços físicos
19
III. III Educação Infantil e a Educação Psicomotora
21
III. III. I Educação Infantil
III.
III.
II
A
brincadeira
21
como
espaço
de
21
aprendizagem
III. III. III Educação Psicomotora
III. IV. Princípios educativos na Creche da UFRJ
21
23
III. IV. I Objetivos da Creche
24
III. V. II Concepção pedagógica da Creche da
26
46
UFRJ
IV.
III. V. Finalidades da Creche da UFRJ
26
III. V. I Área de conhecimento
26
III. V. II Comunicação e expressão
26
III. V. III Matemática/ Ciências naturais
26
III. V. IV Ciência social/ Integração
27
III. V. V Desenvolvimento motor
27
III. V. VI Atividades Educacionais
27
III. V. VII Atividades Psicopedagógicas
27
III. V. VIII Atividades Nutricionais
27
III. V. IX Atividades de Saúde
27
III. V. X Planejamento anual
27
III. V. XI Planejamento pedagógico
28
III. V. XII Plano de atividades
28
III. VI. Leitura e escrita na Creche da UFRJ
29
III. VI. I A leiturização
29
III. VI. II Pré escrita
30
III. VI. III Evolução do grafismo
30
III. VI. IV Rabiscação descontínua
30
III. VI. V Rabiscação de linhas contínuas
30
III. VI. VI Células
31
III. VI. VII Garatujas
31
III. VI. VIII Figuras isoladas
31
III. VI IX Cenas simples
31
III. VI. X Cena completa
31
Análise de dados
33
IV. I Organograma
33
IV. II Organização da Creche da UFRJ
34
IV. II. I Direção
34
IV. II. II Setor Psicopedagógico
34
IV. II. III Setor Saúde
36
IV. II. IV Setor de Nutrição
36
47
IV. II. V Setor de Administração
37
IV. II. VI Serviço Social
37
IV. II. VII Setor de Psicologia
37
IV. II. VIII Setor de Fonoaudiologia
37
IV. III Entrevistas
39
V.
Conclusão
41
VI.
Referências bibliográficas
42
VII.
Anexos
44
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Senso”
Título: Psicomotricidade e Alfabetização na Creche da UFRJ
Data da Entrega: 28 de junho de 2003.
Auto avaliação: Este livro foi útil a partir do momento em que comecei a
pesquisar a fundo o meu próprio trabalho de uma forma organizada e
especializada nas minhas experiências de vida e trabalho com crianças de 0
a 6 anos na Instituição pesquisada.
Avaliado por: ________________________________Grau:______________
___________________. ____de__________de_____.
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universidade cândido mendes pró-reitoria de planejamento e