CURCULIONÍDEO EM FRUTOS DE PUPUNHA NO ESTADO DE RONDÔNIA,
BRASIL
Olzeno Trevisan, Roberto Aparecido Custodio, Fernando Luiz de Oliveira Correa e Ana
Carolina Martins Cidim¹
1
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Estação Experimental Ouro
Preto (ESTEX-OP), BR 364, km 325, 78.950-000, Ouro Preto do Oeste, Rondônia, Brasil.
[email protected]; [email protected]; [email protected]
² Universidade Federal do Acre (UFAC), Rio Branco, Acre. [email protected]
INTRODUÇÃO
A pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) é uma palmeira com ampla distribuição
geográfica nos trópicos úmidos americanos. O estado de Rondônia é um importante produtor de
sementes certificadas desta Arecaceae. Até a safra de 2008/2009 não havia registro de pragas
danificando sementes dessa planta em Ouro Preto do Oeste, RO. Em razão disso, foram
desenvolvidos estudos objetivando descrever alguns aspectos inerentes ao ciclo biológico e
injúrias causadas por Revena sp (Coleoptera, Curculionidae) aos frutos da pupunheira, até então
ainda não citado para pupunha em Rondônia.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido na Estação Experimental Ouro Preto (ESTEX-OP),
pertencente à Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), localizada no
município de Ouro Preto do Oeste, Rondônia (10º44’36”S 62º14’18” O), às margens da
Rodovia Marechal Candido Rondon (BR 364), a 340 km de Porto Velho. Apresenta clima
quente e úmido, com precipitação pluviométrica em torno de 1900 mm, com chuvas
concentradas entre novembro e abril; temperaturas médias mensais de 24,6ºC e umidade
relativa do ar com médias mensais superiores a 79% (Scerne et al., 2000).
Para determinar as injurias causada por Revena sp aos frutos de pupunha, foram
coletados na área experimental da estação inflorescências de três pupunheiras com sinais de
ataque deste inseto. Os frutos foram trazidos para o laboratório de entomologia da estação e,
periodicamente eram abertos com auxilio de um instrumento cortante visando avaliar a parte
interna destruída pela larva. Observações em campo revelaram que o estádio de pupa de Revena
sp ocorre no interior do solo. Devido a isso, para obtenção de adultos de Revena sp, larvas no
estádio de pré-pupa foram retiradas do interior dos frutos e levadas para o campo para
emergência dos imagos. Para tanto, uma larva foi colocada sobre o solo e, sobre esta adaptado um
cano de PVC de 40 cm de comprimento. Na parte superior foi amarrada uma tela plástica para
evitar a fuga dos insetos emergentes. Ao todo foram usados vinte canos de PVC. Após
emergência dos curculionídeos, estes foram enviados para o Museu de Zoologia da Universidade
de São Paulo para identificação da espécie.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Registra-se a primeira ocorrência de broca de sementes de pupunha causada por um
gorgulho do gênero Ravena em Rondônia.
A figura 1 mostra a seqüência de larva a adulto de Revena sp. Através da tabela 1
observa-se que o ataque no primeiro cacho das referidas planta foi respectivamente de 98,1%;
95,9% e 91,7%, e, a massa média de um fruto foi de 1,72g; 1,95g e 4,40g respectivamente. Já o
conteúdo da massa das sementes dos frutos foi: 0,70g; 1,05g e 1,10g. Quanto á espessura do
mesocarpo pode-se observar que variou de 0,37 mm na planta “A”; 3,4 mm na planta “B” e 4,02
mm na planta “C”, que apresentou a maior espessura de mesocarpo.
Observou-se que larvas podem penetrar até 30 cm de profundidade no solo. Após,
constroem uma câmara pau e transforma-se em pupa. Quando atingem o estádio adulto rompem à
câmara pau e alcançam à superfície do solo.
Conforme proposto por Clemente ECT al. (2000), as plantas avaliadas que tiveram os
frutos danificados são consideradas plantas de frutos pequenos e, de acordo com o autor, estes
frutos são da variedade Bacuris gazeais var. chichagui
Para evitar a disseminação desta praga, sugere-se a não comercialização de frutos
provenientes desta variedade de pupunheira.
Planta
Tabela 1. Porcentagem de danos em frutos de pupunha, massa, tamanha e respectiva espessura do
mesocarpo de frutos amostrados no primeiro cacho de três pupunheiras atacadas em
Ouro Preto do Oeste, Rondônia. 2010.
Danos
Massa (g)
Tamanho do fruto
(%)
Fruto
Semente
Diâmetro (cm)
Espessura do mesocarpo
(mm)
Fruto
Semente
A
98,10
1,72
0,70
1,58±0,90
1,07±0,80
0,37±1,10
B
95,90
1,95
1,05
1,52±1,02
1,02±0,10
3,40±1,10
C
91,70
4,20
1,10
2,01±2,20
1,28±0,80
4,02±0,01
Figura 1. Em seqüência: fruto de pupunha com larva, larva saindo, orifício de saída, pupa e
adulto Ravena sp (Coleóptera: Curculionídea) em Ouro Preto do Oeste, Rondônia.
2010.
REFERÊNCIAS
CLEMENT, C. R. ECT al. Domesticação e melhoramento de pupunha. In: BORÉM, A.;
LOPES, M. T. G.; CLEMENT, C. R. Editores. Domesticação e Melhoramento: espécies
amazônicas. Suprema Editora Ltda. Viçosa, MG, 2009, 486 p. Il.:
SCERNE, R. M. C.; SANTOS, A. O. da S.; SANTOS, M. M. dos; NETO, F. A. Aspectos
Agroclimáticos do município de Ouro Preto do Oeste – RO: atualização quinquenal. Belém:
CEPLAC/SUPOR, 48p., 2000. (CEPLAC/SUPOR. Boletim Técnico, n. 17).
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Curculionídeo EM FRUTOS DE PUPUNHA (Bactris