VÍDEOS 21 de Novembro, 16:30h V01 OVER-THE-SCOPE CLIP APLICABILIDADE NA RESOLUÇÃO DE DEISCÊNCIA ANASTOMÓTICA APÓS RESSECÇÃO ANTERIOR DO RECTO Correia T,1 Amaro P, 1 Oliveira A,1 Almeida N,1 Leite J,2 Sousa FC, 2 Sofia C1 1 Serviço de Gastrenterologia Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Serviço de Cirurgia A Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra 2 Homem de 84 anos submetido a ressecção anterior do recto, com anastomose colorrectal e ileostomia lateral de protecção, por neoplasia do recto. O período pós-operatório imediato decorreu sem complicações. No 14º dia pós cirúrgico o doente desenvolveu dor pélvica e febre, com aumento concomitante dos parâmetros inflamatórios. O estudo imagiológico por tomografia computorizada revelou a presença de volumoso abcesso pélvico pré-sagrado (12x6cm) e ar livre retroperitoneal, traduzindo a suspeita de deiscência da anastomose cirúrgica. A colocação de drenagem externa múltipla e antibioterapia conduziu uma melhoria clínica e imagiológica. No entanto, precocemente após a alta hospitalar, o doente apresentou recrudescência da dor e febre com aumento dos parâmetros inflamatórios, confirmando-se a persistência da colecção abcedada pélvica e manutenção do trajecto fistuloso. A avaliação endoscópica realizada na 9ª semana pós-cirúrgica revelou a presença de um orifício fistuloso no coto da ansa cega da anastomose colorrectal. Procedeu-se ao encerramento da deiscência através da aplicação de um endoclip Over-The-Scope (OTS), realizado após tracção e invaginação dos bordos do orifício fistuloso para o interior do cap. O doente apresentou melhoria significativa da sintomatologia, com progressiva diminuição da drenagem purulenta através dos drenos externos. O controlo imagiológico revelou o encerramento do trajecto fistuloso, com possibilidade de alta hospitalar uma semana após o procedimento endoscópico. Este caso clínico exemplifica a utilidade do endoclip OTS na resolução de deiscências gastrointestinais. A opção terapêutica para o manuseamento de pequenas perfurações ou deiscências iatrogénicas deve ser realizado em equipas multidisciplinares com a colaboração do cirurgião e do endoscopista. V02 HEMICOLECTOMIA DIREITA COM ACESSO POR PORTA ÚNICA N. Rama, P Alves, R. Malaquias, R. Brásio, I.Gil, V. Faria Serviço de Cirurgia I do Centro Hospitalar Leiria, EPE Introdução: A introdução da laparoscopia para o tratamento da patologia oncológica colo-rectal é atualmente uma realidade em vários centros nacionais e estrangeiros. Com o intuito de minimizar o número e dimensão das incisões, novos métodos, como o acesso por porta única (SPA) e a extração transanal (NOSE), estão em franco desenvolvimento. A SPA pode representar a próxima geração de cirurgia minimamente invasiva, uma vez que combina as vantagens cosméticas, com a utilização do arsenal cirúrgico da cirurgia laparoscópica convencional. Material e Métodos: Apresenta-se um vídeo demonstrativo da técnica, numa doente do sexo feminino, 36 anos com tumor neuroendócrino do apêndice, operada no Serviço de Cirurgia I do Centro Hospitalar Leiria EPE., em Novembro de 2012. O procedimento foi realizado de acordo com a técnica padronizada, utilizada pela equipa cirúrgica, com recurso à plataforma de porta única Gelpoint® e instrumentos laparoscópicos convencionais. Resultados: Os autores salientam os principais passos da técnica cirúrgica. O tempo cirúrgico foi de 80 minutos, tendo o pós-operatório decorrido sem complicações, com alta clínica ao 3º dia. Conclusões: A hemicolectomia direita com acesso por porta única em doentes com patologia neoplásica é um procedimento seguro, oncologicamente adequado e exequível, quando realizada por cirurgiões com experiência sólida em laparoscopia colo-retal. V03 REPARAÇÃO DE HÉRNIAS PARAESTOMAIS OUTRA ABORDAGEM Teresa Pereira, Andreia Barão, Isa Santos, Tito Bragança, Afonso Ramires, João Malaquias, Helena Lopes da Silva, Fernando Aldeia, José Mendes de Almeida Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte Introdução: Quer estejamos a falar de doença neoplásica, inflamatória ou funcional, a necessidade de construção de estomas definitivos é uma realidade quotidiana. Uma das complicações associadas à existência de estomas é o desenvolvimento de hérnias paraestomais. Existem vários métodos descritos ao logo do tempo para correcção destes defeitos, como o reposicionamento do estoma ou sutura primária do defeito, métodos com elevada taxa de recidiva e em desuso na actualidade. O uso de redes é o método consensual na actualidade, sendo menos consensual o tipo de rede usada, o local de inserção e a abordagem utilizada. Material e Métodos: Descrevemos no nosso vídeo uma técnica eficaz e segura para reparação de hérnias paraestomais, com baixos custos e facilmente reproductível, utlizando uma rede plana de polipropileno. Incisão circular peri-estomal com prolongamento vertical superior e inferiormente, dissecção do tecido celular subcutâneo com identificação, incisão e ressecção do saco herniário, lise de bridas e aderências. Identificação da fascia superficial do músculo recto e sua separação do músculo numa extensão de 2-3cm em toda a circunferência. Colocação de rede plana cortada à medida do defeito, com orifício central por onde passa o intestino, ficando em posição subaponevrótica, pré-muscular, fixada nos 4 pontos cardinais, rede à fascia superficial na periferia, e rede ao músculo e serosa do intestino no centro. Encerramento da pele e abertura de novo estoma. Resultados: Apesar da manipulação do estoma não foram registados casos de infecção de ferida operatória ou da rede. Não foi registada nenhuma recidiva mas curto período de follow-up. Bom resultado funcional, com correcção do defeito herniário e com boa adaptação das placas de ostomia, mesmo no pós-operatório imediato. REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013 39 Conclusão:Trata-se de uma técnica para correcção de hérnias paraestomais, com uso de rede plana, simples e económica, cujo posicionamento impede contacto com estruturas intra-abdominais. Técnica minuciosa mas de simples execução e com bons resultados funcionais. V04 EXÉRESE TRANS-ANAL MINIMAMENTE INVASIVA (TAMIS) DE TUMOR DO RECTO Alexandre Duarte, André Costa Pinho, Patrícia Ferreira, Pedro Correia da Silva, J. Costa Maia Unidade Colo-Rectal do Serviço de Cirurgia Geral do Centro Hospitalar S. João A ressecção trans-anal de tumores do recto está indicada em neoplasias benignas e em carcinomas in situ ou T1 sem prejuízo dos resultados oncológicos e poupando o doente a cirurgias mais invasivas e com maior morbilidade. A excisão trans-anal por visão directa encontra-se limitada aos tumores distais do recto. A exérese por microcirurgia trans-anal endoscópica (TEM) provou ser eficaz e segura nos tumores cuja margem proximal se localiza até ao 1/3 superior do recto. No entanto os elevados custos relacionados com a aquisição e manutenção do material necessário, assim como a exigente curva de aprendizagem e de adaptação tecnológica, limitaram a sua universal aplicabilidade. A exérese trans-anal minimamente invasiva (TAMIS) com recurso a dispositivos de porta única e utilizando material de cirurgia videoassistida tentou contornar estas limitações. Com um método simples e económico, utilizando uma luva cirúrgica e um Alexis® (Applied Medical - USA), tentamos obter as mesmas condições dos dispositivos de porta única. Apresentamos um doente do sexo masculino com 49 anos de idade, sem antecedentes patológicos relevantes. A colonoscopia total de rastreio mostrou um pólipo séssil de 4cm do recto com o bordo distal a 8cm da linha pectínea. O estadiamento por ecoendoscopia revelou um tumor uT1N0 e a ressonância magnética abdómino-pélvica não apresentou suspeitas de doença loco-regional ou à distância. Foi efectuada ressecção trans-anal minimamente invasiva (TAMIS) utilizando material de cirurgia videoassistida e porta única adaptada. O doente teve alta 2 dias após a cirurgia, sem intercorrências. O resultado patológico concluiu tratar-se de um adenoma de 4cm de maior diâmetro, com displasia de alto grau e margens livres. V05 RESSEÇÃO ULTRA BAIXA DO RECTO COM DISSECÇÃO INTERESFINCTÉRICA Stelio Rua; Hugo Capote, Beatriz Mourato, Eduardo Soeiro, Ilda Barbosa Hospital Doutor José Maria Grande Portalegre Doente do sexo masculino, de 72 anos de idade, ASA III, IMC24; por rectorragias foi-lhe diagnosticada uma lesão aos 4 cm da margem anal (cT3N1Mo). Fez radioterapia e quimioterapia neoadjuvante e 8 semanas após a sua conclusão foi intervencionado. A cirurgia iniciou-se com o tempo perineal e foi efetuada uma dissecção interesfinctérica, libertando o recto das suas aderências ao pavimento pélvico em +/- 10 cm. De seguida, iniciou-se o tempo laparoscópico: pelos antecedentes cardiorespiratórios importantes do doente, trabalhou-se (sem intercorrência) com 8 mmHG de pressão intra abdominal e com 4 trocares de 5mm e um de 10 mm para colocar a óptica de 30º. O controlo da artéria e veia mesentérica inferior permitiram entrar no plano descrito por Heald entre a fascia pélvica parietal e a fascia pélvica visceral até atingir a fascia de Waldeyer. A incisão desta fascia permitiu-nos abordar o andar inferior do espaço retro rectal confluindo com a dissecção do tempo perineal. Ao nível do plano anterior é importante realizar uma dissecção anterior à fascia de Denonvilliers com visualização das vesículas seminais. O tempo abdominal termina com a referenciação do íleon para realização posterior de ileostomia de protecção. A peça foi retirada pelo períneo e foi realizada uma anastomose colo anal com bolsa em J manual. A histologia da peça revelou: ypT0 N0 M0, revelando regressão tumoral completa, com margem distal de 3 cm e circunferencial superior a 3 mm. V06 OVER-THE-SCOPE CLIP NA PERFURAÇÃO CÓLICA IATROGÉNICA: UMA ALTERNATIVA À RESOLUÇÃO CIRÚRGICA EMERGENTE? Alexandra Fernandes, Pedro Amaro, Tito Correia, Ana Oliveira, Sofia Mendes, Nuno Almeida, Cláudia Agostinho, Paulo Souto, Sandra Lopes, Ernestina Camacho, Francisco Portela, Carlos Sofia Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Introdução: A perfuração cólica pós-polipectomia constitui uma complicação major que, até há relativamente pouco tempo, era de resolução eminentemente cirúrgica. Embora fosse possível a tentativa de encerramento endoscópico de perfurações de pequenas dimensões, tal não era viável para perfurações de maior calibre. O sistema OTSC® (Over-The-Scope Clip) constitui uma solução técnica inovadora que poderá permitir a abordagem e resolução endoscópica de diversas complicações, incluindo perfurações major. Caso Clínico: Os autores apresentam o caso de um doente de 63 anos, sem comorbilidades, que foi referenciado para excisão endoscópica de pólipo volumoso, com cerca de 5cm, de superfície multilobulada, localizado no colon descendente. Após discussão das opções terapêuticas e riscos inerentes com o doente, optou-se pela polipectomia endoscópica. Foi efetuada injeção submucosa com soro fisiológico, adrenalina diluída e azul-de-metileno, seguida de remoção com ansa. Constatou-se de imediato a presença de uma perfuração, com cerca de 1cm de diâmetro, que foi encerrada por intermédio de um OTSC. O doente ficou internado sob antibioterapia de largo espectro e em pausa alimentar. Verificou-se uma boa evolução clínica, analítica e radiológica, com reintrodução da dieta ao 3º dia e alta hospitalar ao 7º dia de internamento. Conclusão: Este caso, documentado iconograficamente, demonstra a técnica, a utilidade e a eficácia do sistema OTSC no encerramento de perfurações cólicas de grandes dimensões. 40 REVISTA PORTUGUESA DE COLOPROCTOLOGIA | NOVEMBRO 2013