LC para uma assistência qualificada e respeitosa na gestação Eliana Amaral Professora-Titular de Obstetrícia DTG-FCM-UNICAMP 1 2ª grande “virada” 1990 TOO FAR TO WALK: Maternal Mortality in Context (literature review) By Thaddeus S, Maine D 2 “The three delays Model” Status Econômico Social Cultural Característica da doença Distância Condição de transporte Custo Qualidade do cuidado prestado Distância - geografia Autonomia das mulheres questões sociológicas/antropológicas Assistência médica medicina Seqüência causal social e comportamental relacionada à família, comunidade e sistema de saúde em uma ideia única Fase I demora na decisão de procurar cuidado Fase II demora em chegar a uma unidade de saúde Fase III demora em receber os cuidados adequados 3 Hemorragia pós-parto Tempo do início até a morte 2 a 5,7 h Hemorragia anteparto 12 h Rotura uterina 1 dia Condição patológica Eclâmpsia Complicação no parto Infecções 1,7 a 2 dias 3 dias 2,4 a 6 dias Maine, 1991; Ganatra, Coyaji, Rao, 1998 4 Então... • As complicações durante o parto ocorrem mesmo nas melhores condições de vida • A maioria das mulheres com fatores de risco não terá problemas durante o parto. • A maioria das complicações graves ocorre em mulheres sem fatores de risco reconhecidos. • (Rooks et al., 1989; Loudon, 1986; Kaunitz et al., 1984). O potencial de predição e prevenção da complicação obstétrica é baixo! 5 Qualidade do cuidado à saúde para populações e indivíduos • • • • • Produz efeito em saúde desejado. Baseado na melhor evidência científica. Tecnicamente competente. Culturalmente competente. Boa comunicação, compartilhando decisão. Instituto de Medicina – EUA http://www.peerpt.com/website/index.php?option=com_content&view=article&id=10&Itemid=10 6 ESPECTRO DA MORBIDADE MATERNA GRAVE NEAR MISS / MORTE MATERNA Sem Risco de Vida Potencialmente Ameaçadoras à Vida Risco de Morte Near miss Morte Materna Gestações normais Gestações com complicações Total de gestações MMG Say, Souza, Pattinson et al.,2009 Projeto Vigimoma: Amaral et al. (2005) 7 maternidades Cps n % razão / 1000 NV Morte materna 4 2,5 0,89 Morbidade materna grave 95 60,1 21,2 Morte fetal 31 19,6 6,9 Morte neonatal precoce 28 17,7 6,2 Total 158 100,0 35,4 NM / MM = 23,7 Ocorrência de demoras nos eventos adversos Todos os casos Casos com demoras Incerto Acesso 11% 12 54 37% 93 Não Sim 52% Em procurar Em Receber Medidas propostas para prevenir Premissa para PN de qualidade Avaliação contínua, a cada contato, com sensibilidade, astúcia e conhecimento clínicos. (gestação, trabalho de parto e parto). 11 99% de cobertura pré-natal 61% iniciaram PN < 12 sem 73% com 6 ou mais consultas 75% atendidas no setor público 12 Atenção à Puérpera e à gestante Manual Técnico de PN e Puerpério 13 Triagem das infecções 1. SÍFILIS: 2. ITU 3. TOXOPLASMOSE 4. ESTREPTOCOCO GRUPO B (EGB) 14 DOU nº 10, 13 de janeiro de 2012 PORTARIA Nº 77, DE 12 DE JANEIRO DE 2012 Dispõe sobre a realização de testes rápidos, na atenção básica, para a detecção de HIV e sífilis, assim como testes rápidos para outros agravos, no âmbito da atenção pré-natal para gestantes e suas parcerias sexuais. 15 Teste rápido para sífilis 16 Etapa Laboratorial - Sífilis 17 Desafio 1 (sífilis) Educação permanente para atualização de condutas Ministério da Saúde - Gabinete do Ministro PORTARIA Nº 3.275, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2013 Altera a Portaria nº 77/GM/MS, de 12 de janeiro de 2012. O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE resolve: "Art. 2º Os testes rápidos para HIV e sífilis deverão ser realizados por profissionais de saúde capacitados por treinamentos presenciais ou por meio de cursos de ensino à distância, para realização da metodologia, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DDAHV/SVS/MS)." (NR) “...profissionais capacitados e certificados para execução, leitura e interpretação dos resultados” CVE 2014 18 Desafio 2 (sífilis) Provisão do insumos Garantido para municípios que aderiram à Rede Cegonha. Mesmo? 19 Desafio 3 (sífilis) Interpretação dos resultados com a clínica 20 Desafio 4 (sífilis) Tratamento adequado – penicilina (alergia, dessensibilização) 21 Desafio 5 (sífilis) Aconselhamento em situações especiais Tratamento do parceiro 22 Desafio 6 (ITU) Urocultura – disponível? 23 Desafio 7 (anemia) EP e insumos Diagnóstico, ação e acompanhamento 24 Diagnóstico precoce de pré-eclâmpsia 25 VACINAÇÃO DE GESTANTES /puérpera RECOMENDADAS TIPO COMENTÁRIOS ANTI-TETÂNICA Toxóide Sem reforço ou > 5 anos – dTpa 1 dose dT (dupla tipo adulto) Não vacinada - 1ª visita, após 2 m, após 6 m dTpa na primeira dose e dT depois Hepatite B Suscetível - 1ª visita, após 2 m, após 6 m INFLUENZA Vírus morto Dose única IM (2o ou 3o Tri, no inverno) TRIPLA VIRAL Vírus vivo atenuado 1 dose pós parto ou aborto se suscetível Rubéola, caxumba, sarampo CVE 2011/4 ACIP: vacina contra pertussis para TODAS as gestantes (dTpa) - Vacinação na gestação poderia prevenir: - 906 casos neonatais - 462 hospitalizações - 9 mortes - Administrar a TODAS as gestantes a partir de 28 semanas Advisory Commitee on Immunization Practices , 2012 Grupos de gestantes Visita à maternidade 28 Pré-Natal do Parceiro É um direito do pai e cria vínculos! • • • • Apoio para se adaptar ao papel Acompanhamento do parto Triagem/aconselhamento infecções Outros para saúde do homem 29 Níveis de atenção pré-natal 1) Pré-natal (USF/UBS) = 85% 2) Pré-natal de risco = 10-13% (AME/unidades especializadas) 3) Pré-natal especializado = 2% (Universidades ou outras) 30 Práticas de qualificação da assistência ao parto – CAISM > 1998 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Visitas pré-natais à maternidade Abolição do enteroclisma Abolição da tricotomia vulvo-perineal Estímulo à presença de acompanhante no TP e parto Oferecimento de gelo e de dieta se possível Prática de massagens para alívio da dor Estímulo ao banho morno e deambulação Liberdade de posição para parturiente Restrição à prática da episiotomia Contato imediato e início imediato da amamentação Implantação de práticas de qualificação na atenção ao parto As clientes tiveram uma excelente avaliação da atenção recebida e reconheceram as mudanças de práticas. Há menor percepção de qualidade da atenção pelo profissionais (mais recursos para alívio da dor e integração das equipes). Christoforo&Amaral, 2005 32 PPP no CAISM/UNICAMP após 2010 33 Desafio 8: Ter médico(a)s e enfermeiro(a)s obstétricas bem treinados, competentes, compartilhando e complementando o cuidado, respeitando suas especificidades profissionais. 34 Não reduz cesárea Não melhora resultados perinatais Útil para auditoria, revisão de casos = educação continuada 35 Que intervenções no parto? Apenas as necessárias e efetivas! 36 Plano de parto 37 Parto planejado domiciliar x institucional Resultados perinatais e maternos da coorte prospectiva inglesa “Baixo risco”: parto institucional ou domiciliar? Multíparas tiveram resultado perinatal similar, MAS Nulíparas tiveram piores resultados perinatais. Birthplace in England Collaborative Group 2011 E como preparar melhor os profissionais? 39 Estratégias de EP em pré-natal • Aprendizagem em equipe, baseada em projeto • Aprendizagem mista (presencial e distância) • Protocolos disponíveis para auto-aprendizagem e consulta, em partes (mídia de curta duração – máx 15 min) • Módulos com facilitadores – situações clínicas e sociais • Consultas com gestantes simuladas para avaliação e feedback. • Apoio das sociedades de especialidades para desenvolver as atividades de EP • Participação em eventos científicos das especialidades para aproximar os “mundos” 40 Intervenções que mudaram práticas e maus resultados (mudar modelos mentais, normas e cultura institucionais) • Feedback de pares • Auto-reflexão • Propor plano de ação – o que, como, quem Nystrom et al., 2012 41 42 “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.” Aristóteles 43