UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS SOCIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” O PAPEL DO PROFESSOR NA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL LUCINEIDE VIEIRA Rio de Janeiro, nov 2002 LUCINEIDE VIEIRA ALUNA DA PÓS EM DOCÊNCIA EM ENSINO SUPERIOR DA UCAM MATRÍCULA: 11617 O PAPEL DO PROFESSOR NA AVALIAÇÃO DA APRESENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho monográfico de conclusão do curso Pós da UCAM, sob a orientação da Profª.Fabiane Rio de Janeiro, nov, 2002 Agradeço ao meu marido pelo apoio e compreensão constantes em todos os momentos de nossa união. À minha filha, pois essa é a minha grande inspiração e prova viva de um presente divino. À minha grande amiga Elizabeth pelo apoio nesse trabalho. À creche escola Amora onde tem ajudado a formar crianças alegres e íntegras inclusive minha filha. Avaliar aprendizagem, implica avaliar o ensino oferecido. Se não há aprendizagem esperada, significa que o ensino não cumpriu com a sua finalidade: a de fazer aprender. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997, P.84) RESUMO Avaliar precisa ser visto como um processo contínuo de pensamento. Não pode ser tratado como fato isolado e posterior ao trabalho de ensino na ação educativa. Desta forma, avaliar será mais uma oportunidade de prosseguimento da aprendizagem, que incorpora não só o desenvolvimento e o aprimoramento das habilidades mentais envolvidas no ato de avaliar, mas também da aplicação da compreensão dos símbolos que utilizam-se na compreensão do mundo e da sociedade. Apontar para a avaliação como prosseguimento de ação criativa, associada aos meios, fins e recursos, leva a pensar de tal forma que suas abordagens se tornem algo além de técnicas. O objetivo deste trabalho é estimular os professores a repensarem a avaliação. Qual o seu verdadeiro papel? Como tem sido usada? Ela tem contribuído ou prejudicado meu aluno? Tem sido um instrumento de libertação? Qual o verdadeiro papel do professor na avaliação da educação infantil? SUMÁRIO Página RESUMO ............................................................................................ 01 INTRODUÇÃO ................................................................................. 02 AVALIAÇÃO .............................................................................. 04 2.1 – DEFINIÇÃO ........................................................................................... 04 2.2 – ETAPAS DA AVALIAÇÃO ....................................................................... 05 2.3 – INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ......................................................... 05 A AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM .. 07 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................ 16 4.1 – SEGUNDO A LDB ................................................................................... 16 4.2 – LIBERDADE DE EXPRESSÃO ............................................................... 18 O PAPEL DO PROFESSOR ...................................................... 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................... 28 REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICA .............................................. 29 INTRODUÇÃO Este trabalho, uma pesquisa bibliográfica, aborda a avaliação da aprendizagem enfocando o ponto de vista da sala de aula, ou seja, no nível do processo ensinoaprendizagem. O objetivo é fornecer subsídios a todos aqueles que trabalham com educação, ajudando a compreender a avaliação como um processo contínuo, e assim melhorando a eficácia do processo ensino-aprendizagem, tentando responder questões como o sentido da avaliação (seleção ou o desenvolvimento dentro da escola), qual o papel do professor nessa avaliação e o contexto na Educação Infantil (com base na LDB). Segundo Hoffmann (1993), cabe justamente à avaliação verificar em que medida os objetivos estabelecidos estão realmente sendo alcançados, para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem. O professor que está constantemente buscando aperfeiçoar a sua ação educativa tem, no processo de avaliação, um valioso recurso não só para ele perceber melhor a si mesmo, como também para avaliar que efeitos a sua forma de atuar vem exercendo sobre as crianças. A avaliação deve ser então um instrumento para o professor reformular a ação educativa que exerce, de modo a contribuir decisivamente para o desenvolvimento integral do potencial infantil. Observar e avaliar a nossa própria forma de atuar, estar atento ao comportamento da criança, à sua forma de pensar, perceber os seus interesses e atuar positivamente para que ela supere as próprias dificuldades, todos esses aspectos, juntos, têm muito a ver com o processo de avaliação e com educação de boa qualidade. As expectativas do professor podem não corresponder às formas peculiares e próprias da criança responder às situações e ao acompanhamento do processo de construção do conhecimento se dá pela observação e reflexão permanentes sobre as manifestações das crianças. A criança não pode se sentir integrada a uma escola que lhe proporciona uma situação constante de prova de teste, onde a tensão se mantém e onde a ela e sua família são pré-julgadas e responsabilizadas pelo fracasso. (Hoffamann, 1991, p.88) Hoffmann, (1993) afirma que é necessário, portanto, refletir sobre o significado da avaliação na Educação Infantil. O fundamento de uma proposta de avaliação para ela é a disponibilidade real do professor frente às crianças. Esta disponibilidade pressupõe reflexão e ação permanentes, oportunizar vivências enriquecedoras através das quais a criança possa ampliar suas possibilidades de descobrir o mundo e um adulto disponível a trocar idéias com ela. Como pode-se perceber, o problema da avaliação escolar envolve todo o sistema educacional e, em última análise, os objetivos finais do processo pedagógico. Qual o caráter da avaliação? Que tipo de ser humano queremos formar? Que tipo de sociedade consideramos desejável? A avaliação em seu sentido mais amplo, como resposta ao trabalho pedagógico na escola, também a quem cabe avaliar, o papel do professor. A avaliação na Educação Infantil: com o enfoque da Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional reflete a quem cabe a função de avaliar o papel do professor, e que pode ser usada como liberdade de expressão. Por último, são tecidas as considerações finais, levando em consideração os múltiplos aspectos enfocados durante o trabalho. AVALIAÇÃO 2.1 - Definição Determinar o valor, apreciar o merecimento, ajuizar, são definições de dicionário para o verbo avaliar. Segundo Piletti, avaliar é muito mais que medir, pois envolve juízo de quem avalia, influenciado por sua subjetividade. Na escola temos de Ter muito cuidado com a avaliação, para não prejudicarmos os alunos. A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e atribuição de nota. É através dela que se poderá verificar até que ponto o ensino tem alcançado os resultados pretendidos. Ao mesmo tempo, ela oferece subsídios para a alteração do processo quando os objetivos visados não são alcançados. A avaliação é tida como fonte de elementos para planejamento das novas etapas do processo de ensino, ou para replanejamento do processo, quando este se mostrar insuficiente. Ela deve acompanhar cada etapa da aprendizagem, portanto deve ser contínua, gradual, constante, cumulativa, coerente e cooperativa. Por se entender que a avaliação é um processo contínuo, deve englobar todas experiências curriculares desenvolvidas pelo aluno no seu processo de aprendizagem. Deve agir como operação mediadora entre o conhecimento e os fins da educação. Podem-se os sintetizar as seguintes características como as mais importantes da avaliação escolar: - reflete a unidade objetivos-conteúdos-métodos. - possibilita a revisão do plano de ensino. - ajuda a desenvolver capacidades e habilidades. - Reflete valores e expectativas do professor em relação aos alunos, - É um instrumento de libertação; pois através dela, o aluno pode demonstrar o que aprendeu, libertando seu conhecimento. 2.2 - Etapas da Avaliação A avaliação não é um momento no final do processo de aprendizagem. Ela começa no planejamento, no estabelecimento dos objetivos a serem atingidos pelos alunos ao final do processo e na escolha das atividades que poderão levá- los a atingir esses objetivos. Segundo passo é a realização das atividades planejadas, ou seja, durante o processo de aprendizagem devem-se realizar atividades que levem os alunos a esses objetivos. O terceiro passo é a verificação. Por meio de vários instrumentos de avaliação, o professor verifica se o aluno aprendeu ou não. Nas três etapas – planejamento, realização e verificação, é de importância fundamental o debate com outros professores técnicos da escola e alunos. 2.3 - Instrumentos de Avaliação Toda avaliação da aprendizagem é mediatizada por instrumentos, e cada tipo de instrumentos apresenta uma série de limitações inerentes à sua própria estrutura, que pode distorcer o resultado da avaliação. Estas distorções podem se agravar na medida em que o instrumento não for bem elaborado ou bem aplicado, tornando o resultado da avaliação quase insignificante. Entre os vários instrumentos que podem ser utilizados para a verificação da aprendizagem; os mais empregados são os testes objetivos, as provas orais, as dissertações e os trabalhos livres. Os testes objetivos avaliam a extensão de conhecimento e habilidades, possibilitando a elaboração de maior número de questões abrangendo um campo maior da matéria dada. Exemplo destes testes: falso-verdadeiro, múltipla escolha, completamento de lacunas, questões de correspondência, questões de ordenação e outros. As provas orais foram muito usadas no passado, hoje estão praticamente abandonadas por várias razões: o exame de todos os alunos é demorado; o aluno tímido, ao falar em público, leva desvantagem; a variação das dificuldades das questões apresentadas aos diversos alunos pode provocar injustiças. Porém, também tem seu lado positivo, pois o aluno adquire maior domínio da matéria, treina sua expressão oral, etc. Dissertações são provas escritas que podem assumir a forma de perguntas a serem respondidas ou de um tema sobre o qual o aluno deve fazer redação. Elas estimulam o pensamento, a elaboração pessoal e desenvolvem a linguagem. Porém, as suas correções devem ser bem criteriosas, pois pode estar presente imensa subjetividade de quem as corrige. Os trabalhos livres são bons, pois o aluno escolhe o tema de sua dissertação, o assunto de sua pesquisa ou tipo de trabalho que vai fazer, certamente seu grau de liberdade é bem mais amplo, e com isso cresce a participação pessoal, o interesse, o entusiasmo, proporcionando assim, resultados significativos. AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM Sob o ponto de vista teórico, o tema avaliação é, ao mesmo tempo, vasto e apaixonante. Determinadas posturas nos levam a refletir sobre o significado dessa prática secular de correção de tarefas, atividades ou provas. Hoffamann (1991) aponta, resumidamente, duas posturas que se opõe naturalmente: · Avaliação Classificatória - corrigir tarefas e provas do aluno para verificar respostas certas ou erradas e, com base nessa verificação periódica, tomar decisões quanto ao seu aproveitamento escolar sua aprovação ou reprovação em cada série ou grau de ensino. · Avaliação Mediadora – analisar teoricamente as várias manifestações dos alunos em situação de aprendizagem, para acompanhar as hipóteses que vem formulando a respeito de determinados assuntos, em diferentes áreas de conhecimento, de forma a exercer uma ação educativa que lhes favoreça a descoberta de melhores soluções ou a formulação de hipótese preliminarmente formuladas. Acompanhamento esse que visa o acesso gradativo do aluno a um saber competente na escola e portanto sua promoção e outras séries e graus de ensino. Ultrapassar posturas convencionais na avaliação do desempenho dos alunos exige o aprofundamento em questões de aprendizagem e o domínio da área de conhecimento das diferentes disciplinas. Na Multieducação (1996) – documento oficial da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro – Vygotsky é citado, mostrando que o desenvolvimento das crianças e adolescentes deve ser olhado de maneira prospectiva, isto é, com referência ao que está para acontecer na trajetória de cada um. De acordo com este autor, deve-se procurar os “brotos”, as “flores” ou “ramos” do desenvolvimento e seus rumos em vez de somente seus frutos. Segundo Luckesi (1995), a avaliação se destina ao diagnóstico e, por isso mesmo, à inclusão; destina-se à melhoria do ciclo de vida. Deste modo, por si, é um ato amoroso. Apesar dessas possibilidades de luta, não podemos esquecer que, na realidade, a avaliação é um mecanismo para garantir a função seletiva da escola na sociedade. Os procedimentos de avaliação respondem à organização global do trabalho pedagógico na escola, organização que é produto das expectativas que a sociedade capitalista tem da escola. Todo sistema educacional faz parte de uma organização social determinada. As concepções de avaliação predominantes na escola freqüentemente espelham o contexto histórico e sua opções políticas. A avaliação pode ser usada como instrumento de poder e controle, a serviço da passividade, do autoritarismo, da competição, do individualismo, do consumismo. Ou a serviço da construção de uma sociedade solidária que liberte cada ser humano para realização de seus potenciais e, ao mesmo tempo, leve em conta os vínculos entre as pessoas e a integração da comunidade humana no ambiente natural. O educador deve Ter em mente questões que definam para quê, por quê e como vai avaliar as crianças. A avaliação não deve Ter um fim em si mesma e muito menos ser instrumento de coerção ou controle do aluno. A avaliação é um processo abrangente que implica uma reflexão crítica sobre a prática pedagógica, no sentido de identificar dificuldades, avanços, resistências. Compete ao professor utilizá-la como instrumento que lhe permita questionar constantemente suas propostas de ensino. O uso adequado da avaliação torna flexível o processo ensino-aprendizagem e possibilita o redirecionamento da prática – a decisão sobre o que fazer para superar obstáculos. Freqüentemente, confunde-se avaliação e nota. A nota é uma exigência formal do sistema educacional. È impossível imaginar uma escola sem nota ou reprovação, mas certamente a avaliação vai continuar existindo sempre. Sem ela, é impossível acompanhar o desenvolvimento das crianças e reorientar o processo de forma a vencer eventuais dificuldades. A supervalorização das notas obtidas em testes especiais, cercados de todo um ritual intimidativo, revela o desligamento entre avaliação e o processo pedagógico. Além disso, a verificação através de procedimentos formais, isto é, a aplicação de provas escritas no final do mês ou bimestre, não dá condições de aferir todos os progressos que o aluno alcançou. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (1997), a avaliação dos alunos dever ser feita de forma contínua par verificar os vários momentos do seu desenvolvimento. A valorização da resposta certa, estabelecida de antemão pelo professor e aprendida pelo aluno, denota a importância maior dada ao produto do que à construção pessoal do conhecimento. As formas de avaliação devem ser diversificadas: pareceres descritivos, dramatização, trabalho criativo, coleta de dados, questões abertas respondidas por escrito... Também são válidas avaliações em grupo ou duplas, além de trabalhos individuais. As avaliações que exigem atitudes reflexivas e não apenas memorização devem ser privilegiadas. A qualidade do pensamento é mais importante que a quantidade de conteúdo. Valorizando aquilo que é fundamental: o estabelecimento de relações, a interpretação de dados e idéias, a capacidade de produzir explicações e conclusões próprias. Dentro de uma metodologia de ensino passiva e alienante não cabe exigir expressão pessoal e criatividade; o professor que ensina apenas nomes e números não tem o direito de solicitar raciocínio e compreensão. Cuidar da coerência entre o que se faz no dia-a-dia com os alunos e o que lhes é solicitado nas avaliações é muito importante. Deve haver continuidade entre o trabalho feito em sala de aula e as situações de teste, pois fazem parte de um mesmo processo. Se a avaliação não fornecer os resultados esperados, cabe aos professores diagnosticarem as causas de tal situação. Pode ser que o problema esteja no tipo de conteúdo desenvolvido, na metodologia de ensino empregada, na própria forma de avaliar ou em algum outro aspecto. De qualquer maneira, o importante é buscar os fatores mais determinantes do sucesso e, a partir daí, reformular. Segundo Piletti (1993), o acompanhamento das atividades no dia-a-dia dos alunos torna-se valioso. Convém que os professores dêem aulas participativas, nas quais o aluno discuta, emita opiniões, levante hipóteses, critique, construa novos conceitos e busque novas informações, a cooperação, a organização e outros modos de agir. Aos procedimentos, devem ser integrados a observação e o registro de atitudes, valores e interesses do aluno, evitando julgamentos estereotipados do tipo: uma criança ou uma turma “não é assim”, “está assim”. É um processo, um ‘vir a ser’ em constante mudança. A concepção de avaliação dever ir além da visão tradicional, focalizadora do controle externo do aluno mediante notas ou conceitos, para ser compreendida como parte integrante e intrinseca ao processo educacional. A avaliação é compreendida como um conjunto de atuações que tem função de dar nutrição, sustentação e orientação à intervenção pedagógica. A interpretação qualitativa do conhecimento construído pelo aluno é um acontecimento contínuo e sistemático; demonstra o quanto o aluno se aproxima ou não da expectativa de aprendizagem que o professor tem em determinados momentos da escolaridade, em função da intervenção pedagógica realizada. A avaliação da aprendizagem só acontece se tiver relação com as oportunidades oferecidas, adequação das situações propostas aos conhecimentos prévios dos alunos e aos desafios que estão em condições de enfrentar. O professor, através da avaliação, tem elementos para uma reflexão contínua sobre sua prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem passar por uma revisão para o processo de aprendizagem individual ou do grupo. Já para o aluno, a avaliação serve como instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para reorganização de investida na tarefa de aprender. Para a escola, dá a possibilidade de definir prioridades e localizar quais aspectos da ação educacional demandam mais apoio. A avaliação, nesta perspectiva, ocorre sistematicamente, durante todo o processo ensino-aprendizagem e não somente depois de etapas de trabalho, como pode ser visto. Assim é possível fazer ajustes constantes, como uma regulação do processo ensinoaprendizagem, contribuindo efetivamente para que a tarefa educativa tenha sucesso. O acompanhamento e a reorganização do processo ensino-aprendizagem, necessariamente, inclui uma avaliação inicial, para planejamento do professor e uma avaliação final de uma etapa de trabalho. A escassez nas representações de idéias que se aproximam da dimensão político social do professor, pela consciência do compromisso dessa ação e do contexto social que a envolve, é um dado que convoca reflexões, especialmente quando se considera que essas idéias são particularmente significativas à ampliação do conceito e do alcance social do ensino, no interesse da relação entre educação e sociedade. (Rangel, 1994,p.:48) A avaliação inicial auxiliará o professor para que este possa pôr em prática seu planejamento da melhor forma, adequando às características de seus alunos. É o momento de investigar qual conteúdo seus alunos já sabem, a partir daí, então, estruturar e definir os conteúdos e o nível de aprofundamento com que devem ser abordados. É importante que haja avaliação no início do período letivo para que o professor tenha noção da “bagagem” que seus alunos trazem das séries anteriores, ainda que estes tenham sido alunos do mesmo professor. Não deve, necessariamente, ser longo este período, tendo em vista que os alunos utilizam seus conhecimentos prévios a todo momento. Estas avaliações não devem ser feitas exclusivamente no início de período, mas sempre que o professor propuser novos conteúdos e novas seqüências de situações didáticas. A avaliação contínua do processo dá subsídios a avaliação final; o professor que acompanha o aluno ao longo do processo sabe o que o aluno já aprendeu sobre determinado conteúdo. Há a formalização do que foi e do que não foi aprendido. Esta avaliação, que intenciona averiguar a relação entre a construção do conhecimento por parte dos alunos e os objetivos a que o professor se propôs, é indispensável para se saber se os alunos estão aprendendo e quais condições estão sendo ou não favoráveis para isso, o que diz respeito às responsabilidades do sistema educacional. Um sistema comprometido com o desenvolvimento das capacidades dos alunos, que se expressam pela qualidade das relações e pela profundidade dos saberes constituídos, encontra na avaliação uma referência à análise de seus propósitos. Assim permite redimensionar investimentos, a fim de que os alunos aprendam cada vez mais, melhor e atinjam os objetivos propostos. A avaliação não é um momento estático, mas um momento de observação de um processo dinâmico de construção de conhecimento. Pode-se definí- la a partir da concepção de ensino e aprendizagem, da função da avaliação no processo educativo e da orientação didática posta em prática. É sistemática e se faz necessário que o momento de avaliar seja definido claramente, para obter-se o máximo de objetividade possível. Avaliação, de uma forma abrangente, segundo Silva (1998), pode ser considerada um conceito abstrato que resulta especialmente de lenta internalização de um produto social que passa a ser aceito e usado pelas pessoas como critério próprio de valorização. É, portanto, atribuir um valor, quantitativo ou qualitativo a um dado objeto. A construção desse sistema de valores é um processo longo, demorado e conflituoso. São muitos os fatores que entram em choque quando, por exemplo, uma professora se vê diante da avaliação. Na escola a avaliação implica o uso de atributos que expressem os resultados da aprendizagem seja numa escala numérica, de graus ou por meio de adjetivos que classificam, sendo que esses resultados podem progredir de um nível totalmente insatisfatório até um grau de excelência desejável. Para obter informações em relação aos processos de aprendizagem, é necessário considerar a importância de uma diversidade de instrumentos e situações, para possibilitar avaliar as diferentes capacidades e conteúdos curriculares em jogo e contrastar os dados obtidos e observar a transferência das aprendizagens em contextos diferentes. É fundamental a utilização de diferentes códigos, como o verbal, o oral, o gráfico, o numérico, o pictórico, de forma a se considerar as diferentes aptidões dos alunos. Quanto mais o aluno tem clareza dos conteúdos e do grau de expectativa da aprendizagem que se espera, mais terá condições de desenvolver, com ajuda do professor, estratégias pessoais e recursos para vencer dificuldades. A avaliação apesar de ser responsabilidade do professor, não deve ser considerada função exclusiva dele. Delegá- la aos alunos, em determinados momentos é uma condição didática necessária para que construam instrumentos de auto-regulação para as diferentes atividades. Segundo Silva (1998), auto-avaliação é uma situação de aprendizagem em que o aluno desenvolve estratégias de análise e interpretação de suas produções e dos diferentes procedimentos para se avaliar. Além desse aprendizado ser, em si, importante, porque é central para a construção da autonomia dos alunos, cumpre o papel de contribuir com a objetividade desejada na avaliação, uma vez que esta só pode ser construída com a coordenação dos diferentes pontos de vista tanto do aluno quanto do professor. Este autor ainda diz que “a auto-avaliação que implica a participação mais ativa do aluno na avaliação de sua própria aprendizagem ainda não é utilizada”. Tanto o aluno quanto o professor não estão preparados para assumir uma responsabilidade maior e o compromisso com sua própria avaliação. A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 4.1 - Segundo a LDB A Lei 9394, que fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada em dezembro de 1996, estabelece, na Seção II , referente à Educação Infantil, artigo 31 que: “... a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.” A discussão pedagógica atual traz uma série de pontos para a reflexão sobre o tema da avaliação. Cada vez mais os profissionais de educação tomam consciência de que existem muitas formas de se avaliar e que a avaliação tem funções distintas. Isso significa Ter procedimentos, instrumentos e técnicas diferenciadas para cada intenção. Se, por muito tempo, a idéia de avaliação esteve vinculada a uma forma de controle externo da criança e da aprendizagem, atualmente grande parte dos profissionais de educação compreende a avaliação como um elemento que remete tanto ao processo de aprendizagem como ao processo de ensino. Isso faz mais sentido, quanto mais se compreende o ensino e a aprendizagem como duas ações relacionadas e interdependentes. Como avaliar a aprendizagem, sem considerar as condições e as oportunidades oferecidas, isto é, sem avaliar o ensino oferecido? As situações de ensino e aprendizagem na Educação Infantil se desenvolvem de forma global e referem-se ao desenvolvimento de capacidades específicas colocadas para esta faixa etária. A avaliação na Educação Infantil se orienta, prioritariamente, para o reajuste da ação do professor e do projeto educativo e para o acompanhamento do modo como se desenvolve a criança. Serve à criança à medida que permite o acompanhamento de suas conquistas, suas dificuldades e suas possibilidades. Deve-se ter consciência de que a forma como as instituições de Educação Infantil compreendem a questão da avaliação será de fundamental importância para que a criança possa ir construindo uma representação da avaliação como algo positivo, que possui uma função e um sentido para o seu processo de aprendizagem. Para o professor, a avaliação oferece subsídios para reorientar a sua prática. Avaliar o ensino significa avaliar a adequação das intervenções, avaliar cada um dos elementos da prática educativa – objetivos, conteúdos, organização, atividades, etc. – e consequentemente, patrocinar a reflexão sobre essa prática, com o objetivo de redirecionar a tarefa de ensinar. Para a instituição, a avaliação permite estabelecer prioridades, identificar pontos que necessitam de maior atenção e reorientar o projeto educativo. A definição da avaliação como algo que se deve dar de forma sistemática e contínua não se contrapõe à necessidade de se fazer uma avaliação inicial, com o propósito de subsidiar o planejamento do professor, e uma avaliação final, para verificar se os objetivos estabelecidos foram alcançados ou não. A avaliação inicial permitirá ao professor obter informações necessárias sobre o conhecimento prévio da criança, sobre seu desenvolvimento e sobre sua possibilidade de aprendizagem e perceber as diferenças individuais entre as crianças com as quais trabalha. A partir daí poderá definir objetivos, planejar a sua prática, selecionar conteúdos e materiais, propor atividades. A avaliação final será de grande importância para que o professor possa averiguar a consecução dos objetivos que se propôs e a qualidade da aprendizagem das crianças ao final de uma etapa de trabalho. Deve-se ter claro que, uma vez que a avaliação esteja sendo feita de forma continuada e sistemática, este será apenas mais um passo no processo, permitindo obter dados de toda etapa de trabalho. A avaliação, portanto, é um elemento indissociável do processo educativo: um conjunto de ações que têm como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo. Deve-se dar de forma sistemática e contínua, tendo como a melhoria da ação educativa, envolvendo a criança, o professor e a instituição. 4.2 – Liberdade de Expressão Com relação ao trabalho na Educação Infantil, acredita-se ser inconveniente a aplicação de qualquer tipo de avaliação baseada em testes escritos para tentar observar os progressos de uma criança. Portanto, os meios de avaliação sugeridos buscam fundamentalmente observar as manifestações de cada uma das competências em situação de trabalho em classe. Dessa forma, procura-se estabelecer instrumentos que permitam ao professor descobrir as capacidades de resolver problemas de cada aluno, bem como qual é a competência favorecida quando cada criança realiza projetos, joga, manipula materiais ou está livre para optar pelo que deseja fazer. Gardner (1993) propõe, que uma forma para conseguir uma avaliação desse tipo é expor a criança a uma variedade de situações suficientemente complexas, que envolvam a estimulação de várias inteligências, e verificar como a criança resolve a situação colocada, que relações faz e por qual caminho é mais fácil para ela levar a cabo o que se propôs. As crianças entre 3 e 5 anos, segundo Hoffmann (1993), apresentam maneiras peculiares e diferenciadas de vivenciar as situações, de interagir com os objetos do seu mundo físico. Seu desenvolvimento acontece de forma muito rápida e a cada minuto elas realizam novas conquistas, ultrapassam expectativas e nos causam surpresas. Por isso, consideramos que as atitudes de observação, análise e reflexão quanto às manifestações das crianças, enquanto na situação de sala de aula, são essenciais para o processo de avaliação na Educação Infantil. Hoffmann aponta dois princípios para delinear sua proposta neste tipo de avaliação: · Observação atenta e curiosa das manifestações da criança; · Reflexão sobre o significado dessas manifestações em de necessidades de desenvolvimento. Além de: · tentar refletir sobre o perfil das inteligências de cada aluno e buscar alternativas para as dificuldades, visando sempre à harmonia no espectro. Essa concepção de avaliação certamente contraria qualquer possibilidade de classificações. Uma vez discutidos esses princípios norteados nesta concepção de avaliação num projeto, resta falar sobre como registrar o processo de avaliação e, especialmente, sobre como informar aos pais e à escola sobre o desenvolvimento da criança. Por esse motivo, os registros devem ser feitos, ao longo de todo o processo, por meio de relatórios dos professores sobre as crianças em atividades, fichas de observação individuais e da organização em portfólio do registro dos trabalhos de cada criança. Desse modo, a forma final de registro da avaliação de cada criança será apenas uma síntese de tudo o que se observou cuidadosamente sobre ela. Questões sobre como avaliar, o que avaliar e principalmente o por quê avaliar estão constantemente presentes durante o cotidiano dos professores de pré-escola. Cientes das falhas dos sistemas de avaliação que a escola vem usando, empenharam-se todo o tempo na construção de seus instrumentos e, principalmente, de sua filosofia da a avaliação. Todavia, é necessário lembrar que avaliar, enquanto processo de atribuição de valor a um produto determinado não é tão simples assim. E quando se trata da avaliação na pré-escola, então, muito mais complexa se torna a questão, especialmente porque nesta fase do desenvolvimento e da aprendizagem da criança, não há acertos a considerar, mas processos a acompanhar e resultados a observar. Pelo fato de a avaliação na escola levar em conta apenas a medida do rendimento ou do desempenho escolar, como se esta fosse uma tarefa terminal dentro do processo de ensino-aprendizagem e apesar dos estudos que se tem feito, a avaliação na préescola ainda é incipiente e ineficaz =, e não dá ao professor uma visão completa do processo de desenvolvimento da criança, seja do ponto de vista cognitivo, afetivo ou psicomotor. Na pré-escola, não há como se verificar o desenvolvimento de uma criança ainda não escolarizada com base na verificação de conteúdos. Não há como se dar notas ou conceitos a um desenho, uma pintura, uma dança ou qualquer outra atividade de expressão de comunicação ou mesmo a um resultado expresso verbalmente ou graficamente como síntese de um esforço de aprendizagem Para contornar esse problema se tem procurado elaborar fichas de registro de observações a serem feitas pela professora as quais, no mais das vezes não conseguem expressar fielmente os passos do desenvolvimento da criança. Elas são vistas, tanto quanto os boletins a partir das primeiras séries como um instrumento burocrático de registro de resultados. Entretanto, como na pré-escola não há aprovação ou reprovação, muitos professores nem se dão ao trabalho de efetuar os registros em ficha, reduzindo sua avaliação, pela absoluta falta de critérios, a comentários do tip: “este aluno é bom”, “este não está acompanhando a classe”, etc. Segundo Madalena Freire: É procurando compreender as atividades espontâneas das crianças que vou, pouco a pouco, captando os seus interesses, os mais diversos, ... Por isso é que em última análise, as propostas de trabalho nascem delas e de mim como professora. Não é de se estranhar, pois, que as crianças se encontrem nas suas atividades e as percebam como algo delas, ao mesmo tempo em que vão entendendo o meu papel de organizadora e não de “dona de suas atividades”. (1983). Sem uma medida do alcance de seu trabalho, o professor da pré-escola continua sendo, tanto quanto seus alunos, um cumpridor de tarefas e as atividades de classe se reduzem ao “fazer coisas” e ao “ brincar”, considerando este último não uma rica oportunidade de aprendizagem, mas um “dolce far niente” para o professor que observa distraído enquanto as crianças dão asas à imaginação. O que poderia ser uma excelente oportunidade para verificar o grau e o ritmo de desenvolvimento da criança passa a ser uma forma de “passar o tempo” para o professor. Conhecendo o aluno é estabelecer os objetivos e criar instrumentos para avaliação que permitam acompanhar com eficiência e eficácia, a evolução de seu processo de aprendizagem. Conscientes de que seu papel dentro da sala de aula é o de sistematizar atividades que proporcionem às crianças oportunidades de aprender melhor e mais rapidamente os professores devem se dedicar a estudos sobre desenvolvimento, aprendizagem e especialmente avaliação como processo de tomada de posição diante das mudanças da realidade. A partir da preocupação com as formas possíveis de comunicação e expressão das crianças nesta faixa etária, concentram seus esforços em conhecer melhor as fases do desenvolvimento do desenho (considerado este como um instrumento que reflete a percepção e o conhecimento do mundo por parte da criança) e do desenvolvimento da escrita (esta tomada também como um instrumento para descrição e relato da realidade percebida). Na pré-escola por exemplo, não deveria existir uma preocupação com a alfabetização a ponto de se fazer ditados ou usar outras formas de medida de domínio do conhecimento. Algumas atividades podem ser desenvolvidas e observadas pelo professor de maneira que seja possível verificar alguns aspectos que podem ser postos como objetivos voltados para a alfabetização mas que, nem por isso se constituem em tentativa de sistematização da aprendizagem. Defender a atividade espontânea, a vida em grupo, a manipulação e a experimentação com materiais, não significa que o professor deva ser permissivo e passivo diante das crianças. Não significa dar-lhes lições e usar de autoridade para determinar o curso dos conhecimentos. (Macedo, 1998, p. 47) Para se obter algum tipo de material (produções não esteriotipadas e escritas espontâneasP, o professor deve assumir uma nova postura em sala de aula. Deve entendê- la como um espaço de interlocução no qual seu papel é de agente catalizador dos esforços de aprendizagem da criança, ao mesmo tempo em que se assume como organizador desse mesmo espaço para que as oportunidades de aprendizagem possam aparecer sistematicamente e serem percebidas de foram natural pela criança. Segundo Hoffmann (1991), analisando em profundidade a questão da avaliação na Educação Infantil, percebe-se a ultrapassagem dos limites da escola. Infelizmente em seu interior as crianças sofrem a ausência de adultos que lhe dêem efetiva atenção ou que a compreendam em sua existência concreta. Revela-se no interior de algumas instituições uma expectativa sobre suas crianças: uma infância de submissão e de espera do tempo de não ser mais criança. Redimensionar a prática avaliativa na Educação Infantil compreende avaliar a sua própria especialidade, ou seja, refletir sobre a dimensão em que se aborda a problemática dessa Educação Infantil em nosso país e em que medida a criança garante, no projeto político-social, seu direito de ser verdadeiramente criança. A PAPEL DO PROFESSOR Deve-se enfocar o processo avaliativo das crianças para atender às suas solicitações e não assumir uma prática que desconsidera verdadeiramente a criança em suas necessidades e privilegia apenas o registro endereçado aos pais. Essa concepção pressupõe considerar o processo desenvolvido pelo aluno e o produto alcançado, além de provar que não apenas os alunos são avaliados, mas, levando em consideração a aprendizagem e as condições oferecidas para que isso ocorra. Os registros da avaliação refletem a imagem da ação desenvolvida pelo professor. Por isso, os códigos e instrumentos de registros a serem utilizados devem permitir uma representação, tão nítida quanto possível, do que se observou e do trabalho desenvolvido com os alunos. Isso parece muito simples, à princípio, porque a maioria dos professores que avaliam buscam a simples correspondência termo a termo entre os acertos realizados pelo aluno e o valor do crédito ou do mérito correspondente. Como se não bastasse, a avaliação como processo implica determinados níveis de sensibilização e resposta que não conseguem ser sintetizados em escalas ou notas. Exige do professor uma consciência clara de seu próprio papel e dos esforços que faz no sentido de atingir seus propósitos e objetivos. Talvez a avaliação do aluno devesse começar com auto avaliação do professor. Segundo Paulo Freire: Não é possível praticar sem avaliar a prática. Avaliar a prática é analisar o que se faz, comparando os resultados obtidos com as finalidades que procuramos alcançar com a prática. A avaliação da prática revela acertos, erros e imprecisões. A avaliação corrige a prática, melhora a prática, aumenta a nossa eficiência. O trabalho de avaliar a prática jamais deixa de acompanhá- la. (1984,p.:92) Para ser professor, educador, de verdade, é preciso compromisso político e competência técnica que não limite a avaliação à coleta de dados ou anotação de pontos. “O professor necessitar tomar muitas decisões quanto a objetivos, conteúdos, procedimentos, etc. – mas decidir o que e como avaliar exige conhecimentos e habilidades altamente desenvolvidas.” (Turra – Em seu livro. Planejamento de Ensino e Avaliação 1975). O professor deve ter como opção política servir a seus alunos como educador, determinando e tornando claro o que vai ser avaliado, selecionando técnicas de avaliação adequadas, utilizando técnicas variadas para uma avaliação mais fidedigna; tendo consciência dos limites e possibilidades dessas técnicas; considerando que a avaliação não é um fim em si mesma, mas um meio para alcançar determinados fins. O professor deve estar atento ao fato de que o aluno é um sujeito como ele, com capacidade de ação e de crescimento e, por isso, um sujeito com capacidade de aprendizagem, conduta inteligente, criatividade, avaliação e julgamento. O professor deve questionar sua prática para que haja a praxis enquanto processo e pistemológico, ou seja, uma relação dialética entre a teoria e prática, de forma recriada e não copiada. Entretanto, qualquer que seja a postura, o professor deve explorar a avaliação como um instrumento poderoso que serve para ajudar a redefinir a prática, permitindo uma reflexão sobre a ação com base em premissas sólidas, ao mesmo tempo em que acompanha o aluno em sua caminhada. Avaliação, de uma forma abrangente, segundo Silva(1998), pode ser considerada um conceito abstrato que resulta especialmente da lenta internalização de um produto social que passa a ser aceito e usado pelas pessoas como critério próprio de valorização. É, portanto, atribuir um valor, quantitativo ou qualitativo a um dado objeto. A construção desse sistema de valores é um processo longo, demorado e conflituoso. São muitos os fatores que entram em choque quando, por exemplo, uma professora se vê diante da avaliação. Na escola a avaliação implica o uso de atributos que expressem os resultados da aprendizagem, seja numa escala numérica de graus ou por meio de adjetivos que classificam, sendo que esses resultados podem progredir de um nível totalmente insatisfatório até um grau de excelência desejável. Para obter informações em relação aos processos de aprendizagem, é necessário considerar a importância de uma diversidade de instrumentos e situações, para possibilitar avaliar as diferentes capacidades e conteúdos curriculares em jogo e contrastar os dados obtidos e observar a transferência das aprendizagens em contextos diferentes. É fundamental a utilização de diferentes códigos, como o verbal, o oral, o gráfico, o numérico, o pictórico, de forma a ser considerar as diferentes aptidões dos alunos. Quanto mais o aluno tem clareza dos conteúdos e do grau de expectativa da aprendizagem que se espera, mais terá condições de desenvolver, com ajuda do professor, estratégias pessoais e recursos par vencer dificuldades. A avaliação, apesar de ser responsabilidade do professor, não deve ser considerada função exclusiva dele. Delegá-la aos alunos, em determinados momentos, é uma condição didática necessária para que construam instrumentos de auto-regulação para as diferentes atividades. Segundo Silva (1998), a auto-avaliação é uma situação de aprendizagem em que o aluno desenvolve estratégias de análise e interpretação de suas produções e dos diferentes procedimentos para se avaliar. Além desse aprendizado ser, em si, importante, porque é central para a construção da autonomia dos alunos, cumpre o papel de contribuir com a objetividade desejada na avaliação, uma vez que esta só pode ser construída com a coordenação dos diferentes pontos de vista tanto do aluno quanto do professor. Este autor ainda diz que “a auto-avaliação que implica a participação mai ativa do aluno na avaliação de sua própria aprendizagem ainda não é utilizada”. Tanto o aluno quanto o professor não estão preparados para assumir uma responsabilidade maior que e o Compromisso com sua própria avaliação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Avaliando, o professor obtém as informações básicas para programar e planejar as atividades que serão realizadas em sala de aula. Encarada como parte do processo educativo, é um diagnóstico, por meio do qual é possível selecionar as atividades adequadas para que os alunos avancem. O aluno percebe seu avanço e nunca seu fracasso. Uma prática sem instrumentos de avaliação, corre o risco de encerrar-se em si mesma. O objetivo da escola deve ser promover um crescimento contínuo do aluno. Ao professor cabe criar formas de aproximação entre aluno e conhecimento. Um programa aberto que incorpore o currículo dos alunos, facilita em muito a aprendizagem. O problema da avaliação educacional, é, resolvido enquanto não houver uma tomada de consciência dos professores que a avaliação ocorre durante todo o processo ensino-aprendizagem. A avaliação tem como objetivo a construção de um processo sólido, que possibilite o crescimento do aluno e não sua classificação. Deve-se também considerar que a boa formação do professor é fundamental, dando condições de desenvolver um trabalho baseado em teorias pedagógicas preocupadas com o desenvolvimento do aluno e com a melhoria do ensino. A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar. Planejando e executando em conjunto com todos os membros do processo ensino-aprendizagem e utilizando a avaliação como subsídio desse processo, o professor estará direcionando o seu trabalho para o desenvolvimento do educando e da sociedade como um todo. O importante no processo educativo é a reflexão sobre a ação. Esta ação não pode ser feita inconsciente ou irrefletidamente. Cada passo da ação do professor, deverá estar marcado por uma decisão clara explicita do que está fazendo e para onde possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .FREIRE, Paulo. Formar professores é um ato político. Jornal do Roda Viva, Rio de Janeiro, VER, 14 de outubro, 1989. .HOFFMAM, Jussara. Avaliação: mito e desafio. Porto Alegre; Educação e Realidade, 1992. .LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo; Cortez, 1991. .LUCKESI, Cepriano Carlos, Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 1995. .MACEDO, Lino de. A perspectiva de Jean Piaget. Idéias nº 2 - A pré escola e a criança, hoje. Secretaria de Educação, São Paulo, 1998. .SOUZA, Clarilza P. – Avaliação do rendimento escolar. Campinas, S.P.; Papirus, 1991