QUÍMICA QUÂNTICA E ESPECTROSCOPIA Igor Khmelinskii, FCT, DQBF Modulo IV, ano lectivo 2007-2008 T4 Ligação química Cap. 10 Peter Atkins, Julio de Paula Physical Chemistry for Life Sciences Recursos (Web Links): http://www.oup.com/uk/orc/bin/9780199 280957/01student/weblinks/part3/ Teoria de ligação pela valência • • A ligação forma-se emparelhando o spin de um electrão numa orbital atómica de um átomo, com o spin de um electrão numa orbital atómica de um outro átomo. Precisamos de ver as f.d.o. dos dois electrões para perceber porquê se forma a ligação. 3 Curvas de energia potencial • Aproximação de Born-Oppenheimer: os núcleos podem ser considerados estacionários. 4 Moléculas diatómicas (1,2) A (1) B (2) (2,1) A (2) B (1) HH (1,2) A (1) B (2) A (2) B (1) • As ligações podem ser formadas apenas por electrões com spins emparelhados (p. de Pauli). • Em geral: AB (1,2) A (1) B (2) A (2) B (1) 5 Moléculas diatómicas • Ligações s • Repulsão internuclear: 2 Vnuc ,nuc Z AZ Be 4 0 R 6 Moléculas diatómicas • Orbitais p: – Ligações – Ligações s 7 Promoção e hibridação • Molécula H2O numa abordagem simples • Ângulo 90º entre as ligações H-O 8 Promoção e hibridação • Orbitais híbridas s p3 h1 s p x p y p z h2 s p x p y p z h3 s p x p y p z h4 s p x p y p z s p2 h1 s 2 p x 3 1 h2 s px py 2 2 3 1 h3 s px py 2 2 sp h1 s p z h2 s p z 9 Hibridação • sp3 • sp2 10 Ligação pela valência • H2O (104º): entre sp2 (120º) e pura p (90º) 11 Ligação pela valência • H2O (104º): entre sp2 (120º) e pura p (90º) 12 Exemplo • Descrever as ligações CO, CN e NH • Ângulos Ca1CN e CNCa2? 13 Ressonância • Contribuição da forma covalente e da forma iónica; • Teorema variacional: Energia correspondente a uma f.d.o. nunca fica inferior a uma energia correcta. N H (1,2) N (1) H (2) N (2) H (1) N H (1,2) N (1) N (2) - NH N H N H - covalente iónica 14 Híbrido de ressonância • Explica a estrutura planar do grupo peptídeo; • Resultam os valores de energia mais baixos. a 2 b 3 15 Teoria de orbitais moleculares • Orbital molecular – f.d.o. de 1 electrão, que se estende por toda a molécula. • O.m. – uma combinação linear das o.a. • Orbital ligante, 1s: cA A cB B átomosiguais : A B A B 16 Teoria de orbitais moleculares • Orbital antiligante, 1s*: A B • Simetria em relação a inversão: símbolos g e u 17 Exemplo: • Mostrar que a o.m. antiligante fica nula no plano que corta o eixo entre os núcleos a metade. 18 Princípio Aufbau para moléculas 1. Construir o.m. formando combinações lineares de todas as o.a. adequadas; N o.a. N o.m.; 2. Colocar os electrões de valência; princípio de Pauli; 3. Existindo mais que uma o.m. da mesma energia, distribuir os electrões pelas orbitais individuais antes de ocupar duplamente qq uma; 4. Regra de Hund: em orbitais degeneradas ficam com spins paralelos. 19 Digressão Simetria Molecular Cap. 12 Peter Atkins, Julio de Paula Physical Chemistry Recursos (Tabelas de Caracteres): http://www.oup.com/uk/orc/bin/978019870072 2/01student/tables/ Operações de simetria • Operação Cn – rotação de 360/n graus • Elemento (o que fica imóvel): eixo 21 Operações de simetria • Operação C2 – rotação de 180º • Operação C3 – rotação de 120º • Elemento: eixo 22 Operações de simetria • Operação E – identidade • Elemento: o objecto todo 23 Operações de simetria • Operação C6 • Elemento: eixo 24 Operações de simetria • Operação sv (reflexão) • Elemento: plano vertical 25 Operações de simetria • Operação sd (reflexão) • Elemento: plano dihedral 26 Operações de simetria • Operação i (inversão) • Elemento: ponto (centro de inversão) 27 Operações de simetria • Operação Sn (rotação imprópria), combinação de Cn e sh (reflexão de um plano horizontal) • Elemento: ponto 28 Operações de simetria • Operação Sn (rotação imprópria), combinação de Cn e sh (reflexão de um plano horizontal) • Elemento: ponto 29 Grupos de simetria • Cada Grupo tem um certo conjunto de operações/elementos de simetria • Para usar as propriedades de simetria • Temos que identificar todos as operações de simetria na molécula • E depois estabelecer o seu grupo de simetria 30 Classificação de moléculas 31 Exemplo 32 Exemplo 33 Grupos pontuais 34 Grupos pontuais 35 Exemplo 36 Classificação de moléculas 37 Exemplo 38 Exemplo 39 Exemplo 40 Exemplo 41 Exemplo 42 Exemplo 43 T5 Exemplo S6 44 Exemplo 45 Exemplo 46 Exemplo 47 Exemplo 48 Fim da digressão …… 49 Fim da digressão … 50 Fim da digressão 51 Princípio Aufbau para moléculas 1. 2. 3. 4. Construir o.m. formando combinações lineares de todas as o.a. adequadas; N o.a. N o.m.; Colocar os electrões de valência; princípio de Pauli; Existindo mais que uma o.m. da mesma energia, distribuir os electrões pelas orbitais individuais antes de ocupar duplamente qq uma; Regra de Hund: em orbitais degeneradas os electrões ficam com spins paralelos. P.: Quantas o.m. podem ser construídas a partir das orbitais de valência em O2? 52 Estrutura electrónica da molécula H2 • Configuração do estado fundamental: 1s2 53 Estrutura electrónica da molécula He2 • Configuração do estado fundamental: 1s2 1s*2 54 Estrutura electrónica de molécula O2 • Orbitais s, simetria: ligantes – g; antiligantes – u. • O diagrama é válido para O 2 e F2 . c1 A2s c2 B2s c3 A2 p c4 B2 p z z 55 Estrutura electrónica de molécula N2 • Orbitais , simetria: ligantes – u; antiligantes – g. • Diagrama válido para todas as moléculas diatómicas do 2º período, até N2 56 Formação das orbitais ligantes e antiligantes • Orbitais , simetria: ligantes – u; antiligantes – g. 57 Estrutura electrónica de moléculas do 2º período 58 Simetria e sobreposição • Sobreposição não nula • Sobreposição nula 59 Simetria e sobreposição Integral de Sobreposição, definição: S A B d • • Sobreposição S é pequena, S 0 S é grande (S < 1) 60 Simetria e sobreposição S A B d • S=0 61 Integral de sobreposição S A B d 2 R 1 R S 1 e R / a0 a0 3 a0 • Integral de sobreposição entre duas orbitais H1s, separadas de uma distância R 62 Critérios de selecção das o.a. para construirmos as o.m. 1. Usar todas as o.a. de valência dos ambos os átomos; 2. Classificar as o.a. pela simetria s ou , em relação ao eixo internuclear, e construir as o.m. s e a partir das o.a. de simetria adequada; 3. A partir de Ns o.a. de simetria s, podemos construir Ns orbitais s, desde fortemente ligantes ate fortemente antiligantes; 4. A partir de N o.a. de simetria , podemos construir N orbitais , desde fortemente ligantes ate fortemente antiligantes. 63 Ordem de energias • Modo geral, a energia da cada tipo das orbitais (s ou ) aumenta com o número de superfícies nodais. 64 Exemplo: avaliação da contribuição das orbitais d • Como podem as orbitais d contribuir para formação das ligações s e ? – Avaliar a simetria em relação ao eixo internuclear. • dz2 tem simetria cilíndrica em relação ao eixo, pode contribuir para orb. s; • dzx e dyz têm simetria em relação ao eixo, pode contribuir para orb. . 65 Exemplo: Simetria das orbitais d • Ligante (v. dezenho) –g • Antiligante – u 66 Estrutura electrónica de moléculas diatómicas homonucleares • Azoto N2: – 1s21s*2142s2 ou – 1sg21su21u42sg2 • Ordem da ligação: b = ½ (n – n*) • b=3 67 Exemplo: reactividade bioquímica de O2 e N2 • O2 1s21s*22s2141*2 ou 1sg21su22sg21u41g2 b = ½ (8 – 4) = 2 Regra de Hund: electrões em 1g desemparelhados Molécula O2 – biradical e uma espécie paramagnética • N2 – altamente estável, b = 3 68 Exemplo: actividade bioquímica de O2 • O2 pode ser reduzido a O2– 1s21s*22s2141*3 ou 1sg21su22sg21u41g3 b = ½ (8 – 5) = 1.5 2O2– + 2H+ H2O2 + O2 (dismutase) 2H2O2 2H2O + O2 (catalasa) • ERO: O2–, H2O2, OH são envolvidos nos processos de envelhecimento 69 Teste • Qual a espécie que deve ter uma maior energia de dissociação, F2 ou F2+? • F2: 1s21s*22s2141*4 b=1 • F2+: 1s21s*22s2141*3 b = 1,5 70 Moléculas diatómicas heteronucleares • Ligação polar • Electronegatividade 1 1/ 2 A B 0.102 E /(kJ mol ) Pauling: 1 E E (A B) E (A A) E (B B) 2 Mulliken: 1 I Eea 2 71 Electronegatividades (Pauling) 72 Exemplo • Polaridade da ligação C–H? δ CH δ 73 Ligações polares cA A cB B Ligantes: A B , cA cB 2 Antiligantes: A B , c A cB 2 2 2 74 Exemplo: ligação peptídica N–H cH H cN N Ligantes: N H , c N cH 2 Antiligantes: N H , c N cH 2 2 2 75 Exemplo: bioquímica de NO • Tem o seu papel na sinalização 1s21s*22s2141*1 • Estado fundamental: radical livre, com e- localizado em HOMO 1*, na maioria em N • É reactivo, tempo de vida 1-5 s NO. + O2 –. ONOO– • O ião peroxinitrito também é reactivo, reagindo com vários componentes da célula 76 Estrutura de moléculas poliatómicas: H2O c1 A c2 O c3 O c4 B s p 77 Estrutura de moléculas poliatómicas: fenilo c1 1 c2 2 c3 3 c4 4 c5 5 c6 6 M ,1 1 2 3 4 5 6 M , 6 1 2 3 4 5 6 (Não normalizadas) • Benzeno: • As ligações são deslocalizadas 78 Papel único do C em bioquímica • Electronegatividade intermédia – faz ligações covalentes com muitos elementos, H, N, O, S, C • Com 4 e.v., pode formar cadeias e anéis com ligações simples, duplas e triplas • As ligações devem ser suficientemente fortes para manter a estrutura, mas susceptíveis a dissociação e re-arranjo em reacções químicas • Comparando C-C com Si-Si e N-N, C-C são mais fortes (Si-Si: átomos maiores; N-N: pares isolados) • C-N e C-O são mais reactivos 79 Teoria do campo ligante • Iões dos metais de grupos d têm as subcamadas d incompletas; • Exemplo: complexos octaédricos • Dois grupos de orbitais d 80 Complexos de spin alto e de spin baixo Configuração: t2g1 (Ti3+) t2g2 (V3+) t2g3 (Cr3+) t2g3 eg1 ou t2g4 (Mn3+), em função de o – complexo de spin alto ou de spin baixo 81 Complexos de spin alto e de spin baixo de Fe(II) em hemoglobina • Deoxigenado – complexo de spin alto de Fe2+; ligando O2 passa ao complexo de spin baixo. Prever o número de electrões desemparelhados num e noutro. 82 Complexos de Fe(II) com hemoglobina Determinar a configuração electrónica; aplicar o princípio aufbau; • Fe: [Ar]3d64s2 • Assim Fe2+: [Ar]3d6 • Deoxigenado: o é pequeno; t2g4 eg2 ; 4 electrões desemparelhados 83 Complexos de Fe(II) com hemoglobina • Fe: [Ar]3d64s2 • Fe2+: [Ar]3d6 • Oxigenado: o é grande; t2g6; não há electrões desemparelhados 84 T6 Teoria de OM p/complexos • A partir das o.a. o.m. • Duas das o.m. dos ligantes (eg) têm uma sobreposição não nula com as orb. eg do metal • As restantes o.m. são não ligantes • Hibridação sp3d2 85 Teoria de OM aplicada a complexos • • • • Cada ligante – 2 eMetal – n eTotal (12+n) eAqui também temos que distribuir n e- por 5 orb. d, separadas em 2 grupos, eg* e t2g não ligante • Diferença com a teoria de campo ligante: fonte da o • Formam-se complexos de spin alto e spin baixo 86 O papel das ligações nos complexos • Existe sobreposição das orb. p dos ligantes com t2g do metal. • Quando e t2g têm energias semelhantes (a), interagem; com 3 e- na totalidade entra 1 na combinação antiligante, e o efectivamente diminui 87 O papel das ligações nos complexos • Quando * e t2g têm energias semelhantes (b), interagem • Se * está vazia, então o electrão em t2g ocupa uma combinação ligante, e o efectivamente aumenta 88 Exemplo: aplicação à hemoglobina • O heme liga o O2 se tem Fe(II) • Ligação s entre orbital vazia eg do Fe(II) t2g6, e uma orbital s do O2; e uma ligação entre as orbitais completas t2g do Fe(II) e meias-completas * do O 2. • O Fe (II) diminui em tamanho e aproxima-se ao plano do heme • Altera-se a estrutura do Hb, constituída por 4 unidades tipo Mb, facilitando a ligação de O2 pelas restantes unidades high spin low spin 89 Bioquímica computacional • Métodos semi-empíricos • Métodos ab initio • Ambos usam o algoritmo SCF – campo auto-consistente 90 Métodos semi-empíricos • Usam valores experimentais para determinar um conjuntos de parâmetros mais adequados • Eq. de Schrödinger, calculam-se os coeficientes na representação LCAO (combinação linear das o.a.); H – várias contribuições para energia, S – integrais de sobreposição ( H AA ESAA )c A ( H AB ESAB )cB ... 0 ( H BA ESBA )c A ( H BB ESBB )cB ... 0 ...etc. 91 Método de Hückel • SJK = 0 se J K; SJJ = 1 • HJK = 0 se J K; HJJ = a; vizinhos: HJK = b 92 Usando o método de Hückel • CH2=CH2, calcular as energias e as f.d.o. das orbitais e * cA A cB B • Formar combinações das orbitais p dos dois átomos • Escrever e resolver o sistema de equações ( H AA ES AA )c A ( H AB ES AB )cB 0 ( H BA ESBA )c A ( H BB ESBB )cB 0 Hückel: (a E )c A bcB 0 bc A (a E )cB 0 93 Usando o método de Hückel • Resolução b 2 (a E ) 2 E a b E a b cB c A c A ( A B ) E a b cB c A c A ( A B ) 94 Exemplo: butadieno • Apresentar o sistema de equações de Hückel para o sistema de butadieno (a E )c A b cB 0 bc A (a E )cB bcC 0 bcB (a E )cC bcD 0 bcC (a E )cD 0 subst. (a E ) / b x xcA cB 0 c A xcB cC 0 cB xcC cD 0 cC xcD 0 95 Métodos mais avançados • EHT – sistemas hetero-atómicos não planares – HJJ depende do tipo do átomo; – S são calculados – HJK fica proporcional a SJK • CNDO – Melhora os cálculos do HJK • INDO, MNDO, AM1, etc. 96 Métodos ab initio e DFT • Não usam os dados experimentais para avaliar os parâmetros • Resolvam a eq. de Schrödinger numericamente • Para simplificar os cálculos: as f.d.o. exponenciais substituem-se por uma soma de Gaussianos (GTO) tipo e-r^2 • DFT: foca-se em densidade electrónica r em vez da f.d.o. eq. de Kohn-Sham, resolve-se iterativamente e auto-consistentemente 97 Resultados gráficos • Funções de onda: C6H6 98 Resultados gráficos • Superfícies de isodensidade • Superfície acessível ao solvente 99 Resultados gráficos • Superfícies de potencial constante 100 Previsão de propriedades moleculares • Numa abordagem de entalpias de ligação, os dois isómeros de metilciclohexano devem tem a mesma entalpia da formação • Hcalc. = 5,9 …7,9 kJ/mol • Hexp. = 7,5 kJ/mol 101 Entalpia de formação • Sem moléculas de solvente: Hf na fase gasosa. • Podemos acrescentar moléculas do solvente (ex.: Glycina) • Na fase gasosa: neutro; sol. aquosas: zwitteriónico. 102 Potenciais padrão • Baixando a energia da LUMO aumenta a capacidade de captar os electrões na LUMO, aumentando o potencial padrão • Tb. em quinonas e flavinas: subsituição dos -H por -CH3 resulta no aumento de energia da LUMO e na redução do potencial padrão de formação 103 Transições no espectro electrónico • Transição de c.d.o. maior – entre HOMO e LUMO. • Ab initio: C2H4, C4H6, C6H8, C8H10 • Extrapolando, podemos esperar absorção no visível para cadeias suficientemente compridas 104 Transições no espectro electrónico • Extrapolando: devem absorver a luz visível as cadeias suficientemente compridas • ca. 450 nm – útil em fotossíntese 105