NAZA CLEISS PEREIRA DO NASCIMENTO
HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS
EM MARITUBA:
(1929 -1939)
Belém-PA
2013
NAZA CLEISS PEREIRA DO NASCIMENTO
HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS
EM MARITUBA:
(1929 -1939)
Monografia apresentada ao curso de
História como requisito para obtenção
do grau em Licenciatura Plena, pelo
professor Sérgio Bandeira.
Belém-PA
2013
NAZA CLEISS PEREIRA DO NASCIMENTO
HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS
EM MARITUBA:
(1929 -1939)
Este trabalho de conclusão de Curso foi
julgado adequado à obtenção do título de
Licenciatura Plena em História pela banca
examinadora
da
Faculdade
Integrada
Ipiranga.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
__________________________________________________
___________________________________________________
Belém-PA
2013
A Deus para honra e Glória do seu nome, A
minhas filhas Cleissielle e Cleissienne, ao meu
esposo Jose Maria, aos meus pais Francisco
Cabral e Osmarina Alves, e as minhas irmãs
Nalzeli,
Nalzilene
e
Nalzelice
que
muito
contribuíram para a minha educação formal.
BELÉM
2013
RESUMO
Este estudo tem por finalidade investigar e conhecer a História da Fundação da
Igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba no período de 1929 a
1939 em face de carência de produções sobre o tema proposto, o que requer
investigações como meio de produzir e propagar o conhecimento; dando
visibilidade, através da constituição de uma narrativa sobre a História dessa
instituição religiosa com atuação no Município de Marituba, valorizando assim a
cultura religiosa em que as mesmas estão inseridas. Portanto para analisar a
História da Fundação da Assembleia de Deus em Marituba, aplicou-se a
utilização de estudos Bibliográficos, com inserção em documentos escritos e o
resgate dessa Historia através da oralidade, relacionando-os com as narrativas
obtidas através das entrevistas realizadas aos sujeitos sociais com faixa etária
entre 54 e 98 anos de idade. Portanto o desafio para novos historiadores é o
uso desse conhecimento, para um saber significativo da História da Fundação
da Igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba, para apresenta-lo a
sociedade em geral, fazendo assim a relação entre história e memória. Os
resultados nos mostram que os capítulos que compõem essa obra poderão
oferecer subsídios que permitam aprimorar e potencializar um maior
conhecimento do passado, oferecendo a você um panorama significativo e
sólido a respeito da origem da Igreja Assembleia de Deus, em particular no
Município de Marituba.
PALAVRAS CHAVES: Memoria, História oral, Assembleia de Deus, Marituba.
ABSTRACT
This study aims to investigate and know the history of the Established Church
Assembly of God in the city of Marituba in the period 1929-1939, since we
found no detailed records on a past importantly you need to be registered to
make known to future generations; giving visibility, voice and time, through the
creation of a narrative history of the Established Church Assembly of God in the
city of Marituba, thus enhancing the religious culture in which they are
embedded. Therefore to analyze the history of the Foundation of the Assembly
of God in Marituba, applied the methodology of studies Books about the origin
of the Assembly of God in Brazil that caused this expansion to various locations
and oral history of many authors, relating them with narratives obtained through
interviews conducted with social subjects aged between 54 and 98 years old.
So the challenge for new historians is the use of this knowledge to a knowledge
of the significant history of the Foundation of the Church Assembly of God in the
city of Marituba, presents it to society in general, thus making the relationship
between history and memory. The results show that the chapters of this work
may offer subsidies that enable us to improve and enhance a better
understanding of the past, giving you significant insight and solid about the
origin of the Assembly of God Church, particularly in the city of Marituba.
KEYWORDS: Memory, Oral History, Assembly of God, Marituba.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------08 - 09
1
O
PERCURSO
HISTÓRICO
DO
MOVIMENTO
PENTENCOSTAL----------------------------------------------------------10-16
1.1 ORIGEM DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL---------16-22
2 CONTEXTOS HISTÓRICOS DO MUNICÍPIO DE MARITUBA -------------------------------------------------------------------------------------23-28
2.1 CONTEXTOS RELIGIOSOS DO MUNICÍPIO DE MARITUBA------------------------------------------------------------------------------------28-31
3 MEMÓRIAS DA FUNDAÇÃO DA IGREJA ASSEMBLEIA DE
DEUS NO MUNICÍPIO DE MARITUBA----------------------------------33
3.1 ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS MEMBROS DA
IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS NO MUNICÍPIO DE MARITUBA----------------------------------------------------------------------------------33 -41
3.2 ENTREVISTAS REALIZADAS COM MEMBROS DA IGREJA
CATÓLICA NO MUNICÍPIO DE MARITUBA------------------------41-45
3.3 ENTREVISTAS REALIZADAS COM AS PESSOAS QUE NÃO
COMPÕEM AS IGREJAS CITADAS ANTERIORMENTE-------46-48
4 CONCUSÃO--------------------------------------------------------------49-50
5 REFERENCIAS TEÓRICOS------------------------------------------51-52
8
INTRODUÇÃO
Conhecer a História da Fundação da Igreja Assembleia Deus no Município de
Marituba é um grande desafio que se propõe para essa investigação, pois se
trata de um tema que ainda requer pesquisas em face ao grande movimento
pentecostal no Brasil, país tradicionalmente católico desde as suas origens.
Desta forma buscamos respostas para as nossas inquietações tentando
compreender o processo de constituição Histórica dessa instituição religiosa.
Estabelecemos um recorte temporal entre os anos 1929 a 1939 em função da
origem da Assembleia de Deus no Município de Marituba no Estado do Pará ter
ocorrido nesse período. Em função da escassez de fontes que dê suporte
material para as investigações acadêmicas se justifica o interesse por resgatar
através da memória e da oralidade de alguns moradores do Município de
Marituba, fatos ocorrentes dentro do mesmo, como forma de garantir a esses
sujeitos o olhar sobre o nosso objeto de investigação, assim como suporte
teórico de autores do campo das humanidades.
Nesse sentido é necessário apresentarmos alguns dados Históricos do
período vivenciado pelo pentecostalismo, principalmente no período em que é
notória a influência desse movimento no Brasil através de outras igrejas, visto
que Paul Freston nos apresenta três ondas do movimento Pentecostal, sendo
que a primeira se deu com a igreja Assembleia de Deus, a segunda com a
Igreja Deus é Amor e a terceira com a igreja Universal do Reino de Deus, desta
maneira podemos perceber que o Pentecostalismo não é exclusivo da
Assembleia de Deus, pois se compreende fazer parte de vários fenômenos
religiosos.
Através dessa trajetória do Movimento Pentecostal, foi possível
compreendermos como constituir uma narrativa da História de Fundação da
Igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba. Visto que a análise do
cotidiano resgata a História cultural da sociedade. Neste contexto podemos
compreender, a partir das pesquisas bibliográficas e das coletas de dados das
entrevistas, o quanto é importante valorizarmos a História Oral, como forma de
dar visibilidade, dar voz e vez aos entrevistados envolvidos no contexto,
valorizando as memórias dos idosos que serão essenciais para constituir uma
narrativa Histórica para o conhecimento das gerações futuras.
9
Sendo assim esse trabalho foi realizado no campo de investigação
qualitativa, partindo das pesquisas bibliográficas que nos mostram a História do
pentecostalismo, que inclui a ação evangelística e através das coletas de
dados de entrevistas obtidas através dos relatos da memória dos indivíduos
entrevistados, pois as pesquisas bibliográficas juntamente com as coletas de
dados dos entrevistados serviram de base, para a construção da representação
da História da Fundação da Igreja Assembleia de Deus no Município de
Marituba.
É importante compreendermos os diversos fatores que estão
inseridos na sociedade maritubense no período de 1929 a 1939, a fim de
promover as informações a partir da história oral, destacando a importância do
passado como objeto de análise mais eficaz para lidarmos com as mudanças
constantes e suas relações para a compreensão das diversas relações sociais
imbricadas entre passado, presente e futuro.
Para melhor apresentarmos o presente trabalho sua organização
está dividida em três capítulos. No primeiro, apresentamos a discussão teórica
circunscrita no campo da História e o percurso histórico do Movimento
Pentecostal e da Assembleia de Deus no Brasil e no Pará. No segundo capítulo
tratamos do contexto histórico e religioso do Município de Marituba e no
terceiro capítulo mostramos as narrativas a partir da memória de moradores do
município de Marituba sobre a fundação da Igreja Assembleia de Deus. Os
sujeitos que participaram desse estudo são adeptos da Igreja Católica, da
Assembleia de Deus e também outras pessoas que não participam de
nenhuma das denominações citadas, mas que fazem parte do contexto no
período analisado do referido Município. Avaliamos e analisamos os resultados
das fontes de pesquisas historiográficas juntamente com as coletas de dados
obtidos através das entrevistas. Desta forma podemos observar que não
devemos analisar o contexto religioso do Município de Marituba isoladamente,
uma vez que o universo cultural é amplo e estão inseridos na vida econômica,
política e social dessa sociedade.
10
1- O PERCURSO HISTÓRICO DO MOVIMENTO PENTENCOSTAL
O objetivo deste capítulo é dar visibilidade ao percurso histórico do
pentecostalismo através do qual foi se construindo dentro de diversos
fenômenos religiosos a formação de igrejas, em diversas localidades entre elas
a Assembleia de Deus no Estado do Pará e sua propagação para o Brasil e
várias outras localidades do mundo. Desta maneira foi dada ênfase a grande
parte do processo de desenvolvimento do Movimento Pentecostal bem como à
relação que se estabeleceu entre outras igrejas envolvidas no contexto do
período proposto para essa investigação. O motivo central para esta
abordagem está no fato de que, o Movimento Pentecostal tomou grandes
dimensões que marcam profundamente a identidade e a vida de grande parte
do povo brasileiro.
Por essas e outras razões, é oportuno fazer-se uma nova reflexão
sobre o impacto que causa valorizar o passado para que se tenha
entendimento do presente sem deixar de perceber algumas possibilidades e
limitações dos contextos estudados.
A
apresentação
organização
de
um
do
capitulo
panorama
ocorre
dos
inicialmente
antecedentes
através
da
históricos
do
pentecostalismo e o processo de expansão do mesmo, onde relatamos
também uma breve síntese da História da Igreja Assembleia de Deus no Brasil.
Diante dessa sequência notamos que varias pessoas tem se disponibilizado a
estudar a História da igreja por várias lentes, seja pela teoria do campo
historiográfico ou da cultura de pessoas menos favorecidas dentro dos fatores
econômicos, o que conhecemos por classes populares.
A palavra Igreja é uma tradução da palavra grega EKKLESIA, que
não está relacionado a um lugar de adoração e sim a uma reunião de pessoas
mostrando desta maneira a organização de grupo de pessoas em determinado
local que praticam a mesma crença, conforme nos apresenta Wycliffe (2006).
É possível encontrarmos também o registro da palavra Igreja na
Bíblia Sagrada no Novo Testamento que diz: “Pois também eu te digo que tu és
Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela”. (Matheus 16, 18).
11
Agora, cabe aqui uma palavra de advertência. Quando nós
lançamos mão da ciência Humana, a História; para estudar o fenômeno da
religiosidade brasileira, nos deparamos sobre tudo com uma notável
observação, a de que o catolicismo iniciou a nossa religiosidade, nos
impossibilitando, portanto de fugir dos traços das origens da sociedade
brasileira onde o trabalho de padres começava a interferir na cultura dos povos
indígenas tanto na religião como na linguagem, vestuários entre muitos outros
aspectos, visto que o objetivo dos padres era direcionar os índios ao
catolicismo e isto fica claro.
Desta forma notamos que os indígenas o qual a História apresenta
como os primeiros habitantes do Continente Americano, mas especificamente
da região Amazônica, viviam diante de uma religião diferenciada do
catolicismo, onde os mesmos acreditavam na existência de vários deuses, que
costumavam caracterizá-los através de elementos da natureza. Quanto a
religião do povo indígena Tiese Junior afirma que:
A religião indígena é chamada de religião de encantamento, pois
quando um membro da comunidade morre, transforma-se em um
elemento da natureza – uma árvore, uma pedra, um rio, um pássaro
ou uma planta. Um dos principais deuses é Tupã, o criador do mundo
existe a adoração de pedras, arvores e animais. Os fenômenos da
natureza são controlados pelo deus tupã. Trovões, ventanias, chuvas
fortes, relâmpagos são sinais de que deus estava bravo, que algo
errado foi feito. (JUNIOR, 2010, P. 26).
Vale a pena ressaltar que através dos relatos desses fatos Históricos
é notável que a religião indígena e os padres evangelizadores se defrontam
entre suas culturas visto que agora anunciavam aos indígenas a existência de
um único Deus a ser adorado e que os elementos da natureza haviam sidos
criados por Ele. E é esse novo ensinamento que a História caracteriza como
processo
de
catequização
dos
indígenas.
Porém
e
necessário
compreendermos que a cultura de um povo vai muito além de suas
religiosidades, onde a tal cultura esta entrelaçada nos diversos aspectos de
uma sociedade. Quanto ao significado referente a cultura Pinsky nos diz que:
[...] Cultura não é apenas o conjunto de manifestações artísticas.
Envolve as formas de organização do trabalho, da casa da família, do
cotidiano das pessoas, dos ritos, das religiões, das festas etc. Assim,
o estudo das identidades sociais, no âmbito das representações
culturais, adquiri ignificado e importância para caracterização de
grupos sociais e de povos. (PINSKY, 2008, P. 46).
12
Sendo assim podemos conceber o resultado em que a sociedade
em geral implica no desenrolar de processos que vem ocorrendo através da
ação de instituições, resultantes de conceitos ou de ações individuais que
envolvem um embate entre as relações sociais no tempo.
Muito ouvimos falar ou lemos a respeito dos constantes processos
de modificações ocorridos nas igrejas onde um deles é o Movimento
Pentecostal, mas inicialmente é importante ressaltar que iremos identificar a
origem para esse Movimento Pentecostal, a partir de seu surgimento no
contexto dos Estados Unidos até a sua chegada ao Brasil. É possível
identificarmos que entre os dois contextos que utilizamos para caracterizar as
suas origens foi possível percebermos que Paul Freston apresenta a
ocorrência de controvérsia entre os historiadores pentecostais no que diz
respeito à data de origem do pentecostalismo em Los Angeles. Esse autor
afirma que:
[...] Alguns querem colocar seu início em 1900 ou 1901, enquanto
outros dizem ter sido 1906, em Los Angeles. Tais debates são
frequentemente intrapentecostais; penso, porém que faz mais sentido
considerar 1906 como a origem do movimento internacional
pentecostal. (FRESTON, 1996, P.3).
Podemos observar que apesar do autor considerar o ano de 1906,
como origem do Movimento Internacional Pentecostal, o mesmo entra em
controvérsia com relação ao que afirma acreditar a respeito da origem desse
movimento. Visto que em outro momento apresenta Charles Parham como um
Dirigente de uma escola bíblica, que em anos anteriores aos de 1906 já
enfatizava um movimento de santidade, onde se falava em algo á mais ocorrido
dentro desse movimento após a conversão, visto que esta nova experiência era
considerada a ter um nível superior de santidade, sendo então considerado
esse período como o início do Movimento Pentecostal, pois esse mesmo autor
em outro momento nos expõe que:
Entre 1900 e 1901 um dirigente de uma escola bíblica na cidade de
Kansa no Sul dos Estados Unidos, chamado Charles Parham,
juntamente com outras pessoas ligadas às chamadas igrejas ou
movimentos “holiness”. De santidade falavam de uma segunda
experiência [...]. Essa segunda experiência já era chamada por
muitos de “Batismo no Espirito Santo” [...]. (FRESTON, 1996, p.3).
13
Portanto mesmo diante da constatação de controvérsia de Freston,
com relação a origem do Movimento Pentecostal, para esse trabalho iremos
considerar que a origem do movimento pentecostal se caracteriza em um
processo que se desencadeou em momento anterior ao ano de 1906 na cidade
de Los Angeles.
Nesse contexto, a partir da organização de uma escola bíblica, onde
Charles Partham tinha dentre os seus novos alunos W. J. Seymouri, um negro,
filho de escravos, cego de um olho e que trabalhava como garçom, que
observava as aulas de Parham somente do lado externo pelo fato de ser negro
não lhe era permitido adentrar a escola. Todavia, entendeu que aquelas aulas
sinalizavam para a busca ao batismo com Espírito Santo, muito embora
Seymour ainda não estivesse sido batizado com base nesses princípios mas
sentia-se conduzido a dar ênfase a esse tema de Batismo em suas pregações.
Freston (1996).
[...] Como Partham era branco e racista, [...]. Dentro da sala só havia
branco. Seymour, embora convencido da doutrina pentecostal, não
havia ainda falado em línguas quando recebeu um convite de uma
igreja em Los Angeles. Em uma igreja negra de santidade-holinesspastoreada por uma mulher que convidava Seymour para trazer a
mensagem pentecostal. (FRESTON, 1996, p.4).
Infelizmente a pratica de racismo naquele período era extremamente
abusiva, principalmente pela falta de punições diante de tais situações como a
registrada na citação acima em que Parham pratica contra Seymour, onde é
possível percebermos que se diferencia dos dias atuais em que o racismo é
condenado pela sociedade, inclusive prescrito como crime em nossa
legislação, pois existe a lei nº 7.716/891 de 05 de janeiro de 1989, alterada pela
lei 12.7352 de 30 de novembro de 2012 que tem como objetivo condenar
aqueles que venham agir com atitudes racistas contra qualquer pessoa.
Porém é possível percebermos que mesmo diante das práticas
racista de Partham as reuniões realizadas por Seymour continuaram, onde o
número de participantes crescia cada vez mais, chegou a crescer de tal
1
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor
2
Altera a lei 7.716/89 para tipificar condutas realizadas mediante uso de sistema eletrônico, digital ou
similares, que sejam praticadas contra sistemas informatizados e similares; e da outras providências
14
maneira que passou a chamar a atenção da imprensa norte-americana que
enviou ate o local um repórter para fazer a cobertura dos acontecimentos ali
ocorridos. As reuniões tinham grande participação de negros e de mulheres,
que praticavam o fenômeno de falar em línguas visto que a ocorrência dessas
práticas
nesses
personagens
caracterizava
também
as
origens
do
Pentecostalismo. Freston (1996).
Naquela igreja houve uma ruptura em consequência da mensagem
que Seymour começava a pregar, e esse grupo teve que alugar um
antigo armazém e transferir sua missão à qual deram o nome de
Missão de Fé Apostólica. [...]. O principal jornal de Los Angeles
mandou um repórter ao local e esse escreveu ridicularizando o
fenômeno presenciado [...], o artigo funcionou como propaganda
gratuita e logo em seguida houve o famoso Reavivamento da Azuza
Street, a rua onde ficava aquela igrejinha. (FRETON, 1996, p.4-5).
È notório que a ação de falar em línguas, ou seja, o Batismo com o
Espirito Santo ocasionou o que conhecemos por movimento pentecostal, e que
esses feitos, eram realizados na Rua Azuza, lugar de onde vários missionários
iniciaram a expansão do Pentecostalismo para outros continentes.
Segundo Raiol (2011), diante do grande Movimento que ocorria ali
na Rua Azuza, varias pessoas se sentiam incentivadas a chegar àquele local,
visto que ali se tornará um centro irradiador do pentecoste para o mundo, onde
Vários pioneiros do avivamento mundial foram influenciados pelo derramar do
Espirito Santo em igrejas de Chicago. Entre eles Gunnar Vingren e Daniel
Berg.
Ainda conforme Raiol (2011) Daniel Berg era Sueco e viajou para os
Estados Unidos em 1902 com 18 anos de idade a procura de trabalho e
Gunnar Vingren estava em uma conferencia realizada pela primeira igreja
Batista Sueco em Chicago. Quando ambos se encontraram em 1909 após
serem batizados com Espirito Santo, a partir dai os jovens compartilharam a
chamada missionaria que tinham, muito embora não soubessem ainda o lugar
para onde iriam.
Vale
apena
salientarmos que
ao
relatarmos a
origem do
Pentecostalismo em nossa pesquisa foi possível visualizamos através da obra
de Pinsky (2008) a necessidade que se deve ter de um compromisso com o
passado, onde não é viável que se estude o passado pelo passado sem
15
valorizá-lo, mas considerá-lo como importante para a humanidade, tendo assim
grandes responsabilidades com os fatos Históricos apresentados sem inventálo ou distorcê-lo. Para o autor,
[...] sem pensar no que a humanidade pode ser beneficiada com isso.
Compromisso com o passado é pesquisar com seriedade, basear-se
nos fatos Histórico, não distorcer o acontecido como se esse fosse
uma massa amorfa à disposição da fantasia de seu manipulador.
Sem o respeito ao acontecido, a História vira ficção. Interpretar não
pode ser confundido com inventar. E isso vale tanto para fato como
para processos. (PINSKY, 2008, P.24).
Destacamos o contexto histórico do movimento pentecostal fazendo
um passeio historiográfico apresentando o processo do desenvolvimento desse
Movimento que se alastrou ao longo dos anos valorizando os acontecimentos
do passado como eixo importante para o objeto de pesquisa desse trabalho.
Ao fazermos essa trajetória compreendemos que para construir uma
representação Histórica do Movimento Pentecostal é necessária a valorização
do passado para que se possa fazer uma reflexão das relações entre passado,
presente e futuro que me dará a compreensão no desenvolvimento do
processo que ocasionou o aumento do movimento pentecostal conforme relata
Hobsbawm (1998).
O passado é, portanto, uma dimensão permanente da consciência
humana, um componente inevitável das instituições, valores e outros
padrões da sociedade humana. O problema para os historiadores é
analisar a natureza desse “sentido do passado” na sociedade e
localizar suas mudanças e transformações. (HOBSBAWM, 1998,
P.22).
Hobsbawm destaca a importância do passado entre objeto de
análise mais eficaz para lidarmos com as mudanças constantes. Desse modo
percebe-se a importância de valorizar o passado através da história.
Podemos compreender a partir das reflexões de Hobsbawm, que no
sentido mais amplo, todas as sociedades criam suas origens que depois
desencadeiam o ritmo de vida da população. Reafirmando ainda, a importância
do uso do passado narrado através da História como forma de dar visibilidade
aos fatos Históricos ocorridos em meio à sociedade.
16
Ainda no contexto que se refere ao estudo sobre o passado lançamos
mão de duas observações de Bittencourt (2005.) que em sua primeira
observação destaca a História Local como uma indicação necessária para o
ensino, por possibilitar a compreensão do que esta em volta do aluno
facilitando a identificação do passado sempre presente nos vários locais de
sobrevivência e na sua segunda observação Bittencourt aponta outro fator
importante que é a História do cotidiano pelo fato de considerar que Historia
local esta atrelada a Historia do cotidiano devido pessoas comum serem
participantes de uma Historia que demonstra não ter importância alguma. A
atenção volta-se também para o fato de que a História local tem sido utilizada
por Historiadores de diferentes tipos que se dedicam a escrever Histórias locais
com objetivos diversos, onde geralmente criam memórias mais do que
Histórias nos apresentando assim a memória como um elemento importante
para a representação de uma História local, tanto para os Historiadores como
para o ensino.
Diante
das
observações
de
Bittencourt
(2005.)
foi
possível
compreendermos a necessidade de valorizar a História Local e a História
cotidiana pelo motivo de utilizarem a memória como elemento contribuinte para
uma representação Histórica dando “voz” ao povo comum. Nesse sentido, tanto
a análise da História Local, quanto da História cotidiana e da memória, tornouse importante à minha pesquisa, por me dar possibilidades de realizar a
construção da narrativa Histórica primeiramente do movimento Pentecostal, por
me oferecer como base o conhecimento da origem desse movimento que veio
a se alastrar nas demais localidades, ajudando-me a chegar ao entendimento
para a almejada construção da narrativa Histórica de fundação da Igreja
Assembleia de Deus no Município de Marituba, no Estado do Pará - Brasil.
1.1 - ORIGENS DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL
Para falarmos sobre a História da Igreja Assembleia de Deus no
Município de Marituba, foi necessário apresentarmos antes alguns relatos do
Movimento Pentecostal que com sua expansão ocasionou o surgimento de
17
varias denominações, em diversas localidades entre elas a Assembleia de
Deus no Brasil. Desta maneira, estarão contidas ainda nesse primeiro capítulo
fontes bibliográficas que relatam a trajetória da Igreja Assembleia de Deus no
Brasil.
Conforme Oliveira (2000), O centro irradiador do avivamento
pentecostal, ocorreu em Los Angeles na Rua Azuza no Estado da Califórnia no
Estado Unidos, espalhando-se para outros Estados e nações, porém a cidade
de Chicago destaca-se na História dessa denominação religiosa, lugar onde
Vingren e Daniel Berg participavam de uma convenção de igrejas Batistas.
Dois jovens pastores batizados pelo Espírito Santo que se conheceram e
trocaram ideias sobre obras missionárias.
No Brasil o primeiro culto evangélico foi realizado no Rio de Janeiro
em 1557. Posteriormente estes cultos foram realizados nos Estados da Bahia e
no Recife. Esses cultos eram ministrados para determinados grupos de
pessoas. Conforme ressalta Oliveira (2000)
O primeiro culto evangélico celebrado no Brasil foi realizado no dia 10
de Março [...]. Foi dirigido pelo Pastor Pierre Richier, um do três
primeiro Pastores a chegarem ao nosso continente, [...] Mais tarde
em 1624, os crentes da frota Holandesa, [...], iniciaram os cultos.
Depois, em 14- 2 -1630, teve inicio à uma série de cultos, [...]. Os
primeiros cultos em caráter definitivo, no território Brasileiro, foram
realizados pela igreja Anglicana do Rio de Janeiro, desde 1810, para
os membros da colônia Britânica constituídas de Diplomatas,
comerciantes e suas famílias. (OLIVEIRA, 2000, p.165).
Os cultos religiosos, ainda eram tímidos, considerando que
movimentos religiosos, como a Igreja Luterana, por exemplo, que iniciou suas
atividades no Brasil no ano de 1845, a partir desse ano outras igrejas foram
fundadas como a Igreja congregacional, a igreja Presbiteriana e a igreja
Batista. Os primeiros missionários Batistas chegaram ao Brasil em 1881, porém
somente em 1882 foi fundada a igreja Batista na cidade de Salvador, conforme
ressalta Oliveira (2000).
Com um culto realizado a 27 de junho de 1845 a Igreja Luterana dava
início as suas atividades no Brasil. Em 19 de Agosto de 1855, em
Petrópolis, o Sr. Robert Kalley, fundou a escola dominical, dando
assim origem à igreja Congregacional. No dia 12 de Janeiro [...]
chegaram ao Brasil os primeiros missionários batistas, William Bagby
e o Zachary C. Taylor. No ano seguinte, isto é, a 15 de outubro de
18
1882, fundaram eles a Igreja Batista em Salvador, na Bahia. [...].
(OLIVEIRA, 2000, P. 165).
O Movimento Pentecostal teve início no Brasil somente a partir da
primeira república, através do missionário Gunnar Vingren e Daniel Berg.
Conforme relata Germano (2010).
[...] A historiografia registra a presença de protestante no país. [...]
Porém mesmo diante de tantas missões protestantes, [...] Só a partir
do início da primeira república é que o movimento pentecostal chega
ao Brasil por intermédio de dois missionários Suecos Gunnar Vingren
e Daniel Berg. (GERMANO, 2010, P.12-13).
Segundo Mello (2000) os missionários desconheciam a localidade
para onde foram enviados, e que por esse motivo houve necessidade de
buscarem
informações
através
de
recursos
cartográficos
para
que
identificassem o local que lhes foi designado e neste caso particular, o local
indicado foi a cidade de Belém no Estado do Pará. Portanto, as origens da
Assembleia de Deus remontam à região amazônica com a chegada dos
missionários suecos, nesta cidade, visto que partiram em cinco de novembro
da cidade de Chicago, chegando finalmente, no dia 19 de novembro de 1910,
na cidade de Belém do Pará, conforme ressalta Mello (2010).
A Assembleia de Deus foi fundada no Brasil pelos missionários
suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, ambos batistas,[...]. A
aproximação entre os dois missionários aconteceu durante uma
convenção de igrejas batistas reavivadas, em Chicago, ocasião em
que sentiram o chamado para terras distantes. Unidos pelo ideal
missionário, receberam uma mensagem profética enquanto oravam
em companhia de um pentecostal sueco chamado Adolfo Uldin, para
irem ao Pará. [...]. Uniram-se a uma igreja batista de origem sueca,
onde, após haverem aprendido o português, passaram a pregar sobre
o pentecostes. Urge mencionar que os missionários Berg e Vingren
eram provenientes da Suécia em uma época que este país se
encontrava estagnado e obrigava- se a exportar grande parte de sua
população.(MELLO, 2010, P.4).
Portanto, a Fundação da Assembleia de Deus que ocorre em terras
brasileiras, está ligada ao Movimento Pentecostal que iniciou nos Estados
Unidos, pois os missionários Suecos deram continuidade à ação evangelística
no Brasil, iniciada na América do Norte. É notório que antes da Fundação da
Igreja Assembleia de Deus, os missionários faziam parte da igreja Batista e
somente após os conflitos entre as proposições doutrinarias da igreja Batista e
19
os referidos missionários é que se efetivou a “Igreja Missão de Fé Apostólica”
que posteriormente passou a se chamar de Assembleia de Deus, Conforme
ressalta Conde (2005).
[...] Daniel Berg e Gunnar Vingren que sendo expulsos da Igreja
Batista de Belém do Pará no ano de 1910 [...] fundaram a “Missão da
Fé Apostólica” que viria a se chamar em 1914, de Igreja Evangélica
Assembleia de Deus [...]. Depois de sua fundação a Assembleia de
Deus teve um grande crescimento alcançando vários estados
brasileiros [...]. Nas décadas seguintes já figurava entre as maiores
igrejas pentecostais do mundo e conforme o Censo de 2000, no início
do século XXI alcançou 8.418.154 adeptos de um total de 17.975.249
de evangélicos pentecostais, ou seja, 48.8% dos pentecostais,
segundo estes dados, eram assembleianos. [...]. (CONDE, 2005
p. 7-8).
De Chicago, partiram Gunnar Vingren e Daniel Berg para o Estado
do Pará que está localizado no Brasil, Pais da América do Sul. O ministério
desses dois missionários se estendeu para outras localidades nas terras
paraenses o que pode ser confirmado pela seguinte posição apresentado por
Raiol (2011) “Nesse tempo, receberam também a mensagem pentecostal no
Pará: Belém, Soure, Mosqueiro, Vigia, Quatipuru, Igarapé–Açu, Benevides, [...].
Peixe-Boi, Vila são Luiz, Bonito etc.”.
Desta maneira podemos perceber que esse movimento que iniciou
lá nos Estado Unidos em Los Angeles chegou até o Pará se expandido por
diversas localidades inclusive a cidade objeto dessa pesquisa que é no
Município de Marituba, que trataremos na sequencia deste trabalho. Tornandose também necessário ao centro de nossas reflexões as obras que tratam
sobre as narrativas Históricas que descrevem o processo de origem dessa
instituição no Brasil, possibilitando-nos dessa maneira a descrevermos
informações passadas que nos possibilitaram compreender a importância de
valorizar a origem de fundação da igreja Assembleia de Deus no Brasil,
servindo para aprofundar e compreender a sua expansão para as demais
localidades.
Para tentar compreendermos as mudanças de mentalidades quanto
aos conflitos doutrinários que ocorreram ocasionando o surgimento da igreja
20
Assembleia de Deus foi necessário notar então, que ocorreu uma ruptura entre
grupos locais de religiosos, em que a vivencia religiosa tirou pessoas da rotina
e do anonimato, impulsionando a criação de outra doutrina em meio à
sociedade, determinando um ritmo de vida diferenciado daquele já existente.
Nesse sentido emerge a intenção de registrarmos os fatos históricos
para conjuntamente refletir o quanto a formação da igreja Assembleia de Deus
no Brasil implica em um campo social que se destaca a força de outros
processos religiosos em diversos lugares envolvendo agentes sociais.
Ao analisar as fontes bibliográficas obtivemos visibilidade do
processo de desenvolvimento da origem da Igreja Assembleia de Deus no
Brasil o que nos conduziu a pretensão de expressar dimensões e conflitos
vivenciados durante a formação da mesma. Diante dessas investigações
acreditamos propiciar um exercício de pesquisas a sociedade em geral,
possibilitando-nos o repensar através dos dados bibliográficos registrados para
que venhamos contribuir com novas fontes para futuras pesquisas e reflexões
ao processo da origem da Igreja Assembleia Deus no Brasil,
Portanto diante dessas análises, foi possível percebermos que
precisamos conhecer as bases de nossa cultura, a forma em que a sociedade
esta organizada, ou seja, interrogar a partir de questões que nos incomodam
no presente, para que se possamos ter entendimento do passado necessitando
desses conhecimentos sólidos do patrimônio cultural da humanidade, para
então estabelecer um compromisso entre passado e o presente. Segundo
afirma Pinsky (2008).
O Passado deve ser interrogado [...], (caso contrário, estuda-lo fica
sem sentido). Portanto as aulas de História serão muito melhores se
conseguirem estabelecer um duplo compromisso: com o passado e
com o presente. (PINSKY, 2008, P.23).
Podemos concluir que a nossa reflexão em valorizar o passado nos
deu entendimento do presente nas igrejas e na sociedade em geral, bem como
compreensão das possibilidades e limitações desses contextos que completam
uma trajetória histórica. Diante da sequência de reflexões que realizamos foi
possível percebermos também que os Historiadores da igreja tem estudado a
História da igreja tanto através da teoria de vários autores como também pelo
21
olhar da cultura de pessoas historicamente silenciadas pelo modelo de história
que elegeu os grandes nomes como representantes da história oficial.
Agora podemos oferecer aos nossos leitores através de anotações
diversas Histórias de homens como Gunnar Vingren e Daniel Berg, assim como
eles eram, descrevendo o cotidiano dos mesmos.
Segundo vingren (1973) seu nascimento foi em Ostra Huby,
Otergotland, Suécia em oito de agosto de 1879, o pai dele era jardineiro e por
serem crentes os seus pais, procuravam sempre ensinar-lhes os caminhos e
ensinamentos de Deus. Com onze anos de idade terminará o curso primário e
começou ajudar o eu pai no oficio de jardineiro ate aos dezenove anos. Aos
dezoito anos foi batizado nas águas em uma Igreja Batista em Wraka,
Smaland, Suécia no mês de março ou abril de 1897, tornando-se, porém neste
mesmo ano sucessor de seu pai no trabalho da escola dominical, desenvolveu
o trabalho da escola dominical até 1898.
Em setembro de 1904 viajou a Chicago para realizar um curso de
quatro anos no seminário teológico sueco batista, depois Gunnar Vingren foi
pastor da primeira igreja Batista em Menominee, Miichi a partir de junho de
1909 até fevereiro de 1910. Vingren diz ainda que foi batizado com Espirito
Santo em uma conferencia que estava sendo realizado na primeira Igreja
Batista Sueco em Chicago, e ao voltar para sua igreja passou a pregar sobre o
Batismo com Espirito Santo e isso fez com que a igreja se dividisse, pois ele
comenta que a metade creu no que ele estava falando, mas a outra metade
não creu, e os que não creram o obrigaram a deixar o pastorado, conduzindose assim a outra Igreja Batista, localizada em South Bend, indiana onde todo
creram no Batismo com Espirito Santo, tornando assim essa igreja em uma
igreja Pentecostal.
A partir dai passaram a se reunir na casa de um irmão chamado
Adolfo Ulldin para realizarem orações, onde em um desses dias recebeu
através de uma revelação que ele deveria ir ao Pará e que o povo para quem
falaria de Jesus, era pessoas muito simples. Como não sabiam da existência
de algum lugar conhecido por Pará, foram até uma biblioteca para pesquisar se
existia algum lugar na terra com esse nome, descobrindo então que havia um
Estado com esse nome e que ele estava situado no norte do Brasil.
22
Segundo Vingren (1973) Daniel Berg foi conhecido por ele em 1909
em Chicago, pois Berg trabalhava em uma quitanda em Chicago, e o Espirito
Santo falou para ele que viajasse a South Bend, Indiana, onde Vingren era o
pastor da igreja, para que juntos louvassem o nome de Deus. A partir daí eles
se conheceram e foram juntos em uma oração na casa de Ulldin, onde lá
compreenderam através de uma revelação que deveriam partir juntos para o
Pará, no dia cinco de Novembro de 1910, onde depois de quatorze dias de
viagem no navio Clement chegaram ao Pará, Brasil em dezenove de novembro
de 1910.
23
2-CONTEXTOS HISTÓRICOS DO MUNICÍPIO DE MARITUBA
Agora, convidamos você a fazer um exercício imaginário de como
seria o Município de Marituba há aproximadamente oitenta e quatro anos atrás.
Visto que foi exatamente nesse período em que nos propusemos a investigar e
analisar a História de Fundação da Igreja Assembleia de Deus pertencente a
essa localidade. Diante desse sentido, faremos a única volta no tempo possível
até os dias de hoje, aquela que somente o trabalho dos Historiadores nos
permite.
Um dos principais desafios que enfrentamos no processo de
construção desse estudo foi o total desconhecimento da História do Município
de Marituba, muito em função da insuficiência de um acervo suficiente para o
desenvolvimento de nossas pesquisas, sendo assim se tornou necessário
realizarmos nossas analises baseadas apenas na obra de Granhen (2002).
Visto que é necessário compreender os aspectos que estão relacionados à
história do Município de Marituba para estabelecer analises aos aspectos mais
particulares relacionados com a igreja Assembleia de Deus.
O objetivo deste capítulo foi dar visibilidade ao contexto histórico do
Município de Marituba, através do qual se dará ênfase a grande parte do
processo de desenvolvimentos do Município no campo político, econômico
social e religioso bem como à relação que esses fatores estabeleceram com a
população.
Marituba é um Município da Região Metropolitana de Belém do Pará
que fica localizado entre Benevides e Ananindeua, na altura do quilometro 14
as margens da BR-316. O que pode ser confirmado Por Borges (2005)
[...]. Nasceu em 1994, depois de ter sido desmembrado de
Benevides. É também um dos menores do estado com apenas
111,09 km², de área. Porém, possui a terceira mais elevada taxa de
densidade demográfica do Pará. [...]. Em Marituba segundo o censo
de 2000, vivem 75.448 pessoas. [...]. (BORGES, 2005, P. 87).
Conforme o ultimo censo realizado no Município de Marituba no ano
de 2010, apresentado pelo IBGE, nos mostra uma população de 108.246 hab.
24
A História do Município de Marituba começou por volta de 1880, com
a habitação de algumas famílias. O vilarejo de Marituba recebeu tal nome por
existir, neste período, uma grande quantidade de árvores de Umari, onde o
fruto desta arvore, também era chamado de mari. Outra característica forte era
o costume que as pessoas tinham de acrescentar a terminação tuba a qualquer
palavra que designasse o nome de um lugar pequeno. A junção dos dois
termos, muito utilizados na época, deu nome ao vilarejo, atual município de
Marituba, conforme nos apresenta Granhen (2002).
[...] o local onde se encontra o centro de Marituba era habitado por
apenas 5 (cinco) famílias, formando um vilarejo. Estas famílias viviam
em função da agricultura. O nome que recebeu o vilarejo, Marituba,
deve-se [...] as pessoas acrescentavam a terminação tuba a qualquer
palavra que designasse o nome de um lugar pequeno. A letra „u‟,
inicial do nome do fruto, foi suprimida e, por final, o vilarejo recebeu o
nome de Marituba [...] (GRANHEM, 2002, p.15)
Hoje o Município de Marituba infelizmente já não conta mais com as
inúmeras árvores de Umari, visto que nos deparamos com a escassez não só
das árvores de Umari mais de tantas outras, e isso infelizmente ocasionou a
eliminação de vários rios existentes no Município, levando assim varias
pessoas a perder uma das poucas alternativas de lazer ocorrentes em
Marituba. Observe a seguir a representação da árvore de Umari, juntamente
com seu fruto e as características do vilarejo dentro do período analisado.
Fonte: Granhen (2002)
Fonte: Granhen (2002)
25
Granhen (2002) relata que as terras onde hoje se encontra o
Município de Marituba foram doadas pelo Império ao governador Augusto
Monte Negro, através da Lei nº 514 de outubro de 1848, sendo que o total de
da área compreendia seis léguas. Ainda de acordo com o autor, em novembro
de 1905 o governador Augusto Monte Negro decidiu construir na localidade de
Marituba as oficinas da Estrada de Ferro Belém-Bragança e que já no ano de
1906 essas obras foram concluídas, podendo assim neste mesmo ano dar
início a um núcleo de apoio para servir a Estrada de Ferro, onde a Rua
Fernando Guilhon serviu de assentamento de trilhos em que uma antiga caixa
d‟água localizada na rua em questão, onde os operários faziam o
abastecimento das grandes maquinas que iam e vinham de Belém para
Bragança.
Você já percebeu que falar dos contextos Históricos do Município de
Marituba é falar também de um processo de desenvolvimento político,
econômico, social e religioso. Onde a partir de agora iremos destacar os
aspectos econômicos através da forte presença dos operários na construção
da Estrada de ferro Belém-Bragança.
Durante
muito
tempo
a
vila
de
Marituba
esteve
atrelada
administrativamente aos municípios de Benevides e Ananindeua. Nesse ponto,
faz-se necessário uma importante explicação quanto ao processo de
desenvolvimento do Município de Marituba, antes e após a emancipação, visto
que a compreensão pelas questões inerentes ao referido município passa
necessariamente por uma analise de alguns aspectos econômicos, políticos e
sociais.
Segundo Granhen (2002) O Município de Marituba, viveu o seu auge
como vilarejo pela sua condição de espaço de moradia de operários,
denominada de vila operária, que trabalharam na construção da estrada de
Ferro Belém-Bragança, onde Inúmeros operários vieram na empreitada, pois
as noticias da construção da estrada de ferro Belém- Bragança chegavam
depressa as pessoas que buscavam o aumento de sua renda familiar, onde a
primeira etapa se dava em hospedar os operário, depois em criar meios de
oferecer recursos necessários a alimentação e ao trabalho que deveriam
desenvolver.
26
Segundo Granhen (2002) ressalta que em 1907, deu-se a
construção da vila operária de Marituba, quando Dr.Swindeler, juntamente com
Senhor Palma Muniz e outros, viram-se obrigados a construir residências para
seus operários de manutenção que trabalhavam nas oficinas da Estrada de
Ferro de Belém Bragança. Mais de vinte casas foram construídas. Sendo que
uma das mais de 20 casas construídas foi destinada para escola primária, na
época, chamada de grupo escolar Padre Anchieta. A referida escola, que
funcionou onde hoje se encontra o supermercado D‟ Rodrigues, era chamado
de grupo escolar Padre Anchieta. Posteriormente sua localização foi
modificada e o nome da escola também sofreu alteração passou a ser
chamado de Padre Romeu Pires Borges localizando-se agora ao lado da igreja
do Menino Deus.
De acordo com Granhen (2002) Em 1908 o governador Augusto
Montenegro comunicava sua mensagem oficial relativa à inauguração da
estrada de ferro de Bragança. A construção da estrada de ferro BelémBragança estava relacionada com a necessidade de se escoar produtos
agrícolas das colônias instaladas próximas à capital, com Apeú, Castanhal,
Inhangapi, Jambuaçú e localidades na zona Bragantina. Na época, as ferrovias
eram mais eficientes meio de transporte do País e o governo de Getúlio Vargas
apostava no desenvolvimento de nossas regiões através da ferrovia que,
segundo ele, era mais barata e de maior carregamento.
O Município de Marituba viveu o seu auge como vilarejo pela sua
condição de espaço de moradia de operários, denominada de vila operária, que
trabalharam na construção da estrada de ferro Belém-Bragança e hoje vive
como um dos municípios da região metropolitana de Belém. Nesse sentido, é
válido lembrar que durante esses períodos os moradores de Marituba
vivenciaram basicamente a sua rotina diária e acompanharam também a rotina
dos operários da construção da estrada de ferro Belém-Bragança.
Segundo Granhen (2002) Inúmeros operários vieram na empreitada,
pois as noticias da construção da estrada de ferro Belém- Bragança chegavam
depressa as pessoas que buscavam o aumento de sua renda familiar, onde a
primeira etapa e dava em hospedar os operário, depois em criar meios de
27
oferecer recursos necessários a alimentação e ao trabalho que deveriam
desenvolver.
Um dos principais desafios que enfrentamos no processo de
construção desse estudo foi o total desconhecimento da História do Município
de Marituba, muito em função da insuficiência de um acervo suficiente para o
desenvolvimento de nossas pesquisas, visto que é necessário compreender os
aspectos que estão relacionados a história do Município de Marituba para
estabelecer analises aos aspectos mais particulares relacionados com a igreja
Assembleia de Deus.
Granhen (2002) relata também que o Município de Marituba Passou
quase cem anos como bairro de Santa Izabel depois Benevides e Ananindeua,
ocorrendo o primeiro movimento para a emancipação em 1983, formando-se
então a comissão de emancipação de Marituba (CEM), tendo como líder o exfuncionário da extinta Estrada de Ferro Belém-Bragança, Luiz Mesquita da
Costa. O segundo movimento pró-emancipação de Marituba ocorreu em 1989,
liderado por Nelson Rebelo fracassando mais uma vez, Porém em 1993 o
vereador de Benevides, Edimauro, deu origem ao terceiro movimento chamado
COPEM (Comissão pró- emancipação de Marituba), Lideradas por Fernando
Corrêa e Posteriormente por Eládio Soares, entre outros. Com o crescimento
do movimento houve a motivação da população maritubense levando às ruas
em 1994, 12.444 cidadãos, o correspondente a (57% dos eleitores) favoráveis
a emancipação do Município de Marituba, pois a maioria dos moradores estava
insatisfeita com a falta de transporte digno, empregos, escolas, saneamento e
assistência médica. Atualmente, Marituba vive como um dos Municípios da
região Metropolitana de Belém.
Finalmente Marituba em 1994 tornou-se Município quando se
emancipou dos Municípios de Ananindeua e Benevides, a população
maritubense foi às ruas e decidiu em plebiscito por sua emancipação, pois a
maioria dos moradores já questionava as propostas dos prefeitos e vereadores
que eram destinadas a Marituba, sempre em segundo plano, visto que a
prioridade estava basicamente voltada para Benevides e Ananindeua. Granhen
(2002).
28
De acordo com Granhen (2002), chegaram a Marituba na década de
40 os hansenianos que ocuparam a área conhecida por Colônia de Marituba,
construindo-se pavilhões para abrigar os hansenianos, sendo providenciada
também a ele assistência médica, a partir da década de 80 iniciou em Marituba
o processo de ocupações desordenada, conhecida por invasões, surgindo
assim osq bairros como: Nova União, Novo Horizonte, ASPA, São Francisco,
Bairro Novo. Santa Lúcia, Almir Gabriel, São João, Pirelli, Pedreirinha, São
José, Parque das Palmeiras, Uri boca, Decouville entre outros.
Através das pesquisas de campo no Município de Marituba
detectamos que existem outros bairros além dos que mencionou Granhen
sendo eles: Beija-Flor, Mario Couto, Albatroz e Novo Horizonte II. Agora o
Município de Marituba conta também com prédios para a prefeitura, câmara
dos vereadores, Secretária de educação, Secretaria de saúde entre outras
secretarias e um prédio para a realização das atividades que são
desenvolvidas através de aulas semanais nos cursos de canto, contrabaixo,
violão, percussão, oratória, redação, desenho, sopros em geral, teatro etc.
Esses cursos são oferecidos no prédio que é conhecido na localidade por Casa
da Cultura e fazem parte da aprendizagem de alguns alunos que moram nos
bairros que foram mencionados, onde alguns desses estão ineridos na Igreja
Assembleia de Deus e se utilizam do aprendizado dos cursos de violão,
percussão, oratória, canto, contrabaixo e sopro em geral para desenvolverem
durante a realização das programações da igreja.
2.1 – CONTEXTOS RELIGIOSOS DO MUNICÍPIO DE MARITUBA
Ao analisarmos o contexto Histórico de Marituba, é importante tentar
percebê-lo nas suas relações com o aspecto sócio - culturais para
compreender
as
suas
implicações
com
a
sociedade
Maritubense,
particularmente com a questão religiosa na qual está inserida a existência de
varias igrejas, onde percebemos que a igreja católica foi à pioneira em inserir
uma cultura religiosa nesta localidade, marca da sua própria trajetória histórica
no Brasil. Podemos observar através da leitura da obra de Granhen (2002), que
os operários e dirigentes da antiga vila de Marituba eram católicos, e por volta
de 1917, os diretores da Estrada de Ferro Belém-Bragança e Gerentes das
29
oficinas da Estrada de ferro do Município de Marituba, adaptaram uma casa
para servir de capela, onde hoje se localiza a igreja matriz que foi inaugurada
oficialmente em 24 de dezembro de 1954.
Porém, no Município de Marituba, se registra a existência de outros
movimentos religiosos, onde um deles, objeto central para essa investigação, é
o surgimento da Assembleia de Deus nesse Município, que iniciou suas
atividades no dia 17 de maio de 1929 pelo Pastor Ursulino Costa, o que pode
ser confirmado em um documento da igreja, que consta o Estatuto da Igreja
Assembleia de Deus no Município de Marituba que diz:
Artigo I- A igreja Evangélica Assembleia de Deus em Marituba, com
sua sede própria nesta cidade, a Rua Fernando Guilhom nº 5090,
BR-316, foi fundada no dia 17 de maio de 1929 pelo Pastor Ursulino
Costa e registrada em 1º de julho de 1970 pelo pastor Adalberto
Galvão de Lima, tendo prazo indeterminado de existência.
Ao longo do tempo, a referida igreja foi dirigida por diversos
pastores, entre eles, Ursulino Costa, Adalberto Galvão de Lima, Arthur Nunes
Piedade, Jônatas Moraes Cavalcante e o Pastor Itamar Cursino do Nascimento
[...]. “O pastor Ursulino ficou à frente desta igreja até o ano de 1931, quando foi
substituído pelo Pastor Adalberto, que ficou até o ano de 1973”. (GRANHEN,
2002, pg71).
Analisaremos “o contexto religioso de Marituba” como forma de
compreender as transformações pela qual a sociedade Maritubense estava
passando no período de 1929 a 1939, levando em conta as mentalidades em
relação à fundação da Assembleia de Deus em Marituba diante do processo
econômico da época, visto que nesse período ocorria a construção da Estrada
de Ferro Belém- Bragança.
Em entrevista, o atual Pastor presidente Itamar Cursino do
Nascimento informou que o Pastor Ursulino Costa liderou essa igreja até 1931,
sendo substituído posteriormente pelo Pastor Adalberto Galvão de Lima, que
assumiu a liderança por 42 anos. Ele comentou também que a sua chegada à
Igreja Assembleia de Deus do Município de Marituba ocorreu em 1979, sendo
que a mesma era pequena e que somente alguns anos depois e que foi
ampliada, porém desde sua chegada iniciou um trabalho evangelístico na
localidade, onde muitas vezes essa árdua missão não lhe permitia horário para
30
fazer as refeições ou dormir, pois era necessária a realização de visitas nas
casas dos moradores, convidando-os a participar das programações da igreja,
onde os mesmos aceitavam o convite e passavam a frequentar a igreja,
envolvendo-se também na obra evangelística, e dessa maneira a igreja foi se
desenvolvendo, sendo que hoje é composta por 42 novos templos que estão
distribuídos entre todos os bairros do Município.
Em visita a Igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba no
dia dezoito de junho de 2013 foi possível observarmos a exposição de alguns
quadros que apresentam as fotografias dos pastores que lideraram a referida
igreja na seguinte ordem cronológica: Pastor Ursulino Costa (1929 a 1931),
Pastor Adalberto Galvão de Lima (1931 a 1973), Pastor Arthur Nunes Piedade
(1973 a 1975), Pastor Jônatas M. Cavalcante (1975 a 1979), Pastor Itamar
Cursino do Nascimento 1979 até os dias de hoje.
Sendo assim diante da delimitação que nos propusemos a
apresentar nesse trabalho, iremos destacar os pastores que se encontravam a
frente do trabalho da igreja entre 1929 a 1939, sendo eles os Pastores Ursulino
Costa e o Adalberto Galvão de Lima.
[...] O trabalho começou em uma casa, com poucos membros. O
pastor fundador permaneceu à frente do trabalho até o ano de 1931.
Poucos foram os pastores que permaneceram a frente de uma
mesma igreja por um período tão longo como o pastor Adalberto
Galvão de Lima que dirigiu por 42 anos o trabalho naquele campo.
Nesse período, os campos de Benevides, americano, Benfica, Muriní,
Maguari e entroncamento pertenciam a Marituba. Os obreiros eram
poucos, mas o pastor saia em sua bicicleta para ganhar almas para
cristo, trazendo grande êxito para a obra de Deus. (BORGES, 2005,
P. 88).
Podemos observar através do relato do autor que a igreja
Assembleia de Deus em Marituba era o único polo que atendia aos fieis dos
campos de Benevides, Benfica, Maguari entre outros e apesar dos recursos
humanos serem escassos não impedia o crescimento da igreja. De acordo com
Borges (2005).
Porém a realidade do contexto religioso de Marituba não esta ligado
apenas às igrejas Católica e Assembleia de Deus, pois e possível percebermos
31
que após a existência dessas igrejas começaram, então a surgir outras igrejas
no Município, sendo elas denominadas pelos seguintes nomes: Deus é amor,
quadrangular, Batista renovada, Adventista do sétimo dia entre outras. Dessa
forma podemos notar que o processo de formação das igrejas no Município de
Marituba vai muito mais além do que a igreja Católica e Assembleia de Deus.
Dessa forma podemos observar que no Município de Marituba foram originadas
através de missões de Padres e Pastores.
Podemos notar então, que a religião dividiu-se em grupos locais, em
que a vivencia religiosa tira o homem da rotina e do anonimato, impulsionando
a pessoa para o relacionamento em meio à sociedade, determinando um ritmo
de vida econômico e social. Os fatos que desencadearam outras igrejas,
provavelmente são muitos, mas aqui serão apontaremos os principais que
envolvem a História da Igreja Assembleia de Deus, por ser o alvo de nossa
pesquisa. Portanto em 1929 de acordo com o quadro exposto na igreja
Assembleia de Deus no Município de Marituba e com o relato de alguns
entrevistados deu-se origem na realização das programações da Igreja
Assembleia de Deus no Município de Marituba, pelo Pastor Ursulino Costa que
ficou a frente desse trabalho até 1931, onde em seguida o mesmo passou a ser
dirigido pelo Pastor Adalberto Galvão de Lima que exerceu suas funções de
1931 até 1975. Sendo assim vamos tentar descrever os passos percorridos por
essa igreja durante o período que estiveram à frente da igreja os pastores
Ursulino Costa e Adalberto Galvão.
Na realidade a igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba
surgiu e existe até os dias de hoje e é descrever sobre o início de sua origem
que nos interessa, (VINGREN p. 43-44) através de seus relatos nos mostra de
que maneira tudo começou conforme segue. “Assim o Senhor começou a
acender a suas luzes em diferentes lugares. E isto foi o princípio de todas as
grandes igrejas que hoje existem nestes lugares”„. É possível perceber que
Historicamente a Fundação da Assembleia de Deus no Município de Marituba
está ligada aos missionários Gunnar Viingren e Daniel Berg.
Nesse sentido é preciso ter cuidado com a construção da narrativa
Histórica de Fundação da Igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba,
32
diante de algumas de nossas conclusões, sem perder de vista a importância
das questões levantadas pelos autores estudados e coleta de dados dos
entrevistados que muito nos auxiliarão na construção dessa narrativa Histórica,
pois apresentará vivencias religiosas que exemplificarão a experiência sagrada
dentro da percepção da sociedade maritubense, nos possibilitando a análises
de diferentes manifestações religiosas da localidade. Um pouco desse percurso
Histórico de Fundação da Igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba
é o que procuraremos resgatar a seguir.
33
3- MEMÓRIAS DA FUNDAÇAO DA IGREJA ASSEMBLÉIA DE DEUS EM
MARITUBA
A pesquisa Sobre a História da Fundação da Igreja Assembleia de
Deus no Município de Marituba, no período de 1929 a 1939 foi efetivada,
através de entrevistas orais, sendo entrevistadas dezoito pessoas do Município
em questão, das quais estão divididas da seguinte forma: dez membros da
Igreja Assembleia de Deus, cinco membros da igreja católica e três pessoas
que não fazem parte de nenhuma das religiões citadas, mas que moram no
Município. Logo, se faz necessário analisar as entrevistas, tendo como base o
ponto de vista dos entrevistados a partir da sua própria memória representando
o cotidiano dessa sociedade dentro dos diversos contextos que a engloba.
Portanto, suas memórias se interligam com situações vivenciadas por alguns
deles e outras que foram narradas por seus pais, avós, bisavós, enfim
antepassados em geral; pois os depoimentos declarados por meio da memória
e da oralidade dos entrevistados também contribuirão para a construção de
uma representação Histórica da fundação da Igreja Assembleia de Deus do
Município de Marituba.
3.1
ENTREVISTAS
REALIZADAS
COM
MEMBROS
DA
IGREJA
ASSEMBLEIA DE DEUS DO MUNICÍPIO DE MARITUBA
Conforme os relatos da senhora Maria Cavalcante de Oliveira,
nascida em 07/05/1922, os fiéis que iniciaram a igreja Assembleia de Deus no
Município de Marituba vieram de uma Comunidade chamada “Vinte” ii que fica
no Parque Verde, área localizada as Margens da Rodovia BR-316. Os mesmos
vinham para dirigir os cultos e passaram a se congregar em duas casas que
pertenciam aos senhores Alacid Rocha e Cláudio Barbosa essas casas
estavam localizadas do lado esquerdo da Rodovia BR 316. Segundo Dona
Maria quem trouxe o evangelho para Marituba foi O SR. João Nascimento e o
SR. Julião que eram somente membros da igreja, passando, porém depois de
alguns anos a condição de pastor. Conforme suas afirmações eles iam para
vários lugares dirigir os cultos e apresentou como exemplo os municípios de
Benfica e Murini, Em que realizavam as atividades da Escola Dominical sempre
34
aos domingos pela manhã. Para Dona Maria eles tinham muita disposição para
realizar esses trabalhos, pois não havia meios de transportes como os
existentes nos dias de hoje, só existia a disposição dos moradores a linha de
trem e isso fazia com que os fiéis da igreja, por muitas vezes fossem de pés
até os municípios vizinhos, para a realização de suas programações, que
segundo ela tinham boa aceitação da sociedade local, pois não costumavam
criticar a igreja. A mesma lembra-se apenas de uma vez que jogaram pedra em
cima da igreja durante a realização de um culto.
Em entrevista realizada no dia, 09/12/2011. Com o senhor Pastor
Hélio Cruz nascido em 20/09/1948. Obtivemos o relato de que os fiéis que
iniciaram a igreja Assembleia de Deus em Marituba vinham de uma
comunidade chamada Vinte que fica as margens da BR-316, o Pastor Hélio
comentou que algumas vezes jogavam pedras encima das casas durante a
realização dos cultos. Ele falou também que algumas vezes eles iam de pés e
outras utilizavam os trens como meio de transporte para se direcionarem aos
Municípios vizinhos como Ananindeua, Benfica, Murini, para a realização das
programações da igreja,
Cabe analisarmos a trajetória da igreja Assembleia de Deus no
Município de Marituba, considerando os relatos dos entrevistados que
apresentam o desenvolvimento das atividades evangelísticas do Município em
questão, assim como os pastores inseridos no andamento desse trabalho.
Diante dos relatos detectamos que algumas pessoas não concordavam com as
ações realizadas pela igreja e que por isso agiram com apedrejamentos aos
locais de realização dos cultos. È notável, porém que essa situação conflituosa
em que a igreja vivenciou diante de algumas pessoas são fatos apontados por
Vingren (1973) como perseguições que eram comuns nesse período. Quanto a
isso ele relata que:
Os inimigos da obra de Deus nos perseguiram muito durante esse
tempo. Uma noite apedrejaram terrivelmente a casa onde estávamos
reunidos [...]. Numa outra noite tinham preparado um plano para tirar
a minha vida e queimar a casa. (VINGREN, 1973, P. 37).
Diante dessas dificuldades enfrentadas durante o desenvolvimento
das programações da igreja, observamos peculiaridades que nos possibilitaram
valorizar também a História cultural da sociedade maritubene, ou seja, a
35
Historia das pessoas comuns, como parte também importante que nos
permitem ter acesso aos motivos das rejeições às programações da igreja, nos
deixando claro, porém que um dos motivos seria a existência de outras
denominações religiosas na localidade, em que esses sujeitos sociais
conviviam com os discursos cotidianos diferenciados dos que estavam sendo
apresentados pela Igreja Assembleia de Deus.
Para a senhora Maria Benedita Silva de Jesus, nascida em
18/04/1937 a Igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba iniciou
através de fiéis que tinham amor em Deus, pessoas que obedeciam a seus
pais, professores e pastores. Alguns moravam em Marituba, mas havia aqueles
que vinham de outros lugares E a mesma informou que quem começou o
trabalho de fundação da Igreja citada acima foi o Pastor Itamar e que ele foi o
primeiro pastor a dirigir essa Igreja e que as atividades da mesma eram
realizadas com muita união, Paz e alegria, como é até os dias de hoje.
Em entrevista realizada com o senhor Pedro da Silva de Jesus
nascido em 23/08/1936 e que tem como profissão ser ajudante de maquinas,
percebeu-se, conforme seus relatos que os fiéis iniciaram a igreja Assembleia
de Deus em Marituba vieram de Belém e Bragança, ele acredita que o
responsável por iniciar a igreja nesse local foi o Pastor Itamar. Ele nos falou
que o trabalho da igreja é realizado através da pregação do evangelho e que a
igreja sofria com criticas de pessoas que não aceitavam a religião evangélica.
Em entrevista realizada no dia, 13/02/2013. Com a senhora Cleonice
Costa da Silva nascida em 09/10/1941. Obtivemos o relato de que os fiéis que
iniciaram a igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba, Estado do
Pará vinham de uma localidade chamada Vinte que fica no parque verde
passando o circulo militar as margem da BR-316. Os mesmos vinham para
dirigir os cultos aqui na localidade de Marituba. Dona Cleonice falou que a
pessoa que trouxe o evangelho para o Município de Marituba foi o Pastor
Adalberto Galvão de Lima e que depois foi dado continuidade a esse trabalho
pelo Pastor Arthur Nunes Piedade e depois de alguns anos o trabalho se
estendeu para o Pastor Jonathan Moraes de Carvalho e os senhores Gerônimo
Rocha e Claudio Barbosa eram os Dirigentes na congregação, ela nos afirmou
36
ainda que eles iam pra vários lugares dirigir culto, deu como exemplo o
municípios de Benfica e Murini, aonde às vezes iam de pé ou então utilizavam
o trem que passava na localidade, ela falou que onde hoje tem uma empresa
conhecida por EMATER, localizada as margens da Rodovia BR-316,
funcionava a oficina de trem onde os trabalhadores ficavam para trabalhar na
construção da Estrada de ferro, ela relatou ainda que existiam as estações
onde o trem parava sendo elas nos seguintes lugares: Marituba, Benevides e
Santa Isabel que era o final da Linha na época ela disse que eles faziam a
escola Dominical aos domingos de manha visitavam, oravam e cantavam, pois
os cultos sempre eram realizados na igreja, não havia cultos particulares e as
vigílias eram realizadas em sítios. Dona Cleonice relata que tinham muita
disposição para realizarem essas atividades da igreja, ela comenta ainda que
esses trabalhos eram bem aceito pela sociedade local, pois não costumavam
criticar a igreja.
Sendo assim, as entrevistas realizadas acima nos possibilitaram ter
acesso ao passado a partir da memória dos sujeitos sociais que conviveram ou
que ouviram através dos relatos de seus antepassados a respeito dos pastores
inseridos na trajetória da igreja no Município de Marituba, onde nos apontaram
algumas dificuldades vivenciadas pelos fiéis para a realização das atividades
da igreja nesse período, Diante disso Borges (2005) afirma que;
[...] O pastor fundador permaneceu à frente do trabalho até o ano de
1931. Poucos foram os pastores que permaneceram à frente de uma
mesma igreja por um período tão longo como o pastor Adalberto
Galvão de Lima que dirigiu por 42 anos o trabalho naquele campo.
Nesse período, os campos de Benevides, americano, Benfica, Muriní,
Maguari e entroncamento pertenciam a Marituba. Os obreiros eram
poucos, mas o pastor saia em sua bicicleta para ganhar almas para
cristo, trazendo grande êxito para a obra de Deus. (BORGES, 2005,
P. 88).
Conforme registrado por Borges as dificuldades enfrentadas para a
realização das atividades da igreja dentro das localidades citadas acima não
impossibilitou a igreja de obter crescimento. Porém cabe analisarmos também
a trajetória da igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba,
considerando os relatos dos entrevistados acima que apresentam outros
pastores inseridos no andamento desse trabalho dentre os quais foram citados
37
por eles, Adalberto Galvão de Lima, Arthur Nunes Piedade, Jonathan Moraes
de Carvalho, Itamar Cursino do Nascimento.
Diante dos relatos dos entrevistados observamos também que
houve grandes dificuldades enfrentadas pelos fiéis nas suas locomoções a
outras localidades para desenvolverem as programações da igreja, visto que
contavam com poucas alternativas de transportes, e sabemos que nesse
período no Município de Marituba era disponibilizada a população somente o
trem como meio de transporte alternativo, certamente esse fato trazia
desconforto aos moradores, revelando-nos assim problemas de ordem
administrativa desde essa época, situações que provavelmente agravaram-se
ao longo dos anos, que certamente culminaram com a quebra de dependência
do Município de Marituba com os Municípios de Benevides e Ananindeua
através da emancipação. Logo, porém, os ventos dos novos tempos trariam
melhoria para Marituba.
Todavia no período de 1929 a 1939 em que o Município de Marituba
contou com as dificuldades de transportes, é notório que esse fato ocorrente
não invalidou ou impossibilitou o desenvolvimento das atividades da igreja, pois
os relatos nos mostram que em alguns momentos seguiam de pés, outros
seguiam de trem, e outros seguiam de bicicleta. Isso nos mostra a ideia de
sacrifícios, que porem consta através dos relatos que eram ações realizadas
com muitas satisfações, pois Marituba era o único polo que atendia aos fieis
dos campos de Benevides, Benfica, Maguari entre outros e que apesar dos
recursos humanos serem escassos não impedia o crescimento da igreja.
Diante dessa visão Thompson (2001) relata que:
O primeiro deles seria a ideia de sacrifício-principalmente para Deus ou de um ato de graça do doador. Depois as dádivas são símbolos de
prestígios, implicando a subordinação do receptor. Por fim o
destinatário é inserido sob uma obrigação- e aqui o dom “serve como
método de controle social”. (THOMPSON, 2001, P. 244)
O autor se utilizou da ideia de sacrifício para Deus ou de um ato de
graça para o doador. Sendo assim, esse estudo nos possibilita valorizar
novamente a História cultural das pessoas comuns, que nos permitem ter
acesso ao passado a partir da memória dos sujeitos sociais que conviveram
com os discursos cotidianos, nos mostrando também que existia muito
38
entusiasmo e disposição entre as pessoas que faziam parte da igreja, pois os
mesmos relatam que as atividades eram realizadas muitas vezes nas casas
dos fieis onde se lembram de que os fiéis da igreja, cantavam, oravam ou
rezavam de acordo com a igreja que faziam parte. Quanto à importância da
memoria Le goff (2003) ressalta que:
A memória, na qual cresce a historia que por sua vez alimenta,
procura salvar o passado para servir ao presente e ao futuro.
Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva para a
libertação e não para servidão dos homens (LE GOFF, 2003, P.471)
Nossas pesquisas nos revelaram a necessidade de valorizarmos a
memoria coletiva, visto que diante da ausência de acervos documentais o único
instrumento que se pode contar para resgatar o passado desejado diante das
diversas circunstancia é a memoria, onde a mesma se torna mais convincente
se apresentada de forma coletiva, pois no caso de nosso trabalho nos
utilizamos da memoria coletiva, sendo recebida por nós de forma oral, onde
será repassada a sociedade em geral de forma escrita, revelando, portanto a
narrativa Histórica de Fundação da Igreja Assembleia de Deus em Marituba.
Em entrevista realizada no dia, 13/02/2013. Com o senhor Ferruço
Costa Garcia nascido em 14/12/1941. Obtivemos os relatos de que os fiéis que
iniciaram a igreja Assembleia de Deus em Marituba vinham de varias
localidades e que quando chegou aqui em Marituba a igreja já era dirigida pelo
Pastor Itamar, e que nunca tomou conhecimento de que antes dele houve
outros pastores. Ele no informou que ocorreu grande mudança de trinta anos
atrás pra hoje e que essas mudanças ocorreram também na igreja por que os
jovens de hoje estão com comportamentos diferentes, visto que estão muito
voltados para o modismo.
Em entrevista realizada no dia, 13/06/2012. Com a senhora Lindalva
dos Santos nascida em 12/02/1949, obtivemos o relato de que não conheceu
outros pastores que dirigisse a igreja antes do Pastor Itamar, pois desde que
chegou aqui a igreja já era dirigida por ele. Dona Lindalva falou que as
atividades da igreja sempre foram realizadas com muito entusiasmo, ela
comenta ainda que esses trabalhos eram bem aceito pela sociedade local, as
pessoas da comunidade não criticam a igreja, muito embora hoje ocorram
muitas diferenças na igreja com relação às vestimentas,
39
Em outra entrevista realizada no dia, 13/02/2013, com a senhora
Maria Honorata de Souza Silva nascida em 30/06/1942. Obtivemos o relato de
que ao chegar ao Município de Marituba, a igreja já era coordenado pelo Pastor
Itamar a mesma não tomou conhecimento de que houve outros pastores antes
do Pastor Itamar ela comentou também que a realização da escola Dominical
sempre é aos domingos de manhã e que nessa atividade da Igreja eles oravam
cantavam e aprendiam sobre a Bíblia. Dona Honorata relata que eles tinham
muita disposição para realizarem essas atividades. Ela comentou ainda que as
atividades desenvolvidas pela Igreja eram aceitas pela sociedade local, visto
que os mesmos não costumavam criticar a Igreja. Dona Honorata comentou
também que observa a grande mudança nas vestimentas das pessoas que
compõem a igreja hoje, visto que muitos já não se trajam mais com a mesma
decência de alguns anos atrás.
Em entrevista realizada no dia, 31/12/2011 com a senhora Maria do
Socorro Pinheiro nascida em 28/12/1945 obtivemos o relato de que os fiéis que
iniciaram a igreja Assembleia de Deus em Marituba vinham de uma localidade
chamada Vinte que fica as margens da BR-316. Ela afirmou que eles iam pra
vários lugares dirigir culto, deu como exemplo os municípios de Benfica e
Murini, eles faziam a escola Dominical aos domingos de manhã visitavam,
oravam e cantavam, Dona Maria relata que tinham muita disposição para
realizarem esses trabalhos, ela comenta ainda que esses trabalhos eram bem
aceito pela sociedade local, pois não costumavam criticar a igreja, a mesma
lembra-se apenas de uma vez que jogaram pedra em cima da igreja durante a
realização de um culto.
Em entrevista realizada Com a senhora Olinda Linhares nascida em
15/04/1932. Obtivemos os relatos de que os fiéis que iniciaram a igreja
Assembleia de Deus em Marituba vinham de uma localidade chamada Vinte
que fica as margens da rodovia BR-316. Dona Olinda falou que quem trouxe o
evangelho para Marituba foi o pastor Adalberto Galvão, ela afirmou que eles
iam pra vários lugares dirigir culto, deu como exemplo os municípios de Benfica
e Murini, eles faziam a escola Dominical aos domingos de manhã visitavam,
40
oravam, cantavam. Dona Maria relata que tinham muita disposição para
realizarem esses trabalhos, ela comenta ainda que esses trabalhos eram bem
aceitos pela localidade, pois não costumavam criticar a igreja. Dona Olinda
lamentou as mudanças ocorridas hoje no meio da igreja tanto com relação a
disposição para realizarem as atividades da igreja, quanto a maneira que
alguns utilizam suas vestes.
A unanimidade na fala dos entrevistados com relação ao modismo
na igreja e diversas mudanças ocorridas em sua trajetória nos despertaram a
atenção e alguns questionamentos, por que os fiéis descrevem com tanta
precisão que há anos anteriores existia mais pudor diante das vestimentas dos
fiéis? E por que a igreja mudou quanto as suas praticas habituais? As
respostas vêm sobre nós a esclarecer que as mudanças quanto ao modismo
se expandira e as mudanças comportamentais também ocorreram ao longo da
Historia da Igreja Assembleia de Deus no Município de Marituba diante disso
vem uma grande necessidade de orientação pela chamada “a nova história”
que trás consigo alguns questionamentos tipo o que se segue “Quanto ela é
nova”? È um modismo temporário ou uma tendência de longo prazo? Ela irá –
ou deverá – substituir a história tradicional, ou as rivais podem coexistir
pacificamente? Quanto a essa reflexão Peter Burke (1992) ressalta que:
O movimento da história vista-de-baixo também reflete uma nova
determinação para considerar mais seriamente as opiniões das
pessoas comuns sobre seu próprio passado [...]. O mesmo acontece
com algumas formas de historia oral [...]. (PETER BURKE, 1992,
P.16).
Todavia é notório a opinião dos entrevistados quanto diversas
mudanças na igreja, tanto com relação às vestimentas como com relação a
disposição diante dos trabalhos a serem desenvolvidos pela igreja, fato que
nos conduz a ter uma visão de que a igreja passou por um processo de
modificações ao longo dos anos dentre os quais alguns fiéis por muitas vezes
se sentem insatisfeitos, não aceitando assim atitudes novas que surgem.
Diante dessa análise questionamos aos entrevistados como eram realizados os
trabalhos da igreja com relação ao evangelismo? E como esta sendo realizado
esse trabalho nos dias de hoje? Os entrevistados informam que o evangelismo
41
continua sendo realizado, porém não com a mesma constância e eficácia de
anos anteriores, Ai surge diante de nós outro questionamento será que as
mudanças ocorridas perante a igreja resultam a sociedade em geral alguns
desconfortos quanto aos aspectos econômicos, políticos e culturais? Quanto a
esses questionamentos Peter Burke (1992) afirma que:
O que essas abordagens tem em comum é sua preocupação com o
mundo da experiência comum (Mais do que a sociedade por si só)
como seu ponto de partida, juntamente com uma tentativa de encarar
a vida cotidiana como problemática, no sentido de mostrar que o
comportamento ou os valores, que são tacitamente aceitos em uma
sociedade, são rejeitados como intrinsecamente absurdos em outra.
(PETER BURKE, 1992, P.23).
Desta maneira nos compete apenas mostrar que comportamentos
e valores sofrem alterações em meio à sociedade que vivemos, onde todos
tendem a aceitar ou rejeitar de acordo com sua visão, tornando o ser humano
impossibilitado de moldar o meio que esta inserido na sua totalidade e as suas
próprias perspectivas, conduzindo-nos dessa maneira a aceitar as diferenças
existentes dentro de uma sociedade heterogênea. Talvez a heterogeneidade
no meio da igreja contribua para o conhecimento das necessidades a serem
trabalhadas diante das problemáticas da sociedade em geral, visto que o
evangelismo tende a resgatar pessoas com problemáticas em geral para serem
conduzidas a um novo proceder em meio à sociedade que esta inserida.
3.2 ENTREVISTAS REALIZADAS COM MEMBROS DA IGREJA CATÓLICA
DO MUNICIPIO DE MARITUBA.
Em entrevista realizada no dia, 23/12/2011. Com a senhora Maria
Carlota Farias nascida em 10/11/1933. Obtivemos o relato de que os fiéis que
iniciaram a igreja católica no Município de Marituba vinham da Itália, pois eram
padres e freiras. Os mesmos vinham dirigir as novenas nas casas das pessoas
que pertenciam a Igreja Católica, ela informou ainda que eles realizavam as
novenas ou missas na casa de varias pessoas e aos domingos de manha
rezavam e cantavam, realizando assim as missas Dona Carlota relata que
tinham muita disposição para realizarem esses trabalhos. Dona Maria nos
afirma que o homem e que ditava as ordens e a mulher tinha que obedecer,
eles saiam pra trabalhar e as mulheres ficavam cuidando da casa e das
42
crianças ela comentou também quanto ao sistema educacional em que aluno
tinha que respeitar o professor, tinha que ser o que o professor dizia, não era
como é hoje o aluno que fazer o quem bem entendi. Ela nos afirma também
que os estudantes eram muito inteligentes porque estudavam de verdade e
tinham muita educação e quanto às vestimentas todos independente de religião
tanto homem como mulher se vestiam com decência, pois ninguém andava
mostrando o corpo como nos dias atuais quanto às questões de alimentos
eram difícil para chegar a suas casas porque tudo ficava muito caro, mas assim
mesmo a sociedade sonhava com dias melhores, queria boa vida pra sua
família.
Em entrevista realizada no dia, 21/12/2011. Com a senhora
Osmarina Alves Pereira nascida em 22/03/1957. Obtivemos o relato de que
padres e freiras se colocaram a disposição da igreja católica para a realização
de novenas na casa das pessoas da tal denominação e aos domingos pela
manhã cantavam e rezavam realizando assim as missas. Dona Osmarina nos
afirmou que os homens não se envolviam muito atividades da igreja, somente
as mulheres tinham maior participação, pois os homens saiam em busca dos
mantimentos pra família e por isso não reservavam tempo para as atividades
da igreja, ela comentou também quanto ao sistema educacional em que os
alunos recebiam o ensino religioso católico dentro das escolas e ela acredita
que isso conduzia os alunos a respeitarem o professor, tinha que ser o que o
professor dizia, não era como é hoje o aluno que fazer o quem bem entendi,
ela nos afirma também que os estudantes eram muito inteligentes porque
estudavam de verdade porque eram ensinados e cobrados pela igreja. Dona
Osmarina relatou ainda quanto as vestimentas das pessoas em que todos
independente da religião e do sexo se vestiam com decência, pois ninguém
andava mostrando o corpo como no dias atuais.
Em entrevista realizada no dia, 31/12/2011. Com O senhor Gabriel
Gomes da Costa nascido em 30/06/1952. Obtivemos o relato de que os fiéis
que iniciaram a igreja vinham da Itália, pois eram padres e freiras. Os mesmos
vinham dirigir as novenas nas casas das pessoas que pertenciam a Igreja
Católica, ela informou ainda que eles realizavam as novenas ou missas na
casa de varias pessoas e aos domingos de manha rezavam e cantavam,
43
realizando assim as missas. O Senhor Gabriel relata que os fiéis da igreja
tinham muita disposição para realizarem suas atividades, ele nos informou
também que os homem e que ditavam as ordens e as mulheres tinha que
obedecer, pois eles saiam pra trabalhar e as mulheres ficavam cuidando da
casa e das crianças e que por isso geralmente as mulheres tinham mais tempo
para se empenharem nas atividades da igreja, porém alguns homens também
se envolviam, muito embora fosse em menor quantidade que as mulheres ele
comentou também quanto ao sistema educacional em que aluno tinha que
respeitar o professor, tinha que ser, o que o professor dizia, não era como é
hoje em que o aluno que fazer o quem bem entendi, ele acredita que só
funcionava desta maneira porque os alunos recebiam dentro das escolas os
ensinamentos religiosos da igreja católica e que esses ensinamentos
conduziam os alunos a serem inteligentes. Já quanto as vestimentas, todos
independente de religião, tanto o homem quanto a mulher se vestiam com
decência, pois ninguém andava mostrando o corpo como atualmente.
Em entrevista realizada no dia, 05/01/2013. Com a senhora Maria
Benedita 10/03/1957, obtivemos os relatos de que os fiéis que iniciaram a
igreja eram italianos, pois eram padres e freiras. Os mesmos dirigiam as
novenas nas casas das pessoas que pertenciam a Igreja Católica, ela informou
ainda que eles realizavam as novenas ou missas na casa de varias pessoas e
aos domingos de manhã realizavam as missas Dona Maria relata ainda quanto
a disposição e o tempo que elas tinham para realizarem as atividades da igreja,
pois como os homens saiam pra trabalhar as mulheres ficavam cuidando da
casa e das crianças e que por isso tinham mais tempo para se envolverem nas
tarefas da igreja, do que os homens ela comentou também quanto ao sistema
educacional em que alunos respeitavam os professores, talvez pelo fato de
receberem ensinamentos religiosos da igreja católica dentro das escolas.
Porém quanto as vestimentas ele afirma que todos independente de religião
tanto homem como mulheres se vestiam com respeito, pois ninguém andava
quase despido como nos dias atuais com vestimentas que muitas vezes
impulsionam pessoas a agirem de forma violenta ao agredir sexualmente ao
próximo, pois infelizmente tem se perdido o pudor, o respeito e a valorização
pelo próprio corpo.
44
Em entrevista realizada no dia, 31/12/2011. Com a senhora Maria
Alves da Costa nascida em 08/12/1953. Obtivemos o relato de que os fiéis que
iniciaram a igreja vinham da Itália, pois eram padres e freiras. Os mesmos
realizavam as novenas nas casas das pessoas que pertenciam a Igreja
Católica e em outros momentos em um barracão que ficava localizado na 4ª
Rua do Bairro Novo no Município de Marituba, onde atualmente se localiza a
creche Nossa Senhora da Paz, ela informou ainda que as mulheres eram
responsáveis para passar os ensinamentos da igreja católica aos filhos
conduzindo-os as missas aos domingos de manhã para rezar e cantar e
também aos locais que eram realizadas as novenas. Dona Maria nos relatou
também que os homens davam as ordens e as mulheres tinham que obedecer,
eles saiam pra trabalhar sempre bem cedo e as mulheres ficavam cuidando da
casa e das crianças, zelando pelo ensino nas escolas e pelo ensino religioso,
nesse caso da igreja católica, ela comentou também quanto ao sistema
educacional em que alunos tinham que respeitar os professores, e que isso era
mais fácil de acontecer porque recebiam ensinamentos religiosos do
catolicismo dentro das escolas. Já quanto às vestimentas disse que todo
independente de religião tanto homem como mulher se vestiam com decência,
pois ninguém andava mostrando o corpo como nos dias atuais, pois o que a
sociedade desejava mesmo eram dias melhores e boa vida pra suas famílias.
Através dos relatos dos membros da igreja católica, notamos que
houve
unanimidade
em
afirmar
que
as
pessoas
responsáveis
pelo
desenvolvimento das atividades da igreja, vinham da Itália, visto que
geralmente eram padres e freiras que realizavam as atividades nas casas de
moradores e também dentro das escolas. Isso nos conduziu ao entendimento
de que as realizações das atividades da igreja dentro dos lares e das escolas
certamente influenciava a sociedade local ao convívio de uma religiosidade
católica, que ao se deparar diante de novas teorias religiosas, agora voltadas
ao pentecostalismo, quem sabe poderá ocasionar desconforto, conduzindo-os
a reações diversas de rejeição ao desenvolvimento das atividades da igreja
Assembleia de Deus, diante de grande parte dos habitantes da localidade ou
caso contrário reforçava o ditado popular que diz “todas as religiões são boas”.
Sendo assim podemos considerar que a sociedade do Município de Marituba
45
esta formada pela junção de uma religiosidade que se interliga com o
pentecostalismo. Quanto a essa reflexão Antoniazzi (1994) ressalta que:
Mas o pentecostalismo, por sua vez, é sociologicamente fruto de uma
conjuntura sociocultural que afeta toda sociedade brasileira e, nela, a
própria igreja católica. Sem entrar em maiores discussões e sutis
distinções, pode-se afirmar – em linhas gerais – que os mesmos
fatores
sócios-
pentecostalismo
culturais
criam
o
que
favorecem
terreno
propicio
a
ao
expansão
do
crescimento
da
“Renovação Carismática Católica”, a qual – apesar das diferenças
doutrinais ou teóricas – apresenta na prática fortes analogias com o
pentecostalismo de matriz protestante. (ANTONIAZZI, 1994, P. 18-19).
Desta maneira acreditamos que o movimento Pentecostal influenciou
a igreja católica conduzindo-a a transformações dentro de seus conceitos
tradicionais, de forma a valorizar pontos que outrora eram utilizados apenas
pelas igrejas evangélicas como, por exemplo, a glossolalia, ou seja, o falar em
línguas estranhas, no qual os carismáticos adotaram em suas doutrinas. Paul
Frestom (1996) acredita que se a sociedade funcionasse corretamente não
daria espaço para o surgimento de outras versões religiosas. Quanto às igrejas
evangélicas o autor ressalta que:
A existência das igrejas evangélicas é, pois considerada fruto de uma
patologia social, ou então, numa outra versão, uma patologia religiosa
justifica-se então que, infelizmente, a igreja católica tem poucos
padres, não consegue dar conta do recado, deixando, portanto, espaço
para estas seitas que tiram proveito da situação. Como dizia o jornal o
Estado de São Paulo: “o dia em que a igreja católica jogar fora a
teologia de libertação, e voltar a pastorear o rebanho e tratar somente
de coisas espirituais não haverá mais estas seitas no pedaço”
(FRESTON, 1996, P. 13).
Certamente a igreja Católica no Município de Marituba sofreu uma
ruptura em consequência das novas mensagens que começavam a ser
anunciada através das igrejas evangélicas, ocasionado quem sabe a perda de
alguns de seus fiéis, fatos que talvez tenham impulsionado a igreja católica a
abandonar algumas práticas tradicionais e tomar para si nesse novo momento
práticas que outrora eram utilizadas somente dentro do movimento pentecostal
como, por exemplo, o de glossolalia, acreditando desta maneira conquistar fiéis
e trazer de volta os que haviam se perdido. A verdade é que agora a igreja
católica já não estava sendo a única a ensinar aos habitantes do Município de
Marituba, seus conceitos religiosos, tinha agora que compartilhar o mesmo
espaço com as igrejas evangélicas que traziam consigo conceitos religiosos
que algumas vezes contradiziam com os do catolicismo. No entanto ate os dias
de hoje o Município de Marituba dispõe tanto de igrejas católicas como de
igrejas evangélicas, onde cada uma realiza suas atividades de acordo com o
seu credo religioso conquistando membros para si, porém apesar das doutrinas
religiosas existentes nesta localidade ainda há pessoas que não se decidiram
por nenhuma das doutrinas apresentadas, e é o relato de algumas delas que
iremos apresentar a seguir.
46
3.3 ENTREVISTAS REALIZADAS COM PESSOAS QUE NÃO FAZEM
PARTE DAS IGREJAS CITADAS ANTERIORMENTE.
Em entrevista realizada no dia, 11/12/2011. Com o senhor Francisco
Cabral Pereira nascido em 24/09/1953. Obtivemos o relato de que os fiéis que
iniciaram a igreja católica eram padres e freiras que tinham características de
Italianos que costumavam ficar no Município por vários anos fazendo visitas
nas casas das pessoas que pertenciam a Igreja Católica, realizando as
novenas ou as missas aos domingos de manhã, onde costumavam cantar e
realizar suas rezas. Seu Francisco relatou ainda que mesmo não participando
das igrejas existentes no Município de Marituba, percebia que eles tinham
muita alegria para desenvolver suas atividades, tanto a missas, novenas como
os cultos. Seu Francisco destacou que durante a realização das atividades das
igrejas evangélicas deveria se utilizar menos som, deixando assim o
desenvolvimento somente para a apreciação dos que estivessem envolvidos
com a igreja, desta feita sugeriu que as igrejas evangélicas comparassem a
altura do som que utilizam com a altura do som que é utilizado pela igreja
católica. Já com relação às vestimentas nos relatou que as pessoas se
matinam sempre muito bem trajadas.
Entrevista realizada no dia, 11/12/2011. Com a senhora Lindomar
Ferreira de Souza nascida em 21/07/1944. Obtivemos o relato de que a igreja
católica do Município de Marituba, foi iniciada pelo padre Marcos que veio da
Itália e ficou na localidade para realizar as missas, ela informou ainda que ele
juntamente com os fiéis realizavam as novenas nas casas das pessoas, a
senhora Lindomar relata que mesmo não participando das igrejas existentes na
localidade, percebia que eles tinham muita disposição e união para realizarem
suas atividades, pois muitas vezes observava que os fiéis saiam para visitar os
moradores, ela nos relatou que os moradores recebiam também as visitas de
pessoas que traziam seus alimentos; geralmente utilizando os rios pois na
época não existiam pontes no Município de Marituba e por isso a maioria das
vezes recebiam seus alimentos através das embarcações que ali chegavam ou
através dos trens que era um outro meio de transporte utilizado na localidade,
que segundo ela tinha seus pontos de parada, sendo que a primeira parada,
ocorria na localidade conhecida por
São Braz, depois seguia-se para a
47
localidade do entroncamento, Ananindeua, Marituba, Benevides e Americano
todos situados dentro da área metropolitana de Belém que faz parte do Estado
do Pará. Dona Lindomar disse que seu pai como funcionário da estrada de
ferro Belém-Bragança, tinha o direito de receber 1K de carne que era entregue
a eles nas quintas-feiras e aos sábados. Outro fato ocorrente nesse período
segundo dona Lindomar é que a família só podia permanecer nas casas que
eram doadas aos funcionários da estrada de ferro, enquanto o funcionário
estivesse vivo e trabalhando, se por ventura o funcionário viesse a óbito
tornava-se necessário à retirada da família da casa que havia sido doada pelo
governo federal, e as famílias muitas vezes ao se deparar diante dessa
situação, buscavam auxilio nas igrejas existentes na localidade, que lhes
concediam a ajuda necessária porém mesmo admirando as atividades e as
atitudes que eram desenvolvidas pelas igrejas, nunca desejou participar de
nenhuma delas.
Em entrevista realizada no dia, 11/12/2011. Com o senhor Manoel
de Oliveira nascido em 14/09/1952. Obtivemos o relato de que os fiéis que
iniciaram a igreja eram padres que vinham da Itália. Os mesmos realizavam as
novenas nas casas das pessoas que pertenciam a Igreja Católica, ele se
lembra, que ocorriam também as missas principalmente aos domingos de
manhã rezavam e cantavam. Seu Manoel relata que mesmo não participando
das igrejas, percebia que eles tinham muita disposição para realizarem esses
trabalhos, tanto a missas, novenas ou cultos.
Podemos afirmar que apesar dos grandes esforços para a realização
das atividades das igrejas localizadas no Município de Marituba, existem
pessoas na localidade que não se envolveram com nenhuma das doutrinas que
lhes são apresentadas, nos conduzindo dessa maneira a análise de uma
diversificação de atitudes dos que fazem parte das igrejas, como dos que não
fazem parte das igrejas. E dentro dessa analise podemos encontrar uma
explicação na qual seria a de que as igrejas estão sempre diante de novos
desafios por se deparar diante de uma sociedade diferente, porem que precisa
receber a assistência básica que todo ser humano almeja, seja materialmente
ou espiritualmente, desta maneira concretiza-se através das igrejas existentes
no Município de Marituba o interesse de atender as necessidades básicas dos
48
habitantes da localidade lhes oferecendo oque anseiam, dando-lhes porem o
direito de escolha.
49
CONCLUSÃO
A construção da representação dos dez primeiros anos da Igreja
Assembleia de Deus no Município de Marituba nos levou a um grande desafio,
onde as fontes bibliográficas e as coletas de dados das entrevistas tornaram-se
necessários para o desenvolvimento desse trabalho, pois pelo motivo de nos
propormos a analisar o período de 1929 a 1939, tornou-se longínquo e por isso
apresentou-se algumas barreiras no meio do percurso, quanto aos dados
coletados dos entrevistados, devido a memoria de alguns, pois os mesmos
confessam esquecer alguns fatos, onde é possível perceber que o tempo
apaga da memoria algumas informações que provavelmente seriam de suma
importância para dar maior visibilidade a História de Fundação da Igreja
Assembleia de Deus no Município de Marituba.
O movimento pentecostal no Brasil e a essência de suas doutrinas
podem ser vistas como à liberdade de expressão espiritual mediante a
manifestação do Batismo com Espírito Santo que é uma de suas
características, contudo precisa ser revisto em busca de um equilíbrio
doutrinário cujo fiel da balança deve ser para a compreensão do
desenvolvimento
do Pentecostalismo, através
da
contribuição é
pela
preservação de seus princípios estratégicos em oferecer assistência aos
idosos, crianças, enfermos, pobres, negros, brancos, mulheres sem distinções
o que garante a sua identidade como religião. Dentro desta perspectiva,
possivelmente, possa-se
aplicar aqui o
conceito, que as diferenças
apresentadas entre as religiões são geradas por tensões inerentes ao processo
de Universalização das religiões, pois variam as estratégias sociais para
resolver o dilema: adaptação versus preservação de princípios.
Entende-se que é um conceito que nos permite justificar processos
de interação que não dependem nem da causalidade direta, nem da relação
"expressiva" entre forma e conteúdo (por exemplo, a forma religiosa como
"expressão" de um conteúdo político ou social). Mas que naturalmente, faz
parte da espiritualidade pura, que é favorecida ou desfavorecida por condições
históricas
ou
sociais.
Neste
sentido,
uma
análise
em
termos
do
desenvolvimento da Igreja Assembleia de Deus no Brasil e em especial no
50
Municipio de Marituba é perfeitamente compatível com o reconhecimento do
papel determinante das condições econômicas e sociais. A junção destes dois
pensamentos leva ao conceito dos “dois eixos”, onde há um fixo e outro móvel.
O fixo seria o eixo teológico, mais definido, mais claro e comum a todos
(mesmo na diversidade). O eixo móvel seria o que se aproximaria às
expressões culturais do povo, como por exemplo, já abordado no culto
pentecostal o fiel participa, canta as suas músicas é
o conteúdo que
é
mantido, possivelmente esse conteúdo é também o motivo da aceitação, e
quem sabe um dos fatores
consequentes do desenvolvimento do
Pentecostalismo por parte de seus fundadores no Brasil. É digno salientar que
no caso dos membros da Assembleia de Deus, os indivíduos que chegavam
à cidade de Marituba, iram convidados a participar de uma comunidade
Pentecostal, onde muitas vezes também assumia os laços Pertencendo a esse
grupo.
Com o passar das décadas e o seu crescimento o Pentecostalismo
começou a se justificar como um movimento crescente no número de fiéis
dessas instituições. Um dos diferenciais entre a religião evangélica e a católica
a Igreja que fundada por dois suecos, no seu início não teve nenhum apoio
institucional e nem foi fruto de estratégias elaboradas, porém tornou-se
patrimônio do povo que a abraçou. Cabe à geração atual inclusive do Município
de Marituba que vive essa fé, entender o processo para que a mensagem
chegue de forma compreensiva às gerações futuras.
51
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Moises Germano de. Uma História social da Assembleia de
Deus: A conversão Religiosa como forma de ressocializar pessoas oriundas do
mundo da criminalidade - Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião)Universidade Católica de Pernambuco, Recife, 2010.
ANTONIAZZI, Alberto, Nem Anjos, Nem demônios, Petrópolis, RJ ed. Vozes
1994
BERG, Daniel. Enviado por Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
BORGES, Jonas. Nossa História – Assembleia de Deus no Estado do Pará.
1ª ed. Belém-Pará-Brasil. Editora Semin. 2005.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e
métodos. Brasil. Editora Cortez. 2005.
CONDE, Emílio. Historias das Assembleias de Deus no Brasil. 4ª ed. Rio de
Janeiro. CPAD, 2005.
Eric Hobsbawm in. “Sobre História”. Ed. Companhia das Letras, 1998, p.22.
FRESTON, Paul. Pentecostalismo. Belém-PA. Editora Universitária. 1996
GRANHEN, Jorge. A verdadeira História de Marituba. Marituba: [. n.], 2002.
LE GOFF, Jacque: Historia e memória.
Unicamp. 2003 471p.
5ª edição. Campinas. Editora da
MELLO, Isabel Cristina Veiga. Relações de Poder no Pentecostalismo
Brasileiro: uma identidade forjada no calor de sua Historia. Azusa. Revista de
estudos pentecostais. Rio Grande do Sul. P.10, 2010.
OLIVEIRA, Raimundo Ferreira de, História da Igreja dos primórdios a
atualidade. 4ª ed. Campinas, SP, editora. EETAD. 2000. 214 PP:; II.
PINSKY
Jaime,
Carla
Bassanezi.
Por
uma
História
Consequente. 5ª ed. São Paulo, editora. Contexto. 2008.
Prazerosa
e
52
PARÁ. Lei nº 5857 de 22 de setembro de 1994. Institui a emancipação do
município
de
Marituba.
Marituba,
1994.
Disponível
em
<http://www.ioepa.com.br> acesso em: 02 junho. 2013.
PARÁ. Lei nº 6255 de 16 de novembro de 1999. Institui a emancipação do
Município de Marituba. Marituba, 1999. Disponível em http://www.ioepa.com.br
acesso em: 02 junho. 2013.
RAIOL, Rui (Coment). Centenário da Assembleia de Deus: Lições para Escola
Dominical. Belém. Edição especial, 2011.
TIESE, Junior, Estudos Amazônicos, Ensino Fundamental.Belém ed. Paka-tatu,
2010. 216p.
THOMPSON, Edward P. Peculiaridades dos ingleses.
VINGREN, Ivar. Gunnar Vingren: O diário do Pioneiro. 1ª edição. Rio de
Janeiro: Casa publicadora das Assembleias de Deus,1973. 222p.
Wycliffe dicionário bíblico Rio de Janeiro, 1ª ed. 2006 p. 949.
53
Download

naza cleiss pereira do nascimento história da fundação