ESTUDO DE CASO 2003 MORADIAS CABO FRIO Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Londrina – PR Trabalho elaborado pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM para a Caixa Econômica Federal, no âmbito do Programa CAIXA Melhores Práticas de Gestão Local PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DA FAZENDA Antônio Palocci CAIXA ECONÔMICA FEDERAL PRESIDENTE Jorge Eduardo Levi Mattoso VICE-PRESIDENTE DE DESENVOLVIMENTO URBANO E GOVERNO – VIURB Aser Cortines Peixoto Filho DIRETOR DE PARCERIAS E APOIO AO DESENVOLVIMENTO URBANO – DIDUP Jorge Luiz de Souza Arraes GERENTE NACIONAL DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM DESENVOLVIMENTO URBANO – GEURB Beatriz Loureiro Cerqueira Lima SUPERINTENDENTE DO ESCRITÓRIO DE NEGÓCIOS CURITIBA NORTE Gueber Roberto Laux GERENTE GIDUR/REDUR Jorge Kalache Filho INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL SUPERVISÃO Marlene Fernandes COORDENAÇÃO Carlos Alberto Silva Arruda ASSISTENTES Bianca Coelho Nogueira Patrícia Azevedo de Oliveira ELABORAÇÃO DO ESTUDO DE CASO Alexandre do Nascimento Pedrozo REVISÃO Cláudia Ajúz DIAGRAMAÇÃO CLAN Design Agosto de 2003 PEDROZO, Alexandre do Nascimento Estudo de caso: MORADIAS CABO FRIO – arquitetura e desenho urbano, moradias diversificadas, Londrina – PR / Alexandre do Nascimento Pedrozo. Supervisão de Marlene Fernandes. Coordenação de Carlos Alberto Silva Arruda. - Rio de Janeiro: IBAM/CAIXA, 2003. 52 p.; 21,0 x 29,7cm 1. Arquitetura de habitações. 2. Habitações. 3. Planejamento urbano. I. Fernandes, Marlene (Sup.). II. Arruda, Carlos Alberto Silva (Coord.). III. Instituto Brasileiro de Administração Municipal. IV. Caixa Econômica Federal. 728 (CDD 15.ed.) Apresentação da CAIXA Este ESTUDO DE CASO faz parte de uma série de publicações voltadas para a divulgação das dez experiências premiadas pelo Programa "Caixa Melhores Práticas em Gestão Local" no ciclo 2001/2002. O principal objetivo dessa série é propiciar uma avaliação em profundidade das práticas premiadas, permitindo aqueles que têm interesse em desenvolver iniciativas similares, identificar e extrair o máximo da experiência contida nesses projetos bem-sucedidos. Nesta publicação, apresentamos a prática MORADIAS CABO FRIO – programa de habitação, que contempla, entre outras ações o redesenho do espaço urbano, otimizando o processo de ocupação em área inserida na malha urbana, em Londrina-PR, desenvolvido pela Companhia de Habitação do Paraná – COHAPAR, em parceria com a Prefeitura Municipal. A inovação no processo de planejamento e a preocupação com a qualidade da moradia propiciadas por essa prática, constitui-se em referência para os demais Municípios brasileiros. A CAIXA tem como missão promover a melhoria contínua da qualidade de vida em nossa sociedade, intermediando recursos e negócios financeiros de qualquer natureza, atuando, prioritariamente, no fomento ao desenvolvimento urbano, portanto, nos segmentos de habitação, saneamento e infra-estrutura, e na administração de fundos, programas e serviços de caráter social. Como uma de suas estratégias de atuação, é importante ressaltar que a CAIXA estabelece parcerias com instituições afins, visando sempre um produto comprometido com a qualidade. A partir desse compromisso esperamos, com esta publicação, estar disseminando as boas práticas brasileiras que estamos apoiando/financiando e, sobretudo contribuindo para o aperfeiçoamento das políticas sociais do nosso País. Outras publicações importantes para sua cidade e comunidade poderão ser encontradas no nosso site www.caixa.gov.br, opção download. Aser Cortines Vice-Presidente de Desenvolvimento Urbano e Governo Jorge Mattoso Presidente da CAIXA Apresentação pela Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas Para os Assentamentos Humanos, UN-Habitat É com grande satisfação que apresento esses estudo de caso sobre a experiência Londrina, no Brasil. O presente estudo faz parte de uma série de outros estudos e manuais voltados para a divulgação das lições aprendidas pelas Melhores Práticas Brasileiras. A Agenda Habitat, adotada em junho de 1996, convoca a todos para a documentação e a análise de melhores práticas como um dos principais meios de se monitorar condições, tendências e respostas emergentes oferecidas pelas políticas. Desde então, a comunidade internacional tem solicitado ao UN-Habitat e aos seus parceiros que apliquem as lições aprendidas das melhores práticas como base para a capacitação e a cooperação através do intercâmbio de conhecimentos, expertise e experiências práticas. A Caixa Econômica Federal (CAIXA) e o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) vêm demonstrando seus papéis de liderança neste esforço coletivo. Como parceiros de Best Practice and Local Leadership Programme do UN-Habitat, essas instituições estão suprindo a Região da América Latina e Caribe, assim como outras regiões, com valiosas lições aprendidas das experiências. A análise em profundidade da experiência do MORADIAS CABO FRIO em Londrina, que foi designada pelo UN-Habitat como uma das boas práticas do ano 2002 no âmbito mundial, deveria ser de particular interesse para todos os envolvidos com a implementação das Metas de Desenvolvimento Para o Milênio (Millennium Development Goals). Este estudo oferece subsídios para que se possa enfrentar as questões referentes à urbanização sustentável, redução de pobreza e a melhoria das condições de vida da população pobre urbana. Isto demonstra que objetivos estratégicos da Agenda Habitat – como parcerias e participação, descentralização e capacitação – podem ser aplicados de uma maneira holística trazendo benefícios tangíveis e duradouros para a população e suas comunidades. Demonstra também que o desenvolvimento sustentável está cada vez mais dependente do equacionamento de problemas como urbanização, boa governança urbana, e acesso à terra, à moradia e aos serviços básicos para a população pobre urbana. Com esta finalidade, os estudos de caso e manuais oferecem aos parceiros da Agenda Habitat, em todo o mundo, direções para o futuro. Anna Kajamulo Tibaijuka Diretora Executiva Programa das Nações Unidas Para os Assentamentos Humanos Apresentação A iniciativa do prêmio Melhores Práticas em Gestão Local, instituído em 1999 pela Caixa Econômica Federal, é parte do conjunto de ações institucionais que, historicamente, tem estimulado o desenvolvimento urbano e social, sobretudo pela aplicação de recursos em empreendimentos habitacionais, saneamento básico e melhoria das condições ambientais no Brasil. A assinatura da Agenda Habitat1, a experiência da Caixa Econômica Federal na solução de questões urbanas, bem como a perspectiva de premiação no Prêmio Global de Excelência em Melhores Práticas das Nações Unidas, fundamentaram a criação do prêmio em âmbito nacional. Para serem consideradas Melhores Práticas de Gestão, as iniciativas devem resultar em melhoria da qualidade de vida das pessoas e no desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos, ou seja, de vilas, cidades, metrópoles e demais aglomerações urbanas. A prática Moradias Cabo Frio, objeto deste estudo, se enquadra nestes requisitos e está inserida nas seguintes categorias, adotadas pelo "Best Practices and Local Leadership Programme" das Nações Unidas: , Categoria Arquitetura e Desenho Urbano. Abrange os projetos voltados à melhoria do uso e fruição dos equipamentos e espaços urbanos coletivos, destinados à moradia, saúde, educação, trabalho, lazer, recreação, turismo e esporte, que se destaquem por suas características estéticas, econômicas, de funcionalidade e adequação aos usuários e ao meio urbano. , Categoria Habitação. Abrange as experiências destinadas à melhoria das condições habitacionais e à redução dos déficits de moradia, em especial da população de baixa renda, incluindo a urbanização de favelas e de assentamentos precários. , Categoria Governança Urbana. Abrange as experiências destinadas à melhoria das condições de governabilidade das cidades que tenham sido conduzidas com eficiência, eqüidade, transparência e responsabilidade pública – atributos de boa governança. A elaboração do presente estudo de caso é parte da premiação da Caixa Econômica Federal que inclui a produção de materiais de divulgação e do apoio na inscrição ao Prêmio das Nações Unidas e foi desenvolvido no intuito de evidenciar 1 Compromisso internacional assumido pelo Governo brasileiro na Segunda Conferência das Nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos – Habitat II, junto com outros 170 países, com a finalidade de incorporar em suas políticas públicas os princípios do desenvolvimento sustentável. questões fundamentais para elaboração de projetos empreendimentos habitacionais de interesse social. de urbanização e O estudo foi realizado com base nas entrevistas realizadas, documentos existentes sobre a prática, observações no local e análises elaboradas durante os dois meses e meio de trabalho. Além das entrevistas com os profissionais diretamente responsáveis pela prática, vários técnicos e moradores foram entrevistados, contribuindo para o debate e a formulação de críticas essenciais para o estudo. O método utilizado para obtenção, cruzamento e comparação de variáveis considerou as diversas dimensões que qualificam o empreendimento como uma prática de referência, analisadas em diferentes escalas de abordagem. Desde a unidade habitacional produzida, do empreendimento habitacional e o conseqüente impacto de vizinhança e da cidade, considerando o empreendimento como parte da produção do espaço urbano local e sua relação com as necessidades habitacionais de Londrina, todas as informações obtidas foram organizadas em um quadro sistemático para posterior análise e elaboração de roteiro de entrevistas (ver Anexo II – Quadro de referência para pesquisa). A primeira parte do documento apresenta características do empreendimento e relevância em relação a seu universo físico, urbanístico, social e demográfico. Todas as informações e análises sobre o empreendimento foram organizados em dois momentos relevantes para a compreensão da prática: a concepção do projeto e a fase de implementação. A segunda parte do documento refere-se aos momentos iniciais de elaboração do projeto, incluindo um breve histórico do processo que combina as experiências anteriores da equipe responsável pela prática, que culminou no projeto do Moradias Cabo Frio. A terceira parte do documento corresponde ao processo de implementação, desenho final, execução das obras, processo de seleção dos moradores e o modo de gestão do empreendimento. Após o conhecimento e análise do processo de implantação, a quarta parte do documento apresenta uma avaliação da prática, de acordo com as seguintes variáveis: , , , , , Parcerias Resultados e impactos Sustentabilidade Liderança e fortalecimento da comunidade Gênero e inclusão social Por último, a conclusão do estudo de caso traz lições aprendidas, com base nas avaliações e críticas sobre as particularidades do empreendimento Moradias Cabo Frio, que o tornam uma prática de referência, permitindo sua replicação e contribuição para o aperfeiçoamento das políticas públicas de habitação e desenvolvimento urbano. Sumário 1- Caraterísticas da Prática Focalizada ........................................................ 9 1.1- Caracterização básica do projeto ................................................... 9 1.2- Importância do empreendimento ................................................... 9 1.3- Situação ....................................................................................... 10 2- Processo de Concepção do Projeto 2.1- Concepção de desenho ......................................................... 14 ................................................................. 15 2.2- Concepção financeira .................................................................... 19 2.3- Concepção de gestão do empreendimento e seleção do público-alvo .. 19 3- Processo de Implementação 3.1- Desenho implantado ................................................................... 21 ..................................................................... 21 3.2- Processo de seleção do público-alvo ............................................... 22 3.3- Processo de gestão ....................................................................... 23 4- O Projeto Segundo as Variáveis Estratégicas de Análise ........................... 27 4.1- O papel e o desempenho das instituições parceiras ........................ 27 4.2- Análise e avaliação de resultados e impactos .................................. 28 4.3- Avaliação da sustentabilidade segundo distintas dimensões de análise .... 30 4.4- Liderança e fortalecimento da comunidade ..................................... 31 4.5- Gênero e inclusão social ................................................................ 32 5- Conclusões ............................................................................................ 33 5.1- Institucionalidade e transparência .................................................. 33 5.2- Redistributividade 5.3- Diversificação ......................................................................... 34 .............................................................................. 35 5.4- Modo de produção do espaço urbano Referências Bibliográficas ............................................ 35 ............................................................................ 36 Anexos I- Ficha de Identificação do Estudo de Caso II- Quadro de Referência para Pesquisa ...................................................... 41 III- Mapa do Paraná – Localização de Londrina IV- Relatório Fotográfico V- .............................................. 38 ........................................... 46 ............................................................................ 47 Planilha de Financiamento Moradias Cabo Frio ....................................... 50 Responsável pelo Estudo de Caso Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM Largo do IBAM, n° 1 – Humaitá 22271-070 – Rio de Janeiro – RJ Telefone: (21) 2536-9797 – Fax (21) 2538-1613 E-mail: [email protected] Internet: www.ibam.org.br 1 Caraterísticas da Prática Focalizada 1.1 Caracterização básica do projeto O projeto Moradias Cabo Frio é parte integrante da política de habitação desenvolvida nos últimos oito anos pelo Governo Estadual do Paraná (gestão 19952002). Trata-se de um empreendimento habitacional inserido no Programa "Casa Feliz", promovido pela Companhia de Habitação do Paraná – COHAPAR. O Programa "Casa Feliz" inclui todas as unidades habitacionais produzidas no meio urbano pela COHAPAR, independente da tipologia, do públicoalvo, dos parceiros e das fontes de financiamento utilizadas. No caso do "Moradias Cabo Frio" trata-se de um empreendimento com unidades diversificadas (casas, sobrados e apartamentos) implantadas em várias etapas durante os anos de 1997 e 2001, no Município de Londrina. Ao todo foram implantadas 441 unidades habitacionais, financiadas pela Caixa Econômica Federal , através dos programas Crédito Associativo e PROCRED, utilizando saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) das famílias selecionadas. 1.2 Importância do empreendimento Londrina surgiu em 1929, como projeto da Companhia de Terras Norte do Paraná, aproveitando a concessão de terras iniciada pelo Governo Estadual com o objetivo de colonização e dinamização econômica do norte do Paraná. Desde sua fundação, o Município, impulsionado principalmente pela cafeicultura, manteve crescimento acelerado e constante, consolidando-se como um importante pólo econômico do Estado. Esta centralidade, juntamente com Maringá e os demais Municípios da mesorregião norte-central paranaense, configura a principal aglomeração urbana do Estado, cuja polaridade influencia, inclusive, a região de Dourados em Mato Grosso do Sul e a região de Presidente Prudente e Assis, em São Paulo. 9 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Tal centralidade explica a migração intensa e a concentração populacional que consolidou uma gama de funções que se aproximam às de Curitiba, tanto no atendimento de comércio, serviços e demais atrativos logísticos e culturais, quanto na complexidade de seus problemas urbanos, loteamentos precários, subutilização do solo, ocupações irregulares etc. O empreendimento se insere nesta dinâmica urbana, atendendo, de imediato uma pequena fração das necessidades habitacionais do Município. Portanto, sua relevância deve-se, não à quantidade de unidades geradas em relação à demanda existente, mas em relação à forma de implantação e gestão do empreendimento diante dos modelos de conjuntos habitacionais padronizados, construídos tanto em Londrina quanto nas demais cidades brasileiras. Neste sentido, atende parte da demanda que constitui o complexo problema habitacional na cidade, atingindo um público que, apesar de não ser caracterizado como principal excluído das relações econômicas formais, também encontra sérias dificuldades de inserção no mercado habitacional. 1.3 Situação O Município de Londrina está localizado no norte do Estado, mesorregião norte-central, com área total de 1.715,89km², tendo como malha urbana ocupada, uma área de 118,5km², e, ainda, como zona de expansão urbana, uma área de 119,79km². (ver Anexo III – Mapa do Paraná – Localização de Londrina). A área norte de Londrina, onde se localiza o empreendimento, é caracterizada por loteamentos precários frente aos demais bairros da cidade. Tratase de uma parte da malha urbanizada nos últimos dez anos, com ocupações fragmentadas, cuja aprovação e implantação avizinharam-se de outras glebas, com áreas que variam entre 100.000 e 500.000 metros quadrados, como é o caso do terreno de 208.284,44 metros quadrados onde foi implantado o Moradias Cabo Frio. O terreno, doado à COHAPAR antes do início da gestão responsável pela elaboração do Moradias Cabo Frio, está inserido contíguo a loteamentos que, até 1997, apresentavam baixo dinamismo imobiliário. Loteamentos populares limitados de um lado pela rede ferroviária e de outro pelo córrego Lindóia, fato que diminui a conexão desta região com as demais áreas da cidade e conseqüentemente diminui o valor e o interesse por imóveis na região. 10 1- Caraterísticas da Prática Focalizada NORTE MORADIAS CABO FRIO LINHA FÉRREA MARINGÁ BR - 369 SÃO PAULO acesso principal (4 km) CENTRO BR - 445 CURITIBA Ilustração 1 – Localização do Conjunto Moradias Cabo Frio Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina, 2003 11 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Planta de arruamento de Londrina Córrego Lindóia Moradias Tibagi - COHAPAR Moradias Cabo Frio - COHAPAR Jardim Imagawa - loteamento privado Rede Ferroviária Ilustração 2 – Foto aérea – localização do terreno Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina, 1997 Atualmente, segundo profissionais do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina, a região encontra-se dotada de infra-estrutura e equipamentos sociais, em condição similar aos demais bairros contíguos ao centro. 12 1- Caraterísticas da Prática Focalizada Ilustração 3 – Planta de equipamentos e serviços urbanos Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina, 2003 13 2 Processo de Concepção do Projeto A concepção do Programa Casa Feliz e as idéias essenciais apresentadas no Moradias Cabo Frio resultaram do acúmulo das experiências realizadas na Companhia de Habitação de Curitiba – COHAB/CT desde a década de 1980, com os programas de autoconstrução financiados pelo BNH. Com a mudança de gestão do Governo do Estado, em 1995, esta experiência foi transferida da companhia municipal para a estadual, uma vez que parte da diretoria da COHAB/CT foi incorporada ao quadro pessoal da COHAPAR. As experiências e resultados realizados pela equipe na gestão municipal respaldavam novas propostas de parceria com a Caixa Econômica Federal, facilitando os contatos e a construção de um novo desenho institucional para programa similar, agora no âmbito estadual. A arquitetura institucional foi idealizada pela equipe da COHAPAR no seguinte formato: 14 , Companhia de Habitação do Paraná – COHAPAR: agente promotor responsável pela dimensão técnica, definição do público-alvo e orientação geral do programa. Neste caso, a concepção geral, incluindo projeto urbanístico e planilha financeira ficou a cargo da equipe de Curitiba. O Escritório de Londrina ficou responsável pela seleção das famílias (em parceria com a Prefeitura Municipal) e pela implantação e monitoramento da obra. , Prefeitura Municipal de Londrina: responsável pela doação do terreno e pela definição de diretrizes urbanas. , Companhia de Saneamento do Paraná – SANEPAR: responsável pelo projeto de abastecimento de água e coleta de esgoto, bem como pela integração no sistema de Londrina. , Companhia de Energia Elétrica do Paraná – COPEL: responsável pelo projeto de distribuição de energia elétrica, bem como pela integração com o sistema local. , Caixa Econômica Federal: instituição responsável pelo financiamento, aprovação e contratação de empréstimos com o público-alvo. , Público-alvo: responsável pela gestão da construção das unidades habitacionais. 2- Processo de Concepção do Projeto O objetivo principal desta organização foi o de assegurar o financiamento e a orientação técnica necessários para que um bairro fosse produzido em pouco tempo, sem perder as características da produção do espaço urbano que ocorre no restante da cidade, ou seja, diversidade de formas e cores e, dentro do possível, diversidade cultural e de renda. O marco inicial do programa foi estabelecido com a assinatura de acordo de cooperação técnica entre o Estado e o Município para produção de empreendimentos habitacionais de interesse social. Tão logo o Município adquirisse ou identificasse terrenos com este potencial, seriam iniciadas a negociação e a avaliação da viabilidade do empreendimento. Neste momento seria debatido o conceito de ocupação de vazios urbanos, como ponto fundamental para convencimento e escolha de terrenos apropriados. Como em experiências anteriores, os terrenos inicialmente ofertados pelas Prefeituras seguiam a mesma lógica de ocupação periférica, ou mesmo, fragmentos isolados da malha urbana, com a justificativa do custo da terra. No caso do Moradias Cabo Frio, a negociação ocorreu de outra forma. O terreno já havia sido doado à COHAPAR na gestão do Governo Estadual (1991/1994), tendo inclusive um projeto de parcelamento pronto, não implantado, elaborado pela equipe da companhia. A Prefeitura entrou em contato com a diretoria da COHAPAR com o objetivo de reaver o terreno, fato que reiniciou o debate sobre propostas para o local. Com o início de gestão do novo Governo Estadual (1995/1998), o caso de Londrina foi identificado como potencial para servir de referência para os empreendimentos futuros da companhia. O projeto existente para a área foi descartado e a equipe de técnicos foi chamada para reelaborar o que deveria ser o projeto-modelo da COHAPAR. 2.1 Concepção de desenho Por ser definido como projeto-modelo, o desenho foi elaborado sob a responsabilidade de um dos arquitetos da COHAPAR, tendo, desde a concepção inicial até sua finalização, a participação crítica da diretoria da companhia. Quanto ao zoneamento, o terreno estava situado em área residencial e teve como restrição apenas a faixa de preservação permanente do córrego Lindóia, cujo desenho proposto assegurou sua conservação por meio da implantação de uma via que limitaria sua ocupação. 15 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Córrego Lindóia Área de preservação permanente Moradias Tibagi - COHAPAR Zona Residencial Moradias Cabo Frio - COHAPAR Jardim Imagawa - loteamento privado Rede Ferroviária Ilustração 4 – Mapa de zoneamento Fonte: Prefeitura Municipal de Londrina, 1997 A morfologia do terreno foi respeitada ao máximo, evitando grandes movimentações de terra e incorporando situações como o bosque existente e o fundo de vale como parte da paisagem planejada e áreas de preservação. O desenho do arruamento deu continuidade aos loteamentos do entorno, consolidando uma malha única e permeável. Os espaços públicos foram pensados considerando a criação de pontos de encontro e convivência para o bairro e considerando a demanda apresentada pela Prefeitura para implantação de equipamentos. Neste caso foi colocada pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento de Londrina, autarquia da Prefeitura Municipal, a necessidade de um espaço para implantação de escola municipal. 16 2- Processo de Concepção do Projeto LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO CÓ LIN RR DÓ EGO IA CÓ LIN RRE DÓ GO IA norte RUA norte IMPLANTAÇÃO DAS UNIDADES 18 RUA 15 RUA 17 RUA 16 RUA 14 RUA 13 RUA 12 RUA 11 RUA 10 RUA 09 RUA 02 RUA 01 RUA 08 RUA 07 PROLONG. AV. SUDÃO RUA 06 RUA 05 RUA 03 RUA 04 ER R LEGENDA OV IAR IA P/ CENTRO P/ CENTRO NT EF PR OL O VA RIA NG . RU AT AN GA NIC A VA RIA NT EF ER RO VIA RIA Reserva Técnica Área destinada ao Município Área de Preservação Ambiental Ilustração 5 – Planialtimetria e implantação das unidades. Fonte: COHAPAR - Companhia de Habitação do Paraná, 2003. 17 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas A forma de ocupação e as tipologias propostas foram definidas de forma a diversificar a paisagem, rompendo a monotonia dos bairros populares e conjuntos habitacionais. A proposta final apresentava apartamentos com dois, três e quatro pavimentos, com plantas de 45 a 55 metros quadrados; sobrados geminados com área de 53 metros quadrados; e residências com 44 e 55 metros quadrados. Ao todo foram gerados 294 lotes, contendo 269 casas, 14 sobrados e 158 apartamentos. Uma das intenções fundamentais do projeto era contrapor-se aos empreendimentos habitacionais do passado, cuja renda da família e, consequentemente, o tamanho da casa, definiam sua posição no loteamento, reproduzindo a distribuição, ou melhor, a segregação socioespacial do restante da cidade. As casas melhores, com valores de financiamento superiores, eram localizadas nos pontos mais altos, terrenos em melhores condições de construção ou melhor acesso a equipamentos, vias de importância etc. No caso deste projeto, as diferentes tipologias estariam dispostas aleatoriamente, independente da renda das famílias. A diversidade de paisagem proposta no projeto limitava-se inicialmente à escolha e à implantação (orientação e recuo) dos modelos de habitação elaborados pela COHAPAR (plantas de 44, 50 e 55m², sobrados de 53m² e apartamentos de 44 e 55m²), porém, o resultado final seria transformado constantemente pela variação de cores e esquadrias, alterações das plantas e coberturas das residências realizadas pelos moradores, além das intervenções nas fachadas dos condomínios, ou mesmo nas áreas públicas, incluindo as ações do Poder Público local (implantação de pontos de ônibus, equipamentos sociais etc.), que fugiriam do domínio do autor do projeto. Um bairro em permanente transformação (ver fotos em Anexo IV). As casas, sobrados e, principalmente, os edifícios tiveram orientação para implantação com o menor recuo possível das vias, permitindo o domínio do "olhar" das casas sobre a rua, ou seja, uma troca maior entre o público e privado. No caso dos edifícios, a legislação municipal teve de ser alterada, permitindo uma distância menor entre as edificações e conseqüentemente a otimização da infra-estrutura, sem desconsiderar a ventilação e a insolação necessárias. Em especial, no entorno do ponto de encontro, que deveria ser o "coração" do Moradias Cabo Frio, foi definida a implantação de edifícios e sobrados, envolvendo a praça com ritmo e cores diferentes, como se fossem elementos do partido arquitetônico. O bosque, aproveitando os eucaliptos existentes, deveria contribuir para a diversidade da paisagem, criando novo ponto de encontro e de troca. Após implantação, ao entrar na dinâmica da cidade, os usos em alguns lotes do empreendimento deveriam ser alterados de acordo com a demanda para comércio e serviços, fato que contraria a lógica dos conjuntos habitacionais, cujo desenho ou legislação municipal limita ao uso residencial, contribuindo para a fragmentação do espaço urbano pelo isolamento dos conjuntos residenciais do seu entorno. 18 2- Processo de Concepção do Projeto 2.2 Concepção financeira Na elaboração da planilha de financiamento, para todos os empreendimentos do Programa "Casa Feliz", o terreno não deveria ser contabilizado, possibilitando uma diminuição do valor final de financiamento. No caso do Moradias Cabo Frio, o terreno doado foi avaliado em 2001 em R$567.938,02 (quinhentos e sessenta e sete mil, novecentos e trinta e oito reais e dois centavos). Com o intuito de reproduzir a construção de um bairro, a diversidade foi pensada também na dimensão socioeconômica e no tempo de execução de cada unidade, tendo, como máximo, dez meses para finalização. Para atingir a diversificação pretendida, ficou definido inicialmente que o empreendimento deveria ser constituído por famílias com faixa de renda entre dois e oito salários mínimos, com prestações que deveriam variar entre R$65,00 e R$105,00, de acordo com os programas de financiamento da CAIXA (ver Anexo V – Planilha de Financiamento das Moradias Cabo Frio). Tal configuração, prevista dentro da faixa de dois a oito salários mínimos não ocorreu, conforme detalhado a seguir, no item 4.2. do Processo de Seleção do Público-alvo. No convênio assinado com a Caixa Econômica Federal, a COHAPAR, como agente organizador, seria responsável por antecipar os recursos às empreiteiras e mutuários. Logo após a medição das obras e serviços e aprovação da Caixa, os recursos do financiamento eram repassados à COHAPAR. 2.3 Concepção de gestão do empreendimento e seleção do público-alvo Com a finalidade de dinamizar o processo de seleção, a COHAPAR mantém, no Paraná, cadastro permanente de famílias interessadas em participar dos programas habitacionais, exceto em cidades onde a Prefeitura já possui cadastro, como é o caso de Londrina. Conforme item anterior, foi previsto um público-alvo com renda familiar entre dois e oito salários mínimos, limite estabelecido pelo modelo de financiamento proposto, determinando a diversidade de renda dos moradores selecionados. Na época, a Companhia de Habitação de Londrina – COHAB/LD, possuía um cadastro de aproximadamente 30.000 famílias, que deveria ser a base de seleção para o Moradias Cabo Frio. Os critérios para seleção prévia foram definidos a partir da planilha financeira (ver Anexo V). Neste caso o programa previa que a COHAPAR deveria 19 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas realizar a seleção prévia, juntamente com a Prefeitura e, em seguida, as fichas seriam encaminhadas à Caixa Econômica Federal para avaliação final. Após aprovação e contratação dos financiamentos, as famílias seriam divididas em grupos de aproximadamente 50 representantes para esclarecimento sobre o programa e orientações técnicas (escolha da planta, discussão sobre alterações, sugestão de materiais de construção etc.). Neste mesmo dia seriam assinados os contratos de financiamento, permitindo o início das obras. Durante toda a execução, a COHAPAR colocaria à disposição dos moradores um engenheiro e um mestre-de-obras que acompanhariam todas as obras, desde a infra-estrutura até a construção de cada unidade executada em sistema de autogestão. Além da orientação técnica, assistentes sociais eram responsáveis por esclarecer demais pontos do programa e acompanhar todo tipo de ocorrência e conflitos. O sistema de autogestão, reproduzindo as experiências da COHAB de Curitiba, previa o repasse de recursos aos moradores, com cheque da COHAPAR, em quatro fases distintas. Cada fase dependia do cumprimento da etapa anterior para novo repasse de recursos. Com orientação técnica do "engenheiro da família", os moradores contratavam pedreiros e outros profissionais de confiança, bem como escolhiam os materiais de construção, supervisionados pelos técnicos de plantão. Apenas no caso da infra-estrutura, dos edifícios e sobrados, devido à complexidade da obra, seriam contratadas empreiteiras. No caso dos condomínios (sobrados e apartamentos) seriam convidadas empresas da região para conhecer o programa e apresentar propostas de preço e método construtivo. Por se tratar de contrato direto, realizado pela associação de mutuários criada oficialmente para gerenciar o financiamento, de acordo com o programa Crédito Associativo da CAIXA, a contratação dispensaria licitação. O prazo previsto desde a assinatura dos primeiros contratos até a conclusão final da obra foi de três anos, prazo que acabou sendo ampliado para quatro anos por motivos que serão detalhados no próximo item. Após conclusão da obra e repasse das últimas parcelas, o empreendimento deveria ser incorporado pela Administração local, como parte do bairro, parte da cidade. Permanecendo apenas o vínculo com o agente financiador até a quitação dos imóveis. 20 3 Processo de Implementação A arquitetura institucional prevista, detalhada no item anterior, prevaleceu em todo o processo de implementação do empreendimento, não havendo qualquer problema de relacionamento interinstitucional. Cabe ressaltar que, inicialmente, houve uma recusa, por parte da equipe gestora da Caixa Econômica Federal, em relação aos procedimentos de autogestão, opções de projeto arquitetônico variados e a possibilidade de alteração durante a execução, defendidos pela COHAPAR. Vencida esta fase de negociação e convencimento, todos os demais procedimentos foram adotados conforme os demais processos de financiamento da Caixa Econômica Federal. Todas as fases de elaboração do projeto, bem como da construção eram negociados e aprovadas por todos os parceiros diretamente envolvidos (CAIXA, COHAPAR e Prefeitura Municipal de Londrina), cada qual com seu procedimento burocrático. No caso da escolha do terreno para o empreendimento cabe uma reflexão. De forma geral, de acordo com a concepção do programa, o terreno deveria representar área subutilizada da cidade, com infra-estrutura e serviços disponíveis. Tal escolha seria apresentada pelo Poder Público local e avaliada pela equipe da COHAPAR. O terreno em questão não foi selecionado por este perfil. Era o que estava disponível, de propriedade pública, e sua inclusão no programa ocorreu no momento em que a Prefeitura Municipal solicitou sua devolução. O terreno foi doado à COHAPAR em 1995 e sua devolução requerida em 1996, quando foram reiniciadas as negociações para o empreendimento em questão. 3.1 Desenho implantado Quanto à concepção de desenho, a troca de informações com o Instituto de Planejamento Urbano de Londrina permitiu o atendimento das diretrizes e reivindicações do Poder Público local, a exemplo do terreno solicitado para implantação da escola. 21 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas A única alteração relevante e não prevista na concepção da obra, ocorreu quanto à infra-estrutura exigida pelo Poder Público local. Durante a negociação para retomada do terreno por parte da Prefeitura Municipal, ficou acordado que todas as vias seriam pavimentadas com asfalto, como contrapartida pela doação. No projeto original as ruas seriam apenas pavimentadas com saibro. Em relação à legislação urbanística, a única restrição ocorreu devido aos parâmetros de ocupação, que limitavam a implantação dos edifícios como previsto. A parceria estabelecida entre a COHAPAR e a Prefeitura Municipal de Londrina e o fato do empreendimento ter caráter público e de interesse social, permitiram que a legislação de uso e ocupação do solo fosse alterada, aumentando taxa de ocupação e diminuindo o recuo entre as edificações para implantação de acordo com o projeto proposto. Além do parcelamento, desenho de arruamento e projeção das unidades de acordo com a volumetria proposta, foram sugeridas intervenções cuja execução deveria ficar a cargo da Prefeitura Municipal. Dentre elas, as mais significativas eram: , O bosque como ponto de encontro e espaço de lazer. , A praça circundada por edifícios e sobrados como ponto de referência, encontro e lazer do bairro. , A quadra para implantação da escola. , A arborização e desenho dos passeios, composto por caminho calçado por placas de cimento e grama. Apesar de não constarem na planilha das obras, todos estes projetos e detalhes foram elaborados com o intuito de ampliar a qualidade do empreendimento, além de facilitar a intervenção da Prefeitura. No entanto, passados dois anos, todos os espaços citados encontram-se abandonados e hoje são os principais motivos de reclamação dos moradores. Segundo os entrevistados, as áreas públicas tornaram-se pontos de encontro de marginais e de tráfico de drogas. O desenho proposto para as calçadas foi alterado devido à cultura local, tanto dos moradores quanto das obras realizadas pela Prefeitura, de impermeabilização total dos lotes e dos passeios, devido ao tipo de solo "vermelho" (latossolo roxo) cuja pigmentação dificulta a limpeza das construções e das roupas. 3.2 Processo de seleção do público alvo Conforme previsto pelo programa, o processo de seleção foi iniciado com uma consulta ao cadastro existente na COHAB de Londrina. 22 3- Processo de Implementação De imediato foram excluídas do processo as famílias com renda abaixo de quatro salários mínimos que, de acordo com os estudos da COHAPAR, não passariam pela avaliação da Caixa Econômica Federal. Segundo a gerente geral do escritório da COHAPAR em Londrina na época, os primeiros contatos foram iniciados com as famílias cadastradas na COHAB-LD que declaravam renda superior a quatro salários mínimos. À medida que eram realizados os contatos prévios, as famílias eram encaminhadas à Caixa Econômica Federal para avaliação. No total foram chamadas 3.000 (três mil) famílias. Destas, cerca de 200 tiveram seu cadastro aprovado pela Caixa. Por não atingir o número de famílias, nova divulgação foi feita, na televisão e jornais, com o objetivo de alcançar os 441 contratos. A procura pelo empreendimento gerou grande expectativa, que resultava em filas enormes a partir do escritório da COHAPAR, fato noticiado diversas vezes nos telejornais locais. Novamente era realizada seleção prévia e as famílias eram encaminhadas à CAIXA. O resultado entre a expectativa gerada e a aprovação do cadastro pode ser resumido numa relação de 1/10, ou melhor, uma família aprovada para cada dez famílias recusadas, mesmo declarando ter rendimentos acima de cinco salários mínimos. Na seqüência, o procedimento adotado pela CAIXA, foi a contratação dos mutuários em blocos de aproximadamente 50 famílias, à medida que eram aprovados os cadastros. O processo de seleção e contratação final resultou em um público formado, em sua maioria, por profissionais liberais e funcionários públicos com renda familiar acima dos cinco salários mínimos, cuja aprovação era condicionada à análise de risco de crédito-padrão da Caixa Econômica Federal. 3.3 Processo de gestão O processo de autogestão foi o fator essencial que, juntamente com o desenho urbano integrado, resultou nas mais diversas volumetrias e cores, alteradas a partir das plantas básicas elaboradas e apresentadas aos moradores pelos técnicos da COHAPAR. A organização e o envolvimento do público-alvo eram iniciados pela COHAPAR, sendo de inteira responsabilidade do escritório regional que agendava as reuniões com grupos de aproximadamente 50 pessoas, representantes das famílias selecionadas. 23 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Foram realizadas duas reuniões por grupo. Na primeira foram esclarecidas as questões gerais do programa, momento em que as famílias assinavam uma procuração dando poder à COHAPAR como agente responsável pelas obras e pelo repasse do financiamento. A segunda reunião era convocada com o objetivo de "início de obra". Nesta estavam presentes os técnicos responsáveis pela construção e os assistentes sociais, cujo papel foi fundamental para orientações e traduções dos termos técnicos utilizados. As orientações necessárias e muitas vezes reivindicadas pelas famílias na seqüência, ocorriam diretamente no canteiro de obras. É este o limite da participação dos moradores no empreendimento, ou seja, a participação, conforme prevista no programa, ocorreu na decisão sobre a planta da casa a ser financiada (cuja área varia de acordo com sua possibilidade de financiamento), as alterações de volumetria, cor, esquadria, acabamentos e demais detalhes construtivos, compra dos materiais de construção e a contratação de profissionais da construção civil, com a orientação, supervisão e aprovação do engenheiro e do "monitor da obra" (mestre-de-obras contratado pela COHAPAR). Importante ressaltar que nem todos os moradores se sentiam à vontade para decidir questões relativas à construção civil (alterações e tipo de materiais de construção a ser adquirido, profissional a ser contratado etc.). A maioria dos moradores ficava preocupada com a responsabilidade que deveriam assumir durante a construção das unidades, fato que era constantemente trabalhado pelas assistentes sociais durante as reuniões de esclarecimento. Mesmo assim, parte das famílias que foram entrevistadas, preferiu deixar para os técnicos da COHAPAR a decisão sobre planta e forma de implantação no terreno. Cabe afirmar que um dos fatores de sucesso deste processo de autogestão da unidade foi a troca de informações e intercooperação que ocorre entre as famílias. Em menor ou maior grau, uma experiência interfere na outra positivamente. Como resultado final, independente do grau de intervenção e contribuição dos técnicos da COHAPAR, nota-se que foram e vêm sendo incorporados continuamente elementos construtivos e paisagísticos pelos moradores, o que resulta em enorme sucesso quanto à diversidade arquitetônica idealizada pelos autores do programas. Quanto às demais formas possíveis de gestão participativa, apesar de não previstas no programa, partiu da iniciativa dos assistentes sociais do escritório da COHAPAR em Londrina o fomento à organização da comunidade em outras dimensões. Desde a organização dos condomínios, cujas relações sociais e acordos são necessários para um bom convívio até o debate sobre políticas públicas e responsabilidade do Estado, temas que poucos tinham experimentado debater. Neste processo, segundo alguns moradores, pode-se identificar grandes resultados. Da elaboração de regimentos dos condomínios ao atendimento de 24 3- Processo de Implementação reivindicações da comunidade, como, por exemplo, a expansão da linha de transporte coletivo passando pelas vias do Moradias Cabo Frio e a ampliação do serviço de coleta de lixo. Outro incentivo, não previsto originalmente no projeto, partiu dos assistentes sociais, fomentando a compra coletiva de materiais de construção. Embora limitado, o processo de participação da comunidade no gerenciamento das obras individualizadas foi o componente fundamental em relação ao tempo de execução da obra. As casas foram sendo construídas, cada qual com cronograma, técnica e ritmo estabelecidos pela família responsável, orientada diariamente pelo "monitor da obra". O limite de finalização das obras individuais era estipulado pelo contrato de financiamento, ou seja, dez meses, sendo que algumas casas foram construídas em tempo recorde de 30 dias, antes mesmo da infra-estrutura geral do loteamento. A média geral do tempo de execução das unidades habitacionais foi de oito meses. Cada morador contratou em média três profissionais (entre pedreiros, carpinteiros, eletricistas etc.), gastando de R$3.000,00 a R$5.000,00, valores que dependiam das possibilidades de cada família em investir recursos além do financiamento contratado. Segundo levantamento realizado com os moradores, 100% dos moradores investiram mais recursos do que o contrato estabelecia. As alterações e as melhorias poderiam ocorrer dentro do limite de área, aprovado conforme alvará de construção da Prefeitura. Só após a conclusão da obra financiada, retirada da última parcela e medição final da COHAPAR e da Caixa Econômica Federal é que os moradores puderam realizar ampliações da área construída. No caso dos edifícios, os mutuários associados deveriam escolher e contratar a construtora responsável por cada condomínio. Devido ao processo idealizado pela COHAPAR, era a própria companhia que representava os moradores, informalmente, na negociação e seleção das empresas. Foram chamadas várias construtoras da região para comparecer com propostas de técnica e custos de obra. No final das apresentações, sete empresas foram selecionadas e contratadas oficialmente pela figura jurídica dos associados para execução dos condomínios, sempre sob a supervisão dos técnicos da companhia e acompanhamento dos técnicos da Caixa Econômica Federal. Uma das dificuldades encontradas no processo de implantação foi a execução conjunta das obras gerais de infra-estrutura do empreendimento com as obras individualizadas das unidades habitacionais. Logo após a assinatura dos contratos com a Caixa Econômica Federal, 25 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas foram iniciadas, simultaneamente, conforme estipulado pelo contrato, as obras de infra-estrutura e das unidades habitacionais. Cada unidade apresentava cronograma e número de trabalhadores diferenciados, criando um verdadeiro "formigueiro" em obras. Segundo técnicos da COHAPAR, em certas etapas da obra foram estimados 3.000 operários trabalhando diariamente. Durante este processo intenso de construção, era comum ocorrer diversos conflitos entre as empreiteiras contratadas, os pedreiros contratados individualmente, ou mesmo entre as famílias. Todos estes conflitos pontuais causados pela dinâmica das obras simultâneas eram resolvidos, dependendo do caso, conjuntamente pelo engenheiro responsável, pelo mestre-de-obras e pelas assistentes sociais que circulavam diretamente nos diversos canteiros de obras. Segundo o engenheiro civil da COHAPAR, responsável pela obra durante os últimos meses de construção, o cronograma previsto foi alterado apenas por questões de clima, período prolongado de chuvas e por causa da rescisão de contrato de uma das empresas contratadas para execução da infra-estrutura. Na seqüência, um novo processo de licitação foi aberto e as obras foram terminadas sem qualquer problema. Somando este fato aos atrasos por motivos climáticos, o cronograma foi ampliado em 12 meses, sendo a obra concluída em 2001. 26 4 O Projeto Segundo as Variáveis Estratégicas de Análise 4.1 O papel e o desempenho das instituições parceiras O estabelecimento claro das responsabilidades no empreendimento foi fator fundamental para os resultados alcançados (descritos nos itens seguintes). Os acordos de cooperação técnica previamente estabelecidos permitiram negociações e aprovações dinâmicas, resultados também da boa relação entre os técnicos das instituições envolvidas. Os conflitos durante as negociações políticas entre Governo do Estado e Governo Municipal, que, muitas vezes, aparecem como entrave no tempo de aprovação etc., ficaram limitados ao tipo de infra-estrutura exigido como contrapartida da doação do terreno. Esta relação muitas vezes é condicionada pela relação política em outra dimensão (partidária, por exemplo) acima da qual os técnicos poderiam intervir. Uma questão relevante dentro das parcerias estabelecidas diz respeito aos procedimentos burocráticos, no sentido originário da palavra, comuns a todos os programas que a CAIXA desenvolve no país, como agente financeiro oficial no mercado habitacional. As ações da instituição que consolidaram sua capacidade fiscalizadora para aprovação e liberação de recursos, foram fundamentais para o desenvolvimento do projeto. No entanto, estes procedimentos podem ser considerados como limitantes na execução de programas similares, principalmente em relação à análise de risco de crédito realizada. É possível afirmar, com base nos últimos estudos realizados em Londrina (relatório para inclusão no Programa Habitar Brasil-BID), que grande parte das famílias que não tiveram seu cadastro aceito está pagando aluguéis que variam de R$100,00 a R$350,00, muitas vezes em ocupações irregulares, sem endereço formal. Esta equação entre o endereço e a ocupação formal ou informal e o potencial de endividamento dos moradores é um dos grandes desafios das políticas públicas de habitação. Um ponto potencial foi a experimentação permitida pela Caixa Econômica Federal ao ser proposto o sistema de autogestão. Os resultados conseguidos, comparados a empreendimentos padronizados com custo similar, tornam evidente a 27 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas importância de parcerias que influenciem nos processos internos de cada entidade participante. Além da autogestão da unidade, as demais parcerias estabelecidas informalmente com a comunidade envolvida, diretamente ou no entorno do empreendimento, também foram imprescindíveis. Casos como a compra coletiva de materiais de construção, restaurantes informais durante a obra e tantas outras formas imprevistas ocorreram naturalmente, podendo, em caso futuro, fazer parte do programa elaborado oficialmente, com a identificação destes novos parceiros. É importante ressaltar a autonomia da equipe local da COHAPAR que, além das responsabilidades estabelecidas oficialmente, avançou em ações de fomento à organização comunitária. No momento em que 80% das unidades estavam implantadas, foi iniciado um processo intenso de organização comunitária e debates sobre política públicas e organização dos condomínios. Neste momento foram identificadas lideranças por quadras que participavam de reuniões de capacitação promovidas pelas assistentes sociais. Segundo as assistentes sociais da COHAPAR e alguns moradores entrevistados, pode-se considerar esta atitude como uma grande lição que potencializou a organização local. Atualmente, sem o apoio direto e a assistência social da companhia, a presidente da associação reclama a participação mais efetiva da comunidade, fato comum aos demais bairros da cidade, ou seja, trata-se de uma postura política comum aos demais cidadãos de Londrina e não a um resultado negativo do processo de gestão. 4.2 Análise e avaliação de resultados e impactos Em relação às metas e aos objetivos colocados na concepção do projeto, pode-se afirmar que foram alcançados na sua totalidade, considerando os conceitos gerais definidos pelos autores do programa. O principal objetivo, a construção de um bairro em contraponto aos guetos e "ilhas" que têm dominado as paisagens urbanas contemporâneas, é extremamente positivo enquanto referência para outros desenhos e programas habitacionais. Pode-se ainda afirmar que houve uma gama de resultados positivos não previstos, principalmente em relação à dinâmica urbana. Houve uma dinamização imobiliária que se estendeu aos loteamentos vizinhos. Segundo agentes imobiliários que atuam na região, todos os empreendimentos privados do entorno passaram por um período de aquecimento na comercialização. É possível afirmar que a qualidade do empreendimento Moradias Cabo Frio contribuiu para a boa imagem do bairro. 28 4- O Projeto Segundo as Variáveis Estratégicas de Análise Empreendimentos como o Jardim Imagawa, contíguo ao Moradias Cabo Frio, tiveram a venda de seus imóveis acelerada com a construção em andamento. Segundo os moradores vizinhos, durante a obra eram notados a qualidade das edificações e o padrão de construção que seria estabelecido, muitas vezes utilizados como propaganda positiva pelos corretores imobiliários. Neste sentido o Cabo Frio acabou tornando-se referência de ocupação devido ao desenho e às tipologias adotadas. O comércio do bairro, principalmente as pequenas lojas de material de construção, foi beneficiado diretamente pelo empreendimento. Segundo os comerciantes entrevistados, as obras privadas ou públicas de porte similar geralmente concentravam suas compras em poucos estabelecimentos comerciais localizados no centro da cidade ou mesmo em outros Municípios. Na dimensão ambiental, o empreendimento buscou o menor impacto possível, com pouca movimentação de terra, incorporando elementos de paisagem como o bosque de eucaliptos, implantação de outras áreas públicas (independente das exigências da legislação local) e delimitação da área de preservação permanente do córrego Lindóia, com faixa de acordo com o Código Florestal. Como complemento à qualidade ambiental do empreendimento foram identificadas e sugeridas várias espécies de árvores para as vias internas, cujo porte atual já agrada os moradores locais e do entorno. O sistema de coleta e tratamento de esgoto foi solucionado de duas formas, de acordo com a situação dos imóveis. Ligação à rede geral da cidade para os lotes individualizados e construção de fossas sépticas para os condomínios. Na dimensão social nota-se que o incentivo à autogestão, mesmo que limitada às unidades isoladas, além do impacto quanto à diversidade na paisagem, amplia o exercício de cidadania fortalecendo a responsabilidade e a organização dos participantes. Sobre a integração socioespacial, as opiniões dos vizinhos evidenciam os impactos positivos. Nenhum dos entrevistados nos bairros vizinhos conseguiu identificar os limites dos três empreendimentos contíguos, Moradias Tibagi e Moradias Cabo Frio (ambos da COHAPAR) e o Jardim Imagawa (empreendimento privado), devido à integração alcançada. O processo de gestão elaborado como modelo, bem como os princípios de desenho e produção de espaço urbano integrado, está incorporado nas ações e discursos de todos os técnicos da COHAPAR envolvidos. O impacto na cultura projetual e de assistência social dos funcionários também deve ser considerado como extremamente positivo. Quanto aos impactos negativos levantados, acredita-se tratar de uma reprodução das relações sociais da cidade e não de uma falha de concepção ou da implantação do empreendimento. 29 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Um exemplo disto é o alto índice de criminalidade do local, incluindo furtos, arrombamentos etc., comparado aos demais loteamentos do entorno. Este índice merece uma análise mais apurada, porém, pode inicialmente ser explicado pela seguinte reflexão feita pelo responsável por estas ocorrências no bairro (funcionário do 5º Distrito Policial de Londrina): por estar inserido em uma região com padrão popular, o Moradias Cabo Frio, devido ao seu padrão construtivo e a renda média familiar acima dos demais empreendimentos da região, ficou extremamente visado por criminosos que atuam na área. O resultado desta criminalidade explica outro fator que chama a atenção como uma distorção dos objetivos do empreendimento. Um grande número das unidades residenciais está à venda, já foi vendido ou está locado por terceiros. Neste caso, a integração social pretendida não ocorreu, permanecendo uma utopia, pois quem pode pagar por um território mais seguro muda-se para outros bairros. A maior crítica ao empreendimento diz respeito a uma das hipóteses geradoras desta dinâmica imobiliária. A faixa de renda atendida, entre cinco e doze salários mínimos, apesar das restrições do mercado formal, encontra solução para suas necessidades habitacionais nos empreendimentos privados, como é o caso de várias famílias que se retiraram do local para outros financiamentos ou aluguel em outros bairros, sem se desvincular da propriedade no Moradias Cabo Frio. Pode-se afirmar que algumas famílias, com o passar do tempo, identificaram no programa de financiamento, uma forma de investimento imobiliário e que algumas podem ter participado, desde o início do cadastramento, com esta intenção. Alguns imóveis que são financiados pelo programa com valores entre R$11.000,00 e R$13.000,00 estão sendo comercializados por valores três vezes maiores. Em contrapartida, as famílias que substituem ou tornam-se os novos inquilinos possuem renda familiar formal inferior à exigida pelo programa. Para esta faixa de renda, os programas públicos de habitação existentes continuam ocorrendo de forma assistencialista. 4.3 Avaliação da sustentabilidade segundo distintas dimensões de análise Conforme descrito no item 5.2. a sustentabilidade ambiental do projeto foi atendida na medida em que foram buscados os menores impactos possíveis. Tanto nos recursos hídricos, devido à drenagem e saneamento projetado, quanto na morfologia do terreno e no conforto ambiental permitido pelo desenho e implantação das edificações e áreas públicas. Quanto à organização social, o processo de autogestão, somado às iniciativas da equipe de assistência social, permitiu e incentivou o exercício político 30 4- O Projeto Segundo as Variáveis Estratégicas de Análise dos moradores, fato que amplia consideravelmente o senso crítico e o poder reivindicatório da comunidade na disputa desigual por recursos públicos. Esta questão é fundamental para avaliação sobre a inserção do empreendimento na cidade. Esperava-se que, após a conclusão das obras de responsabilidade do Estado, o Município incorporasse as áreas públicas, agora de propriedade do Município, como parte da cidade. No momento, todas as áreas públicas do Cabo Frio, doadas ao Município, estão abandonadas, podendo significar incapacidade por parte da Prefeitura em melhorar as áreas de lazer em toda a cidade. De qualquer maneira isto demonstra a importância da ocupação de vazios que otimize a infra-estrutura e os serviços públicos e a necessidade de organização comunitária para participar ativamente na "arena" política de definição de prioridades de investimentos e políticas públicas. Nas demais dimensões que constituem a análise sobre sustentabilidade, são evidentes os limites das intenções do projeto frente à lógica das relações sociais dominantes. Por mais que se busque a integração social das famílias, com diversas situações de renda, logo que o empreendimento foi finalizado, o Moradias Cabo Frio é integrado a dinâmica do restante da cidade. As famílias continuam seu processo de movimentação espacial de acordo com sua renda, condicionados pelo mercado imobiliário formal e informal, representado pela comercialização intensa das unidades geradas. Esta talvez seja a mostra mais perversa da lógica que desafia as políticas públicas de habitação. Em relação ao dinamismo econômico proporcionado durante a implantação do empreendimento, pode-se considerar como referência a distribuição dos benefícios de uma intervenção deste porte. Por mais que ocorra um resfriamento das atividades econômicas, o impacto das obras e serviços foi distribuído entre os diversos atores e estabelecimentos do entorno. De maneira geral a avaliação sobre a sustentabilidade do projeto deve ser realizada em comparação com empreendimentos de porte similar, executados isoladamente e distantes da malha urbana. Nesta comparação, a prática do Moradias Cabo Frio apresenta resultado superior em relação à sustentabilidade dos assentamentos urbanos. 4.4 Liderança e fortalecimento da comunidade Conforme tratado anteriormente, o fortalecimento da comunidade, bem como a potencialização de lideranças locais não foi colocado como objetivo oficial. Todo o procedimento de fomento ocorrido neste sentido foi idealizado durante o 31 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas processo, por parte da equipe local da COHAPAR, cujo resultado alcançado pode ser avaliado como extremamente positivo e fundamental para a sustentabilidade de práticas similares. Devido a esta mobilização inicial antes mesmo da conclusão do empreendimento a associação de moradores já estava formada e atuando em reivindicações fundamentais para integração desta comunidade à cidade. A linha de ônibus reivindicada foi conseguida após confirmação de que a densidade e demanda local permitiam sua ampliação. Toda a comunidade do entorno foi beneficiada. No momento a associação de moradores tem apresentado para diversas entidades seu projeto prioritário, ou seja, a construção de um centro comunitário para eventos, assembléias etc. 4.5 Gênero e inclusão social O programa não previu atendimento específico a grupos considerados socialmente vulneráveis. Ao definir os critérios de seleção para o empreendimento ficou evidente que as famílias atendidas fazem parte de uma parcela da comunidade considerada classe média de Londrina, com rendimentos que permitem um mínimo de segurança e estabilidade financeira. O grau de organização e mobilização desta comunidade é compatível com as demais comunidades com a mesma renda, distribuídas em outros bairros de Londrina, não podendo ser considerada como uma situação social de desvantagem. Comparada à situação do entorno, a população selecionada pode ser considerada em melhores condições socioeconômicas. Em relação às questões de gênero também não ocorreu qualquer ação ou impacto específico. Neste tema, cabe levantar o papel fundamental assumido pelas mulheres como críticas e monitoras das questões relacionadas às políticas públicas. Dimensão geralmente levantada pelo público feminino nas reuniões da comunidade, devido à responsabilidade direta sobre a saúde e a educação da família. 32 5 Conclusões As lições obtidas do estudo de caso do Moradias Cabo Frio foram sistematizadas dentro de quatro perspectivas: , , , , Da institucionalidade e da transparência; Da redistributividade, por tratar-se de política com recursos públicos; Da diversificação; Do modo de produção do espaço urbano. 5.1 Institucionalidade e transparência O desenho institucional previamente estabelecido, cuja responsabilidade definida para cada parceiro foi seguida à risca, manteve de forma objetiva a alocação de recursos sem privilégios, evitando a forma clientelista e personalizada comum a empreendimentos habitacionais de interesse social. As famílias beneficiadas, mesmo sendo consideradas em situação privilegiada em relação à demanda emergencial que compõe o déficit habitacional de Londrina, tiveram seu cadastro aprovado por condições de renda e pela análise de risco de crédito do principal agente financeiro, a Caixa Econômica Federal. Esta mesma arquitetura institucional e procedimentos adotados tornaram transparentes os critérios e as decisões tomadas. Embora a participação dos moradores tenha sido limitada à atividade de autogestão das unidades isoladas, foi garantido o livre acesso à informação e principalmente, aos custos do empreendimento como um todo. O processo de concepção e implementação do projeto aproveitou e ampliou a capacidade dos técnicos envolvidos, principalmente da COHAPAR, e provocou debate interno sobre a ocupação de vazios urbanos como fundamental para a otimização da infra-estrutura urbana e o desenvolvimento sustentável das cidades. Além de atender o objetivo de construir novo modelo de urbanização e gestão das construções, incorporando a experiência na COHAPAR, o processo 33 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas permitiu outras iniciativas e sugestões do quadro pessoal que alimentaram a elaboração dos demais projetos do Governo Estadual na região. Pode-se concluir que os procedimentos adotados pela direção da COHAPAR foram prontamente incorporados pelos profissionais dos escritórios locais, permitindo ao mesmo tempo uma padronização das ações e autonomia suficiente dos técnicos na tomada de decisões durante a implantação dos empreendimentos. Destaca-se a importância fundamental da montagem da equipe, incluindo profissionais com experiência em participação comunitária, bem como no fomento da organização social. Durante as entrevistas com assistentes sociais da COHAPAR foi comprovada a demanda existente entre os moradores, devido a situações que não estão ligadas diretamente ao empreendimento (alcoolismo, drogas, brigas entre vizinhos), mas interferem no seu tempo, qualidade e apropriação do projeto, bem como nas relações futuras de vizinhança. Independente do programa oficial, ocorreram várias iniciativas, principalmente dos profissionais responsáveis pela assistência social, que ampliaram a integração entre os moradores e destes com os vizinhos. Mesmo após a inauguração do empreendimento e entrega das últimas unidades, vem sendo realizadas reuniões sobre legislação, aspectos referentes aos condomínios e demais temas pertinentes, fomentadas pelas assistentes sociais ou reivindicadas pela comunidade. 5.2 Redistributividade No caso da redistributividade dos recursos públicos cabem uma crítica e uma lição fundamental. Entende-se que a seleção do público-alvo deve se basear em critérios objetivos das necessidades habitacionais, com prioridade para as famílias de baixa renda e necessariamente com aporte de recursos subsidiados. O público atendido pela prática, diferente da condição inicialmente planejada, foi composto por famílias com renda acima de cinco salários mínimos, fato que contribuiu para a dinâmica especulativa dos imóveis. Segundo levantamento realizado no empreendimento, parte dos imóveis foi vendida e alugada para famílias que, de acordo com a renda, não se enquadram no sistema oficial de financiamento. Famílias que teriam maior prioridade no atendimento de suas necessidades habitacionais via políticas públicas estão substituindo os moradores cadastrados originalmente. Neste sentido deve-se buscar uma forma de atendimento às famílias de menor renda, base do déficit habitacional, assegurando a permanência destas como contraponto a lógica de segregação do mercado imobiliário privado. 34 5- Conclusões 5.3 Diversificação A combinação de linhas de financiamento, desenho, tipologias e faixas de renda distintas, atende à perspectiva de diversificação como fundamento para construção de um bairro integrado, ampliando significativamente os impactos positivos dos empreendimentos habitacionais de interesse social, principalmente em relação à apropriação e à valorização destes resultados pelas famílias diretamente atendidas e pela vizinhança. A valorização dada pelos moradores aos seus imóveis, devido a sua participação direta no resultado arquitetônico, foi considerada pelos técnicos da COHAPAR como um dos fatores da baixa inadimplência em comparação a empreendimentos padronizados. 5.4 Modo de produção do espaço urbano No caso do conflito identificado entre as obras de infra-estrutura e as obras individualizadas (do processo de autogestão), todos os técnicos envolvidos diretamente com as obras sugeriram cronograma de execução independente. Iniciando execução completa da infra-estrutura para execução posterior das unidades habitacionais. É na produção do espaço urbano que o empreendimento apresenta a lição mais expressiva, demonstrando que o custo da terra não justifica o isolamento de conjuntos habitacionais e a conseqüente criação de guetos urbanos. A ocupação de vazios urbanos é extremamente viável para sustentabilidade das cidades. Destaca-se, ainda, o potencial de programas similares com unidades habitacionais diversificadas, incluindo a implantação de lotes urbanizados e demais equipamentos sociais. Neste caso a integração socioespacial pode e deve ser potencializada com a combinação de subsídios e demais instrumentos urbanísticos, com ênfase para o Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/01), que promovam a democratização do acesso a terra e a organização comunitária para gestão urbana. 35 Referências Bibliográficas BARATTA, Tereza Cristina B. (Coord.). Termo de referencia para elaboração de estudos de caso; Programa Caixa Melhores Práticas de Gestão Local. Rio de Janeiro: IBAM/CAIXA, 2000. BEM Morar – Casa Feliz. Revista Bem Morar. Curitiba, COHAPAR, 1999. CADERNO estatístico município de Londrina. Curitiba: IPARDES, 2002. DÉFICIT habitacional Brasil 2000. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 2001. GUSSO, Divonzir. Monitoração e avaliação de projetos. 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Bookman: Porto Alegre, 2001. 36 ANEXOS 37 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas ANEXO I Ficha de Identificação do Estudo de Caso Identificação da prática Título CABO FRIO – Moradias Diversificadas Localização Rua Tanganica, s/nº – Bairro Jardim Imagawa/Zona Norte de Londrina – Município de Londrina – PR – Brasil – CEP: 86.080-000 Objetivos Principais e Secundários O principal objetivo do projeto Moradias Cabo Frio, definido por seus autores (diretoria e demais técnicos da Companhia de Habitação do Paraná – COHAPAR), foi a construção de uma referência de empreendimento e política habitacional, incluindo, além do atendimento imediato da demanda por habitação no Estado, inovação na forma de gestão e de produção do espaço urbano, como contraponto à característica massificada dos conjuntos habitacionais produzidos nas últimas décadas. O contraponto seria representado pelo resultado final da paisagem construída, devido à integração do empreendimento à malha urbana, à diversificação das tipologias (número de pavimentos, parâmetros de uso e ocupação) e à liberdade de desenho de cada unidade habitacional, sem que isto representasse aumento do custo ou atraso na execução, frente a unidades padronizadas, ou seja, nas palavras do diretor técnico responsável pelo programa: "fazer um bairro e não um conjunto habitacional". Por ser o primeiro empreendimento de grande porte com tal intenção, outro objetivo colocado foi a apropriação desta metodologia por parte dos técnicos da COHAPAR, tanto em Curitiba quanto nos demais escritórios do interior. Instituição responsável pela iniciativa COHAPAR – Companhia de Habitação do Paraná Endereço: Bairro: Município: UF: CEP: Pais: Telefone: Fax: E-mail: Web Site: Contato: Tipo: 38 Rua Marechal Deodoro, n.º 1.133 Centro Curitiba PR 80.060-010 Brasil 55- 021- 41- 362-1929 55-021-41- 263-4376 [email protected] http://www.pr.gov.br/cohapar/ Rosângela Curra Kosak Empresa de economia mista Anexos Instituições parceiras Caixa Econômica Federal (CAIXA) Rua: Bairro: Município: UF: CEP: Pais: Telefone: FAX: E-mail: Web Site: Contato: Tipo: José Loureiro, n.º 195 – 6º andar Centro Curitiba PR 80.010-000 Brasil 55-021-41- 321-1600 55-021-41- 321-1618 [email protected] http://www.caixa.gov.br Gueber Roberto Laux Governo Federal (Instituição Financeira) Prefeitura Municipal de Londrina Rua: Bairro: Município: UF: CEP: Pais: Telefone: FAX: E-mail: Web Site: Contato: Tipo: Duque de Caxias, n.º 635 Centro Cívico Bento Munhoz da Rocha Londrina PR 86.015-901 Brasil 55-021-43-372-4000 55-021-43-342-1197 [email protected] http://www.londrina.pr.gov.br Nedson Luiz Micheleti Autoridade Local Principais metas a serem atingidas , Financiamento para produção e comercialização de 441 unidades habitacionais diversificadas, com desenho urbano integrado à malha existente, estabelecendo um marco para gestão de futuros empreendimentos habitacionais nas cidades de porte médio do Paraná. , Ocupação de vazio urbano com empreendimento integrado, tanto espacialmente quanto às relações sociais da cidade. , Descentralização na gestão dos recursos para construção e na decisão sobre o desenho final das unidades habitacionais, diminuindo o tempo de execução e aumentando a qualidade das obras individualizadas. , Geração de, no mínimo, três novos postos de trabalho por unidade habitacional, durante a execução do empreendimento. , Diversificação do desenho urbano e das características socioeconômicas das famílias atendidas. , Valorização e incentivo ao empreendedorismo e à responsabilidade das famílias na execução do empreendimento. 39 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Recursos financeiros mobilizados ITEM R$ Compra do terreno* 0,00 Construção das unidades habitacionais 5.982.139,80 Infra-estrutura 967.968,00 Despesas cartoriais 82.677,67 Projetos 19.067,39 Total 7.051.852,86 fonte: COHAPAR 2003 Recursos financeiros aportados segundo fonte e programa PROGRAMA FONTE Credito Associativo CAIXA 2.149.305,38 Poupança dos mutuários PROCRED CAIXA Programa Próprio R$ 473.990,72 2.494.587,93 Poupança dos mutuários 387.618,74 COHAPAR 223.300,00 CAIXA 194.399,86 poupança dos mutuários COHAPAR 58.937,17 – Total 5.982.139,80 Total aportado pela CAIXA 4.838.293,17 Fonte: COHAPAR 2003 Características básicas do responsável pelo Estudo de Caso 40 Nome da Instituição: Ambiens Sociedade Cooperativa Pessoa responsável: Alexandre do Nascimento Pedrozo Endereço: Travessa Oliveira Bello, 80/1004 – Curitiba – Paraná Telefone: 55-41-233-6058 Fax: 55-41-233-7002 E-mail: [email protected] Anexos ANEXO II Quadro de Referência para Pesquisa Quadro de referência para pesquisa ITEM a. Questão habitacional, contexto b. Localização ESCALA ELEMENTO CONSTITUINTE (INDICADORES) ELEMENTO CONSTITUINTE (DETALHAMENTO) OBSERVAÇÃO ENTREVISTADO – – – – – – – , dados socioeconômicos – – , relação entre nº de CIDADE, ESTADO, PAÍS CONJUNTO, CIDADE c. Social CONJUNTO 1. Qualidade das unidades habitacionais UNIDADE HABITACIONAL famílias atendidas pelo empreendimento, déficit habitacional de Londrina (escolaridade, idade, gênero, ocupação e emprego) , origem das famílias – , acessibilidade – , saneamento básico – , materiais e técnicas – habitabilidade , implantação da – unidade habitacional em relação às vias públicas projetadas, inclinação do terreno etc. – , técnicos da Prefeitura Municipal; autores e gestores do projeto empregados , condição de – técnicos da Prefeitura Municipal; autores e gestores do projeto; moradores , comparação entre projeto original e projeto modificado pelas famílias , moradores , insolação e ventilação , implantação da – , nº de cômodos x nº de – unidade habitacional em relação às divisas – pessoas 41 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Quadro de referência para pesquisa (continuação) ITEM 2. Paisagem urbana ESCALA CONJUNTO ELEMENTO CONSTITUINTE (INDICADORES) CONJUNTO OBSERVAÇÃO , diversidade de unidades (que evitem unidades a estigmatização do conjunto habitacional como empreendimento popular segregado; gueto; padronização; homogeneização) ENTREVISTADO , tipologias das , diversidade das , desenho urbano , sistema viário , INTEGRAÇÃO , autores e gestores do , desenho urbano , sistema viário do , sistema viário do , autores e gestores do , arborização/ , arborização/ , autores e gestores do construções CIDADE ELEMENTO CONSTITUINTE (DETALHAMENTO) empreendimento paisagismo do empreendimento empreendimento paisagismo do empreendimento , autores e gestores do projeto / moradores (percepção) projeto / moradores projeto / moradores projeto / moradores/ , áreas públicas e lazer , áreas públicas e lazer , autores e gestores do – projeto e situação 3. Estrutura urbana CIDADE , drenagem – , sistema de esgoto – , abastecimento de – água 42 projeto / moradores , sistema de drenagem , autores e gestores do integrado à cidade, projeto / moradores impactos de drenagem do empreendimento, movimentação de terra e ligação com as redes de drenagem do entorno , observar coleta ou lançamento direto no fundo de vale – , autores e gestores do projeto / moradores , autores e gestores do projeto / moradores Anexos Quadro de referência para pesquisa (continuação) ITEM ESCALA 4. Serviços e equipamentos urbanos ELEMENTO CONSTITUINTE (INDICADORES) , transporte coletivo , qualidade de , bacia hidrográfica – , simpactos de CONJUNTO , cursos d'água locais – CIDADE , ecossistema (fauna, – , atividades econômicas – , geração de trabalho e – CIDADE , coleta de lixo CIDADE CIDADE CONJUNTO CIDADE CONJUNTO renda / público-alvo / custo final da unidade , custo de urbanização – , inadimplencia / – % da renda utilizada para o pagamento do financiamento ENTREVISTADO , técnicos da Prefeitura transporte em relação Municipal às demais áreas da , autores e gestores do cidade. Freqüência, projeto / moradores distância dos pontos, qualidade dos pontos equipamentos de , acesso a equipamentos , autores e gestores do saúde / equipamentos sociais. Em projeto / moradores de educação / lazer, comparação com local esporte e cultura de origem e restante da cidade. demanda por equipamentos do entorno, novos equipamentos implantados no empreendimento – – , autores e gestores do projeto / moradores flora) / geomorfologia / local de origem 6. Financeira e econômica OBSERVAÇÃO – (alterações de linhas, fluxos) , equipamentos sociais , 5. Dimensão ambiental ELEMENTO CONSTITUINTE (DETALHAMENTO) drenagem de cada unidade, movimentação de terra e ligação com a rede de drenagem do empreendimento , qual a intervenção em relação aos cursos d'água. Preservação, recuperação etc. , recuperação de áreas degradadas , relação entre as condições da moradia, localidade e acesso as atividades econômicas (comércio, serviço, trabalho) – , técnicos , técnicos , técnicos , autores e gestores do projeto / moradores , autores e gestores do projeto / moradores , comparação entre os , autores e gestores do custos do projeto e projeto urbanização da cidade , inadimplência x % da , moradores renda utilizada para o financiamento 43 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Quadro de referência para pesquisa (continuação) ITEM 7. Organização social ESCALA CONJUNTO ELEMENTO CONSTITUINTE (INDICADORES) ELEMENTO CONSTITUINTE (DETALHAMENTO) – , participação (em – , participação (em – CIDADE , organização – , organização – , gênero e inclusão – , critério de seleção das – , auto-estima – – , moradores , relação de vizinhança – – , vizinhança , moradores , exercício da cidadania, , moradores , projeto integra o – , projeto, internamente, – – , autores e gestores do conjunto habitacional nas relações urbanas de Londrina ou reforça a segregação socioespacial (relação território x renda) socioespacial (ou socioterritorial) apresenta características de integração social ou reproduz a segregação socioespacial. Ex: diferenças entre parte de cima e junto ao fundo de vale. social e cultural (etnia e gênero) projeto – famílias beneficiadas 44 projeto / moradores exigências, co-gestão , reivindicações socioespacial (ou socioterritorial) CONJUNTO , fortalecimento da organização comunitária (local) relação às atividades políticas do Município) 7. Social , forma de participação, , autores e gestores do em que nível/momento participou das decisões/elaboração do empreendimento? relação às atividades comunitárias do conjunto habitacional) CIDADE ENTREVISTADO , participação (em relação ao projeto Moradias Cabo Frio) CONJUNTO OBSERVAÇÃO , autores e gestores do projeto Anexos Quadro de referência para pesquisa (continuação) ITEM 8. Parcerias ESCALA ELEMENTO CONSTITUINTE (INDICADORES) ELEMENTO CONSTITUINTE (DETALHAMENTO) OBSERVAÇÃO , objetivos de cada – – , recursos investidos ($, – , responsabilidade e – , benefícios – parceiro x objetivo geral do projeto – , CAIXA / COHAPAR / PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA / OUTROS – gestão (nas três etapas) , CAIXA / COHAPAR / PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA / OUTROS – , CAIXA / COHAPAR / PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA / OUTROS , assessoria técnica aos , suficiente orientação – , integração – – , comércio – , entre famílias – técnica para projeto / suficiente orientação técnica para construção , responsáveis técnicos / moradores interinstitucional beneficiadas , CAIXA / COHAPAR / PREFEITURA MUNICIPAL DE LONDRINA / OUTROS rh, materiais, logística, conhecimento, outros...) moradores ENTREVISTADO , técnicos da Prefeitura Municipal e do Governo Estadual , família beneficiada , moradores, autores e , interação e apoio , moradores, autores e com comércio de materiais de construção entre os moradores gestores do projeto gestores do projeto 45 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas ANEXO III Mapa do Paraná – Localização de Londrina Fonte: Secretaria de Estado de Transportes, 1996 46 Anexos ANEXO IV Relatório Fotográfico Fachadas 47 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas Bosque de eucalipto existente Atividade comercial – bar e lanchonete Espaço previsto para ponto de encontro (“coração” do empreendimento) limitado por sobrados e edifícios de 4 e 2 pavimentos Sobrados 48 Sobrados Anexos Edifícios de 2 e 3 pavimentos Edifícios de 2 e 3 pavimentos Edifícios de 2 e 3 pavimentos Edifícios de 2 e 3 pavimentos Edifícios de 2 e 3 pavimentos Edifícios de 2 e 3 pavimentos 49 Cabo Frio – Arquitetura e Desenho Urbano – Moradias Diversificadas ANEXO V Planilha de Financiamento Moradias Cabo Frio Moradias Cabo Frio – planilha financeira – resumo geral CRÉDITO ASSOCIATIVO FASE 1 TOTAL DE UNIDADES Nº de unidades 140 UNIDADES COM 50m 50m 2 0 UNIDADES COM 55m 55m 2 95 45 Valor da obra 1.755.389,18 11.825,13 14.044,48 Financiamento CAIXA 1.395.834,29 9.537,46 10.883,89 359.554,89 2.287,67 3.160,59 Encargo mensal menor 140 65,67 75,37 Encargo mensal maior 1.755.389,18 66,82 76,11 Encargo mensal médio 140 66,17 75,64 Renda familiar exigida 1.755.389,18 360,00 360,00 Poupança dos mutuários CRÉDITO ASSOCIATIVO FASE 2 TOTAL DE UNIDADES Nº de unidades UNIDADES COM 44m 44m 2 UNIDADES COM 50m 50m 2 UNIDADES COM 55m 55m 2 68 65 2 1 Valor da obra 867.906,92 12.779,64 11496,98* 14.236,36 Financiamento CAIXA 753.471,09 11.132,64 9.479,73 10.890,03 Poupança dos mutuários 114.435,83 1.647,00 2.017,25 3.346,33 Encargo mensal menor 93,16 70,53 81,02 Encargo mensal maior 93,16 70,53 81,02 Encargo mensal médio 93,16 70,53 81,02 Renda familiar exigida 372,63 360,00 360,00 PROCRED CONDOMÍNIOS Nº de unidades 50 UNIDADES COM 44m 44m 2 TOTAL DE UNIDADES UNIDADES COM 44m 44m 2 UNIDADES COM 55m 55m 2 UNIDADES COM 52m 52m 2 172 79 79 14 Valor da obra 2.524.400,00 13.500,00 16.000,00 13.850,00 Financiamento CAIXA 2.064.000,00 12.000,00 12.000,00 12.000,00 Poupança dos mutuários 237.100,00 1.200,00 1.500,00 1.700,00 Recursos financeiros da COHAPAR 223.300,00 300,00 2.500,00 150,00 Encargo mensal menor 104,74 104,74 104,74 Encargo mensal maior 104,74 104,74 104,74 Encargo mensal médio 104,74 104,74 104,74 Renda familiar exigida 720,00 720,00 720,00 Anexos Moradias Cabo Frio – planilha financeira – resumo geral (continuação) PROCRED CASAS TOTAL DE UNIDADES Nº de unidades UNIDADES COM 55m 55m 2 42 42 Valor da obra 581.106,67 13.835,87 Financiamento CAIXA 430.587,93 10.252,09 Poupança dos mutuários 150.518,74 3.583,78 Encargo mensal menor 84,29 Encargo mensal maior 85,01 Encargo mensal médio 84,60 Renda familiar exigida 400,00 COHAPAR RECURSOS PRÓPRIOS Nº de unidades TOTAL DE UNIDADES UNIDADES COM 44m 44m 2 UNIDADES COM 55m 55m 2 UNIDADES COM 52m 52m 2 19 19 Valor da obra 13.333,53 Financiamento da COHAPAR 10.231,57 Poupança dos mutuários 3.101,96 Encargo mensal menor 84,19 Encargo mensal maior 84,29 Encargo mensal médio 84,24 Renda familiar exigida 400,00 * O fato da planilha apresentar o custo das unidades com 50m2 abaixo do custo das unidades de 40 m2, é devido à data de comercialização. Segundo funcionário da COHAPAR responsável pelas planilhas, as unidades de 50m2 foram comercializadas no início do empreendimento. 51