UCS/EMBRAPA EFEITO DE FORMULAÇÕES DE Bacillus thuringiensis (BERLINER) APLICADOS EM DIFERENTES SUBSTRATOS ALIMENTARES SOBRE Grapholita molesta (BUSCK) (LEPIDOPTERA: TORTRICIDAE) Elisângela Caroline Weber Galzer1, Aline Nondillo2, Wilson Sampaio de Azevedo Filho3, Marcos Botton4 ¹Graduanda em Ciências Biológicas Licenciatura e Bacharel, Universidade de Caxias do Sul – UCS Caxias do Sul/RS. Bolsista CNPq da Embrapa Uva e Vinho. Caixa Postal 130, 95700-000, Bento Gonçalves, RS, Brasil. [email protected] 2Bolsista de Pós-doutorando (Capes Fapergs) Embrapa Uva e Vinho. Caixa Postal 130, 95700-000, Bento Gonçalves, RS, Brasil. [email protected] 3Professor, Dr., pesquisador da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Caixa postal 32, 95700-000, Bento Gonçalves, RS, Brasil. [email protected] 4Pesquisador, Dr., Embrapa Uva e Vinho. Caixa Postal 130, 95700-000, Bento Gonçalves, RS, Brasil. [email protected] INTRODUÇÃO B A C Grapholita molesta (Busck) (Lepidoptera: Tortricidae) é uma das principais pragas das rosáceas (ameixa, maçã, pêssego e pereira) cultivadas no Centro-Sul do Brasil. Os danos de G. molesta são decorrentes do hábito broqueador da lagarta, que penetra em ponteiros e frutos permanecendo pouco tempo sobre sua superfície (Figura 1). O controle de G. molesta tem sido realizado através do emprego de inseticidas e de feromônios sexuais. Porém, devido à pressão pela utilização de produtos menos agressivos ao ambiente, uma das alternativas poderia ser o controle biológico, através da utilização de produtos formulados com a bactéria Bacillus thuringiensis (Berliner) (Eubacteriales: Bacillaceae). No entanto, devido ao hábito do inseto de se alimentar de ponteiros e frutos, a eficácia do produto pode variar conforme o substrato em que as lagartas se alimentam. D Figura 2: Metodologia de imersão em calda ( A, B). Ponteiros e frutos foram colocados em copos plásticos (C). Dieta artificial foi preparada e vertida em poços de placas de cultura celular (24 poços COSTAR®) (D). A B RESULTADOS E DISCUSSÃO A mortalidade em ponteiros e frutos foi de aproximadamente 50% e 20% respectivamente, tendo baixa eficiência nestes substratos (Tabela 1). Os produtos à base de B. thuringiensis aplicados na dieta artificial apresentaram mortalidade de lagartas de G. molesta de 73% e 79% para Agree e Dipel, respectivamente (Tabela 2 ). O inseticida Clorantraniliprole causou mortalidade acima de 90% independente do substrato no qual o produto foi aplicado (Tabela 1). Tabela 1: Média seguida de mesma letra maiúscula na linha, eficiência do produto por substrato, pelo teste de Tukey (P<0,005 1 Mortalidade corrigida por ABBOTT (1925). Figura 1: Danos causados pelas lagartas da espécie de G. molesta em ponteiros de pêssego (A) e frutos de maçã (B). OBJETIVO O objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de duas formulações comerciais à base de B. thuringiensis no controle de lagartas neonatas de G. molesta em diferentes substratos alimentares. . Produto Maçã Ameixa Fruto % C1 Maçã Ponteiro N±EP % C1 Dieta N±EP % C1 N±EP B. thuringiensis Var. kurstaki (Dipel) 0,22±,423 22% A 0,17±,385 17% A 0,58±,499 58% B 0,55±,504 55% B 0,79±,411 79% C B. thuringiensis Var. Aizawai e kurstaki (Agree) 0,15±,358 15% A 0,12±,335 12% A 0,37±,489 37% A 0,30±,462 30% A 0,73±,447 73% B Clorantraniliprole (Altacor) 0,98±,151 98% A 0,96±,208 96% A 0,93±,261 93% A 0,93±,261 93% A 0±,000 A 0±,000 Testemunha MATERIAL E MÉTODOS Ameixa A N±EP 0±,000 A % C1 0±,000 A % C1 N±EP 0±,000 100% A 0±,000 A Tabela 2: Média seguida de mesma letra minúscula difere na coluna eficiência de diferentes produtos em um mesmo substrato, pelo teste de Tukey (P<0,005). 1 Mortalidade corrigida por ABBOTT (1925). O experimento foi conduzido no Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho em Bento Gonçalves, RS, em sala de criação com condições controladas (25 ± 1ºC, 70 ± 10 UR% e fotofase de 16 h). Os tratamentos avaliados foram (1) Bacillus thuringiensis var. kurstaki (Dipel®, 100g.100L-1); (2) B. thuringieses var. aizawai e kurstaki (Agree 100g.100L-1), comparados com (3) Clorantraniliprole (Altacor® 10g.100L-1) e uma (4) testemunha (água). Os produtos foram aplicados em diferentes substratos alimentares: dieta artificial, ponteiros e frutos de ameixa e macieira (Figura 2). Ponteiros e frutos de ameixeira e macieira foram mergulhados nas caldas dos respectivos tratamentos e deixados à sombra por três horas para secagem. Em seguida os ponteiros foram transferidos para recipientes plásticos (300 ml) com ágar no fundo para a fixação e manutenção da turgidez e os frutos foram colocados em copos plásticos (250ml). Em cada ponteiro e fruto foi inoculada uma lagarta recém-eclodida de G. molesta criada em dieta artificial, em seguida os recipientes foram fechados com tecido tipo "voil". Para a dieta artificial a mesma foi preparada e vertida em poços das placas de cultura celular (24 poços COSTAR®) (Figura 2-D) aplicando-se 30μL em cada célula, inoculando-se uma lagarta por poço. A mortalidade das lagartas foi avaliada 7 dias após a inoculação. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 50 repetições (frutos e ponteiros) e 96 repetições (dieta artificial) empregando-se uma lagarta por repetição. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). Produto Ameixa Maçã Ameixa Fruto Ponteiro N±EP % C1 Dieta N±EP % C1 N±EP B. thuringiensis Var. kurstaki (Dipel) 0,22±,423 22% a 0,17±,385 17% a 0,58±,499 58% b 0,55±,504 55% c 0,79±,411 79% b B. thuringiensis Var. Aizawai e kurstaki (Agree) 0,15±,358 15% a 0,12±,335 12% a 0,37±,489 37% b 0,30±,462 30% b 0,73±,447 73% b Clorantraniliprole (Altacor) 0,98±,151 98% b 0,96±,208 93% c 0,93±,261 93% d 0±,000 a 0±,000 Testemunha % C1 Maçã N±EP 96% b 0,93±,261 a 0±,000 a 0±,000 % C1 a N±EP % C1 0±,000 100% c 0±,000 a CONCLUSÕES G. molesta é suscetível aos produtos à base de B. thuringiensis (Agree e Dipel) quando aplicados em dieta artificial. Em ponteiros e frutos os produtos à base de B. thuringiensis (Agree e Dipel) têm baixa eficiência no controle de G. molesta. A mortalidade de lagartas de G. molesta causada por B. thuringiensis é dependente do substrato em que o produto é aplicado. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abbott, W. S. 1925. A method of computing the effectiveness of an insecticide. J. Econ. Entomol. 18:265-267. Alves, S.B. 1998. Controle microbiano de insetos. Piracicaba: FEALQ, p.1163. Arioli, C.J. 2007. Técnica de criação e controle de Grapholita molesta (Busck, 1916) (Lepidoptera:Tortricidae) na cultura da macieira. Tese. Universidade Federal de Pelotas, 83p Batista Neto, O.A., M. Botton, D. Bernardi & C. Omoto. 2013. Metodologias para Instalação de Bioensaios para o Monitoramento da Resistência de Bonagota salubricola e Grapholita molesta a inseticidas. Bento Gonçalves: EmbrapaCNPUV, 12p. (Embrapa-CNPUV. Comunicado Técnico, 152). Botton, M., D. E. Nava, C. J. Arioli, A.D. Grutzmacher & M. S. Garcia. 2011. Bioecologia, monitoramento e controle da mariposa-oriental na cultura do pessegueiro no Rio Grande do Sul. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 11p. (Circular Técnica, 86). Brar, S.K., M. Verma, R. D. Tyagi & J.R. Valéro. 2006. Recent advances in downstream processing and formulations of Bacillus thuringiensis based biopesticides. Process Biochem. 41:323-342 Carvalho, R.P.L. 1990. Manejo integrado de pragas de pessegueiro, p. 325-358. In: Crocomo, W.B. Manejo integrado de pragas. São Paulo, UNESP, 360p. Chaves, C.C. 2013. Local de oviposição, tempo de penetração, efeito de inseticidas e parasitoides larvais associados à Grapholita molesta (Busck, 1916) (Lepidoptera: Tortricidae) em macieira e pessegueiro. Dissertação. Universidade Federal de Pelotas. 69p. Fachinello, J.C., J.C. Nachtigal & E. Kersten. 1996. Fruticultura: Fundamentos e práticas. Pelotas, UFPel, p.311 Myers, C.T., L.A. Hull & G. Krawczyk. 2006a. Seasonal and cultivar-associated variation in the oviposition preference of oriental fruit moth (Lepidoptera: Tortricidae) adults and feeding behavior of neonate larvae in apples. J. Econ. Entomol. 99: 349-358. Myers, C.T., L.A. Hull & G. Krawczyk. 2006b. Effects of orchard host plants on the oviposition preference of the oriental fruit moth (Lepidoptera: Tortricidae). J. Econ. Entomol. 99:1176-1183 Salles, L.A.B. 1999. Principais pragas e seu controle, p. 203-242. In: Barbosa, C. A. & M.C. Raseira (eds.). A cultura do pessegueiro. Brasília, Embrapa- SPI, 350 p. Van Frankenhuyzen, K. 2009. Insecticidal activity of Bacillus thuringiensis crystal proteins. J. Invertebr. Pathol. 101: 1-16.