Yumara Vasconcelos Doutora em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Contabilidade pela Fundação Visconde de Cairu (FVC). Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL). Escritora. Possui grande experiência na coordenação acadêmica de cursos a distância, dirigindo projetos nessa modalidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas Conceito de Patrimônio O patrimônio das entidades constitui objeto da Contabilidade e compõese dos seguintes elementos: bens, direitos e obrigações. É por meio da análise do status do patrimônio que os gestores contam com informações importantes para o suporte à tomada de decisão. Especificamente, o produto contábil auxilia no gerenciamento adequado dos recursos disponíveis, na realização e consecução do planejamento, na apuração do resultado (lucro ou prejuízo), no controle de gastos e na prevenção contra erros e fraudes. Como se vê, a contribuição da Contabilidade para a gestão das entidades é inquestionável. A Contabilidade cumpre uma relevante função nos diagnósticos empresariais, posto que sua finalidade (propósito para a qual é mantida) consiste em prover os usuários de informações úteis acerca do patrimônio das entidades, ensejando adequada administração. Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nele ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e variação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. (VELTER; MISSAGIA, 2007, p. 2) Crepaldi (2008, p. 18) conceitua Contabilidade considerando suas funções na entidade: A Contabilidade é um ramo do conhecimento humano que trata da identificação, avaliação, registro, acumulação e apresentação dos eventos econômicos de uma entidade, seja ela industrial, financeira, comercial, agrícola, pública etc., com o objetivo final de permitir a tomada de decisão por seus usuários internos e externos por meio de seus sistemas de informação. Usuários da informação contábil Como se vê, o campo de atuação da Contabilidade é o das entidades, independente da natureza ou finalidade, servindo aos diferentes segmentos empresariais. O público das informações contábeis é variado. Esse público é denominado de usuários da informação contábil. Existem usuários internos e externos às entidades (quadro 1). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 53 Estrutura patrimonial e plano de contas Usuários Internos Gestores Sócios ou acionistas controladores Usuários Externos Acionistas não controladores Instituições financeiras Fornecedores Clientes Governo Sindicatos Sociedade em geral Yumara Vasconcelos. Quadro 1 – Usuários da Contabilidade Cada usuário tem seus objetivos. Essa diversidade de objetivos requer o conhecimento do modelo decisório de cada usuário (IUDÍCIBUS, 2000). A Contabilidade possui um amplo campo de aplicação. O usuário compreende qualquer pessoa, física ou jurídica, com necessidade de conhecer e/ou de manter registros das variações patrimoniais. Para Crepaldi (2008, p. 15): O campo de aplicação da Contabilidade é o das entidades econômico-administrativas, também chamadas de aziendas. São aquelas que, para atingirem seus objetivos, sejam eles econômicos ou sociais, utilizam bens patrimoniais e necessitam de um órgão administrativo, que pratica os atos de natureza econômica necessários a seus fins. O quadro 2 apresenta diferentes usuários, seus objetivos e tipo de informação contábil de que necessita. Usuários da informação contábil 54 Meta que desejariam maximizar ou tipo de informação mais importante Acionista minoritário Fluxo regular de dividendos Acionista majoritário ou com grande participação Fluxo de dividendos, valor de mercado da ação, lucro por ação Acionista preferencial Fluxo de dividendos mínimos ou fixos Emprestadores em geral Geração de fluxos de caixa futuros suficientes para receber de volta o capital mais os juros, com segurança Entidades governamentais Valor adicionado, produtividade, lucro tributável Empregados em geral, como assalariados Fluxo de caixa futuro capaz de assegurar bons aumentos ou manutenção de salários, com segurança e liquidez Média e alta administração Retorno sobre o ativo, retorno sobre o patrimônio líquido; situação de liquidez e endividamento confortáveis Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br (IUDÍCIBUS, 2000, p. 21) Quadro 2 – Usuários da informação contábil Estrutura patrimonial e plano de contas Utilidade da informação contábil O governo, na verdade, é um dos mais exigentes usuários da Contabilidade, afinal ela constitui instrumento essencial à prática de arrecadação, uma vez que precisa acompanhar a geração de resultado das empresas (tributável). Ferreira (2004, p. 3) destaca: Uma das principais preocupações da legislação que rege as sociedades anônimas é a proteção aos acionistas não controladores. Os controladores têm o poder de nomear os administradores, que irão agir de acordo com os interesses daqueles. Ocorre que muitas vezes os interesses dos controladores são conflitantes com os interesses dos não controladores. Para os acionistas não controladores, as informações contábeis são um instrumento importante na fiscalização da atuação dos controladores. A Contabilidade cumpre desta maneira, em sua função de informar, uma função social. As funções da Contabilidade podem ser estruturadas em três categorias: função administrativa, econômica e social, embora as duas primeiras sejam mais enfatizadas. Aspecto qualitativo Evidenciação Aspecto quantitativo Quantificação (expressão monetária) Yumara Vasconcelos. O controle sobre o patrimônio possui duplo aspecto: qualitativo e quantitativo. Qualitativo porque requer a identificação dos itens patrimoniais e quantitativo porque demanda a valoração desses itens (figura 1). Figura 1 – Aspectos do patrimônio. Função da Contabilidade A função administrativa se verifica no controle que proporciona análise das variações e nas atividades de planejamento das operações da entidade. A função econômica diz respeito ao conhecimento do desempenho das entidades. A Contabilidade entrega aos seus usuários uma leitura da performance empresarial. A função social se manifesta na medida em que contribui decisivamente para a continuidade das entidades. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 55 Função administrativa Controle patrimonial e planejamento Função econômica Apuração e avaliação do desempenho Yumara Vasconcelos. Estrutura patrimonial e plano de contas Figura 2 – Enfoque das funções administrativas e econômicas. A descontinuidade de uma organização influencia o status da comunidade, provocando desemprego, mudanças e, em alguns casos expressivos, uma queda no nível de consumo local. Quanto maior o encadeamento produtivo, maiores serão os efeitos da descontinuidade. Por essa razão é que, na medida em que contribui para a longevidade das organizações, a Contabilidade cumpre uma função social. Essa é igualmente a justificativa pela qual alguns autores a denominam de célula social. Processo contábil Dados Notas fiscais, laudos, contratos, comprovantes de depósito, extratos bancários etc. Tratamento de dados O sistema de informações contábeis organiza esses dados, produzindo informações potencialmente úteis. Evidenciação de informações Yumara Vasconcelos. O patrimônio das entidades pode ser gerenciado com propósitos diversos, lucrativos ou não, mas sempre conservando sua inequívoca função social. Para consecução de seu papel, a Contabilidade identifica os elementos patrimoniais e respectivo valor e trata esses dados, produzindo informação (figura 3). Relatórios comunicando informações de interesse, especialmente desempenho. Figura 3 – Processo contábil. A Contabilidade apresenta técnicas que organizam essa base de dados, culminando em informações relevantes à tomada de decisão. 56 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas A Contabilidade emprega técnicas próprias ou procedimentos para registrar, controlar e acompanhar as variações dos itens patrimoniais. Técnicas contábeis São quatro as técnicas contábeis (figura 4): escrituração; demonstração; auditoria; Yumara Vasconcelos. análise das demonstrações. Fatos contábeis Escrituração Elaboração de demonstrações Análise de demonstrações Auditoria Figura 4 – Técnicas contábeis. A escrituração compreende os procedimentos de registro ou lançamentos dos fatos contábeis. A demonstração corresponde à evidenciação do desempenho da entidade. Existem diferentes formas de demonstrar esse desempenho, dando formato aos diferentes relatórios contábeis. A técnica de análise das demonstrações promove a interpretação do conteúdo reportado, evidenciado nas demonstrações. A técnica de auditoria verifica a aderência aos princípios contábeis. As técnicas obedecem à estrutura patrimonial determinada pelas normas contábeis. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 57 Estrutura patrimonial e plano de contas A Contabilidade ontem era A Contabilidade hoje tende a ser Histórica Futurística Preocupava-se bastante com os dados do passado. Seus produtos finais eram os inventários correntes dos diversos itens patrimoniais e a análise de como foram formados. Está sempre preocupada com o presente e principalmente com o futuro das operações e de seus resultados sobre o patrimônio das organizações. Os produtos finais, embora ainda contemplando os dados do passado, incorporam em maior quantidade dados provisionais. Obrigatória Opcional A maior parte de suas funções é opcional. EsTinha que ser feita em todos os seus aspectos. sas funções somente são realizadas quando houver necessidade por parte da gerência. Sintética Analítica Preocupa-se mais com os componentes e segSeu objeto era a organização como um todo. mentos da organização. Os desdobramentos somente aconteciam sob A Contabilidade divide-se em quantos coma forma de razonetes auxiliares. ponentes e segmentos a gerência determina. Perspectiva Prática Preocupa-se com a velocidade da informação. Seus dados podem ter precisão relativa. Preocupava-se exageradamente com a perfeita exatidão dos dados de controle e medição. A perfeição, se necessária, vai depender das finalidades para as quais os dados estão sendo preparados. Independente Dependente Integra-se a todas as demais funções da orgaBastava-se a si mesma, na maioria dos casos. nização. Colhia os dados, manipulava-os de forma in- Seu funcionamento depende dos dados que dependente. deve receber de todas as outras funções da empresa. Jurídica Quantitativa Preocupava-se muito com os aspectos legais das transações. Apesar de ser uma ciência que trabalha com números, seus executores se preocupavam em mostrar a face jurídica das operações de que resultavam as expressões monetárias. Os dados monetários e não monetários recebem tratamento matemático e estatístico. Preocupa-se em mostrar a correspondência entre os resultados expressos em dados quantitativos e as decisões que foram tomadas. 58 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br (CREPALDI, 2008, p. 18-21.) A importância da Contabilidade e suas técnicas, para a administração do patrimônio da entidades, é inequívoca. Mas, nem sempre essa foi a imagem da Contabilidade. Crepaldi (2008, p. 18-21) compara a imagem da Contabilidade, ontem e nos dias atuais. Estrutura patrimonial e plano de contas A Contabilidade ontem era A Contabilidade hoje tende a ser Legalista Gerencial Mantém relações estreitas com as disciplinas da área das ciências sociais aplicadas, com as disciplinas do comportamento, com as disciMantinha relações muito estreitas com as displinas das áreas quantitativas, especialmente ciplinas jurídicas. Matemática e Estatística, e com as disciplinas Seus dados e informações destinavam-se pri- das Ciências da Informática. meiramente às necessidades externas. Seus dados são organizados para prestar informações aos diversos níveis gerenciais internos. Ciência Ciência, Arte e Técnicas Ainda que se preocupe com seu embasamento teórico que lhe dá o status de Ciência, usa os princípios científicos com muita arte quanPreocupava-se muito em mostrar-se como do participa das atividades de planejamento e Ciência, dispondo de fundamentos e princípios tomada de decisão. que constituem um corpo independente. Parece muito com uma técnica apurada quando prepara informações que se destinam ao controle e à determinação da rentabilidade do patrimônio. Monetária Monetária e não monetária Somente manipulava dados monetários. A convenção do denominador comum monetário era um de seus fundamentos. Os relatórios de saída eram preparados com base em dados monetários. Além de manipular e apresentar dados monetários, tem usado, cada vez mais, dados não monetários físicos, quantitativos e operacionais. Seus relatórios gerenciais de informações preocupam-se em apresentar indicadores baseados em dados não monetários. Controlista Informativa O controle dos itens patrimoniais era sua principal preocupação. Entre todas as funções da Administração, a função de Controle era seu campo de atuação. Sua principal preocupação é manter a gerência bem informada a respeito de todas as operações internas e da influência da conjuntura externa do ponto de vista econômico, financeiro, legal e administrativo. Restritiva Abrangente Restringia-se mais especificamente aos itens patrimoniais constantes no Balanço Patrimonial. Restringia-se aos dados registrados nos livros contábeis. Envolve todas as áreas da organização. Seu campo de aplicação é amplo, podendo atuar em todas as funções empresariais e manipular os dados do ambiente externo. Rígida Flexível Mantinha-se fiel aos seus procedimentos básicos e aos seus princípios. Não se adaptava às condições específicas, não rotineiras e diferenciadas de alguma proposta ou programa empresarial. Mantendo-se ainda fiel aos seus compromissos teóricos, amolda-se às necessidades gerenciais do momento e de qualquer área ou função da organização, mesmos que essas necessidades sejam específicas e eventuais. Mantém-se fiel aos princípios e técnicas das funções operacionais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 59 Estrutura patrimonial e plano de contas A Contabilidade ontem era A Contabilidade hoje tende a ser Não integrada Integrada A preocupação com a manipulação das unidades monetárias fazia com que envolvesse apenas as operações que pudessem ser traduzidas em valores monetários. Os dados financeiros constituíam seu principal objeto. Há grande interdependência entre a Contabilidade e as demais funções porque se utiliza de dados não monetários. Ela está presente em qualquer função empresarial desde a industrial até a comercial. Fechada Aberta Trabalhava os dados, organizava-os, produzia informações quase que para seu uso próprio para atender à preocupação pela função de controle. Muitas vezes, tinha-se a impressão de que era um fim em si mesma. Seus dados são divulgados amplamente. Sua função é servir de centro de informações para os níveis gerenciais que quiseram receber seu auxílio. Constituiu-se num meio, num instrumento usado por todos os segmentos empresariais. Estática Dinâmica Seu forte apego às rotinas, às convenções e aos princípios constituía um grande obstáculo a sua transformação para adaptar-se a novas situações. Gastava-se demasiado tempo para se chegar a uma transformação. O mundo moderno com transformações aceleradas e frequentes precisa de uma Contabilidade sem obstáculos, que possa adaptar-se rapidamente às novas necessidades. Muitos dos princípios, convenções e restrições podem ser adaptados às novas exigências, permitindo transformar a Contabilidade num instrumento valioso de administração. Ramos da Contabilidade A classificação da Contabilidade em ramos tem finalidade didática. Estes ramos não são independentes, e sim, interligados. Esta divisão também enseja o aperfeiçoamento de técnicas de aplicação específicas na Contabilidade. O objeto da Contabilidade é único, o patrimônio, mas pode ser estudado sob diferentes olhares e perspectivas dando vazão a áreas especiais de estudo e interesse. A Contabilidade conta com áreas como: Contabilidade geral; Contabilidade de custos; Contabilidade pública; Contabilidade gerencial; Contabilidade fiscal; 60 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas Contabilidade atuarial; auditoria contábil etc. Composição patrimonial O patrimônio das entidades, ilustrado na figura 5, compõe-se dos seguintes elementos: bens; direitos; obrigações. Patrimônio - Bens e Direitos Yumara Vasconcelos. Esses elementos devem ser avaliáveis economicamente, independente de sua natureza. “Patrimônio é o conjunto de bens materiais e imateriais, direitos e obrigações avaliáveis em moeda e vinculados à entidade pela propriedade, posse ou controle, dos quais a mesma possa dispor no desenvolvimento de seus negócios.” (SANTOS et al, 2003, p. 63) - Obrigações Figura 5 – O patrimônio. Ativo Ao conjunto de bens e direitos de uma entidade atribui-se o nome de ativo. Assim, são exemplos de ativos: recursos em caixa; recursos em bancos; mercadorias para compor estoque; máquinas e equipamentos; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 61 Estrutura patrimonial e plano de contas direitos autorais; móveis e utensílios etc. A característica essencial de um ativo é a potencialidade inerente de produzir benefícios; dito de outra forma, sua utilidade. Qual o potencial de serviço do ativo? “A característica fundamental é sua capacidade de prestar serviços futuros à entidade que os controla individual ou conjuntamente com outros ativos e fatores de produção, capazes de se transformar, direta ou indiretamente, em fluxos líquidos de entradas de caixa.” (IUDÍCIBUS, 2000, p. 142) Os ativos contribuem direta ou indiretamente para a geração de caixa. Representam meios à disposição da administração para operação da entidade e são essenciais ao seu funcionamento. Decorrem, geralmente, de transações correntes e passadas com terceiros, mas podem ser gerados pela própria entidade. Podem, por exemplo, ser constituídos por meio de esforços empreendidos de pesquisa e desenvolvimento e por fatores não necessariamente relacionados a transações com o mundo exterior. Embora alguns ativos não produzam caixa de forma direta, proporcionam melhores condições para a entidade. Bens inseridos no patrimônio da entidade por doação também são ativos, do mesmo modo que aqueles desenvolvidos na entidade também o são. Os ativos possuem outras características: são de propriedade, posse ou controle da entidade e de direito exclusivo. A propriedade diz respeito ao domínio sobre o bem, por parte do proprietário. A posse se relaciona ao usufruto por parte do adquirente, o qual terá restrições de uso. Passivo O passivo representa o capital de terceiros (volume de recursos comprometidos com terceiros). Compreende as obrigações a pagar da entidade e independe do seu desembolso para ser reconhecido. Os passivos represen- 62 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas tam valores reclamados contra a entidade, correspondendo, portanto, a uma expectativa de sacrifício financeiro (sacrifícios futuros prováveis). Sua análise é crucial para adequada avaliação patrimonial. Assim, são exemplos de passivo: tributos a recolher; salários a pagar; encargos sociais; fornecedores etc. O passivo é composto pelos compromissos de uma entidade. Representam exigibilidades (reclamos contra a entidade, ou seja, contra seus ativos). Uma exigibilidade apresenta as seguintes características: diz respeito a fatos ou eventos já ocorridos a serem pagos em data futura. Exemplo: o provisionamento de indenizações. O evento que gerou a referida provisão já aconteceu, embora a exigibilidade legal aconteça apenas no futuro. Outro exemplo é o registro dos tributos a recolher e salários a pagar. O fato gerador das obrigações necessariamente relaciona-se a fatos ocorridos. O momento de contabilização ou reconhecimento depende da ocorrência desses eventos. De fato, a obrigação embora exista no momento atual, surgiu de um evento passado derivando, por exemplo, da aquisição de bens ou serviços ou de perdas incorridas; toma por base valores exatos ou estimados desde que baseados em cálculos provisionais ou atuariais. Provisionar um passivo significa reconhecer o que se deve. Iudícibus (2000, p. 147) alerta: É preciso tomarmos cuidado, mais uma vez, com os itens a serem incluídos nas exigibilidades. Por exemplo, não é correto incluir o salário a pagar dos funcionários por seu serviço a ser ainda prestado no futuro, embora seja quase certo que farão. Da mesma forma, colocar como passivo obrigações pelo pagamento de bens e serviços a serem adquiridos no futuro também não é adequado, ainda que derivantes de contratos já assinados, pois comprador e vendedor ainda não desempenharam os serviços, havendo, portanto, um direito incondicional de compensação (...) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 63 Estrutura patrimonial e plano de contas Quando o passivo estiver relacionado a processos judiciais contra a entidade, se o valor for material, deve-se destacar o fato em notas explicativas, para conhecimento do usuário da informação, mesmo se tratando de um “valor provável”. É importante fazer a diferença entre exigibilidade normal e exigibilidade contingente. Se o valor da provisão for estimável (valor provável) e existir elevada probabilidade de perda da causa, verifica-se uma exigibilidade normal. Se o valor da provisão for de difícil estimativa e se não houver perspectiva quanto ao resultado do processo, o contador deverá evidenciar a informação descritivamente apenas em notas explicativas, classificando-a como exigibilidade contingencial. A obrigação normal tem seu valor conhecido ou pelo menos, estimável e sua exigibilidade é certa. A exigibilidade contingencial apresenta dificuldades de avaliação e sua exigibilidade é incerta, dependendo de outros fatores. Patrimônio Líquido O patrimônio líquido representa a diferença entre ativo e passivo. O ativo, passivo e patrimônio líquido compõem a equação patrimonial. Equação patrimonial: ativo – passivo = patrimônio líquido Passivo Ativo Patrimônio líquido Aplicações Capital de terceiros Capital próprio Figura 6 – Equação patrimonial. Fontes Yumara Vasconcelos. O patrimônio líquido é também denominado de situação líquida. A situação líquida é também denominada de capital próprio. Considerando os ativos como aplicações de recursos e o passivo e patrimônio líquido como fonte destes, tomando por base a premissa de que toda aplicação tem uma ou mais origens (fontes), podemos ilustrar graficamente a equação patrimonial como segue na figura 6. Observando-se a expressão gráfica da equação patrimonial, podemos visualizar didaticamente o método de partidas dobradas, que de forma objetiva comunica que uma aplicação não existirá sem que exista uma ou mais fontes. 64 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas Situação líquida O patrimônio pode apresentar diferentes estados. Passivo Ativo Patrimônio líquido Yumara Vasconcelos.. Situação líquida positiva, favorável ou superavitária É a situação mais frequente, ou seja, mais comum. Existindo cobertura dos ativos, a situação líquida é considerada positiva. Quanto maior o patrimônio líquido, tanto melhor será para a entidade. Ativo Patrimônio líquido Yumara Vasconcelos.. Situação líquida plena ou de propriedade total dos ativos É uma situação comum somente nos momentos iniciais do negócio, diria até “imediatamente após a constituição da entidade”. Esse momento inicial coincide com a integralização do capital inicial pelos sócios. Inexistem dívidas porque as operações estão gradativamente ganhando corpo. Situação líquida negativa, desfavorável ou deficitária Ativo Patrimônio líquido Passivo Yumara Vasconcelos.. Esta situação é também conhecida como passivo a descoberto. Neste caso, o patrimônio líquido é negativo. Inexiste cobertura dos ativos. Os ativos simplesmente não são suficientes para honra das dívidas incorridas pela entidade. Esta situação comunica dificuldades. ativo + patrimônio líquido = passivo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 65 Estrutura patrimonial e plano de contas Situação líquida nula, compensada ou de equilíbrio aparente Ativo Passivo Yumara Vasconcelos.. Ocorre quando ativos e passivos correspondem entre si. O patrimônio líquido é igual a zero. Como se vê, os ativos estão integralmente comprometidos com as dívidas da entidade. Representa também uma situação de dificuldade. O quadro 3 resume os estados do patrimônio apresentados. Descrição Situação líquida Se ativo > passivo, patrimônio líquido (+) Superavitária Se ativo < passivo, patrimônio líquido (-) Deficitária Se ativo = patrimônio líquido Plena Se ativo = passivo, patrimônio líquido nulo Nula Yumara Vasconcelos.. Quadro 3 – Situação líquida Conceito e classificação das contas A conta contábil representa o elemento que recebe os registros dos eventos contábeis. Classificam-se em: contas patrimoniais e de resultado. As contas patrimoniais, como o próprio nome sugere, recebem os registros da movimentação dos bens, direitos e obrigações, ou seja, dos elementos que compõem o patrimônio. Já as contas de resultado evidenciam o desempenho da entidade e ajudam a responder a seguinte questão: “Tivemos lucro ou prejuízo?” As contas de resultado são formadas por contas de receita, despesa e custo. lucro = receita – despesa – custo As contas de resultado também são denominadas de diferenciais. Possuem natureza transitória. São encerradas a cada período para reportar seu desempenho. As contas de resultado têm vida curta, sendo encerradas periodicamente para evidenciar o resultado obtido pela entidade. 66 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas Receitas As receitas representam ingressos de ativos na forma de dinheiro ou promessa deste. Exemplos: receita decorrente de vendas, receita decorrente da prestação de serviços, receita de aluguel ou juros ativos. As receitas têm origem na venda de bens, na prestação de serviços e ganhos auferidos. As receitas podem ser operacionais e não operacionais. As receitas operacionais decorrem do desenvolvimento das atividades normais da entidade e as não operacionais não decorrem das atividades-fim. Despesas As despesas têm origem no consumo de bens ou na utilização de serviços. As despesas estão relacionadas à utilização de bens (consumo propriamente dito) e serviços de terceiros, de forma direta ou indireta, razão pela qual se associam ao aumento das contas do passivo ou na redução das contas do ativo. Exemplos: aluguéis passivos, salários, serviços telefônicos, serviços de água e esgoto, material de expediente etc. A nomenclatura de algumas contas vem acompanhada do adjetivo “passivo” ou “ativo”. O adjetivo “passivo” designa uma despesa em situações como: juros passivos, aluguéis passivos. Já o adjetivo “ativo” designa uma receita. Exemplos: juros ativos, aluguéis ativos. As despesas são classificadas em operacionais e não operacionais. As despesas operacionais são relacionadas à atividade-fim do negócio e as não operacionais não estão vinculadas às atividades normais da entidade. Custos Os custos estão associados ao processo de geração do produto, bem ou serviço. Representa o gasto relativo a um bem ou serviço utilizado no processo de produção de outros ativos ou serviços. Assim, são exemplos de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 67 Estrutura patrimonial e plano de contas custos: custo das mercadorias vendidas, custo do serviço prestado, custo de mão de obra (fábrica), custo de matéria-prima etc. Despesa e custo não são sinônimos de desembolso. O desembolso representa o pagamento efetuado como contrapartida de um gasto. Nem sempre a contrapartida de um gasto é à vista. No final do período, todas essas contas são encerradas, ou seja, ficam com saldo igual a zero. Esse procedimento é efetuado para que seja apurado o resultado do período. A empresa teve lucro ou prejuízo? O período deve ser iniciado com saldo zero. Classificação e composição dos elementos patrimoniais O ativo é classificado em circulante e não circulante (quadro 4). As alterações ocorridas na Lei das S/A, proporcionadas pela Lei 11.638/2007 e pela Medida Provisória 449/2008 (convertida em lei em 27/05/2009 – Lei 11.941/2009), produziram modificações de grupos e subgrupos do Balanço Patrimonial. A estrutura apresentada tem por base essas novas disposições. Contas mais líquidas Contas menos líquidas Dinheiro Outros bens e direitos Yumara Vasconcelos... Os ativos circulantes são aqueles de rápida movimentação (curto prazo, até 365 dias). O movimento das contas do ativo circulante é cíclico, ou seja, são repetitivos e regulares. As contas do ativo são organizadas com base em sua velocidade de conversão em dinheiro, no giro das contas. Essa “velocidade de conversão” é chamada de liquidez. Contas de elevada liquidez são aquelas que se movimentam rapidamente. O ativo circulante é o grupo de mais alta liquidez. As contas do ativo circulante são arrumadas em ordem decrescente de liquidez (figura 7). Figura 7 – Organização das contas do ativo segundo a liquidez. 68 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas As contas do ativo circulante são dinâmicas conforme o ciclo operacional (período compreendido entre a compra de matéria-prima ou da mercadoria para revenda e o recebimento das vendas). Os ativos não circulantes são aqueles que possuem giro mais demorado. Compõem-se também daqueles bens que são utilizados no suporte às atividades organizacionais (adquiridos sem intenção de venda) e por investimentos realizados para fortalecer o capital da empresa e diversificar aplicações. As contas do ativo não circulante são transformadas em dinheiro mais lentamente. Os ativos não circulantes possuem menor grau de liquidez. Parte das contas são compostas por bens empregados na consecução dos objetivos da entidade. Ativo circulante Contas de rápido giro Caixa Bancos Contas a receber Yumara Vasconcelos... Quadro 4 – Ativos circulante e não circulante Estoques Ativo não circulante Contas de giro lento Ativo realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível Integram o ativo circulante as disponibilidades, os recursos mais líquidos (contas caixa, bancos e aplicações financeiras de liquidez imediata), os direitos realizáveis (valores a receber de clientes e/ou terceiros), os estoques (mercadorias para revenda, matéria-prima, produtos acabados) dentre outras contas. Integram o ativo não circulante contas como empréstimos concedidos a sócios, valores a receber (recebimento em longo prazo), depósitos judiciais Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 69 Estrutura patrimonial e plano de contas (ativos realizáveis a longo prazo), participações em outras empresas (investimentos), móveis e utensílios, máquinas e equipamentos (imobilizado), direitos autorais (intangíveis). As contas de passivo são agrupadas em circulante e não circulante. Essas contas são arrumadas segundo o vencimento das obrigações ou exigibilidades. As contas que serão liquidadas mais rapidamente aparecem no topo da relação. Desta forma, primeiro se deve agrupar as contas do passivo circulante, e somente depois, as contas do passivo não circulante. O patrimônio líquido é representado por aquelas contas que não serão pagas. Espelham compromissos com os proprietários da entidade, não sendo, portanto, exigíveis. O quadro 5 mostra a composição do passivo e patrimônio líquido. Yumara Vasconcelos... Quadro 5 – Composição do passivo e patrimônio líquido Passivo circulante Contas com exigibilidade mais rápida. Rápido vencimento. Passivo não-circulante Contas com exigibilidade mais demorada. Patrimônio líquido Capital social Reservas de capital Ajustes de avaliação patrimonial Reservas de lucros Ações em tesouraria Contas de vencimento mais imediato Contas de vencimento mais demorado Fornecedores, salários a pagar, tributos etc. Yumara Vasconcelos.. Prejuízos acumulados Outras obrigações, a exemplo de empréstimos a longo prazo, alguns financiamentos etc. Figura 8 - Organização das contas do passivo segundo o critério de exibilidade. O Balanço Patrimonial é a demonstração que relaciona ativos, passivos e patrimônio líquido (figura 9). 70 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ativo Passivo Circulante Não circulante Circulante Não circulante patrimônio líquido Aplicação de recursos Yumara Vasconcelos... Estrutura patrimonial e plano de contas Fontes ou origens de recursos Total de ativos corresponde ao total do somatório do passivo e patrimônio líquido Método de partidas dobradas Figura 9 – Estrutura do Balanço Patrimonial. Os ativos e respectivos valores são relacionados no lado esquerdo e os passivos e patrimônio líquido, no lado direito. O total de ativos (aplicações) coincide com o total do passivo mais o do patrimônio líquido (origem de recursos). Essa identidade entre aplicações e origens é consequência da aplicação do método de partidas dobradas. O plano de contas da entidade considera a estrutura do Balanço Patrimonial. Plano de contas As contas representam instrumentos essenciais aos registros contábeis. Seu conjunto ordenado e codificado, classificado conforme sua natureza (patrimonial e de resultado), é denominado de plano de contas. O plano de contas representa uma referência para o processo de registro. Apesar de ser considerado por alguns como um elenco de contas, o plano pode conter orientações sobre o funcionamento das contas, importante para a padronização dos registros ou lançamentos. O plano de contas corresponde a um componente fundamental da técnica de escrituração contábil, auxiliando o contador no processo de lançamento dos dados ao preparo das demonstrações e relatórios contábeis. Orientar-se pelo plano de contas constitui condição essencial para as tarefas de classificação e registro. Para Sá (1998, p. 22) “(...) é uma peça contábil que estabelece previamente a conduta a ser adotada na escrituração, através da exposição das contas em seus títulos, funções, funcionamento, grupamentos, análises, derivações, dilatações e reduções”. Para o autor, a relação das contas representa apenas Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 71 Estrutura patrimonial e plano de contas a estrutura, que para ter um significado mais efetivo deve vir acompanhado da função e funcionamento das contas. Para Ferreira (2004) o plano é formado pela relação ou elenco das contas e pelo manual para utilização das mesmas. O plano de contas é específico a cada empresa. Desta maneira, cada uma deve possuir seu plano próprio. A exigência é que seja preparado com base nas disposições da legislação vigente. Um qualificado plano é elaborado a partir das necessidades da administração e características da própria empresa (ramo e porte). Não constitui boa prática contábil copiar integralmente planos de contas preexistentes. Seria incoerente, pois, cada empresa possui características peculiares e uma regularidade específica de transações. Desta maneira, o plano deve ser desenvolvido para a entidade. Por exemplo, as ações administrativas realizadas por um hospital não são as mesmas realizadas por uma indústria. Cada atividade empresarial possui necessidades específicas de acompanhamento e controle. Os órgãos públicos, instituições financeiras e seguradoras possuem planos padronizados pelos órgãos fiscalizadores. O plano tem a finalidade de orientar e nortear a prática do registro contábil com as finalidades de: padronizar os lançamentos; evitar o uso de nomenclaturas diferentes para registros de um mesmo fato (uniformidade). São informações relevantes para serem consideradas no preparo do plano de contas: natureza e porte do negócio; operações ou transações mais frequentes; estrutura organizativa e características da atividade. O produto da análise desses fatores é que define o alcance das operações e sua complexidade. Fatores Importância Natureza e porte do negócio Define a peculiaridade das contas Transações mais frequentes Influencia na seleção e abertura das contas Estrutura organizativa e características da atividade Facilita a acomodação das contas segundo critérios gerenciais 72 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Yumara Vasconcelos... Quadro 6 – Fatores importantes na elaboração do plano de contas Estrutura patrimonial e plano de contas Existem diferentes tipos de negócio e, consequentemente, de empresas. O contador deverá observar as características de cada uma antes de prepará-lo. O plano de contas dá suporte ao preparo das demonstrações contábeis, servindo de instrumento de consulta ao profissional de Contabilidade. São características desejáveis para um plano de contas: Aderência aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e lei societária, a qual disciplina a elaboração das demonstrações contábeis. Compatibilidade com as funções de controle. Um bom plano de contas deve atender às expectativas e necessidades de controle da empresa. O nível de detalhamento depende dessa condição. Flexibilidade. O plano de contas não é um “produto acabado”. Deve permitir a inclusão e/ou exclusão de contas. O plano de contas poderá ser ampliado ou restrito sem que, com isso, perca unidade. As organizações evoluem com o tempo e o plano de contas apenas acompanha o nível de complexidade ou simplificação do negócio. Um plano de contas contém tanto contas patrimoniais como de resultado. Estrutura do plano de contas O preparo de um plano de contas requer obediência a algumas orientações. Os planos de contas devem ser objetivos e organizados por: Objetividade. Os títulos das contas devem indicar de forma clara e objetiva o seu elemento de representação. Devem comunicar o que será evidenciado na conta. Nomenclatura uniforme. A nomenclatura deve ser clara, inteligível. Organização. A estrutura do plano deve partir das contas gerais (totalizadoras) para as particulares (específicas), ou seja, das contas sintéticas para as analíticas. Conheçamos alguns conceitos preliminares: contas analíticas e contas sintéticas. As contas analíticas são aquelas efetivamente movimentadas, a exemplo das contas específicas de filiais, departamentos ou unidades de resultado. É o nível máximo de detalhamento da conta. A conta caixa, quando a entidade possui diferentes unidades de negócios ou filiais, é totalizadora dos saldos destas. As contas movimentadas são as das filiais. As contas sinEste material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 73 Estrutura patrimonial e plano de contas téticas, também conhecidas como “contas título”, são contas agregadoras dos saldos das contas analíticas (específicas). Retomando o exemplo anterior, vimos que a conta “caixa” representa o somatório das contas caixa de todas as filiais, que são contas analíticas. A conta caixa, no exemplo em tela, é sintética. Caixa Sintética Filial X Filial Y analítica Filial Z Um plano de contas apresenta os seguintes elementos: a) título das contas e respectivas classificações. Os títulos das contas devem permitir a identificação imediata dos elementos patrimoniais movimentados nas contas. b) código reduzido (atribuído pelo sistema de informações contábeis) e em alguns casos, função e funcionamento da conta. A arquitetura do plano toma por base o relacionamento entre as contas sintéticas e analíticas (considere a conta sintética como sendo a conta-mãe e as analíticas, contas-filha). O critério de graduação é apresentado como segue: X. X. X. XX. XXX. 1.º grau: indica a natureza da conta. Conta sintética (ativo, passivo, patrimônio líquido, contas de resultado). X. X. X. XX. XXX. 2.º grau: indica o grupo a que pertence a conta. Conta sintética (circulante, não circulante). X. X. X. XX. XXX. 3.º grau: indica o subgrupo a que pertence a conta. Conta sintética. X. X. X. XX. XXX. 4.º grau: indica a conta propriamente dita. 74 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas X. X. X. XX. XXX. 5.º grau: indica a conta objeto de lançamento. Conta analítica. As contas 1.1.1.01.001 e 1.1.1.01.002 são denominadas de analíticas. As demais, neste exemplo, de sintéticas ou “título”, onde seu saldo compreende a soma dos saldos das contas analíticas. As contas sintéticas não recebem lançamentos, porque sintetizam contas menores. As contas “título” têm esse nome porque agregam contas menores de mesma natureza. São contas totalizadoras. Você deve estar se perguntando: devo memorizar toda a codificação da conta? Resposta: Não. Na prática contábil podemos utilizar um código reduzido para identificar as contas. O código reduzido corresponde a uma numeração automática, atribuída pelo sistema de informação contábil, que facilita o trabalho do contador durante o registro. Ao invés de digitar 1.1.1.01.001, digitará o respectivo código reduzido, que é um número definido pelo sistema contábil. O código reduzido é parte da estrutura do plano de contas. Trata-se de um recurso do sistema digital de informações. Vejamos o exemplo de um trecho do plano de contas1: Codificação Descrição 1 Os nomes utilizados neste plano de contas são fictícios. Qualquer semelhança é mera coincidência. Classificação 1. ATIVO Conta sintética 1.1. CIRCULANTE Conta sintética 1.1.1. DISPONIBILIDADES Conta sintética 1.1.1.01. Caixa geral Conta sintética 1.1.1.01.001 Caixa filial A Conta analítica 1.1.1.01.002 Caixa filial B Conta analítica 1.1.2. DIREITOS REALIZÁVEIS A CURTO PRAZO Conta sintética 1.1.2.01 Contas a receber Conta sintética 1.1.2.01.001 Clientes Conta analítica 1.1.3. ESTOQUES Conta sintética 1.1.3.01 Mercadorias Conta sintética 1.1.3.01.001 Mercadorias para revenda Conta analítica (...) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 75 Estrutura patrimonial e plano de contas 1.2 NÃO CIRCULANTE Conta sintética 1.2.1 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Conta sintética 1.2.1.1. Empréstimos a sócios Conta sintética 1.2.1.1.001 Ana Maria da Silva Rocha Conta analítica 1.2.1.1.002 José Silva Mendes Castro Conta analítica 1.2.1.2. Depósitos judiciais Conta sintética 1.2.1.1.001 Processos fiscais Conta analítica 1.2.1.1.002 Processos trabalhistas Conta analítica 1.2.1.1.003 Outros Conta analítica As contas analíticas consistem nas contas em seu nível maior de detalhamento, razão pela qual são as contas efetivamente movimentadas. Elas representam a informação em seu maior grau de especificação. As contas sintéticas, também denominadas de “contas título”, totalizam os saldos das contas analíticas. O plano de contas mostra a quais grupos as contas são subordinadas, facilitando a elaboração dos relatórios contábeis. Estes variam de uma empresa para outra, mas guardam uma lógica entre si por conta da necessidade de alinhamento técnico. O modelo mais utilizado e referenciado nos livros é: 1 – Ativo 2 – Passivo e Patrimônio Líquido 3 – Contas de resultado: custo, receitas e despesas Codificação Descrição Classificação 1. ATIVO Conta sintética 1.1. CIRCULANTE Conta sintética 1.1.1. DISPONIBILIDADES Conta sintética 1.1.1.01. Caixa geral Conta sintética 1.1.1.01.001 Caixa filial A Conta analítica 1.1.1.01.002 Caixa filial B Conta analítica 1.1.2. DIREITOS REALIZÁVEIS A CURTO PRAZO Conta sintética 76 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas Codificação Descrição Classificação 1.1.2.01 Contas a receber Conta sintética 1.1.2.01.001 Clientes Conta analítica 1.1.3. ESTOQUES Conta sintética 1.1.3.01 Mercadorias Conta sintética 1.1.3.01.001 Mercadorias para revenda Conta analítica 1.2 NÃO CIRCULANTE Conta sintética 1.2.1 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO Conta sintética 1.2.1.1. Empréstimos a sócios Conta sintética 1.2.1.1.001 Ana Maria da Silva Rocha Conta analítica 1.2.1.1.002 José Silva Mendes Castro Conta analítica 1.2.1.2. Depósitos judiciais Conta sintética 1.2.1.1.001 Processos fiscais Conta analítica 1.2.1.1.002 Processos trabalhistas Conta analítica 1.2.1.1.003 Outros Conta analítica 1.2.2 INVESTIMENTOS Conta sintética 1.2.2.01 Participações em outras empresas Conta sintética 1.2.2.01.001 Empresa X Conta analítica 1.2.2.01.002 Empresa Y Conta analítica 1.2.3 IMOBILIZADO Conta sintética 1.2.3.01 Móveis e utensílios Conta sintética 1.2.3.01.001 (...) Conta analítica 1.2.3.02 Máquinas e equipamentos Conta sintética 1.2.3.02.001 (...) Conta analítica 1.2.4 INTANGÍVEIS Conta sintética 1.2.4.01 Direitos autorais Conta sintética 1.2.4.01.001 (...) Conta analítica 2 PASSIVO Conta sintética 2.1. CIRCULANTE Conta sintética 2.1.1. FORNECEDORES Conta sintética 2.1.1.01. Fornecedores nacionais Conta sintética 2.1.1.01.001 (...) Conta analítica 2.1.1.01.002 (...) Conta analítica (...) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 77 Estrutura patrimonial e plano de contas Codificação Descrição Classificação 2.1.1.02. Fornecedores internacionais Conta sintética 2.1.1.02.001 (...) Conta analítica 2.1.1.02.002 (...) Conta analítica 2.1.2 SALÁRIOS A PAGAR Conta sintética 2.1.2.02.001 Departamento ____ Conta analítica 2.1.3 ENCARGOS SOCIAIS Conta sintética 2.1.3.02.001 Departamento ____ Conta analítica 2.1.4 TRIBUTOS A RECOLHER Conta sintética 2.1.4.01. Municipais Conta sintética 2.1.4.01.001 (...) Conta analítica 2.1.4.01.002 (...) Conta analítica 2.1.4.02. Estaduais Conta sintética 2.1.4.02.001 (...) Conta analítica 2.1.4.02.002 (...) Conta analítica 2.1.4.03. Federais Conta sintética 2.1.2.03.001 (...) Conta analítica 2.1.2.03.002 (...) Conta analítica 3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Conta sintética 3.1. CAPITAL Conta sintética 3.1.1. CAPITAL SOCIETÁRIO Conta sintética 3.1.1.01. Capital social Conta sintética 3.1.1.01.001 Capital social Conta analítica 4 CONTAS DE RESULTADO Conta sintética 4.1. RECEITAS Conta sintética 4.1.1. RECEITAS OPERACIONAIS Conta sintética 4.1.1.01. Receita de vendas Conta sintética 4.1.1.01.001 Comércio Conta analítica 4.1.1.01.001 Serviços Conta analítica 4.1.2. RECEITA NÃO OPERACIONAL Conta sintética 4.1.2.01. Aluguéis ativos Conta sintética 4.1.2.01.001 (...) Conta analítica 4.2 DESPESAS Conta sintética (...) 78 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas Codificação Descrição Classificação 4.2.1. DESPESAS OPERACIONAIS Conta sintética 4.2.1.01 Despesa com vendas Conta sintética 4.2.1.01.001 Salários Conta analítica 4.2.1.01.002 Encargos sociais Conta analítica 4.2.1.01.003 Comissões Conta analítica 4.2.1.02 Despesas financeiras Conta sintética 4.2.1.02.001 Despesas bancárias Conta analítica 4.2.1.02.002 Juros passivos Conta analítica 4.2.1.03 Despesas administrativas Conta sintética 4.2.1.03.001 Água e esgoto Conta analítica 4.2.1.03.002 Combustíveis Conta analítica 4.3 DESPESAS Conta sintética 4.3.1. Despesas não operacionais Conta sintética 4.3.1.01 Aluguéis passivos Conta sintética 4.3.1.01.001 (...) Conta analítica (...) * A relação de contas não é exaustiva. O plano de contas deve conter somente o número necessário de contas. O modelo apresentado corresponde a uma versão simplificada. O que determina o número de contas são as operações realizadas pela empresa (diversidade). Por esta razão ao elaborá-lo se deve pesquisar sobre as operações mais frequentes a fim de selecionar e incluir as contas necessárias. A estrutura pode variar, mas a lógica de elaboração é a mesma. Ampliando seus conhecimentos Ativo como conjunto de bens e direitos: conceito ou composição? (VASCONCELOS, 2009) Grande parte dos trabalhos define “ativo” como conjunto de bens e direitos disponíveis à gestão das entidades, entretanto, estes são apenas seus compoEste material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 79 Estrutura patrimonial e plano de contas nentes. Ocorre que pensar os ativos como conjunto de bens e direitos é uma opção didática. “Esse conceito superficial e genérico não contempla as principais características relativas ao termo, ou seja, a definição de recursos e a sua relação com as expectativas de benefícios econômicos futuros.” (SANTOS et al, p. 110, 2007) Os ativos representam aplicações ou investimentos da entidade que proporcionam um fluxo de serviços (SANTOS et al, 2007). A essência da definição de ativo é a substância econômica. Hendriksen e Van Breda (1999) definem ativos como reserva de benefícios futuros (prováveis). Os ativos são caracterizados por: terem a potencialidade de benefício (fluxo de serviços); representarem direitos exclusivos da entidade; tomarem por base evidências de que os benefícios futuros se concretizarão; proporcionarem benefício econômico, resultante de transação ou fatos ocorridos no passado. Para ser reconhecido como ativo o item deve corresponder à definição de ativo e características, sendo mensurável. A utilidade constitui fator essencial na definição dos ativos porque a noção de benefício vincula-se à utilidade. Uma definição deve alcançar a substância daquilo que é definido. Atividades de aplicação 1. Conceitue ativo e cite as suas características. 2. Diferencie exigibilidade ou obrigação normal de exigibilidade ou obrigação contingencial. 3. Quais as características de um passivo? 4. Considerando ativo = $300.000,00 e passivo = duas vezes o patrimônio líquido, calcule o passivo e patrimônio líquido: 80 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas 5. Constitui função administrativa da Contabilidade (em ampla extensão): a) apurar tributos. b) apurar desempenho. c) informar carga tributária. d) controlar o patrimônio, analisar suas variações e planejar as operações da entidade com base nesta análise. 6. O propósito do governo na utilização da informação contábil é: a) analisar a qualidade das decisões gerenciais. b) avaliar o resultado tributável para fins de arrecadação. c) acompanhar o processo de distribuição de dividendo. d) verificar a liquidez ou capacidade de pagamento das entidades. 7. Assinale a alternativa correta. a) A Contabilidade tem como função exclusiva organizar o sistema orçamentário da entidade. b) O objeto de estudos da Contabilidade é a entidade. c) O campo de atuação da Contabilidade é o das entidades, independente da natureza ou finalidade. d) O campo de atuação da Contabilidade são as empresas com fins lucrativos. 8. Sobre passivo a descoberto é correto afirmar que ocorre quando: a) o ativo é maior que o passivo. b) os ativos correspondem aos passivos. c) o ativo é igual ao patrimônio líquido. d) o patrimônio líquido é negativo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 81 Estrutura patrimonial e plano de contas 9. Assinale a alternativa verdadeira. a) Se ativo é maior que o passivo e este é diferente de zero, pode-se dizer que a situação patrimonial é positiva sem obrigações. b) Se ativo é menor que o passivo, pode-se dizer que a situação patrimonial é positiva sem obrigações. c) Se ativo é menor que o passivo, pode-se dizer que o passivo está descoberto. d) Se ativo é menor que o passivo, pode-se dizer que a situação patrimonial é nula. 10.Identifique a técnica utilizada para registro dos fatos contábeis. a) Auditoria. b) Análise das demonstrações. c) Escrituração. d) Demonstração. 11.Identifique a técnica utilizada para interpretação da situação patrimonial. a) Auditoria. b) Análise das demonstrações. c) Escrituração. d) Demonstração. 12.Identifique a técnica utilizada para exposição do status do patrimônio em determinado momento. a) Auditoria. b) Análise das demonstrações. c) Escrituração. d) Demonstração. 82 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Estrutura patrimonial e plano de contas 13.Palavras-cruzadas: (a) Conjunto de bens e direitos com potencialidade de benefícios futuros. (b) Compreende bens, direitos e obrigações. (c) Diferença entre ativo e passivo. (a) (b) (c) T (d) Yumara Vasconcelos.. (d) Representa exigibilidades ou reclamos contra a entidade. 14.Assinale com V as alternativas verdadeiras e F as alternativas falsas. (( A Contabilidade organiza os dados relativos ao patrimônio (movimentação econômico-financeira), gerando informações úteis ao processo decisório. (( O plano de contas serve de base para o preparo das demonstrações contábeis, norteando o processo de contabilização. (( A Contabilidade presta informações úteis para controle, gestão e planejamento. (( Se ativo = passivo, a situação patrimonial é de endividamento máximo. (( Se ativo = 0 e passivo = situação líquida menor que zero, temos uma situação líquida positiva ou favorável. (( Se ativo < passivo, e ativo + situação líquida = passivo, temos a situação de ativo a descoberto. 15.O que são contas sintéticas? 16.O que são contas analíticas? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 83 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br