Efeitos do mel na tosse noturna e qualidade do sono
Estudo randomizado, duplo cego, placebo-controlado
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Effect of honey on nocturnal cough and sleep quality: a double-blind,
randomized, placebo-controlled study.
Cohen HA, Rozen J, Kristal H, Laks Y, Berkovitch M, Uziel Y, Kozer E, Pomeranz
A, Efrat H.
Pediatrics. 2012 Sep;130(3):465-71. Artigo Integral!
Apresentadora: Aissa Rodriguez Saroza R2 Pediatria
Orientadora: Dra. Lislie Capoulade
Hospital Regional da Asa Sul/Materno Infantil de Brasília
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 4 de abril de 2013
Introdução
A tosse é um sintoma muito comum na pratica pediátrica, e
pode ser particularmente difícil de manejar. E um problema
frequente para as crianças e seus pais, que resulta em
desconforto e perda de sono para ambos. Consequentemente
há diminuição da assiduidade a escola e ao trabalho dos pais.
Com o intuito de melhorar a tosse os pais oferecem por conta
própria medicamentos a seus filhos, que não são isentos de
risco e carecem de eficácia provada, que são desaprovados por
muitas organizações inclusive a Academia Americana de
Pediatria e pela Food and Drog Administration(FDA)
Uma grande variedade de medicamentos caseiros e herbários,
como licores, chás, mel, tem sido usados por muitos cuidadores
para tratar sintomas associados a infecções de trato respiratório
superior.
A Organização Mundial da Saúde(OMS) tem notado o mel como
um potente tratamento para a tosse e os sintomas do resfriado,
e a tem considerado como um demulcente barato, popular e
seguro(Acima de 12 meses de idade).
O mel tem propriedades antioxidantes e aumenta a liberação
de citosinas, o que pode explicar seu efeito antimicrobiano.
Obs: Demulcente: Substância viscosa que exerce uma ação protetora local para as
membranas.
Objetivos
Comparar os efeitos de uma dose única dos produtos contendo
basicamente o mel(mel com eucalipto, mel com cítricos, mel
com menta) com o placebo(xarope de tâmaras), na melhora dos
sintomas acompanhantes das infecções de trato respiratório
superior, como são tosse noturna e dificuldade para dormir nas
crianças.
- Obs: Tâmaras são o fruto das Datileiras, arvores originários de Israel e o Médio
Oriente, o xarope é feito com o fruto seco, agua, açúcar e limão.
Métodos
• Foram escolhidos para participar de este trabalho pacientes que
foram atendidos em alguma das 6 clinicas pediátricas envolvidas no
estudo entre janeiro de 2009 até dezembro de 2009.
• A amostra era constituída por crianças entre 1 e 5 anos com queixa
de tosse noturna devido a Infecções do trato respiratório superior.
• A Infecção de trato respiratório superior foi definida como a
presença de tosse e rinorréia com duração menor que 7 dias.
• Outros sintomas podiam ser incluídos como congestão nasal, febre,
dor de garganta, mialgias e cefaléia.
• Foram excluídos os pacientes com sintomas de asma, pneumonia,
laringotraqueobronquite, sinusite, e/o rinite alérgica
• Foram excluídos também pacientes que usaram qualquer
medicamento supressor da tosse, ou mel no dia anterior do estudo.
• Não foram excluídos os que fizeram uso de analgésicos como
ibuprofeno ou paracetamol na mesma noite do estudo.
• Para os pacientes que foram incluídos no estudo foi aplicado
um questionário com 5 perguntas indagando sobre a
frequência da tosse e a dificuldade de sono na noite anterior
ao estudo. As respostas foram colocadas em uma escala de 7
pontos.
• Somente foram incluídas as crianças cujos pais classificaram a
gravidade dos sintomas al menos em 3 pontos em uma escala
onde o mínimo eram 2 pontos do questionário sobre a
frequência da tosse noturna, efeitos dos sintomas no sono da
criança e dos pais na noite anterior ao estudo.
Questionário
1. Com que frequência seu filho tossiu a noite passada?
2. Qual foi a gravidade da tosse do seu filho na noite passada?
3. Quanto incômodo sentiu seu filho por causa da tosse na
noite passada?
4. Quanto a tosse afetou o sono de sue filho na noite passada?
5. Quanto a tosse afetou seu sono(pais) na noite passada?
Escala de gravidade
Score: 0=nada, 1=não muito, 2= só um pouco, 3=ligeramente,
4=bastante, 5=muito, 6=extremo.
Desenho do estudo
O estudo realizado foi randomizado , duplo cego. As crianças elegidas
foram randomizadas em 4 grupos de tratamento. Em três dos quatro
grupos foi subministrado 1 dos três compostos contendo basicamente
mel, e no outro grupo, o placebo(que foi elegido pela estrutura e cor
parecida ao mel).
Os três compostos do mel foram preparados pelo mesmo laboratório
(Zerifin Breeding Apiary of the Volcani Agricultural Research Center in
Rechovot, Israel)
Foram colocados em recipientes plásticos pequenos contendo 10 gr do
produto, foram marcados com as letras A, B, C, D e distribuídos as
clinicas pediátricas.
Os pais foram instruídos para administrar 10 g do produto 30 minutos
antes da criança dormir com líquidos que não contivessem cafeína.
Os pais, médicos e os coordenadores do estudo não sabiam o
conteúdo dos recipientes.
Os envelopes contendo os códigos das preparações envolvidas no
estudo foram guardadas na Oficina do Ministério da Agricultura, e não
foram abertas até que a analises estatísticas dos dados foi completada.
• No dia seguinte os pais das crianças que foram incluídas no
estudo foram contactadas por telefone e realizadas as
mesmas perguntas do questionário anterior, antes de
administrado o preparado.
• As crianças não foram examinadas pelo medico no segundo
dia do estudo, a exceção se havia piora da doença.
Analise estatística
• A comparação estatística entre as variáveis dos grupos de
tratamento foram analisadas usando o teste X² para as
variáveis nominais, e o analise da variância para as variáveis
continuas.
• Para avaliar a tosse antes e depois do tratamento usou-se o
teste T-Student
• Os valores de p<0.05 foram considerados significativos.
• Toda a analises estatística foi realizada usando o pacote SPSS
para Windows(versão 15.0.1, SPSS, Chicago, IL)
Ética
• O estudo foi aprovado pelo Comitte for Ethics in Human
Subjects Research, Meir Medical Center, Kfar Saba, Israel
Resultados
• Foram analisados 300 crianças no estudo das quais 270
concluíram a única dose de tratamento(89.7%)
• 64 crianças receberam mel com eucalipto, 62 receberam mel
cítrico, 73 receberam mel com menta e 71 receberam
placebo.
• A media de idade dos participantes foi 29 meses, desde 12
meses a 71 meses, sem diferenças significativas de idade
entre os 4 grupos.
• Os participantes estiveram doentes em media 2.8 dias mais
menos 2 dias. Sem diferenças significativas entre os 4 grupos.
• Não foram detectadas diferenças significativas entre os
resultados com os diferentes tipos de mel, mas a resposta foi
melhor no alivio dos sintomas quando comparada com o
placebo.
• Houve significativas diferenças entre os resultados do questionário
aplicado antes e depois do tratamento, em quanto a melhora dos
sintomas, o que foi demonstrado pelo analises das variáveis.
• No foram encontradas diferenças significativas entre os diferentes
compostos oferecidos, mas os tratados com compostos contendo
mel tiveram uma melhor resposta à tosse e qualidade do sono que
aqueles tratados com o placebo.
• Em quanto a frequência da tosse aqueles tratados com mel e
eucalipto tiveram uma melhora maior que aqueles tratados com mel
cítrica, mel com menta e com placebo.
• A severidade da tosse também foi avaliada, tendo melhor reposta
com os compostos de mel, não sendo significativa a diferença entre
eles neste quesito, mais foi melhor quando comparada com o
placebo.
• Os pais notaram melhora na qualidade do sono dos filhos após
tratamento com mel que quando tratadas com o placebo,
consequentemente com maior qualidade de sono entre os pais
também.
• Dor abdominal, náusea, e vômitos, foram reportados pelos
pais de 4 crianças durante o tratamento com compostos de
mel e 1 com placebo.
• As reações adversas não foram significativamente diferentes
entre os grupos de compostos de mel e o placebo.
435 pacientes elegidos
Excluídos:135
Recusaram :79
Retiraram:22
Não cumpriam critérios: 34
300 pacientes envolvidos no estudo, completaram o questionário pré-tratamento
e foram randomizados em 4 grupos.
Grupo A
Receberam mel
com eucalipto
75
Grupo B
Receberam mel
cítrico
75
11
Retiraram
13
Retiraram
2
Retiraram
4
Retiraram
64 analisados
62 analisados
73 analisados
71 analisados
Grupo C
Receberam mel
com menta
75
Grupo D
Receberam
Placebo
75
Discussão
• Este estudo demonstrou que cada um dos compostos de
mel(eucalipto, cítrico e menta) foram mais efetivos no alivio
dos sintomas das infecção do trato respiratório superior (IVAS)
como tosse noturna, qualidade do sono de crianças e seus
pais que o placebo.
• Os resultados deste estudo reforçam que os produtos de mel
possam ter um efeito benéfico em alivio dos sintomas das
IVAS, como já demonstrado em outros estudos que comparam
o efeito do mel versus dextrometorfano e dexclofenidramina
no tratamento.
• O mel é um complexo natural líquido que contem pelo menos
181 substancias antioxidantes e com efeito antimicrobiano. O
que explica a superioridade nos estudos.
• Alguns destes compostos antioxidantes presentes no mel são
Vit. C, monofenóis, flavonóides, e polifenóis. Os compostos do
mel processado são hidrossolúveis.
• O mel selvagem varia muito em quanto aos compostos
antioxidantes hidro ou lipossolúveis, esta variação acontece
dependendo do ambiente, estação do ano, e recursos florais.
• Se há observado que o mel mais escuro tem mais quantidade
de substancias antioxidantes e sabe-se que o processamento e
estoque diminuem a quantidade desta substancias.
• Dados apontam que o mel processado contem antioxidantes
viáveis que aumentam atividade antioxidante do plasma.
• Outra explicação oferecida por Eccles para os efeitos benéficos
do mel aponta que a proximidade anatômica ente as fibras
nervosas sensórias responsáveis pelo inicio da tosse e a as
fibras nervosas gustatórias da doçura, as substancias doces
podem produzir uma interação entre estes feixes nervosos,
causando ação antitussígena central.
• Esta última teoria pode explicar a certa melhora (mesmo que
menor quando comparada com o mel) causada pelo placebo,
que é também uma substância doce.
• A melhora significativamente maior provocada pelo mel com
respeito ao placebo sugere que há outros fatores envolvidos
que contribuem aos efeitos benéficos do composto no alivio
da tosse.
• A tosse devida a IVAS é geralmente autolimitada, mas
geralmente é a maior preocupação dos pais e eles solicitam a
nossa intervenção. Isto leva a usar medicações supressoras da
tosse que são potencialmente perigosas.
• Muitos dos efeitos colaterais de estes supressores da tosse
são causados por sobre dose inadvertidas pelos pais, quando
oferecem compostos com os mesmos ingredientes.
• Dart et al reportaram uma serie de 118 casos de morte em
crianças menores de 12 anos devida ao consumo excessivo de
supressores da tosse (difenhidramina e dextrometorfano)
• O mel é uma alternativa segura para alivio da tosse
relacionada a IVAS em crianças maiores de 1 ano de idade.
• Este estudo randomizado, placebo controlado demonstra que
o tratamento com mel e clinicamente efetivo. O mel não deve
ser administrada em menores de 1 ano pelo isco de
Botulismo infantil.
• O uso frequente do mel pode predispor a ocorrência de caries
dentarias, recomenda-se o uso por um período curto de
tempo.
• Este estudo é limitado para a segurança da indicação o mel
como tratamento para IVAS. Outra limitação de este estudo é
que foi avaliada os efeitos de uma só dose do mel, pelo que
estudos mais completos são sugeridos.
Conclusões
• Os pais envolvidos no estudo acharam que os compostos de
mel foram mais efetivos no tratamento dos sintomas IVAS
como tosse e dificuldade para dormir que o placebo.
• O mel pode ser o tratamento preferível para os sintomas das
IVAS.
• O mel pode ser considerado efetivo e seguro como
tratamento das IVAS em crianças maiores de 1 ano de idade
Obrigada
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