PRESERVE HOJE PARA VIVER AMANHÃ
Neusa Piccin Marin – Multiplicadora.1
Maria Fátima Andriolo Abel – Orientadora²
Ângela Biasuz – Orientadora³
Resumo
Este artigo refere-se a uma pesquisa de opinião desenvolvida pelos alunos da sexta série do turno da manhã da
Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom José Baréa, no município de São Marcos – RS/Brasil, cujo tema
foi destino das embalagens de agrotóxicos. O problema pesquisado envolve a investigação sobre “qual é o
destino das embalagens de agrotóxicos usados nas propriedades dos agricultores das comunidades em que
vivem os alunos da escola”. Esta pesquisa teve o objetivo de refletir sobre a problemática levantada a fim de
investigar o destino dado às embalagens de agrotóxicos utilizados pelos agricultores das comunidades onde
residem os alunos, proporcionando ações que contribuam para informar, conscientizar e sensibilizar as
comunidades sobre a importância do manejo adequado para a prevenção do meio ambiente e garantia de uma
melhor qualidade de vida. Os dados coletados apontam que a maioria dos entrevistados faz uso de agrotóxicos
em suas propriedades e devolvem as embalagens às lojas onde compram os defensivos agrícolas. Nesse contexto,
compreende-se a importância das práticas do ensino da Educação Ambiental, não apenas para que os estudantes
adquiram conhecimentos, mas, também para que desenvolvam um senso crítico mais aguçado no que conduz às
questões ambientais. O ambiente é o local onde vivemos e deve ser preservado sob todos os aspectos, sejam eles
na aparência, sanidade ou limpeza, para que possamos viver melhor.
Palavras-chave: embalagens, agrotóxicos, educação ambiental.
Introdução
O uso dos agrotóxicos tem início por volta da década de 1920 com o uso de armas
químicas em guerras. Durante a Segunda Guerra Mundial tem acentuado esse procedimento
com as armas químicas. As conseqüências toxicológicas eram desconhecidas.
No Brasil, a intensificação do uso dos agrotóxicos deu-se a partir da década de 60. Os
financiamentos governamentais para a agricultura condicionavam o crédito rural mediante
uma cota para aquisição de agrotóxicos. A propaganda e a obrigatoriedade do governo levou
a um consumo sem controle, desconhecendo as conseqüências para o meio ambiente e a
saúde da população.
1
MARIN, Neusa Piccin. Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade de Caxias do Sul, RS. Pósgraduada em Gestão Escolar pela UCB – Universidade Castelo Branco RJ, Professora da Rede Municipal de
Ensino de São Marcos.
² ABEL,Maria F.A. –Professora da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul, Licenciada em Ciências Exatas
e Matemática pela UCS/RS,Especialista em Ação Interdisciplinar pela FAI/ISEI/SC.
³ BIASUZ, Ângela – Professora da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul,Licenciada em Educação Física
pela UCS/RS, Especialista em Educação do Movimento pela UCS/RS.
A partir da década de 1970, alguns estados como Rio Grande do Sul e Paraná registram
alguns dados referentes a intoxicações causadas pelos defensivos agrícolas. Partindo disso,
algumas ações passam a acontecer, como a vigilância sanitária, e surgem algumas entidades
ligadas aos trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos.
Com o passar dos anos, a preocupação com o meio ambiente foi sendo pensada por
diversos órgãos da sociedade. Buscando interagir com este enfoque, os alunos da sexta série
da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom José Baréa pesquisaram sobre o destino
das embalagens de pesticidas, fungicidas e inseticidas utilizadas por seus familiares nas suas
plantações.
As comunidades inseridas na pesquisa são das linhas Rosita, Tiradentes, Edith, Santana ,
Riachuelo e Michelon. Essas comunidades são administradas pelos pais de nossos alunos,
que produzem principalmente alho e uva, produtos que necessitam de tratamento químico
para o seu desenvolvimento.
O destino das embalagens utilizadas por esses agricultores norteou a pesquisa de opinião.
Pesquisa esta que faz parte do Projeto NEPSO – Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião, que
utiliza a pesquisa de opinião numa metodologia própria e diferenciada na educação. Através
do Projeto NEPSO, os alunos tiveram o interesse em investigar qual o destino dado às
embalagens de agrotóxicos utilizados pelos agricultores das comunidades onde vivem, a fim
de proporcionarem ações que contribuam para informar, conscientizar e sensibilizar os
moradores e usuários de agrotóxicos destas comunidades sobre a importância do manejo
adequado e correto para prevenção do meio ambiente e a garantia de uma melhor qualidade de
vida.
1. Impactos do uso de agrotóxicos na saúde e no meio ambiente
Os agrotóxicos impedem a ação de seres nocivos, sem estragar os alimentos. Porém, se
os agricultores não tiverem alguns cuidados durante o uso ou extrapolarem no tempo de ação
dos mesmos, estes pode afetar o meio ambiente e a saúde.
O Brasil é hoje um dos maiores compradores de agrotóxicos do mundo e as intoxicações
por estas substâncias estão aumentando tanto entre os trabalhadores rurais que ficam expostos,
como entre pessoas que se contaminam através do consumo dos alimentos, das águas e outros
meios. Alguns estudos já relataram a presença de agrotóxicos no leite materno, o que poderia
causar defeitos genéticos nos bebês nascidos das mães contaminadas.
2
Os agrotóxicos podem ser encontrados em vegetais (verduras, legumes, frutas e grãos),
açúcar, café e mel. Alimentos de origem animal (leite, ovos, carnes e frangos) podem conter
substâncias nocivas que chegam a contaminar a musculatura, o leite e os ovos originados do
animal, quando ele se alimenta de água ou ração contaminada. Além de agredir o ambiente, a
saúde também pode ser afetada pelo excesso destas substâncias. Os agrotóxicos podem
provocar três tipos de intoxicação: aguda, subaguda e crônica. Na aguda, os sintomas surgem
rapidamente. Na intoxicação subaguda, os sintomas aparecem aos poucos: dor de cabeça, dor
de estômago e sonolência. Já a intoxicação crônica, pode surgir meses ou anos após a
exposição e pode levar a paralisias e doenças, como o câncer.
Leonardo Boff 2, em seu livro “ Que Brasil Queremos”, nos diz que “ Nenhuma das
empresas produtoras de agrotóxicos irá investir no setor da saúde, pois isso não trará retornos
financeiros, ou seja, a rentabilidade que o mercado espera auferir.”
Os agrotóxicos são substâncias químicas (herbicidas, pesticidas, hormônios e adubos
químicos) utilizadas em produtos agrícolas e pastagens, com a finalidade de alterar a
composição destes e, assim, preservá-los da ação danosa de seres vivos ou substâncias
nocivas.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o uso intenso de
agrotóxicos levou à degradação dos recursos naturais – solo, água, flora e fauna -, em alguns
casos de forma irreversível, levando os desequilíbrios biológicos e ecológicos.
Alguns consumidores, não satisfeitos em consumir alimentos que possam conter
resíduos tóxicos, estão exigindo a produção de alimentos fabricados e armazenados sem
agrotóxicos. Os alimentos orgânicos, isentos de agrotóxicos, estão ganhando a atenção dos
consumidores interessados neste assunto.
Para produzir e reproduzir sua existência, a sociedade utiliza a natureza e aproveita seus
recursos. Os estudos relacionados ao meio ambiente ganham importância crescente no mundo
de hoje e é importante conhecer a dinâmica de interesses, a fim de que esse aproveitamento
não comprometa a preservação ambiental. À medida que a sociedade se modifica, sobretudo
devido aos grandes avanços técnicos, cada novo tempo não apaga de todo o espaço do tempo
anterior, de maneira que o passado deixa marcas no presente.
Um dos objetivos da educação atual é contribuir para a formação de cidadãos
responsáveis e críticos. O meio ambiente provoca diálogos calorosos. No entanto, as ações
direcionadas à conduta humana estão refletidas na paisagem, no ar que respiramos, nas
2
BOFF, Leonardo. Depois de 500 anos que Brasil queremos? Vozes, São Paulo. 2000.
3
mudanças de clima, demonstrando, dessa forma, como as pessoas vivem e se relacionam com
a natureza. Na reportagem A Natureza Contra-Ataca, da revista Veja3, consta: “A natureza
está agora cobrando a conta pelos excessos cometidos na atividade industrial...” e os
Parâmetros Curriculares Nacionais (5ª a 8ª série)4 dizem: “A perspectiva ambiental deve
remeter à reflexão sobre os problemas que afetam a sua vida, a de sua comunidade, a de seu
país e a do planeta.”
2. Entidades responsáveis e legislação
Temos muitas entidades que dão importante apoio para desenvolver planos de ação e
implementar programas educativos que estimulem a devolução correta e segura das
embalagens vazias de agrotóxicos por parte dos usuários nas unidades de recebimentos.
A ANVISA é responsável por fiscalizar produtos contaminados por agrotóxicos. Se uma
empresa vender produtos que têm contaminantes em excesso, a ponto de prejudicar o
ambiente ou a saúde, ela sofrerá advertência, multa ou apreensão do produto.
Embalagens de pesticidas podem constituir uma fonte de contaminação direta ou
indireta tanto do homem, de animais, como do meio ambiente em geral. Razão pela qual a
legislação, referente a pesticidas, estabelece procedimentos que devem ser adotados por
aqueles que utilizam e manejam tais produtos e suas embalagens. Diretrizes, manuais e
folhetos técnicos também indicam os procedimentos corretos que devem ser observados
quanto à destinação final de embalagens vazias de pesticidas. Entretanto, motivos diversos
fazem com que essas instruções à destinação correta das embalagens vazias não produzam os
efeitos esperados. Já foram verificadas situações de alto risco de contaminação e de danos ao
meio ambiente e à saúde do homem e animais, potencializados pela destinação incorreta das
embalagens vazias, tais como: uso para fins domésticos, transporte e armazenamento de água
e alimentos, abandono na roça, no mato, debaixo de parreirais ou dependurado em árvores ou
no galpão. Em qualquer meio, a destinação incorreta de pesticidas acentua o risco de
contaminação do ambiente e de danos à vida vegetal e animal, em especial, ao homem.
O principal motivo para a destinação final correta para as embalagens vazias dos
agrotóxicos é diminuir o risco para a saúde das pessoas, dos animais, dos vegetais e de
contaminação do meio ambiente.
3
Veja. Especial A natureza contra-ataca pág. 92 – 101, 18 de abril de 2001, Editora Abril – edição 1696 ano 34
– nº. 15.
4
Parâmetros Curriculares Nacionais (5ª a 8ª), Temas Transversais, Brasília, MEC/SEF, 1998 P. 187-91.
4
Durante vários anos, a iniciativa privada e órgãos do governo vêm trabalhando em
conjunto, num programa nacional para o destino final das embalagens e, hoje, sabemos que os
principais ensinamentos sobre o tema abordado têm surgido através de iniciativas da indústria
e da participação voluntária de diversos segmentos da sociedade. As parcerias estabelecidas e
os convênios firmados com empresas, entidades, revendedores e cooperativas permitiram a
implantação de uma rede de Unidades Centrais de Recebimento de Embalagens no Brasil
(inpEV), que hoje ajuda a reduzir o número de embalagens abandonadas na lavoura, estradas
e às margens de arroios ou córregos e de mananciais d’água.
A nova legislação federal disciplina a destinação final e correta de embalagens vazias
de agrotóxicos e determina as responsabilidades para o agricultor, o revendedor, o fabricante
e
para o Governo na questão de educação e comunicação. O não cumprimento destas
responsabilidades poderá implicar em penalidades previstas na legislação específica e na lei
de crimes ambientais (Lei 9.605 de 13/02/98), como muitas e até pena de reclusão.
As leis diz que todas as embalagens vazias dos agrotóxicos devem ser devolvidas ao
estabelecimento comercial onde foram compradas. As bulas dos produtos contêm informações
específicas sobre o destino das embalagens vazias, as quais deverão ser seguidas para
evitarem-se problemas de contaminação. As embalagens rígidas vazias (vidro ou plástico)
deverão passar por três lavagens consecutivas (tríplice lavagem), para a descontaminação do
material, antes de serem encaminhadas para a devolução ao estabelecimento onde foram
compradas. A empresa deverá fornecer instruções e equipamentos adequados para a lavagem
dessas embalagens, incluindo os equipamentos de proteção individual do trabalhador que for
manipular as embalagens vazias.
Os trabalhadores rurais devem receber informações sobre equipamentos a serem usados,
a descrição do processo de tríplice lavagem, e os procedimentos para a devolução e
inutilização das embalagens vazias de agrotóxicos, que constam nos rótulos dos produtos.
3. Embalagens de agrotóxicos: responsabilidade de todos os envolvidos
A destinação final correta para as embalagens vazias dos agrotóxicos é um
procedimento complexo que requer a participação efetiva de todos os agentes envolvidos da
fabricação, comercialização, utilização, licenciamento, fiscalização e monitoramento das
atividades relacionadas com manuseio, transporte, armazenamento e processamento dessas
embalagens.
5
Considerando a grande diversificação de embalagens e de formulações de agrotóxicos
com características físicas e composições químicas diversas e as exigências estabelecidas por
leis e decretos, este trabalho foi elaborado com o intuito de esclarecer os procedimentos
mínimos e necessários à destinação final segura das embalagens vazias de agrotóxicos, tendose a preocupação de que os eventuais riscos decorrentes de sua manipulação sejam
minimizados a níveis compatíveis com a proteção da saúde humana e do meio ambiente.
Nos primeiros oito meses de 2007, no Rio Grande do Sul o inpEV (Instituto Nacional de
Processamento de Embalagens Vazias) atingiu a marca de 1.172,254 kg de embalagens
retiradas do meio ambiente, um crescimento de 7,6 % em comparação ao mesmo período de
2006. A evolução está associada ao aumento de postos de recebimento e ações de informação,
conscientização e sensibilização das comunidades sobre a importância do manejo adequado e
a preservação do meio ambiente para a garantia de uma melhor qualidade de vida.
Esta pesquisa teve por objetivo verificar se os procedimentos para destinação final de
embalagens vazias estava sendo feita de maneira correta pelos moradores das comunidades
atendidas pela Escola, dentro das normas previstas pela legislação, visando a saúde dos
agricultores e a não contaminação do meio ambiente. Para isso, foram realizadas 49
entrevistas com os moradores das comunidades alvo da pesquisa. A seguir, serão apresentados
alguns resultados mais significativos.
13. Qual o destino que você dá às embalagens vazias?
40
35
30
25
20
15
10
5
0
38
6
0
A
B
0
0
0
0
C
D
E
F
0
G
H
Das 49 pessoas entrevistadas, 44 responderam esta pergunta e, destes, 6, que
representam 12 % dos entrevistados, afirmam que costumam queimar as embalagens e 38
pessoas, representando 78 %, dizem que devolvem as embalagens às lojas onde compram ou a
uma unidade de recebimento (recolhimento). Desta forma, pode-se perceber que a maioria das
pessoas entrevistadas tem conhecimento sobre o correto destino das embalagens e preocupase com as questões ambientais e com os cuidados com a saúde.
6
A simplificação do meio, ocasionada pela substituição da vegetação natural pela
agricultura, faz com que determinadas espécies não encontrem predadores naturais, causando
surtos de pragas. O conjunto de práticas agrícolas que poderiam ser utilizadas para resolver
este desequilíbrio, no entanto, foi, nos últimos anos, centralizado no extermínio dos insetos
pela aplicação de agrotóxicos. Dentro deste contexto, verificou-se também, com a pesquisa,
que grande parte dos entrevistados usa agrotóxicos, e estes, estão numa faixa etária de
jovens/adultos, com baixo grau de instrução, sendo mais do sexo masculino e poucos do sexo
feminino. Além disso, constatou-se que possuem pequenas propriedades e fazem uso de
produtos químicos principalmente na cultura de uva e alho, produtos mais cultivados pelos
agricultores das comunidades alvo da pesquisa, conforme demonstram os resultados
apresentados a seguir.
6. Você usa agrotóxicos em sua propriedade?
33
35
30
25
20
15
10
11
5
5
0
Sim
Não
Às vezes
Dos 49 entrevistados:
1 33 (67%) responderam que fazem uso dos agrotóxicos, sendo que as marcas mais usadas
são: Dithane (18); Roundup (08); Gramoxone (03); Folpan (02); Glifosato (02); Captansc
(01); e Fitofas (01).
1 05 (10%) dos entrevistados responderam não fazer uso de agrotóxicos, por não possuírem
lavoura.
1 11 (23%) dos entrevistados responderam que às vezes usam algum tipo de agrotóxicos na
lavoura.
Dessa forma, percebe-se que a maioria dos entrevistados faz uso de agrotóxicos e do
mais alto nível toxicológico.
7
3. Idade dos entrevistados
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
16
11
8
9
3
1
Menos de
20 anos
De 21 a 30 De 31 a 40 De 41 a 50
anos
anos
anos
De 51 a 60
anos
Acima de
61 anos
Das 49 pessoas entrevistadas, 48 responderam esta pergunta e, destes, 3 (6%) tem
menos de 20 anos, 1 (2%) tem de 21 a 30 anos, 11 (23%) tem de 31 a 40 anos, 16 (33%) tem
de 41 a 50 anos, 8 (16%) tem de 51 a 60 anos, 9 (18%) tem acima de 61 anos. Um dos
entrevistados, do sexo masculino, não informou sua idade, representando (2 %).
Constatou-se, portanto, que os entrevistados estão na faixa etária de jovens/adultos,
com idades compreendidas entre 31 a 50 anos de idade.
4. Grau de escolaridade
40
35
30
25
20
15
10
5
0
35
8
2
A
B
3
C
D
0
1
E
F
Opções
Dos 49 entrevistados, 8 (16%) tem ensino fundamental completo, 35 (72%) tem o
ensino fundamental incompleto, 2 (4%) tem o ensino médio completo, 3 (6%) tem o ensino
médio incompleto e 1 (2%) é analfabeto.
Conclui-se, com estes dados, que a maioria dos entrevistados tem baixa escolaridade.
8
2. Sexo dos entrevistados
40
35
30
25
20
15
10
5
0
34
33
16
Masculino
Feminino
Opções
Dos 49 entrevistados, 33 são do sexo masculino, representando 67% do total, e 16 são do
sexo feminino, representando 33 %. Dessa forma, verificou-se que os homens são a maioria
no trabalho nas lavouras e que fazem uso de produtos químicos (agrotóxicos).
5. Área da propriedade
35
32
30
25
20
15
10
10
5
3
5
0
Menos de
10
De 11 a 25 De 26 a 50 De 51 a 100
0
0
De 101 a
200
Acima de
201
Hectares
Dos 49 entrevistados, 32 (65 %) tem menos de 10 hectares, 10 (21 %) tem de 11 a 25
hectares, 5 (10 %) tem 26 a 50 hectares e 2 (4 %) tem 51 a 100 hectares. Destes resultados,
podemos concluir que 86 % dos entrevistados possuem propriedades consideradas pequenas e
estas servem para o sustento de suas famílias. Lembrando: 1 ha equivale a 10.000 m².
9
8. Qual o tipo de lavoura que você mais usa
agrotóxicos?
35
29
30
25
20
15
12
10
5
3
1
0
Hortaliças
Fruticultura (uva)
Grandes culturas
(alho)
Outras
Dos 49 entrevistados, 33 utilizam agrotóxicos sempre e 11 utilizam às vezes em suas
lavouras, totalizando 44 pessoas que fazem uso dessa prática, ficando assim distribuídos: 3 (6
%) fazem uso em hortaliças, 29 (59 % ) fazem uso na fruticultura e na cultura da uva, 12 (25
%) em grandes culturas (alho) e 1 (2 %) em outras lavouras como milho. Portanto, 92% dos
agricultores das comunidades alvo da pesquisa fazem uso de agrotóxicos em suas lavouras
sendo que a cultura da uva é a mais pulverizada com defensivos agrícolas.
4. Considerações finais
O descarte final de embalagens vazias de agrotóxicos está sendo motivo de estudo por
parte de muitos envolvidos com a saúde humana, animal, vegetal e do meio ambiente. Neste
trabalho, procuramos mostrar aspectos da destinação final correta destas embalagens, visando
a saúde dos agricultores e a preservação do meio ambiente.
A preocupação dos alunos da sexta série, com esta pesquisa, foi verificar como estava
ocorrendo a destinação das embalagens nas comunidades de seu convívio por ser um
procedimento complexo, pois requer a participação de agricultores, vendedores, fabricantes,
unidades de recolhimento e outros envolvidos.
Verificou-se que o principal benefício do recolhimento de embalagens do meio
ambiente é a retirada dos recipientes vazios da natureza, pois podem levar mais de uma
centena de anos para se decompor, além da contaminação do meio ambiente. Com este
trabalho, percebeu-se que as embalagens vazias dos agrotóxicos estão recebendo o destino
final ambientalmente correto pelos agricultores das comunidades pesquisadas pelos alunos da
escola. Constataram também que os mesmos respeitam as normas estabelecidas por leis e se
preocupam com a preservação do meio ambiente e a saúde do ser humano, dos animais e
vegetais que os cercam.
10
As comunidades envolvidas nesta pesquisa estão de parabéns pela preocupação em
preservar a natureza e a saúde de seus moradores. Deve-se lançar mão desse belo exemplo
para outras comunidades seguirem esses cuidados com o manuseio e destino das embalagens
de agrotóxicos, bem como as gerações futuras.
Os alunos realizaram esta pesquisa com muito entusiasmo e satisfação, sentindo-se úteis
e preparados para informar, conscientizar e sensibilizar seus pais e amigos das comunidades
em que vivem sobre as questões de conservação do meio ambiente e a garantia de uma melhor
qualidade de vida a todos os moradores e até para as próximas gerações. Para melhor realizar
esse trabalho de agentes, foi criada na escola a Patrulha Verde Mirim, cujos integrantes
fiscalizam em suas comunidades os procedimentos corretos do destino das embalagens de
agrotóxicos e na escola, das embalagens dos produtos de limpeza.
Esta pesquisa serviu para que os alunos da sexta série tenham como cobrar de todos os
envolvidos, consciência de fazer o descarte correto das embalagens de produtos químicos,
para podermos preservar a vida humana, dos animais e do meio ambiente , protegendo nosso
planeta para que ele não cobre nossas atitudes num futuro bem próximo.
Referências Bibliográficas
Agrotóxicos, Riscos e Prevenção – Manual de Treinamento, Ministério do Trabalho.
FUNDACENTRO. São Paulo. 1991.
LUNA, A J.“Agrotóxicos: Responsabilidade de Todos”(Uma abordagem da questão dentro do
paradigma do desenvolvimento sustentável). Relatório de Pesquisa, Pernambuco – PE. 1999.
INPEV. Instituto Nacional de Procedimento de Embalagens Vazias, Destino Final
Embalagens Vazias. Agosto/2007. Disponível em: <http://www.inpev.org.br> Acesso em: 16
de setembro de 2007.
11
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Dispõe sobre os
procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de
embalagens vazias de agrotóxicos. Resolução nº. 334, de 3 de abril de 2003. Legislação
Federal. Disponível em: <http:// www.inpev.org.br > Acesso em: 16 de setembro de 2007.
Norma da ABNT – NBR 14719, Embalagens vazias de agrotóxicos – Destinação final de
embalagens lavada – Procedimento.
BOFF, Leonardo. Depois de 500 anos que Brasil queremos? Vozes, São Paulo. 2000.
VEJA, Especial A natureza contra-ataca pág.92 – 101, 18 de abril de 2001. Editora Abril –
edição 1696 ano 34 nº.15.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (5ª a 8ª série), Temas Transversais,
Brasília, MEC/SEF, 1998 p.187-91.
NOTÍCIAS – “Brasil é líder em recolhimento de embalagem de agrotóxicos”. Publicada 10 de
maio de 2006. Disponível em: http:// www.notadez.com.br / Acesso em: 06 setembro 2007.
RANDO, J. C. Recolhimento de embalagens vazias cresce 159% neste ano. Cultivar, Pelotas,
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REVISTA NOVA ESCOLA – Nº 202 ANO XXII – maio 2007 p.44 – 51 “ Em defesa do
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GASPARIN, D. C. Defensivos agrícolas e seus impactos sobre o Meio Ambiente. Trabalho
de conclusão de curso. Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Curitiba. Junho/2005.
12
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