Anátomo Clínica Acesso venoso Central Cecília Guimarães Villela Milena Zamian Danilow INTERNATO DE MEDICINA DA ESCS/SES/DF Coordenação: Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br – Brasília, 30/4/2009 NEONATOLOGIA IDENTIFICAÇÃO RN de CMV; natural de Brasília; sexo masculino; pardo; nascido em 01/12/2005 NEONATOLOGIA PRÉ-NATAL Iniciado no 2º trimestre, com 5 consultas Mãe GI P0 A0 Sorologias negativas para hepatite B, toxoplasmose, HIV e sífilis Imune a CMV e rubéola Sem registro de infecções ou uso de medicamentos Imunizações em dia NEONATOLOGIA PARTO DUM: 21/07/2007 IG: 38sem + 3dias Parto normal a termo, demorado, espontâneo e com apresentação cefálica Aproximadamente 3 horas de bolsa rota Líquido amniótico claro NEONATOLOGIA PARTO Necessitou reanimação APGAR 1’: 2 5’: 7 10’: 9 Peso: 2820g Estatura: 48,5cm PC: 32cm Capurro = 38sem + 4 dias- AIG NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO 1º DIA DE VIDA (DDV) Apresentou cianose central e apnéia ao exame: extremidades frias e pupilas mióticas “Realizado VPP durante 2 min. Corou e assumiu respiração espontânea em seguida” NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO 1º DIA DE VIDA (DDV) HD: hipoglicemia? Convulsão? CD: glicemia capilar, dieta zero, HV com TIG de 5,5 e UTI-Neo Glicemia capilar (GC): 30 mg/dl Após 1 hora: 73 mg/dl NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO 2º DDV Apresentou dois episódios convulsivos BIOQUÍMICA ÀS 11:30 Na+ 145 CPK 2973 K+ 6,3 CK-MB 297,6 LEUCOGRAMA ÀS 11:30 16000 LEUCÓCITOS 57% SEG 0 BAST 32% LINF Neutrófilos totais NT: 9120 Neutrófilos imaturos NI: 0 NI/ NT: 0 2% EOS 1% BASO NEONATOLOGIA NEONATOLOGIA Não há limite inferior NEONATOLOGIA NEONATOLOGIA EXAMES 2º DDV BIOQUÍMICA Uréia 24 Creat 1,4 Calcio 8,0 Magn 1,35 BT 11,13 BD 0,65 BI 10,46 Hem raras Uratos 3+ Glicose c/ fluoreto 25 EAS Dens 1020 Prot traços Hb traços CED raras Leuco 2 pc Flora bact escassa NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO 2º DDV HD: Sínd hipóxico-isquêmica Hipoglicemia Infecção CD: Iniciado ampi+genta Fenobarbital CONVULSÃO NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO No 3º DDV apresentou icterícia zona IV de Kramer. Evoluiu com hipoglicemia de difícil controle até o 6º dia de vida. GC: variou de 47- 115 mg/dL Houve aumento progressivo da TIG até 9mg/Kg/min, foi iniciada fototerapia. NEONATOLOGIA EXAMES 5º DDV HEMOGRAMA 8670 LEUCÓCITOS 46,8% SEG 0 BAST 38,2% LINF Hb 17 Htc 53,8% BIOQUÍMICA CPK 350 CK-MB Calcio BT 84,7 7,9 10,4 BD 1,6 BI 8,8 CD: Iniciada hidrocortisona Glicemia 45 NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO 6º DDV Perda de acesso periférico e insucesso em obter um novo Realizada cateterização venosa central no HRAS (falta de Rx e TC) NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO 6º DDV Cateterização de veia subclávia direita feita em centro cirúrgico segundo técnica de Seldinger, sem intercorrências. Rx de controle: cateter bem posicionado em entrada de átrio D Ao exame: bom fluxo e refluxo Sat 97% NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO PARECER DA ENDOCRINOLOGIA: “Devido a melhora do controle glicêmico com redução da TIG após acesso venoso adequado, acredito tratar-se de hipoglicemia transitória, que corresponde a 15% do total das hipoglicemias neonatais, ocorrendo em RN com 2 a 5 dias de vida. Sem sinais de pan-hipopituitarismo. Solicitar função tiroidiana, GH, insulinemia, glicemia, cetonúria durante hipoglicemia.” NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO 8º DDV Às 8h Observado anasarca e fígado 2 cm abaixo do RCD GC: 56/62/92 mg/dl CD: introduzido furosemida 1mg/Kg/dia NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO ainda 8º DDV Às 8:30 Perda do acesso central. “Tentei novo acesso pela técnica de Seldinger (?) sem sucesso pois cateter anterior muito periférico. Realizada nova punção de VSD (em 3ª tentativa pois fio guia sempre dobrando) com bom fluxo , porém sem refluxo” Rx de controle: cateter bem localizado PORÉM com trajeto tortuoso NEONATOLOGIA NEONATOLOGIA NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO ainda 8º DDV Às 19h Taquidispnéia súbita com queda de SatO² até 85% com BAN e tiragem subcostal moderada. Não há relato de vômitos ou regurgitação, não apresentou cianose nem hipertonia. AR: MVF + mas à direita e expansibilidade ruim HD: RGE ? Atelectasia? CD: Hood 60% e Rx de tórax NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO ainda 8º DDV Às 19:45 Rx: Opacidade à direita PA: 83 x 41 mmHg GASOMETRIA pH 7,18 PCo² 50 PO² 52 HCO³ 18 CD: CPAP +5 FiO2 = 40% Domperidona Etapa rápida com 30 ml BE -9 Sat O2 78% NEONATOLOGIA NOITE MANHÃ NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO ainda 8º DDV Às 20h Queda de Sat O2 até 68% no CPAP, perfusão lentificada e cianose central. CD: IOT com TOT nº 3,0 fixado em 9 cm Fentanil e midazolam Nova etapa rápida com 30 ml Boa expansibilidade e sat O² = 98% NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO ainda 8º DDV Às 22h Em ventilação mecânica: Fio2=50% PEEP=5 delta P=15 SatO2= 91% FR= 40 ipm GASOMETRIA pH 6,9 PCO² 146 PO² 29 HCO³ 31 BE 0 Sat O2 24% CD: Trocado TOT para nº 3,5 pois havia escape Introduzido dopamina 5 NEONATOLOGIA EVOLUÇÃO ainda 8º DDV Às 23:40 Em ventilação mecânica Sat O2= 95% FC = 185 bpm PA: 74 x 36 AR: ausculta simétrica CD: Feito transporte para HRAS pois Rx e gasômetro indisponíveis NEONATOLOGIA No HRAS Evoluiu com parada cardiorrespiratória, que foi revertida com massagem cardíaca, uso de aminas e bicarbonato de sódio. Porém evoluiu com nova parada cardiorrespiratória irresponsiva às manobras de ressuscitação, sendo constatado o óbito às 5:30h NEONATOLOGIA “ aparelho ciclando e tórax sem balanço” “massagem contínua, ventilação no CFR, porém sem ver o tórax expandindo em tempo algum” “Repetir Rx de tórax ( está todo branco)” RN termo e AIG Cateterismo central Insuficiência respiratória Síndrome Hipóxicoisquêmica Hipoglicemia neonatal NEONATOLOGIA NEONATOLOGIA HIDROTÓRAX NEONATOLOGIA HIDROTÓRAX HIDROTÓRAX NEONATOLOGIA CATETER VEIA SUBC DIREITA TRONCO BRAQUIOCEFÁLICO NEONATOLOGIA NEONATOLOGIA NEONATOLOGIA CATETER NEONATOLOGIA INTRODUÇÃO Cateteres centrais são considerados “linhas da vida” em UTIs neonatais A cateterização venosa central é considerada o procedimento mais comum dentro dessas unidades É de extrema importância para os recém-nascidos doentes NEONATOLOGIA INTRODUÇÃO PERMITEM: Monitoração hemodinâmica Nutrição parenteral Administração de drogas Reposição hídrica Hemodiálise NEONATOLOGIA ACESSO VENOSO CENTRAL 1. Cateter Central de Inserção Periférica 2. Cateter Venoso Umbilical 3. Cateter Central por Punção Venosa NEONATOLOGIA CATETER VENOSO CENTRAL DE INSERÇÃO PERFÉRICA Acesso venoso necessário por > 3dias Mais seguros que acessos periféricos Permite administração de substâncias mais osmolares (NPT) Cateter central de inserção periférica: uma experiência bem sucedida Autor(es): Derlucy Gomes NEONATOLOGIA CATETER VENOSO UMBILICAL Acesso de emergência para ressuscitação volêmica Monitorização hemodinâmica Última/única opção para medicação e NPT Veia umbilical Veia porta E Ducto venoso médio ou veia hepática E Veia Cava Inferior NEONATOLOGIA CATETER VENOSO CENTRAL (PUNÇÃO) São a última opção: Quando cateter umbilical ou acessos periféricos não estão mais disponíveis e uma linha venosa central AINDA É necessária NEONATOLOGIA TÉCNICA DE CVC POR PUNÇÃO: Definir sítio de inserção : veias jugulares internas, subclávias ou femorais Assepsia e antissepsia Identificação dos pontos de referência Anestesia local Punção propriamente dita Figura 1 - Técnica de Seldinger. (a) Com o paciente em decúbito dorsal, é inserido o material de punção até observar saída de sangue pela agulha. (b) Retira-se a agulha e avança-se o fio-guia através do mandril. (c) É retirado o mandril, mantendo o fio-guia no interior do vaso e o local é comprimido manualmente. (d) Introduzida, sobre o fio-guia, a bainha introdutora. (e) O fioguia é retirado. (f) Bainha introdutora posicionada no interior do vaso. (© Urban & Fischer 2003 – Roche Lexikon Medizin, 5. Aufl). NEONATOLOGIA PUNÇÃO GUIADA POR ULTRASSOM NEONATOLOGIA Ultrasound-guided central venous catheter placement decreases complications and decreases placement attempts compared with the landmark technique in patients in a pediatric intensive care unit* Curt D. Froehlich, MD; Mark R. Rigby, MD, PhD, FAAP; Eli S. Rosenberg, BS; Ruosha Li, BS; Pei-Ling J. Roerig, BS, CCRC; Kirk A. Easley, MS; Jana A. Stockwell, MD, FAAP, FCCM Crit Care Med 2009 Vol. 37, No. 3 Número de punções Punções arteriais inadvertidas De grande valia para médicos inexperientes ou para crianças graves NEONATOLOGIA POSIÇÃO DO CATETER VENOSO CENTRAL Na veia cava superior ou inferior, PRÓXIMO ao átrio direito A ponta do cateter NÃO deve estar dentro do átrio Neonatos pretermos > 1 cm da silhueta cardíaca Neonatos > 2 cm da silhueta cardíaca NEONATOLOGIA NEONATOLOGIA MEDIDAS PARA REDUZIR RISCO DE COMPLICAÇÕES 1. Técnica íntegra (assepsia e antissepsia) 2. Confirmar refluxo antes de fixar o cateter 3. Confirmar a posição por radiografia (repetir quando houver dúvidas) 4. Assegurar o posicionamento ideal 5. Inspeção diária do curativo 6. Remoção quando não for mais necessário 7. Heparina: 0.25U/mL de fluido infundido NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Erros técnicos 1. Múltiplas tentativas de punção 2. Posicionamento inadequado do paciente 3. Punções em situações de emergência NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC 1. Injúria vascular e a órgãos durante inserção 2. Malposicionamento 3. Efusão pericárdica/ tamponamento cardíaco 4. Efusão pleural 5. Infecção 6.Tromboembolismo NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Injúria vascular e a órgãos durante inserção em veia subclávia – – – – – – Hemorragias Hematomas Punção arterial Lesão do plexo braquial Pneumotórax Pneumomediastino NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Malposicionamento – – – – AD VD A. pulmonar (AD→VD → a. pulmonar) V. pulmonar (AD → FO → AE → v. pulmonar) NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Efusão pericárdica/ tamponamento cardíaco 1. Incidência estimada: 0,76% a 1,8% 2. Cateter localizado em AD 3. Perfuração miocárdica Atrito constante da ponta do cateter com parede delgada do AD → inflamação → necrose → perfuração Anátomo Clínica: Tamponamento cardíaco com o uso do catéter central de inserção periférica Autor(es): Francisco Pereira, Julio Cesar Albernaz Guimarães e Paulo R. Margotto NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Efusão pericárdica/ tamponamento cardíaco Colapso cardiovascular súbito Instabilidade cardiopulmonar inexplicável ou súbita Necessidade súbita de inotrópicos ou suporte ventilatório NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Efusão pericárdica/ tamponamento cardíaco – – – – Atrito pericárdico Distensão jugular Pulso paradoxal Cardiomegalia ao Rx de tórax NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Efusão pericárdica/ tamponamento cardíaco 1. Ecocardiografia de urgência 2. Pericardiocentese imediata 3. Aspiração do fluido pelo CVC – sem sucesso 4. Retirada x reposicionamento do cateter NEONATOLOGIA Pericardial Effusion and Tamponade in Infants With Central Catheters Todd T. Nowlen, MD*, Geoffrey L. Rosenthal, MD, PhD , Gregory L. Johnson, MD*, Deborah J. Tom, MD and Thomas A. Vargo, MD PEDIATRICS Vol. 110 No. 1 July 2002. Mortalidade de 8% naqueles submetidos a pericardiocentese contra 75% nos não submetidos NEONATOLOGIA Pericardiocentese imediata é procedimento de eleição em tamponamento cardíaco detectado. NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Efusão pleural 1. Erosão ou perfuração de veias intratorácicas 2. Migração para a. pulmonar e v. pulmonar ↑ permeabilidade vascular secundária a dano endotelial por fluidos hiperosmolares ↑ pressão hidrostática Derrame pleural pelo uso do catéter central de inserção periférica (PICC) Autor(es): Danielli Feitosa Pereira (R3 em Neonatologia), Dds. Priscila V. Pereira, Bruno Paiva Farias, Paulo Ricardo C. de Oliveira, Paulo R. Margotto NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Efusão pleural – – – – – – Insuficiência respiratória em horas a dias MV ↓ Expansão torácica ↓ Rx tórax simples e contrastado Análise bioquímica do fluido Alta suspeição clínica NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Complicações neurológicas – Ponta do cateter nas vv lombares ascendentes (inserção vv femorais) – Letargia – Dessaturação – Convulsões tônico-clônicas e mioclônicas – Punção lombar NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Infecção relacionada a cateter – Complicação mais comum – Contaminação do canhão ou da entrada do cateter – Incidência de 6,4/1000 RN ≤ 750g e de 3,1/1000 RN > 2500g Infecção associada ao uso de cateteres vasculares Autor(es): André Gadelha, Débora Fernandes Oliveira, Paulo R. Margotto NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Infecção relacionada a cateter – – – – Staphylococcus coagulase-negativo Staphylococcus aureus Bactérias GCandida sp. NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Infecção relacionada a cateter – – – – – – – Apnéia, insuf respiratória Bradicardia , hipotensão Recusa alimentar, letargia Leucocitose, leucopenia, desvio a E Trombocitopenia PcR elevada Hemoculturas positivas NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Infecção relacionada a cateter 1. Staphylococcus coagulase-negativo ATB Remoção do cateter 2. S. aureus, G- não-entéricos e Candida Remoção do cateter NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Tromboembolismo – – – – 90% TE em RNs Incidência: 20% com infusão de heparina Pequeno calibre dos vasos Imaturidade quantitativa e qualitativa do sistema trombolítico e fibrinolítico – Distúrbios da homeostasia devido a injúrias perinatais NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Tromboembolismo 1. Assintomático 2. Complicações graves Trombose da v. porta Síndrome VCS Trombose intracardíaca Embolismo pulmonar NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Tromboembolismo – – – – Quadro clínico depende do sítio do TE Disfunção do cateter Trombocitopenia Bacteremia persistente NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Tromboembolismo – Venografia contrastada – Ecocardiografia com color doppler NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Tromboembolismo – – – – Tto individualizado (riscos x benefícios) Manejo controverso Heparina fracionada ou de baixo peso molecular Trombolíticos somente se TE em grande vaso causando importante lesão em órgão ou tecido – Remover o cateter NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Tromboembolismo – Complicações crônicas – Circulação colateral na pele de tronco, pescoço e face – Síndrome da VCS – Hipertensão portal NEONATOLOGIA COMPLICAÇÕES DO CVC Outras – – – – Obstrução do cateter Rotura com migração p câmaras cardíacas Arritmias cardíacas Impossibilidade de remover o cateter por formação de membrana de fibrina ou por infecão por Malassezia furfur NEONATOLOGIA Consultem: Acesso vascular no recém-nascido Autor(es): Maurícia Cammarota NEONATOLOGIA Dda Milena Dda Cecília Obrigada!