TÉCNICAS DE GESTÃO Técnicas de Gestão 1ª Edição - 2008 SOMESB Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda. William Oliveira Presidente Samuel Soares Superintendente Administrativo e Financeiro Germano Tabacof Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão Pedro Daltro Gusmão da Silva Superintendente de Desenvolvimento e Planejamento Acadêmico André Portnoi Diretor Administrativo e Financeiro FTC - EAD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância Reinaldo de Oliveira Borba Diretor Geral Marcelo Nery Diretor Acadêmico Roberto Frederico Merhy Diretor de Desenvolvimento e Inovações Mário Fraga Diretor Comercial Jean Carlo Nerone Diretor de Tecnologia Ronaldo Costa Gerente de Desenvolvimento e Inovações Jane Freire Gerente de Ensino Luis Carlos Nogueira Abbehusen Gerente de Suporte Tecnológico Osmane Chaves Coord. de Telecomunicações e Hardware João Jacomel Coord. de Produção de Material Didático MATERIAL DIDÁTICO Produção Acadêmica Produção Técnica Jane Freire Gerente de Ensino Ana Paula Amorim Supervisão João Jacomel Coordenação Márcio Magno Ribeiro de Melo Revisão de Texto Ana Paula Matos Antonio França de S. Filho Ayla Villas-Bôas Fernando Miranda Antonio França de S. Filho Coordenação de Curso Autoria Editoração Ilustrações Equipe André Pimenta, Antonio França Filho, Angélica de Fátima Jorge, Alexandre Ribeiro, Amanda Rodrigues, Bruno Benn, Cefas Gomes, Cláuder Frederico, Francisco França Júnior, Herminio Filho, Israel Dantas, Ives Araújo, John Casais, Márcio Serafim, Mariucha Silveira Ponte, Tatiana Coutinho e Ruberval da Fonseca Imagens Corbis/Image100/Imagemsource copyright © FTC EAD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância. www.ead.ftc.br SUMÁRIO ORIGEM DAS ORGANIZAÇÕES _________________________________ 7 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS _______________________________________ 7 INFLUÊNCIAS NA ADMINISTRAÇÃO ____________________________________________ 7 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL X ADMINISTRAÇÃO ____________________________________ 13 AS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS ____________________________________________ 15 NECESSIDADE DA ADMINISTRAÇÃO NA ATUALIDADE _____________________________ 17 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 19 A ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS __________________________________ 22 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO __________________________________________ 22 HABILIDADES DO ADMINISTRADOR ____________________________________________ 25 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA ____________________________________ 27 ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO E O FORDISMO _________________________ 31 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 33 AS ESCOLAS ADMINISTRATIVAS, PARADIGMAS E GLOBALIZAÇÃO _______________________________________________ 35 ESCOLAS DA ADMINISTRAÇÃO PÓS ESCOLA CIENTÍFICA _____________ 35 TEORIA CLÁSSICA – PRINCÍPIOS E FUNÇÕES _____________________________________ 35 TEORIA BUROCRÁTICA – BUROCRACIA NO PROCESSO DE GESTÃO ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS TEORIA COMPORTAMENTAL ___________________ 38 ____________________________________________ 40 _________________________________________________ 42 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 45 SUMÁRIO CONCEITOS ATUAIS DO MODELO ADMINISTRATIVO _________________ 47 TEORIA DOS SISTEMAS ______________________________________________________ 47 TEORIA CONTINGENCIAL ____________________________________________________ 48 PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO: QUALIDADE TOTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS ______________________________________________________________ 50 GLOBALIZAÇÃO ___________________________________________________________ 54 ATIVIDADE COMPLEMENTAR _________________________________________________ 57 GLOSSÁRIO _____________________________________________________________ 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________ 60 Apresentação da Disciplina Prezado aluno, seja bem vindo! Este material foi preparado com todo carinho e esmero para propiciar a você um estudo motivador e consciente da administração de empresas desde o seu surgimento, bem como o entendimento de todas as escolas que regem a administração de empresas e seus conceitos evolutivos. Esperamos que este compêndio sirva para iniciá-lo no estudo da administração de empresa, e que propicie uma evolução intelectual de seus conhecimentos. Enfatizamos que a busca pelo conhecimento técnico da administração é um dos maiores influenciadores da evolução mundial e a garantia de termos no futuro uma sociedade mais justa e capaz de se reinventar a todo instante. Reinventar-se a todo momento é o caminho que segue a administração de empresas no decorrer dos anos, e é justamente este ponto que buscamos trazer também para você neste momento. A busca pela reinvenção da administração e do aprimoramento dos seus conceitos e aplicações. Bom estudo e boa sorte! Fernando Miranda e Ayla Villas-Bôas. ORIGEM DAS ORGANIZAÇÕES CONCEITOS INTRODUTÓRIOS INFLUÊNCIAS NA ADMINISTRAÇÃO Comecemos o entendimento da administração de empresas buscando preceder esta administração e entendê-la conforme existe hoje. Para isso, buscaremos identificar os pontos que demonstram de onde surgem os primeiros pensamentos de administração enquanto ato de planejamento e execução de alguma atividade. Notemos o seguinte: A administração de empresas, na realidade, existirá desde os momentos mais longínquos da vida humana, quando, por exemplo, os homens começam a andar juntos e a desenvolver o conceito de grupos que vivem e interagem entre si. Mas, então, neste momento, onde estaria a administração? Simples: A administração encontraria-se no momento em que este grupo provavelmente partiu para a busca da satisfação de uma necessidade, como, por exemplo, saciar a fome. Para que fosse providenciada a comida necessária para tanto, esse grupo de pessoas com certeza desenvolveu um processo que precedia à ida propriamente dita em busca desta comida: O grupo, muito provavelmente, precariamente desenvolveu um senso de busca pelo alimento precedido por um processo decisorial que envolvia desde o planejamento de quantos indivíduos iriam à caça, para a busca do alimento, quais provisões seriam necessárias para tanto e, mais ainda, quem faria o que no processo ( quem carregaria as lanças, quem seria responsável pelos suprimentos...). Antes de saírem à caça, estas pessoas precisaram definir muito provavelmente onde estaria essa caça, onde ficariam à sua espera e, até mesmo, se esperariam e por quanto tempo o fariam. Valer salientar, ainda, que quando estes seres humanos saiam à caça eram chefiados por alguém, por uma pessoa definida como a liderança da caçada, talvez evidenciando nos dias de hoje a atividade desenvolvida por gerentes e supervisores. É neste contexto que iniciamos o entendimento das influências na administração e podemos constatar o primeiro ponto: A administração surge com o próprio surgimento da sociedade, nos primórdios dos tempos. Existem ainda pontos no passado que denotam, por exemplo, que a administração já era evidenciada na Bíblia, quando em algumas de suas passagens observam-se narratórias que apresentam recomendações a Moisés pela nomeação de lideranças entre seu povo, ou mais precisamente chefes de 10, 100 ou 1000. É nestas idéias e técnicas, guardadas em seu devido tempo, que se dá a influência e crescimento até à administração que conhecemos hoje e buscaremos analisar cada uma delas. A revolução urbana poderá ser uma das primeiras. A revolução urbana se deu em mais ou menos 4000a.C., do conceito agrícola para o surgimento das cidades e dos estados. Se obserTécnicas de Gestão 7 varmos o que vimos acima, notaremos que é neste momento, no agrupamento de pessoas, que teremos os conceitos da administração, ainda não evidenciados de forma científica, mas ainda assim utilizados na maneira pela qual se desenvolviam-se estas cidades e estados, na concepção de criação, desenvolvimento e sustentação destes novos pólos de agrupamento de pessoas. Por volta de 3000a.C., no local onde hoje se encontra o Iraque, estudos arqueológicos já apontavam a existência da civilização suméria, e, através destes estudos, começa-se a perceber a existência de práticas administrativas. Veja: Agrupamento de pessoas levando à busca por decisões, se baseando no conceito de planejamento antes das ações propriamente ditas. Imagine que naquela época, e ainda hoje, a água era um produto de vital importância para o desenvolvimento da vida, e para isso esses povos precisavam de tão importante produto natural para a sua sobrevivência. Para poderem sobreviver, então, foram obrigados pelas circunstâncias a desenvolver ¨sociedades de irrigação¨, que eram basicamente várias pequenas comunidades auto-suficientes interligadas. Os responsáveis pela coordenação destes procedimentos de irrigação, à época, eram os sacerdotes, denominados de sacerdotes reis. Estes sacerdotes reis, por serem responsáveis diretos pelo procedimento irrigatório, que seria a fonte da vida para as cidades que ora passariam a existir, precisam de lugares para proceder os despachos e mesmo o planejamento das ações, e começam a surgir os templos, que acabavam por se tornar quase que centros de administração! Note: Enquanto cidade ou agrupamento social, estes centros muito provavelmente não serão apenas utilizados como ¨quartéis¨ decisórios referentes às irrigações, mas também muito provavelmente passarão a ser centros de administração geral para a maioria de procedimentos decisórios. Talvez seja então neste momento que se evidencia o procedimento de controle dentro da administração de hoje. Pense: Dentro destes ¨quartéis¨ existiam funcionários, escolhidos pelos sacerdotes reis, e os arqueólogos encontraram placas de argila com escritos muito provavelmente efetuados por estes funcionários Tais placas registravam entrada de suprimento, armazenamento de produtos e mesmo a saída destes produtos para pessoas, bem como saída de produtos para o desenvolvimento de alguma atividade de ajuda à sociedade da época. São considerados o primitivismo do controle, e, mais ainda, o primitivismo da contabilidade de hoje. Vamos trazer para a atualidade: Processos idênticos a estes existem hoje em qualquer casa comercial. Ao comprarmos cimento em uma casa comercial, os funcionários da empresa terão que efetuar todo o controle sobre a saída do produto cimento para as suas mãos, enquanto comprador, ao mesmo tempo que, quando da entrada deste cimento na empresa, algum outro funcionário também controlou a quantidade de sacos que efetivamente passaram a fazer parte do estoque da empresa. Sistema contábil! Influência do passado... Por volta de 3100a.C, um país chamado Egito foi unificado. Neste país e nesta unificação que procedeu o surgimento de um novo reino, também se encontram fatores de influência histórica na administração. Imagine que no Egito existia e ainda existe um rio chamado Nilo. O rio Nilo era o principal meio de sobrevivência, pois a vida dos egípcios era baseada no conceito simples do ciclo da inundação: quando havia inundação, o solo às margens do rio inundava. Quando o rio voltava so seu leito normal, as margens ficavam altamente férteis e os egípcios ali cultivavam suas plantações, aproveitando-se do recurso natural disponível. Agora, imaginemos que fôssemos egípcios e nos víssemos obrigados a efetuar nosso planejamento de vida baseados nas inundações que faziam o Nilo inundar o seu leito. Como faríamos este planejamento? Pois bem, os egípcios resolveram este problema de maneira simples: Eles perceberam que 8 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO para sobreviver precisariam trabalhar com o longo prazo, já que formavam agora um novo reino, e para isso analisaram os elementos que tinham em mãos. O principal elemento disponível à época era o estudo das estrelas, e eles atentaram para o fato de que a inundação iniciava-se pouco tempo depois que a estrela Sírius desaparecia a leste, e que os intervalos entre o surgimento da estrela eram de 365 dias. Criaram, então, um calendário solar de 12 meses, com 30 dias, que lhes dava uma noção bem próxima do ciclo de inundação, deixando claro, assim, a necessidade ou não do implemento de sua agricultura no momento e tempo oportunos e o preparo anterior para tanto. Analisemos esta influência nos dias de hoje: Imagine uma organização que não baseia sua existência em função da longividade de seu planejamento. O que seria da comercialização de cimento, apresentada anteriormente, se o proprietário da loja não pudesse prever os momentos de maiores ou menores vendas e então preparar sua compra? Ele poderia ter, em determinado momento, compradores, mas sem o produto para vender... Os próprios egípcios desenvolveram o que se conhece na atualidade como um dos maiores testemunhos das aptidões para a administração: As pirâmides! Para construir cada uma daquelas pirâmides os egípcios desenvolveram soluções para problemas como administração de mão-de-obra, utilização de conceitos de arquitetura e mesmo a solução de movimentação dos recursos necessários para o erguimento daquelas obras monumentais. Como, por exemplo, pirâmide de Quéops, com o uso de seus 2.300.000 blocos de pedra, com uma média de peso de 2,5 toneladas. Ainda é uma incógnita, mas mesmo que incógnita ainda assim evidencia-se a influência de processos lógicos no desenvolvimento destes monumentos. Ainda falando em Egito e em influências na administração de hoje, houve o surgimento do novo império egípcio, e, naquele momento, o governo passa a ser centralizado, ficando o poder de decisão, e mesmo a posse de todas as terras nas mãos do faraó. O faraó, por sua vez, deixava que os seus súditos vivessem em sua terra, mas cobrava por isso cerca de 20% das rendas obtidas pelos mesmos. Para que o faraó pudesse ter controle eles criaram sua própria burocracia, registrando cada entrada e cada saída, como meio de registro detalhado de todas as operações. Mais um ponto que evidencia o uso do planejamento por parte dos egípcios se deve ao seu poderio militar. Este exército de homens, formado para a defesa do reino, era assalariado, e, mais ainda, os egípcios construíram uma rede de fortes precisavam de provisões para os homens que nele se encontravam. Para isto, os egípcios foram obrigados a desenvolver centros de reabastecimento de retaguarda, fossem de alimentos ou mesmo talvez de armas. Mais uma vez, os egípcios demonstram uma total busca por planejamento, planejamento este utilizado hoje na concepção da gestão administrativa. Ainda no passado distante, cerca de 2000a.C., um outro povo, o babilônico, também já demonstrava a preocupação pelo controle, guardando registros em placas de argila. Em achados arqueológicos, uma destas placas demonstra claramente o reconhecimento de que ¨a responsabilidade não se delega¨. Este princípio ainda hoje é um dos regentes da administração. Na realidade, esta informação encontrava-se em um comunicado passado pelo rei solicitando a construção de um canal de irrigação, que deveria ser efetuado por cerca de 10 homens, e claramente observa-se que na ordem efetuada pelo rei, caso não houvesse esta construção, automaticamente o responsável seria o capataz, ou o ¨chefe da obra¨ e a ele caberia execução sumária pelo desacerto do projeto! Nos dias de hoje este conceito pode ser visto não só nas organizações, mas até mesmo em times de futebol que Técnicas de Gestão 9 efetuam mudança de técnico quando da perda de algum jogo importante pelo time que comanda, ou mesmo pela perda de algum jogo de campeonato. Em meados do século XIVa.C., os assírios controlaram os babilônicos e então surgiram aí avanços nos procedimentos militares, utilizados depois por vários outros estados de guerra, destacando-se nestes pontos características como a logística, através de depósitos, transporte de equipamentos, entre outros. Houve também uma grande proliferação de obras que possibilitassem a expansão do poderio assírio, como a construção de estradas e pontes. Para a construção de tais obras, a necessidade de planejamento prévio era fator premente do seu desenvolvimento. Ainda entre o povo assírio e o povo babilônico, há de se destacar que em determinado ponto da história dos dois povos os segundos acabaram por conquistar os primeiros, antigos senhores, e é nesta época, por exemplo, que são construídos os jardins suspensos da Babilônia, tão imensamente falados por historiadores como uma das 7 maravilhas do mundo antigo. Mais um processo de planejamento envolve esta construção. Também é neste momento que se desenvolve entre os babilônicos a produção têxtil, e os mesmos, por terem total fixação por cores, começam a desenvolver esta produção e efetuam o pagamento, ou salário, para as mulheres individualmente, sendo então os precursores, muito provavelmente, do sistema de incentivos salariais, que será visto mais adiante no estudo da escola de administração taylorista, tempos mais tarde. Vamos trazer para a atualidade: Hoje, as organizações, como um todo, como forma de persuadir seus empregados a produzirem mais, seja no campo técnico, indústrias, por exemplo, seja no campo comercial, através da busca pelo aumento das vendas da organização, acabam por estabelecer incentivos para melhoria deste desempenho. Incentivos como: Se o indivíduo bater a cota estabelecida para venda de 1000 unidades do produto, ele ganhará X% a mais sobre o seu salário por peça a mais vendida... Veja onde isso tudo começou, veja de onde saiu esta influência, depois trabalhada cientificamente pelas escolas administrativas e difundida em estratégias empresariais. Já no século XXIVa.C., os chineses começavam a inovar em soluções na sua administração pública. É neste momento que começa a surgir a utilização de assessorias. O rei chinês, para conduzir o seu governo, reunia-se nas áreas distantes, em vários pontos do país, com conselheiros que o ajudavam a discutir os destinos do reino, bem como as ações que seriam desempenhadas pelo império. Posteriormente, os reis chineses passaram a delegar a seus ministérios poderes para conduzir certos procedimentos, e, desta forma, estabeleceu-se o uso de assessores para a resolução de problemas governamentais já naquele tempo, permitindo talvez que os governantes tivessem maior disponibilidade de tempo para aterem-se a coisas mais importantes e a decisões estratégicas governamentais. Em uma das dinastias que governaram a China, por exemplo, ficam claros conceitos de administração utilizados hoje, a saber: Organização, funções do governo, relacionamento e cooperação, procedimentos, formalidades, controle, punições por falhas e contas a serem verificadas. Todos estes conceitos eram utilizados na gestão pública, e, hoje, são totalmente aplicáveis na gestão organizacional. Ainda na China, no século IVa.C., acreditava-se na existência de um determinado general, por nome de Sun-Tzu, que escreveu e desenvolveu o que se chamava de tratado e hoje dá o nome a diversos livros de estratégias por nome ¨a arte da guerra¨. Nesta obra, este general exaltava a busca por evitar guerras diretas, trabalhando a intimidação para com os inimigos, o uso do tempo ao invés da força e o ataque quando o mesmo estivesse despreocupado ou mesmo desprevenido. Estes pontos do general Sun-Tzu, como dito anteriormente, deram origem a livros de estratégia que hoje são seguidos por líderes empresarias de sucesso, que aplicam as regras do general, guardadas as devidas proporções de tempo. Alguns pontos observados pelo general, e ainda muito usados hoje na administração, poderiam ser assim apresentados: Atributos de comando do general, como humildade, sinceridade e paciência; controle; utilização das pessoas nos lugares corretos, por aptidão e conhecimento; organização e controle de resultados. 10 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT Vale lembrar que o povo chinês, em meados de 221a.C., construiu uma das maiores obras conhecidas: A muralha da China! E não é preciso pensar muito para entendermos o processo de planejamento necessário para que, em 10 anos, os mesmos tenham construído cerca de 1.500 km de muralha, enxergados inclusive por astronautas no espaço. Trazendo para os dias de hoje: Como as empresas de hoje viveriam sem controle, sem comandantes preparados técnica e emocionalmente para a gestão, sem o uso correto das pessoas nos lugares corretos? É talvez uma pergunta simples: Não viveriam... Talvez sobrevivessem, e algumas sobrevivem. A pergunta que advém é: Por quanto tempo? Ainda em termos de influência chinesa na administração, poderíamos aqui também apresentar um sábio chinês por nome Mêncio. Este sábio, já naquela época, defendia claramente conceitos hoje vigentes na administração de empresas, como meritocracia e democracia. Entendamos por meritocracia a obtenção de ascensão empresarial, ou mesmo social, face ao desenvolvimento de um trabalho que se destacasse dos demais, garantindo, então, ascensão por mérito. E o conceito democrático, amplamente discutido nos dias de hoje, em que as decisões deveriam ser colegiadas, ou seja, decisões de todos, num modelo democrático. Chega-se, então, ao estudo e avaliação do povo grego. Na Grécia, mais ou menos no século V antes de Cristo, idéias começam a surgir, idéias estas que serão as maiores fontes de influência para a administração organizacional de hoje. Vamos definir alguns destes fatores: 1- Democracia e ética: Conceitos de democracia participativa, em que se deixava de lado os interesses da aristocracia em prol do povo; conceito de igualdade entre todos; assembléias decisoriais. 2- Método: Os gregos estabeleceram a busca pelo conhecimento verdadeiro, ao invés de se guiarem por conceitos mitológicos vigentes à época. Partia-se do empirismo para o conhecimento. 3- Qualidade: A preocupação com o bom e o belo, com a forma de fazer direito sempre. O conceito de qualidade surgido no mundo grego é hoje, sem sombra de dúvida, uma das maiores buscas e preocupações das organizações do século 21! Porém, não se pode apresentar fatores que influenciaram a administração de hoje sem citarmos o povo romano, ou, mais precisamente, o império romano! Entre os séculos VIIIa.C. e IVd.C., os romanos apresentaram ao mundo contribuições ao processo de administração consideradas talvez as mais importantes, e nós veremos como isso funcionou. Sabe-se, historicamente, que o império romano alastrou-se por quase todo o mundo conhecido à época, e é precisamente neste ponto que se deve reconhecer sua impressionante influência na administração de hoje. Como um império ¨multinacional¨, Roma conduzia seu crescimento basicamente através da conquista de outros povos, e, através destas conquistas, o império romano alastrava-se cada vez mais em termos de mercado consumidor, ou seja: Cada novo império conquistado significava dizer que Roma teria mais condições de suprir os ¨conquistados¨ com os suprimentos produzidos pelo império. Para controlar estas novas províncias conquistadas os romanos precisaram estabelecer redes de estradas, manutenção de exércitos e funcionários públicos. Além do que a própria expansão do império dificultava o controle direto pelo monarca supremo. O império romano, então, começou a resolver estes problemas, por exemplo, através da criação de diferentes tipos de executivos: reis, imperadores, césares, cônsules... Alguns deles dispunham de autoridade para tomada de decisões em nome do rei e estavam em lugares, controlando os procedimentos, em que o rei não poderia estar. O império romano estabeleceu um pensamento simples e ainda hoje utilizado nas empresas de todo o mundo: o ato de governar pela divisão. Eles dividiam as províncias conquistadas e para cada província desta destacavam um governador, o que tinha por objetivo garantir a unidade romana através da utilização dos recursos advindos de sua própria província ou através mesmo da ajuda de outras províncias por ordem do imperador. Note: As organizações de hoje trabalham conceitos semelhantes, principalmente se pensarmos nas empresas multinacionais ou globalizadas, que têm ramificações em diversos países Técnicas de Gestão 11 pelo mundo e estabelecem ¨governadores¨ ou, melhor dizendo, ¨presidentes¨ ou diretores da empresa em cada um dos lugares onde se encontram, reportando-se à sede e de lá obtendo ajuda quando necessário, seguindo as recomendações do presidente geral ou de uma junta diretora. Até este ponto, vale notar que ainda não mencionamos a importância das finanças no processo de administração empresarial. No entanto, Roma, para garantir o contínuo desenvolvimento e proliferação do império, desenvolveu processos de tributação que lhe garantiam subsídios necessários ao seu contínuo desenvolvimento. Face à própria história as forças armadas romanas foram consideradas uma das maiores do mundo, e nela também se encontravam as características de planejamento já apresentadas anteriormente. Outro fator de influência na gestão organizacional de hoje pode ser também vista na Igreja Católica desde os tempos mais remotos. No conceito administrativo da Igreja Católica, já na época do declínio do império romano, observa-se muito dos segundos em seus processos de gestão. Dioceses, províncias, vigários... o processo de gestão geográfica utilizado pela Igreja Católica se assemelhava enormemente ao procedimento romano. Por exemplo, o modelo hierárquico, com papas, bispos, padres, sob uma estrutura de responsabilidades muito bem desenvolvidas, pode ser visto como fator antecedente e influenciador na administração das empresas. Na igreja Católica encontraremos hierarquia, disciplina, descentralização de atividades, centralização de comando. Conceitos simples e eficientes utilizados hoje pelas organizações modernas. Adiantando-se um pouco no tempo, mais precisamente no século XV, chegaremos à cidade de Veneza. Neste período, Veneza era uma cidade composta por diversos negócios, famílias de comerciantes, que tinham por objetivo juntar-se para explorarem negócios e oportunidades. Algumas práticas deste tempo, utilizadas por comerciantes locais, merecem uma atenção especial: -sociedade de famílias que buscavam construir empresas; -entrega de produtos consignados para revenda a distribuidores; -uso de sistemas de registros contábeis para controle. No século XVI, com o advento da Reforma Protestante na Europa, alguns pontos apresentados até o momento sofreram modificações drásticas, que também influenciaram a administração de hoje. Houve mundanças significativas no campo doutrinário, por exemplo, com uma ênfase maior no espírito individualista e na responsabilidade individual. Na realidade, a Reforma trouxe consigo conceitos como o de que o trabalho duro passando a ser encarado como forma de busca por melhoria pessoal e em benefício da comunidade. Alguns pontos da Reforma podem ser apresentados como fatores influenciativos no modelo de gestão organizacional vigente nos dias de hoje. Desenvolveram o conceito da prosperidade no presente, bem como o controle dos empregados e o comando dos mesmos, para que também eles desenvolvessem suas atividades de forma mais eficiente, ou seja, para que os empregados trabalhassem duro face aos seus objetivos a serem alcançados. Começa, então, a haver o conflito entre a mão-de-obra e o poder proprietário. Os protestantes também apresentaram ao mundo a possibilidade da gestão com muita organização, com a necessidade de um mínimo de estrutura para tanto. Curiosidade: Os protestantes emigraram para os Estados Unidos, onde desenvolveram a indústria e o modelo de gestão daquele país. 12 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT REVOLUÇÃO INDUSTRIAL X ADMINISTRAÇÃO No contexto da administração de empresas é interessante observar que até o surgimento da Revolução Industrial não existia ainda um contexto que evidenciasse claramente a existência de fábricas ou mesmo de indústrias. Não existiam até aquele momento operários especializados e os produtos eram produzidos pelo artesão. É evidente, então, que havia problemas antes da Revolução: os produtos, em sua maioria, ao serem produzidos artesanalmente traziam custos evidentes, pois, por mais que se quisesse, era difícil o estabelecimento de um critério produtivo igual. Um par de sandálias, por exemplo, que compramos hoje em dia em qualquer supermercado, cujas peças são iguais: escolhemos um modelo e tecnicamente temos a garantia de que teremos produtos iguais. Antes da Revolução Industrial, isto não poderia acontecer. Imaginemos que tecnicamente este produto, ao ser comprado antes da Revolução Industrial, traria diferenças significativas por ter sido efetuado sem padrões de produção, e, mais ainda, por pessoas diferentes. E mesmo que fosse feito pela mesma pessoa, por se tratar de um trabalho artesanal os custos eram diferentes, além de também haver diferenças significativas de um par de sandálias para outro. Em suma, para produzir uma sandália um artesão poderia usar 300g de borracha, enquanto que outro artesão poderia usar talvez 400g da mesma matéria-prima. É neste momento da história que surge o operário especializado. Especialização esta que passará a permitir que as organizações comecem a desenvolver um planejamento e controle mais efetivo dos seus processos produtivos. Além disto, é com a Revolução Industrial que começam a surgir as fábricas que, aliás, impulsionam a Revolução Industrial juntamente com a máquina a vapor, que surge no mesmo momento. Com o advento das fábricas e, automaticamente, do trabalho assalariado, as cidades tendem a crescer, o que desencadeia um processo social que afeta a vida das pessoas, impulsionando o governo a tomar providências para sanar problemas referentes a novas necessidades desta sociedade, como moradia, saúde, educação, etc. Automaticamente a Revolução Industrial desencadeia uma nova tendência, que se dará via desenvolvimento de novos aspectos da administração pública. É ainda com a Revolução Industrial, através da mudança da fabricação artesanal para empregados assalariados, que surgem os sindicatos, como forma de oposição ao tratamento dispensado aos funcionários por parte dos patrões. É neste momento que a administração de empresas começa a se consolidar como área do conhecimento, passível de estudos e de análises aprofundadas dos modelos utilizados, suas reformulações e aprimoramentos. A Inglaterra é considerada como o berço da Revolução Industrial. Foi, por exemplo, o primeiro país a efetuar o que alguns autores denominam de fabricação para fora. Na realidade, esta modalidade produtiva consistia no seguinte: Os capitalistas, detentores do poderio econômico, emprestavam máquinas às famílias para a produção têxtil, bem como a própria matéria-prima, e efetuavam o pagamento por peça produzida. Técnicas de Gestão 13 Este modelo produtivo trazia diversos problemas para o detentor do capital, pois automaticamente ele permanecia nas mãos dos artesãos, visto que de nada adiantava ser o detentor do capital produtivo e não ter nenhum controle sobre a produção efetuada. Vale a pena observar então que tecnicamente, e não obstante a Revolução Industrial, conforme visto, advir com o surgimento das indústrias, estes problemas narrados no parágrafo anterior fazem com que os comerciantes busquem reunir em galpões estes trabalhadores para poderem então exercer sobre eles uma forte pressão e principalmente controle sobre seus desempenhos. Por mais que fique evidente que a indústria fabril tenha sido talvez a primeira a surgir enquanto fábrica, a Revolução Industrial é marcada pelo surgimento das máquinas. Mais ainda, na realidade a Revolução Industrial receberá esta denominação em função da utilização das máquinas no processo produtivo, dentro dos galpões, com forte controle sobre os empregados. Ainda acima, explicou-se que a Revolução Industrial desencadeou um processo de crescimento das cidades, visto que essas fábricas arregimentavam empregados na zona rural, o que gerou o que se conhece por processo migratório, fazendo crescer as cidades e as necessidades da própria sociedade. Mas, para entender a Revolução Industrial, e a posteriori as escolas da Administração, é preciso buscar informações acerca das condições de trabalho e dos sindicatos neste período. Basicamente não existiam direitos para os trabalhadores e, para que se tenha uma idéia, abaixo serão apresentados alguns pontos que demonstram os direitos dos trabalhadores, ou mesmo a falta deles: - Trabalhadores sem direito a reclamar de salários; - Trabalhadores sem direito a reclamar de horas de trabalho; - Trabalhadores sem direito a reclamar do barulho; - Trabalhadores sem direito a reclamar da sujeira nas fábricas. Vale notar que, por exemplo, existem relatos de autores que afirmam que o trabalho de crianças na cidade de New Lanark chegava a 14 horas por dia. Logo depois, surge uma ¨reforma¨ nas determinações da carga horária trabalhada, e haverá então uma redução para 12 horas...apenas. Com a Revolução Industrial, alguns autores afirmarão que desencadeia-se uma desumanização do trabalho, visto que o artesão, que antes dispunha do controle de todo o processo de fabricação, passa a ser um mero operador de máquinas. O trabalho artesão praticamente desaparece enquanto forma de existência para estes indivíduos, e o empregado passa então a ser totalmente dependente dos salários pagos pelos capitalistas industriais. Na Revolução Industrial passa-se a dar ênfase na eficiência e não no ser humano ou mesmo nas questões sociais. Era o produzir a qualquer custo e sob quaisquer condições. Seres humanos passam a ser vistos enquanto máquinas e automaticamente encorajavase a cultura da exploração, e, mais ainda, aceitava-se o processo exploratório da aristocracia capitalista versus o fator social. É lógico que um processo de construção social baseado na exploração tenderia a gerar reações por parte dos explorados frente aos exploradores. Começam a surgir os conflitos entre as classes, e, por volta de 1800, surgem os primeiros sindicatos, que terão por objetivo a defesa dos salários destes operários, antes artesãos. A aceitação, por parte dos capitalistas, destes sindicatos se deu aos poucos e inicialmente foram altamente cerceados, sendo apenas tolerados. Na Alemanha, por exemplo, os sindicatos foram considerados ilegais em 1869, por Bismarck, e legalizados apenas em 1890. Como visto, a Revolução Industrial marca a passagem do processo artesanal para o procedimento industrial às custas, principalmente, do trabalho assalariado e também dos ganhos sociais. Logo, é ne14 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT cessário então que sejam apresentadas críticas a esse modelo iniciante, críticas ligadas principalmente ao processo distributivo de renda entre as classes sociais. Vejamos: 1-Poder: Critica-se o fato de que no modelo capitalista o detentor do capital dinheiro possui, apenas ele, o poder. É através deste poder que obtém a submissão dos empregados pela necessidade dos mesmos de sobrevivência. Além do poder que detém sobre o empregado, o capitalista também dispõe de poder sobre o governo, que passa a servir aos interesses dos capitalistas industriais; 2-Renda: O sistema faz com que o trabalhador gere mais receita para a empresa que o salário que recebe em troca. (Por exemplo: um trabalhador constrói um prédio de alto luxo, que será vendido por milhares de reais, mas dificilmente ele poderá efetuar a compra de um dos apartamentos à venda). Estas críticas, basicamente, exerceram forte influência nos sindicatos, naquele momento e até os dias atuais. AS ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS Sabendo-se então do processo construtivo e evolutivo da administração, busquemos agora entender o que viriam a ser as organizações empresariais nos dias atuais. Quando acordamos pela manhã, saímos da cama, escovamos os dentes, nos vestimos, e saímos para estudar ou trabalhar dificilmente nos questionamos como e porque surgiram organizações que produzem tais produtos, ou, mesmo, por que alguém pensou em abrir uma organização denominada de empresa de ônibus, metrô, trem, etc. Na realidade, temos de nos dar conta de que estas organizações existem pelo simples fato da busca de nos servir, pois compramos e pagamos pelos serviços prestados, ou mesmo existem também para atender a apelos daqueles que nelas trabalham. Uma organização empresarial existirá para satisfazer aos seus clientes, ou seja, aqueles que buscam a satisfação de suas necessidades e desejos, e também existirá para satisfazer àqueles que cooperam para a sua existência, sejam eles sócios ou empregados. Assim, entenderemos, finalmente, que uma organização empresarial existe basicamente pela existência de clientes. E esta organização empresarial, sendo composta por uma associação de pessoas, existe também com o objetivo de satisfazer estas pessoas que dela participam. No começo deste compêndio de estudos foram demonstrados pressupostos iniciais da administração. Agora pense numa organização de pessoas face ao que estudamos até aqui. Imagine que, na época das cavernas, por exemplo, as pessoas tinham fome (necessidade) e algumas outras pessoas saíam à caça para a busca da carne (carne esta que era a meta da organização destas pessoas). Os indivíduos que tinham fome poderiam ser considerados clientes, numa estrutura capitalista. Aqueles que saíram à caça como os trabalhadores, que tinham por objetivo a venda do produto para satisfação a necessidade, no caso, a carne. Precisamos entender que organização empresarial é um grupo de pessoas que planejam, organizam, executam e controlam procedimentos para satisfazer clientes. E estes clientes podem ser tanto internos (empregados) quanto externos (possíveis futuros consumidores). Técnicas de Gestão 15 Clientes internos seriam, como dito no parágrafo anterior, os empregados, que para exercerem suas funções necessitam de materiais oriundos de outras pessoas, provavelmente de dentro da própria organização. Estes clientes internos necessitam de materiais para o desempenho de suas funções ou de matéria-prima ou, até mesmo, de descanso, e cabe à organização empresarial lidar diretamente com eles para poderem vir a desenvolver suas atividades de uma maneira mais pacífica e sem sobressaltos. Logo, a equipe de balconistas de uma lanchonete, por exemplo, é cliente interno da cozinha da lanchonete, pois os primeiros dependem dos segundos para o desenvolvimento de suas atividades de atendimento ao cliente externo, no caso da compra de um sanduíche, por exemplo. Na realidade, o que buscamos apresentar neste ponto é que uma organização necessita da dependência e interdependência daqueles que trabalham nela. Cliente externo seria aquele que adentrou na lanchonete citada no exemplo acima e que pediu o sanduíche ao balconista. Basicamente, tem-se então o porquê da existência e uma organização empresarial: o cliente. Para que possa atender aos seus clientes as organizações empresariais necessitam dividir trabalhos e coordenar tarefas. Esta divisão de trabalho consiste basicamente na atribuição de diferentes serviços a várias pessoas, de acordo com a capacidade do indivíduo em efetuar aquilo que lhe foi designado. Na realidade, a divisão dos trabalhos será apresentada mais adiante no transcorrer deste material, mas vale frisar desde este ponto que esta divisão ocorre não apenas nas organizações, mas também em todas as atividades que buscamos desempenhar. Note uma casa da classe média tradicional: cada um tem sua função determinada. Papai sabe qual sua atividade, mamãe idem, e o, ou os, filho ou filhos, também têm uma função a desempenhar para que o lar permaneça sempre limpo, por exemplo. Então, a mamãe lava os pratos, o papai seca, e o filho guarda, hipoteticamente, é lógico. Não adianta apenas haver numa organização empresarial exclusivamente divisão de tarefas. Além da divisão de tarefas é necessário que se tenha coordenação para haver integração destas tarefas. Imagine que, no exemplo da família acima, o pai efetuasse a secagem dos pratos antes de serem lavados, ou mesmo o filho efetuasse a guarda dos pratos estando ainda os mesmos sujos? O procedimento total apresentaria problemas e geraria conflitos dentro da organização lar, na divisão das tarefas da cozinha. Esta divisão do trabalho traz conseqüências para as organizações: 1- Aumento da eficiência: Gera aumento de peças produzidas por uma indústria, por exemplo. Imagine se um empregado fosse o responsável por todos os procedimentos de construção de um carro. Este carro demoraria enormemente para ficar pronto, ao passo que com a divisão do trabalho e cada um tendo sua função na linha de montagem, evidencia-se automaticamente um aumento no potencial produtivo. 2- A divisão do trabalho deu origem a profissões dentro das organizações, face às atividades desenvolvidas. Ex: Metalúrgicos, operadores de empilhadeiras 3- Ajudou na formatação das classes sociais, na medida em que o indivíduo passa a receber a contraprestação pecuniária em função da atividade que exerce, cabendo recebimento de maior valor àquele que desenvolve atividade considerada mais capacitada e vice versa. Ex: Gerentes, supervisores recebendo mais que operários de chão de fábrica ou mesmo recebendo menos que diretores e presidentes de empresas. É este trabalho dividido e coordenado que origina as organizações. Na realidade, é através da divisão e organização que se busca o que denominamos na administração de sinergia. Sinergia acontece quando o trabalho desempenhado por todos, de maneira coordenada, supera o trabalho desenvolvido pelos membros se o fizessem em separado, sem interdependência. Pense no caso do sanduíche no balcão: Sinergia seria o cliente externo solicitar o sanduíche, o balconista solicitar ao chefe de cozinha e o mesmo entregar ao balconista num curto espaço de tempo, para que o mesmo o repasse ao cliente final. Este seria um exemplo da ocorrência de sinergia. 16 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT Na realidade, passamos a conseguir entender então que uma organização empresarial surge a partir da associação de pessoas frente a um objetivo comum. Vejamos os motivos que levam ao surgimento de organizações: -obtenção de objetivos comuns, com uso de especialistas; -divisão das tarefas entre estes especialistas na busca de se evitar desperdícios; -desenvolvimento de regras de procedimentos, buscando deixar claro quem faz o que, quando, onde e como. Estes pontos, se bem trabalhados, garantem às empresas a busca pela perenidade, ou seja, que tenham o objetivo de não acabar. Uma organização empresarial busca perenidade Os pontos acima descritos são considerados generalistas e são encontrados em lojas de esquina e até em grandes indústrias. Além de organização é necessário que as empresas disponham de estrutura. Esta estrutura é formada por indivíduos que fazem parte da organização, que se relacionam, colaborando e dividindo o trabalho para transformar matéria-prima em bens para a venda. Na realidade, numa organização empresarial a estrutura seria a união das partes que compõem uma empresa. Na realidade, vale frisar aqui, qualquer todo é composto por partes estruturais. Assim sendo, qualquer organização terá partes que a compõem, por exemplo: Finanças, RH, vendas. Cada uma desempenhando seu papel, numa ¨estrutura¨ definida e pré-determinada. Toda organização empresarial surge também através da busca da eficiência, falada anteriormente, da eficácia e da perenidade. Para que haja a sobrevivência de uma organização empresarial é necessário que a mesma seja eficaz, quando aquilo que produzem supera as metas dos clientes. Além de serem eficazes, as organizações empresariais necessitam ser eficientes, conforme já apresentado anteriormente, o que automaticamente possibilita a busca da perenidade. Entendamos, neste momento, como perenidade a busca pela organização de durar ao menos várias décadas antes de fechar suas portas. NECESSIDADE DA ADMINISTRAÇÃO NA ATUALIDADE Em face do que foi mostrado e demonstrado até o momento no estudo da administração de empresas, fica evidenciada a necessidade premente do estudo categórico e científico da administração e de sua aplicação em um conceito mais que meramente empírico. Aqui vale imaginar o que seria das organizações de hoje se não houvesse um estudo científico dos processos e procedimentos internos. Seria um caos total. Na realidade, a administração surge como válvula reguladora dos processos organizacionais internos. Mais que isso, mais que os processos, a administração surge como meio de buscar evitar conflitos nas pessoas que compõem a organização. Por tudo o que foi visto até o momento, nestes pontos que antecedem administração de empresas, busca-se deixar claro também que a maneira empírica da caça antes efetuada, ou a forma empírica da produção dos artesãos, ou mesmo, o empirismo utilizado nos primórdios das indústrias precisa abrir espaço para o cientificismo da administração na busca por melhores resultados empresariais. Técnicas de Gestão 17 O mundo não comporta mais empresas e organizações que baseiam e norteiam suas ações na base do ¨eu acho¨. A cada esquina surgem novos e mais variados competidores que trazem a campo, também, variadas maneiras de produção e de vendas, que forçam às empresas já instaladas à busca por defesas ou mesmo por ataques que possibilitem a sobrevivência no mercado competidor acirrado. As mudanças sociais ocorridas nos último tempos, comos por exemplo o advento da mulher como mola propulsora da sociedade, obrigam as organizações a terem discernimento na hora do desenvolvimento de produtos para satisfazer a este novo público consumidor, e forçam, automaticamente, o uso das atribuições da administração de empresas. O trilhar da economia mundial, com o advento da globalização e de seus efeitos na sociedade, desempenha fator crucial e marcante na necessidade da administração profissional fazer parte das gerências e presidências não só de grandes corporações, mas também e principalmente das pequenas e médias, para que possam sobreviver aos ataques de outras organizações poderosas em seus mercados consumidores. É esta moeda apresentada que possibilita ter-se a certeza do crescimento da administração de empresas. Atualmente, vale frisar aqui também, os conflitos gerados pela divisão de classes, já falado no transcorrer do material, e este rebatimento no ambiente interno das organizações forçam estas empresas a buscarem conhecimento a ser aplicado na solução destes problemas, e, emblematicamente, esta busca evidencia a necessidade de qualificação administrativa para tanto. Tem-se uma mudança processual que encaminha-se do manual para o tecnológico e é necessário que as empresas estejam preparadas para tanto. É através da administração consciente que se deverá buscar o gerenciamento deste processo de passagem. Antigos conceitos, como o de que empresas são feitas de tijolos, cimento, telhas, estão deixando lugar para novos conceitos baseados nas premissas de que hoje podem existir empresas virtuais e todos precisam estar atentos a estes novos desafios, principalmente as empresas já existentes e que precisam mudar de foco ou se adaptar a esta nova realidade. Neste ínterim, o processo evidenciado muda da categoria local para global e as empresas passam a buscar cada vez mais participação em lugares que antes jamais imaginariam estar ou chegar. Estas mudanças evidenciam a necessidade da administração. Hoje, deve-se focar o cliente, entendêlo, estudá-lo. É a administração quem dá as coordenadas e mostra as necessidades de fazê-lo. A administração de hoje não busca apenas a eficiência interna, mas a eficácia no desenvolvimento de seu trabalho e, para isto, se requer um estudo aprofundado dos conceitos administrativos. Além disto, hoje as empresas necessitam estar atentas às mudanças do mercado e precisam, então, da flexibilidade necessária para tanto. Para a obtenção disto, novamente se faz necessário entendimento e compreensão dos processos, ou seja, o estudo da administração. Neste contexto novos desafios se abrem para as empresas e para seus gestores, que evidenciam a necessidade da administração nos dias atuais, como por exemplo: - A globalização dos mercados; - Advento e surgimento de novas tecnologias que possibilitam e evidenciam novas mudanças; - Informação – que passa a ser elemento crucial na busca pela perenidade organizacional; - Serviços – desenvolvimento de serviços com foco nos clientes que agreguem valor às organizações e aos produtos que vendem, ou mesmo empresas que militam exclusivamente na área de serviços e que buscam a satisfação total de seus clientes; - Foco no cliente – o cliente como início e fim do processo; 18 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT - Novas estruturas – conforme evidenciado no material, organizações são compostas por estruturas e estruturas são obrigadas a mudar face a mudanças no mercado. É necessário que as estruturas sejam flexíveis e mudem conforme muda o mercado; - Ênfase nas pessoas – as pessoas passam a ser um dos maiores diferenciais para as organizações, pois é através das pessoas que as empresas buscarão um melhor posicionamento no mercado; - Competitividade – as mudanças de mercado evidenciam: que as empresas precisam obter competitividade. Assim, esses seriam apenas alguns poucos pontos que evidenciam a necessidade da administração de empresas nos dias atuais. Na realidade, teríamos a busca por parte das empresas de atitude, talento e conhecimento na gestão de suas equipes de trabalho e mesmo no densenrolar e desenvolver de suas atividades. Atividade Complementar 1. Por que podemos afirmar que a administração existiu desde os momentos mais longínquos da vida humana? 2. Discorra sobre a seguinte afirmação: ¨É no agrupamento de pessoas que começará a busca por planejamento de ações.¨ 3. Porque é necessário planejar com ênfase no futuro e não no momento presente? Justifique sua resposta. Técnicas de Gestão 19 4. Quais as influências do povo grego na administração organizacional de hoje? Explique também com exemplo prático. 5. Quais as grandes mudanças advindas com a Revolução Industrial? 6. Quais críticas podem ser dirigidas à Revolução Industrial e como estas críticas persistem até os dias atuais? Explique. 7. O que seriam organizações empresariais e como se formam? 8. Quais as conseqüências advindas da divisão do trabalho nas organizações? Quais os ganhos, em sua visão, obtidos pelas organizações com esta divisão? 20 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT 9. Explique de forma detalhada o porquê da necessidade da administração na atualidade. 10. Quais mudanças, fora as citadas no texto, você observa no mundo contemporâneo que evidenciam a necessidade da administração de empresas por parte das organizações? Explique e defenda seu ponto de vista. Técnicas de Gestão 21 A ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO Precisa-se entender o que vem a ser a administração de empresas e em quais pontos ela se fundamenta. Na realidade, os questionamentos de hoje no que tange à administração de empresas referem-se a perguntas simples: Administrar uma empresa seria ciência, arte ou apenas prática? Comecemos a buscar este entendimento e sua fundamentação na resposta a estas perguntas. Para concluir-se que administração de empresas é uma ciência, é preciso buscar o entendimento sobre o que viria a ser ciência. A ciência teria por objetivo, por exemplo, buscar entender fenômenos e explicá-los, prevendo-os, de acordo com Nagel, citado por Cyro Bernardes e Reynaldo Marcondes, em seu livro Teoria Geral da Administração, gerenciando organizações. Na realidade, se observarmos a administração de empresas verificaremos que a administração não seria considerada ciência na acepção total da palavra, pois na realidade visa a satisfação da sociedade, sem tecnicamente precisar explicar fenômenos. No entanto, é fator visível que a administração de empresas se dá através da união de diversos conhecimentos ou ciências, como, por exemplo, a antropologia, matemática, psicologia, dentre outras. Quando adentrarmos na análise específica da administração e das escolas administrativas, perceberemos que alguns pontos das escolas administrativas seguem o conceito de ciência, enquanto outros são considerados por autores como aplicação de conceitos científicos. Por ora, vale considerar que a administração é também uma ciência. Mas administração seria uma arte? Sim, em parte. Se admitirmos que a arte pode ser vista enquanto uma criação individual, por mais que se tenha conceitos administrativos aplicados à maioria das áreas de gestão, e mesmo a aplicação de conhecimentos advindos de diversas outras profissões, a administração de empresas deve também ser considerada uma arte, visto que guarda em si conceitos de criação. No entanto, vale salientar que a arte, conforme evidenciado no parágrafo, alia o conceito individual, enquanto que a administração trabalha o pensamento coletivo. Por isso seria considerada arte, mas não totalmente arte em seu conceito fim. Chega-se ao ponto principal. Seria a administração de empresas uma prática? Sim. É considerada uma profissão prática, pois ela é definida e destinada à aplicação de técnicas e teorias, utilizadas sob um conceito de ação. Para Cyro Bernardes e Reynaldo Marcondes ( 2003 ), o enfoque prático atribuído à administração, no entanto, remete a considerações importantes: 1-Sendo a administração prática, faz-se necessário que a mesma seja evidenciada, vivida e ¨praticada¨ dentro das organizações; 2-Como técnica, ela precisa ser prescritiva, ou seja, é necessário que ela apresente o que se fazer em cada situação que a organização se vê envolvida; 3-Sendo parcialmente ciência, ela encontra diversas formas para resolver um mesmo problema; 22 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT 4-Dependendo dos problemas, faz-se necessário o uso e aplicação de outras ciências que auxiliem na resolução de problemas, conforme mencionado anteriormente: Sociologia, psicologia, por exemplo. 5-Se é prescritiva, ela sofre variações com o decorrer do tempo, de acordo com as mudanças que ocorrerem na sociedade; 6-Não sendo totalmente ciência, é ideológica, ou seja, adequa-se às exigências da sociedade. Comecemos agora a entender administração sob seu conceito e importância. Na realidade, administração de empresas, segundo Maximiano(2002), seria um processo de tomada de decisões sobre a utilização de recursos em função de objetivos definidos e determinados. Em qualquer situação que venhamos a nos envolver a administração estará envolvida no processo de solução de um determinado problema. Se pensarmos em algum problema e no planejamento de sua solução, basicamente estaremos pensando na administração. Por exemplo: Digamos que estejamos pensando em nos deslocarmos até um shopping center. Temos um objetivo, que é o de irmos até o local designado, e temos recursos que precisam ser utilizados para atingirmos este objetivo. Nos questionaremos no processo de deslocamento até o local, se iremos a pé ou se buscaremos um outro meio de locomoção. Nos questionaremos como iremos vestidos ou mesmo com quem iremos, se sozinhos ou acompanhados. Questionaremos os gastos envolvidos no processo e finalmente tomaremos uma decisão. Vamos ou não vamos ao shopping? Na realidade, todo este pensamento voltado à utilização correta destes recursos referem-se basicamente à decisão final descrita, de irmos ou não. Se trouxermos esta realidade para organizações, o efeito será o mesmo. O conceito fundamental utilizado também será o mesmo. Se pensarmos em prefeituras, governos, empresas, o conceito de administração será aplicado sob o mesmo pensamento. Se temos uma organização e nela queremos produzir algum bem para venda futura, precisamos entender o que necessitamos para efetuar e chegar ao objetivo desta produção. Precisamos tomar decisões acerca dos recursos que se farão necessários, como máquinas, pessoas, capital a ser empregado, dentre outros. Socialmente falando, a administração tem também sua importância. Na realidade o procedimento da administração de empresas estará ligado ao pensamento de planejamento, organização, execução e controle dos processos a serem desenvolvidos em face do objetivo a ser alcançado. Se admitirmos que a administração de empresas é fator preponderante de uso e aplicação dentro das organizações, veremos claramente que esta aplicação tem rebatimento direto na sociedade na qual estamos inseridos. Negar que as organizações hoje interferem e fazem parte da vida da população seria, por si só, uma análise errônea do processo de desenvolvimento social. Note: As organizações têm importância direta na sociedade. Emissoras de televisão, rádio, dentre outras, por exemplo, que levam informação às pessoas, são organizações, e são geridas sob o conceito central da administração de empresas. Ainda sob o critério de fundamentação da administração de empresas, faz-se necessário que tenhamos uma noção do que se define como teorias da administração. Na realidade, se buscarmos entender o que vem a ser teoria, Maximiano(2002) afirma categoricamente que teoria viria a ser a representação abstrata do que é visto como uma realidade. Para buscarmos entender com maior esclarecimento, devemos perceber que as teorias advêm da observação e análise daquilo que vemos na prática do dia-a-dia. Quando falamos em Teoria Geral da Administração, estamos na realidade designando o conjunto destas teorias, que serão demonstradas posteriormente neste material. Para fundamentarmos, ainda, a administração, é necessário que tenhamos em mente alguns termos que norteiam o processo de construção teórica em administração, a saber: Teorias: Explicações sobre a realidade, ou suposições; Enfoque: O ponto principal de análise da teoria. Exemplo: Enfoque comportamental, referindo-se basicamente ao estudo e análise do comportamento dentro das organizações; Técnicas de Gestão 23 Modelo de gestão: Conjunto técnico utilizado no processo administrativo. Exemplo: modelo ¨Brasileiro¨ de Administração, modelo ¨americano¨ de Administração; Modelo de organização: nome que se dá à utilização de algumas doutrinas da administração na gestão das organizações. Por exemplo: Existe uma escola da administração denominada de Escola Burocrática. Organizações que se utilizam desta técnica utilizam o ¨modelo¨ burocrático; Doutrina: Princípio de conduta. Por exemplo, uma organização que busca a qualidade para o consumidor será considerada como uma organização que segue a doutrina de satisfação de seus consumidores; Técnicas: Seriam as soluções para os problemas encontrados. O ponto principal neste pensamento seria o de buscar entender qual seria a melhor idéia, a melhor solução ou o melhor ponto a ser abordado ou mesmo utilizado. Na realidade, a utilização dos conceitos, doutrinas, teorias ou modelos nos dias de hoje dependerá da relatividade do mercado, ou seja, as decisões passarão pela análise que a organização faz do mercado em que se encontra inserida. Para formarmos este conhecimento administrativo para uma possível tomada de decisão futura, tem-se a utilização de duas fontes principais: a primeira referindo-se à própria experiência prática do gestor, e a segunda aos métodos científicos utilizados. Na realidade, toda vez que na gestão de uma organização produzimos uma solução através da análise de recursos, acabamos por fazer com que haja um retorno destas soluções à organização na qual que enfocamos o estudo. Daí, começamos a formar o conhecimento da administração. Veja: através da aplicação de soluções e tomada de decisões aumenta-se o nível de aprendizado para tomada de decisões futuras. Busquemos entender estes dois fundamentos com mais propriedade: Experiência prática: A experiência prática refere-se não apenas à experiência adquirida por nós, mesmo porque ter experiência referiria-se a ter administrado algo anteriormente. Quando falamos em experiência prática buscamos nos referir aos relatos presentes em uso e aplicação de técnicas e soluções apresentadas por outros e que começam a fazer parte do conhecimento e domínio daqueles que estudam a administração de empresas. É a experiência prática ainda uma das maiores fontes de conhecimento de como administrar. Métodos científicos: É a forma de aplicar os conhecimentos da administração dentro das organizações. Isso pode ser feito através de experimentos, levantamento simples através de questionários, entrevistas, com base em apenas um aspecto que se queira saber, ou mesmo através de levantamentos correlacionados, onde se busca entender causa e efeito entre determinadas variáveis. Precisa-se entender também, no estudo da administração, o que viriam a ser paradigmas, um dos fundamentos da administração, que será descrito no próximo bloco deste material. Segundo Maximiano(2002), paradigmas seriam modelos ou padrões que servem como marco de referência para explicar ou ajudar pessoas a lidar com diferentes situações. Como as mudanças na sociedade se dão em extraordinária velocidade, é necessário que estes paradigmas também se modifiquem da mesma forma para que a administração de empresas não fique presa a fatos e soluções que muitas vezes tornam-se arcaicos e demasiadamente não aplicáveis. Na realidade, paradigmas viriam a ser premissas ou hipóteses, modelos de administração e organização ou mesmo compreensão de conjunturas. Essas mudanças de paradigmas se tornam necessárias em face do processo evolutivo da administração, e têm de ser vistas enquanto fator preponderante de gestão. Abaixo, seguem algumas mudanças que merecem destaque, segundo Maximiano (2002): Mudança no papel dos chefes: Achataram-se as hierarquias para minimização de custos. O paradigma da chefia totalitarista começa a mudar para o conceito de transferência de poderes decisó- 24 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT rios também para subalternos hierárquicos, com o mesmo intuito de obter eficiência nos trabalhos; Competitividade: Em face das mudanças do mundo globalizado, o paradigma muda da busca da eficiência para a competitividade, a busca por sobreviver e vencer neste mercado global; Interdependência: Administração global. O conceito local perde espaço para o conceito mundo. A administração de uma empresa no Brasil não depende apenas dos acontecimentos sociais e econômicos no próprio Brasil, mas depende também dos acontecimentos em países de várias partes do mundo; Administração informatizada: A tecnologia da informação passa a ser um fator presente na administração de empresas, e esta tecnologia muda minuto a minuto, cabendo às organizações acompanharem estas mudanças. Administração empreendedora: Uma administração que busque estimular as pessoas a descobrir e implementar novos negócios, ou mesmo capazes de implementar novas soluções, melhores, para problemas antigos; Foco no cliente: Voltar a atenção da organização para o cliente, percebendo que ele deve ser o início e o fim de todo o planejamento empresarial; Meio ambiente: Antigamente não se analisava a questão ambiental. Hoje, a própria mudança no perfil de pensamento da sociedade força as organizações a levarem em consideração o meio ambiente em seus processos de gestão; Qualidade de vida: No passado, questões como qualidade de vida seriam consideradas irrelevantes na administração de empresas. Hoje, qualidade de vida assumiu dimensão considerável, principalmente para o empregador atual. Saúde, educação do empregado e da família, são assuntos que passam fazer parte da agenda do administrador moderno; Emergência do Terceiro Setor: Fica fácil entender tamanho crescimento de ONG´s (Organizações Não Governamentais) se analisarmos as próprias mudanças sociais no mundo e a incapacidade dos governos em resolver a maioria dos problemas que assolam esta sociedade. Assim sendo, com o surgimento e proliferação do que se chama de terceiro setor, estas organizações passam a necessitar de uma administração totalmente profissional, uma administração, segundo o próprio Maximiano (2002), eficiente. HABILIDADES DO ADMINISTRADOR Outro ponto que merece atenção e destaque o desempenho dos gerentes dentro da administração de empresas. Vale notar que o papel a ser desempenhado por um gestor, dentro do ambiente empresarial, em quaisquer de suas áreas de atuação, seja na alta, média ou baixa gerência, depende basicamente de habilidades que fazem parte e permeiam o processo administrativo. Estas habilidades fazem parte de uma contextualização científica explicada por alguns autores, dentre eles Katz. Segundo Maximiano (2002), Katz definiu, ou melhor, dividiu em 3 estas habilidades, a saber: 1ª) Habilidade técnica: Esta habilidade consiste basicamente no entendimento dos métodos Técnicas de Gestão 25 e equipamentos necessários para o desempenho da função gerencial dentro de uma organização. É neste ponto que encontra-se o conhecimento e uso destes conhecimentos adquiridos na gestão de um determinado processo ou, como dito anteriormente, no desempenho da função. Por exemplo: Para que o sujeito seja um alto diretor de marketing, é necessário que ele entenda de desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de estratégias mercadológicas, uso e aplicação de pesquisas de satisfação do consumidor, dentre outros. 2ª) Habilidade humana: Para um indivíduo ser considerado um gestor é necessário que ele entenda as necessidades das pessoas e consiga gerenciar estas necessidades. Aqui residem pontos como entender as pessoas, saber liderar e trabalhar com grupos, levando a equipe aos objetivos da organização através desta liderança. 3ª) Habilidade conceitual: Esta habilidade consiste em o gestor entender a empresa enquanto um organismo complexo, formado por diversas partes que juntas geram ações em prol de um objetivo final a ser alcançado. Significa ter em mente que, sendo sabedor desta complexidade, ao gestor cabe a geração de planejamento através de intelecto e entendimento do contexto organizacional. Ainda segundo Katz, quanto mais se sobe na hierarquia de uma organização mais aumenta a importância da habilidade conceitual. Um outro autor que apresenta ainda habilidades necessárias para um gestor/administrador seria Mintzberg. Apresentado por Maximiano (2002), Mintzberg propõe 8 (oito) habilidades necessárias para gerenciar uma organização, a saber: 1ª) Habilidade de relacionamento com colegas: Como o próprio nome apresenta, aqui reside a capacidade que o gestor deve possuir da manutenção de relações formais ou mesmo informais com seus colegas de trabalho, para atingir seus objetivos, os objetivos dos outros e o objetivo da organização. Neste ponto alguns fatores se fazem importantes, como rede de contatos, habilidade de negociação, busca de sobrevivência dentro da estrutura organizacional e mesmo a facilidade em se comunicar, ou seja, entender e ser entendido; 2ª) Habilidades de liderança: Para Mintzberg esta habilidade está diretamente relacionada ao que se chama de personalidade inata. Deve estar presente quando se necessita realizar tarefas em equipe e dentro destas equipes se façam necessárias orientações, treinamentos, motivação através do uso da autoridade; 3ª) Habilidade de resolução de conflitos: Refere-se diretamente à condição que o gestor deve possuir de arbitrar conflitos ou resolver problemas entre indivíduos ou entre grupos. Requer alta tolerância a tensões; 4ª) Habilidades de processamento de informações: Gestores e estudantes de administração devem ter em mente que gerenciar está intimamente ligado ao pensamento de saber se comunicar, e dentro deste conceito deve estar presente a facilidade na construção de redes informais de comunicações. Estas redes devem dar condições de o gestor obter informações sobre determinado assunto, processar esta informação e automaticamente ter a condição de propor uma solução a um problema, se este for o caso; 5ª) Habilidades de tomar decisões em condições de ambigüidade: Por vezes um gestor necessita tomar decisões referentes a fatos não corriqueiros, ou seja, se faz necessária a tomada de decisões muitas vezes em função de coisas de que não se tem conhecimento de todas as informações necessárias para tanto. Seria uma habilidade do gestor/administrador, em primeiro lugar, decidir por tomar ou não a decisão em função das informações de que dispõe, e, em seguida, efetuar a tomada desta decisão, caso opte por isso; 26 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT 6ª) Habilidades de alocação de recursos: Seria interessante se toda organização dispusesse de recursos ilimitados para seus gestores. Imagine que bom seria se o gestor pudesse trabalhar, por exemplo, sem limite de gastos na elaboração de uma campanha publicitária. No entanto, isso é impossível. Gestores trabalham com recursos limitados e estes recursos, muitas vezes, precisam atender a vários objetivos dentro da organização. Imagine que, no mesmo exemplo citado, o recurso financeiro para todo o departamento de propaganda fosse de apenas R$ 10.000,00 e que houvessem não uma, mas 10 campanhas a serem produzidas com este dinheiro. Caberia ao gestor do departamento a definição da alocação dos recursos necessários para cada campanha, segundo decisões tomadas por si para cada uma destas campanhas. Assim sendo, esta habilidade refere-se à decisão da alocação dos recursos, sejam eles financeiros, conforme evidenciado, ou recursos humanos: quantos funcionários seriam alocados para desenvolver cada uma das campanhas? Isto obtém-se através de critérios, e estes critérios e prioridades devem ser os melhores para a organização; 7ª) Habilidades de empreendedor: É a busca constante por novas formas e novos meios de resolver problemas. É a habilidade de efetuar mudanças na organização visando o bem de todos e da própria empresa; 8ª) Habilidades de introspecção: Aqui cabe a auto-análise, a reflexão das ações desempenhadas pelo gestor em seu cargo e o rebatimento de suas ações nas pessoas que compõem conjuntamente com ele o departamento e mesmo a organização como um todo. Seria a habilidade de aprender com seus erros e acertos, o que evidenciaria automaticamente uma curva de aprendizado e de experiência necessária ao desempenho futuro de suas funções. Vale salientar aqui que estas habilidades necessárias ao gerenciamento de administração de uma organização podem ser listadas e apresentadas, mas não devem ser vistas enquanto conceitos estanques, ou seja, separados em si mesmos. É a união destas habilidades que oferece ao administrador a possibilidade de desempenho gerencial satisfatório em suas funções organizacionais, e que permite a ele evoluir com o passar dos anos, através desta curva de experiência com seus erros e acertos na tomada de decisões. Na realidade a união destas habilidades deve dar condições ao administrador de definir metas, buscar a melhoria dos processos gerenciais, além da busca incessante da cooperação entre os empregados para alcançar as metas fixadas anteriormente. É fator preponderante para o administrador que ele consiga desenvolver seu funcionário, pois é através deste desenvolvimento que se atingirá os resultados necessários para toda a empresa. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Iniciaremos agora o que os autores chamam de Administração Científica, cujo maior expoente foi Frederick Winslow Taylor. Conforme consta em Maximiano (2002), Taylor nasceu no ano de 1856, proveniente de uma família com recursos financeiros. Apesar de vir de família abastada e de ter sido aprovado no exame de admissão da Escola de Direito de Harvard, Taylor optou por ser um trabalhador manual. Entre os anos de 1874 e 1878 Taylor foi empregado de uma fábrica de bombas hidráulicas, onde aprendeu o ofício de torneiro. Nesta fase de seu trabalho, Taylor passou a observar o que denominava de má administração ou ¨corpo mole¨ dos funcionários e a má qualidade entre os trabalhadores e gerentes. Começava aí a busca pela melhoria destas relações. Logo depois, Taylor foi trabalhar em uma outra fábrica, agora uma usina siderúrgica, permanecendo por lá durante 12 anos. Neste período, desenTécnicas de Gestão 27 volveu seus estudos e aprendizado, desta vez focando em engenharia. Através de estudos à noite tornou-se mestre em engenharia, começando a desenvolver estudos técnicos que viabilizassem e melhorassem o desempenho das funções dos empregados dentro das organizações. E é daí que começa a surgir o estudo da administração de empresas, através do engenheiro Frederick Winslow Taylor. Taylor passou a observar que havia alguns problemas no desempenho dos trabalhos, como por exemplo: 1 – Não se sabia quais eram e como eram divididas as responsabilidades do empregado; 2 – O trabalhador efetuava suas atividades, mas não havia incentivos que os levassem a produzir mais; 3 – Pelo simples fato de não haver divisão de responsabilidades, conforme mencionado no item 1, muitos empregados simplesmente não cumpriam as responsabilidades das quais eram incumbidos; 4 – As decisões que eram tomadas pelos administradores, na realidade, eram tomadas na intuição ou mesmo no mero e simples ¨palpite¨; 5 – Os departamentos da empresa não eram integrados, ou seja, finanças não se integrava com produção, que não se integrava com a área de vendas, e assim sucessivamente; 6 – Quando se colocava os trabalhadores para desempenhar tarefas, fazia-se sem observar a aptidão do indivíduo para o desempenho da função para a qual era designado; 7 – Os gerentes ou supervisores ignoravam que caso houvesse uma excelência no desempenho das funções por parte dos empregados isso geraria melhoria não só para a empresa, mas geraria também recompensa para os funcionários; 8 – Conflitos entre os capatazes e operários, referentes à quantidade de produtos a serem produzidos. Baseado nestes problemas assinalados, Taylor começa a desenvolver o que se chamará de movimento da Administração Científica, tentando justamente, e isto ele apresentava em seus cartões de visita, ¨sistematizar a administração do chão de fábrica¨. Este movimento proposto por Taylor, na realidade, viveu três momentos distintos: Primeira fase: Ataque ao problema dos salários, estudo sistemático do tempo, definição de tempospadrão, sistema de administração de tarefas; Segunda fase: Ampliação de escopo, da tarefa para a administração, princípios da administração científica do trabalho; Terceira fase: Consolidação dos princípios propostos na segunda fase, divisão de autoridade e responsabilidade no interior da empresa, distinção entre técnicas e princípios. A primeira fase: Tecnicamente, naquela época, os empregados recebiam pagamento por dia de trabalho ou por peça produzida. Este sistema de pagamento, já à época, dava a entender ao funcionário que na realidade o desempenho de suas atividades dentro da organização beneficiava exclusivamente o patrão. Automaticamente, não havia empenho por parte destes funcionários no processo produtivo, ou, pelo menos, não da forma como os engenheiros e mesmo os empregadores achavam que deveria ser. Observemos o problema, conforme era apresentado, de uma maneira mais prática: Quando o empregado recebia o salário por dia trabalhado, automaticamente não viam nenhuma 28 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT vantagem em produzir mais, visto que iriam ganhar a mesma coisa que ganhariam produzindo menos e, por conseguinte, se cansando também bem menos. No caso do pagamento por peça produzida, os empregadores, no momento em que havia um aumento significativo da produção, efetuavam a diminuição do valor a ser pago a cada funcionário por peça produzida. Daí, advém o seguinte questionamento, já à época, e possível de ser visto hoje em dia: Para que os trabalhadores iriam efetuar produção elevada? Não havia por que produzirem mais, visto que nada tinham a ganhar, e, automaticamente, deixavam de produzir muito e a produção, por vezes, era considerada abaixo do esperado. É aí que surge Taylor. Para resolver justamente o problema referente ao desinteresse por parte dos empregados, pela forma como eram efetuados os pagamentos, em 1895 Taylor apresenta à sociedade um sistema de pagamento por peça (piece-rate system). Neste sistema, Taylor propõe justamente a eliminação da diminuição do valor pago por peça, através de uma nova metodologia de pagamento. Na realidade, Taylor passava a desenvolver o que ele chamava de estudo sistemático e científico do tempo, que consistia na divisão dos elementos básicos da produção, e, com a colaboração dos trabalhadores, efetuar a cronometragem do tempo de produção e de seu registro. Após isso, Taylor definia o tempo padrão de produção e, automaticamente, tinha-se a seleção dos trabalhadores para o desempenho da função, e estes trabalhadores recebiam conforme o que produziam, sendo que o mínimo era o que estava estabelecido no estudo dos tempos. Além disto, Taylor propunha o pagamento de incentivos por peças a mais produzidas no período de desenvolvimento dos seus trabalhos. O ataque ao problema dos salários é considerado o primeiro estágio da Administração Científica de Taylor. A segunda fase: Se, na primeira fase, a busca era pelo aumento da produtividade do trabalhador através do aprimoramento dos programas de pagamento, na segunda fase o que ficou claro foi a necessidade de se aprimorar justamente os métodos de trabalho. Na realidade, esta segunda fase abrange um escopo da administração talvez muito maior do que o que vinha sendo discutido até então, e, tecnicamente, resumia-se ao que Taylor chamava de homem médio e homem de primeira classe. O que Taylor observava era que o homem de primeira classe era altamente motivado e realizava seu trabalho sem desperdiçar tempo nem restringir sua produção. Taylor afirmava, neste estudo, que uma pessoa com tais qualificações necessitava ser deslocada para desenvolver uma atividade que lhe fosse possível, bem como deveria receber também incentivo financeiro para desempenhar a função que lhe foi confiada. Porém, ainda neste estudo teórico, Taylor afirmava que mesmo sendo este homem de primeira classe, iria se tornar ineficiente se lhe faltassem incentivos ou se houvesse pressões do grupo de trabalho para a diminuição da produção. Taylor, então, apresenta a sua concepção do que viriam a ser princípios da administração de uma empresa: 1 – Salários altos e custos baixos de produção; 2 – Seleção e treinamento de pessoal; 3 – Identificação da melhor maneira de executar a tarefa; 4 – Cooperação íntima entre a administração da organização e os trabalhadores. A terceira fase: É nesta fase que Taylor sintetiza o que ele define de objetivos da administração de empresas, conforme apresentado abaixo: 1 – Estabelecimento de conceitos científicos para o desenvolvimento dos trabalhos dentro Técnicas de Gestão 29 das organizações, deixando de lado o empirismo prático que antes era realizado; 2 – Selecionar, treinar e instruir o trabalhador, que antes escolhia o que gostaria de fazer, e ele mesmo treinava-se o melhor que era possível; 3 – Cooperar de forma realmente producente com os trabalhadores, de maneira a se conseguir uma garantia de que tudo aquilo que foi desenvolvido cientificamente pudesse vir a ser desempenhado da melhor forma possível; 4 – Cabe à administração desenvolver de todo o trabalho para o qual esteja melhor preparada que os trabalhadores, enquanto que anteriormente cabia a estes mesmos trabalhadores não só o desempenho dos trabalhos, mas também toda a responsabilidade de efetuá-los e desenvolvê-los, ou seja, tudo recaía nas mãos do trabalhador. Taylor acreditava fielmente que o trabalhador produziria mais se lhe fosse dado ganho material, pois pensava que o desejo do trabalhador referia-se somente e tão somente à busca de ganho financeiro. Para Ribeiro (2003) a administração de empresas proposta por Taylor buscava garantir ou assegurar o máximo possível de prosperidade para o patrão, bem como também buscava, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade para o empregado, mesmo que, na visão taylorista, esta prosperidade fosse referente à melhoria de ganhos de capital. Fica evidente, no exposto até o momento, que Taylor tinha uma visão clara dos problemas enfrentados pelas organizações no que tange, principalmente, às perdas com a ineficiência e da necessidade maior de melhoria no campo de trabalho. Processualmente falando, ou seja, em se tratando de processos, ao atribuir junto ao trabalhador a tarefa mais elevada possível, de acordo com suas aptidões, conforme evidenciado anteriormente, Taylor solicitava do trabalhador produção superior ou igual ao que estava estabelecido, pagando com tarifas salariais diferentes por unidades produzidas. A estrutura interna da organização taylorista era desenvolvida em três pontos: Um estado maior, que tinha por função pensar; os encarregados de ordem, de fabricação, inspeção, tempo, disciplina, entre outros, que, conforme o próprio nome já evidencia, eram encarregados de seguir o que se era pensado; e lá embaixo, na hierarquia, os operários, que tinham por função executar ou fazer. Este estado maior da administração científica objetivava planejar, comandar e dirigir, dando um senso de organização para as empresas, de forma a garantir que o procedimento científico fosse seguido conforme o planejado. Geram-se, então, algumas características da administração científica de Taylor: 1 – Administração como ciência; 2 – Separação entre aqueles que pensam dentro da organização e aqueles que fazem, que executam; 3 – Conceito do homem econômico, ou seja, o homem vive em função da busca por melhoria salarial; 4 – Supervisão; 5 – Ênfase na ciência. A administração científica de Taylor, muito embora em um primeiro momento aparente possuir apenas benefícios, foi e é alvo de várias críticas, entre elas ressaltemos as apresentadas por Ribeiro (2003): 1 – Como o trabalho começava a ser planejado e padronizado, automaticamente corria-se o risco de o trabalhador quase vir a tornar-se um autômato em função das instruções minuciosas dadas para o desempenho das atividades; 30 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT 2 – Taylor, tecnicamente, desconsidera o elemento humano e as questões psicológicas. Ele admite, exclusivamente, que o homem quer ganhar mais, esquecendo-se dos fatores psicológicos; 3 – A especialização do funcionário é tamanha e de tal grandeza que, teoricamente, faz com que o mesmo não sinta a necessidade de busca por qualificação; 4 – Os operários, por se tornarem então especialistas, acabavam por ter problemas em conseguir outro emprego, visto que aprendiam a fazer apenas uma coisa e tornavam-se executores de uma única tarefa; 5 – Em momento algum Taylor analisa o ambiente externo da organização. O sistema e os estudos Tayloristas se dão única e exclusivamente no ambiente interno da empresa. Outros autores, como Maximiano (2002), trazem como críticas à administração científica o desemprego, que seria causado, justamente, pelo aumento da eficiência dentro das organizações, bem como o possível fato de que a administração científica era na realidade uma técnica para fazer com que o operário trabalhasse mais e ganhasse menos. Tais críticas apresentadas por Maximiano (2002), na realidade, eram as críticas expostas por segmentos da sociedade formados por trabalhadores, imprensa e políticos, enquanto que na indústria e no governo a administração científica causava entusiasmo. ORGANIZAÇÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO E O FORDISMO Apesar das críticas apresentadas às idéias de Taylor, não se tinha como relegar as novas idéias a um segundo plano ou não havia como deixá-las de lado e voltar à forma como eram desenvolvidos os trabalhos anteriormente. Assim, as idéias tayloristas motivaram organizações que tinham por objetivo organizar cientificamente e de forma racional os trabalhos desenvolvidos dentro dos meios produtivos. No Brasil, por exemplo, surge, nos anos 30, o Instituto de Organização Racional do Trabalho, IDORT. Na realidade, o estudo científico, ou organização científica do trabalho, buscava e busca a eliminação de movimentos supérfluos e aumento da produtividade do empregado. Ribeiro(2003) apresenta justamente a que se refere o estudo racional do trabalho, basicamente composto pelo estudo de tempos e de movimentos. O estudo de tempos e movimentos busca, evidentemente, alcançar a otimização da relação tempo-esforço, procurando identificar a melhor forma de se efetuar a tarefa, através dos melhores movimentos dentro dos tempos para desempenho. Em suma, a organização científica do trabalho buscava e busca a execução de tarefas em tempos ideais. Linhas de montagem: Vejamos o que nos é dito por Maximiano (2002) em seu livro Teoria Geral da Administração, da Revolução Urbana à Revolução Digital, na página 163: ¨O princípio da fabricação por meio da linha de montagem era conhecido havia muito tempo quando o movimento da administração científica nasceu. Desde os primórdios da revolução Industrial bicicletas, armas, peças, livros e jornais já eram produzidos em massa. O FORDISMO: Linha de montagem de FORD (empresa automobilística): Conforme Maximiano(2002), a linha de montagem da Ford, em meados de 1908, era composta por Técnicas de Gestão 31 um processo que permitia ao indivíduo desempenho de suas funções na linha, porém fazia com que este indivíduo fosse em busca do trabalho. Como assim? Simples: o procedimento de montagem dos carros funcionava em linha, em que cada funcionário desempenhava uma parte da atividade relativa à montagem do veículo. Por exemplo, um empregado desempenhava a função de montagem de pára-choques, outro de retrovisores, isso grosso modo. Até aí o processo na linha de montagem do veículo fazia sentido, porém o curioso era que o trabalhador se via obrigado a ir em busca das peças no estoque e trazê-las até o seu posto de trabalho. Automaticamente, o tempo de ciclo (o tempo total trabalhado antes de serem repetidas as mesmas operações ) de um montador da FORD chegava a quase 514 minutos. Vale notar claramente que este problema acarretava sérios prejuízos à empresa, e Henry Ford, para minimizar este problema e tornar o trabalho mais eficiente, tratou de entregar as peças necessárias aos empregados em cada posto de trabalho, evitando, assim, que os trabalhadores saíssem o dia todo. Após efetuada esta primeira mudança para melhorar os trabalhos, Henry Ford decidiu também que cada empregado montador de veículo executasse apenas uma tarefa, fazendo com que o empregado se locomovesse de um carro para o outro no interior da fábrica. Esta providência proposta por Ford acabou por demonstrar alguns problemas na eficiência da fábrica, pois alguns empregados eram mais rápidos que outros, e quando um empregado mais rápido encontrava um mais lento pela frente, automaticamente tinha-se uma perda significativa no tempo de produção. Através da constatação destes problemas, Ford resolveu implantar o que seria chamado de linha de montagem móvel. A linha de montagem móvel consistia exclusivamente na montagem final de peças fabricadas em plantas distintas, que eram parte de um processo produtivo comum. Na realidade, o que se tinha neste processo era que um carro passaria a ser formatado em função da união de suas linhas ao fim do processo. Então, tinha-se a linha de montagem para o chassi, motores, radiadores e componentes elétricos. Desta forma, o tempo médio de ciclo foi reduzido para 1,19 minutos, e, para se ter noção do desenvolvimento racional deste processo, o tempo médio de 12 horas e 28 minutos para se montar um chassi de um automóvel FORD caiu para 1 hora e 33 minutos, de um ano para o outro. FORD tinha o pensamento também em outros aspectos. Ele começou a adotar um modelo de trabalho diário de 8 horas, e praticamente multiplicou por duas vezes o salário de seus empregados, pois acreditava que os operários deveriam poder comprar aquilo que eles mesmos fabricavam. Um outro ponto que Henry Ford abordou nos seus mecanismos de administração, e que comprova a busca da racionalidade científica, eram os manuais que compunham a compra do modelo FORD T, fabricado pela organização. Ford tinha uma noção de que o comprador de seu veículo era o fazendeiro e que este dispunha em seu poder de uma caixa de ferramentas que propiciava a ele o conserto de seu veículo. Isto posto, FORD desenvolveu os manuais do modelo em forma de perguntas e respostas, de forma a explicar como o proprietário poderia resolver os simples problemas que o veículo poderia apresentar através apenas da leitura das 140 questões e de suas respostas. Estabelecidos tais pontos, a FORD acabou por se tornar referência para todas as organizações no mercado, já naquele tempo, vindo a ser considerada padrão, bem como passando a ter seu modelo de gestão utilizado. Finalizamos este segundo tema afirmando que tanto Taylor quanto Henry Ford, se hoje fossem vivos, iriam se sentir praticamente em seus lares se hoje entrassem nas empresas e nas indústrias. As linhas de montagem hoje - e não apenas linhas de veículos, mas também de hambúrgueres, alimentos enlatados, dentre outros - correm a toda, guardadas as dimensões para cada produto. Especialistas em produção e engenheiros ainda hoje continuam buscando formas de melhoria nos procedimentos, através de suas anotações ou mesmo via construção de fluxogramas. Por mais que se utilizem hoje em dia robôs em lugar de seres humanos, no desempenho de algumas funções em linhas de montagem, os princípios continuam sendo os mesmos! 32 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT Atividade Complementar 1. Por que a administração de empresas poderia ser vista, em parte, como uma arte e também uma atividade prática? 2. O que viriam a ser paradigmas? Por que existe a necessidade de que os administradores busquem a quebra de paradigmas dentro das organizações? 3. Quais seriam as habilidades do administrador, segundo Katz? Evidencie situações hipotéticas da aplicação prática de cada uma delas. 4. Qual a sua visão das habilidades do administrador, segundo Mintzberg? 5. Quais os problemas no desempenho das atividades por parte dos operários, segundo Taylor? Você concorda que ainda hoje empresas passam pelos mesmos problemas? Justifique. Técnicas de Gestão 33 6. Qual o benefício trazido por Taylor ao instituir a Escola Científica da administração? 7. Quando se critica o pensamento taylorista questiona-se que Taylor analisava apenas o ambiente interno. Analise este ponto de vista apresentado. 8. Como Henry Ford resolveu o problema de diminuição do tempo total trabalhado antes de serem repetidas as mesmas operações por parte de seus operários, dentro da FORD? Seria possível aplicar o mesmo pensamento nas indústrias de hoje, guardadas as proporções de tempo e lugar? Justifique. 9. Como você acredita que se sentiam os trabalhadores dentro das organizações ¨tayloristas¨, em que se admitia apenas a relação trabalho X salário? 10. Você acredita que a formação de Frederick Winslow Taylor em engenharia tenha contribuído para o seu modo de resolver os problemas que encontrou nas empresas? Por quê? 34 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT AS ESCOLAS ADMINISTRATIVAS, PARADIGMAS E GLOBALIZAÇÃO ESCOLAS DA ADMINISTRAÇÃO PÓS ESCOLA CIENTÍFICA TEORIA CLÁSSICA – PRINCÍPIOS E FUNÇÕES A Teoria Clássica, também denominada de Normativista, foi fundada pelo engenheiro Henry Fayol, em 1890. Também conhecida como tradicionalista, européia, anatomista e fisiologista, tinha como idéia principal a centralização, o seguimento de normas, a divisão de trabalho e economias, em que as pessoas eram motivadas por razões econômicas (homo economicus). O nome Normativista reflete exatamente o que a Escola propunha: um sistema de regras administrativas, com regras e princípios. Fayol acreditava que para trabalhar mais o homem era influenciado apenas pelo fator econômico, ou seja, para aumentar o ritmo de trabalho era necessário uma recompensa financeira. Então qual era o caminho a seguir? O primeiro passo era selecionar o trabalhador que tivesse o melhor perfil para o cargo. Após a seleção, o escolhido aprendia as melhores maneiras de executar a tarefa e a sua remuneração era condicionada à sua eficiência, ou seja, quanto mais produzisse maior salário o funcionário ganhava. A busca pela eficiência era através da utilização do método científico na administração da empresa, com ênfase maior na estrutura, em que se procurava aumentar a eficiência com uma melhor estruturação dos diferentes departamentos da organização e das relações existentes entre eles. O foco era principalmente em estrutura e funcionamento da empresa. Fayol enxergava a empresa de cima para baixo, partia da empresa como um todo para as suas partes (departamentos). Não seria o oposto do que Taylor pensava? Sim! Taylor enxergava a organização de baixo para cima, teve como base inicial o trabalho individual, ou seja, dos departamentos para o todo. Segundo Fayol, existem 14 princípios gerais da administração. Esses princípios foram publicados em seu livro Administração Geral e Industrial e foram componentes principais que ajudaram a torná-lo um dos maiores colaboradores da teoria de administração, em 1926. São eles: Divisão do trabalho, autoridade e responsabilidade, disciplina, unidade de comando, unidade de direção, subordinação do interesse particular ao geral, remuneração do pessoal, centralização, hierarquia, ordem, eqüidade, estabilidade, iniciativa e união. Podemos perceber nitidamente que os anos passaram, mas os princípios são válidos até os dias de hoje dentro das organizações de todos os segmentos, o que nos mostra a importância de estudarmos cada princípio separadamente. A divisão do trabalho tem como objetivo principal produzir mais e melhor. Ele dizia que diminuindo o número de objetivos em cada unidade de trabalho o trabalhador seria mais produtivo, pois não despenderia mais atenção e esforço para outro foco de trabalho, ou seja, quanto mais especialização maior seria a produtividade. Como o foco era em divisão, ele separou o organograma das organizações em duas partes: horizontal e vertical. Como assim? A horizontal é o que chamamos hoje de departamentalização e se refere às atividades diferentes que cada área dentro da empresa exerce (financeira, comercial, etc). Cada departamento tem sua atividade específica, a divisão não é relacionada ao poder. Já a divisão vertical separa os níveis por autoridade e responsabilidade que a função necessita, as organizações que tivessem linhas de autoridades mais definidas, rigidamente, seriam as mais eficientes. Técnicas de Gestão 35 Outro princípio que devemos aprender é o da Autoridade e Responsabilidade. O equilíbrio entre esses dois fatores é fundamental nas organizações, nas quais o grau de autoridade dado ao cargo ou função exercida deve ser o mesmo grau de responsabilidade, que se torna, na verdade, um atributo essencial, pois estão interligadas. Notem que apenas a autoridade pode ser delegada a outrem, mas a responsabilidade sempre será do chefe imediato. Por exemplo: Se a diretoria pede um relatório para o seu chefe imediato, e ele automaticamente lhe delega a criação do relatório, o que vai ser apresentado à diretoria será de responsabilidade do chefe imediato e não do subordinado que foi delegado para a criação do relatório. A disciplina é o princípio que foca nas regras de boa conduta e responsabilidade profissional estabelecidas pela organização de acordo com o seu funcionamento, divisão do trabalho, relação dos poderes, autoridade e responsabilidade. As regras da empresa devem ser claras e justas, não só para penalidades e punições aos funcionários como também para premiações e pagamentos. Curiosidade: Nas fábricas, Fayol adotava as disciplinas com base no modelo das organizações militares. Unidade de comando é o princípio que enfocava na autoridade única. A preocupação de Fayol era que houvesse problemas relacionados à dupla função, sendo assim, ele evitava que os empregados recebessem ordens conflitantes de mais de um superior. Para isso, o operário deveria ter apenas um chefe imediato. Além da unidade de comando, havia o princípio da unidade de direção. O que esse princípio dizia? Podemos perceber que este princípio complementa o anterior, pois, enquanto a unidade de comando era responsável pelo pessoal da organização, a unidade de direção cuidava da estrutura e dos métodos. Consiste em seguir uma única estratégia, um plano de ação, sob o comando de um único chefe. Era um chefe único para uma ação específica, voltada para um único objetivo e um conjunto de operações. Analisemos agora o princípio da subordinação do interesse particular ao geral, onde se pode perceber que o interesse da empresa estava acima do interesse do funcionário. O foco era a busca do sucesso da empresa e não o sucesso e crescimento do funcionário. Sob o ponto de vista de Fayol, o crescimento da empresa gerava a recompensa aos trabalhadores, então, no momento que existia um conflito entre empregado e a organização, sempre prevalecia o interesse geral a administração tinha o papel de resolver a questão. De acordo com o princípio da remuneração do pessoal, conforme já foi citado no início do conteúdo, o trabalhador recebia a remuneração de acordo com o que era produzido e que variava com o desempenho de cada um. Essa regra buscava mostrar que a organização era justa e eqüitativa, e ainda, tinha o objetivo de aumentar ao máximo a satisfação do funcionário. Um outro princípio de extrema importância para Fayol é a centralização. De acordo com os seus ensinamentos, a organização deve ter a autoridade concentrada no cargo mais alto da hierarquia, e isso nos leva a avaliar que quanto maior o grau de poder mais próximo do topo do organograma da empresa, reforçando a divisão vertical do trabalho. Para que a presidência da organização não ficasse sobrecarregada, ele conservava o poder dos níveis intermediários, para que tomassem as decisões que lhes cabiam, caso fosse necessário. Para isso, foi desenvolvida uma estrutura de poder que dividia a parcela de poder a cada nível hierárquico da organização. Continuando com o estudo sobre os princípios de Fayol, analisemos a hierarquia. De acordo com o organograma que vemos hoje, ela vai descendo em ordem de importância nas linhas verticais da organização. A hierarquia é a cadeia de comando responsável pela condução da organização e deve respeitar, como foi citado anteriormente, os princípios da autoridade e responsabilidade. A ordem é o princípio que pode ser enquadrado tanto para homens como para os materiais da organização, em que cada funcionário, cada ferramenta e cada máquina devem estar adequados e aptos para realizar o trabalho de forma mais eficiente possível. “Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar”. O próximo princípio é a equidade. Se pegarmos um dicionário, veremos que significa justiça natural. E essa era a preocupação de Fayol: Ele visava combinar a benevolência com a justiça no trato com todos os funcionários, dava o seu devido valor dentro da organização, para torná-los fiéis, e, assim, conquistar a lealdade dos empregados para com a empresa. 36 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT Analisando agora o princípio da estabilidade, podemos perceber mais uma vez a importância que Fayol dava à auto-estima do funcionário. Ele procurava garantir o emprego ao trabalhador, e, além disso, todos os benefícios sociais estabelecidos por lei. Mas por que essa preocupação? Assim como acontece em alguns departamentos das organizações atualmente, a rotatividade de pessoal implica na produtividade da empresa, trazendo muitas vezes um resultado negativo. Era então mais um motivo para que houvesse a manutenção das mesmas pessoas na organização. Fayol via uma grande importância em mantê-los na empresa, pois a dificuldade de selecionar uma outra pessoa capacitada, com o perfil necessário, fazer o treinamento para assumir o cargo, principalmente para os cargos gerenciais, era e é até hoje muito difícil. A iniciativa é o princípio que deve estar presente em todos os profissionais que almejam o sucesso. Para Fayol, a iniciativa consistia em desenvolver, sugerir e executar novos projetos e desempenhar a sua função envolvendo os subordinados, para que tenham maior participação nas ações, a fim de se sentirem mais motivados e trabalharem com mais vontade e energia em busca de alcançar o objetivo empresarial. E, por fim, o princípio da união, que deve prevalecer também nos dias de hoje em todas as organizações. A empresa, para sobreviver, precisa que a equipe seja unida, coesa, para que juntos atinjam o objetivo final da organização. Tem que prevalecer a união, o espírito de equipe, a boa comunicação entre departamentos e entre funcionários. Fayol diz que não se deve promover intrigas entre os empregados e para ele o foco deve estar em incentivar habilidades individuais, coordenar os esforços, recompensar os méritos e seguir sempre o princípio citado anteriormente, da eqüidade. No mesmo livro citado anteriormente, Administração Geral e Industrial, Fayol cita os seis gêneros de funções que toda empresa deve ter. Para ele, o conjunto de operações de qualquer organização (de pequeno ou grande porte) é dividido em diferentes grupos. São eles: funções técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, de contabilidade e administrativas. Note: De acordo com o cargo em que o funcionário está inserido, a função tem o seu grau de importância. Para o operário, a função técnica tem uma relevância maior, porém, para o diretor da organização, a função administrativa é a sua principal função. A primeira função que analisaremos é a função técnica, que está relacionada à produção em si, ou seja, o processo de fabricação e transformação. Esta função tem pouca influência no desenvolvimento da organização, em comparação com as outras funções, porém vale ressaltar que as seis funções são interdependentes. A técnica depende, por exemplo, da compra de matéria-prima, do mercado para o produto, de capital, de garantia e previsão. Já a função comercial é responsável pela venda, compra e permuta e possui habilidades comerciais que podem interferir na força dos concorrentes. O desenvolvimento positivo de uma empresa fabril depende da função comercial e da técnica na mesma proporção, pois se o produto não se vende não gera resultado, e a organização deve atentar que comprar e vender têm a mesma importância que fabricar bem. A função financeira, como o próprio nome já diz, é responsável pela gerência de capitais. Está envolvida com todos os departamentos da organização, pois cuida do pagamento dos salários, compra de equipamentos e matéria-prima para produção, melhorias na estrutura do prédio onde a empresa está inserida, entre outros custos (fixos ou variáveis). Para analisarmos a função de segurança, vejamos a citação do autor Ribeiro (2003): “Sua missão é proteger os bens e as pessoas contra roubo, incêndio e inundação e evitar greves e atentados e, em geral, todos os obstáculos de ordem social que possam comprometer o Técnicas de Gestão 37 progresso e mesmo a própria existência da empresa”. Ou seja, como a segurança da organização envolve também a segurança dos bens e dos funcionários, deve-se focar na precaução, no planejamento e treinamento para problemas inesperados. A função de contabilidade tem como objetivo principal informar a situação econômica exata da organização. A contabilidade precisa ser clara e eficiente, pois muitas decisões são tomadas com o base nas condições informadas da empresa, e deve funcionar como um norteador para pôr em prática as ações que estão planejadas. E, finalmente, a função administrativa. Considerada a principal, tem a responsabilidade de estabelecer o programa geral de ação da organização e engloba as seguintes funções: previsão, organização, coordenação e controle. Para Fayol, em todos os níveis de hierarquia da organização existe uma proporcionalidade na função administrativa, pois em todos os cargos podemos encontrar funções de ordem administrativa, porém em nível menos abrangente. Podemos perceber que a Escola Normativista se caracteriza por seu enfoque normativo, em que se deve analisar e tratar cientificamente a organização e a administração, utilizando as técnicas administrativas ao invés do conhecimento empírico e o improviso. Essa escola tem a economia e eficiência como os objetivos básicos da administração. Curiosidade: Por se tratar de uma escola com excessivo rigor, influenciou o surgimento de novas idéias, não para combater os pontos positivos, e, sim, para eliminar os excessos existentes. TEORIA BUROCRÁTICA – BUROCRACIA NO PROCESSO DE GESTÃO A Teoria da Burocracia surgiu na década de 1940, motivada pelas teorias desenvolvidas pelo sociólogo Max Weber, com a necessidade de considerar todos os aspectos humanos e estruturais no modelo organizacional dotada de racionalidade, com o foco em atingir as metas com a maior eficiência possível através da melhor ferramenta de trabalho disponível. O termo burocracia não tem o sentido pejorativo utilizado pela sociedade, e, sim, tem o significado de utilização de formalidades na organização. A burocracia ideal, para Weber, é obtida quando se tem na organização a divisão do trabalho, hierarquia de autoridade, seleção formal dos empregados, regras e regulamentos formais, impessoalidade e orientação de carreira. Nos dias de hoje, pode-se notar claramente que esses itens muitas vezes não são levados em conta em algumas empresas, o que leva à desmotivação e o sentimento de injustiça para o empregado. Weber caracteriza a burocracia como a teoria que visa pôr regras bem definidas na organização, na qual a ênfase principal é o processo de autoridade-subordinação e não as pessoas. Assim, ele descreveu a burocracia como um tipo de poder e, para melhor explicá-la, dividiu os tipos de sociedade e de autoridade, em que cada sociedade tem um tipo de autoridade. Para ele, existem três tipos de sociedade: a tradicional, que possui características patriarcais (família, clã, etc.); a carismática, com características místicas e arbitrárias (partidos políticos, nações revolucionárias, etc.); e legal, racional ou burocrática com normas impessoais e racionalidade (grandes empresas, exércitos, etc.). A autoridade legítima tem o apoio dos dominados e possui três tipos: carismática, tradicional e legal, racional ou burocrática. Na autoridade carismática os subordinados aceitam as ordens dadas pelo 38 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT líder, pois, neste caso, o líder tem total credibilidade e é admirado. Este líder normalmente está relacionado a líder social, político e/ou religioso. Na autoridade tradicional os subordinados confiam e obedecem pelo fato de a origem do líder ter sido passada de geração para geração, pois crêem na tradição existente durante anos. Esse tipo de poder, assim como o carismático, não é racional, pois foi herdado de alguém, como nos casos de reis e pai de família. E a autoridade racional tem um conjunto de regras legais, previamente estabelecidas e aceitas pelos subordinados, e a origem da obediência vem justamente da credibilidade das normas e leis aprovadas, o que impõe para os comandados uma parte da responsabilidade. Esse líder não obteve a obediência porque possui características pessoais de alguém ou por pertencer a determinada família, mas ele tem a origem da obediência por ser respeitado pelos comandados. Weber focou as suas análises na autoridade racional (também chamada de legal ou burocrática), que tem como características a formalidade, impessoalidade e profissionalismo. Na formalidade, a autoridade é determinada pela lei, que busca a utilização da racionalidade e coerência. Neste caso, a autoridade tem as suas atividades definidas com base nas normas e regulamentos que são distribuídos com base na hierarquia dentro da escala da organização. A impessoalidade tem a obediência definida pela lei, porém as normas deverão ser obedecidas, e não as pessoas. Podemos ter como exemplo um supervisor com seu subordinado, em que o subordinado deve obedecer ao supervisor pela ordem impessoal e não por suas características pessoais. Analisando a característica profissionalismo, os empregados devem conhecer suas tarefas fixas e ordenadas, seus poderes, deveres e direitos, que também são determinados pelas leis e regulamentações. Mas como nem tudo é previsível, principalmente o comportamento humano, apesar das vantagens do modelo apresentado por Weber e da exacerbada racionalidade, foram percebidas algumas imperfeições nessa teoria, que foram denominadas de disfunções da burocracia. Abaixo podemos analisar as disfunções, citadas por Ribeiro (2003): • despersonalização do relacionamento entre os participantes; • internalização das diretrizes; • uso da categorização como técnica do processo decisório; • excesso de formalismo e de papelada; • alta conformidade em relação às regras e regulamentos da organização; • propensão dos participantes a se defenderem de pressões externas; • resistências a mudanças; • dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público. Através de análises sobre a doutrina burocrática, pode-se dizer que, mesmo com as restrições e limitações, ela ainda é considerada como uma das melhores alternativas para as organizações. Como toda escola, a Teoria da Burocracia tem suas vantagens e desvantagens. Como exemplo de vantagem, a teoria gera uma eficiência maior, tem foco na divisão correta do trabalho e na impessoalidade no relacionamento com o empregado, possui um atendimento padronizado. Porém tem como desvantagem o formalismo em demasia, o alto nível de conformismo por parte dos empregados, grande número de documentos e decisões extremamente padronizadas. Técnicas de Gestão 39 No processo decisório do sistema burocrático, as normas têm prioridade no assunto a ser discutido e isso se torna algo ruim, pois, dentre outros problemas, os empregados se limitam a fazer o que está descrito nas regras da empresa, o que pode influenciar diretamente a motivação e a produtividade. Pensamos na possibilidade de diminuir a burocracia numa empresa. O que deve ser feito? A melhor maneira é delegar alguns poderes decisórios para os subordinados! Assim, tornaremos os funcionários mais confiantes, motivados e independentes, além de que a resolução de problemas e as decisões vão ser tomadas rapidamente. ESCOLA DAS RELAÇÕES HUMANAS Conforme pudemos observar nas teorias Normativista e Burocrática, o foco principal, até então, era nos processos, na estrutura, na operacionalização, nas normas, na produção. A Escola das Relações Humanas se preocupou justamente em humanizar os princípios e maneiras de administrar uma organização. Através de experiências realizadas numa empresa fabril de equipamentos telefônicos nos Estados Unidos, um dos estudiosos dessa teoria, Elton Mayo, formado em Lógica, Filosofia e Medicina, chegou à conclusão que a ciência da administração deveria ser considerada ciência social, que prezava os aspectos sociológicos da administração. Assim, surge em 1927 a Escola de Relações Humanas, também chamada de Behaviorista, com o foco nas pessoas, em que foi visto que as pessoas precisam ser estimuladas, os fatores emocionais interferem na produtividade e que o comportamento humano é complexo. Como foi a experiência realizada por ele na fábrica de equipamentos telefônicos? Mayo teve como objetivo principal analisar a relação da intensidade da luz e a eficiência dos operários da fábrica, baseada na sua produtividade. Para provar que o fator psicológico tinha interferência na produtividade dos operários, ele aumentava e diminuía a intensidade da iluminação. Assim, sempre que aumentava, a produtividade aumentava, e sempre que diminuía a luz, a produtividade caía. Numa determinada vez, Mayo apenas trocou a lâmpada sem alterar a intensidade da luz e os operários produziam de acordo com a luminosidade que eles achavam que estavam trabalhando. Neste momento, Mayo provou que o fator psicológico prevaleceu sobre o fator fisiológico e, assim, ele pôde concluir que a produtividade não dependia apenas das condições físicas oferecidas pela organização, mas também pelas condições psicológicas dos empregados. Com a conclusão da interferência do aspecto psicológico, Mayo foi mais fundo e começou a analisar alguns aspectos fisiológicos, como a influência de alteração de horários e permissão para intervalos de descanso. Os operários que tinham supervisores com um bom relacionamento, um tratamento mais brando, sem pressão e com mais liberdade, demonstraram um aumento na satisfação do trabalho. Podemos perceber que os estudos de Mayo na fábrica mostram a importância do aspecto social numa organização e o quanto contribuem para o alcance dos objetivos da empresa. Além disso, a integração social entre os indivíduos e os fatores sociais e expectativas individuais interfere bastante na produtividade. Algumas das conclusões tiradas por Mayo mostraram que o homem é condicionado pelo ambiente em que está inserido na organização e precisa se sentir seguro, aprovado e auto-realizado. Além do estudo sobre o comportamento humano, a Escola analisou a questão da liderança. O líder deve demonstrar sua liderança na condução dos processos e gerenciamento das ações, se preocupando em envolver toda a equipe e aproveitar toda a criatividade e pontos positivos dos funcionários, buscando sempre a satisfação de todos. A diferença entre liderança e gerenciamento autoritário se dá por: 1 - Liderança: Os funcionários são conduzidos a produzir de forma mais participativa, com abertura para dar novas idéias e utilizar a criatividade, o que automaticamente contribuirá para um trabalho com satisfação, com qualidade e enfoque no crescimento da organização. 40 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT 2 - Gerenciamento autoritário: Os funcionários são conduzidos a produzir mecanicamente, sem oportunidade de pensar, participar, usar a criatividade, o que gera um ambiente sem motivação e insatisfação no trabalho. O líder precisa ter ou adquirir algumas habilidades especiais, como, por exemplo, a sensibilidade situacional, na qual ele deve estar preparado para diagnosticar cada situação específica. Além disso, o bom líder deve ter uma certa flexibilidade no estilo. Como assim? Seria uma habilidade de adequação para as situações inesperadas e que precisam ser resolvidas, e isso é muito importante, principalmente nos dias de hoje, em que o mercado muda com freqüência em grande velocidade e aqueles que não estão preparados para mudanças ficam para trás, perdem mercado, perdem credibilidade e se tornam antiquados. O bom líder precisa também de agilidade na gerência situacional, na qual deve ter a capacidade de mudar algo que precisa ser mudado. Quantas vezes vimos que o líder sabe que determinada situação tem que ser modificada, mas ele continua aceitando o que vem acontecendo? Enfim, esse realmente não é o perfil de um bom líder! Citado por Ribeiro (2003), existem estilos de liderança que podem ser observados conforme a atuação do líder no ambiente de trabalho. Temos, nesse caso, cinco tipos de liderança: 1 - Liderança coercitiva: Nesse tipo de liderança o empregado é constrangido a fazer alguma coisa, pois é visto como parte da máquina de produção e não como ser humano. Nestes casos, o índice de produtividade é afetado e se torna baixo. 2 - Liderança controladora: Eventualmente é utilizado o poder citado acima, de coerção, porém tem o apoio maior na centralização, na qual os funcionários ficam limitados a atenderem mecanicamente às ordens dadas pelo líder. 3 - Liderança orientadora: Essa liderança tem o pensamento no empregado como ser humano e não como máquina. Este líder incentiva a cooperação, permite uma integração com os subalternos, motivando a comunicação e compreensão. Divulga os objetivos da organização, fazendo com que, assim, o empregado se sinta motivado para ajudar a alcançar o objetivo almejado, agregando esforços e reduzindo a competição dentro da equipe para o melhor desempenho e produtividade. 4 - Liderança integradora: O líder tem como base que todos os funcionários têm condição de contribuir para o alcance dos objetivos da empresa. Ele vê o empregado como colaborador, tem a preocupação de promover a união do grupo, dá feedback e utiliza a intuição. Este líder não tem enfoque em ser o centro das atenções, ele prefere ser visto como facilitador e tem o objetivo de influenciar pelos seus atos, credibilidade, transparência e não por palavras, alegando a sua autoridade. 5 - Liderança situacional: Esse líder analisa cada colaborador em diferentes situações, pois existem formas diferentes de lidar, podendo requerer uma atenção exclusiva em determinado momento. Os líderes devem saber que cada funcionário necessita de um tempo para aprender e se desenvolver profissionalmente, pois quando o chefe imediato não percebe essa individualidade pode gerar constrangimento, conflitos, frustrações, desmotivação e insatisfação do empregado, podendo gerar sérios problemas na carreira deste profissional. Ribeiro (2003) cita em seu livro que o desenvolvimento profissional do ser humano passa por quatro etapas. A primeira é a etapa da condução, na qual o empregado deve observar o trabalho sendo executado pelo colega. A segunda etapa é o treinamento, no qual o empregado já executa a tarefa, porém sob observação. O apoio é a terceira etapa, na qual o empregado já sabe executar, mas ainda precisa de um certo incentivo do colega ou do chefe imediato. E a quarta etapa é a delegação, em que o empregado sabe executar a tarefa e sabe que a domina, na qual a realização da tarefa é automática. O líder tem que entender que o subordinado precisa passar por essas quatro etapas para aprender uma nova atividade e que cada indivíduo tem o seu tempo de aprendizado em cada etapa. O empregado que é reconhecido profissionalmente trabalha num ambiente com harmonia e possui um bom Técnicas de Gestão 41 relacionamento interpessoal, gera motivação e alto grau de aproveitamento. Os profissionais precisam ser estimulados e reconhecidos como seres humanos, pois o nível de produção é determinado pelo fator psicológico, que deve ser desenvolvido no ambiente de trabalho. A empresa deve induzir o funcionário à integração com os demais funcionários, pois a aprovação do grupo atua com grande poder sobre o indivíduo (que quer agir sempre como membro do grupo). O líder deve estar preparado para tratar as questões emocionais dos funcionários, saber lidar com as situações relacionadas ao comportamento humano que podem interferir fortemente na produtividade. Podemos notar que, com essa Escola, conceitos clássicos como autoridade, hierarquia, departamentalização e outros foram trocados por motivação, liderança, dinâmica de grupo, comunicação, participação, criatividade. TEORIA COMPORTAMENTAL A Teoria Comportamental, também conhecida como Escola do Comportamento Humano, surgiu nos Estados Unidos em aproximadamente 1947. Por acreditar que os funcionários podem e devem se sentir capazes de participar das decisões e solucionar problemas, se torna uma escola que contradiz a Teoria Clássica. Dentre alguns autores que estudaram e foram precursores da Teoria Comportamental podemos destacar o economista, administrador, professor e consultor Herbert Simon, que se destacou ao lançar o livro “O Comportamento Administrativo”, no qual deu enfoque ao comportamento das pessoas pensando, agindo e tomando decisões dentro das organizações. Simon tem seu nome ligado à Escola do Comportamento Humano principalmente por estudar a função do funcionário dentro da organização de forma objetiva, clara e realista. É reconhecido pela forma objetiva e direta de escrever e pela sua capacidade de apuração e observação. Conforme dito por Ribeiro (2003), outro nome que se destaca nesta escola é Douglas McGregor ,que estudou os conflitos que os empregados vivem dentro da empresa em que trabalha. Ficou conhecido pelo livro que publicou, “The Human side of Enterprise”, no qual explica as teorias X e Y, que se tornaram uma considerável contribuição para o estudo do comportamento humano, mostrando os extremos do comportamento das pessoas nas organizações. Segundo Simon, o comportamento dos administradores sofre a influência de suas hipóteses sobre o comportamento humano. E podemos entender sobre os extremos do comportamento das pessoas estudando as teorias X e Y. O que viria a ser a teoria X? A teoria X afirma que os empregados não têm total interesse no trabalho e precisam sempre de um estímulo para produzir o quanto a organização espera. Para que a produtividade seja a que a empresa almeja, é preciso uma supervisão constante, em que as pessoas deverão ser guiadas e motivadas a produzirem o esperado, pois muitas vezes têm o objetivo diferente da empresa, são desorganizadas, indisciplinadas e não têm autocontrole. Essa teoria via o homem como o que procura trabalhar o mínimo que puder, sem perspectiva, sem ambição e sem se preocupar com a satisfação pessoal. Diante dessa situação, é necessário que a administração seja muito rígida, centralizada, com padrões e planejamento bem estruturado, para que a organização consiga alcançar a produtividade e os objetivos almejados. Nesse caso, a administração se torna responsável pelo gerenciamento de recursos da organização, com foco no índice econômico. Por conta disso, se torna imprescindível que a empresa controle, conduza e convença aos empregados a agirem da maneira que a empresa precisa. Qual é a maneira de conseguir que o empregado faça tudo da maneira que a organização deseja? Através da remuneração! Segundo a teoria X, as pessoas são motivadas por razões econômicas, ou seja, pelo dinheiro. Sendo assim, a remuneração pode ser utilizada como recompensa pelo bom desempenho no trabalho ou, ainda, punição pela má produtividade do funcionário. Desta forma, independe dos objetivos pessoais dos funcionários para a organização; o que importa são os objetivos da empresa. 42 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT E o que diz a teoria Y? A teoria Y é o oposto da teoria X, pois acredita que o homem tem o trabalho como fonte de satisfação e não o evita. Nesta teoria fica claro que o trabalho pode ser fonte de remuneração ou punição, dependendo da produtividade ou da situação que o empregado se encontrar. Essa teoria acredita que o homem tem competência para assumir responsabilidades, como também procura responsabilidades a mais, tem autocontrole e autodisciplina, não sendo necessária a presença constante de um supervisor para guiar o seu trabalho e influenciar seu desempenho. Para McGregor, as pessoas já têm motivação, potencial e capacidade de assumir responsabilidades dentro de si, porém a organização precisa, ao mesmo tempo, criar condições para que elas desenvolvam as suas características, criando oportunidades, promoções, reconhecimento do potencial, mostrando confiança no profissional e removendo barreiras quando necessário. Podemos analisar agora as necessidades humanas e, posteriormente, as Teorias da Motivação. Percebeu-se, através de estudos, que as pessoas têm necessidades básicas e sociais. Qual seria a diferença entre necessidades básicas e sociais? As necessidades básicas, como o nome já diz, são as necessidades de moradia, de alimentação, boa saúde, entre outras. As necessidades sociais são referentes ao status social, pois as pessoas precisam de reconhecimento profissional e de obter um salário compatível com o desempenho dentro da organização. Além das básicas e sociais, através dos estudos foi identificada a necessidade relacionada com o status do indivíduo. A necessidade que ele tem é de fazer parte e ser reconhecido pela sociedade, através de bens materiais. Por isso, muitas vezes o status se torna uma ferramenta motivadora para os empregados, cujo objetivo ter uma maior aceitação e reconhecimento dentro da empresa em que trabalham e no ambiente social em que estão inseridos. Outra ferramenta considerada motivacional é a ambição pessoal. As pessoas têm seus objetivos, almejam o crescimento e buscam a sua realização pessoal. É comum, ao analisarmos uma determinada organização, encontrarmos pessoas altamente desmotivadas e infelizes com o que estão fazendo. Ribeiro (2003) cita alguns exemplos de atitudes que mostram a desmotivação: Demora no horário de almoço, não atende aos prazos solicitados, chega atrasado, não coopera com os colegas e com a empresa, não dá satisfação, não cumpre as regras e normas da organização, reclama dos acontecimentos, fala mal da empresa, entre outras. E é para esses casos que precisamos estudar a Teoria da Motivação! Muitas vezes a desmotivação e/ou fraco desempenho é causado pela organização, se tornando culpada por não oferecer os treinamentos necessários, por incompetência dos gestores, falta de processos definidos, normas mal estruturadas. O líder deve analisar os fatos, avaliando o passado, o presente e o que pode acontecer no futuro, fortalecendo os pontos positivos encontrados e reavaliando os motivos que causaram os pontos negativos. No momento dessas análises o líder deve se aproximar do subordinado, averiguando o que ele vem fazendo certo, o que pode ser melhorado (críticas construtivas), elogiar a produtividade, premiar por esforços extras e alterar processos que foram considerados como obstáculos. Além do trabalho realizado pelo empregados, o ambiente de trabalho também deve ser avaliado e melhor adequado, pois influencia na produtividade dos mesmos. O ambiente deve ser limpo, arrumado, com cores claras nas paredes, móveis modernos e novos, banheiros adequados e limpos, local aprazível específico para descanso ou lanche, etc. O gestor tem que ter o objetivo de disponibilizar um ambiente de trabalho ideal, para se tornar uma atividade satisfatória, realizada com orgulho e motivação. Além disso, para que não haja desmotivação é necessário que a empresa tenha métodos adequados de seleção e remanejamento de pessoal, para que não crie mal entendidos e/ou frustrações. O trabalho dos empregados deve ser analisado e avaliado, pois o indivíduo precisa de um feedback e um reconhecimento de que os objetivos alcançados pela organização foram resultado do seu esforço também. Técnicas de Gestão 43 Além do que já foi citado, para motivar sua equipe o líder deve demonstrar entusiasmo com o trabalho, encorajar a equipe, desenvolver uma boa comunicação, conversar abertamente com os subordinados, parabenizar pelos resultados obtidos, ajudar quando for preciso e valorizar o profissional. Para Maslow, o ser humano tem cinco necessidades, as quais ele ordena por importância. São elas: necessidades fisiológicas (comida, água, ar, descanso); de segurança (física e financeira); sociais (amor, amizade, associação, filiação); de auto-estima (status, respeito) e de auto-realização (auto-satisfação). As necessidades do ser humano motivam o seu comportamento, sendo que, quando ele alcança o objetivo almejado, outro surgirá e assim por diante. Assim, podemos concluir que as teorias de Maslow podem ser utilizadas para orientar o comportamento do administrador organizacional. Analisando agora o estudo de Clayton Alderfer, o indivíduo possui três necessidades: existência, relacionamento e crescimento. Para Alderfer, a existência se relaciona com as necessidades básicas (que incluem as necessidades, fisiológicas e de segurança de Maslow); o relacionamento é referente à vontade de manter relacionamentos interpessoais as quais e o crescimento é o desejo de desenvolvimento pessoal (que inclui as necessidades de auto-estima e de auto-realização citadas por Maslow). Uma das teorias mais discutidas relacionadas à motivação no trabalho é a de Frederick Herzberg, que é composta de fatores internos e externos. O que diferencia os fatores é que os fatores internos, que também são chamados de fatores motivacionais, estão relacionados com a satisfação no trabalho, como o reconhecimento, a realização e a responsabilidade. As pessoas têm controles sobre esses fatores por estarem diretamente ligados ao trabalho e à função exercida. Os fatores externos são também chamados de fatores higiênicos, mas as pessoas não têm controle sobre esses fatores, pois são determinados pela organização. São eles: condições de trabalho, salário, benefícios, estrutura física, etc. Herzberg afirma que os fatores externos apenas evitam a insatisfação dos funcionários, porém, se eles estiverem motivados, o ambiente ruim causará a insatisfação. Diz, ainda, que a satisfação do cargo depende dos fatores internos e externos. Paras casos, ele propõe que as atividades sejam substituídas por tarefas mais complexas, que dêem aos funcionarios mais responsabilidade, promovendo assim o desenvolvimento pessoal e profissional do mesmos. Analisando a Teoria das Necessidades para Motivação no Trabalho, de McClelland, podemos perceber que existem três necessidades: realização, poder e afiliação. A realização é a ambição das pessoas para alcançar o sucesso, sempre comparando o grau de produtividade com outras pessoas ou internamente. O poder, é para aquelas pessoas que têm a necessidade de controlar e comandar outras pessoas (mesmo não sendo subordinadas a elas) e a afiliação é a necessidade de ser aceito pelo grupo, ter status e viver socialmente. Curiosidade: Esta teoria está altamente ligada às necessidades de auto-estima e auto-realização de Maslow. E, por fim, analisemos a Teoria da Expectativa, criada por Vroom, que afirma que o funcionário se motiva e trabalha de acordo com a probabilidade de uma promoção e de um reconhecimento. O profissional busca que seu esforço tenha uma retribuição no futuro e seu trabalho seja reconhecido, sendo assim, existe uma análise de proporção em que quanto mais há expectativa de mudanças positivas, mais elevada é a produtividade. E o contrário também! Desta forma, podemos observar que as pessoas precisam de uma motivação, de uma perspectiva de mudança de cargo e/ou salário, ou seja, de melhora. Além dessa necessidade, para Vroom, se a organização espera dos funcionários uma produtividade alta, ela deve contribuir com uma boa estrutura e condições de trabalho favoráveis. Para ele, as condições de trabalho são diretamente proporcionais aos rendimentos que a organização almeja. Se pararmos para analisar todos os pensamentos citados acima veremos que o objetivo final de cada autor é a motivação dos funcionários. Para que a empresa alcance os resultados esperados é preciso ter uma equipe motivada, com trabalho reconhecido, regras claras e uma boa condição de trabalho. Sendo assim, o foco da Teoria do Comportamento Humano, como o próprio nome já diz, visa alcançar os objetivos pretendidos pela empresa através da motivação de pessoal, porque funcionários satisfeitos em suas necessidades primárias e secundárias (salários, reconhecimento, benefícios, realização pessoal, segurança...) resulta em benefícios para a própria organização. 44 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT Atividade Complementar 1. Existem pontos em comum entre o pensamento de Taylor e o pensamento de Fayol? Em caso afirmativo, discorra sobre eles. 2. Apresente e discorra sobre os princípios gerais da administração propostos por Fayol. 3. Qual era ou deveria ser o objetivo da burocracia nas empresas? Como você avalia o sentido pejorativo atribuído ao termo burocracia nos dias de hoje? 4. Apresente e discorra acerca dos 3 tipos de autoridades legítimas propostas pela Teoria Burocrática. 5. Discorra sobre as disfunções da Escola Burocrática da Administração. Técnicas de Gestão 45 6. Como você compara a Escola das Relações Humanas X Escola Científica de Taylor e a Escola Normativista de Fayol? 7. Explique de maneira clara as diferenças entre liderança e gerenciamento autoritário. Em sua opinião, qual a ideal a ser trabalhada dentro das organizações nos dias de hoje?Por quê? 8. Quais os 5 tipos possíveis de liderança por parte de um líder no ambiente de trabalho? 9. Compare a teoria X e a teoria Y, propostas pelo pensamento comportamental da administração. 10. Apresente a teoria proposta por Maslow. Como, em sua opinião, as empresas podem fazer uso deste comportamento? 46 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT CONCEITOS ATUAIS DO MODELO ADMINISTRATIVO TEORIA DOS SISTEMAS A Teoria dos Sistemas enxerga que a organização está a todo momento interagindo com o ambiente externo e a empresa é vista como um sistema aberto, por fazer parte da sociedade (um sistema maior). Essa teoria surgiu a partir da Teoria Geral dos Sistemas, do biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy, em 1920, e desempenhou um papel importante, pois permitiu a integração de outras ciências, como as físicas, biológicas e humanas. Se procurarmos no dicionário o significado da palavra sistema, teremos a seguinte descrição: Conjunto de princípios, coordenados entre si de maneira a formar um todo científico ou um corpo de doutrina. Combinação de partes coordenadas para um mesmo resultado, ou de maneira a formar um conjunto. Ou seja, uma empresa! Para Ribeiro (2003), todo sistema possui seu estado e seu ambiente. O que viria a ser o estado do sistema? São as propriedades que o sistema possui e têm relevância em determinado momento. E o que seria o ambiente do sistema? São os elementos que não fazem parte do sistema, mas podem interferir no seu estado (formado por propriedades relevantes). Desta forma, o ambiente do sistema tem como causar mudanças no sistema, assim como alterações ocorridas no sistema podem provocar mudanças no ambiente. Citando como exemplo, podemos perceber que o ambiente de uma organização pode ser formado por elementos como o governo, concorrentes, consumidores, fornecedores, comunidade, entre outros. Quais são os tipos de sistema? Analisando quanto à constituição, podem ser concreto ou abstrato. O concreto são as máquinas, ferramentas, estrutura, e o abstrato são os planejamentos, idéias e hipóteses (que não podem ser mensurados). Os sistemas podem ser abertos ou fechados, se analisarmos quanto à sua natureza. Os sistemas abertos são as empresas e o governo e os sistemas fechados seriam o monopólio (o processo é limitado a uma entrada constante e uma saída previsível). O sistema aberto interage com o ambiente e, por isso, deve se adaptar às mudanças repentinas que ocorrem no mercado, o que gera para a organização um processo constante de aprendizagem, planejamento e auto-organização. O sistema fechado, por sua vez, não é influenciado pelo ambiente e, desta forma, não promove uma influência sobre o meio externo. Nesse tipo de sistema tudo é determinado e programado, com comportamento estático, pelo fato de não sofrer interferências do meio. Conforme analisado na Teoria dos Sistemas, as empresas são vistas como um sistema aberto, justamente por seu comportamento dinâmico e por fazerem parte de uma sociedade que tem as suas exigências e as quais devem ser atendidas! Segundo Ribeiro (2003), o sistema é definido com base em alguns parâmetros, como objetivos, entrada, processo, saída e controle. Detalharemos cada um, a seguir: 1 – Objetivos: Razão da existência da empresa, os objetivos devem ser claros e estar de acordo com o do usuário e do sistema. 2 – Entrada: Também chamada de insumo, são os fornecedores de energia, matéria-prima, informações, mão-de-obra, recursos materiais, entre outros. 3 – Processo: Também chamado de processador ou transformador, são as operações das entradas para alcançar o objetivo almejado pela empresa. Os processos podem ser mentais (aprender, Técnicas de Gestão 47 pensar, planejar), motores-mentais (escrever, construir, testar) e mecânicos (operar, funcionar). 4 – Saída: Também chamada de resultados ou produto, são os resultados atingidos no processo de transformação. A saída deve ser quantificada e deve estar de acordo os objetivos e parâmetros predeterminados. 5 – Controles: Têm como função avaliar se a saída está de acordo com o objetivo definido pela organização e devem estabelecer uma forma padronizada de medir o desempenho do início ao fim do processo de transformação. 6 – Retroação (feedback): Comparar a saída com o padrão definido é a função da também chamada retroalimentação ou retroinformação, e isso inclui avaliar o resultado final do processo, comparar os objetivos e gerar informações para a melhoria do sistema (auto-avaliação). Ao final do estudo desta Escola devemos sempre lembrar que o sistema aberto em que a organização está inserida é formado por pessoas, e é a estrutura responsável pelo funcionamento da empresa, que deve possuir regras e objetivos bem definidos, comunicação e bom relacionamento entre os departamentos, análise do processo de produção, análise do produto final, observância das necessidades dos clientes e bom gerenciamento de pessoal. A empresa só alcançará os objetivos almejados se o sistema estiver funcionando de forma produtiva, identificando os gargalos e eliminando-os para um melhor desempenho. TEORIA CONTINGENCIAL Estudaremos agora a Teoria Contingencial ou Teoria da Contingência, que afirma que não existe um modelo para todas organizações e para todos os momentos, mas que tudo depende das características do ambiente externo. Para uma empresa tomar decisões é necessário fazer a análise do ambiente e, a partir de suas variáveis positivas ou negativas, é que será determinado o que deve ser feito. Foi constatado que muito do que ocorria internamente na organização era decorrente do que acontecia no ambiente externo e foi a partir dessa análise que se iniciou o estudo dos ambientes e a sua interdependência com a organização. Iniciaremos o estudo dessa teoria com base na pesquisa realizada em 1962 pelo professor norte-americano Alfred Chandler. Através de sua análise em quatro grandes empresas nos Estados Unidos (General Motors, Du Pont, Standard Oil Co e Sears Roebuck Co), Chandler tinha o objetivo de mostrar que cada vez mais a estrutura das organizações se adequava à estratégia mercadológica escolhida pela empresa. Conforme citado por Ribeiro (2003), a pesquisa realizada por Chandler mostrava que as organizações passavam por quatro etapas, que são: 1- Acumulação de recursos: É a fase em que há o crescimento da organização, a ênfase é voltada para a área de produção e distribuição e acontecem investimentos na compra de empresas fornecedoras de matéria-prima. Quanto à estrutura da empresa, nesta fase existe o controle por integração vertical, que origina a economia de escala. 2- Racionalização do uso dos recursos: Nesta etapa, a organização tem como características a redução de custos através da definição de uma estrutura funcional e os lucros dependem da racionalização da estrutura da organização. Por este motivo, a estrutura é voltada para o planejamento e controle da produção e organização e coordenação entre os departamentos. 3- Continuação do crescimento: Nesta etapa, a organização sofre o aumento da concorrência, que gera a queda do lucro e origina um mercado saturado. A estrutura nesta etapa é focada 48 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT na diversificação, adaptação da estrutura organizacional e no surgimento dos departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento. 4- Racionalização do uso de recursos em expansão: Nesta última etapa, a ênfase é na estratégia mercadológica, na busca de novas linhas de produtos, na descentralização das operações e centralização do controle. Sendo assim, existe uma nova estrutura funcional departamentalizada e divisões autônomas de cada linha de produtos. Desta forma, podemos analisar que a estrutura organizacional é formada de acordo com as características do ambiente externo da organização, pois, devido às variáveis do ambiente, a estrutura da organização sofre mudanças. Pelo fato da estratégia definida pela empresa ser modificada de acordo com as mudanças no mercado, a partir dessas mudanças a estrutura também pode vir a ser alterada. Outros estudiosos dessa teoria foram Tom Burns e Stalker, que fizeram uma pesquisa em 20 organizações inglesas (indústrias) com o objetivo de estudar as práticas administrativas e o ambiente externo. Segundo Ribeiro (2003), eles concluíram que existem dois tipos de organização: 1- Mecanicista: Típica da Escola Clássica. É a mais adequada para ambiente estável (não sujeito a mudanças). 2- Orgânica: Típica das escolas de Relações Humanas e Comportamental. É a mais adequada ao ambiente instável, pois possui uma maior facilidade de adaptação às repentinas mudanças. Para Ribeiro (2003), a estrutura e o comportamento das organizações integram as variáveis dependentes; por outro lado, o ambiente e a tecnologia formam as variáveis independentes. A tecnologia determina as características de ação da organização que, ao adotar a metodologia administrativa contigencial, é atrelada a três níveis organizacionais: 1- Institucional: Também chamada de estratégico, corresponde ao plano mais elevado da organização. 2- Intermediário: Está situado entre o institucional e o operacional, articulando-os internamente. 3- Operacional: É o responsável pela produção. Ainda sob a análise de Ribeiro (2003), essa teoria possui mudanças agressivas que permitem flexibilidade de ação e concentração de esforços em oportunidades indentificadas como oportunas e efetivamente rentáveis, tendo, como exemplo, desistir de um negócio que vem trazendo resultados negativos, reestruturar os demais negócios drasticamente, e, ainda, delegar mais autoridade e responsabilidade para as unidades de produção. Através dessas mudanças a empresa se torna mais eficaz para conseguir parar de fazer o que não é feito com qualidade, fazer melhor o que sabe fazer bem e renovar e crescer fazendo algo novo. Sendo assim, nota-se que a organização deve focar em produtos e/ou serviços que gerem capital de giro rapidamente e buscar novos mercados para atuar. A Teoria Contingencial tem como principal premissa e foco mostrar que não existe um modelo ideal para a organização seguir, pois tudo é relativo e depende de que ambiente está inserida. Deve-se, então, fazer um estudo no mercado para entender e se adaptar as mudanças do ambiente. Isso se deve ao fato de a organização estar inserida em um sistema aberto que interage constantemente com as variáveis do ambiente externo. Além do ambiente externo, existem variáveis do ambiente interno que interagem com a organização, como, por exemplo, a relação entre os departamentos, a relação entre os funcionários e ainda a relação entre os funcionários e a empresa. Devido a isso, as empresas, para sobreviverem no mercado em constante mudança, devem estar preparadas para alterar as estratégias, estruturas e seu planejamento para que se adaptem sem trazer resultados negativos para a organização. Técnicas de Gestão 49 PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO: QUALIDADE TOTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS 1.Qualidade total Para estabelecermos o que vem a ser a qualidade total enquanto paradigma da administração de empresas, precisamos entender o que vem a ser qualidade, bem como quais os custos para que uma organização disponha ou não da qualidade dentro de seu modelo produtivo. Comecemos por definir qualidade, de acordo com o que encontramos em Maximiano (2002), em face das várias idéias que ele nos traz, a saber: - Excelência: Qualidade viria a ser aquilo que se pode fazer de melhor, independente da atividade que se vá desempenhar; - Valor: Conceito de luxo, qualidade sendo vista como algo que acoplado a um produto ou serviço crie valor segundo a percepção do cliente; - Especificações: Refere-se ao produto ter ou possuir qualidade em função de seguir definições de produção; - Conformidade: Qualidade ligada ao produto ou serviço desempenhar a função para a qual foi concebido; - Regularidade: Igualdade. Produtos produzidos em uma mesma linha serem idênticos, sem apresentar distorções; - Adequação ao uso: Ausência de deficiências. Isto posto, comecemos a entender o que viriam a ser cada um destes pontos. Excelência: Quando, em administração de empresas, falamos de excelência estamos nos referindo basicamente ao pensamento simples que norteia qualidade. Na realidade, viria a ser a busca constante por padrões sempre e cada vez mais superiores de desempenho, que visam justamente aprimorar os processos internos organizacionais, visando minimização de custos e maximização de riquezas. Poderíamos utilizar aqui também o que nos diz Maximiano (2002): O ideal de excelência pode ser traduzido como fazer bem feito da primeira vez. Valor: Valor estaria ligado nitidamente a artigos de luxo que proponham ganho de capital ou inclua custos no bem que se produz de forma a que os mesmos transpareçam grandeza ou grandiosidade àqueles que o compram. Em termos de valor a qualidade irá variar e dividir-se em níveis. Usando exemplos apresentados por Maximiano (2002), teríamos alguns exemplos, a saber: - Leite do tipo A e do tipo B; - Classe econômica e classe executiva em vôos internacionais; - Gasolina aditivada e gasolina comum nos postos de gasolina. Vale notar que quanto mais alta a qualidade de um produto, mais alto torna-se seu preço de compra por parte do consumidor. 50 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT Especificações: Quando se fala em especificações, referimo-nos a especificações técnicas que um produto pode possuir. Nestes termos, teríamos comprimento, cor, peso, composição e serviços, por exemplo. Neste pensamento de serviços, ao se buscar qualidade, deve-se estabelecer as especificações necessárias para o atendimento do cliente/consumidor por parte da empresa, através de seus funcionários. Uma grande cadeia de venda de hambúrgueres, por exemplo, pode atribuir qualidade à garantia que nós e consumidores teremos de encontrarmos sempre os mesmos produtos no tipo de sanduíche que pedirmos, ou mesmo na garantia que teremos de que as especificações de prazo de atendimento rápido serão atendidas, independente de em qual loja da rede adquirirmos o produto em questão. Conformidade: Quando falamos em conformidade, nos referimos basicamente à necessidade de que a empresa, ao apresentar as suas especificações, as cumpra conforme aquilo que foi apresentado ao cliente/consumidor. Teríamos, então, conformidade como sendo o atendimento às especificações previstas. Para fins de conhecimento, quando em uma organização se fala que o produto ou serviço está não - conforme, quer-se dizer que o produto não dispõe de qualidade. Regularidade: Regularidade, aqui, estaria ligada ao fato de o processo produtivo não sofrer variações, ou mesmo à forma como se atende aos clientes/consumidores. Estaria intimamente ligada a ter-se o atendimento sistemático às especificações que foram anteriormente planejadas. Adequação ao uso: Segundo Juran, citado por Maximiano (2002), a expressão adequação ao uso abrange dois pontos: qualidade de projeto e ausência de deficiências. Vamos buscar entender cada um deles em separado. a)Qualidade de projeto: Refere-se à qualidade de projeto quando os atributos ou características do produto se adequam e atendem perfeitamente às especificações esperadas pelo consumidor. Quando uma organização possui uma qualidade de projeto superior, significa que a mesma possui, segundo Maximiano (2002), clientes extremamente satisfeitos com o produto ou o serviço ofertado pela organização, produtos e serviços altamente competitivos no mercado, e acabam por garantir o melhor desempenho da organização. b)Ausência de deficiências: Quando se fala em deficiências, referimo-nos basicamente às falhas que podem ocorrer no cumprimento das especificações dos produtos ou dos serviços. Automaticamente, uma empresa, para possuir qualidade, deve buscar não possuir estas falhas ou ao menos minimizá-las. Quando uma organização consegue minimizar este aspecto, ela obtém, segundo Maximiano (2002), uma maior eficiência dos recursos que utiliza, maior satisfação por parte dos clientes frente aos produtos e serviços que utiliza. Ao se buscar minimização de falhas, a organização ganha ao garantir um menor custo de inspeção e controle dos procedimentos. Estabelecidos os primeiros conceitos necessários para o entendimento do que se chama de qualidade, buscaremos agora evidenciar os custos de qualidade e os custos de não qualidade. Quando refere-se aos custos de qualidade, os mesmos podem ser divididos em custos de prevenção e custos de avaliação. Técnicas de Gestão 51 Os custos de prevenção estariam ligados à busca de se evitar o surgimento de erros e de defeitos. Referem-se basicamente aos custos necessários ao planejamento dos processos, treinamento dos funcionários para desenvolver uma gestão baseada na busca da qualidade, busca e desenvolvimento de fornecedores que atendam aos padrões de qualidade preconizados pela organização, produção e desenvolvimento de produtos dentro das qualificações necessárias, evitando perdas no processo, bem como falhas, manutenção dos recursos necessários para o desenvolvimento dos projetos de produção da empresa, dentre outros. Os custos de avaliação estariam ligados justamente à aferição da qualidade que foi desenvolvida dentro do sistema organizacional. Teríamos como custos de avaliação, ainda de acordo com Maximiano (2002): Mensuração e tese de insumos necessários à produção; aquisição, quando necessária, de equipamentos especiais para a avaliação de produtos; levantamentos estatísticos para efetuação de controle de processos, inspeções e construção de relatórios sobre a qualidade aferida. Os custos de não-qualidade referem-se aos prejuízos advindos para os clientes e para as organizações, a despeito da falta de adequação ao uso dos produtos ou serviços produzidos pelas organizações. O mercado mostra claramente que estes custos acabam se tornando maiores que os custos da qualidade, e, daí, vem a premissa de que mais qualidade custaria menos. Existem duas categorias de custos da não qualidade, a saber: Custos internos dos defeitos: São aqueles custos que se referem aos defeitos encontrados antes de os produtos ou serviços chegarm às mãos dos consumidores finais. Referem-se a refugos de produtos finais, ou mesmo de matérias-primas, retrabalho em produtos defeituosos, modificações nos procedimentos internos da empresa que prejudicam os fatores produtivos, pressa e tensão para a entrega dos produtos dentro dos prazos estabelecidos. Custos externos dos defeitos: São os custos que acontecem depois de o produto ou serviço chegarem às mãos dos clientes. Referem-se, por exemplo, ao cumprimento das garantias que as organizações disponibilizam aos compradores, perda de encomendas por falhas no processo de entrega, devoluções, processos nos órgãos de defesa do consumidor, prejuízo na imagem da organização pelas falhas cometidas, e, por fim, perda de clientes e de mercado, além de competitividade. Chegamos ao ponto principal do conceito de busca de qualidade: definimos a qualidade, ou devemos definir qualidade de uma organização, em função das necessidades e dos desejos dos clientes. Na realidade, o que se precisa estabelecer no procedimento de qualidade total seria não apenas o entendimento e aplicação dos conceitos de qualidade descritos acima. É preciso ter a idéia de que a qualidade começaria basicamente desde o entendimento por parte das empresas destas necessidades e destes desejos. Assim, segundo Feigenbaum, citado por Maximiano (2002), a qualidade total abrangeria, no caso de produtos, todos os estágios do ciclo industrial, enumerados em oito, a saber: 1 – Marketing: Avaliando o que o cliente busca em termos de qualidade e o quanto ele estaria disposto a pagar por esta qualidade; 2 – Engenharia: Referindo-se à transformação das necessidades e desejos levantados dos clientes em especificações possíveis de atendê-los; 3 – Suprimentos: Responsável pela escolha, compra e retenção de fornecedores capazes de fornecer materiais para a organização dentro das necessidades previstas; 4 – Engenharia de processo: Referente à escolha de máquinas, ferramentas e métodos de produção para garantir o bom andamento das atividades produtivas; 52 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT 5 – Produção: Supervisionar a qualidade no processo durante a fabricação; 6 – Inspeção e testes: Referindo-se à verificação da conformidade entre o produto produzido e as especificações; 7 – Expedição: Referindo-se a embalagem e ao transporte; 8 – Instalação e assistência técnica: Quando a empresa instala e dá assistência técnica correta ao produto que vende, automaticamente ajuda a garantir o funcionamento correto do produto. É bom que lembrar que uma organização, para atingir um conceito de qualidade utilizado aceitável, necessita que a cultura da qualidade seja estabelecida a partir da administração superior, que é tecnicamente responsáveis pelo norte de pensamento da organização. Por fim, qualquer organização que hoje queira ter seu espaço no mercado necessitará investir na busca da qualidade, com o objetivo, conforme apresentado acima, de satisfazer e estar em conformidade com as necessidades e desejos de seus clientes! 2.Responsabilidade social nas empresas Quando falamos em responsabilidade social nas empresas, temos de ter em mente que as organizações necessitam desenvolver seus procedimentos em função não somente de suas próprias necessidades, mas também em função das necessidades da sociedade em que está inserida. Neste fundamento, talvez tenhamos uma relação direta entre responsabilidade social e ética. Se entendermos que ética pessoal seria tratarmos as pessoas que convivem conosco da forma como gostaríamos que nos tratassem, poderemos, então, definir que as organizações também devem tratar a sociedade da mesma forma como querem que a sociedade as trate. Seria mais fácil se o entendimento do parágrafo anterior, por si só, por parte das organizações, garantisse que as mesmas iriam desempenhar suas funções sem sequer pensarem em descumprir padrões sociais de convivência. No entanto, muitas vezes as empresas pecam em relação a suas responsabilidades perante a sociedade, o que impõe a criação de códigos a serem seguidos, como é o caso do Código de Defesa do Consumidor, que nasce justamente como resposta da sociedade aos danos causados pelas organizações, mesmo que considerados involuntários. Na realidade, Maximiano (2002) ressalva que mau atendimento, produtos inseguros, tanto para crianças quanto para adultos, falta de cumprimento de promessas feitas no ato da venda, ou até mesmo falhas nos procedimentos de entrega não contavam com legislação específica, ou seja, não havia um código de conduta a ser seguido pelas organizações. O mesmo Maximiano (2002) afirma que, justamente por essas razões evidenciadas acima, surge o Código de Defesa do Consumidor, que basicamente advém da preocupação e das reivindicações de grupos de pressão dentro da sociedade em favor da defesa dos consumidores. Quando a organização descumpre o código, podem ser gerados sérios transtornos para a mesma, e as empresas não podem invocar a ignorância da lei para não cumpri-la. Logo, uma empresa, para efetuar seu modelo de gestão pautado na responsabilidade social e dentro de condutas éticas, automática e necessariamente precisa seguir o que reza o Código de Defesa do Consumidor. Não somente ao consumidor podemos referenciar a responsabilidade social. Outro exemplo que se faz necessário e discutido aqui, neste compêndio, refere-se ao que chamamos de proteção ambiental. Técnicas de Gestão 53 Existem diversos dispositivos legais que estabelecem regras de conduta por parte das empresas para com o ambiente natural, bem como também existem as possíveis punições para o seu não seguimento. Da mesma maneira que ocorreu com relação ao Código de Defesa do Consumidor, quando a sociedade percebeu que todo o avanço tecnológico e global poderia pôr em risco a própria sobrevivência humana, grupos manifestaram-se pela criação de regras a serem seguidas. Neste ponto é bom frisar que, quando se trata de ambiente, existem alguns pontos que não são retratados nas regras de conduta e que automaticamente geram transtornos para o ambiente em função de algumas organizações buscarem apenas efetuar aquilo que consta como lei. Na realidade, a responsabilidade social para com o ambiente estará sujeita também ao que Maximiano (2002) chama de consciência social de setores específicos da sociedade, em que grupos consumidores, por exemplo, vetam a aquisição ou mesmo o consumo de produtos oriundos de organizações que sejam consideradas, de alguma forma, socialmente irresponsáveis. Este tipo de ação pode desencadear um efeito em cascata, e, automaticamente, como as organizações não querem perder espaço para a concorrência em mercados cada vez mais competitivos, vêem-se forçadas a mudar sua forma de conduta. Vale fechar este ponto enfatizando que as organizações precisam estar atentas às mudanças de ambiente para reiventarem-se a todo instante, buscando qualidade e responsabilidade social no desempenho de suas funções e atividades. GLOBALIZAÇÃO Um assunto muito importante a ser estudado é a globalização. Mas o que vem a ser? Para Ribeiro (2003), é um processo social que gera mudanças na estrutura política e econômica das sociedades e, falando economicamente, significa integração dos mercados em âmbito mundial. Ribeiro (2003) ainda analisa que a globalização é um avanço do processo de internacionalização econômica, social, cultural e política que vem ocorrendo mundialmente ao longo dos anos 80. Muitos pensam que a globalização é um acontecimento recente, porém acontece desde o Tratado Geral de Tarifas e Comércio (GATT), que foi estabelecido em 1947, porém se intensificou ao longo do tempo, com a maior velocidade dos transportes e das comunicações. O Tratado foi substituído pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que atualmente regula as relações comerciais. Analisando sod ponto de vista do consumidor, a globalização significa conforto e busca pela economia, pelo fato de dar acesso a produtos de boa qualidade e preços muitas vezes atrativos. Se analisarmos a globalização sob ponto de vista social, veremos sinais de menos inclusão, pois aumenta a polarização entre os países e classes quanto à distribuição de riqueza, renda e emprego. Atualmente a globalização está inserida em um processo mais rápido e abrangente, originado pela revolução das comunicações que permitiu a troca de informações rapidamente, mesmo se tratando de lugares distantes. Segundo Ribeiro (2003), existem algumas situações características da globalização: 1- adoção de novas tecnologias e novas formas de organizar a produção e a gestão nas empresas; 54 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT 2- formação de blocos regionais visando fortalecer o comércio regional, como Mercosul, NAFTA e União Européia; 3- preços competitivos; 4- maior oferta de produtos; 5- criação de situações de desemprego; 6- mais benefícios para o consumidor; 7- exposição de empresas não competitivas; 8- fatores de produção mais baratos: produção em escala, mão-de-obra barateada por causa da migração das empresas, eliminação de barreiras e fronteiras nacionais e comércio em escala mundial; 9- aprofundamento do processo de formação de oligopólios, como o da indústria automobilística. Numa economia globalizada, a quebra de um país pode levar outros a quebrarem também? Sim! Com a intensificação dos investimentos no exterior e a integração que ocorre entre as economias dos países, existindo uma mudança em um país automaticamente haverá influência em outros pelo fato de existir uma reação em cadeia. Para Ribeiro (2003), quando uma empresa está encadeada com a necessidade e a racionalidade econômica, ela é considerada uma empresa global. Podemos analisar como exemplo de uma empresa que possui características da globalização: organização francesa com capital suíço, máquinas coreanas, fabricação chinesa, marketing italiano, sócios da Polônia, Marrocos e México e, ainda, vendas realizadas nos Estados Unidos. Podemos citar como exemplos de empresas globais Mc Donald´s, Shell e Sony. Muitas empresas globais instalam suas fábricas em determinados países pela facilidade de transporte, comunicação, matéria-prima e até mesmo mão-de-obra. Pela situação acima, muitos empregos foram transferidos dos países ricos para os emergentes, que se beneficiaram devido geração de empregos. Porém, para os assalariados a situação não é tão boa. Os empregados são submetidos a aceitar padrões salariais e modalidades de trabalho inadequados, que os deixam em situação desfavorável, sem forças para exigir melhores condições de trabalho, pois a preocupação é manterem-se empregados. Se os empregados derem início a greves ou protestos, isso não causará melhoras, e, sim, demissão, e a empresa Técnicas de Gestão 55 certamente irá contratar outras pessoas que aceitem um salário ainda menor. Além do risco dos operários serem substituídos por máquinas, outro risco que os assalariados correm é causado pela concorrência internacional das empresas, em que muitas vezes são necessárias as reduções de custos para reduzir o preço dos produtos, e a forma mais utilizada para resolver isso é através da demissão. Ribeiro (2003) afirma que o sistema financeiro global é baseado na produtividade e lucro máximo e a economia global é baseada no capital, no trabalho e nas matérias-primas, em que a relação entre eles constitui o fator econômico mais relevante. Existem alguns fatos da globalização que Ribeiro (2003) cita e que merecem ser destacados: 1- não há instituições internacionais capazes de regular a ação das empresas globais; 2- o Estado não controla a produção, o câmbio e fluxo de capitais; 3- o poder da globalização escapa ao controle das nações; 4- os governos estão perdendo a capacidade de proteger o emprego e a renda das pessoas – caso algum país estabeleça alguma lei de proteção ao trabalhador, por exemplo, é possível que este país seja excluído dos projetos das empresas; 5- para alguns economistas, ou se regulamenta o futuro da economia globalizada ou sofreremos um crash – atualmente os governos não conseguem controlar o movimento do capital internacional. Podemos concluir que atualmente o mundo está sem fronteiras e tudo pode ser compartilhado. Como exemplos principais destacamos as inovações da tecnologia e da ciência. Mas, além disso, o que podemos definir como conseqüências da globalização? 1- o desemprego: a sociedade arca com o ônus do desemprego, que atinge países em desenvolvimento e países desenvolvidos, e, desta forma a sociedade assalariada acaba sendo prejudicada pela globalização; 2- a perda do poder do Estado perante o mercado; 3- o fortalecimento do domínio de alguns países em relação aos demais; 4- uma grande concentração de renda e exclusão social; 5- o Estado não garante mais à classe trabalhadora os seus direitos individuais e trabalhistas. Para Ribeiro (2003), as soluções para estes problemas gerados pela globalização dependem exclusivamente de propostas para a regulamentação da economia nacional, da criação de novas leis trabalhistas e do incentivo a programas de valorização da cidadania. 56 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT Atividade Complementar 1. O que vem a ser um sistema? Como o conceito de sistema poderia ser aplicado nas organizações? 2. Quais as diferenças entre sistema aberto e sistema fechado? Como você enxerga a aplicação destes conceitos no mundo empresarial? 3. Demonstre os parâmetros do sistema (objetivos, entrada, processo, saída e controle) e cite exemplo de como funcionariam no ambiente empresarial. 4. Analise a seguinte afirmação: Para uma empresa tomar decisões é preciso uma análise do ambiente. Você concorda? Por quê? 5. Por que devemos formar a estrutura organizacional de acordo com as características do ambiente externo? Explique. Técnicas de Gestão 57 6. O que vem a ser qualidade? Como as empresas devem desenvolver seus padrões de qualidade em sua estrutura organizacional? 7. Quais os custos da qualidade? Como poderiam ser minimizados pelo gestor empresarial? 8. O que vem a ser responsabilidade social? Qual a importância, para as organizações, do desenvolvimento da responsabilidade social? E para a sociedade como um todo? 9. Por que são criados códigos de ¨conduta¨, como o Código de Defesa do Consumidor? Você o acha necessário? Justifique sua resposta. 10. O que vem a ser globalização? Quais seus efeitos para os países emergentes? E para as empresas? 58 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT Glossário ▄ ADMINISTRAÇÃO – Planejar, organizar, liderar, coordenar e controlar as atividades de uma organização ou grupos específicos de pessoas, observando seus pontos fracos e buscando minimizá-los, bem como observando também seus pontos fortes, buscando maximizá-los. Transformar pensamentos em realidade através de ações concretas. Seria trabalhar com e pelas pessoas, a fim de se atingir um objetivo comum. ▄ CONTROLE – Refere-se à medição de desempenho, buscar comparar aquilo que era buscado com o que foi realmente conseguido, e, caso se faça necessário, tomar as atitudes necesárias para correção das falhas. ▄ DEPARTAMENTOS – Referem-se às diversas áreas que compõem as empresas. Departamento Financeiro, Departamento de Marketing, Departamento de Recursos Humanos, Departamento Comercial, dentre outros. ▄ EMPÍRICO – Não científico. ▄ ENFOQUE – Enfocar seria voltar a atenção para um determinado ponto ou para um determinado objetivo. ▄ ESTRATÉGIA – Definição de objetivos a serem buscados pela organização, bem como as ações e união de elementos para tanto, que, juntos ou em separado, encaminham a organização para o que foi definido. ▄ EXCLUSÃO SOCIAL – Termo que se refere às pessoas que não têm acesso aos recursos da sociedade; socialmente marginalizados. ▄ EXECUÇÃO – Ação de desempenhar aquilo que foi planejado e organizado. ▄ GESTOR – Termo genérico que se refere a gerenciamento, administração. Gestor seria aquele que gerencia um departamento ou uma empresa, por exemplo. ▄ MOTIVAÇÃO – O próprio termo já explicita. Motivação seria aquilo que leva alguém a tomar determinada atitude, ou seja, algo que leva o indivíduo a desenvolver determinada ação.. ▄ ORGANIZAÇÃO - No material, refere-se a organizar, que seria o ato de se conseguir exatamente identificar aquilo que precisa ser feito, definindo as responsabilidades e autoridades, além das relações entre os grupos para o desenvolvimento das ações. ▄ PERENIDADE – Existência infinita. Refere-se à busca, por parte das organizações, em existir para sempre. ▄ PLANEJAMENTO – Engloba a coleta de informações e diagnóstico de situações dentro da empresa, o estabelecimento de objetivos e metas a serem alcançados, bem como o estabelecimento de políticas e procedimentos que tenham por objetivo orientar as decisões a serem tomadas, além de ser no planejamento que se montam cronogramas para acompanhamento das ações a serem desempenhadas. ▄ PODER – Forma de influir nas ações desempenhadas por outros, a fim de buscar atingir seus próprios objetivos. ▄ PROCESSO DECISÓRIO – Um processo estaria ligado a etapas sucessivas para se chegar a um determinado fim. O processo decisório seria, então, as etapas de avaliação sucessivas até se decidir por algo ou alguma coisa. ▄ PRODUTIVIDADE – Relação direta existente entre os produtos obtidos pelo processo de produção e os fatores de produção utilizados na obtenção destes produtos. Por exemplo: produzir mais com menos empregados. Técnicas de Gestão 59 ▄ RECOMPENSA – Estímulo causador da satisfação de alguma necessidade e que é visto logo após a apresentação de um comportamento. Por exemplo, teríamos o filho ganhar de presente uma bicicleta, se passar de ano sem efetuar provas finais ou de recuperação. ▄ REGRAS – Normas ou padrões que são aceitos por pessoas que fazem parte de uma sociedade, por aqueles que ocupam determinada posição dentro desta sociedade. Exemplo: Não falar alto em telefones celulares na frente de outras pessoas e em recintos fechados, não fumar em ambientes fechados, não contar piadas em velórios. ▄ SEGMENTOS – Segmentar seria dividir o mercado em partes para poder-se desenvolvê-lo. Por exem- plo, o segmento da construção civil refere-se às empresas que trabalham com a construção de imóveis. O segmento universitário refere-se aos alunos universitários e às empresas envolvidas na prestação de serviços. ▄ SISTEMATIZAR – Construir visões integradas dos processos, de forma a se entender o funcio- namento destes processos e a forma de fazer com que os mesmos funcionem melhor depois de analisados. Referências Bibliográficas BERNARDES, Cyro / MARCONDES, Reynaldo. Teoria geral da administração – gerenciando organizações. São Paulo: Saraiva, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Campus, 2000. MAXIMIANO, Antônio C. Amaru. Teoria geral da administração – da revolução urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas 2002. RIBEIRO, Antônio. Teorias da administração. São Paulo: Saraiva, 2003. 60 FTC EAD | ADMINISTRAÇÃO FT ANOTAÇÕES FTC - EAD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância www.ead.ftc.br www.ead.ftc.br