UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA DESFECHOS CLÍNICOS E MORTALIDADE DE SUJEITOS SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA NO RIO GRANDE DO NORTE VALESKA FERNANDES DE SOUZA Natal 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA DESFECHOS CLÍNICOS E MORTALIDADE DE SUJEITOS SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA NO RIO GRANDE DO NORTE VALESKA FERNANDES DE SOUZA Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Programa de pós-graduação em Fisioterapia, para a obtenção do título de Mestre em Fisioterapia. Orientadora: Profa. Dra. Gardênia M. de Holanda Natal 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia: Prof. Dr. Jamilson Simões Brasileiro iii UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA DESFECHOS CLÍNICOS E MORTALIDADE DE SUJEITOS SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA NO RIO GRANDE DO NORTE BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Gardênia Maria de Holanda - Presidente - UFRN Profa. Dra. Vanessa Regiane Resqueti - UFRN Profa. Dra. Karla Luciana Magnani - FACISA/RN Aprovada em ___/___/___ iv Dedicatória A minha mãe, Fátima e minha irmã, Sarah, por terem me ensinado a sonhar. A Lívia, o meu amor sem talvez. V Agradecimentos E um anjo desceu onde eles estavam e a glória do Senhor brilhou ao redor deles. Lucas, 2,9 A Deus, por todos os momentos de conquista e por ter colocado estas pessoas em minha vida. A minha mãe, Fátima e minha irmã Sarah, por todo o amor, carinho e por sempre acreditar que sou capaz de tudo. Minha amada filha, por sua inocente compreensão e imenso amor em todos os momentos. Profa. Gardênia Holanda, por toda a colaboração e carinho. Prof. Ricardo Guerra, obrigada por tudo! Ter a honra do seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Profa. e amiga Selma Bruno, por sua amizade e contribuição na minha vida pessoal e profissional. Profa. Vanessa Resqueti, por toda atenção e pelas contribuições metodológicas e científicas. Angelo Augusto, obrigada por ser meu amigo, por está comigo em todos os momentos, incondicionalmente. Sei que sempre terei você ao meu lado. A minha amiga Cledna, por acreditar e nunca, nem nos momentos mais difíceis, me deixar desistir. A toda a minha família e aos amigos, pelo incentivo, pelas palavras de carinho. Muito obrigada a todos! Serei sempre grata! vi Sumário Dedicatória.................................................................................................... v Agradecimentos........................................................................................... vi Lista de siglas e abreviações..................................................................... Ix Lista de Figuras............................................................................................ x Resumo......................................................................................................... xi Abstract......................................................................................................... xii 1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 13 1.1 Obesidade e Epidemiologia..................................................................... 14 1.2 Antropometria........................................................................................... 14 1.3 Obesidade e Comorbidades.................................................................... 15 1.3.1 Hipertensão Arterial Sistêmica.............................................................. 16 1.3.2 Diabetes e resistência à insulina.......................................................... 17 1.3.3 Doença cardiovascular......................................................................... 18 1.3.4 Doenças relacionadas ao sono............................................................. 18 1.4 Tratamento da obesidade........................................................................ 19 1.4.1 Mortalidade e os desfechos clínicos cirurgia bariátrica........................ 22 2. OBJETIVOS............................................................................................... 22 3. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................... 25 3.1 Caracterização do estudo........................................................................ 25 3.2 Local de realização.................................................................................. 25 3.3 Caraterização da amostra........................................................................ 26 3.4 Preceitos éticos........................................................................................ 26 3.5 Instrumentos e procedimentos de coleta de dados................................. 26 3.5.1 Medidas de Avaliação........................................................................... 26 3.5.1.1 Avaliação Clínica e de comorbidades................................................ 27 3.5.1.2 Avaliação Antropométrica de adiposidade......................................... 27 3.6. Análise Estatística................................................................................... 29 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 30 o Artigo: Perfil epidemiológico dos sujeitos submetidos à cirurgia bariátrica por videolaparoscopia no Rio Grande do Norte - Brasil: Análise dos desfechos clínicos e mortalidade.................................... 31 5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................... 55 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 57 ANEXOS E APÊNDICES............................................................................... 63 Viii Lista de Siglas e Abreviações CB: Cirurgia Bariátrica CD: Cirurgia Disabsortiva CM: Cirurgia mista CP: Circunferência do pescoço CR: Cirurgia restritiva DGYR: Derivação gástrica em Y de Roux IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IMC: Índice de massa corporal HAS: Hipertensão arterial sistêmica OMS: Organização mundial de saúde PA: Pressão arterial RCQ: Relação Cintura-quadril RI: Resistência à insulina SAHOS: Síndrome da apnéia-hipopnéia obstrutiva do sono SAOS: Síndrome da apnéia obstrutiva do sono SDE: Sonolência diurna excessiva TEP: Trombo embolismo pulmonar ix Lista de Figuras Figura 1. Medida de Peso e altura....................................................... 28 Figura 2. Circunferência de cintura...................................................... 29 Figura 3. Circunferência do quadril...................................................... 29 x Resumo Introdução: A obesidade constitui hoje, um problema de saúde pública em todo o mundo. A cirurgia bariátrica tem sido um eficiente método de redução de peso corporal em obesidade grave, reduzindo seus efeitos associados e por apresentar baixos níveis de complicações pós-operatórias imediatas e tardias. No Brasil a utilização da cirurgia bariátrica é uma alternativa terapêutica recente. Por tratar-se de um país com dimensões continentais, e com uma enorme diversidade socioeconômica e cultural, torna-se imprescindível conhecer a realidade de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em regiões brasileiras menos favorecidas economicamente. Objetivos: Avaliar o perfil epidemiológico, desfechos clínicos e mortalidade de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica videolaparoscópica através do sistema público de saúde brasileiro no Estado do Rio Grande do Norte (UFRN)-Brasil. Metodologia: Estudo observacional descritivo de caráter prospectivo, desenvolvido no período de Fevereiro de 2009 a Fevereiro de 2011, no Ambulatório de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Onofre Lopes da UFRN. Foram feitas avaliações antropométricas de obesidade, registro de comorbidades e óbitos no pós-operatório. Resultados: Setenta pacientes (54 mulheres e 16 homens) de baixo poder aquisitivo com idade entre 22 a 63 anos fizeram parte do estudo. Foram registradas a morte de três pacientes no período do estudo. Os resultados apontam diminuição significativa dos parâmetros antropométricos, principalmente em relação ao peso corporal, circunferência de cintura e quadril em ambos os sexos. Apenas a medida de Relação Cintura/Quadril não apresentou diferença após intervenção nos pacientes do sexo masculino. Houve uma expressiva resolução das comorbidades avaliadas. Não observamos diferenças significativas ao relato de sonolência matutina na amostra em geral, e ao ronco nos pacientes do sexo masculino. Conclusão: Nossos achados atestam a cirurgia bariátrica videolaparoscópica como método eficiente de redução de peso e de comorbidades em pacientes obesos mórbidos. Palavras-chaves: Cirurgia bariátrica, mortalidade, morbidade, obesidade mórbida xi Abstract Introduction: Actually the obesity is a public health problem throughout the world. Bariatric surgery has been an efficient method of weight reduction body in severe obesity, reducing its associated effects and presenting low levels of immediate and late postoperative complications. In Brazil, bariatric surgery asa recent therapeutic that has been growing recently. Being Brazil a country with continental dimensions and with a huge diversity socioeconomic and cultural, it is essential to understand the reality of patients undergoing bariatric surgery in less economically privileged regions of Brazil. Objectives: To evaluate the epidemiological, clinical outcomes and mortality of patients undergoing videolaparoscopic bariatric surgery through the public health system in the Brazilian state of Rio Grande do NorteBrazil. Methods: Observational descriptive study of a prospective, carried out from February 2009 to February 2011, the Clinic Obesity and Bariatric Surgery at Universitary Hospital Onofre Lopes - Federal University of Rio Grande do Norte (HUOL-UFRN). Anthropometric measures, comorbidity and deaths register were made in the postoperative period. Results: Seventy patients (54 women) with low income aged 22 to 63 years completed the study. We recorded the death of three patients during the study period. The results show significant decrease anthropometric parameters, especially in relation to body weight, waist circumference and hipin both sexes. Only Waist / Hip ratio showed no difference after intervention in male patients It had a resolution of comorbidities. No significant differences in reports of daily sleepiness and the snoring male patients. Conclusion: Our findings attest laparoscopic bariatric surgery as an effective method reducing weight and comorbidities in morbidly obese patients. Key words: Bariatric surgery, mortality, morbidity, morbid obesity xii 1. INTRODUÇÃO 1.1 Obesidade e epidemiologia A obesidade é definida como uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo anormal e excessivo de gordura corporal que pode prejudicar a saúde1. Fatores sociais, comportamentais, ambientais, culturais, psicológicos, metabólicos e genéticos configuram como potenciais fatores de risco para o desenvolvimento de desequilíbrio energético e consequente ganho excessivo de peso1-5. Por apresentar repercussões multisistêmicas, a obesidade está associada com inúmeras complicações que se relacionam diretamente às comorbidades levando a problemas físicos e psicológicos2. Os adultos obesos são considerados mais expostos a riscos para o desenvolvimento de comorbidades, associando-se a maior mortalidade secundária ao aumento da resistência a insulina, diabetes tipo II, hipertensão e dislipidemias3. Um aumento de apenas 20% do peso corporal eleva significativamente o risco de desenvolver, doença coronariana, doenças articulares, apneia obstrutiva do sono, câncer, depressão, dentre outras4. Essa relação é especialmente verdadeira para diabetes tipo II, que está associada mais diretamente com o aumento do peso corporal. Para esta doença, um aumento de 1 kg de peso no indivíduo adulto aumenta o risco de diabetes em 4,5% 5,6. Sendo a obesidade um fator determinante para o surgimento de diversas patologias, vários estudos tem mostrado também uma associação positiva entre o grau de obesidade e mortalidade 2,6-10 . A taxa de mortalidade para obesos mórbidos é 12 vezes maior, entre homens com 25 a 40 anos, quando comparada a indivíduos de peso adequado para sua estatura2. A obesidade constitui hoje, um problema de saúde pública que segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, cerca de 700 milhões de pessoas no mundo será obesa1. Recente estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2009, mostra através de medidas antropométricas de 188 mil pessoas, o estado nutricional da população brasileira. O excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande frequência, a partir dos cinco anos de idade, em todos os grupos estudados, independente de renda e em todas as regiões brasileiras. O estudo mostra também que o número de pessoas com excesso de peso aumentou em mais de um ponto percentual ao ano, magnitude idêntica à encontrada na população dos Estados Unidos da América, país tradicionalmente conhecido por índices elevados de obesidade em sua população 12 . No Brasil, cerca de 40% da população está acima do peso, sendo que 10% são obesos e 28,5% apresentam sobrepeso13. A prevalência de obesidade aumentou de 7,8% para 12,7% nas mulheres e de 2,2% para 8,8% nos homens nas últimas décadas14,15. Tais condições representam cerca de 8% do total de gastos em saúde publica no Brasil. Além disso, existem custos indiretos quando considerados o afastamento e faltas ao trabalho e aposentadoria precoce12. Dados como estes apontam para a necessidade de políticas e investimento público para o controle da obesidade. 1.2 Antropometria Para que o indivíduo seja considerado obeso são utilizadas medidas de avaliação clinica e antropométricas como peso, altura, índice de massa corporal (IMC), circunferência de cintura (CC), circunferência do quadril (CQ), relação cintura-quadril (RCQ) e também a circunferência do pescoço (CP)16. Atualmente, a classificação da obesidade segue os critérios da OMS, que leva em consideração o IMC, calculado a partir da medida do peso corporal dividido pelo quadrado da estatura (kg/m2)1. Considera-se um IMC de até 25 como normopeso, entre 25-30 sobrepeso, entre 30-35 obesidade grau I, 35-40 obesidade grau II e acima de 40 de IMC como obesidade grau III ou “obesidade mórbida”1. A obesidade grau III está associada com a redução da expectativa de vida com mortalidade prematura e maior probabilidade de fracasso no tratamento conservador17. Apesar de seu amplo uso na prática clínica e científica, essa forma de avaliação, não leva em consideração a distribuição de gordura corporal que difere entre os gêneros. É sabido que os sujeitos do gênero masculino apresentam, predominantemente, acúmulo de adiposidade em torno da região tóraco-abdominal, classificada como androide ou adiposidade abdominal. Nas mulheres a distribuição da adiposidade pode ser caracterizada como padrão ginecoide ou adiposidade periférica. A adiposidade central ou abdominal correlaciona-se com as doenças cardiovasculares, intolerância à glicose, alteração do perfil lipídico, hipertensão arterial e mortalidade enquanto que a adiposidade inferior relaciona-se principalmente com complicações vasculares periféricas e problemas ortopédicos18,19. Essa discrepância pode ser atribuída ao fato de que o tecido adiposo visceral é metabolicamente mais ativo do que o tecido adiposo subcutâneo, apresentando uma alta taxa de renovação, causando maior produção de glicose, diabetes, hiperinsulinismo. Acredita-se que o aumento na secreção de insulina esteja relacionado com o aumento na reabsorção de sódio resultando ou agravando a hipertensão arterial desses indivíduos20. A medida da CP em obesos tem mostrado associação com distúrbios respiratórios relacionados ao sono, como síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), sonolência diurna excessiva, síndrome da hipoventilação do obeso (SHO), dificuldade de concentração, irritabilidade, trazendo prejuizo acentuado ao convívio social e ocupacional 21,22. 1.3 Obesidade e Comorbidades A obesidade provoca o aumento do tamanho ou produção de células adiposas hipertróficas que estão geralmente associadas às complicações clínicas como diabetes mellitus tipo II, colelitíase, hipertensão arterial, coronariopatias, acidente vascular encefálico, hiperlipidemia, esteatose hepática, apneia do sono, osteoartrites articulares, gota, alguns tipos de cancer (pulmão, endométrio e cólon), hipercolesterolinemia, complicações gestacionais, irregularidade menstrual, hirsutismo, incontinência urinária, aumento do risco em intervenções cirúrgicas e desordens psicológicas como, por exemplo, a ingestão alimentar compulsiva e a depressão23,24. A obesidade estaria relacionada a um estado inflamatório crônico de grau leve do tecido adiposo, um órgão endócrino, liberando numerosas citocinas (adipocinas), incluindo moléculas pró-inflamatórias como fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e interleucina-6 (IL-6), onde esses marcadores inflamatório estariam elevados na presença de comorbidades. Estas adipocinas parecem ter um impacto na homeostase da glicose, biologia vascular, desenvolvimento do tumor e metabolismo de lipoproteínas, sobre o processo inflamatório e nas doença relacionadas a obesidade25,26. Homens com 20% acima do peso desejável têm 20% a mais de chance de morrer por todas as causas; possuem o risco duas vezes maior de falecer por diabetes; têm 40% a mais de chance de desenvolver disfunções na vesícula biliar e 25% a mais de doenças coronarianas. Em homens com 40% acima do peso desejável, a mortalidade por todas as causas é 55% maior, apresentam 70% a mais de chance de desenvolver doenças coronarianas, e o risco de morte por diabetes é quatro vezes maior quando comparado com pessoas com o peso normal27. 1.3.1 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) Das doenças relacionadas à obesidade a hipertensão arterial é a mais comum das comorbidades. Hipertensão arterial e IMC elevado estão fortemente associados em pessoas com idade inferior a 55 anos, sendo sua prevalecia seis vezes maior em obesos do que em não obesos 23. Na vida adulta, mesmo entre indivíduos fisicamente ativos, o incremento de 2,4 kg/m 2 no índice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de desenvolver hipertensão 28. A HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. Considera-se HAS para níveis tensionais de PA sistólica ≥ 140 mmHg e∕ou de PA diastólica ≥ 90 mmHg em medidas de consultório. O diagnóstico deverá ser sempre validado por medidas repetidas, em condições ideais, em, pelo menos, três ocasiões 29 . . 1.3.2 Diabetes e Resistencia a Insulina No desenvolvimento de diabetes, o tecido adiposo atua aumentando a demanda por insulina, em pacientes obesos, criando resistência a esta, o que ocasiona aumento na glicemia e consequente hiperinsulinemia. Contudo, a sensibilidade do tecido adiposo à insulina pode permanecer alta, o que sugere que a lipogênese possa estar favorecida. Em alguns casos, essa resistência pode ser atribuída à diminuição na concentração de receptores de insulina, ou em falha no mecanismo de trânsito celular27,30. A maioria dos portadores de diabetes apresenta excesso de peso ou deposição central de gordura. Em geral, mostram evidências de resistência à ação da insulina e o defeito na secreção de insulina manifesta-se pela incapacidade de compensar essa resistência31. A síndrome de resistência à insulina foi proposta pela primeira vez por Reaven32 com a denominação de síndrome X, a fim de enfatizar a importância da resistência à insulina (RI) e hiperinsulinemia compensatória na morbidade cardiovascular. A RI tem sido fortemente associada ao desenvolvimento do diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial, doença cardiovascular e câncer, como também à perda de funcionalidade, declínio cognitivo e transtornos psiquicos33. A resistência à insulina tem ganhado dimensão como um dos principais desafios da prática clínica nesse início de século, pois sua concomitância com afecções cardiovasculares aumenta a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em aproximadamente 2,5 vezes34. 1.3.3 Doenças Cardiovasculares As doenças cardiovasculares (DCV) representam a maior causa de morbidade e mortalidade no Brasil. Em 2005, ocorreram 283.927 óbitos por DCV, correspondendo a 28,2% da mortalidade geral do país35. Alguns índices antropométricos têm sido propostos para determinar a associação entre excesso de peso e fatores de risco para a doença cardiovascular (DCV), dentre elas a medida da circunferência de cintura 36. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia a medida da circunferência de cintura maior que 88 cm para as mulheres e 102 cm para os homens poderia está relacionada à maior risco de DCV29. 1.3.4. Doenças Relacionadas ao Sono Existe uma relação entre os disturbios do sono, duração do sono e inatividade fisica com a obesidade, principalmente a obesidade abdominal, como relatada por Fogelhom et al, em 200737. Em relação à duração do sono, foi demonstrado recentemente que um sono de curta duração está relacionado diretamente com o IMC, principalmente nos obesos com adiposidade central. Esses achados apoiam a hipotese de um ciclo vicioso entre a obesidade e os disturbios relacionados ao sono38. Um recente estudo de Lyytikäinen e colaboradores, 2011, mostraram que as dificuldades para iniciar e manter o sono foram associados com o ganho de peso maior entre as mulheres. Além disso, uma associação dose resposta foi encontrada, ou seja, o risco de ganho de peso foi maior entre aqueles com frequentes problemas relacionados ao sono do que entre aqueles com problemas de sono ocasionais39. 1.4. Tratamento da Obesidade A resolução da obesidade segue a observância de sua gravidade clínica e engloba medidas de prevenção a intervenções diretamente invasivas, mudança dos hábitos de vida e tratamento medicamentoso. Entre essas ações propostas, destacam-se as educativas com inclusão de mudança de hábito alimentar, prática de atividade física, e mais recentemente o tratamento cirúrgico29,40,41. Entretanto, essa abordagem terapêutica geralmente não atinge 5 a 10% de redução de peso corporal e a reincidência, após a perda de peso, é superior a 90% num período de 5 anos42 . O tratamento cirúrgico da obesidade ou cirurgia bariátrica (CB) é caracterizado pela redução do tamanho do estômago e/ou intestino e pode ser classificada em três grupos: cirurgia disabsortiva (CD), onde é promovido um by-pass do início do intestino até um metro e meio do intestino, causando um desvio do trânsito intestinal reduzindo a absorção dos nutrientes, cirurgias restritivas (CR), quando o estômago é dividido em duas partes por grampeamento resultando em uma ingestão limitada de alimentos e a considerada cirurgia mistas (CM) que tem um componente de restrição e um componente de má absorção alimentar, como a técnica cirúrgica by-pass gástrico em Y-Roux (DGYR)43. A CB tem sido um eficiente método de redução de peso corporal em obesidade grave, considerado um procedimento seguro, com baixa taxa de mortalidade operatória (0,1 a 0,5%)43, proporcionando ao paciente redução nos níveis de mortalidade e melhora de comorbidades clínicas relacionadas à obesidade e também mostrou ser mais efetiva do que dieta alimentar, quando considerada a manutenção sustentada de perda de peso8,9. Essa alternativa terapêutica para tratamento da obesidade somente deve ser considerada quando o tratamento conservador não obteve sucesso. Segundo a portaria Nº 390-06 de Julho de 2005 do Ministério da Saúde, a indicação da cirurgia deve obedecer a critérios de IMC > 40kg/m2 ou > 35kg/m2 associado a comorbidades para pacientes adultos entre 18 e 65 anos. Pacientes com idade superior são mais susceptíveis a complicações no pósoperatório e morte pelo procedimento46. A principal finalidade da cirurgia bariátrica é diminuir o percentual de peso corpóreo e a magnitude dos fatores de risco como hipertensão arterial e diabetes, postergando eventos cardiovasculares graves e, reduzindo a morbidade resultante do comprometimento de articulações e outras estruturas de sustentação. O objetivo da atenção ao indivíduo portador de obesidade mórbida inclui a garantia da melhor qualidade de vida possível, considerando aspectos psíquicos e sociais47. 1.4.1. Mortalidade e os desfechos clínicos após cirurgia bariátrica. Mundialmente, a cirurgia para tratamento da obesidade é um procedimento relativamente recente, estendendo-se por pouco mais de cinquenta anos de duração. No Brasil esse procedimento foi aprovado pelo Ministério da Saúde (MS) pela portaria 628/GM em abril de 200145. Nas últimas décadas, a cirurgia bariátrica tem se mostrado como uma estratégia eficaz para redução da obesidade e suas comorbidades, no entanto sua eficácia na redução da mortalidade e seus resultados em longo prazo têm sido pouco estudados. O tempo relativamente curto entre o surgimento das cirurgias e o tempo necessário para o eficaz desaparecimento destes desfechos, têm sido até então as maiores causas desta ausência. Um dos estudos pioneiros foi realizado em 1999, na Suécia, onde 845 obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica foram acompanhados por dois anos divididos em dois grupos. O primeiro grupo foi tratado cirurgicamente e o segundo recebeu tratamento convencional. No grupo1 houve uma maior perda de peso corporal e uma redução significativamente maior dos níveis de hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia comparados ao grupo controle47. Em outro estudo retrospectivo, realizado no período de 1984-2002, em 9.949 indivíduos submetidos à cirurgia de by-pass gástrico, para tratamento da obesidade mórbida foi observado que a mortalidade reduziu significativamente em longo prazo, especialmente com respeito à diabetes, cardiopatias e câncer. Contudo o estudo observou que a mortalidade por outras causas não relacionadas à doença foi maior no grupo cirúrgico do que no grupo controle, com significância estatística para causas psiquiátricas (suicídio) e acidentes49. Resultados semelhantes foram encontrados em outros estudos em relação à resolução de comorbidades relacionadas à perda de peso induzida pelo procedimento cirúrgico e diminuição da mortalidade global 50-52. Entretanto, ainda se faz necessário o acompanhamento em longo prazo para que se comprove a manutenção dos benefícios esperados após a cirurgia bariátrica. No Brasil, ainda não existem estudos que avaliem a mortalidade e os desfechos clínicos a médio e longo prazo da cirurgia bariátrica. Em 2005, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 2.266 cirurgias bariátricas a um custo total de R$ 7.415.147,09 e doze óbitos. Em 2006, 2.023 cirurgias bariátricas foram realizadas a um custo total de R$ 6.427.823,48 e quinze óbitos53. No Estado do Rio Grande do Norte, na cidade de Natal, já foram realizadas no período de 2005 a 2009 um total de 116 cirurgias bariátricas através do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo na sua totalidade de cirurgias utilizando a técnica cirúrgica by-pass gástrico em Y-Roux por videolaparoscopia. O Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL, pertencente à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), centro de referência para realizar cirurgias bariátricas, conta com uma equipe multiprofissional de assistência pré e pós-operatória aos pacientes obesos composta por: cirurgiões do aparelho digestivo, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, assistente social e enfermeiros, além de uma estrutura hospitalar para a realização de tais procedimentos. Porém, semelhante às demais região do país, nosso estado carece de estudos que apontem os desfechos clínicos que estas cirurgias propiciam. Parte desta carência retrata-se no pouco tempo de cirurgias, mas outros aspectos também são responsabilizados, tais como o pouco envolvimento com pesquisa nesta área. Desta forma não se estima qual o grau de resolutividade em termos de redução de peso corporal, tão pouco a diminuição das comorbidades e mortalidade, o que difere de países que estão à frente cientificamente nesta área. Mediante o exposto, o presente estudo se propõe a avaliar o impacto da perda de peso corporal, induzida cirurgicamente, na mortalidade, na resolução das comorbidades relacionadas com obesidade severa no Rio Grande do Norte. 2. OBJETIVOS 2. OBJETIVOS 2.1 GERAL: Estabelecer o perfil epidemiológico, considerando os desfechos clínicos, comorbidades e mortalidade dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no Estado do Rio Grande do Norte através do SUS. 2.2 ESPECÍFICOS: Quantificar e analisar as complicações cirúrgicas, nutricionais e distúrbios relacionados ao sono dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Analisar a taxa de mortalidade em médio prazo da cirurgia bariátrica. Analisar o percentual da perda de peso corporal no pós-operatório. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Caracterização do estudo A presente pesquisa caracteriza-se como sendo um estudo observacional descritivo. 3.2 Local de realização O estudo foi desenvolvido no período de Fevereiro de 2009 a Fevereiro de 2011, no Ambulatório de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HUOL-UFRN) e no Laboratório de Epidemiologia do Departamento de Fisioterapia da UFRN. 3.3 Caracterização da amostra Foram convidados a participar do estudo, 116 pacientes que receberam atendimento no Ambulatório de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do HUOL, diagnosticado com obesidade e que realizaram cirurgia bariátrica, no período de janeiro de 2005 até dezembro de 2009, através do Sistema Único de Saúde. Os pacientes foram selecionados após um levantamento de dados cadastrais nos prontuários e no sistema de cadastramento dos pacientes para inclusão no programa de tratamento e preparo para realização da cirurgia deste hospital. Após uma visita ambulatorial, foram incluídos pacientes de ambos os sexos, com valores de IMC maior ou igual a 40 kg/m2 ou IMC maior ou igual a 35 kg/m2 associado à comorbidades tratados cirurgicamente. No entanto, foram excluídos do estudo aqueles pacientes que realizaram cirurgia para tratamento de síndrome metabólica ou aqueles que após três convites, não compareceram a avaliação de pós-operatório, não foi localizado por mudança de endereço ou telefone e também aqueles que solicitassem a saída do estudo. 3.4 Preceitos Éticos O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob Nº 148/07 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os pacientes deram seu consentimento por escrito. O termo de consentimento é apresentado no apêndice 1. Os participantes da pesquisa receberam esclarecimentos sobre o estudo, foram assegurados quanto à confidencialidade dos dados e da identidade dos participantes, assim como informado sobre o seu direito de se retirar em qualquer momento da pesquisa sem nenhum ônus pessoal. 3.5 Instrumentos e procedimentos de coleta de dados As variáveis de interesse foram coletadas no prontuário de registros que fazem parte do cadastramento, avaliação multiprofissional e inclusão no grupo pré-oparatório para realização de cirurgia bariátrica e que realizaram a cirurgia, no período de 2005 a 2009, no Hospital Universitário Onofre Lopes, Natal/RN. Foi elaborado um banco de dados cujas informações permitiram a elaboração do perfil antropométrico (peso, altura, IMC, grau de obesidade, RCQ), de comorbidades (HAS, diabetes, doença cardiovascular, distúrbios relacionados ao sono) bem como o registro e causa de óbitos. Os pacientes foram contactados e convidados a comparecerem ao serviço onde foi refeita a avaliação clínica e antropométrica realizada no pré-operatório. 3.5.1 Medidas de Avaliação: 3.5.1.1 Avaliação Clínica e de Comorbidades A avaliação foi realizada através de questionário estruturado e semiestruturado preenchido pelo fisioterapeuta do serviço (Apendice 2) contendo informações sobre a identificação dos indivíduos, condição sócio econômica usando as variáveis, idade, com registro do dia, mês e ano de nascimento, gênero, escolaridade, status utilizando conjugal, as categorias medidas masculino antropométricas, e feminino, presença de comorbidades, distúrbios relacionados ao sono, complicações cirúrgicas e registro de óbitos. As comorbidades de hipertensão arterial sistêmica, diabetes e doenças cardiovasculares foram avaliadas e diagnosticadas pela equipe de médicos, em sua determinada especialidade, que fazem parte do programa. Os distúrbios relacionados ao sono foram avaliados de forma subjetiva onde os indivíduos relatavam após questionamento do entrevistador a presença de ronco, insônia, sonolência diurna e despertar com sensação de sufocamento na avaliação pré e pós-operatória. 3.5.1.2 Avaliação Antropométrica de adiposidade A avaliação das medidas antropométricas foi utilizada a mensuração dos marcadores de obesidade (IMC, circunferência do pescoço e RCQ), como descrito abaixo: Peso e altura Foi utilizada para registro de peso uma balança digital com precisão de 100 g e capacidade de 3000 kg (Toledo®, São Paulo, Brasil), paciente trajando roupas leves, pés descalços, em posição anatômica e ortostática. O peso foi registrado em quilogramas. Na mesma posição foi verificada a estatura utilizando com coluna métrica (adaptada à balança) com precisão de 0,5 cm. A altura foi registrada em centímetros. (Fig.1) Fig.1 Registro de peso e altura Índice de Massa Corporal (IMC) O cálculo do IMC foi realizado através da fórmula clássica, peso corporal dividido pelo quadrado da estatura (kg/m2)5 sendo classificado em graus segundo a Sociedade Americana de Endocrinologia que considera um IMC de até 25 como normal, entre 25-30 sobrepeso, entre 30-35 obesidade grau I, 3540 obesidade grau II e acima de 40 de IMC como obesidade grau III ou “obesidade mórbida”. Relação Cintura-quadril (RCQ) e Circunferência do Pescoço Em posição ortostática, abdome relaxado e em apneia após expiração, usando fita métrica inelástica graduada em centímetros, colocada de forma firme, mas não apertada, no ponto médio entre a última costela flutuante e a crista ilíaca mensurando a circunferência de cintura (CC). (fig. 2). Na altura do trocânter maior do fêmur, medindo a circunferência do quadril (CQ). (fig 3)54. Pelas medidas de CC e CQ mostra-se a relação cintura-quadril (RCQ) para classificação do tipo de distribuição de gordura corporal em adiposidade abdominal (RCQ > 0.95) e periférica (RCQ < 0.95). Com o paciente na mesma posição foi realizada a medida da circunferência do pescoço utilizando uma fita métrica ao redor do pescoço em nível da cartilagem crico-tireoidea.(fig.4 ). Fig.2 Circunferência de cintura Fig.3 Circunferência de quadril 3.7. Análise Estatística Todos os procedimentos estatísticos foram realizados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 17.0 para Windows. Foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuição normal dos dados. Para análise descritiva foram utilizadas medidas de tendência central (média) e dispersão (desvio padrão) para as variáveis contínuas de distribuição normalizada. Para as variáveis contínuas sem normalidade na sua distribuição de frequências, utilizamos mediana como medida central e como medidas de dispersão os valores em quartis como posição da variabilidade. A comparação dos grupos foi realizada através do teste t não pareado ou Mann-Whitney para as variáveis contínuas e o teste de qui-quadrado para verificação da distribuição de frequências das variáveis categóricas. Para todos os testes foi utilizado um p valor < 0,05 para nível de significância e intervalos de confiança de 95%. . 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste capítulo, os resultados e a discussão desta dissertação serão apresentados em formato de artigo intitulado Perfil epidemiológico dos sujeitos submetidos à cirurgia bariátrica por videolaparoscopia no Rio Grande do Norte- Brasil: Análise dos desfechos clínicos e mortalidade, cuja submissão será realizada ao periódico International Journal of Obesity. Neste sentido, a versão apresentada nesta dissertação em português, será posteriormente traduzida e adaptada às normas de publicação do citado periódico. Valeska Fernandes de Souza1, Ricardo Oliveira Guerra2, Selma Souza Bruno3, Vanessa Regiane Resqueti4, Cledna da Rocha Barreto Freitas5,Gardênia Maria de Holanda6. Perfil epidemiológico dos sujeitos submetidos à cirurgia bariátrica por videolaparoscopia no Rio Grande do Norte- Brasil: Análise dos desfechos clínicos e mortalidade ¹ Mestranda em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Natal, RN. Bolsista CNPq de Desenvolvimento Tecnológico Industrial - DTI 3 2 Doutor em Ciências da Atividade Física e Saúde pela Universidade de Granada, Professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Natal, RN. 3 Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Natal, RN. Professora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Natal, RN. 4 Doutora em Medicina Interna – Patologia Respiratória pela Universidad Autonoma de Barcelona (UAB) Bolsista CNPq de Desenvolvimento Industrial – DTI 1 5 Mestranda em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Natal, RN. Bolsista CNPq de Desenvolvimento Tecnológico Industrial - DTI 3 6 Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal (UFRN) – Natal, RN Professora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Natal, RN. Autora para correspondência: Gardênia Maria Holanda Endereço: Rua. Joaquim Alves, 1832. Lagoa Nova. Natal-RN - CEP: 59077-010 Email:[email protected] Running title : Desfechos clínicos e mortalidade após cirurgia bariátrica no Brasil Resumo A cirurgia bariátrica tem sido um eficiente método de redução de peso corporal em obesidade grave devido aos baixos níveis de complicações pósoperatórias imediatas e tardias. No Brasil a utilização da cirurgia bariátrica como recurso para redução da obesidade e seus efeitos associados é uma alternativa terapêutica recente. Por tratar-se de um país com dimensões continentais, e com uma enorme diversidade socioeconômica e cultural, tornase imprescindível conhecer a realidade de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em regiões brasileiras menos favorecidas economicamente. O presente estudo tem como objetivo avaliar o perfil epidemiológico, desfechos clínicos e mortalidade de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica (DGYR) por videolaparoscópia através do sistema público de saúde brasileiro no Estado do Rio Grande do Norte-Brasil. Foi realizado um estudo observacional descritivo de caráter prospectivo, desenvolvido no período de Fevereiro de 2009 a Fevereiro de 2011, no Ambulatório de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HUOL-UFRN). Setenta pacientes (54 mulheres e 16 homens) de baixo poder aquisitivo com idade entre 22 a 63 anos fizeram parte do estudo. Foram registradas a morte de três pacientes no período do estudo. Os resultados apontam diminuição significativa dos parâmetros antropométricos, principalmente em relação ao peso corporal, circunferência de cintura e quadril em ambos os sexos. Apenas a medida de Relação Cintura/Quadril não apresentou diferença após intervenção nos pacientes do sexo masculino. Houve uma expressiva resolução das comorbidades avaliadas. Não observamos diferenças significativas ao relato de sonolência matutina na amostra em geral, e ao ronco nos pacientes do sexo masculino. Nossos achados atestam a cirurgia bariátrica videolaparoscópica como método eficiente de redução de peso e de comorbidades em pacientes obesos mórbidos. Abstract Introdução A obesidade segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde constitui atualmente um grave problema de saúde pública em todo o mundo, pois sua incidência na maioria dos países tem triplicado desde a década de 1980, e segundo esta instituição, em 2015 cerca de 700 milhões de pessoas no mundo serão obesas(1). Os adultos obesos são considerados mais expostos a riscos para o desenvolvimento de comorbidades, tais como aumento da resistência a insulina, diabetes tipo II, distúrbios relacionados ao sono, hipertensão e dislipidemias(2-4), elevando assim suas taxas de mortalidade(5;6). Fatores sociais, comportamentais, ambientais, culturais, psicológicos, metabólicos e genéticos configuram como potenciais fatores de risco para o desenvolvimento de desequilíbrio energético e consequente ganho excessivo de peso(7-9). Recente estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2009 mostra, através de medidas antropométricas de 188 mil pessoas, o estado nutricional da população brasileira. Cerca de 40% da população brasileira está acima do peso, sendo que 10% são obesos e 28,5% apresentam sobrepeso. A prevalência de obesidade aumentou de 7,8% para 12,7% nas mulheres e de 2,2% para 8,8% nos homens nas últimas décadas(10). Dados como estes apontam para a necessidade urgente de implantação de políticas e investimento público para o controle da obesidade no Brasil. A resolução da obesidade segue a observância de sua gravidade clínica e englobam medidas de prevenção a intervenções diretamente invasivas, mudança dos hábitos de vida e tratamento medicamentoso(11). A cirurgia bariátrica tem sido um eficiente método de redução de peso corporal em obesidade grave, proporcionando ao paciente redução nos níveis de mortalidade e melhora de comorbidades (12-14). A utilização da cirurgia bariátrica tem sido considerada como recurso terapêutico eficaz para redução da obesidade e seus efeitos associados devido aos baixos níveis de complicações pós-operatórias imediatas e tardias(15). No Brasil a utilização da cirurgia bariátrica com alternativa terapêutica é recente, tendo o seu procedimento aprovado pela portaria 628/GM em abril de 2001 do Sistema Único de Saúde - Ministério de Saúde do Brasil (MS), órgão responsável pela subvenção pública e pelo controle das cirurgias bariátricas via videolaparoscopia. Atualmente, este órgão vem avaliando os desfechos deste tipo de procedimento terapêutico nas diversas regiões do Brasil. Por tratar-se de um país com dimensões continentais, e com uma enorme diversidade socioeconômica e cultural, torna-se imprescindível conhecer a realidade de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em regiões brasileiras menos favorecidas economicamente. O presente estudo tem como objetivo avaliar o perfil epidemiológico, desfechos clínicos e mortalidade de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica laparoscópica através do sistema público de saúde brasileiro no Estado do Rio Grande do Norte-Brasil. Métodos Desenho do estudo O presente estudo caracteriza-se como sendo um estudo observacional descritivo de caráter prospectivo, desenvolvido no período de Fevereiro de 2009 a Fevereiro de 2011, no Ambulatório de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HUOL-UFRN) e no Laboratório de Epidemiologia do Departamento de Fisioterapia da UFRN. Sujeitos do estudo Participaram do estudo, 116 pacientes que receberam atendimento no Ambulatório de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do HUOL, diagnosticado com obesidade e que realizaram cirurgia bariátrica (DGYR), no período de janeiro de 2005 até dezembro de 2009, através do Sistema Único de Saúde, entidade publica de subvenção e controle da obesidade. Os pacientes foram selecionados após um levantamento de dados cadastrais nos prontuários e no sistema de cadastramento dos pacientes para inclusão no programa de tratamento e preparo para realização da cirurgia deste hospital. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, com valores de IMC maior ou igual a 40 kg/m2 ou IMC maior ou igual a 35 kg/m2 associado à comorbidades tratados cirurgicamente. No entanto, foram excluídos do estudo aqueles pacientes que realizaram cirurgia para tratamento de síndrome metabólica ou aqueles que após três convites, não compareceram a avaliação de pós-operatório, não foi localizado por mudança de endereço ou telefone e também aqueles que solicitassem a saída do estudo. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob Nº 148/07 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Instrumentos e procedimentos de coleta de dados As variáveis de interesse foram coletadas no prontuário de registros que fazem parte do cadastramento, avaliação multiprofissional e inclusão no grupo preparatório para realização de cirurgia bariátrica (DGYR) e que realizaram a cirurgia, no período de 2005 a 2009, no Hospital Universitário Onofre Lopes, Natal/RN. Foi elaborado um banco de dados cujas informações permitiram a elaboração do perfil antropométrico (peso, altura, IMC, grau de obesidade, RCQ), de comorbidades (HAS, diabetes, DCV, distúrbios relacionados ao sono) bem como o registro e causa de óbito. Os pacientes foram contactados por telefone e convidados a comparecerem ao serviço onde foi refeita a avaliação clínica e antropométrica realizada no pré-operatório. Medidas de Avaliação: Avaliação Clínica e de Comorbidades 3.6.1.1 Avaliação Clínica e de Comorbidades A avaliação foi realizada através de questionário estruturado e semiestruturado preenchido pelo fisioterapeuta do serviço (Apêndice 2) contendo informações sobre a identificação dos indivíduos, condição sócio econômica usando as variáveis, idade, com registro do dia, mês e ano de nascimento, gênero, escolaridade, status utilizando conjugal, as categorias medidas masculino antropométricas, e feminino, presença de comorbidades, distúrbios relacionados ao sono, complicações cirúrgicas e registro de óbitos. As comorbidades de hipertensão arterial, diabetes tipo II e doenças cardiovasculares foram avaliadas e diagnosticadas pela equipe de médicos, em sua determinada especialidade, que fazem parte do programa. Os distúrbios relacionados ao sono foram avaliados de forma subjetiva onde os indivíduos relatavam após questionamento do entrevistador a presença de ronco, sonolência diurna e despertar com sensação de sufocamento na avaliação pré e pós-operatória. Avaliação Antropométrica de adiposidade Para a avaliação das medidas antropométricas foi utilizada a mensuração dos marcadores de obesidade (IMC, circunferência do pescoço e RCQ), como descrito abaixo: Peso e altura Foi utilizada para registro de peso uma balança digital com precisão de 100 g e capacidade de 3000 kg (Toledo®, São Paulo, Brasil), paciente trajando roupas leves, pés descalços, em posição anatômica e ortostática. O peso foi registrado em quilogramas. Na mesma posição foi verificada a estatura utilizando com coluna métrica (adaptada à balança) com precisão de 0,5 cm. A altura foi registrada em centímetros. Índice de Massa Corporal (IMC) O cálculo do IMC foi realizado através da fórmula clássica, peso corporal dividido pelo quadrado da estatura (kg/m2)5 sendo classificado em graus segundo a Sociedade Americana de Endocrinologia que considera um IMC de até 25 como normal, entre 25-30 sobrepeso, entre 30-35 obesidade grau I, 3540 obesidade grau II e acima de 40 de IMC como obesidade grau III ou “obesidade mórbida”. Relação Cintura-quadril (RCQ) e Circunferência do Pescoço Em posição ortostática, abdome relaxado e em apnéia após expiração, usando fita métrica inelástica graduada em centímetros, colocada de forma firme, mas não apertada, no ponto médio entre a última costela flutuante e a crista ilíaca mensurando a circunferência da cintura (CC) e na altura do trocânter maior do fêmur, medindo a circunferência do quadril (CQ). Pelas medidas de CC e CQ mostra-se a relação cintura-quadril (RCQ) para classificação do tipo de distribuição de gordura corporal em adiposidade abdominal (RCQ > 0.95) e periférica (RCQ < 0.95). Com o paciente sentado em posição relaxada, realiza-se a medida da circunferência do pescoço. Análise Estatística Foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuição normal dos dados. Para análise descritiva foram utilizadas medidas de tendência central (média) e dispersão (desvio padrão) para as variáveis contínuas de distribuição normalizada. Para as variáveis contínuas sem normalidade na sua distribuição de frequências, utilizamos mediana como medida central e como medidas de dispersão os valores em quartis como posição da variabilidade. A comparação dos grupos foi realizada através do teste t não pareado ou Mann-Whitney para as variáveis contínuas e o teste de qui-quadrado para verificação da distribuição de frequências das variáveis categóricas. Para todos os testes foi utilizado um p valor < 0,05 para nível de significância e intervalos de confiança de 95%. Todos os procedimentos estatísticos foram realizados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 17.0 para Windows. Resultados Dos 116 pacientes que realizaram cirurgia bariátrica entre janeiro de 2005 até dezembro de 2009, 46 pacientes não compareceram a reavaliação de pós-operatório. Setenta pacientes com idade entre 22 a 63 anos fizeram parte do estudo. Estes pacientes eram oriundos da capital, assim como de cidades do interior do Estado. Na sua grande maioria eram sujeitos de baixo poder aquisitivo, com renda familiar entre 2 a 3 salários mínimos. Os demais dados sócios demográficos estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Características Sócio-demográficas dos pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica via videolaparoscopia no Hospital Universitário Onofre Lopes entre 2005 a 2009. Natal, 2010. Variáveis Gênero Estado Civil n % Feminino 54 77,1% Masculino 16 22,9% Casado 37 52,9% Divorciado 1 1,4% Outros 2 2,9% Solteiro 28 40,0% Viúvo 2 2,9% 1º grau completo 4 5,7% 1º grau incompleto 10 14,3% 2º grau completo 27 38,6% 2º grau incompleto 11 15,7% 3º grau completo 8 11,4% 3º grau incompleto 8 11,4% Analfabeto 2 2,9% Todos 41,6 ±11,4 Homens 40,5 ±11,9 Mulheres 41,9 ±11,3 Escolaridade Idade* * Média,Desvio padrão em anos Dados sobre as características antropométricas e evolução após intervenção cirúrgica estão apresentados na tabela 2. O período de avaliação pós-cirúrgica dos dados antropométricos foi em média de 2,5 anos após o procedimento cirúrgico. Os obesos possuíam em média IMC de 46,4±7 kg/m 2, circunferência de cintura de 131,4±14,7 cm, relação cintura-quadril (RCQ) de 0,94±0,07 na avaliação pré-operatória. Os resultados apontam que houve diminuição significativa dos parâmetros antropométricos avaliados, principalmente em relação ao peso corporal, circunferência de cintura e quadril em ambos os sexos. Apenas a medida de Relação Cintura/Quadril não apresentou diferença após intervenção nos pacientes do sexo masculino. Em relação às características clínicas e evolução de comorbidades após intervenção cirúrgica (Tabela 3), em geral houve uma expressiva resolução das enfermidades avaliadas. No entanto, apesar de ter ocorrido uma redução significativa no número de indivíduos hipertensos, essa diferença não foi observada de forma estatisticamente significativa nos pacientes do sexo feminino. Quanto aos distúrbios relacionados ao sono, não observamos diferenças significativas ao relato de sonolência matutina na amostra em geral, e aos roncos nos pacientes do sexo masculino. Tabela 2. Características antropométricas dos pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica via videolaparoscopia no Hospital Universitário Onofre Lopes entre 2005 a 2009 de acordo com o sexo. Valores (média/desvio padrão) nos períodos pré-operatórios e pósoperatórios da intervenção cirúrgica. Natal, 2010. Todos Variáveis Homens Mulheres Pré Pós p-valor Pré Pós p-valor Pré Pós p-valor 120,2±19,4 84,7±17,9 0,0001 130,0±16,4 92,7±12,1 0,0001 117,7±19,4 82,5±18,7 0,0001 Peso perdido - 37,3±18,4 - 44,7±3,1 - 31,1±1,2 Percentual de peso perdido - 30± 0,0% - 28±0,7% - 30±0,9% IMC 46,4±7,7 32,8±6,9 0,0001 44,8±5,7 32,1±4,3 0,0001 46,8±8,1 33,0±7,4 0,0001 Circunferência Quadril 138,4±4 114,5±14,0 0,0001 135,0±14,4 112,7±7,8 0,0001 139,3±16,0 114,9±15,2 0,0001 Circunferência Cintura 131,4±14,7 103,2±138,8 0,0001 130,0±15,1 105,6±11,0 0,0001 131,8±14,8 102,5±14,5 0,0001 RCQ 0,94±0,07 0,89±0,07 0,0001 0,95±0,05 0,92±0,06 0,194 0,94±0,07 0,88±0,07 0,0001 Peso Tabela 3. Características clínicas dos pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia bariátrica via videolaparoscopia no Hospital Universitário Onofre Lopes entre 2005 a 2009 de acordo com o sexo. Valores (frequência absoluta/frequência relativa) nos períodos préoperatórios e pós-operatórios um ano após intervenção cirúrgica. Natal, 2010. Todos Variáveis Homens Mulheres Pré Pós p-valor Pré Pós p-valor Pré Pós p-valor 48(68,6%) 14(20,9%) 0,189 11(73,3%) 0(100%) 0,001 37(69,8%) 14(26,4%) 0,131 5 (7,5%) 5(7,5%) 0,0001 0(100%) 0(100%) 0,001 5(9,4%) 5(9,4%) 0,0001 Resistência insulina 11(16,4%) 1(1,5%) 0,023 3(20%) 0(100%) 0,001 9(17%) 1(1,9%) 0,026 Diabetes 27(40,3%) 4(6%) 0,012 3(20%) 0(100%) 0,001 24(45,3%) 4(7,5%) 0,022 19 (28,4%) 12 (17,9%) 0,0001 3(20%) 1(7,1%) 0,047 16(30,2%) 11(20,8%) 0,0001 Enfermidades Hipertensão arterial Doenças cardiovasculares Distúrbios relacionados ao sono Insônia Sonolência matutina 21 (31,3%) 4 (6%) 0,407 6(40%) 0(100%) 0,001 15(28%) 4(7,5%) 0,316 Roncos 56 (83,6%) 16(23,9%) 0,042 14(93,3%) 2(14,3%) 0,672 43(81,1%) 14(26,4%) 0,035 Despertar com sensação de sufocamento 23 (34,3%) 2(3,0%) 0,047 6(42,9%) 0(100%) 0,001 17 (32,1%) 2(3,8%) 0,036 A tabela 4 apresenta o número de casos de morte e de complicações ao longo da evolução do procedimento cirúrgico. Observamos poucos casos de complicações diretas decorrentes da cirurgia bariátrica via videolaparoscopia. Ressaltamos a presença de três casos de mortes que a principio, estariam indiretamente relacionadas ao procedimento cirúrgico, em especial, ao comprometimento psicológico dos pacientes. Tabela 4. Frequência de casos de morte, complicações imediatas e tardias no pósoperatório de cirurgia bariátrica via videolaparoscopia no Hospital Universitário Onofre Lopes entre 2005 a 2009. Complicações Pós-operatórias N0(%) Mortes 3(4,2%) Fístula 2(2,8%) Distúrbios nutricionais 7(10%) Infecção 4(5,7%) Outros 5(7,1%) Total 21(29,8%) DISCUSSÃO Nosso estudo objetivou avaliar o perfil epidemiológico de pacientes que foram submetidos à cirurgia bariátrica por videolaparocopia no Estado do Rio Grande do Norte-Brasil. Esta região do Brasil encontra-se de uma forma geral, menos favorecida economicamente em relação as demais regiões brasileiras. Este aspecto faz que sua população apresente características peculiares do ponto de vista antropométrico e clínico. No entanto, apesar das características socioeconômicas e demográficas, a prevalência de obesidade nesta população vem aumentando de forma vertiginosa. Não há dados precisos da prevalência de obesidade mórbida na região estudada, estima-se que no Brasil cerca de 40% da população está acima do peso, sendo que 10% são obesos e 28,5% apresentam sobrepeso (IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Pesquisa de Orçamentos Familiares. POF, 2008-2009)(10). O sistema público de saúde brasileiro vem implantando ações de prevenção da obesidade e seus desfechos adversos em todo Brasil. Como forma de intervenção terapêutica em pacientes obesos mórbidos, este órgão vem sendo subvencionado em hospitais públicos, o desenvolvimento de equipes multidisciplinares de profissionais para atuação em cirurgias laparoscópicas. A necessidade de conhecimento sobre o impacto deste tipo de intervenção justifica a necessidade do presente trabalho. A relevância deste estudo está pautada no pioneirismo dos nossos resultados, uma vez que releva em uma amostra populacional de obesos mórbidos com características econômicas desfavorecidas, o real alcance dos desfechos encontrados após cirurgia bariátrica por videolaparoscopia. Sabe-se que o sucesso de medidas terapêuticas após intervenções cirúrgicas apresenta falência dos objetivos propostos, uma vez que, por questões relacionadas ao nível de instrução, ou mesmo culturais, faz que o acompanhamento e/ou a compreensão das recomendações por parte dos pacientes resultem no colapso da proposta terapêutica(16-18). No que diz respeito à diminuição de medidas antropométricas como IMC e RCQ, nossos resultados encontram coerência com grandes estudos realizados em países desenvolvidos e em desenvolvimento(17). O percentual de peso perdido no nosso estudo, 30%, encontrou-se em níveis observados em estudos realizados como o estudo de Xavier et al, onde os autores relatam uma perda de peso de 26,3% com redução de IMC de 26,6% em seis meses de pós operatório. Esses achados asseguram, assim como em outros estudos(17), a eficiência da cirurgia bariátrica como método eficaz de redução de peso em pacientes obesos mórbidos. Nossos dados em relação à resolução das comorbidades são semelhantes aos resultados encontrados por Sjostrom(19) , onde foi observada uma acentuada redução da incidência de hipertensão e diabetes. No entanto, no presente estudo não observamos diferenças significativas desta redução deste tipo de enfermidade quando comparado por gênero. Estudo prévio(20) revelou que existe a resolução da diabetes após a cirurgia bariátrica mesmo ainda quando a perda de peso não está presente. A capacidade de manter os valores de glicemia normais após a CB com abandono do uso da medicação controle para diabetes foi relatada(17) com resolução completa estimada em até 50%, corroborando com os nossos achados, onde com uma amostra menor de pacientes, encontramos 85% de resolução. A fisiopatologia envolvida na resolução da diabetes ainda não está totalmente esclarecida. Dados experimentais recentes sugerem que a melhora da função das células beta pode ser um dos principais mecanismos do efeito em curto prazo da cirurgia bariátrica e apontam para a reorganização da anatomia gastrointestinal como mediador primário e melhora na sensibilidade a insulina(21). Este fenômeno ocorria independente da diminuição da ingestão calórica após a cirurgia. No tocante a evolução dos distúrbios do sono relacionados à obesidade, nossos resultados mostram uma melhora clínica nos sintomas estudados, entretanto a literatura é escassa e ainda não conclusiva quanto à diminuição destes tipos de agravos, principalmente da síndrome da apneia do sono (SAOS) nos pacientes obesos após a cirurgia bariátrica. Existe uma relação direta entre os dísturbios do sono, duração do sono e inatividade fisica com a obesidade, principalmente a obesidade abdominal, como relatada por Fogelholm et al, em 2007.(22), os distúrbios do sono estão presentes principalmente nos pacientes com adiposidade central. Recente estudo(23) revela que a perda de peso induzida cirurgicamente pode reduzir a obstrução, porém não foi capaz de levar a resolução completa da SAOS. O reduzido número de casos de óbitos observado no estudo assegura assim como em outros estudos(17) a segurança do procedimento cirúrgico via videolaparoscopia. No entanto, a detalhar as causas dos três casos de morte no estudo, observamos que possivelmente estas estavam de certa forma relacionada a distúrbios psicológicos decorrente do procedimento cirúrgico, uma vez que, em dois casos observamos indícios de suicídio. Os casos de depressão originados após cirurgia bariátrica estão relatados na literatura(24;25). As causas que levaram as mortes dos pacientes no estudo foram suficientemente esclarecidas. A falta de acompanhamento psicológico a longo poderia vir a minimizar as alterações de humor, e a falta de resiliência ao enfrentar as adversidades a curto e em longo prazo após o procedimento cirúrgico. Consideramos ainda, a ausência de tratamento cirúrgico de caráter estético, muitas vez necessário e coadjuvante no acompanhamento terapêutico destes pacientes. O sistema público brasileiro de saúde não subvenciona de forma rotineira este tipo de procedimento. Ressaltamos como potenciais limitações desse trabalho, a possibilidade de vieses de seleção dos sujeitos, uma vez que tivemos uma grande parte de perdas no acompanhamento dos sujeitos, onde um dos principais motivos reside nas condições econômicas dos sujeitos, que inviabilizava o retorno para as reavaliações continuadas. No entanto, por trata-se de um estudo pioneiro, nossos resultados são capazes de apresentar um panorama aproximado do impacto da cirurgia bariátrica em obesos mórbidos no contexto de uma realidade brasileira peculiar. References 1 Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. World Health Organ Tech Rep Ser 2000; 894: i-253. 2 Eckel RH, Krauss RM. American Heart Association call to action: obesity as a major risk factor for coronary heart disease. AHA Nutrition Committee. Circulation 1998; 97/21: 2099-2100. 3 Mokdad AH, Ford ES, Bowman BA, Dietz WH, Vinicor F, Bales VS et al. 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A cirurgia bariátrica se mostrou um procedimento seguro para controle da obesidade, com baixo índice de mortalidade e complicações cirúrgicas. A redução de peso esteve relacionada à significativa melhora do estado metabólico necessária para controle e diminuição de comorbidades, reduzindo com isso os riscos de mortalidade associadas à obesidade. A indicação da cirurgia para tratamento da obesidade deve seguir os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde e os indivíduos devem ser acompanhados por equipe multidisciplinar nos períodos de pré e pósoperatório. Os resultados da cirurgia bariátrica (DGYR) estão comprovados e bem documentados, porém não representa a cura da obesidade, o seu monitoramento em longo prazo torna-se uma necessidade para que se comprove a manutenção dos benefícios adquiridos com o procedimento, uma vez que a obesidade é uma doença crônica, progressiva e necessita de tratamento específico mesmo após a cirurgia. São necessários ainda estudos que avaliem a cirurgia nas diversas realidades do SUS, para que se possa conhecer o real impacto do procedimento na saúde da população brasileira. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. World Health Organization (2000) Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation. World Health Org tech Resp Ser 894: i-xii,1-253. 2. Júnior AB. Cirurgia da Obesidade. Editora Atheneu, São Paulo, p 13 – 17, 2004. 3. Christou NV, Sampalis JS, Liberman M, Look D, Auger S, McLean A, McLean LD. Surgery Decreases Long-term mortality, morbidity end health care use in morbidly obese patients. Annals of surgery, 2004;(240):416-425. 4.Sjonstrom L, Lindroos AK, Peltonen M, Torgerson J,Bouchard C, Carlsson B et al. Lifestyle, diabetes, and cardiovascular risk factors 10 years after bariatric surgery. N Engl J Med 2004;351(26):2683-93. 5. Santos RD, Spósito A, Timerman S, Armaganijan D, Timerman A, Moriguchi E. Excesso de peso no Brasil. 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