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UM ESTUDO DA DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL NA ESCOLA
ESTADUAL VESPASIANO MARTINS ENTRE 2005 E 2006
Simone Tonoli Oliveira Roiz - PUCPR
Um dos fatores hoje mais discutidas nas escolas públicas e privadas do país é o da
diversidade étnico-racial. Essa temática oferece aos alunos a oportunidade de melhor
conhecer suas origens, e perceber que o país onde vivem é multifacetado. Nesse sentido,
o principal objetivo desta pesquisa foi de analisar a diversidade étnico-racial existente
entre os alunos da Escola Estadual Vespasiano Martins, no ano base de 2005 e 2006,
por meio do registro das relações nominais dos alunos. A escola está localizada na
cidade de Amambaí, estado do Mato Grosso do Sul. As fontes compulsadas nesta
pesquisa foram: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de 1996, o Projeto
Político Pedagógico (PPP) da Escola de 2007, e as listas de matrículas dos alunos de
2005 e 2006. Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados na década de
1990, e colocados em prática a partir de 1996, quando foram publicados pelo Ministério
da Educação e Cultura. Seu objetivo central era dar condições, isto é, diretrizes para a
educação conseguir assegurar e viabilizar propostas de ensino, tanto para o ensino
fundamental, quanto para o ensino médio das escolas públicas (e também particulares),
tendo em vista as diferenças regionais, culturais, econômicas e sociais do país. Entre as
metas propostas pelos Parâmetros Curriculares estava a de ensinar nas escolas o
conceito de diversidade étnico-cultural, e assim mostrar a relevância desta discussão
dentro dos ambientes escolares. Os Parâmetros caracterizavam uma ‘nova’ concepção
de ensino, por que colocavam a idéia de um trabalho interdisciplinar e temático entre as
disciplinas escolares, almejando um trabalho coletivo dos docentes e da direção, e que
não apenas informasse, mas também formasse alunos ‘conscientes’ e ‘críticos’, e ao
fazer isso lhes indicasse a importância da cidadania e de saberem como exercê-la. A
importância deste tipo de estudo está não apenas em que a questão da diversidade
étnico-racial tem despertado a atenção de estudiosos nas últimas décadas, em vários
locais, produzindo um número significativo de obras, que constitue um importante
referencial para os estudiosos, como ainda se encontra no fato de pormenorizar como a
questão é identificada na escola, a partir de seus registros, emitidos por meio das
relações nominais, tanto do ensino fundamental quanto no médio, num determinado
período. Por outro lado, os debates sobre o multiculturalismo e sobre a diversidade
cultural, têm despertado os interesses de educadores, historiadores e cientistas sociais,
em função das talvez insuperáveis questões étnicas, raciais e territoriais, e que foram
novamente despertadas a partir dos anos de 1960, pelos movimentos negros, feministas
e homossexuais. Desde então, a questão dos excluídos e marginalizados vem sendo
pontuada como um problema básico nas sociedades contemporâneas. No Brasil, essas
questões foram despertadas, essencialmente, após a abertura do regime militar e,
principalmente, nos anos de 1990, quando houve o aparecimento e a organização de
movimentos como o dos ‘Sem Terra’ (MST), dos ‘Sem Teto’, e ainda a melhoria na
ação política e na organização dos grupos indígenas e do movimento negro.
Considerando a questão exposta, impõe-se, a partir dos dados referentes à etnia, dos
alunos indicados nas relações nominais, analisarem-se a diversidade étnico-cultural dos
alunos da Escola Estadual Vespasiano Martins no ano base de 2005 e 2006. A relação
nominal é um registro anual de matrículas, separadas de acordo com a série. Nelas se
encontram as seguintes informações: sexo, a raça/cor e gênero, além de registrar se foi
aprovado ou reprovado na série em que se encontra. Pautando-se na historiografia que
vem revisitar o tema da diversidade étnico-cultural, levantou-se a seguinte hipótese: que
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quanto mais afastadas do centro das cidades, mais as escolas apreendem a diversidade
étnica em suas salas de aula. Daí os questionamentos: qual o número e o percentual de
alunos negros, brancos, pardos e indígenas na Escola Estadual Vespasiano Martins?
Quais as salas que concentram os maiores percentuais de brancos, pardos, indígenas e
negros? Essa temática oferece aos alunos a oportunidade de conhecer suas origens, e
perceber que o país onde vivem é multifacetado. Nesse sentido, o principal objetivo
desta pesquisa foi de analisar qual a diversidade étnico-racial existente entre os alunos
da Escola Estadual Vespasiano Martins, no ano base de 2005 e 2006, por meio do
registro das relações nominais dos mesmos. Com isso, a pesquisa procurou contribuir
para um maior detalhamento sobre o tipo de diversidade étnica encontrada na escola,
onde levantamos a hipótese de que nas escolas localizadas próximas ou nas periferias
desta cidade há maior diversidade étnica assim como a cultural, do que nas localizadas
no centro da cidade. Assim, o presente texto buscou refletir sobre a escola enquanto
espaço multicultural e a importância da mesma estar desenvolvendo atividades que
reconheçam e valorizem a identidade de cada povo, para que assim o espaço a qual
crianças e jovens estão inseridas seja um local de aprendizagem e respeito ao próximo.
De acordo com Gomes e Gonçalves e Silva:
A diversidade étnica cultural nos mostra que os sujeitos sociais, sendo
históricos, são também, culturais. Essa constatação indica que é necessário
repensar a escola e os processos de formações docentes, rompendo com as
práticas seletivas, fragmentadas, corporativistas, sexistas e racistas ainda
existentes (GOMES; GONÇALVES E SILVA, 2002, p.27).
Com isso, pode-se observar que mais um desafio está sendo lançado nas escolas
públicas e privadas do país como também para a sociedade: o de repensar a diversidade
étnico-cultural, como parte inseparável da cultura de um povo. E nessa perspectiva, o
tema diversidade étnico-cultural oferece aos alunos a oportunidade de melhor conhecer
suas origens, como brasileiros participantes de grupos culturais específicos. Mas para
isso esse tema necessita que escola veicule informações voltadas para a constituição de
sujeitos sociais, que coloque em analise suas relações, suas práticas e as informações
veiculadas sejam colocadas em práticas, para que todas as culturas, independentes de
suas classes sociais ou étnicas, possam viver num mesmo espaço democraticamente
com seus receptivos direitos e deveres empregados a cada cidadão, onde a indiferença
seja algo a ser superado e apreendido, e não discriminado como vem sendo. Que as
diferenças entre povos passem a ser um momento de aprendizagem a todos os alunos e
não uma coisa qualquer a ser esquecida e deixada de lado. Ensinar a pluralidade cultural
é antes de qualquer coisa viver com ela, pois “sem dúvida, pluralidade se vive, ensina-se
e aprende-se, é um trabalho de construção onde se precisa do outro para aprender e
ensinar, porque sem o outro nada se aprende nada se sabe, a não ser o que a nossa
própria imaginação nos fornece” (PCNs, 1998, p.141). Nesse sentido, pluralidade
cultural é aprender a conhecer e a respeitar as diferentes etnias da sociedade brasileira, e
nesse contexto é possível estar combatendo qualquer tipo de preconceito e
discriminação, assim incentivando a tolerância, o respeito e a solidariedade, para um
convívio harmonioso entre esses diferentes grupos étnicos e culturais. Com isso, a
pesquisa procurou contribuir para um maior detalhamento sobre o tipo de diversidade
étnica é encontrada na escola na Escola Estadual Vespasiano Martins, onde levantamos
a hipótese de que nas escolas localizadas próximas ou nas periferias desta cidade há
maior diversidade étnica, do que as localizadas no centro da cidade.
Palavras-chave: educação; diversidade étnico-racial; escola.
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Um estudo da diversidade tnico-racial na Escola Estadual