Só Granjas: Quais são os desafios da avicultura na região abrangida pelo cinturão de sanidade? Wagner Mizohata: Tivemos sim um grande desafio no começo quando foi instaurado o cinturão de sanidade, tivemos que nos adaptar com as novas regras do ministério principalmente nas questões de registro de nossas aves e vacinas. Mas hoje com a implantação destas regras estamos um passo a frente em relação a outras regiões produtoras nas questões de sanidade avícola. Só Granjas: O que pode ser feito no setor avícola bastense para tornar nosso produto mais competitivo, comparando com outras regiões? Wagner Mizohata: Como estamos longe dos grandes centros consumidores, necessitamos divulgar mais os nossos produtos, investir em marketing e desenvolver soluções para facilitar a venda direta a redes de distribuição. E usar mais a nossa maior logomarca. “Capital do Ovo” Só Granjas: No que diz respeito à sanidade avícola, por ser a nossa região desenvolvida nessa parte, têm os avicultores tido algum tipo de problema de adequação e conseqüentemente de aumento de produção? Wagner Mizohata: A região continua muito forte com novos investimentos do setor. Temos várias empresas avícolas investindo muito em aumento de produção, e hoje os resultados de produção em Bastos e região estão em um nível altíssimo. Só Granjas: Atualmente temos em nossa cidade uma das maiores exposições avícola do país, e temos visto a tendência da mecanização na postura comercial, de que maneira é encarada essa modernização pelos avicultores que começaram a postura comercial diante da expansão e modernização dos meios de trabalho. Wagner Mizohata: A mecanização é uma tendência mundial, hoje estamos pensando em exportação e temos que nos adequar a isso. Com a mecanização estamos entrando em um nível de competição com o resto do mundo. Tendo também a que as indústrias deste setor hoje nos oferecem equipamentos e tecnologia a preços competitivos. Só Granjas: Com a modernização das Granjas e aumento de produção a situação econômica do mercado avícola em um momento de crise, fica mais fácil ou ainda mais complicado para passar pela crise? Wagner Mizohata: O aumento de produção é um fato que sempre vai existir, produzimos alimento e a população necessita disso. Em momento de crise no setor, a empresas que conseguem lidar com mais tranqüilidade, pois tem os custos de produção mais ajustada que outros. Sem duvida que a modernização é uma grande arma para suportar a crise. Só Granjas: Há ainda hoje preocupação com os surtos de doenças que há alguns anos comprometeu os planteis avícolas nos Brasil e no mundo? Os laboratórios estão mais bem preparados para atender os produtores caso haja novo surto? Wagner Mizohata: Sim tivemos grandes investimentos do governo em montar novos laboratórios e credenciar outras. Mas é um dever de toda a classe ligado a avicultura também fazer a sua parte para não deixarmos estes surtos entrarem em nosso país. Só Granjas: A utilização de sorgo e milheto em substituição ao milho tem sido opção apenas na redução de custo ou também da melhora da qualidade do produto? Wagner Mizohata: A utilização hoje do sorgo e milheto em nada influencia na qualidade do produto. Uma ração bem formulada e balanceada hoje com estes produtos além de baixar os custos fica igual em qualidade em substituição ao milho. Só Granjas: O rigor da fiscalização sanitária tem obtido êxito ou tem se mostrado como óbice ao aumento de produção e desenvolvimento em nossa região? Wagner Mizohata: O setor de ovos está entrando em uma nova fase de produção, a fiscalização sanitária é necessária para isso. Hoje trabalhamos em comum acordo com os órgãos de fiscalização para a melhoria de nossos produtos, aumento de produção e desenvolvimento da região. Só Granjas: O Brasil é tido como um dos maiores produtores de grãos do mundo, porém por ser de dimensão continental, há ainda dificuldade e principalmente um custo elevadíssimo no escoamento de tais produtos, afetando diretamente a nossa cultura regional, por estar localizada longe deste pólo produtor. O que os granjeiros têm feito para contornar essa situação? Wagner Mizohata: O estado de São Paulo já não é mais um grande produtor de cereais, está perdendo para o plantio de cana. Sendo assim, nos resta buscarmos os grãos fora do estado. Para isto hoje as granjas da região estão montando sua própria transportadora adquirindo novos caminhões para o transporte de grãos reduzindo os custos do frete. Só Granjas: O momento hoje para as granjas é mais propício para uma real expansão de produção ou ainda deve melhorar a qualidade dos produtos, haja vista que, pouquíssimas granjas têm certificado para exportação, justamente por conta da infra-estrutura e qualidade. Wagner Mizohata: A expansão e a melhoria na qualidade têm que andar juntas, realmente tem que investir mais em infra-estrutura, pois somos empresas com mais de 50 anos no mercado. E a nova realidade de mercado nos pegou de surpresa, mas todas as granjas já estão se adequando para isto, será um pequeno espaço de tempo para todas as granjas já estarem prontos para a exportação. O mercado interno ainda é muito competitivo e interessante, algumas granjas já estão adequadas, mas preferem ficar dentro do mercado interno. Só Granjas: O que os produtores tem feito para agregar valor comercial a cada unidade de ovo produzido? Essas medidas estão sendo aceitas pelos consumidores? Wagner Mizohata: Este é o grande desafio do setor, para agregar valor comercial temos que oferecer vantagens ao consumidor cada vez mais exigente. Temos que oferecer qualidade, embalagem diferenciada, propaganda do valor nutricional, facilidade no transporte, produtos diferenciados para cada tipo de consumidor, etc. Temos que estar em constante evolução para entender as necessidades dos nossos consumidores. Só Granjas: O mercado internacional é bem mais exigente que o mercado interno. Você acha que os brasileiros tendem a chegar a um nível de exigência equiparado? Wagner Mizohata: Já chegamos a este nível e já atendemos o mundo todo, precisamos aumentar o volume das exportações. O que nos impede de aumentarmos é o valor do cambio que é muito baixo ou instável.