A.3.2 – Ensino de Física.
Vídeos e filmes: estudo sobre possibilidades para o Ensino de Física na Educação Básica.
Rachel Deboni Papa 1, João Eduardo Fernandes Ramos 2 , Eugenio Maria de França Ramos 3
1. Estudante de Licenciatura em Física – UNESP Campus de Rio Claro – SP, *[email protected]
2. Doutorando no Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências – USP - SP
3. Professor no Departamento de Educação – UNESP Campus de Rio Claro - SP
Palavras Chave: Ensino de Física, Filmes, Gaiola de Faraday.
67ª Reunião Anual da SBPC
Introdução
Filmes cinematográficos são objetos que estão cada vez
mais presentes no nosso dia-a-dia. Tais produções
audiovisuais, pela sua inserção na sociedade
contemporânea, têm o poder de ditar regras, tendências e
modas para a sociedade. Além do mais, a experiência
cinematográfica tem forte relação com a memória, uma
vez que guardamos cenas ou personagens marcantes
com facilidade. Assim, por estar presente no cotidiano,
podendo ser considerado como um elemento da cultura
primeira dos estudantes (SNYDERS, 1988), os filmes
deveriam ser considerados no ambiente escolar como um
aliado na construção do conhecimento, sobretudo por
possuirem um potencial pedagógico que permite realizar
questionamentos e reflexões sobre diferentes temas. No
entanto, o uso de filmes em sala de aula, muitas vezes é
visto como uma atividade isolada, utilizada para
substituição de horários vagos ou aulas não preparadas
(ROSA e OLIVEIRA, 2008).
De maneira geral, é possível ensinar com o cinema,
ensinar pelo cinema ou ainda, ensinar o cinema. No
primeiro caso o cinema é utilizado para ilustrar um
contexto social ou histórico. No segundo estão presentes
os filmes produzidos com uma intenção didática, e no
terceiro, o filme surge como o resultado de um processo.
Quanto a relação entre a Física e o Cinema, a mesma se
faz presente tanto na produção dos filmes (lentes, foco,
velocidade das imagens), quanto no conteúdo, fato que
evidencia o caráter cultural da ciência (ZANETIC, 1989).
Nesse contexto, nossa proposta é analisar o potencial do
uso de um filme para o Ensino de Física na educação
básica. Para tanto, como metodologia, realizamos um
levantamento bibliográfico e cinematográfico, buscando e
analisando obras que poderiam ser usadas para o Ensino
de Física. O estudo se caracteriza como qualitativo e
exploratório.
Resultados e Discussão
Não foram poucas as produções cinematográficas que
apresentaram temas científicos que conseguimos
identificar. Foi possível encontrar filmes biográficos, como
no caso do recente A teoria de tudo (2014), no qual a vida
do cientista Stephen Hawking é apresentada; de
representações de momentos históricos em que a ciência
tem um papel relevante, como em Os Eleitos (1983), que
retrata a história da corrida espacial; e criações ficcionais
como as das ficções científicas tais 2001: Uma Odisseia
no Espaço (1968), entre outras. Das obras consultadas,
selecionamos o filme O aprendiz de feiticeiro (2010) para
nosso estudo. Trata-se de um filme cujo personagem
principal, Dave Stutter, é um estudante de física, que
trabalha com bobinas de Tesla, e descobre ser um
feiticeiro descendente de Merlin que, com a ajuda de
Balthazar Blake (Nicolas Cage), seu tutor de magia, deve
impedir a destruição do mundo por outros magos. Ao
longo do filme, a magia é relacionada com a ciência e
muitos “truques” possuem uma explicação científica. De
certa forma, ao longo da história da ciência, não é difícil
encontrar momentos em que tanto a ciência quanto a
magia e a feitiçaria se confundiam.
Um exemplo da Física presente no filme é a forma como
Dave descreve seu projeto com as bobinas de Tesla.
Segundo ele: “essas bobinas disparam raios a uma
frequência tão alta que as faíscas literalmente criam ondas
de som quando voam”, possibilitando até composição de
músicas, como é feito no filme. Além deste, são abordados
outros conceitos como o de blindagem eletrostática,
observada na gaiola de Faraday, física molecular, energia
eletromagnética e plasmas. A gaiola consiste em um
experimento de Faraday onde ele comprovou que o
37a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química - SBQ
interior dos condutores não sofria efeitos do campo
elétrico gerado por um gerador eletrostático (TIPLER,
2000). No filme, o protagonista fica dentro de uma gaiola
com suportes isolantes, enquanto a parte externa é
eletrizada intensamente, como apresentado abaixo.
Figura 1. Cena do filme O Aprendiz de Feiticeiro. 2010
Conclusões
O que nos foi possível observar é que constantemente o
tema da Física é abordado no filme de forma simples e
leve. Além do mais, representa-se a Física, como algo
dinâmico que vai além das equações, e que em alguns
casos, até se parece com magia.
Portanto, aliando a ideia de vínculo afetivo com o
conteúdo presente no filme, enxergamos a produção
cinematográfica como material adicional para o
aprendizado em sala de aula.
Consideramos que com a utilização de filmes poderíamos
ir além do caderno e da lousa, superando algumas
barreiras encontradas pelos alunos, ao permitir aos
estudantes “enxergar” a Física como parte da cultura
humana, que em diversos casos é a grande dificuldade no
ensino deste conhecimento no nível médio da Educação
Básica.
____________________
ROSA, A.; OLIVEIRA, M. Considerações sobre a imagem cinematográfica e o
Ensino das Artes Visuais – proposições para o Ensino Médio. 17° Encontro
Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas
Panorama da Pesquisa em Artes Visuais, 2008
SNYDERS, G. A alegria na escola. São Paulo: Manole Ltda. 1988
TIPLER, A. P. Física: Eletricidade e Magnetismo, Ótica. V. 2, 4aed., Rio de
Janeiro: LTC editora S.A., 2000.
TURTELTAUB, J.; BRUCKHEIMER, J. The Sorcerer's Apprentice. [Filme].
EUA: Walt Disney Pictures, 2010, 109 min.
ZANETIC, J. Física também é cultura. Tese (Doutorado). Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 1989.
2
Download

Vídeos e filmes: estudo sobre possibilidades para o Ensino de