1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE DE VIDA E SATISFAÇÃO NO TRABALHO Por: Marline Thomaz Couto Orientador Proª Fabiane Muniz RIO DE JANEIRO 2008 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE QUALIDADE DE VIDA E SATISFAÇÃO NO TRABALHO QUALIDADE DE VIDA E SATISFAÇÃO NO TRABALHO Apresentação de monografia à Universidade do Candido Mendes como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos. Por: Marline Thomaz Couto 3 AGRADECIMENTOS . Agradeço primeiramente a Deus pela sabedoria e fonte inesgotável de motivação, e em especial a minha sogra Cirlene Gomide Couto, pois com sua ajuda consegui realizar este sonho. 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu marido Marcos Gomide Couto, que está comigo desde o início me ajudando e incentivando em todos os momentos, e ao meu filho Marcos Guilherme o meu bem maior, dado por Deus. 5 RESUMO A presente monografia aborda o tema “Qualidade de Vida e Satisfação no Trabalho”, com as grandes mudanças e transformações dos novos tempos, do novo século, do mundo pós-modernidade, traz com elas, incertezas e instabilidade para o trabalhador. A busca de novos conhecimentos e o aparecimento, quase que diário, de novas tecnologias em um processo continuo e incessante de novas informações, faz com que os profissionais estejam envoltos em um novo mundo onde o tempo é o fator de grande relevância nas novas relações do trabalho e por conseqüência à capacidade de adaptação às mudanças envolve grandes tensões. Este trabalho aborda a qualidade de vida no trabalho dos profissionais e destaca a ergonomia e o estresse como componentes que atuam incisivamente na qualidade de vida do trabalhador no exercício de sua profissão. 6 METODOLOGIA . A metodologia utilizada neste trabalho foi o levantamento e pesquisa bibliográficas realizadas em jornais, livros, revista e Internet como fontes de coleta de informações, com foco através dos autores Cynthia M.Zilli, Hudson de Araújo Couto. José Henrique Alves. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8 CAPÍTULO I - Qualidade de Vida no Trabalho ................................................. 10 CAPÍTULO II - A Ergonomia no Ambiente de Trabalho................................... 21 CAPÍTULO III - As Teorias Administrativas e a Qualidade de Vida no tTrabalho ............................................................................................................. 36 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 46 8 INTRODUÇÃO A presente pesquisa tem como objetivo enfocar a importância da tecnologia da Qualidade de Vida no Trabalho de seus funcionários dentro da organização, onde terão mais chances de sobreviver aqueles que estiverem voltados a atender aos anseios, expectativas e objetivos dos clientes, compatibilizando-os com o alcance de resultados favoráveis para melhor atendimento. Diante da globalização, mudanças intensas, clientes cada vez mais exigentes, busca incessante pela qualidade e produtividade, grande volume de informações, inovações tecnológicas e competitividade acirrada terão mais chances de sobreviver aquelas organizações que forem capazes de mostrar os seus recursos humanos como seres únicos, ímpares, dotados de diferenças e com necessidades diversas. Na era do conhecimento, que passou a constituir a principal vantagem estratégica competitiva, as empresas de vanguarda focam suas atenções nas pessoas, aquelas que realmente fazem a diferença e que detêm o conhecimento necessário para a empresa. O sistema tradicional de Gestão de Pessoas não responde mais adequadamente às necessidades impostas às organizações do século XXI e nem aos anseios e expectativas do profissional do terceiro milênio, por isso, utilização de tecnologias, métodos e ferramentas de trabalho que atendam a nova demanda faz-se de vital importância para o sucesso das organizações na atualidade. A área de RH tem um papel vital nesse processo, pois ele é responsável por criar programas que mantenham os colaboradores energizados o tempo todo. 9 A Qualidade de Vida no Trabalho está ligado ao desenvolvimento humano, e tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência. O investimento direto no colaborador, é na realidade, um investimento indiretamente no cliente. O propósito de um programa de Qualidade de Vida nas Organizações é encorajar e apoiar hábitos e estilos de vida que promovam saúde e bem estar entre todos os funcionários durante toda a sua vida profissional. Um programa de Qualidade de Vida existe para gerar estratégias com o intuito de promover um ambiente que estimule e de suporte ao indivíduo e à empresa, conscientizando sobre como sua saúde está diretamente relacionada á sua qualidade e produtividade. Não é suficiente ter em mente mudar relevantemente o estado de saúde dos profissionais mas também encorajá-los a cuidarem e gerenciarem sua própria saúde, adquirindo um ganho substancial na sua satisfação e crescimento, assim como no aumento de produção e redução de custos para a empresa. Vivemos em uma época de transição e em uma sociedade em constante evolução. Para acompanhar todo este processo é necessário uma dinâmica e constante adaptações. tecnológicas Transformações sejam científicas, sejam trazem um novo cenário para as relações humanas. O ritmo dessas mudanças, muitas vezes, entra em conflito com a capacidade humana da adaptação à mudanças, tão rápidas e aceleradas. Esta “ guerra” ou dificuldade de adaptação pode gerar lutas internas no ser humano e desenvolver uma série de sintomas e provocando doenças ou transtornos psicológicos e comportamentais. Desde que o mundo exigiu novas e complexas interações em termos de excelência em relação à produtividade e qualidade dos serviços prestados, estamos tendo que constantemente nos adaptarmos a todos estes estímulos, comprometendo de alguma forma nosso aprendizado e saúde. Afinal de contas, se sentir mal no tempo e no espaço não é mais privilégios de nenhum astronauta. O psiquiatra Carl Gustav Jung dizia que se as coisas vão mal no mundo, algo deve estar mal comigo. 10 Qualidade de vida é viver num ambiente saudável, onde se possa prestar o melhor serviço, simplesmente pelo fato de sentir-se bem. CAPÍTULO I Qualidade de Vida no Trabalho Na atual situação mundial as empresas têm procurado se adaptar às realidades existentes para se tornarem competitivas. Antes o concorrente estava situado “do outro lado da rua”, mas hoje, ele tanto pode ser o vizinho em frente quanto estar do outro lado do mundo. Para atender às novas exigências as empresas vem aprimorando os processos, a organização como um todo e atualizando-se em tecnologia para aumentar sua competitividade no mercado global. Um dos diferenciais competitivos está no desenvolvimento e aplicação de programas que visem a qualidade de vida no trabalho, os quais podem reverter em benefício da empresa especialmente nas suas relações com os trabalhadores e na qualidade de seus produtos e serviços. A evolução do universo dos negócios promove nas organizações uma procura constante pelo crescimento, expansão e sobrevivência; a relação entre o trabalho e a própria vida do ser humano está na base da prática contemporânea nas empresas, como também das teorias dominantes sobre organização e administração. E existe uma “cisão entre o trabalho e a vida, no sentido de que estamos cada vez mais preocupados com a qualidade de nossa vida no trabalho ou com a humanização da vida no trabalho. Comparativamente ao trabalho, a vida em si é deixada de lado, como um tópico para a medicina, a ecologia ou outras disciplinas” (SIEVERS, 1997:7) O ambiente empresarial, pelos impactos da globalização, vem se tornando intensamente competitivo, apresentando reflexo nas relações sociais e políticas, na tecnologia, na organização produtiva, nas relações de trabalho e 11 na participação do individuo no processo produtivo. No Brasil, essas transformações vêm sendo observadas na última década de forma mais expressiva em função da abertura econômica, dos programas de estabilização monetária e das reformas políticas e estruturais. A simultaneidade dessas transformações provocam um ambiente social e empresarial turbulento, nos quais a luta pela sobrevivência muitas vezes se sobrepõe aos objetivos de mudança a longo prazo, estas com vistas à melhoria das condições de vida e de bem-estar dos indivíduos Albuquerque (1992). Os impactos da competitividade a qualquer custo sobre a sociedade e sobre os indivíduos são temas que começam a ser abordados nas discussões acadêmicas e empresariais, com destaque para a Qualidade de Vida do Trabalhador. É legada para as organizações de hoje a missão de aprimorar a qualidade de vida de seus trabalhadores, sob pena de comprometer até a sobrevivência destas no mercado global. As pesquisas em torno da questão da Qualidade de Vida no trabalho visam, dentre outras coisas, a compreensão a respeito de situações individuais dos trabalhadores em seus ambientes laborativos e, a nível organizacional, estão se referindo à expansão do conceito de Qualidade Total, ultrapassando os processos e procedimentos, para incluir aspectos comportamentais e de satisfação individuais na busca de concretização dos resultados da empresa. Diversas ciências têm dado contribuições específicas para a questão da Qualidade de Vida no Trabalho, dentre as quais a Ergonomia, com a qual pretende se buscar soluções para a melhoria das condições de trabalho ligadas às pessoas Grendier (1988). O tema Qualidade de Vida no Trabalho está relacionado, pela sua complexidade e importância, com todas as áreas de conhecimento. A busca de respostas para problemas envolvendo a questão, mesmo que parciais, podem nos auxiliar na compreensão do dia a dia dos trabalhadores e suas relações com o trabalho, com a família e com os amigos. condições de vida e de bem-estar dos indivíduos Vistas à melhoria das Albuquerque (1992). 12 1.1. O Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho – (QVT) Neste capítulo abordaremos as visões de 3 diferentes autores sobre o que é Qualidade de Vida no Trabalho. Para Albuquerque (1998) “ é um conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnósticos e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais, dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plena de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho” Já para Moreno (1991) concordando com Quirino e Xavier (1987), QVT não se determina somente por características pessoais do trabalhador, tais como necessidades, expectativas e valores, ou pelas características situacionais, tais como tecnologia, sistemas de recompensa, motivação e análise econômica, mas pela integração destes dois tipos de fatores: individuoorganização. Autores como Huse e Cummings (1985) identificam QVT de duas formas distintas: a primeira: como bem-estar do trabalhador e eficácia organizacional e a segunda: participação do trabalhador na tomada de decisões e problemas no trabalho. Segundo Vasconcelos (2001) Richard Walton propõe oito categorias conceituais, incluindo critérios de QVT. São elas: 13 Tabela I : As Oitos Categorias de QVT Critérios Entende-se Compensação justa e Busca-se a obtenção de adequada remuneração adequada pelo trabalho realizado, como o respeito à equidade interna (relação entre colegas) e à externa (mercado de trabalho) Condições de trabalho Envolve a jornada e carga de trabalho, materiais, equipamentos, e ambiente saudável. Análise das reais condições que o empregado terá para realizar suas tarefas Uso e desenvolvimento Implica no de capacidade aproveitamento do talento humano, com reconhecimento e autonomia, incentivos ao uso das capacidades dos indivíduos e análise dos resultados obtidos no desempenho das funções Oportunidade de Abarca a políticas de crescimento e segurança desenvolvimento, segurança e crescimento da organização em relação aos empregados; respeitar e valorizar os colaboradores Indicadores Equidade interna externa; Justiça compensação e na Partilha de ganhos e produtividade Jornada de razoável : trabalho Ambiente físico seguro e saudável; Ausência insalubridade de Autonomia: Autocontrole relativo; Qualidade múltiplas; Informações sobre o processo total de trabalho Possibilidade de carreira; Crescimento pessoal; Perspectiva de avanço salarial; Segurança no emprego 14 Critérios Integração social organização Constitucionalismo Entende-se na Identificar se a organização tem igualdade de oportunidades, independente de raça, cor,orientação sexual, etc... Bom relacionamento no trabalho Indicadores Ausência de preconceitos; Igualdade; Mobilidade; Relacionamento; Senso comunitário Direitos de proteção ao trabalhador; Privacidade pessoal; Liberdade de expressão; Tratamento imparcial; Direitos trabalhista O Trabalho e o espaço Equilíbrio entre vida Papel balanceado no total de vida pessoal e relação de trabalho; trabalho Estabilidade de horários; Poucas mudanças geográficas ; Relevância social trabalho na vida Tempo para lazer da família do Percepção do Imagem da empresa; trabalhador em relação à imagem da empresa, a Responsabilidade social responsabilidade social da empresa; da empresa ante a comunidade, qualidade Responsabilidade pelos de produtos e serviços produtos e serviços; prestados Práticas de emprego Adaptado de Vasconcelos ( 2001) 15 Como pudemos observar nos conceitos e nos critérios, acima, qualidade de vida no trabalho é algo de grande complexidade e que precisa e deve ser praticado por todos, organizações, colaboradores e governo. Só à medida que estes critérios sejam conquistados, e dizemos conquistados para que possamos ter um valor maior, uma dimensão de importância crucial nas organizações e na vida dos colaboradores, é que direitos e deveres serão praticados como atos cotidianos e naturais. A questão do trabalho, do emprego, da ocupação, da mobilidade social é grave no mundo contemporâneo e mais grave ainda em países como o Brasil, pois aponta para a necessidade de medidas políticas urgentes dos governos, das entidades e das instituições nacionais e internacionais, que alterem a rota de colisão em que as nossas sociedades foram postas pelo primado do capital especulativo e pouco produtivo, não só do ponto de vista econômico, mas sobretudo do ponto de vista social, político e cultural. Apesar de mais desenvolvida no século XX a idéia de qualidade de vida, está intimamente relacionada ao ser humano. A busca pela satisfação e realizações pessoais são molas que impulsionam e movem no sentido da vida e da evolução que cada um dá a sua existência. Quando pensamos em qualidade de vida temos sempre a idéia de que a melhoria, seja das condições físicas, emocionais, ambientais ou até mesmo espirituais, como também de desejos aspirações, não vivemos isolados uns dos outros, é necessário a interação de tudo isto. Quando transpomos este universo do individual e pensamos de maneira coletiva, temos a idéia de melhoria nas condições de vida no trabalho. Vem-nos a mente a percepção de ambiente de trabalho e assim, sim, falamos de qualidade de vida no trabalho. Cabe, aqui, alguns conceitos, que certamente, contribuem para o descortinar do tema que vem sendo mais estudado a partir de 1950 1.2. Importância do Trabalho A melhoria da Qualidade de Vida no Trabalho pode ser interpretada como uma expansão do conceito de Qualidade Total, ampliando o diferencial competitivo entre as organizações. A promoção dos fatores relacionados com a satisfação do trabalhador envolvendo condições de trabalho, saúde, moral, compensação, participação, comunicação, imagem institucional, relações interpessoais e organização do trabalho necessitam de um batizamento estruturado e medido com bases cientificas. 16 As pesquisas sociais envolvendo o tema destacam a importância de medir a Qualidade de Vida no Trabalho através dos executores como chave para o crescimento dentro do mercado global. Paladini (1997) ao abordar a questão destaca algumas razões para se fazer a análise da Qualidade de Vida no Trabalho: preocupação com o ser humano; aumento dos índices de produtividade; e consolidação de fatores motivacionais. Frenzel (1993) afirma que o desempenho das organizações encontra-se fortemente comprometido com a noção da qualidade de vida a ele associado. Em seu estudo o autor conclui que à percepção de Qualidade Total e produtividade fundamenta-se num compromisso individual relacionado com a Qualidade de Vida no Trabalho. De certa forma Zorni (1991) também compartilha da mesma idéia quando escreve que viabilizar a qualidade (pressupõe-se que a organização tenha produtividade), é enfatizar o respeito ao indivíduo e seus valores, investindo em seu crescimento. Embora o assunto se apresente como mais um modismo acadêmico para muitos empresários, a necessidade e relacioná-lo com métodos científicos é de fundamental importância para validação de seus resultados. Dentro das organizações, o ser humano desempenha um papel preponderante. Por questões mercadológicas, as empresas procuram conhecê-lo como consumidores e não apresentam preocupações de conhecêlo como trabalhador, como parte integrante do processo produtivo. A pesquisa está envolvida com esta questão e quer colaborar no processo de busca pela Qualidade de Vida do Trabalhador de forma mais abrangente, não apenas dentro do ambiente de trabalho. 17 1.3. Doenças Ocupacionais LER/DORT, No século XVI algumas observações esparsas surgiram, evidenciando a possibilidade do trabalho ser causador de doenças. No século XVII, Ramazzini, um médico italiano que se dedicou a descrever doenças ocupacionais, relatou que movimentos violentos e irregulares, bem como posturas inadequadas durante o trabalho provocavam sérios danos à maquina vital. Com essa afirmação, constata-se então que certas atividades ocupacionais, independente da época em que são exercidas e da presença de maquinas ou produção organizada, exigem das pessoas posturas, esforços físicos e mentais que podem produzir doenças. LER (Lesões por Esforços Repetitivos) é a tradução do termo RSI (repetition strain injuries) utilizado inicialmente na Austrália e definido por Browne (1984) como “doenças músculo-tendinosas dos menbros superiores, ombro e pescoço, causadas pela sobrecarga de um grupo muscular particular, devido ao uso repetitivo ou pela manutenção de posturas contraídas, que resultam em dor, fadiga e declínio do desempenho profissional” (COUTO, 1998,p.17). As Lesões por Esforço Repetitivos no Brasil foram primeiramente descritas como tenossinovite ocupacional (1973), com incidência em lavadeiras, limpadoras e engomadeiras (VIEIRA, 1999; MICHEL, 2000). Em 1985 surgiram publicações e debates sobre a associação entre tenossinovite e o trabalho de digitação, resultando mais tarde, na publicação da Portaria 4.062 em 06/08/87 pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, reconhecendo a tenossinovite como doença do trabalho e conseqüentemente a utilização da denominação LER. Em 1986, o prof. Sobaine definia as LER como “lesões musculotendinosas ou neurovasculares causadas pelo uso repetitivo ou manutenção de posturas inadequadas que acabam resultando em dor, fadiga e declínio de produção” (BEIRÃO e SILVA apud VIEIRA, 1999, p.429). 18 Já em 1991, o Núcleo de Saúde do Trabalhador INSS/SUS/MG registrou casos de Lesões por Esforços Repetitivos em várias funções. Dentre elas pode-se destacar : telefonista, digitador, eletricista, auxiliar administrativo, entre outras Variadas terminologias e conceituações tem sido usadas para definir a “patologia” em vários países. Todas elas têm em comum o relato de sobreuso das extremidades superiores do corpo, geralmente por esforços repetitivo. Assim na Austrália, inicialmente adotou-se a denominação “Occupacional Overuse Injury” (OOI), mudando em 1980 para “Repetitive Strain Injuries” (RSI); Estados Unidos “Cumulative Trauma Disorders “ (CTD) e “Repetitive Trauma Disorders” (RTD); no Japão “ Occupacional Cervicobrachial Disorder” (OCD). No Brasil, inicialmente “Tenossinovite” 1987; posteriormente “Lesões por Esforços Repetitivos”. Em decorrência da constatação da necessidade de revisão e consequente atualização desta terminologia, a partir de 1997, passou à denominação “Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)”. Stone (apud MONTEIRO,1997) polemiza o assunto, considerando que as várias nomenclaturas propostas refletem o desconhecimento a respeito da afecção em questão, assim como acontece com todas as doenças que envolvem uma variedade de entidades clinicas. Quanto ao termo LER, referindo-se as lesões dos tecidos moles devido à movimentação e esforços repetitivos do corpo, Couto (1998, p.18) comenta sobre a complicação no meio médico, referindo-se às seguintes questões: passou-se a adotar esta denominação tipicamente sindrômica como sendo igual a diagnóstico, ou seja, ao invés de se diagnosticar uma epicondilite, passou-se a diagnosticar LER. A síndrome dolorosa do membro superior é composta de uma série de lesões, cada uma com um tratamento e prognóstico específico, o que é anulado quando se afirma o diagnóstico de LER. O termo LER no Brasil assumiu um outro significado problemático, que foi o de ser utilizado indiscriminadamente como o nome de uma doença, e isso, 19 naturalmente, ocasionou confusão entre os médicos e trabalhadores. Em termos mais claros, lesões por esforços repetitivos é uma denominação de um mecanismo de lesão, e não um diagnóstico. Aos Moldes da sociedade de Medicina Australiana que abandonou o termo RSI “repetition strain injuries” (Ler no Brasil), em decorrência dos questionamentos expostos anteriormente, em nosso país, a Previdência Social vem reestruturando suas ações administrativas em relação à questão, basicamente utilizando o termo DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho). A mudança para o termo DORT significa, por conseguinte, a provável existência de dor, sem que exista obrigatoriamente um machucado e sem que a pessoa tenha sido “lesionada” Nicoletti (2003). E para Couto (1998), o distúrbio antecede a lesão. “A ‘cortina’ do conceito de lesão por esforços repetitivos esconde o fato de que a dor sentida pelos pacientes portadores de LER pode ser provocada, também, por fatores como o estresse, a fadiga, a depressão” Nicoletti (2003). No terreno das LER/DORT, existe um vasto campo de investigações quanto à ocorrência deste mal e muitas outras ainda poderão ser apontadas futuramente. Através de cada nova possibilidade de pesquisa que se abre, mais claramente se avistará a vastidão deste assunto, até o momento muito pouco descortinado. www.connapa.com.br/noticias 20 www.connapa.com.br/noticias 21 CAPÍTULO II A Ergonomia no Ambiente de Trabalho Neste capítulo, serão abordadas questões consideradas importantes para um estudo que enfoca como tema principal a Qualidade de Vida no Trabalho. Para Wisner (1972), a ergonomia é o conjunto de conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários à concepção de instrumentos, maquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto e eficácia. Na visão de Abrahão e Pinho (1999), a ergonomia busca dois objetivos fundamentais. De um lado, produzir conhecimento sobre trabalho, as condições e a relação do homem com o trabalho, por outro, formular conhecimentos, ferramentas e princípios suscetíveis de orientar racionalmente a ação de transformação das condições de trabalho, tendo como perspectiva melhorar a relação homem-trabalho. A produção do conhecimento e a racionalização da ação constituem, portanto, o eixo principal da pesquisa ergonômica. De acordo com Grandjean (1988), a ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria e a sociedade no trabalho. O objetivo prático da ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano. Já para Leplat (1978), a ergonomia é uma tecnologia e não uma ciência, cujo objetivo é a organização dos sistemas homem-maquina. Alguns autores em ergonomia a consideram uma ciência, outros a consideram uma tecnologia ; o que importa para fins deste trabalho é que o objetivo da ergonomia é a produção seja de conhecimento ou tecnologia, para 22 o desenvolvimento da atividade do trabalho do ser humano. Podemos chamá-la de ciência do trabalho. Segundo especialistas da Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) temos a apresentação do seguinte conceito: “A palavra Ergonomia deriva do grego Ergon (trabalho) e nomos (normas, regras, leis).Trata-se de uma disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos os aspectos da atividade humana. Para darem conta da amplitude dessa dimensão e poderem intervir nas atividades do trabalho é preciso que os ergonomistas tenham uma abordagem holística de todo o campo de ação da disciplina, tanto em seus aspectos físicos e cognitivos, como sociais, organizacionais, ambientais, etc. Freqüentemente esses profissionais intervêm em setores particulares da economia ou em domínios de aplicação específicos. Esses últimos caracterizam-se por sua constante mutação, com a criação de novos domínios de aplicação ou do aperfeiçoamento de outros mais antigos.” De acordo com a ABERGO, a ergonomia está atuante em 3 domínios. São eles: - Ergonomia física – está relacionada com às características da anatomia humana, antropometria , fisiologia e biomecânica em sua relação a atividade física. Os tópicos relevantes incluem o estudo da postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueletais relacionados ao trabalho, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde. - Ergonomia cognitiva – refere-se aos processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetam as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem 23 computador, stress e treinamento conforme esses se relacionem a projetos envolvendo seres humanos e sistemas. - Ergonomia organizacional – concerne à otimização dos sistemas sóciotécnicos , incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (CRM – domínio aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade. “ A ergonomia vem trabalhando, de forma sistemática, na introdução destas novas tecnologias, demonstrando a transformação do conteúdo e da natureza do trabalho e das conseqüências destas mudanças na saúde e na produtividade”. Abrahão (2002). A ginástica laboral é um programa de exercícios físicos com duração de 5 a 15 minutos, elaborado após a avaliação e análise do posto de trabalho e tarefa dos trabalhadores. Visando a promoção da saúde, a integração, motivação e diminuição dos gastos com absenteísmo e assistência médica. 2.1. Origem e evolução da Ginástica Laboral Para tratarmos da origem e a evolução da ginástica laboral, iremos distinguir como ela se deu em diversas partes do mundo, a começar pelos paises europeus. Segundo Canete (2001), “ O primeiro registro que se tem sobre ginástica laboral é o da Polônia em 1925, onde é conhecida como ginástica de pausa”, já a Rússia “foi citada realizando a ginástica de pausa adaptada para cada cargo 24 em 150.000 empresas, envolvendo cinco milhões de operários” e “na Bulgária comprovou-se que o tempo de pausa era compensado com a produtividade e ainda se percebeu a melhora na acomodação visual em trabalhos de precisão e otimização da reação vasomotora entre 42 a 65% das pessoas que executavam um programa de ginástica de pausa Zilli, Cynthia. (2002). Na Europa (França, Bélgica e Suécia) era utilizada a ginástica como fonte de pesquisa ainda seguindo os dados de Zilli,Cynthia (2002), foram feitas pesquisas como a “investigação da fadiga, condições físicas e psicológicas; dos interesses e sentimentos das pessoas envolvidas, baseados em sondagens de opinião através de questionários e entrevistas”. A mesma autora destaca que a ginástica melhora a coordenação, atenção, facilita a realização de trabalho, diminui a fadiga e é estimulante de ordem psicológica. “Em 1928, ela teve origem no Japão com exercícios diários executados pelos funcionários do Correio a fim de se descontraírem e cultuar a saúde. Essa prática aumentou significativamente após a Segunda Guerra Mundial e atualmente 1/3 dos trabalhadores japoneses exercitam-se em suas empresas”. Em 1960, o Japão já havia obtido resultados tais como diminuição dos acidentes de trabalho; aumento de produtividade ; e melhoria do bem-estar geral. Conforme Zilli Cyntia (2002), “ para os japoneses a ginástica laboral é uma questão de saúde, segurança, sociabilização e consciência”. Outros autores divergem da questão da origem e paternidade da ginástica de pausa, tornando a questão polêmica. Citado por Mascelani (1988), alguns autores afirmam que a ginástica de pausa surgiu na Suécia por volta dos anos 30, partindo da ginástica sueca. “Paises como a Noruega utilizam a ginástica como forma de valorização dos tripulantes dos navios da marinha. Na França, o destaque foi para as empresas de companhias de energia, ferrovias, mineradoras e outras” Zilli Cynthia (2002). 25 No Brasil, os primeiros registro que temos acesso sobre a ginástica laboral datam de 1966, nos estaleiros Ishikavajima, introduzida por executivos nipônicos e, em 1973, na Federação de Ensino Superior (FEEVALE) com experiências realizadas por meio da aplicação de programas de atividades físicas que em conjunto com o SESI implantaram o programa “Ginástica Laboral Compensatória” em cinco empresas da região do Vale dos Sinos Canete (2001). Sabe-se que o projeto não teve continuidade Zilli Cynthia (2002). Outras experiências são conhecidas como a da Xerox com 39% de aumento na produtividade após a implantação da ginástica laboral, a da indústria química Dupont, em busca do bem-estar físico dos funcionários, e as da Tintas Renner em Porto Alegre, Mercedes-Benz, Volkswagem, Gessy Lever, Lorenzetti, Pierre Alexander, Sigma, Fermax, América Latina Logística, Além de muitas outras mais recentes. O grande surgimento da ginástica laboral no Brasil foi a partir dos anos 90 Zilli Cynthia (2002). Existem divergências com relação ao perfil do melhor profissional para liberar um projeto de ginástica laboral, ou seja, quem está apto e qualificado a assinar tal programa. O ideal para desenvolver um trabalho que vise a qualidade de vida é o trabalho multidisciplinar. O profissional apto a assumir tal responsabilidade é aquele que possuir formação acadêmica ampla sobre bases anatômicas e fisiológicas, com conhecimento sobre cinesiologia, biomecânica, com cursos e pesquisas mais abrangentes daquelas vivenciadas no ambiente acadêmico. O fisioterapeuta possui entre outros conhecimentos e habilidades, o conhecimento das principais patologias ocupacionais. A busca constante por informações por meio de cursos, palestras, treinamentos, seminários e demais ferramentas e condições que possam dar-lhes condições de complementar seus conhecimentos e condutas/técnicas aplicadas. 26 2.2. Histórico dos Benefícios do Programa de Ginástica Laboral No Brasil, o primeiro relato de atividade física dentro das empresas que se tem notícias é a da empresa, de gestão inglesa, Bangu, sediada no Rio de Janeiro em 1901. Os funcionários da fábrica de tecido dispunham de uma novidade que era a combinação em um mesmo terreno das instalações industriais e esportivas, onde havia um campo de futebol. Segundo Zilli Cynthia. M (2002), muito antes de se ouvir falar em ginástica laboral já eram estudados e discutidos os benefícios da implantação de programas esportivos e de lazer nas empresa. Um dado importante apresentado por empresas multinacionais instaladas no Brasil é a economia de R$ 4,00 (quatro reais) com despesas de saúde a cada R$ 1,00 (um real) investido em programas de lazer, esporte e atividades físicas. “Novos registros só foram encontrados por volta dos anos 30; entre eles Banco do Brasil (1928), Light & Power (1930) e Caloi (1933) em São Paulo e Rio de Janeiro” e “ após a Segunda Guerra Mundial, novos relatos sucedendo a deposição do Governo Vargas e a criação do serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Social do Comércio (SESC)”, o que sucedeu em 1947, em uma reunião que contou com a participação de 2.500 funcionários de 150 empresas que possuíam clubes esportivos, no estádio do Pacaembu, para realização dos primeiros ‘Jogos Operários do SESI´. Em 1989, o mesmo evento contava com 102.000 participantes de 212 empresas. Segundo (Costa, 1991 apud ZILLI, Cinthia.M.2002): ● Tais competições tradicionais objetivavam ainda os seguintes propósitos : ● Melhorara da imagem da empresa junto aos seus empregados; ● Integração das famílias dos empregados à empresa; ● Integração da empresa à comunidade local; ● Proteção psicossomática dos empregados; ● Melhoria das relações do trabalho; 27 ● Ampliação dos benefícios sociais; ● Ocupação do tempo livre pelos funcionários; Aperfeiçoamento da segurança no trabalho através de exercícios de pausa ou aquecimento; manutenção durante horário de trabalho e aumento da produtividade por melhores condições de saúde, redução do absenteísmo e da rotatividade dos colaboradores. O incentivo ao desenvolvimento físico, através de exercícios como formas de educação e autocontrole, já é utilizado em inúmeras cidades do mundo Os dados a seguir apresentados foram extraídos da revista “Esporte e Lazer na Empresa”, a qual utilizou a fonte MUDES, de setembro de 1974, para exemplificar os resultados positivos nos experimentos, geralmente relacionados com a mudança de comportamento no sentido de melhores hábitos de saúde e convivência social adquiridos com o lazer e o esporte nas empresas. Na Suécia, a empresa GOODYEAR GUMMI FABRIKS AG, de Norkoping, fez um levantamento junto aos operários que praticam esportes regularmente na própria fabrica e pôde concluir que, além de melhora da saúde, houve um bem-estar dos esportistas, uma taxa de 8% de absenteísmo contra 115 dos não esportistas e, ainda, que 885 dos esportistas apresentavam interesse na companhia de seus companheiros na atividades esportivas oferecidas pela empresa. Na Alemanha, foi realizada uma pesquisa com funcionários da empresa BAYER, dos funcionários de escritório, 26 com aproximadamente 35 anos foram submetidos ao esforço de subir 25 andares de escada diariamente por 3 meses. Outros 25 funcionários subiam de elevador. Observou-se que melhora de, em média de 265 das condições cardíacas e circulatórias do grupo que subia as escadas. Na América Latina, o Brasil e o destaque, pois possui relevante tradição e melhor desempenho que seus vizinhos, nas atividades de lazer e esporte 28 para os trabalhadores. Entre os paises que seguem essas iniciativas estão Argentina, México e ultimamente a Colômbia, que passou a também a se inserir nesse contexto. A Alemanha, Suécia, Suíça, Bélgica e União Soviética já participavam. A URSS, na década de 70, com cerca de 100.000 clubes de industrias e serviços, tinha, entre outros os seguintes objetivos: ● Oferecer atividades, pelos menos, para 50% dos funcionários; ● Buscar um nível adequado de qualificação, de modo que 12 a 15% dos funcionários participassem das competições regionais; ● Organizar um setor esportivo de atendimento aos filhos dos funcionários; ● Prover sessões de ginástica compensatória para 70% do funcionalismo; ● Prover instalações e associações para recreação; “ Já o Japão continua apontado como um dos exemplos mais importantes do incentivo à prática de exercícios no recinto de trabalho e do atendimento dos interesses de lazer dos empregados e familiares Zilli Cynthia (2002). Todos esses dados nos permitem observar o desenvolvimento dos estudos sobre ergonomia. Ao analisarmos dos dados obtidos pelas empresas, é possível afirmar que necessitamos não só incentivar a prática de exercícios físicos entre os funcionários das empresas, como aumentar e difundir os programas de prática de atividades físicas como fonte de saúde, lazer e bemestar aos funcionários e seus familiares. Certamente, a conseqüência de atitudes como essa é o aumento da produtividade, a diminuição do absenteísmo e a melhoria nos relacionamentos sociais internos na empresa, conforme podemos observar nos dados apresentados. 29 2.3. O Estresse no Trabalho O inicio de um novo século traz com ele novas expectativas em relação ao futuro pessoal e da sociedade em geral. Avanços científicos e tecnológicos são diariamente incorporados ao cotidiano das pessoas, sejam em suas relações familiares, sociais e me suas relações com o trabalho. 30 O mundo em globalização acelera a competitividade e incute no subconsciente humano a idéia de que todo e qualquer momento o seu concorrente o ultrapassará. O tempo é questão de grande importância. Projetos são realizados montados em estratégias flexíveis que variam de acordo com o cenário e voltados para o atendimento das necessidades futuras de mercado. Trata-se do sobreviver ao novo mundo em competição constante. Atingir metas, ultrapassar metas, “time is money” , etc. Expressões corriqueiras do vocabulário do trabalhador deste novo milênio. Afirma Pereira (2006), que o século XXI, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, será o século dos problemas mentais. As doenças crônicas dobrarão até 2020. Em artigo publicado no periódico Estudos de Psicologia, Paschoal e Tamoyo (2004) se propõem a construir e validar um instrumento de estresse ocupacional geral de fácil aplicação e de utilização em ambientes e ocupações variadas de trabalho. Chama-se Escala de Estresse do Trabalho (EET) e pode servir como orientador para medidas que visem a qualidade de vida dos trabalhadores. Para Rossi (2005), “o estresse organizacional na sociedade tornou-se uma fonte de importante preocupação. O estresse é reconhecido como um dos riscos mais sérios ao bem-estar psicossocial do indivíduo. Ele coloca em risco a saúde dos membros da organização sendo que 50 a 80% de todas as doenças tem fundo psicossomático ou estão relacionadas ao nível de estresse”. Estudos mostram que o ambiente de trabalho, a estrutura corporativa, diversas interações entre empregados e emprego contribuem para as respostas individuais de estresse e tensão. A Organização, por conseqüência acaba tendo problemas de desempenho, alta rotatividade absenteísmo e violência no local de trabalho. Noticia veicula no Jornal do Brasil de 09 de janeiro de 2004 traz uma informação que despertou o interesse dos profissionais para a questão da qualidade de vida e do estresse no trabalho: “Doenças ocupacionais matam oito trabalhadores brasileiros por dia e esta conta pode ser muito maior, já que 31 não inclui os trabalhares brasileiros da economia informal.” As doenças relacionadas ao estresse e á fadiga física e mental também são apontadas por especialistas como as que mais afetam os trabalhadores, apesar da subnotificação dos casos. É o que aponta uma pesquisa realizada em 202 pelo Laboratório de Saúde do trabalhador da Universidade de Brasília (UnB) a partir de dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O estudo mostrou que bibliotecários e profissionais de saúde são os que mais se afastam por causa de doenças mentais. Dessas, 55% são doenças depressivas. “Na verdade, muitas outras profissões devem possuir um quadro relevante de afastamento por doenças mentais, mas as duas apontadas na pesquisa têm o diferencial de serem classes profissionais organizadas, que conseguem com mais facilidade relacionar determinadas doenças com o trabalho, afirma a pesquisadora Anadergh Barbosa. Além disso, a doença mental gera um estigma que não é interessante para nenhum trabalhador. Muitas doenças que são de origem mental estão caracterizadas como doenças orgânicas, conclui. Alguns fatores de risco que predispõe à doença mental, apontados na pesquisa, (são lidar com a vida e a morte situações vivida pelos profissionais de saúde), lidar com o publico, com dinheiro, pressão temporal, pressão de informatização, atividades monótonas, a sobrecarga de trabalho e a diminuição dos salários. Nos grandes centros urbanos, a violência e a criminalidade também podem ser apontadas como responsáveis por doenças traumáticas e do sofrimento mental, ocorrendo principalmente em bibliotecários, policiais, vigilantes e trabalhadores rurais que lutam pela posse da terra”. 32 www.wordpress.com 05/07/2007 2.4. A Síndrome de Burnout no Trabalho Síndrome é uma palavra grega (syndromé), que significa “ação de concorrer, concurso.” Em grego existe ainda o adjetivo syndromos, as (dois gêneros), significando “ que correm juntos, que acompanham. Podemos aceitar a seguinte definição: reunião de sinais e sintomas que ocorrem em conjunto e que caracterizam uma doença ou uma perturbação. Já o termo Burnout é uma junção de dois vocábulos em inglês burn=queima e out=exterior. Passa-nos a idéia de queima exterior, algo que consome a pessoa. É uma síndrome psicológica que envolve a reação prolongada dos estressores interpessoais crônicos. As três principais dimensões desta reação são uma exaustão avassaladora, sensação de ceticismo e desligamento do trabalho, sensação de ineficácia e falta de realização. A exaustão faz com que o trabalhador sinta-se esgotado, sem a reposição das energias para enfrentar mais um dia de trabalho. Geralmente esta exaustão se dá devido a sobrecarga e conflitos interpessoais no trabalho. O ceticismo diz respeito a reação negativa e o desligamento do que envolve a relação de trabalho. Geralmente ocorre devido a exaustão emocional. Normalmente esses trabalhadores fazem o mínimo necessário e passam a ter um baixo desempenho. A ineficácia referese a sensação de incompetência, falta de realização, avaliação negativa de si mesmo, baixa produtividade nas relações de trabalho. É agravada pela falta de 33 recursos no trabalho, falta de apoio social e oportunidades de desenvolvimento profissional Rossi (2005). O Burnout é uma reação acumulativa aos estressores ocupacionais contínuos. Ou seja, o trabalhador fica como um saco sem fundo, acumulando toda carga de estresse por longos períodos. De fato, esta síndrome foi observada, originalmente, em profissões predominantemente relacionadas a um contato interpessoal mais exigente, tais como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento pessoal, telemarketing e bombeiros. Hoje entretanto as observações já se observa que se estendem a todos profissionais que interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam e/ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem técnicas e métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas à avaliações Ballone (2005). São sintomas da Síndrome de Burnout citados por Ballone (2005). 1. Esgotamento emocional, com diminuição e perda de recursos emocionais; 2. Despersonalização desenvolvimento ou desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de insensibilidade ou cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no serviço prestado. 3. Sintomas físicos de estresse, tais como cansaço e mal estar geral. 4. Manifestações emocionais do tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de forma negativa, vivências de insuficiência profissional, esgotamento, fracasso, impotência sentimentos de vazio, baixa autoestima. 34 5. Irritabilidade, inquietude, dificuldade de concentração, baixa tolerância frustração, comportamento paranóides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros e para com a própria família. 6. Manifestações físicas: fadiga crônica, freqüentes dores de cabeça, problemas com sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritimias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, etc... 7. Manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilícitas, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento constante, atitude cínica, impaciência e irritabilidade, sentimento concentração, de onipotência, sentimentos desorientação, depressivos, incapacidade freqüentes conflitos inerpessoais no ambiente de trabalho e dentro da própria família. www.revistaresidenciais.com.br de 35 De acordo com (MASLACH, apud ROSSI , 2005) “o burnout foi associado a várias formas de reações negativas ao emprego, incluindo insatisfação com o emprego, baixo comprometimento organizacional, absenteísmo, intenção de sair do emprego e rotatividade ... As pessoas que sofrem de burnout podem ter um impacto negativo sobre seus colegas, tanto pelo fato de causarem maior conflito pessoal quanto por atrapalhar as tarefas do trabalho. Portanto o burnout pode ser “contagioso” e se perpetuar através das interações informacionais no trabalho. Os funcionários com burnout fazem o mínimo necessário, faltam ao trabalho regularmente, vão embora cedo e pedem demissão, tudo isso em índices superiores aos funcionários engajados. Quanto as formas para reduzir ou eliminar o burnout Maslach afirma que o que poderia ser feito em relação as intervenções quanto ao burnout está mais relacionado a busca pelo engajamento positivo do que propriamente a eliminação dos estressores que levam ao burnout. Para a autora, as várias repostas que poderiam ser dadas a pergunta “como promoveremos o engajamento?” poderão trazer novas possibilidades de estratégias de intervenção e provavelmente melhorarão a energia, o vigor e a resistência dos funcionários. 36 CAPÍTULO III As Teorias administrativas e a Qualidade de Vida no Trabalho Neste capítulo estão abordadas questões teóricas consideradas relevantes para o estudo que enfoca como tema principal a Qualidade de Vida no Trabalho. O tema Qualidade de Vida no Trabalho, em função da grande elasticidade semântica da expressão, nos permite uma diversidade de interpretações. A revisão do referencial teórico sobre o assunto incorporando outros aspectos, como o significado do trabalho e da sua organização, a tecnologia e seus impactos sobre a vida do trabalhador, a questão da Qualidade e as diversas conceituações sobre Qualidade de Vida no Trabalho são de fundamental importância para o entendimento e direcionamento das ações desta pesquisa. O referencial teórico da administração científica representado pelos seus principais expoentes: Mayo, Maslow, Herzberg e McGregor demonstram claramente a relação entre o ser humano e seu trabalho. Com base na ênfase que estes pesquisadores dão aos aspectos psicossociais e motivacionais do trabalho, alguns estudiosos, dentre os quais Rodrigues (1999), Moraes (1989) e Vieira (1996), relacionam o tema Qualidade de Vida no Trabalho as escolas de relações humanas e behaviorista. 3.1 Teoria das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas representa o segundo estágio do Enfoque Humanista, se constituindo num prolongamento da Teoria Transitiva com maior abrangência que esta. A Consolidação da Teoria das relações Humanas se deu com estudos levados a efeito em 1927 por Elton Mayo na Western Eletric Company (conhecida como o experimento de Howthorne), que pesquisou o 37 comportamento humano diante da fadiga e da monotonia. O pesquisador relacionou as influências das condições físicas do ambiente de trabalho na produtividade. Segundo as conclusões de Mayo, a produtividade no trabalho é mais influenciada por incentivos emocionais do que pelo ambiente físico. As contribuições de Mayo para o estudo do comportamento humano e qualidade de vida do trabalhador são elencadas por (BROWN, 1972: 79-80), da seguinte forma: - “O trabalho é uma atividade grupal; - O mundo social do adulto é primariamente padronizado em relação à sua atividade no trabalho; - A necessidade de reconhecimento e segurança e o senso de pertencer a algo são mais importantes na determinação da moral do operário e da produtividade do que as condições físicas sob as quais ele trabalha; - Uma reclamação não é necessariamente o enunciado objetivo de fatos, comumente é um sintoma de distúrbio, relacionado com o status do individuo; - O trabalhador é uma pessoa cujas atitudes e eficiências são condicionadas pelas demandas sociais, tanto dentro como fora da fábrica; - Grupos informais dentro da fábrica exercem grande controle social sobre os hábitos no trabalho e atitudes do operário individual; - A mudança de uma sociedade estabelecida para outra em adaptação, tende a desmembrar continuamente organização social de uma fábrica ou indústria em geral; a 38 - A colaboração grupal não ocorre por acidente, ela deve ser planejada e desenvolvida. Se essa colaboração for alcançada, as relações no trabalho dentro da fábrica podem chegar a uma coesão que resiste aos efeitos do desmembramento de uma sociedade em adaptação.” Com consequências das conclusões do pesquisador, os locais de trabalho começam a ser adaptados para tornarem-se uma extensão do seu lar e o uso das técnicas de psicossociologia (que estuda a natureza da sociedade e sua influência nas funções psíquicas dos indivíduos) foram empregadas como forma de melhorar o moral dos trabalhadores e ajustá-los às condições de trabalho. 3.2 Teoria Comportamentalista A Teoria Comportamentalista teve sua origem na evolução da Teoria de Relações Humanas, destacando a importância do enfoque humanista dentro da empresa. O tema central da abordagem desta teoria é a motivação humana. Destacam-se como precursores : Douglas McGregor e Abraham Maslow. Maslow, foi o pioneiro “ a relacionar as necessidades humanas num quadro teórico abrangente na sua teoria da motivação humana baseada numa hierarquia das necessidades humanas básicas” (LOPES, 1980 : 34) . De acordo com essa teoria, o indivíduo possui necessidades viscerogênicas (como exemplos: fome, sede, oxigênio, sexo) e psicogênicas (como exemplos: amor, reconhecimento, poder), sendo as primeiras inatas e as segundas são aprendidas, segundo o mesmo autor. Em todos os seres vivos, o instinto de sobrevivência é fator perceptivo desde o princípio da existência das espécies. E as necessidades primárias – fisiológicas e de segurança – estudadas por Maslow que englobam a procriação, alimentação, abrigo, descanso, segurança física, dentre outras, que são inerentes ao ser humano, também se aplicam aos outros animais. 39 Os homens e os animais irracionais despendem esforços para suprir suas carências mais elementares, mas para o animal irracional esse instinto se concretiza e tem fim em si mesmo, até que sintam novamente as mesmas necessidades. Já para o homem estas necessidades vão além de somente uma reposição física dos fatores de manutenção. Também são necessidades a satisfação do ego, da auto-estima, da realização profissional dentre outros fatores motivadores estampados pelo esquema clássico de necessidades humanas por Maslow e Herzberg, conforme apresentado na figura. Fonte: (FERNANDES, 1996:47) Para Maslow, “ ... as necessidades humanas estão organizadas numa hierarquia de valor ou premência, quer dizer, a manifestação de uma necessidade se baseia geralmente na satisfação prévia de outra, mais importante ou premente. O homem é um animal que sempre deseja. Não há necessidade que possa ser 40 tratada como se fosse isolada; toda necessidade se relaciona com o estado de satisfação ou insatisfação de outras necessidades” (Maslow apud Rodrigues, 1999:40). Essa hierarquia de que trata Maslow está composta por cinco necessidades fundamentais: fisiológicas, segurança, social, estima e autorealização. Inicialmente o autor estabeleceu uma rigidez seqüencial na hierarquia. Mais tarde, ele próprio admitiu que, na realidade, existem sombreamentos entre as necessidades, não sendo fator primordial a satisfação total de uma para depois ocorrer à outra. A obra de Maslow serviu de sustentação para o desenvolvimento de outras teorias de cientistas sociais, especialmente a proposta de satisfação no trabalho apontado por Douglas McGregor. O autor afirma que o trabalho tratado na administração cientifica oferece “poucas oportunidades de satisfação das necessidades egoístas, principalmente para as pessoas situadas nos níveis inferiores da hierarquia” (MCGREGOR, 1980 : 45), mas atende as necessidades do individuo. O entendimento do autor sobre necessidades egoístas está relacionado com aquelas que englobam a auto-estima e a própria reputação. 3.3 Qualidade e Gestão da Qualidade Historicamente a Qualidade tem assumido significados diferentes ao longo do tempo, dependendo da experiência ou campo de atuação profissional. Uma das abordagens sinaliza na direção dos conceitos de satisfação total do cliente e da gerência da Qualidade Total. Essa abordagem teve sua gênese no Japão, após a Segunda Guerra Mundial tendo como base, segundo Bonilla (1993), duas grandes linhas básicas: - Uma de natureza técnica, que nasceu com Taylor, desenvolve-se com os métodos de controle estatístico de Shewhart (1931) e consolida-se com os trabalhos 41 desenvolvidos nos últimos 60 anos Feigenbaum (1993), Juran (1990) e Deming (1990); - Outra, de natureza humana, apoiada nas pesquisas sobre o comportamento desenvolvidas por MacGregor (1960), Herzberg (1966), Maslow (1970), Capra (1982) e Fergunson (1980). Assim, a Qualidade de Vida Total possui uma característica bastante abrangente dentro de uma organização, onde o termo “total” quer exprimir que todos os trabalhadores, em todos os níveis hierárquicos, devem participar do processo. O objetivo fim é a satisfação total do cliente (interno e externo) e deve ser gerenciado de tal forma a atender duas premissas básicas : eterna verificação e melhoria contínua, transformando-se num ciclo sem fim. Paladini (1997) argumenta que dificilmente encontra-se-á uma definição de qualidade com tanta propriedade como a de Juran, que a conceitua como fitness for use – adequação ao uso. Para Freigenbaum (1994), qualidade é a determinação do cliente. Ela deve estar baseada na experiência do cliente com o produto e/ou serviço, medido por meio das necessidades percebidas que representem uma meta num mercado competitivo. Conceitualmente, para o autor, qualidade pode ser definida como a combinação de características de produtos e serviços referentes a marketing, engenharia, produção e manutenção que corresponderão às expectativas do cliente. Crosby (1994) também conceitua qualidade de forma concisa estabelecendo que qualidade é conformidade com as especificações. Assim, se um produto satisfaz todas as especificações atribuídas pelo modelo-padrão para o mesmo, ele é um produto de qualidade. As dimensões da qualidade são apontadas por Garvin (1992) em substituição a um conceito. O autor identificou oito categorias : desempenho, características, confiabilidade, conformidade, durabilidade, atendimento, 42 estética e qualidade percebida. Afirma ainda que cada categoria apontada é distinta e estanque, pois um produto ou serviço pode estar em uma dimensão e não em outra, mesmo que estejam inter-relacionadas. Oakland (1994) defende a idéia de que qualidade depende fundamentalmente da percepção de cada indivíduo. O que pode ser definido como de qualidade para uma pessoa, pode não suprir a necessidade de outras, ou seja, o conceito de qualidade estaria ligado a cada indivíduo. A Qualidade é também concebida por meio de dois fatores: o técnico e o humano. No entendimento de Moller (1992), a qualidade técnica está relacionada aos lucros (envolvendo exigências concretas e mensuráveis, como exemplo: tempo de entrega, taxa de defeitos, funcionabilidade, durabilidade, segurança e garantia); a qualidade humana extrapola a visão do concreto e visa satisfazer necessidades e desejos emocionais (como exemplos: lealdade, comprometimento, consistência, comportamento, atenção e credibilidade). Acrescenta o autor que os dois fatores são complementares. Na concepção de Toledo (apud BATALHA, 1997), o conceito de qualidade do produto está ligado a uma propriedade resumida de múltiplas qualidades do produto que determinam o grau de satisfação do cliente. Desta forma, podemos avaliar a qualidade de um produto por meio de um conjunto de características e parâmetros, específico a cada caso, que são intrínsecos ou estão associados ao produto. Este, por sua vez, pode ser entendido como o produto físico ou o produto ampliado (envolvendo embalagem, orientação para o uso, imagem, serviços pós-venda, qualidade de vida no trabalho, relação com o meio ambiente e outras características que possam ser associadas ao produto). Para (PALADINI, 1995: 114), os recursos humanos têm desempenhado papel fundamental no processo de gerenciamento da qualidade e considera que “ a ação da mão-de-obra é um fator determinante para a produção da qualidade.” O autor destaca ainda que, para o ser humano produzir qualidade são necessários cinco fatores básicos: objetivos, recursos, ambiente, motivação e competência. 43 A Gestão da Qualidade é entendida como a abordagem adotada e o conjunto de práticas utilizadas para obter-se, de forma eficiente e eficaz, a qualidade pretendida para o produto. A Gestão da Qualidade de uma empresa envolve seus processos e se estende aos fornecedores e clientes (TOLEDO, apud BATALHA, 1997). Garvin (1992) considera que Gestão da Qualidade evoluiu, ao longo deste século, em quatro estágios, os quais denomina de “eras” da qualidade. - Inspeção; - Controle estatístico da qualidade - Garantia da qualidade - Gestão estratégica da qualidade Na era da inspeção, a Gestão da Qualidade se limitava à inspeção dos produtos acabados. Enfoque de correção dos produtos não-conformes. Era onde as práticas não estavam embasadas em métodos científicos. Na etapa seguinte, o estatístico da qualidade, a orientação estava voltada para a qualidade no processo, Uma era onde o controle da qualidade passou a ser enfocado de forma científica e partia do pressuposto que o controle das variáveis do processo podem influir na qualidade final dos produtos. Na etapa seguinte, a busca da garantia da qualidade era feita através de um gerenciamento sistêmico, onde se buscava garantir a qualidade em todas as etapas do ciclo do produto (da identificação das necessidades ao uso e descarte do produto). Para o autor, a era da gestão estratégica da qualidade representa o estágio atual de desenvolvimento, onde as empresas gerenciam a qualidade de forma proativa como fonte de vantagem competitiva. A principal característica dessa era é a gestão da Qualidade Total, que se refere a uma visão de como gerenciar globalmente os negócios com uma visão orientada para a satisfação total do cliente e para a melhoria contínua. Para Ishikawa (apud CARAVANTES 1997), a Gestão da Qualidade consiste em desenvolver, criar e fabricar mercadorias mais econômicas, úteis e 44 satisfatórias para o comprador. A administração da qualidade envolveria também a administração dos preços de custo, dos preços de venda e do lucro. De acordo com JACQUES (1998 : 50) “não se pode falar em qualidade total sem que se considere a qualidade de vida das pessoas. Só a conquista desta última pode levar à plena implantação da primeira.” Na idéia do autor, que é psicólogo, a qualidade de vida influencia nas ações profissionais pelo fato de que o trabalhador não consegue desvincular-se de seus problemas pessoais e, por conseguinte, não consegue alcançar qualidade nas suas ações. Para as organizações que planejam implantar programas de qualidade total, a Qualidade de Vida no Trabalho é o alicerce primordial, de acordo com Búrigo (1997). Acredita a autora que a obtenção da Qualidade de Vida no trabalho não se dá com a introdução de iniciativas isoladas; ela é vista como um processo de amadurecimento cultural, onde a cultura organizacional é o ingrediente básico para o incremento dos programas de qualidade. 45 CONCLUSÃO A Qualidade de Vida no Trabalho vem apresentando-se de forma deficitária ao longo de anos e anos, provocando, em boa parte dos profissionais doenças relacionadas ao sistema osteomuscular e principalmente doenças relacionadas ao estresse. Esta monografia tem como proposta, um alerta aos profissionais sobre os malefícios provocados pelo Estresse, a LER e pela Síndrome de Burnout, patologias estas, que se observam aplicáveis a muitas classes de profissionais, devido a identificação dos fatores críticos que lhes são característicos. Esperamos continuidade no estudo do tema, para que haja uma maior consciência em torno do assunto e que medidas possam vir a ser adotadas para solucionar ou, ao menos minimizar os efeitos prejudiciais a saúde dos profissionais. 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, José Henrique Ergonomia comentando a NR-17 Material apresentado em Palestra,2005. ALVES, José Henrique Ergonomia na Fisioterapia – Benefícios para o Trabalhador, lucro para as Empresas. Revista Fisio & Terapia. Rio de Janeir, v.30,p.6, jan/2001. A Ergonomia que funciona. Disponível em : http://www.aergonomiquefunciona,com.br . Acesso em agosto/2008. Associação Brasileira de Ergonomia – Disponível em http://www.abergo.org.br Consultado em agosto de 2008. Associação Paraense dos Portadores de Doenças Osteomuscular Relacionada ao Trabalho/APPDort. Disponível em http://www.appdort.org.br Acesso em Agosto/2008. COUTO Hudson de Araújo (1998) Como Gerenciar a Questão das LER/DORT. Belo Horizonte: Ergo 1998. CHIAVENATO, Idalberto. 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CYNTHIA (2002), Manual de Cinesioterapia/Ginástica Laboral, uma tarefa interdisciplinar com ação multiprofissional, Editora Lovise, 48 INDICE FOLHA DE ROSTO ............................................................................................. 2 AGRADECIMENTOS ............................................................................................. 3 DEDICATÓRIA ...................................................................................................... 4 RESUMO ............................................................................................................... 5 METODOLOGIA .................................................................................................... 6 SUMÁRIO ............................................................................................................. 7 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8 CAPÍTULO I ........................................................................................................ 10 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ............................................................ 10 1.1 - O Conceito de Qualidade de Vida no Trabalho - QVT ............................ 12 1.2 - Importância do Trabalho .......................................................................... 15 1.3 - Doenças Ocupacionais LER/DORT .......................................................... 17 CAPÍTULO II ....................................................................................................... 21 A ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO ............................................. 21 2.1 - Origem e Evolução da Ginástica Laboral .............................................. 23 2.2 - Histórico dos Benef´cios do Programa de Ginastica Laboral ............. 26 2.3 - O Estresse no Trabalho .......................................................................... 29 2.4 - A Síndrome de Burnout no Trabalho ...................................................... 32 CAPÍTULO III ...................................................................................................... 21 AS TEORIAS ADMINISTRATIVAS E A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ......................................................................................................... 36 3.1 - Teoria das Relações Humanas .............................................................. 36 3.2 - Teoria Comportamentalista .................................................................... 38 49 3.3 - Qualidade e Gestão da Qualidade ........................................................ 40 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 46 FOLHA DE AVALIAÇÃO ..................................................................................... 50 50 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes Título da Monografia: Qualidade de Vida e Satisfação no Trabalho Autor: Marline Thomaz Couto Data da entrega: 22/09/2008 Avaliado por: Conceito: