CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
DEPARTAMENTO DE LINGUAGEM E TECNOLOGIA
MESTRADO EM ESTUDOS DE LINGUAGENS
AMBIENTES SOCIOTÉCNICOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Professora: Drª Maria Raquel de Andrade Bambirra
Discente: Leandro Henrique Pereira Gomes
Este trabalho final da disciplina Ambientes sócio técnicos tem como objetivo
analisar a ferramenta skype na aprendizagem de L2.
1. Como você descreveria esse ambiente ou ferramenta? Ele é voltado para o
ensino aprendizagem de qual língua?
A ferramenta Skype inicialmente não foi criada para o ensino de L2.
Trata-se de uma forma de comunicação via internet, a qual possibilita o contato
entre pessoas em diversas partes do planeta em perfeita sincronia. Entendo
que o Skype é extremamente útil no ensino de língua estrangeira,
especialmente no ambiente de aprendizagem in-tandem, o qual tem como
pilares de sustentação a comunicação bilíngüe, a reciprocidade entre os
participantes e a autonomia de cada um deles no processo de aprendizagem.
2. Quem o/a criou?
Segundo postagem no blog do estadão “BACANA BACANA” de Felipe
Machado, o inventor do Skype foi Niklas Zennstrom, um sueco, que
posteriormente vendeu a ferramenta por U$3 bilhões.
3. A que tipo de público ele/a se destina? Que tipo de público efetivamente se
beneficia dele/a?
Inicialmente a ferramenta skype se destina a qualquer pessoa que
queira se comunicar via internet. Já o uso como ferramenta de ensino de L2
depende de algumas coisas como o letramento tão bem tratado por, SOARES
2009. Também não poderíamos de deixar de citar DIAS 2013 e BUZATO 2001,
os quais trazem a baila o letramento digital. Por fim, é importante nos
lembrarmos das palavras de PARREIRAS 2005, o qual nos mostra que a teoria
da complexidade está muito mais próxima de nós, pois através dele podemos
enxergar as salas de aula como um ambiente complexo. Dito isso, voltamos ao
ensino de L2 e percebemos que a ferramenta skype, utilizada no ensino de
línguas, destina-se a pessoas que estejam interessadas em aprender um
segundo idioma. Como exemplo da utilização da ferramenta temos o projeto
Teletandem Brasil, desenvolvido pela UNESP – Universidade Estadual Paulista.
4. Há alguma ideologia sendo veiculada intencionalmente que possa ser
denunciada pela interface do ambiente/da ferramenta pura e simplesmente?
Não consigo vislumbrar nenhuma ideologia explícita na ferramenta
analisada.
5. Qual é a sua função social (para quê o ambiente/a ferramenta foi criado/a)?
Para atender a algum propósito específico? A que interesse(s) ele/a serve?
O Skype foi criado para estreitar os laços entre as pessoas, tornando a
comunicação entre elas mais fácil e barata, pois não utiliza as agencias de
telefonia e sim a internet. Sendo que, a princípio, qualquer pessoa que tenha
um computador com acesso à internet pode usar a ferramenta.
A usabilidade dessa ferramenta vai variar de acordo com os interesses
dos usuários, sendo que é perfeitamente possível o uso do Skype como uma
tecnologia para o aprendizado de L2, tecnologia essa que com o passar do
tempo vai se integrando ao cotidiano dos usuários, PAIVA (2008 e 2010). Como
se trata de um ferramenta de comunicação síncrona, na qual os usuários que
pretendem aprender L2, através da modalidade tandem, tem que estipular os
conteúdos que serão discutidos e aprendidos, novamente aparece a teoria da
complexidade, PARREIRAS (2005), tendo em vista que muito embora não
estejam em uma sala de aula convencional, há uma negociação quanto aos
interesses de cada um dos participantes.
6. Quais são os recursos interacionais que o ambiente/a ferramenta
proporciona a seus usuários?
Matos (2011) evidencia em sua pesquisa que o Skype propicia para os
envolvidos no processo de aprendizagem de L2 o contato direto com um nativo
da língua que se pretende aprender; uma flexibilidade para a aprendizagem,
haja visa que os envolvidos podem combinar o horário dos encontros; prática
simultânea de competências comunicativas, tais como compreensão,
expressão oral e escrita. Sendo que podemos citar como recurso a vídeoconferência, a tela compartilhada, a lousa compartilhada, a possibilidade de
demonstrar algo que o usuário faz no desktop, o uso como telefone para tirar
dúvidas, etc.
7. Como cada um desses recursos viabiliza a função social do ambiente/da
ferramenta?
A ferramenta na sua essência foi criada para aproximar as pessoas e
quando falamos em relações humanas não podemos deixar de pensa que
estas são complexas, PARREIRAS 2005, pois há o envolvimento de uma série
de interesses. É relevante dizer que o uso do Skype possibilita aos envolvidos
a busca por um novo letramento, BUZATO 2003, qual seja o digital. Além disso,
cada um dos recursos ajudam aos envolvidos na busca pela melhor forma de
repassar o conhecimento que tem em sua língua pátria, neste ponto estamos
falando além do letramento digital da teoria de VYGOTSKY, no tocante ao par
mais competente e a criação da Zona de Desenvolvimento Proximal – ZDP.
8. Considerando o fim a que se propõe, o ambiente/a ferramenta pode ser
considerado eficiente?
A ferramenta é sim muito eficiente para o ensino de L2, contudo como
pontua MATOS (2011) a interação entre os envolvidos não substitui o professor
e este deve buscar sempre novas formas de implementar o aprendizado de
seus alunos. Nesse contexto é importante lembrarmos que o mundo produz
informações em uma velocidade altíssima e num grande volume, PAIVA 2008,
cabe ao professor auxiliar os alunos nas escolhas dos conteúdos.
9. Em qual estágio do desenvolvimento da web (1.0 ou 2.0) o ambiente/a
ferramenta está?
Conforme aponta MATOS (2011) o Skype é uma ferramenta da Web 2.0.
10. O ambiente/a ferramenta concorre para o desenvolvimento do letramento
digital de seus usuários? De que forma?
Como cita MATOS (2011) “ notamos ser essencial focar a questão das
potencialidades do Skype durante as interacções, pois ... análise dos dados
notámos que muitos parceiros, devido à sua pouca experiência neste contexto
... de LE e à baixa literacia digital, não utilizavam os aplicativos ditos
complementares que o Skype oferece.”. Diante disso, os envolvidos devem
buscar auxílio ou do professor ou de outros meios como o uso de tutoriais para
desenvolver melhor suas habilidades com a ferramenta.
11. Qual é a visão de língua dos criadores do ambiente ou dos usuários da
ferramenta? Em outras palavras, qual conceito de língua eles têm?
Como o Skype não foi criado pensando no ensino e sim na comunicação
entre as pessoas, não foi possível localizar o conceito de línguas que os
criadores da ferramenta tinham ou tem.
12. Qual é a abordagem de ensino de língua que subjaz os recursos
interacionais proporcionados pelo ambiente/pela ferramenta?
Tendo em vista que a ferramenta analisada não foi criada para fins
educacionais, mas dadas as suas características de multimodalidade DIAS
(2013) penso que a abordagem seria o ensino a distância.
13. Considerando autonomia como a capacidade de se responsabilizar pela
própria aprendizagem, o ambiente/a ferramenta facilita o desenvolvimento de
autonomia por parte de seus usuários? Justifique sua resposta.
Sim, haja vista que o aprendiz desenvolve uma aprendizagem
colaborativa online DIAS(2013) e, além disso, trabalha com um tipo de
letramento diferente, qual seja o digital. É possível que ao desenvolver seus
trabalhos os envolvidos se deparem com inúmeras dificuldades, pois como a
interação entre as partes envolve as relações humanas temos a presença de
um ambiente complexo PARREIRAS (2005)
14. Quais sugestões você teria a fazer aos construtores desse ambiente ou aos
usuários dessa ferramenta para melhorar a navegabilidade, a visualização, a
usabilidade e/ou a qualidade do conteúdo postado? Justifique sua resposta.
Pensando na ferramenta como o meio pelo qual se pode desenvolver a
aprendizagem de L2 in-tandem não tenho sugestão, até o momento, para
melhorar a navegabilidade, visualização, usabilidade ou qualidade.
15. De que maneira a teoria da complexidade para o ensino e aprendizagem de
línguas como L2 pode ser utilizada para avaliar o ambiente (ou ferramenta)
escolhido/a?
Percebo que a teoria da complexidade está presente em todas as
relações humanas e sendo assim, também estará presente no ensino de L2
através do Skype, pois há uma série de forças independentes agindo ao
mesmo tempo nos envolvidos na aprendizagem in-tandem, no suporte para a
ferramenta funcionar bem e assim por diante. Diante disso, para avaliar a
ferramenta a luz da teoria da complexidade basta perceber que existem muitos
fatores independentes que agem ao mesmo tempo sobre a ferramenta para
que ela funcione bem e propicie assim o aprendizado de L2.
Referências
http://blogs.estadao.com.br/bacanabacana/tag/skype/?doing_wp_cron=1364165997.5695450305938720703125
BUZATO, Marcelo El Khouri, O letramento eletrônico e o uso do computador no
ensino de língua estrangeira: contribuições para a formação de professores,
Campinas, SP, 2001. Orientadora Denise Bertoli Braga
DIAS, Renildes. Vídeo destinados aos alunos da disciplina Prática de
Letramento do CEFET-GM,Da Pesquisa ao Ensino - Belo Horizonte, 2013.
MATOS, Filipa Andreia Martins, O Skype como ferramenta de interacção e
colaboração no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras em teletandem,
Lisboa, 2011. Orientadora: Professora Doutora Teresa Margarida Loureiro
Cardoso
PAIVA, V. L. M. O. Uso da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras:
breve retrospectiva histórica. 2008, no prelo. Disponível em:
http://www.veramenezes.com/techist.pdf
PAIVA, V. L. M. O. A tecnologia na docência em línguas estrangeiras:
convergências e tensões. In: Lucíola Licínio de Castro Paixão Santos. (Org.).
Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente.
Belo Horizonte: Autêntica, 2010c, v. V, p. 595-613. Disponível em:
http://www.veramenezes.com/endipe.pdf
PARREIRAS, V.A. A sala de aula digital sob a perspectiva dos sistemas
complexos: uma abordagem qualitativa. Tese de Doutorado. Programa de
Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal de Minas
Gerais. 2005
SOARES 2009, em Letramento um tema em Três Gêneros
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