O TRATAMENTO CIRÚRGICO DA OBESIDADE NO DIABETES TIPO II - PREVENÇÃO, REMISSÃO OU MELHORA DA HIPERGLICEMIA E DAS COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS - Há um aumento exponencial do risco de diabetes com o excesso do peso sendo que aproximadamente 90% dos diabéticos tipo II sofrem de obesidade ou de sobrepeso. Segundo o Consenso Latino-Americano de Obesidade o risco de diabetes está aumentado em dez vezes nos obesos grau III também chamados de mórbidos. A taxa de mortalidade dos obesos é de 12 vezes maior nas pessoas entre 25 a 40 anos de idade quando comparadas com as de peso normal e tende a aumentar ainda mais se o diabetes estiver associado. O sedentarismo e a ingesta excessiva de calorias são os desencadeadores da pré-disposição genética e o obeso não é culpado por sua doença, que foi geneticamente estabelecida, mas poderá sentir-se assim se negligenciar o tratamento. O tratamento do obeso grau III deve envolver um plano dietético, de exercícios e de medicamentos. As estatísticas demonstraram que o tratamento clínico da obesidade grau III é na maioria das vezes ineficaz devido à necessidade de grande tolerância ao prolongado esforço para alcançar e manter o peso aceitável. O emagrecimento só é válido se for a longo prazo, sendo prejudicial sucessivos emagrecimentos temporários que desestabilizam o metabolismo. Uma das principais vantagens da técnica cirúrgica da obesidade, chamada de bariátrica, é de facilitar o emagrecimento a longo prazo sem esforços sacrificantes. A seleção dos pacientes obesos diabéticos para a cirurgia bariátrica exige IMC igual ou maior que 35, com pelo menos 2 anos de tratamento clínico sem sucesso, realizados por profissionais qualificados. Havendo indicação técnica protocolar da cirurgia o paciente deverá passar por exames complementares, explicações técnicas-cirúrgicas, instruções nutricionais e preparo psicológico. Especificamente para os diabéticos tipo II, a cirurgia bariátrica poderá trazer a normalização glicêmica, ou seja, uma exteriorização da “cura” do diabetes, que poderá ser temporária ou permanente, pois a redução da massa adiposa excessiva diminui a resistência insulínica e a produção hepática da glicose acarretando preservação das células beta pancreática por mais tempo. O estudo do Swedish Obese Subjects, realizado por Torgerson e col. publicado em 2001, que comparou, por 10 anos, pacientes obesos diabéticos submetidos a cirurgia bariátrica com os de tratamento convencional e concluiu que a redução de peso alcançada em dois anos no grupo cirúrgico determinou uma incidência 32 vezes menor de diabetes e 5 vezes menor após oito anos quando comparados com os do grupo de tratamento convencional. Os estudos de Shneider e col. publicados em 2005 na revista Diabetes Care-EUA mostrou que a maioria dos diabéticos tipo II submetidos à cirurgia bariátrica apresentaram melhoras do controle glicêmico sendo que a remissão da hiperglicemia atingiu de 50 à 98% nos diversos grupos estudados. Outras co-morbidades comumente presentes nos diabéticos obesos como a hipertensão arterial e dislipidemia também apresentam melhoras significativas com o emagrecimento. Para os obesos tipo III não diabéticos, porém com ascendentes diabéticos, o emagrecimento poderá prevenir seu aparecimento. Portanto, podemos concluir que a cirurgia bariátrica é uma boa opção para o tratamento dos obesos grau III com risco hereditário para o diabetes e para os obesos com IMC igual ou maior que 35, pré-diabéticos ou diabéticos tipo II, devido a redução dos potenciais das complicações e melhoria da qualidade de vida. Dr. IZIDORO DE HIROKI FLUMIGNAN - CRM 52.45054-3 Membro da Equipe C.E.T.O.M. – Centro de Estudos e Tratamento para a Obesidade Mórbida – www.acimadopeso.com www.flumignano.com – INSTITUTO FLUMIGNANO DE MEDICINA - [email protected] -