PRESERVE HOJE PARA VIVER AMANHÃ Neusa Piccin Marin – Multiplicadora.1 Maria Fátima Andriolo Abel – Orientadora² Ângela Biasuz – Orientadora³ Resumo Este artigo refere-se a uma pesquisa de opinião desenvolvida pelos alunos da sexta série do turno da manhã da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom José Baréa, no município de São Marcos – RS/Brasil, cujo tema foi destino das embalagens de agrotóxicos. O problema pesquisado envolve a investigação sobre “qual é o destino das embalagens de agrotóxicos usados nas propriedades dos agricultores das comunidades em que vivem os alunos da escola”. Esta pesquisa teve o objetivo de refletir sobre a problemática levantada a fim de investigar o destino dado às embalagens de agrotóxicos utilizados pelos agricultores das comunidades onde residem os alunos, proporcionando ações que contribuam para informar, conscientizar e sensibilizar as comunidades sobre a importância do manejo adequado para a prevenção do meio ambiente e garantia de uma melhor qualidade de vida. Os dados coletados apontam que a maioria dos entrevistados faz uso de agrotóxicos em suas propriedades e devolvem as embalagens às lojas onde compram os defensivos agrícolas. Nesse contexto, compreende-se a importância das práticas do ensino da Educação Ambiental, não apenas para que os estudantes adquiram conhecimentos, mas, também para que desenvolvam um senso crítico mais aguçado no que conduz às questões ambientais. O ambiente é o local onde vivemos e deve ser preservado sob todos os aspectos, sejam eles na aparência, sanidade ou limpeza, para que possamos viver melhor. Palavras-chave: embalagens, agrotóxicos, educação ambiental. Introdução O uso dos agrotóxicos tem início por volta da década de 1920 com o uso de armas químicas em guerras. Durante a Segunda Guerra Mundial tem acentuado esse procedimento com as armas químicas. As conseqüências toxicológicas eram desconhecidas. No Brasil, a intensificação do uso dos agrotóxicos deu-se a partir da década de 60. Os financiamentos governamentais para a agricultura condicionavam o crédito rural mediante uma cota para aquisição de agrotóxicos. A propaganda e a obrigatoriedade do governo levou a um consumo sem controle, desconhecendo as conseqüências para o meio ambiente e a saúde da população. 1 MARIN, Neusa Piccin. Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade de Caxias do Sul, RS. Pósgraduada em Gestão Escolar pela UCB – Universidade Castelo Branco RJ, Professora da Rede Municipal de Ensino de São Marcos. ² ABEL,Maria F.A. –Professora da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul, Licenciada em Ciências Exatas e Matemática pela UCS/RS,Especialista em Ação Interdisciplinar pela FAI/ISEI/SC. ³ BIASUZ, Ângela – Professora da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul,Licenciada em Educação Física pela UCS/RS, Especialista em Educação do Movimento pela UCS/RS. A partir da década de 1970, alguns estados como Rio Grande do Sul e Paraná registram alguns dados referentes a intoxicações causadas pelos defensivos agrícolas. Partindo disso, algumas ações passam a acontecer, como a vigilância sanitária, e surgem algumas entidades ligadas aos trabalhadores rurais expostos aos agrotóxicos. Com o passar dos anos, a preocupação com o meio ambiente foi sendo pensada por diversos órgãos da sociedade. Buscando interagir com este enfoque, os alunos da sexta série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom José Baréa pesquisaram sobre o destino das embalagens de pesticidas, fungicidas e inseticidas utilizadas por seus familiares nas suas plantações. As comunidades inseridas na pesquisa são das linhas Rosita, Tiradentes, Edith, Santana , Riachuelo e Michelon. Essas comunidades são administradas pelos pais de nossos alunos, que produzem principalmente alho e uva, produtos que necessitam de tratamento químico para o seu desenvolvimento. O destino das embalagens utilizadas por esses agricultores norteou a pesquisa de opinião. Pesquisa esta que faz parte do Projeto NEPSO – Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião, que utiliza a pesquisa de opinião numa metodologia própria e diferenciada na educação. Através do Projeto NEPSO, os alunos tiveram o interesse em investigar qual o destino dado às embalagens de agrotóxicos utilizados pelos agricultores das comunidades onde vivem, a fim de proporcionarem ações que contribuam para informar, conscientizar e sensibilizar os moradores e usuários de agrotóxicos destas comunidades sobre a importância do manejo adequado e correto para prevenção do meio ambiente e a garantia de uma melhor qualidade de vida. 1. Impactos do uso de agrotóxicos na saúde e no meio ambiente Os agrotóxicos impedem a ação de seres nocivos, sem estragar os alimentos. Porém, se os agricultores não tiverem alguns cuidados durante o uso ou extrapolarem no tempo de ação dos mesmos, estes pode afetar o meio ambiente e a saúde. O Brasil é hoje um dos maiores compradores de agrotóxicos do mundo e as intoxicações por estas substâncias estão aumentando tanto entre os trabalhadores rurais que ficam expostos, como entre pessoas que se contaminam através do consumo dos alimentos, das águas e outros meios. Alguns estudos já relataram a presença de agrotóxicos no leite materno, o que poderia causar defeitos genéticos nos bebês nascidos das mães contaminadas. 2 Os agrotóxicos podem ser encontrados em vegetais (verduras, legumes, frutas e grãos), açúcar, café e mel. Alimentos de origem animal (leite, ovos, carnes e frangos) podem conter substâncias nocivas que chegam a contaminar a musculatura, o leite e os ovos originados do animal, quando ele se alimenta de água ou ração contaminada. Além de agredir o ambiente, a saúde também pode ser afetada pelo excesso destas substâncias. Os agrotóxicos podem provocar três tipos de intoxicação: aguda, subaguda e crônica. Na aguda, os sintomas surgem rapidamente. Na intoxicação subaguda, os sintomas aparecem aos poucos: dor de cabeça, dor de estômago e sonolência. Já a intoxicação crônica, pode surgir meses ou anos após a exposição e pode levar a paralisias e doenças, como o câncer. Leonardo Boff 2, em seu livro “ Que Brasil Queremos”, nos diz que “ Nenhuma das empresas produtoras de agrotóxicos irá investir no setor da saúde, pois isso não trará retornos financeiros, ou seja, a rentabilidade que o mercado espera auferir.” Os agrotóxicos são substâncias químicas (herbicidas, pesticidas, hormônios e adubos químicos) utilizadas em produtos agrícolas e pastagens, com a finalidade de alterar a composição destes e, assim, preservá-los da ação danosa de seres vivos ou substâncias nocivas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o uso intenso de agrotóxicos levou à degradação dos recursos naturais – solo, água, flora e fauna -, em alguns casos de forma irreversível, levando os desequilíbrios biológicos e ecológicos. Alguns consumidores, não satisfeitos em consumir alimentos que possam conter resíduos tóxicos, estão exigindo a produção de alimentos fabricados e armazenados sem agrotóxicos. Os alimentos orgânicos, isentos de agrotóxicos, estão ganhando a atenção dos consumidores interessados neste assunto. Para produzir e reproduzir sua existência, a sociedade utiliza a natureza e aproveita seus recursos. Os estudos relacionados ao meio ambiente ganham importância crescente no mundo de hoje e é importante conhecer a dinâmica de interesses, a fim de que esse aproveitamento não comprometa a preservação ambiental. À medida que a sociedade se modifica, sobretudo devido aos grandes avanços técnicos, cada novo tempo não apaga de todo o espaço do tempo anterior, de maneira que o passado deixa marcas no presente. Um dos objetivos da educação atual é contribuir para a formação de cidadãos responsáveis e críticos. O meio ambiente provoca diálogos calorosos. No entanto, as ações direcionadas à conduta humana estão refletidas na paisagem, no ar que respiramos, nas 2 BOFF, Leonardo. Depois de 500 anos que Brasil queremos? Vozes, São Paulo. 2000. 3 mudanças de clima, demonstrando, dessa forma, como as pessoas vivem e se relacionam com a natureza. Na reportagem A Natureza Contra-Ataca, da revista Veja3, consta: “A natureza está agora cobrando a conta pelos excessos cometidos na atividade industrial...” e os Parâmetros Curriculares Nacionais (5ª a 8ª série)4 dizem: “A perspectiva ambiental deve remeter à reflexão sobre os problemas que afetam a sua vida, a de sua comunidade, a de seu país e a do planeta.” 2. Entidades responsáveis e legislação Temos muitas entidades que dão importante apoio para desenvolver planos de ação e implementar programas educativos que estimulem a devolução correta e segura das embalagens vazias de agrotóxicos por parte dos usuários nas unidades de recebimentos. A ANVISA é responsável por fiscalizar produtos contaminados por agrotóxicos. Se uma empresa vender produtos que têm contaminantes em excesso, a ponto de prejudicar o ambiente ou a saúde, ela sofrerá advertência, multa ou apreensão do produto. Embalagens de pesticidas podem constituir uma fonte de contaminação direta ou indireta tanto do homem, de animais, como do meio ambiente em geral. Razão pela qual a legislação, referente a pesticidas, estabelece procedimentos que devem ser adotados por aqueles que utilizam e manejam tais produtos e suas embalagens. Diretrizes, manuais e folhetos técnicos também indicam os procedimentos corretos que devem ser observados quanto à destinação final de embalagens vazias de pesticidas. Entretanto, motivos diversos fazem com que essas instruções à destinação correta das embalagens vazias não produzam os efeitos esperados. Já foram verificadas situações de alto risco de contaminação e de danos ao meio ambiente e à saúde do homem e animais, potencializados pela destinação incorreta das embalagens vazias, tais como: uso para fins domésticos, transporte e armazenamento de água e alimentos, abandono na roça, no mato, debaixo de parreirais ou dependurado em árvores ou no galpão. Em qualquer meio, a destinação incorreta de pesticidas acentua o risco de contaminação do ambiente e de danos à vida vegetal e animal, em especial, ao homem. O principal motivo para a destinação final correta para as embalagens vazias dos agrotóxicos é diminuir o risco para a saúde das pessoas, dos animais, dos vegetais e de contaminação do meio ambiente. 3 Veja. Especial A natureza contra-ataca pág. 92 – 101, 18 de abril de 2001, Editora Abril – edição 1696 ano 34 – nº. 15. 4 Parâmetros Curriculares Nacionais (5ª a 8ª), Temas Transversais, Brasília, MEC/SEF, 1998 P. 187-91. 4 Durante vários anos, a iniciativa privada e órgãos do governo vêm trabalhando em conjunto, num programa nacional para o destino final das embalagens e, hoje, sabemos que os principais ensinamentos sobre o tema abordado têm surgido através de iniciativas da indústria e da participação voluntária de diversos segmentos da sociedade. As parcerias estabelecidas e os convênios firmados com empresas, entidades, revendedores e cooperativas permitiram a implantação de uma rede de Unidades Centrais de Recebimento de Embalagens no Brasil (inpEV), que hoje ajuda a reduzir o número de embalagens abandonadas na lavoura, estradas e às margens de arroios ou córregos e de mananciais d’água. A nova legislação federal disciplina a destinação final e correta de embalagens vazias de agrotóxicos e determina as responsabilidades para o agricultor, o revendedor, o fabricante e para o Governo na questão de educação e comunicação. O não cumprimento destas responsabilidades poderá implicar em penalidades previstas na legislação específica e na lei de crimes ambientais (Lei 9.605 de 13/02/98), como muitas e até pena de reclusão. As leis diz que todas as embalagens vazias dos agrotóxicos devem ser devolvidas ao estabelecimento comercial onde foram compradas. As bulas dos produtos contêm informações específicas sobre o destino das embalagens vazias, as quais deverão ser seguidas para evitarem-se problemas de contaminação. As embalagens rígidas vazias (vidro ou plástico) deverão passar por três lavagens consecutivas (tríplice lavagem), para a descontaminação do material, antes de serem encaminhadas para a devolução ao estabelecimento onde foram compradas. A empresa deverá fornecer instruções e equipamentos adequados para a lavagem dessas embalagens, incluindo os equipamentos de proteção individual do trabalhador que for manipular as embalagens vazias. Os trabalhadores rurais devem receber informações sobre equipamentos a serem usados, a descrição do processo de tríplice lavagem, e os procedimentos para a devolução e inutilização das embalagens vazias de agrotóxicos, que constam nos rótulos dos produtos. 3. Embalagens de agrotóxicos: responsabilidade de todos os envolvidos A destinação final correta para as embalagens vazias dos agrotóxicos é um procedimento complexo que requer a participação efetiva de todos os agentes envolvidos da fabricação, comercialização, utilização, licenciamento, fiscalização e monitoramento das atividades relacionadas com manuseio, transporte, armazenamento e processamento dessas embalagens. 5 Considerando a grande diversificação de embalagens e de formulações de agrotóxicos com características físicas e composições químicas diversas e as exigências estabelecidas por leis e decretos, este trabalho foi elaborado com o intuito de esclarecer os procedimentos mínimos e necessários à destinação final segura das embalagens vazias de agrotóxicos, tendose a preocupação de que os eventuais riscos decorrentes de sua manipulação sejam minimizados a níveis compatíveis com a proteção da saúde humana e do meio ambiente. Nos primeiros oito meses de 2007, no Rio Grande do Sul o inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) atingiu a marca de 1.172,254 kg de embalagens retiradas do meio ambiente, um crescimento de 7,6 % em comparação ao mesmo período de 2006. A evolução está associada ao aumento de postos de recebimento e ações de informação, conscientização e sensibilização das comunidades sobre a importância do manejo adequado e a preservação do meio ambiente para a garantia de uma melhor qualidade de vida. Esta pesquisa teve por objetivo verificar se os procedimentos para destinação final de embalagens vazias estava sendo feita de maneira correta pelos moradores das comunidades atendidas pela Escola, dentro das normas previstas pela legislação, visando a saúde dos agricultores e a não contaminação do meio ambiente. Para isso, foram realizadas 49 entrevistas com os moradores das comunidades alvo da pesquisa. A seguir, serão apresentados alguns resultados mais significativos. 13. Qual o destino que você dá às embalagens vazias? 40 35 30 25 20 15 10 5 0 38 6 0 A B 0 0 0 0 C D E F 0 G H Das 49 pessoas entrevistadas, 44 responderam esta pergunta e, destes, 6, que representam 12 % dos entrevistados, afirmam que costumam queimar as embalagens e 38 pessoas, representando 78 %, dizem que devolvem as embalagens às lojas onde compram ou a uma unidade de recebimento (recolhimento). Desta forma, pode-se perceber que a maioria das pessoas entrevistadas tem conhecimento sobre o correto destino das embalagens e preocupase com as questões ambientais e com os cuidados com a saúde. 6 A simplificação do meio, ocasionada pela substituição da vegetação natural pela agricultura, faz com que determinadas espécies não encontrem predadores naturais, causando surtos de pragas. O conjunto de práticas agrícolas que poderiam ser utilizadas para resolver este desequilíbrio, no entanto, foi, nos últimos anos, centralizado no extermínio dos insetos pela aplicação de agrotóxicos. Dentro deste contexto, verificou-se também, com a pesquisa, que grande parte dos entrevistados usa agrotóxicos, e estes, estão numa faixa etária de jovens/adultos, com baixo grau de instrução, sendo mais do sexo masculino e poucos do sexo feminino. Além disso, constatou-se que possuem pequenas propriedades e fazem uso de produtos químicos principalmente na cultura de uva e alho, produtos mais cultivados pelos agricultores das comunidades alvo da pesquisa, conforme demonstram os resultados apresentados a seguir. 6. Você usa agrotóxicos em sua propriedade? 33 35 30 25 20 15 10 11 5 5 0 Sim Não Às vezes Dos 49 entrevistados: 1 33 (67%) responderam que fazem uso dos agrotóxicos, sendo que as marcas mais usadas são: Dithane (18); Roundup (08); Gramoxone (03); Folpan (02); Glifosato (02); Captansc (01); e Fitofas (01). 1 05 (10%) dos entrevistados responderam não fazer uso de agrotóxicos, por não possuírem lavoura. 1 11 (23%) dos entrevistados responderam que às vezes usam algum tipo de agrotóxicos na lavoura. Dessa forma, percebe-se que a maioria dos entrevistados faz uso de agrotóxicos e do mais alto nível toxicológico. 7 3. Idade dos entrevistados 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 16 11 8 9 3 1 Menos de 20 anos De 21 a 30 De 31 a 40 De 41 a 50 anos anos anos De 51 a 60 anos Acima de 61 anos Das 49 pessoas entrevistadas, 48 responderam esta pergunta e, destes, 3 (6%) tem menos de 20 anos, 1 (2%) tem de 21 a 30 anos, 11 (23%) tem de 31 a 40 anos, 16 (33%) tem de 41 a 50 anos, 8 (16%) tem de 51 a 60 anos, 9 (18%) tem acima de 61 anos. Um dos entrevistados, do sexo masculino, não informou sua idade, representando (2 %). Constatou-se, portanto, que os entrevistados estão na faixa etária de jovens/adultos, com idades compreendidas entre 31 a 50 anos de idade. 4. Grau de escolaridade 40 35 30 25 20 15 10 5 0 35 8 2 A B 3 C D 0 1 E F Opções Dos 49 entrevistados, 8 (16%) tem ensino fundamental completo, 35 (72%) tem o ensino fundamental incompleto, 2 (4%) tem o ensino médio completo, 3 (6%) tem o ensino médio incompleto e 1 (2%) é analfabeto. Conclui-se, com estes dados, que a maioria dos entrevistados tem baixa escolaridade. 8 2. Sexo dos entrevistados 40 35 30 25 20 15 10 5 0 34 33 16 Masculino Feminino Opções Dos 49 entrevistados, 33 são do sexo masculino, representando 67% do total, e 16 são do sexo feminino, representando 33 %. Dessa forma, verificou-se que os homens são a maioria no trabalho nas lavouras e que fazem uso de produtos químicos (agrotóxicos). 5. Área da propriedade 35 32 30 25 20 15 10 10 5 3 5 0 Menos de 10 De 11 a 25 De 26 a 50 De 51 a 100 0 0 De 101 a 200 Acima de 201 Hectares Dos 49 entrevistados, 32 (65 %) tem menos de 10 hectares, 10 (21 %) tem de 11 a 25 hectares, 5 (10 %) tem 26 a 50 hectares e 2 (4 %) tem 51 a 100 hectares. Destes resultados, podemos concluir que 86 % dos entrevistados possuem propriedades consideradas pequenas e estas servem para o sustento de suas famílias. Lembrando: 1 ha equivale a 10.000 m². 9 8. Qual o tipo de lavoura que você mais usa agrotóxicos? 35 29 30 25 20 15 12 10 5 3 1 0 Hortaliças Fruticultura (uva) Grandes culturas (alho) Outras Dos 49 entrevistados, 33 utilizam agrotóxicos sempre e 11 utilizam às vezes em suas lavouras, totalizando 44 pessoas que fazem uso dessa prática, ficando assim distribuídos: 3 (6 %) fazem uso em hortaliças, 29 (59 % ) fazem uso na fruticultura e na cultura da uva, 12 (25 %) em grandes culturas (alho) e 1 (2 %) em outras lavouras como milho. Portanto, 92% dos agricultores das comunidades alvo da pesquisa fazem uso de agrotóxicos em suas lavouras sendo que a cultura da uva é a mais pulverizada com defensivos agrícolas. 4. Considerações finais O descarte final de embalagens vazias de agrotóxicos está sendo motivo de estudo por parte de muitos envolvidos com a saúde humana, animal, vegetal e do meio ambiente. Neste trabalho, procuramos mostrar aspectos da destinação final correta destas embalagens, visando a saúde dos agricultores e a preservação do meio ambiente. A preocupação dos alunos da sexta série, com esta pesquisa, foi verificar como estava ocorrendo a destinação das embalagens nas comunidades de seu convívio por ser um procedimento complexo, pois requer a participação de agricultores, vendedores, fabricantes, unidades de recolhimento e outros envolvidos. Verificou-se que o principal benefício do recolhimento de embalagens do meio ambiente é a retirada dos recipientes vazios da natureza, pois podem levar mais de uma centena de anos para se decompor, além da contaminação do meio ambiente. Com este trabalho, percebeu-se que as embalagens vazias dos agrotóxicos estão recebendo o destino final ambientalmente correto pelos agricultores das comunidades pesquisadas pelos alunos da escola. Constataram também que os mesmos respeitam as normas estabelecidas por leis e se preocupam com a preservação do meio ambiente e a saúde do ser humano, dos animais e vegetais que os cercam. 10 As comunidades envolvidas nesta pesquisa estão de parabéns pela preocupação em preservar a natureza e a saúde de seus moradores. Deve-se lançar mão desse belo exemplo para outras comunidades seguirem esses cuidados com o manuseio e destino das embalagens de agrotóxicos, bem como as gerações futuras. Os alunos realizaram esta pesquisa com muito entusiasmo e satisfação, sentindo-se úteis e preparados para informar, conscientizar e sensibilizar seus pais e amigos das comunidades em que vivem sobre as questões de conservação do meio ambiente e a garantia de uma melhor qualidade de vida a todos os moradores e até para as próximas gerações. Para melhor realizar esse trabalho de agentes, foi criada na escola a Patrulha Verde Mirim, cujos integrantes fiscalizam em suas comunidades os procedimentos corretos do destino das embalagens de agrotóxicos e na escola, das embalagens dos produtos de limpeza. Esta pesquisa serviu para que os alunos da sexta série tenham como cobrar de todos os envolvidos, consciência de fazer o descarte correto das embalagens de produtos químicos, para podermos preservar a vida humana, dos animais e do meio ambiente , protegendo nosso planeta para que ele não cobre nossas atitudes num futuro bem próximo. Referências Bibliográficas Agrotóxicos, Riscos e Prevenção – Manual de Treinamento, Ministério do Trabalho. FUNDACENTRO. São Paulo. 1991. LUNA, A J.“Agrotóxicos: Responsabilidade de Todos”(Uma abordagem da questão dentro do paradigma do desenvolvimento sustentável). Relatório de Pesquisa, Pernambuco – PE. 1999. INPEV. 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