Em sua terceira exposição individual, realizada em Nova York em 1943, a escultora brasileira Maria Martins apresentou oito peças em bronze que representavam personagens da mitologia amazônica. Essas peças apareciam acompanhadas de um catálogo, em inglês, no qual Maria Martins narra brevemente os mitos que envolviam as oito personagens: Amazônia, Cobra Grande, Boiúna, Yara, Yemenjá, Aiokâ, Iacy e Boto. Se antes suas esculturas tendiam a uma representação mais tradicional da figura humana, com contornos definidos, agora as personagens, embora ainda reconhecíveis, se fundem a um emaranhado de folhas e galhos que fazem as vezes da floresta tropical. A figura humana começa, a partir de então, a se integrar à natureza, confundindo-se com esta e, em última instância, metamorfoseando-se nela. Pretende-se mostrar aqui como o encontro com o imaginário amazônico determina uma mudança decisiva na concepção formal dos trabalhos de Maria Martins. Para tal, relacionaremos sua obra com todo um pensamento brasileiro moderno (e não só modernista) da forma como formação incessante, presente, por exemplo, em Euclides da Cunha, Raul Bopp e Mário de Andrade, para os quais a Amazônia também foi uma paisagem determinante. 8 de julho de 2014, 15h00, Sala Ferreira Lima Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura Pós-graduação em Literatura de Língua Portuguesa: Investigação e Ensino Maria Martins (1894-1973). ‘O impossível’ (1940), Instituto Itaú Cultural. Amazonia. Valentine Gallery, 1943.