UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS KARINA SPIES BORSOI A AVALIAÇÃO EM COMUNICAÇÃO COMO QUALIFICADORA DA ATUAÇÃO ESTRATÉGICA DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS Caxias do Sul 2015 KARINA SPIES BORSOI A AVALIAÇÃO EM COMUNICAÇÃO COMO QUALIFICADORA DA ATUAÇÃO ESTRATÉGICA DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS Monografia de conclusão do Curso de Comunicação Social - Habilitação em Relações Públicas pela Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Orientador: Profª. Especialista Fiorenza Zandonade Carnielli Caxias do Sul 2015 KARINA SPIES BORSOI A AVALIAÇÃO EM COMUNICAÇÃO COMO QUALIFICADORA DA ATUAÇÃO ESTRATÉGICA DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS Monografia de conclusão do Curso de Comunicação Social - Habilitação em Relações Públicas pela Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Aprovado (a) em __/__/__. Banca Examinadora ___________________________________________ Profª. Especialista Fiorenza Zandonade Carnielli Universidade de Caxias do Sul __________________________________________ Profª. Dra. Ana Cristina Fachinelli Universidade de Caxias do Sul ___________________________________________ Profª. Ms.Silvana Padilha Flores Universidade de Caxias do Sul Dedicatória Dedico este trabalho à minha família, em especial, ao meu marido Daniel e ao meu filho Eduardo, pelo amor, pela paciência e pela compreensão. AGRADECIMENTOS A Deus por ter me dado fé, saúde, força e sabedoria para superar os obstáculos dessa jornada. A minha família, pela ajuda e compreensão nos momentos de ausência. Em especial a minha mãe, ao meu marido e ao meu filho, pelo amor incondicional. Aos meus Mestres, que sempre me incentivaram a persistir. Em especial a minha eterna Profª. Ms. Maria Lúcia Bettega pelo apoio incondicional e dedicação na primeira etapa desse trabalho e também a Profª. Especialista Fiorenza Zandonade Carnielli pelo suporte e incentivo na finalização do mesmo. E a todos que, direta ou indiretamente, estiveram presentes e contribuíram para a realização desse sonho. RESUMO Este trabalho tem o objetivo de pesquisar fatores que auxiliam na qualificação do profissional de Relações Públicas para que este possa estar inserido no Planejamento Estratégico da organização. Como elemento qualificador dessa atuação estratégica, busca-se, através do desenvolvimento teórico-conceitual, identificar a contribuição e métodos de mensuração de avaliação dos resultados em comunicação. Portanto, inicia-se com os conceitos básicos de comunicação e de comunicação organizacional, analisando as funções, os meios e as ferramentas de Relações Públicas que contribuem para o sucesso organizacional, apontando o profissional de Relações Públicas como sendo o gestor da comunicação organizacional e, por isso, membro decisivo no Planejamento Estratégico. A compreensão desses aspectos no mercado se dá através de entrevistas realizadas com profissionais da comunicação em organizações, traçando um paralelo entre as experiências do mercado e a produção teórica da área. Como metodologia, adotouse a revisão bibliográfica, a fim de subsidiar a articulação teórica de conceitos relacionados às Relações Públicas, Comunicação e Cultura Organizacional, Planejamento Estratégico e Mensuração e Avaliação. Optou-se, ainda, pelo método qualitativo que, por sua vez, pressupõe a utilização de uma técnica e de um instrumento, sendo, respectivamente, a entrevista com o uso de questionário semiaberto, os condutores desse trabalho. Os resultados da análise qualitativa da percepção dos profissionais entrevistados demonstraram que o profissional de Relações Públicas possui competências necessárias para ser o Gestor da Comunicação Organizacional e para obter mais credibilidade no ambiente organizacional e inserção no planejamento é preciso familiarizar-se com as ferramentas de gestão e apresentar os resultados de suas ações. Palavras-chave: Comunicação Organizacional, Relações Públicas, Planejamento Estratégico, Mensuração, Avaliação. ABSTRACT The aim of this job is to research and identify factors that will help in the qualification of professional Public Relations so that it can be inserted into the strategic planning of the organization. As qualifying element of this strategic action, we seek to, through theoretical and conceptual development, identifying the importance and methods of evaluation of measurement results in communication. Therefore, begins with the basics of communication and organizational communication, analyzing functions, media and Public Relations tools that contribute to organizational success, pointing professional Public Relations as the Organizational Communication manager and, so decisive member of the Strategic Planning. The comprehension of these aspects in the market is made though interviews with communications professionals in organizations, drawing a parallel between the experiences of the market and the theoretical production in the area. The methodology adopted the literature review in order to subsidize the theoretical articulation of concepts related to Public Relations, Communication and Organizational Culture, Strategic Planning and Measurement and Evaluation. It was decided, also by the qualitative method which, in turn, requires the use of a technique and an instrument, being, respectively, the interview with the use of semi-open questionnaire, guiders that work. The results of the qualitative analysis of the perception of the professionals interviewed demonstrated that the professional Public Relations skills required has to be the Manager of the Organizational Communication and more credibility in the organizational environment and integration in planning is necessary to become familiar with the management tools and present the results of their actions. Keywords: Organizational Communication. Public Relations. Strategic Planning. Measurement. Evaluation. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Comunicação integrada..................................................................... 47 Figura 2 - Níveis de decisão e tipos de planejamento....................................... 64 Figura 3 - Composto da análise SWOT............................................................. 84 Figura 4 - Mapa de Configuração da Imagem................................................... 110 Figura 5 - Modelo de Duas Fases...................................................................... 112 Figura 6 - Sexo................................................................................................... 121 Figura 7 - Idade................................................................................................. 121 Figura 8 – Formação......................................................................................... 122 Figura 9 - Influência da Comunicação............................................................... 125 Figura 10 - Importância para Organizações....................................................... 126 Figura 11 - Importância do Planejamento Estratégico para as Organizações... 128 Figura 12 - Inserção do profissional de Comunicação no Planejamento Estratégico das Organizações........................................................................... 129 Figura 13 - Investimento x Despesa................................................................... 132 Figura 14 - Estratégia do Profissional de Comunicação.................................... 134 Figura 15 - As Organizações estão Preocupadas com sua Comunicação........ 136 Figura 16 - Apresentar Resultados Tangíveis.................................................... 138 LISTA DE TABELAS Quadro 1 - Tempo de atuação profissional........................................................ 123 Quadro 2 - Empresa que atua............................................................................ 123 Quadro 3 - Cargo exercido................................................................................. 124 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 12 2 RELAÇÕES PÚBLICAS................................................................................. 16 2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES...................................................................... 17 2.2 ATIVIDADE E ATUAÇÃO............................................................................. 21 2.3 MEIOS E FERRAMENTAS.......................................................................... 23 2.4 PÚBLICOS: COMO IDENTIFICÁ-LOS NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.................................................................................................. 26 2.4.1 Classificação dos Públicos.................................................................... 30 2.4.1.1 Públicos Essenciais................................................................................ 32 2.4.1.2 Públicos Não-Essenciais........................................................................ 33 2.4.1.3 Públicos de Redes de Interferência....................................................... 34 3 COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL..................................... 37 3.1 ORGANIZAÇÃO E EMPRESA..................................................................... 40 3.1.1 Cultura Organizacional........................................................................... 43 3.2 COMUNICAÇÃO INTEGRADA.................................................................... 46 3.2.1 Comunicação Administrativa................................................................. 48 3.2.2 Comunicação Interna.............................................................................. 49 3.2.3 Comunicação Mercadológica................................................................. 50 3.2.4 Comunicação Institucional..................................................................... 52 3.3 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA COMUNICACAÇÃO ORGANIZACIONAL........................................................................................... 54 4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: INTEGRAÇÃO DE INDICADORES E PROCESSOS..................................................................................................... 58 4.1 CULTURA, DEFINIÇÕES E PROCESSOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO.................................................................................................. 58 4.2 AS FASES DO PLANEJAMENTO............................................................... 63 4.2.1 Os processos e o gerenciamento do Planejamento Estratégico....... 65 4.2.2 Planejamento Tático............................................................................... 66 4.2.3 Planejamento Operacional..................................................................... 67 4.3 DIRETRIZES DA ORGANIZAÇÃO.............................................................. 68 4.3.1 Missão...................................................................................................... 70 4.3.2 Visão......................................................................................................... 72 4.3.3 Valores..................................................................................................... 74 4.4 A ANÁLISE DOS AMBIENTES ORGANIZACIONAIS.................................. 76 4.4.1 Ambiente Interno: Pontos Fortes e Fracos........................................... 79 4.4.2 Ambiente Externo: Ameaças e Oportunidades.................................... 81 4.4.3 Análise SWOT como ferramenta de diagnóstico................................. 83 5 MENSURAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS EM COMUNICAÇÃO 88 5.1 DEFININDO METAS DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL................. 91 5.2 INDICADORES E MÉTRICAS DE AVALIAÇÃO EM COMUNICAÇÃO....... 93 5.2.1 Análise de Retorno do Investimento – ROI........................................... 98 5.3 METODOLOGIAS E PROCESSOS DE AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO EM COMUNICAÇÃO.......................................................................................... 101 5.3.1 Mensuração de Resultados em Relações Públicas Integradas – Plataforma Integrada MaxRP da Maxpress.................................................... 103 5.3.2 Avaliação e Mensuração da Imagem Corporativa– I²R e MCI............. 107 5.3.3 Modelos de Duas Fases.......................................................................... 111 6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS....................................................... 115 7 ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS........................................ 120 7.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS................................................................. 120 7.2 IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO.......................................................... 124 7.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E INSERÇÃO DO PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO.......................................................................................... 127 7.4 MENSURAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS EM COMUNICAÇÃO................................................................................................ 131 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 140 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 143 APÊNDICES......................................................................................................... 148 APÊNDICE A – Instrumento para entrevistas...................................................... 149 APÊNDICE B – Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I............................. 152 12 1 INTRODUÇÃO O tema principal desse trabalho é um paradigma para muitos comunicadores hoje em dia, pois traz a superação de um mito: que a comunicação não pode ser mensurada e avaliada tangivelmente, apenas subjetivamente. Por isso, propõe-se a avaliação em comunicação como qualificadora da atuação estratégica do profissional de Relações Públicas. Entende-se que ainda há uma resistência dos gestores da organização quanto à inserção do profissional de comunicação na construção do planejamento estratégico. Sabe-se que há uma compreensão corrente de que a comunicação seria algo intangível, isto é, que não se poderia avaliar e nem mensurar os resultados. Porém, chega-se à era dos resultados, na qual já há um consenso, por parte de profissionais e pesquisadores da comunicação, de que é necessário medir os retornos investidos em comunicação. O profissional de Relações Públicas, como gestor da comunicação nas organizações, precisa estar inserido no planejamento estratégico das organizações. Nesse sentido, esse trabalho pretende trazer para discussão a inserção do profissional de comunicação como membro integrante do planejamento estratégico organizacional. Ou seja, o profissional de comunicação qualificado deve apresentar de forma estratégica os resultados do investimento em comunicação através da mensuração e da avaliação desses resultados contribuindo para o processo de planejamento global e alcance de resultados da organização. Vive-se em uma sociedade na qual os mercados e organizações estão cada vez mais competitivos, onde os profissionais de comunicação têm a missão de buscar a excelência nos resultados almejados. Ou seja, as organizações buscam, através de um planejamento estratégico, resultados cada vez mais assertivos, o que envolve todas as áreas da organização, principalmente a comunicação. Neste sentido, deve haver uma conscientização de que o retorno pode ser identificado e que a comunicação não significará despesa, mas sim, investimento que gera resultado e que pode ser mensurado através de métodos que permitem a sua avaliação. Para isso, os profissionais precisam passar por mudanças, de opinião e de atitudes comportamentais. Acredita-se que essas mudanças devem começar 13 pelos gestores e atingir todos os profissionais que atuam em setores como marketing, comunicação interna, comunicação estratégica e pelos envolvidos no planejamento estratégico. O ato de planejar requer o pensar estratégico, porém alinhado com a realidade em que a ação se desenvolve, envolvendo uma análise criteriosa do ambiente, sobretudo do conhecimento sobre os públicos que serão beneficiados pelas ações propostas. Um aspecto significativo em relação ao planejamento estratégico é pensar em um plano que contemple processos de avaliação. Supõe-se que toda e qualquer atividade demanda avaliação e, mesmo sendo de natureza comunicacional, a mensuração de resultados possibilita mostrar que ações de comunicação e, mais precisamente, as de Relações Públicas, podem ser transformadas em fatores numéricos que permitem analisar o retorno que uma empresa ou organização pode ter ao inserir a comunicação no planejamento estratégico. Considerando a importância do profissional de Relações Públicas inserido no planejamento estratégico da organização, levanta-se a questão do seu papel como estrategista no comportamento da organização, visando que as formas de comunicação estejam presentes em todas as áreas e setores e que abarquem as relações entre a organização e seus públicos, tanto no âmbito interno como no externo. Para isso, não basta ao profissional pensar e se envolver com os relacionamentos e com o aperfeiçoamento de meios e ferramentas para estabelecer relações com os públicos. Ele precisa inserir em sua atuação a mensuração dos resultados das ações de comunicação, pois é através da mensuração dos resultados que o Relações Públicas consegue mostrar que a comunicação é estratégica e é responsável pelo sucesso que uma marca tem no mercado. Nessa nova realidade, percebe-se novos desafios para o profissional de Relações Públicas, ou seja, é chegada a hora de as Relações Públicas revisitarem a atuação, visando uma ampliação das áreas de atuação e um deslocamento de sua visão, normalmente mais voltada ao foco na construção de imagem e no aprimoramento das relações, em uma perspectiva qualitativa, para abraçar uma forma de atuação voltada ao entendimento dos resultados de comunicação quantitativamente. 14 Diante desse cenário essa proposta de estudo busca responder à seguinte questão: em que medida a atuação do profissional de Relações Públicas no planejamento estratégico pode se consolidar com a adoção das práticas de avaliação em comunicação? Para responder ao objetivo principal proposto que é pesquisar e compreender em que medida a avaliação em comunicação pode qualificar a atuação estratégica do profissional de Relações Públicas, adotou-se a seguinte metodologia: revisão bibliográfica e método qualitativo para estudo das percepções colhidas a partir da ferramenta entrevista e com o auxílio de um questionário constituído de questões semiabertas. A análise qualitativa das respostas das entrevistas foi desenvolvida a partir de categorias de análise que indicam os agrupamentos de sentido obtidos e articulam a teoria abordada. Na organização do texto aqui apresentado, o capítulo dois traz os conceitos de Relações Públicas, assim como, os meios, as ferramentas e as principais funções do profissional dessa área. O capítulo três é voltado para a comunicação organizacional, o qual apresenta conceitos e importância do entendimento da organização e sua cultura. Nesse capítulo também são analisados os conceitos e funções da comunicação integrada nas organizações. No capítulo quatro são apresentadas as definições e as funções do planejamento estratégico das organizações. Esse mesmo capítulo abrange as fases do planejamento, assim como a análise dos ambientes organizacionais e a utilização de indicadores nesse processo. Já no capítulo cinco são descritos os conceitos, os métodos e a importância da mensuração e da avaliação dos resultados em comunicação, os quais estão associados às metas da organização. No capítulo seis são apresentados os procedimentos metodológicos, no qual busca-se identificar os métodos de pesquisa para o desenvolvimento desse estudo, os quais conduzem a explanação teórica e também os processos da entrevista. E por fim, no capítulo sete, desenvolve-se a análise das entrevistas realizadas com profissionais de comunicação e planejamento, contribuindo na busca por respostas que norteiam o trabalho aqui proposto. Partindo desse pensamento, busca-se responder a questão norteadora desse trabalho, fazendo a articulação teórica sobre o tema proposto e traçando um paralelo 15 com as percepções dos profissionais com atuação no mercado entrevistados neste estudo. 16 2 RELAÇÕES PÚBLICAS O presente capítulo volta-se ao estudo das Relações Públicas, buscando entender o que constitui essa profissão e quais os desafios enfrentados pelos que atuam na área na perspectiva de autores que, há um longo tempo, se debruçaram em estudos e pesquisas. Percebe-se, nas obras revisadas, que a comunicação ocupa um lugar central nas organizações e muitas vezes a ela não é dada a importância devida, ou seja, a administração da comunicação não é feita de forma eficaz e, muitas vezes, por profissionais que não têm o conhecimento necessário sobre a área. Como diz Kunsch (2009), os mecanismos usados em meios organizacionais não permeiam a busca da aceitação social. Sendo assim, a comunicação refere-se a um grupo alvo, no qual o profissional de Relações Públicas deve assumir o papel de gestor, a fim de interagir entre os públicos da organização para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. Além disso, é necessário que a comunicação seja coordenada e adequada ao grupo de indivíduos que se deseja atingir. Dessa forma, se defende que o profissional de Relações Públicas pode ser o gestor da comunicação, pois ele recebe uma formação eclética, voltada à gestão dos relacionamentos, que sejam no meio organizacional, ou nos demais meios sociais. Parafraseando Nassar (2007), as Relações Públicas ocupam hoje, sobretudo no meio organizacional, grande abrangência e possuem importância social. Essa evolução, ainda segundo o autor, é consequência da evolução social, cultural, política, tecnológica e econômica das sociedades industriais, principalmente as ocidentais. Nesse sentido, a estrutura teórica deste trabalho inicia com o capítulo que explora as Relações Públicas, isso por acreditar que os agentes com formação em Relações Públicas reúnem as habilidades e competências necessárias para a gestão da comunicação organizacional, de modo a fazer com que as partes (organização e públicos) criem laços com fins específicos, sejam eles voltados a resultados numéricos ou ao fomento das relações interpessoais. 17 2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES Quando se fala em comunicação logo associa-se o papel das Relações Públicas na difusão de informações e na promoção da comunicação na sociedade, uma vez que, o profissional utiliza as ferramentas de comunicação para desempenhar a sua função, independentemente do local de atuação. No entanto, é preciso estabelecer a relação entre a comunicação nas organizações e as Relações Públicas. Segundo Aranha (2010), as [...] Relações Públicas e comunicação não são exatamente a mesma coisa. Mas a comunicação é um componente fundamental das Relações Públicas, sendo certo que seu pensamento e sua operação dificilmente serão excelentes se descolados das políticas, dos planejamentos e das ações de relações públicas. Em sua história no Brasil, as duas áreas têm sido colocadas no mesmo plano, o que tem dificultado a redefinição da identidade, principalmente do relações públicas (ARANHA, 2010, p. 19). Entende-se, desta forma, que a comunicação é uma área de atuação profissional que comporta um conjunto de atividades informativas, coordenadas de modo sistemático, relacionadas ao intercâmbio de informações entre uma empresa ou organização e sua clientela, imprensa, grupo social e público alvo. A administração dessa célula é, preferencialmente, feita por profissionais de Relações Públicas. A estes profissionais destina-se o ato de estabelecer e manter o equilíbrio e o bom entendimento entre as partes; de um lado a organização e do outro os públicos que são a razão da existência de uma unidade corporativa. Assim, resume-se que a comunicação é a área na qual o profissional de Relações Públicas conduz suas ações, criando relacionamentos e fomentando as inter-relações, tão necessárias ao mundo contemporâneo. Fala-se contemporâneo, pois as Relações Públicas são uma atividade do século XX, portanto, ainda recente e em desenvolvimento. Segundo Grunig (2011), Relações Públicas, neste início do século XXI, é uma complexa profissão exercida por centenas de milhares de indivíduos ao redor do mundo. Alguns profissionais de Relações Públicas trabalham para uma única organização, enquanto outros exercem a atividade em agências que atendem várias organizações. Os profissionais de Relações Públicas atuam em empresas, agências governamentais, associações profissionais e sindicatos, 18 organizações não governamentais, escolas e universidades, hospitais e hotéis, entre outros. Esses profissionais trabalham em pequenas e grandes organizações, nos seus países, enquanto outros exercem a profissão em termos globais (GRUNIG, 2011, p. 23). Na era da multifuncionalidade, as Relações Públicas aparecem para desenvolver processos de comunicação mais eficazes, para assegurar a visibilidade das organizações e para fomentar o planejamento estratégico de forma a contemplar as relações interpessoais. Nessa perspectiva, Grunig (idem) descreve a multifuncionalidade que as Relações Públicas exercem no mercado. É por isso que, para algumas pessoas, ainda é difícil descrever e entender a função do profissional dessa área. Ferreira (2008) tenta explicar essa dificuldade de expressar o que faz o profissional e o que é essa profissão. [...] um dos problemas, encontrados neste vasto número de definições, é o uso indiscriminado do termo Relações Públicas. Várias definições não delimitam à qual significado estão se referindo, dificultando a sua compreensão. Sem esse esclarecimento, a definição perde o sentido. O termo Relações Públicas pode ser utilizado e alocado em várias situações, exigindo a identificação do significado ao qual o emissor está se referindo: Processo; Função; Atividade; Profissional; Cargo (FERREIRA, 2008, p. 37). Para entender as diversas situações em que o termo Relações Públicas pode ser utilizado, deve-se levar em conta o que há em comum entre elas, ou seja: o processo, a função, a atividade, o profissional e o cargo. Mesmo que o termo Relações Públicas seja polissêmico (SIMÕES, 2001), ele pode mostrar que a área abarca uma série de atividades, não se resumindo a uma única função específica. Parafraseando Simões (idem), as Relações Públicas têm em seu arcabouço de características a flexibilidade de atuar em várias áreas da comunicação, pois a formação que recebe também é polissêmica, o que o habilita a ter uma gama de opções para atuar profissionalmente. Pode-se, então, dizer que as Relações Públicas atuam polissemicamente, pois desenvolvem funções essenciais e específicas, apoiando e auxiliando nos processos de gestão comunicativa e nos relacionamentos das organizações com seu universo de público. Segundo Aranha (2010, p. 15), elas buscam “[...] resultados tangíveis, mensuráveis, alinhados com os negócios ou com a filosofia da empresa ou entidade”. 19 Com isso, é possível dar um único sentido para o termo Relações Públicas, pois o objetivo a ser cumprido é o mesmo, tanto para o processo, para a função, para a atividade, para o profissional ou para o cargo exercido pelo profissional da área. Ou seja, ele é, como função e como profissão, a gestão dos relacionamentos. Aranha (2010) defende que Relações Públicas é uma área de gestão, pois traça estratégias que contemplam a administração de relacionamentos e por isso não exclui a presença desses profissionais junto ao corpo administrativo e diretivo de uma organização. Por isso, segundo a autora (idem, p. 19), a profissão se caracteriza como “uma atividade de gestão estratégica dos relacionamentos entre uma organização e os diferentes públicos que a constituem, com quem ela se relaciona ou interage na constante construção da imagem e da reputação positivas”. Nesse sentido, leva-se em consideração, que o profissional de Relações Públicas pode ser considerado um gestor corporativo de alianças estratégicas de comunicação. Complementando o pensamento de Aranha (2010), Ferrari (2011), define Relações Públicas como: Função corporativa, pois elas ajudam a organização a definir suas políticas de comunicação e de relacionamentos com seus públicos a fim de responder aos seus interesses estratégicos, o que lhes confere também uma função gerencial. [...] O valor das relações públicas, portanto, pode ser determinado pela qualidade das relações que estabelece com os componentes estratégicos de seu ambiente institucional (FERRARI, 2011, p. 158). Com base em Aranha (2010), Kunsch (2009), Ferrari (2011) e Grunig (2011), pode-se dizer que as organizações necessitam que a comunicação seja planejada e executada de forma eficaz para que se cumpram os seus objetivos estratégicos. Para que isso aconteça, é de fundamental importância a presença de um profissional de Relações Públicas que, por sua vez, tem o papel de, segundo Ferrari [...] estabelecer, desenvolver e manter, de forma planejada, ligações, relacionamentos diretos, gerais ou especializados, entre pessoas, entre as organizações públicas e privadas, seus públicos e a sociedade, de forma a transformar essa rede de relacionamentos em benefícios tangíveis e intangíveis para todos os envolvidos (FERRARI, 2011, p. 159). Lançando mão de instrumentos de comunicação, as Relações Públicas contribuem para que a organização siga um rumo baseado nos objetivos 20 estratégicos, de forma a criar condições para que o pensamento estratégico seja desenvolvido na organização, tendo como ponto de chegada as pessoas e as relações que são construídas. Por outro lado, acima de qualquer definição, as Relações Públicas desempenham um papel voltado às relações humanas, quer sejam com os funcionários ou com os clientes. Quando isso acontece, cria-se um vínculo entre a organização e a sociedade, gerando uma conexão que se instala no imaginário das pessoas. Ou seja, os papéis que são desempenhados pelos profissionais de Relações Públicas são formas de funcionamento que envolvem a organização e o indivíduo, criando laços que se transformam em uma relação entre essas partes. Nesta perspectiva, cabe trazer os escritos de Kunsch (2009) quando diz que tanto a comunicação organizacional quanto as Relações Públicas devem ser pensadas de forma estratégica, visando um novo olhar para com a sociedade: [...] as áreas de Comunicação Organizacional de Relações Públicas precisam ser percebidas, pesquisadas e praticadas sob novos paradigmas, que superem sua visão fragmentada e meramente técnica. Isto é, elas devem ter como pano de fundo o contexto da sociedade e situar-se em uma perspectiva muito mais complexa de pensar e ver o mundo e as organizações (KUNSCH, 2009, p. 9). Portanto, as Relações Públicas, com o uso das ferramentas de comunicação, pensada de forma estratégica, deve planejar ações de relacionamento, propagar e cultivar a cultura, os valores estratégicos e o pensamento das organizações para a sociedade, a fim de estabelecer relações de confiança e diálogo entre o ser humano e a organização. Nessa conjuntura, o profissional de Relações Públicas pode atuar diretamente com a equipe diretiva traçando os planos da organização de forma que contemple toda a estrutura corporativa. Desta forma, reforça-se a importância da inserção do profissional de Relações Públicas na construção do planejamento estratégico, pois a complexidade dos tempos atuais, “decorrentes dos fenômenos da globalização e da revolução tecnológica da informação” (KUNSCH, 2009, p. 243), exige das organizações uma nova postura em todas as áreas, principalmente nas formas de comunicação com seus públicos, que precisa ser estrategicamente planejada. 21 2.2 ATIVIDADE E ATUAÇÃO Como já mencionado no item anterior, são inúmeras as definições para o termo Relações Públicas. Por isso, se faz necessário entender a atividade, o que faz este profissional e o campo de atuação no mercado, uma vez que, envolvem inúmeras habilidades e competências daqueles que atuam nesta área. Para as autoras Carvalho, Souza e Grebin (2008), a atividade de Relações Públicas: Deve ser vista como uma atividade global que se dedica ao gerenciamento dos assuntos públicos das organizações. Essa definição está direcionada ao seu papel estratégico, enquanto elabora políticas corporativas em conjunto com a alta administração das organizações e que resulta em uma exposição planejada com vistas a obter uma percepção favorável de seus públicos, por meio do aumento de credibilidade e fidelidade à marca institucional (CARVALHO; SOUZA; GREBIN, 2008, p. 168). Nesse contexto, percebe-se que o papel estratégico das Relações Públicas é, de certa forma, a essência da atividade, fazendo com que o planejamento seja a base para obter resultados positivos para as organizações. Complementando esse pensamento, ainda para as autoras Carvalho, Souza e Grebin (2008, p. 168), cabe “ao profissional de Relações Públicas o exercício da função estratégica nas organizações modernas, no processo de planejar e executar sua comunicação e seus relacionamentos com os seus stakeholders”. Para Simões (apud FERREIRA, 2008, p. 39), além da comunicação como ferramenta de gestão estratégica, as Relações Públicas podem atuar na função política, ampliando sua importância na legitimação das organizações, atuando a partir de práticas estratégicas em ambientes que privilegiam as relações interpessoais e interorganizacionais. Esse profissional pode ser o gerenciador das relações políticas entre a organização e seus públicos. Segundo esse autor, Relações Públicas “é a gestão da função organizacional política a fim de obter a cooperação dos públicos, para a consecução da missão organizacional”. Ferrari (2011), de certa forma, vê a atividade de Relações Públicas de forma semelhante a Simões, quando diz que é uma área estratégica e de estreitamento de relações: 22 Prestação qualificada de serviços na linha das estratégias organizacionais, que exige alto grau de responsabilidade de quem a pratica, uma boa bagagem de conhecimentos teóricos e um amplo conjunto de competências e habilidades especiais (FERRARI, 2011, p. 158). Sabe-se que toda profissão requer habilidades e competências, porém, às Relações Públicas o grau de exigência é ainda maior, uma vez que, requer a compreensão da cultura, dos públicos e, principalmente, do comportamento institucional das organizações para que as relações se estabeleçam. Grunig (2011) atribui ao profissional de Relações Públicas o compromisso de estar em constante busca pelo conhecimento e pelo saber, estendendo seus conhecimentos para além das fronteiras geográficas, acumulando com isso uma bagagem cultural maior. Assim esses profissionais: Têm sido obrigados a desenvolver princípios multiculturais em relações públicas para poderem se comunicar com seus diversos públicos, tanto local como globalmente. As relações públicas somente poderão ser exercidas como uma profissão e função gerencial (e não como uma simples ocupação ou um conjunto de técnicas) quando seus profissionais tiverem adquirido um cabedal de conhecimentos baseado em teorias e pesquisas científicas (GRUNIG, 2011, p. 26). Com base nas ideias de Grunig, entende-se que para exercer a função de Relações Públicas em uma organização, o profissional deve ter habilidades de comunicação, gerenciamento e embasamento teórico dos mais variados segmentos, incluindo a Administração. Ainda, segundo Grunig (2011), o profissional de Relações Públicas exerce “duas funções principais, a saber: uma técnica e outra gerencial”. O autor complementa dizendo que: Os gerentes assessoram a alta administração, planejam e dirigem programas de relações públicas. Os técnicos realizam serviços tais como redação, edição, ilustração, contatos na mídia, ou produção de publicações. Ambos são essenciais para um programa de relações públicas (GRUNIG, 2011, p. 27). Com isso, a atividade e a função de Relações Públicas estão diretamente ligadas à administração e ou direção de uma empresa, podendo ser gerencial (estratégica) ou técnica (execução das ações) ou ainda agrupar as duas formas de atuação, ou seja, a de pensar estrategicamente e a de agir tecnicamente. 23 Partindo do pressuposto de que uma organização é todo agrupamento humano que tem pelo menos um objetivo a alcançar de comum acordo e de forma planejada pelas pessoas que compõem a organização, um profissional pode atuar simultaneamente no planejamento e na execução de ações de comunicação. Esta visão está alicerçada nos estudos de Andrade (2008, p. 41), quando diz que as funções básicas do profissional de Relações Públicas são: “assessoramento, pesquisa, planejamento, execução (comunicação) e avaliação”. Porém, Andrade (2008) pesquisou estudos de outros autores que ampliam ainda mais o arcabouço de ações e funções que são pertinentes ao profissional de Relações Públicas: Pesquisa (estudo de opinião e interpretação das tendências), Planejamento (política da instituição, determinação dos objetivos de Relações Públicas e orçamento e custos), Coordenação (contatos internos e externos), Administração (serviços administrativos e supervisão de tarefas), Produção (programação e material informativo) (ANDRADE, 2008, p. 41-42). Reforça-se, a partir dos escritos dos autores, que o profissional de Relações Públicas é aquele preparado para assumir o papel de gestor da comunicação organizacional, pois ele tem o entendimento de que as diferentes formas de comunicação de empresas não têm o intuito apenas de informar, mas de persuadir, sensibilizar o receptor a tomar ou ter determinada atitude ou reação. Ou seja, tem um comportamento proativo diante do conjunto de acontecimentos que envolvem, diariamente, as rotinas de uma organização. Cabe, ainda, mencionar o pensamento de Kunsch (2003) no que tange ao papel do profissional de Relações Públicas na comunicação integrada das organizações. Optou-se por aprofundar o tema “comunicação integrada” no capítulo referente à comunicação organizacional, uma vez que, primeiramente, faz-se necessário apresentar a discussão da atuação do profissional de Relações Públicas de forma a dar o devido destaque ao seu papel eminentemente estratégico. O capítulo seguinte trará a discussão da comunicação integrada (administrativa, comunicação interna, comunicação mercadológica e comunicação institucional) e suas conexões com a cultura organizacional. 2.3 MEIOS E FERRAMENTAS 24 Com o avanço das tecnologias, a busca pela constante informação e pelo conhecimento, principalmente pelos meios digitais, as Relações Públicas ampliaram suas formas de interação, uma vez que a rede de relações e o número maior de ferramentas e meios têm se intensificado, o que leva a ampliar as práticas para a realização de ações de comunicação. Para Kunsch (apud SANDI, 2008), as mudanças provocadas pela tecnologia são complexas e abrangem todos os níveis. No centro de tudo isso podemos enxergar uma sociedade complexa e dialética, impregnada por essa ‘nova cultura’ (da informática, da rapidez, da simplificação das coisas), que provoca mudanças no nível macro (sistema social global), no nível micro (organizações) e no homem individual (KUNSCH apud SANDI, 2008, p. 108). As mudanças de comportamento frente às novas tecnologias, segundo Sandi (2008, p. 108) são positivas, pois “têm propiciado condições extremamente favoráveis de geração de dados, processamento e transmissão de informação, conhecimento e comunicação, consideradas fonte de produtividade”. São notáveis as mudanças que o avanço da tecnologia causou na vida das pessoas. As informações seguem com mais velocidade, a criatividade é mais instigada e a aproximação entre as pessoas, que estão em espaços geográficos distantes, se dá em tempo real. É possível observar grandes desafios e conquistas nas diferentes áreas, principalmente da comunicação, da saúde, da cultura, da educação, entre outras. Por outro lado, os meios virtuais reduziram das pessoas a possibilidade de relacionar-se pessoalmente. O lado humano está sendo esquecido. O toque, o abraço, as palavras, já não são tão importantes diante de tanto desenvolvimento. A presença física está sendo substituída por aparelhos. E essa realidade não permeia somente as relações interpessoais; ela já se instalou no meio organizacional. Impulsionadas pela realidade que cerca o mundo como um todo e também por necessidade, as organizações modernizaram as formas de comunicação, porém, estão deixando de lado as relações humanas, aquelas que fomentam as relações interpessoais e que devem ser constantemente incentivadas e avaliadas. Com estas mudanças surge, nas organizações, a necessidade de investirem no planejamento de comunicação, a fim de estabelecerem ações assertivas de 25 Relações Públicas, que contemplam as relações interpessoais e intergrupais. Neste sentido, Kunsch (2009) adverte que: A globalização e a revolução tecnológica da informática e das comunicações estão exigindo cada vez mais que as organizações concebam e planejem estrategicamente o relacionamento com seus públicos e a opinião pública. No âmbito de uma sociedade complexa como a de hoje, reserva-se à comunicação um papel de crescente importância. Ela já atingiu um estágio avançado nas organizações de ponta, que procuram trilhar o caminho da pós-modernidade. Isto pode ser percebido nos investimentos feitos nessa área, na produção sofisticada de peças institucionais e no desenvolvimento de programas estratégicos tanto no âmbito interno quanto no externo (KUNSCH, 2009, p. 10). Considera-se que os avanços tecnológicos proporcionaram mais formas de utilizar a comunicação e a comunidade empresarial precisa se esforçar para competir nos mercados globais, sem perder de vista as mudanças que ocorrem nas relações que se estabelecem no ambiente interno. Uma organização, para tornar-se competitiva, precisa desenvolver as habilidades de seus talentos. E, esse desenvolvimento se dará pela comunicação e pelas mãos dos profissionais de Relações Públicas. A era da informação requer dos profissionais de comunicação maneiras que fortaleçam a troca de experiências através do diálogo e da interação, pressupostos que já são notados como um diferencial nos negócios. Percebe-se, ainda, que a comunicação empresarial tem se mostrado imprescindível no sentido de melhorar a relação com seus públicos e, para isso, ela precisa ser pensada e planejada. Assim, o gestor de Relações Públicas de uma organização, na construção do planejamento de suas ações de comunicação, pode se utilizar de meios e ferramentas variados, que segundo Andrade (2008), envolve gestores e setores da organização: . consultoria estratégica (programas de relacionamento, administração ou gerenciamento de crises, transformações sociopolíticas e socioeconômicas, assuntos políticos, comunicação para outras empresas, business tobusiness, fusões e aquisições, mudanças e transferências de instalações de escritórios, fábricas e filiais; . assessoria de imprensa, comunicação e relações com a imprensa; . comunicação e relações com empregados; . realização de eventos especiais; . estratégias e atividades de apoio ao marketing; . auditoria de opinião e pesquisa de opinião, de mercado e de avaliação; . programa e publicidade institucional; . produção e edição impressa e eletrônica de publicações corporativas; 26 . desenvolvimento e revitalização de conteúdos de sites e de imprensa; . estratégias de patrocínio (definição da vocação de cidadania empresarial) (ANDRADE, 2008, p. 51). Pode-se perceber, a partir do que coloca o autor, que são inúmeros os meios e as ferramentas disponíveis ao profissional de Relações Públicas para criar e manter uma comunicação eficaz. Por outro lado, não basta saber que existem várias ações que permitem compreender o mundo, as pessoas, as diferentes atitudes e os diferentes comportamentos. Faz-se necessário a utilização de meios e formas de comunicação adequados, que atinjam os públicos certos e que o retorno faça parte do planejamento. Para isso, é necessária a inserção do profissional de Relações Públicas no planejamento estratégico organizacional, permitindo que ele exerça sua real função, que é a de planejar estrategicamente as ações de comunicação, em prol da missão e dos valores da empresa, juntamente com as demais áreas administrativas. Presume-se que, dessa forma, os resultados tangíveis e intangíveis serão alcançados. 2.4 PÚBLICOS: COMO IDENTIFICÁ-LOS NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Olhar os públicos de forma estratégica, entendê-los e saber classificá-los são atividades complexas que requerem conhecimento, pesquisa e visão de negócios. Os públicos são o objeto mais precioso para os profissionais da comunicação, são eles que apoiam ou pressionam as iniciativas das organizações. Com isso, a classificação dos públicos de uma organização precisa ser feita de forma alinhada aos planos de trabalho, a fim de cumprir os objetivos definidos no planejamento estratégico. O profissional de Relações Públicas, por meio das ferramentas de comunicação, é responsável pelo gerenciamento dos relacionamentos entre os públicos de uma organização e entre a organização e seus públicos. Segundo França (2011, p. 249) “relações públicas são hoje, reconhecidamente, uma atividade 27 de gestão dos relacionamentos entre as organizações e os multipúblicos que com elas interagem”. Esse autor acredita que os públicos estão associados aos relacionamentos, isto é, as relações de uma organização formam uma rede que nove os grupos de interesse. Grunig (2011) em seus escritos, segue a mesma linha de pensamento de França, pois acredita que: As organizações mantêm relacionamentos com a sua ‘família’ de colaboradores, com as comunidades, com os governos, consumidores, investidores, financistas, patrocinadores, grupos de pressão e com muitos outros públicos. Em outras palavras, as organizações necessitam de relações públicas porque mantêm relacionamentos com públicos (GRUNIG, 2011, p. 32-33). Considera-se, como já apontado nesse texto, que as Relações Públicas são uma atividade estratégica, que visa os relacionamentos com os públicos de uma organização. Para França (2011), as Relações Públicas são atividades que estrategicamente fomentam relações duradouras e trabalham para que elas se transformem em atos perenes. Logo, esses profissionais atuam [...] com o processo de criar e manter relacionamentos corporativos de longo prazo das organizações com os públicos, e determinar que seu objetivo maior é gerenciar de maneira estratégica esses relacionamentos e monitorá-los em suas diferentes modalidades para que produzam benefícios recíprocos para as partes (FRANÇA, 2011, p. 254-255). Estabelecer relacionamentos com diferentes públicos, a fim de melhor compreender o que eles pensam e o que esperam da organização, é papel do profissional de Relações Públicas, no que tange à estratégia de sua função. Segundo França (2011), relacionamentos são [...] o ato ou efeitos de relacionar-se; capacidade em maior ou menor grau de manter relacionamentos, de conviver bem com os outros, de estabelecer vínculos oficiais, permanentes ou não, com objetivos bem definidos (FRANÇA, 2011, p. 254). O autor ainda acredita que quando se refere às organizações, os relacionamentos podem ser classificados de forma a visar às partes interessadas, 28 como por exemplo, os relacionamentos institucionais, com clientes, com fornecedores, com o governo, e ainda, os internacionais. Segundo o Guia de Relações Públicas do Exército (apud Andrade, 2008), para as Relações Públicas, o vocábulo público adquire uma significação especial, pois se refere aos grupos de indivíduos cujos interesses comuns são atingidos pelas ações de uma organização, instituição ou empresa, da mesma forma que os atos desses grupos se refletem na organização. Certos grupos têm maior significação para a entidade, e outros, interesse mais remoto (GUIA DE RELAÇÕES PÚBLICAS DO EXÉRCITO apud ANDRADE, 2008, p. 17-18). Nesta concepção, cabe ao profissional de Relações Públicas pesquisar e estabelecer um mapa estratégico que contemple o público ou os públicos de interesse, a fim de segmentar e direcionar a comunicação, buscando resultados estratégicos. Quanto à importância do mapeamento dos públicos para o profissional de Relações Públicas, cabe citar novamente Andrade (2008), que acredita que: [...] na prática de Relações Públicas nos referimos aos públicos (plural). Isso porque, apesar de algumas definições de dicionários, as atividades de Relações Públicas não se dirigem ao ‘público em geral’; elas estão voltadas a grupos cuidadosamente selecionados de pessoas que constituem subdivisões de grande público. Além disso, isto significa que boa parte da atividade de Relações Públicas está destinada a esses diferentes públicos de diferentes formas [...] (ANDRADE, 2008, p. 15-16). Ao se analisar a forma de distinguir e classificar os públicos, atividade exercida pelo profissional de Relações Públicas, pode-se destacar a importância de conhecer a cultura de uma organização, a fim de estabelecer relacionamentos estratégicos e a criação de vínculos, de forma a agregar valor às atividades exercidas pela organização. Para França (2011), os relacionamentos precisam ser entendidos como parte do negócio, como meios que abarcam compromissos que devem ser assumidos para obtenção do êxito. A convergência dos relacionamentos contribui para a obtenção dos resultados que a organização quer alcançar, para fixar contratos, parcerias, compromissos, garantir cumprimento das diretrizes da organização e de um trabalho conjunto que obedeça ao planejamento estratégico da organização e contribua para o êxito de seus negócios (FRANÇA, 2011, p. 270). 29 Direcionar os relacionamentos para um caminho estratégico é auxiliar a organização na formulação de uma estratégia inserida em uma multiplicidade de fatores e componentes que permeiam os ambientes interno e externo. Mesmo que muitos desses fatores estejam situados completamente fora do alcance e da previsão da empresa, efetivar bons relacionamentos com seus públicos de interesse se tornou um mecanismo que pode evitar a possibilidade de tomadas de decisões equivocadas, num mercado altamente competitivo. No contexto organizacional, o mapeamento dos públicos corresponde à estratégia de se trabalhar contínua e sistematicamente o ajustamento da organização com os interesses dos púbicos. Para Yanaze (2013, p.69), os públicos denominados stakeholders são as “[...] pessoas ou grupos de alguma forma articulados a uma organização, sendo que há um interesse recíproco entre as partes, e ambos se afetam mutuamente”. Neste aspecto, Carroll (apud FRANÇA, 2008) diz que stakeholders é um: Termo idiomático inglês que define todas as pessoas que possuem interesse em relação às empresas, ou organizações: stakeholders [acionistas], o governo, os consumidores e os grupos ativistas de consumidores, funcionários, as comunidades representativas e a mídia (CARROLL apud FRANÇA, 2008, p. 32). Constata-se, então, que públicos e stakeholders são utilizados como sinônimos, porém, conforme observa França (2008, p.33): há uma ligeira diferença entre eles, pois “as pessoas são stakeholders porque situam-se em uma categoria afetada pelas decisões de uma organização ou porque suas decisões afetam a organização”. Desta forma, pode-se entender que os stakeholders são o público que participa ou que é considerado nas decisões da empresa, distinguindo-se dos demais públicos pelo fato de definirem o rumo da organização. Assim sendo, o profissional de Relações Públicas deve conhecer os públicos ou stakeholders a fim de estabelecer ações e estratégias de comunicação para atingi-los da melhor maneira possível, com base nos objetivos propostos no planejamento estratégico da organização. O papel das organizações com os públicos também pode ser considerado um ato social, pois aproxima as pessoas e busca entender as necessidades dos indivíduos. Segundo Oliveira (2011): 30 Por isso, as políticas de comunicação das organizações devem contribuir em nível crescente para o exercício da cidadania, de modo a entender o papel dos grupos sociais e promover aproximação com eles, valorizando-os em seus diferentes papéis de agentes sociais. Afinal, elas próprias constituem-se, também, atores sociais. Os relacionamentos sociais são fundamentais em qualquer sociedade, até porque o convívio em grupo faz parte da natureza humana (OLIVEIRA, 2011, p. 84). Com isso, se estabelece um vínculo que vai além de bons relacionamentos, isto é, consiste em uma relação social, pois desempenha o papel estratégico de atender ao interesse público. Desta forma, o interesse público deve estar relacionado com o interesse da organização para com a sociedade. 2.4.1 Classificação dos Públicos A consciência que a mudança tecnológica causou para um novo pensamento cultural nas organizações também refletiu na forma como as organizações passaram a reclassificar seus públicos. À medida que as organizações dependem de relacionamentos efetivos para o sucesso de seus negócios, a classificação dos públicos se torna fundamental para a visão estratégica da organização. Segundo os estudos de França (2008), o profissional de Relações Públicas deve conhecer muito bem os públicos com os quais irá interagir a fim de obter vantagens institucionais e mercadológicas para a organização. O autor acredita que: [...] para o estudo profundo dos relacionamentos com os públicos, é preciso determinar todos os fatores envolvidos nessa interação, ou seja, fazer o mapeamento detalhado da relação e da sua significação no contexto operacional da empresa (FRANÇA, 2008, p. 70). Desta maneira, é fundamental que haja um diagnóstico de Relações Públicas, a fim de mapear e conhecer com precisão os públicos de interesse das organizações. Para França (2008): O relacionamento não pode ser ocasional, esporádico, como se fosse uma relação de compra e venda. É preciso que ele seja planejado na sua intenção, no seu estabelecimento e no seu desenvolvimento, a fim de que possa ser acompanhado e monitorado, isto é, ele deve ser administrado e, 31 no caso da ação das relações públicas, é a organização que deve tomar a iniciativa de selecionar os públicos com os quais pretende interagir e de administrar o relacionamento que surgir daí (FRANÇA, 2008, p. 74). Isso significa que os relacionamentos devem ser planejados e precedidos por diagnóstico cuidadoso que possibilite identificar aspectos característicos de determinados públicos, o que facilita a aproximação e a eficácia da relação organização-públicos. Existem diversos autores que classificam os públicos de formas diferentes. Para Andrade (apud FRANÇA, 2009), os públicos são classificados em: [...] interno, misto e externo, que se originam, respectivamente, dos funcionários e seus familiares, da clientela e espectadores, após o estabelecimento de um ‘diálogo planificado e permanente’, entre a instituição e os grupos que estejam ligados a ela, direta ou indiretamente (ANDRADE apud FRANÇA, 2009, p. 217-218). Entende-se que esta classificação de Andrade já não atende à demanda que a organização necessita, pois se torna superficial diante das mudanças sociais e culturais que vêm acontecendo, uma vez que há pessoas que podem exercer múltiplos papéis, não podendo ser classificados como internos, externos ou mistos perante a organização. Complementando esse pensamento, Simões (1995, p. 135) acredita que a definição de Andrade “não atende mais às necessidades de equacionar as relações entre a organização e os diferentes públicos os quais interage”. Com isso, Simões defende o pensamento de Matrat, que classifica os públicos em quatro categorias: de decisão, de consulta, de comportamento e de opinião. Para Matrat (apud SIMÕES, 1995): * Públicos de decisão são aqueles dos quais a empresa depende no exercício de suas atividades, como o governo, detentor do poder concedente e supervisivo sobre o funcionamento e a permanência da organização no seu ramo de negócios, e também os conselhos de administração, a diretoria, etc.; * Públicos de consulta são os que a organização consulta antes de tomar decisões estratégicas: acionistas, sindicatos patronais, entidades representantes de categorias, etc.; * Públicos de comportamento são representados por aqueles que podem estimular ou prejudicar a organização, como funcionários, dos quais a empresa depende para a execução de suas atividades-meio e atividadesfim; os clientes, porque, por sua ação individual, podem interferir na sobrevivência da organização ou prejudicá-la gravemente; 32 * Públicos de opinião são aqueles que influenciam a organização pela simples manifestação de seu julgamento e de seu ponto de vista: formadores de opinião, líderes de opinião, jornalistas, comentaristas de rádio e televisão (MATRAT apud SIMÕES, 1995, p. 132-133). Essa classificação dos públicos é mais próxima da realidade atual das organizações, porém ainda pouco utilizada pelas organizações. É por isso que fazse necessária uma maior atenção à forma proposta por França (2008), pois o autor possibilita flexibilizar a classificação por meio de uma visão inovadora e estratégica. Para tanto, no item a seguir busca-se classificar os públicos de forma estratégica, categorizando-os de forma lógica e estruturada. Além disso, julga-se importante trazer, neste contexto, a ideia do antropólogo Franz Boas (2004, p. 53), para dizer que classificar públicos requer a sensibilidade e a prática de não somente reconhecer o indivíduo como um membro de determinado grupo social, mas entendê-lo, pois ele é “parte da sociedade em que pertence, e que a sociedade só pode ser compreendida com base nas inter-relações dos indivíduos com seus constituintes”. Olhar a sociedade a partir da compreensão do indivíduo exige entender as pessoas e suas características que as diferem umas das outras, como por exemplo: faixa etária, níveis social e cultural, condições impostas pela geografia, interesses, entre outros. Justifica-se, desta forma, iniciar a classificação por essenciais, nãoessenciais e de redes de interferência. 2.4.1.1 Públicos Essenciais Segundo França (2008), os públicos essenciais são: [...] aqueles públicos ligados ou não juridicamente à organização e dos quais ela depende para a sua constituição, manutenção de sua estrutura, sobrevivência e para a execução de suas atividades-fim. O nível de dependência é de caráter situacional e irá variar de acordo com cada tipo de organização (FRANÇA, 2008, p. 77). Portanto, entende-se que os públicos essenciais possuem ligação estratégica com as organizações. Assim, os stakeholders, que possuem vínculo direto com a organização, são entendidos como público essencial. Entre os considerados 33 públicos essenciais, pode-se citar, segundo França (2008, p. 78), “[...] os empreendedores, investidores, sócios, diretores, conselhos administrativos, governo e autoridades governamentais, com seu poder de autorizar ou desautorizar”. Outro aspecto significativo, é que, para França (2008, p. 79), ainda na categoria de público essencial, estão relacionados “[...] os colaboradores, fornecedores, clientes e consumidores, revendedores e concessionários, sócios de clubes, alunos, entre outros”. Dessa maneira, se torna evidente que os públicos essenciais são os públicos com os quais a organização se relaciona diretamente, isto é, são fundamentais para que a organização cumpra sua missão. É por isso que os relacionamentos com esses públicos devem ser planejados de forma estratégica, a fim de gerar uma cadeia de envolvimento e contribuição por parte de todos. França (2011) descreve muito bem esta relação, enfatizando que A relação é permanente, prioritária e está baseada em um comprometimento recíproco de longo prazo, o que a reveste de valor estratégico para garantir a operação produtiva e a continuidade do negócio. A ligação essencial prende-se diretamente do cumprimento da missão da empresa, dos seus objetivos e decisões estratégicas. Representa a base do comprometimento, de parcerias estáveis e lucrativas, da manutenção das competências utilizadas e da construção e defesa da credibilidade e da reputação (FRANÇA, 2011, p. 291). Sendo assim, há de se pensar em ações de comunicação efetivas com esses públicos, uma vez que eles são parte imprescindível para o desenvolvimento da organização. Neste caso, o profissional de Relações Públicas deve ser o responsável por planejar e executar suas ações buscando estabelecer e fortalecer vínculos entre a organização e seus públicos essenciais, sempre com a missão de contribuir para que esses relacionamentos sejam bem estruturados e gerenciados. 2.4.1.2 Públicos Não-Essenciais Pensa-se, num primeiro momento, que a expressão públicos não-essenciais significa que eles não possuem importância para a organização, porém, ao entender seu significado, percebe-se que os públicos não-essenciais possuem relevância no 34 que tange às prestações de serviços ou intermediação política e social. No entanto, esses públicos não participam das atividades-fim da organização. Para França (2008) os públicos não-essenciais: Definem-se como redes de interesse específico, pelo grau de maior ou menor participação nas atividades da organização. São considerados nãoessenciais pois não participam das atividades-fim, apenas das atividadesmeio; não estão ligados aos fatores produtivos, mas à prestação de serviços ou à intermediação política ou social; atuam externamente na promoção institucional, corporativa e mercadológica da organização ou intermediando os relacionamentos com o mercado (FRANÇA, 2008, p. 81). Nesta concepção, entende-se que os públicos não-essenciais não possuem vínculo empregatício ou jurídico com a organização, o que faz com que atuem de forma intermediária no envolvimento com a organização. França (2008, p. 82-83) exemplifica públicos não-essencias como “agências de propaganda, de relações públicas, consultorias, confederações, federações, sindicatos patrimonais, comunidades, entre outros”. Esses exemplos de públicos não-essenciais caracterizam um grupo que não faz parte da organização, mas que estabelece relacionamentos importantes com a mesma. Embora esses públicos não interfiram diretamente para o desenvolvimento da organização, há de se levar em consideração a sua importância no que tange à atuação como expectadores, exercendo poder e influências na opinião pública. O relacionamento que a organização deve manter com esses públicos está associado, principalmente, aos objetivos de negócio, uma vez que eles poderão contribuir em aspectos, que muitas vezes, a organização é deficiente. Isso significa, por sua vez, que estes públicos, contribuem indiretamente para o funcionamento e crescimento da organização, uma vez que se tornam públicos de interesse especial para as organizações. Desta forma, as ações de Relações Públicas planejadas para com esses públicos devem ser pensadas estrategicamente, a fim de atingi-los sutilmente, como forma de integrá-los e mantê-los informados sobre o universo da organização, tendo em vista a efetividade de seus relacionamentos. 2.4.1.3 Públicos de Redes de Interferência 35 Esta terceira e última classificação diz respeito aos públicos que são considerados especiais para a organização. Como enfatiza França (2008), os públicos de redes de interferência: Representam públicos especiais do cenário externo das organizações, os quais, por conta de seu poder de liderança operacional ou representativa junto ao mercado e à opinião pública, podem gerar interferências indesejáveis para a organização ou apoiá-las, como seria esperado (FRANÇA, 2008, p. 83-84). Basicamente, pode-se dizer que os públicos de redes de interferência são considerados públicos externos que exercem fortes influências, positivas ou negativas, junto ao mercado, à sociedade e à opinião pública. Como exemplos de públicos de redes de interferência, pode-se citar, segundo França (2008, p. 88-89), “os concorrentes, que oferecem ao mercado produtos ou serviços similares; as redes de comunicação de massa (jornal, revista, televisão, rádio, etc.), devido ao seu alto poder de persuasão junto à opinião pública”. O bom relacionamento que a organização deve manter com esses públicos torna-se fundamental quando pensado de forma estratégica. Neste caso, a comunicação é o elemento essencial para o cumprimento do planejado, pois será através dela que a organização estabelecerá diálogo e se tornará próxima a esse público. Complementando esse enfoque, Farias (2009) acredita que A construção e a manutenção de relacionamentos é sabidamente mais interessante em diversos aspectos que a conquista de novos clientes, de contatos com a imprensa, etc. Para tanto, a credibilidade é algo que se anseia, mas não se obtém do dia para a noite. Constrói-se paulatinamente. Estratégias de relacionamento com a mídia pressupõem a existência de uma ação contínua, estruturada e planejada, visando não somente à mãoúnica de fornecimento de informações à imprensa, ou mesmo ao atendimento às demandas oriundas desta, mas à percepção de um cenário no qual a imprensa, contida na mídia, é um dos muitos – ainda que muito importante – elementos que contribuem na composição do mosaico que levará à formação de opinião por parte dos públicos estratégicos a cada organização (FARIAS, 2009, p. 91). Desta forma, os públicos de rede de interferência possuem um aspecto exclusivo que deve ser levado em consideração no planejamento das ações de 36 Relações Públicas da organização: são públicos com grande grau de influência, tanto positiva quanto negativa, na sociedade. São considerados públicos especiais, pois merecem tratamento diferenciado, se tratando das características de liderança, que os levam a persuasão da opinião pública e também da interferência da organização junto ao mercado. Cabe ao profissional de Relações Públicas planejar estrategicamente as ações com esses públicos, contando com iniciativas da assessoria de imprensa, do marketing, das campanhas institucionais e publicitárias, assim como, o apoio dos gestores que constituem o planejamento estratégico na organização. 37 3 COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL Entende-se que a comunicação é um processo social, em que indivíduos emitem e recebem informações, possibilitando a interação dos mesmos e a coesão da sociedade. Nesse aspecto, Sousa (2009) entende que: O estar-junto social, o expressar a intersubjetividade humana que constrói o pensar, o conhecimento, as relações humanas e sociais, os mundos simbólico e imaginário constituem um processo que acompanha os homens desde sempre e é o que define comunicação como um processo social (SOUSA, 2009, p. 48). A comunicação faz parte do desenvolvimento do ser humano, ao mesmo tempo em que auxilia no progresso da sociedade contemporânea, na evolução dos grupos sociais e dos seres humanos, de forma a promover a mente e o imaginário humano, um olhar a horizontes mais distantes, buscando sempre o entendimento das relações, que a cada dia são mais complexas. Nessa perspectiva, Sousa (2009) destaca que: Mais do que nunca, os contextos de globalização da economia, de mundialização da cultura e de generalização das condições de produção e uso de tecnologias de comunicação têm acentuado hoje o que é denominado relações públicas generalizadas, quando os indivíduos, grupos e instituições se tornam produtores e consumidores de informações (SOUSA, 2009, p. 47). Constata-se, então, que a comunicação é um processo pelo qual se estabelecem as redes de relacionamento entre o ser humano e a sociedade. Podese dizer, ainda, que a comunicação é uma troca de ideias, de informações, na qual, além de se transmitir informações, se estabelecem diálogos e, decorrem os relacionamentos. Levando a compreensão da comunicação para o ambiente organizacional, Keith Davis e John Newstrom (apud KUNSCH, 2003), mostram que o profissional da comunicação assume a função de mediador na construção de significados da realidade organizacional, ou seja, é parte atuante na gestão dos processos comunicativos que definem as relações no ambiente de trabalho. Assim, a: 38 Comunicação é a transferência de informação e compreensão de uma pessoa para outra. É uma forma de atingir os outros com ideias, fatos, pensamentos, sentimentos e verdades. Ela é uma ponte de sentido entre as pessoas, de tal forma que elas podem compartilhar aquilo que sentem e sabem. Utilizando esta ponte, uma pessoa pode cruzar com segurança o rio de mal-entendidos que muitas vezes as separa (KEITH DAVIS; JOHN NEWSTROM apud KUNSCH, 2003, p. 161). Logo, a comunicação representa mais do que simplesmente repasse de informações, mas a adoção de formas de compreensão e o entendimento dos fatos a serem repassados, para que se crie segurança e credibilidade entre os envolvidos. A esta constatação cabe, ainda, no que diz respeito ao âmbito organizacional, estabelecer diálogo e respeito entre os seus mais diversos públicos. A comunicação tem, na sua complexidade, a função de determinar o planejamento de suas próprias ações, baseado nos norteadores estratégicos da organização. Ou seja, será na tríade missão, visão e valores que a comunicação vai se alicerçar para determinar uma direção estratégica para os planos a serem elaborados, desde a integração das operações até a estratégia da organização e da motivação de seus públicos. Percebe-se que não é com meios simples que se elabora a comunicação organizacional, pois entender o conjunto de elementos norteadores de uma organização é um processo complexo. Petraglia (1995) define complexidade como: [...] qualidade do que é complexo. O termo vem do latim: complexus, que significa o que abrange muitos elementos ou várias partes. É um conjunto de circunstâncias, ou coisas interdependentes, ou seja, que apresentam ligação entre si. [...] Dessa forma, a complexidade é o que não atua a partir de suas ações individuais e isoladas, mas suas ações integradas e dependentes assumem outra forma de expressão e adquirem novas faces (PETRAGLIA, 1995, p. 48). Complementando seu pensamento, Petraglia (1995) cita Morin, para melhor compreender a complexidade da relação que a organização estabelece com o indivíduo. [...] a organização é a disposição de relações entre componentes ou indivíduos, que produz uma unidade complexa ou sistema, dotada de qualidades desconhecidas ao nível dos componentes ou indivíduos. A organização liga de modo inter-relacional, elementos ou acontecimentos ou indivíduos diversos que, a partir daí, se tornam os componentes dum todo. Garante solidariedade e solidez relativa e estas ligações, e, portanto garante ao sistema uma certa possibilidade de duração apesar das perturbações aleatórias. Portanto a organização: transforma, produz, liga, mantém (MORIN apud PETRAGLIA, 1995, p. 56). 39 Portanto, é fundamental compreender que em suas complexidades, tanto a organização quanto os indivíduos adquirem papel social em qualquer atividade ou exposição de uma linguagem. É por isso que a comunicação tem papel importante, sobretudo, na socialização das informações que circulam em um ambiente organizacional. Com isso, propõe-se o entendimento de como a comunicação está diretamente inserida na organização. Para isso, consideram-se os argumentos de Nassar (2009) que mostra que a comunicação é um processo que requer o constante aprimoramento, sobretudo no que diz respeito às relações interpessoais: A comunicação como campo de conhecimento é um processo contínuo e permanente que permeia as interações humanas, atuando como um sistema dialógico com o objetivo de informar, persuadir, motivar e alcançar a compreensão mútua. Sendo a comunicação essencialmente uma dimensão social, podemos considerá-la uma célula indispensável aos sistemas sociais, ou seja, se não há comunicação, não há sistema social. Dessa forma, também as organizações são sistemas que, como todo sistema social, estão constituídas por comunicações (NASSAR, 2009, p. 78). Quando se afirma que a comunicação é aquela que articula os sistemas sociais, é por meio dela que a organização se estrutura e se move, uma vez que as organizações são sistemas vivos e se constituem por meio da rede de relacionamentos e diálogos. Logo, a comunicação é parte integrada e fundamental para o bom funcionamento da organização, assim como é na sociedade. Nesse mesmo olhar, Kunsch (2003, p. 149) entende que a “‘comunicação organizacional, comunicação empresarial e comunicação corporativa’ são terminologias usadas para designar [...] todo o trabalho de comunicação levado a efeito pelas organizações em geral”. A autora ainda afirma que: A comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que estuda como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação entre a organização e seus diversos públicos. [...] A nosso ver, o termo comunicação ‘organizacional’, que abarca todo o espectro das atividades comunicacionais, apresenta maior amplitude, aplicando-se a qualquer tipo de organização – pública, privada, sem fins lucrativos, ONGs, fundações etc., não se restringindo no âmbito do que se domina ‘empresa’ (KUNSCH, 2003, p. 149 e 150). 40 Neste contexto, entende-se que não é possível conceber uma organização sem que haja processos de comunicação que visam à integração de pessoas, de setores e de elaboração de relacionamentos que buscam o reconhecimento de determinada organização no contexto onde a mesma atua. A comunicação organizacional, acima se tudo, desempenha um papel estratégico, sobretudo pelo fato de estar inserida nas ações conjuntas com os demais gestores da organização. Para melhor compreender este sistema, Nassar (2009) afirma que Todas as organizações, independentemente de seus modelos administrativos e de outros atributos que lhe conferem identidade em relação a outras organizações, têm na comunicação um processo complexo, integrante de suas políticas, seus planejamentos e suas ações. O processo de comunicação – o qual tem como fonte a administração, que cria as mensagens considerando o ambiente e o perfil do receptor, seleciona os canais (meios) mais adequados para a sua veiculação, evita ruídos e controla todo o processo e os seus resultados – é o componente mais importante para o estabelecimento de relacionamentos e a sociedade. É por meio da comunicação que ela estabelece diálogos a respeito de suas políticas, suas ações e suas pretensões; informa, organiza e reconhece os seus públicos de interesse, entre os quais seus colaboradores; legitima a sua existência; e trabalha pela melhoria do ambiente de trabalho, entre outros objetivos (NASSAR, 2009, p. 64). Desta forma, entende-se que de um modo geral, é a partir da comunicação que todas as organizações estabelecem vínculos com a sociedade e seus públicos. Para melhor compreender a amplitude da organização, faz-se necessário, entender a diferença entre empresa e organização e que essa função é exercida, prioritariamente, pelo Relações Públicas, como visto no capítulo anterior, por reunir as habilidades e competências para tanto. 3.1 ORGANIZAÇÃO E EMPRESA Antes de traçar as diferenças que se estabelecem entre organização e empresa, se faz necessário conceituar cada uma delas, uma vez que a comunicação se torna parte integrante de ambas e que o conhecimento sobre como a cultura de cada uma se solidifica torna-se essencial para o planejamento das ações de comunicação. 41 Segundo Srour (1998), as organizações podem ser definidas como: Coletividades especializadas na produção de um determinado bem ou serviço. Elas combinam agentes sociais e recursos e se convertem em instrumentos da ‘economia de esforço’. Potenciam a força numérica e tornam-se o terreno preferencial em que as ações cooperativas se dão de forma coordenada. [...] cabe reconhecer as organizações como agentes coletivos, à semelhança das classes sociais, das categorias sociais e dos públicos (SROUR, 1998, p. 107). Nesta concepção, o autor apresenta as organizações como estrutura coletiva, em que se planejam ações de cunho social, baseadas em uma estrutura estável e sólida. Complementando esse pensamento, Srour (1998) acredita que [...] toda organização constitui um microcosmo social, não importa sua textura ou seu arcabouço (seja ela uma associação voluntária ou uma empresa lucrativa, seja ela um órgão público ou um coletivo comunitário) (SROUR, 1998, p. 121). Ou seja, uma organização é formada pelo soma de pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e possui uma cultura própria, disseminada por processos de comunicação. Então, a organização é o resultado da combinação de todos esses elementos orientados a um objetivo comum. Com isso, deve-se analisar a consideração de Barbosa (2002, p. 29), que acredita que “embora toda empresa seja uma organização, nem toda organização é uma empresa”. Por esta razão, busca-se entender o conceito de organização e empresa sob o ponto vista de Chiavenato (1994). As empresas constituem uma das mais complexas e multifacetadas invenções do homem. Sua complexidade e diversidade emergem na medida em que se visualizam as empresas de um modo global e abrangente, tanto do ponto de vista endógeno de suas características internas de diferenciação e integração organizacional, de objetivos e estratégias para atingi-los de comportamento organizacional, de tipos de participante, de tecnologias utilizadas etc., como do ponto de vista exógeno de seu contexto ambiental envolvido pelos seus domínios, repleto de contingências, restrições, coações, ameaças, pressões e oportunidades que se alteram e se revezam sem jamais se revelar com antecipação, com clareza ou com nitidez (CHIAVENATO, 1994, p. 1). Chiavenato (1994) acredita que organização é um sistema amplo, que engloba pessoas com os mesmos objetivos. Para ele, a empresa é um exemplo de organização. Muito embora a organização seja um sistema amplo e estruturado, a empresa, por sua vez, não deixa de ser uma organização, uma vez que ambas se 42 definem pelo agrupamento de pessoas que se unem para trabalhar, desempenhar funções e atingir objetivos comuns, com o intuito de satisfazer necessidades da sociedade. Sob o ponto de vista de Etzioni (apud KUNSCH, 2003): Nascemos em organizações e quase todos nós somos educados por organizações, e quase todos nós passamos a vida a trabalhar para organizações. Passamos muitas de nossas horas de lazer a pagar, a jogar e a rezar em organizações. Quase todos nós morremos numa organização e, quando chega o momento do funeral, a maior de todas as organizações – o Estado – precisa dar uma licença especial (ETZIONI apud KUNSCH, 2003, p. 20). Desta forma, é possível compreender que as organizações agem para o funcionamento da sociedade e elas são uma sociedade que visa ao desenvolvimento econômico, político e social. Ou seja, são forças vivas que precisam do ser humano para sua existência. É possível entender que, no decorrer da vida, desde o nascimento até o funeral, o ser humano está inserido em organizações dos mais variados segmentos, que atendem e administram todas as necessidades humanas para uma vida plena e satisfatória. Neste sentido, é importante trazer o entendimento de organização que Kunsch (2003) coloca para dizer que é a união de pessoas que têm a mesma finalidade, por isso: Quando se procura definir e conceituar as organizações, dois aspectos são amplamente trabalhados pela maioria dos autores; o ato e efeito de ‘organizar’, que é uma das funções da administração; e o uso do termo ‘organização’, como expressão de um agrupamento planejado de pessoas que desempenham funções e trabalham conjuntamente para atingir objetivos comuns (KUNSCH, 2003, p. 23). Complementando este enfoque, a autora, acredita que a organização deve ser vista de forma ampla, abordando vários fatores vinculados ao sistema organizacional. Assim: O fato é que não podemos considerar uma organização somente em seu âmbito interno e de forma estática. É preciso vê-la em relação a um contexto muito mais amplo, numa perspectiva holística. Temos de considerá-la vinculada ao ambiente em que ela vive, incluindo os aspectos sociais, econômicos, políticos, tecnológicos, ecológicos e culturais, variáveis que interferem enormemente na vida organizacional (KUNSCH, 2003, p. 30). 43 Uma organização só existe porque tem em sua direção e condução pessoas que carregam consigo características e pensamentos próprios e individuais, o que a torna um sistema complexo. A organização deve ultrapassar a barreira dos interesses individuais, incorporando, na sua estrutura, os norteadores estratégicos que possibilitam ampliar seus horizontes e ser coerente no planejamento e prática de suas ações. Como uma combinação intencional, as pessoas agregam tecnologia em suas ações para que possam atingir determinados objetivos, o que a faz a organização ainda mais complexa. As estratégias adotadas pelas organizações serão influenciadas pelas oportunidades e pelas ameaças que são apresentadas pelos ambientes interno e externo; pelos objetivos traçados; pelos valores e crenças que compõe a cultura organizacional. 3.1.1 Cultura Organizacional Ao compreender que organização e empresa se assemelham nas suas definições e processos, busca-se entender também o significado de cultura e o que representa para o planejamento de comunicação. Neste sentido, Barbosa (2002) acredita que a terminologia cultura organizacional nasceu da associação feita entre a cultura de determinado povo com as práticas adotadas no universo organizacional. [...] Com este termo os teóricos da administração procuraram chamar a atenção para a importância da esfera simbólica impactavam no comportamento das pessoas, no desempenho econômico e nos processos de mudança organizacional. [...] a expressão ‘cultura organizacional’ tem sido usada para justificar decisões judiciais, explicar a falência na fusão de empresas, o sucesso de outras, as razões para a mudança organizacional e choques culturais, entre outros aspectos. Em muitos casos, cultura organizacional torna-se um tipo de ‘caixa preta’ na qual se coloca tudo aquilo que não se conhece e para o qual não se encontra uma explicação mais tangível e mensurável (BARBOSA, 2002, p. 10). 44 Embora a autora defina cultura organizacional como algo intangível, é possível compreender que a cultura está diretamente associada com a concepção da organização, isto é, quando ela nasce e se estrutura, sobretudo nos primeiros anos de vida, pois traz consigo um apanhado de crenças e valores, que são indissociáveis de todo universo organizacional. Barbosa (2002) aponta ainda para o fato de que a cultura organizacional e a cultura empresarial possuírem “conceitos muito próximos, mas que resguardam uma certa identidade, mesmo que, em algumas circunstâncias, sejam utilizados por vários autores de forma intercambiável”. Sendo assim, a autora define cultura empresarial como algo que: [...] ganhou espaço fora da discussão estritamente organizacional e incorporou uma conotação política e econômica da qual não se encontrava revestida. Cultura empresarial passou a identificar um determinado sistema de valores associados ao credo liberal, à discussão do tamanho do Estado e suas respectivas funções e áreas de atuação, à natureza da liberdade individual e ao lugar e significado do mercado nas sociedades contemporâneas (BARBOSA, 2002, p. 44). Sob o ponto de vista da autora, pode-se analisar que, mesmo tendo muitas semelhanças, a cultura organizacional e a empresarial podem ter identidades próprias. A fim de fazer a relação entre os conceitos cultura organizacional e cultura empresarial, Barbosa (2002), ainda, acredita que: Graficamente, poderíamos pensar a relação entre esses conceitos como formando a copa de uma grande árvore. No topo estaria o conceito de cultura organizacional, que representaria um nível de abstração teórica maior. Nos ramos logo abaixo teríamos os dois grandes tipos de culturas organizacionais: as com fins lucrativos, no interior das quais o conceito de cultura empresarial encabeçaria uma outra grande segmentação, e as organizações sem fins lucrativos. A cultura das organizações com fins lucrativos – cultura empresarial – estaria subdividida em várias modalidades do tipo: empresa privada, estatal, de capital misto, familiar e todas as múltiplas combinações que essas divisões poderiam proporcionar quando combinadas ao tamanho da empresa e ao ramo do negócio. A segunda subdivisão – organizações sem fins lucrativos – poderia ser segmentada em culturas das organizações sociais, de classe, entre outras (BARBOSA, 2002, p. 44). Assim sendo, há uma linha tênue entre os conceitos de cultura organizacional e cultura empresarial que se deve levar em consideração na concepção do planejamento, tanto da organização quanto da empresa. Mesmo que as diferenças sejam um tanto insignificantes, elas devem ser de conhecimento do profissional de 45 comunicação, pois podem interferir no ato de planejar as ações após a elaboração do planejamento estratégico. Segundo Fleury (1996, p. 10), “[…] a cultura agrega elementos dos contextos, social, político, psicológico, tecnológico e outros, que configuram o perfil de cada organização”. Ao enfatizar os elementos que compõem a cultura de uma organização, Fleury (1996), ainda afirma que: [...] a cultura organizacional é concebida como um conjunto de valores e pressupostos básicos expressos em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação (FLEURY, 1996, p. 22). Considera-se, então, que a cultura organizacional está diretamente associada aos mais diversos contextos em que a organização está inserida, onde os seus objetivos e metas norteiam as decisões adotadas. Ou seja, “[...] a dinâmica da vida social só pode ser compreendida com base na reação do indivíduo à cultura na qual vive e na sua influência sobre a sociedade” (BOAS, 2004, p. 65). Com base nesta afirmação do autor, é importante relacionar o papel que a cultura da organização representa para a comunicação, na perspectiva traçada por Machiori (2008): Cultura e comunicação têm uma das relações mais íntimas do mundo do conhecimento. Sendo a cultura a personalidade de uma empresa, ao vivenciá-la, a organização lhe dá vida, permite trocas e críticas que a toram pulsante e dinâmica e, portanto, real e passível de acompanhar de forma proativa as mudanças do mundo e do mercado. A cultura e a comunicação organizacional vêm chamando a atenção dos profissionais uma vez que elas estão se tornando um tema fundamental e inquestionável nas empresas. Isso porque atuam nas raízes de uma organização e posicionam a área de comunicação de forma estratégica (MARCHIORI, 2008, p. 31). Considerando as colocações de Marchiori, é possível dizer que a comunicação e a cultura formam uma rede dialógica que não pode ser rompida. E, ainda, a cultura organizacional influencia o cumprimento ou não da missão, da visão e dos valores nas organizações, na qual a comunicação exerce papel fundamental para que o plano estratégico migre do status de intangível para a condição tangível. Por isso, a autora defende a ideia de que a comunicação deve ser pensada de forma estratégica, a fim de representar a real cultura da organização: 46 Observar a produção é perceber como as pessoas se relacionam, de que maneira pensa, sentem e interpretam diferentes realidades no interior de uma organização. Cultura pode ser interpretada, na sua forma mais simples de expressão, como uma maneira particular de viver. Para atingir esse estágio, vemos que comunicação é o fundamento. Dessa forma, cultura é continuamente construída por meio da comunicação. Se o processo de cultura é a construção de significados, ela envolve necessariamente comunicação (MARCHIORI, 2008, p. 250). Portanto, quando se fala em cultura organizacional se está falando da comunicação estratégica das organizações, uma vez que, a cultura deve ser continuamente entendida, compartilhada e assimilada por meio de ações da comunicação, que visam a constante integração e satisfação dos públicos que atuam diretamente sobre e com a organização. 3.2 COMUNICAÇÃO INTEGRADA Assim como a cultura de uma organização é elaborada pelas diferentes formas de comunicação, ou seja, em um processo conjunto, a comunicação que acontece em um contexto organizacional também não pode ser pensada de forma isolada. Este pensamento é da professora e pesquisadora, Margarida Kunsch. Para ela (2003), a comunicação é uma filosofia que direciona e faz convergir as diversas áreas para uma mesma direção, formando uma sinergia. Neste sentido, Kunsch (2003) diz que a comunicação organizacional, “compreende a comunicação institucional, a comunicação mercadológica, a comunicação interna e a comunicação administrativa”. Dessa maneira, a autora entende que há uma junção do composto da comunicação organizacional, que se pode chamar de comunicação organizacional integrada. [...] Esta deve constituir uma unidade harmoniosa, apesar das diferenças e peculiaridades de cada área e das respectivas subáreas. A convergência de todas as atividades, com base numa política global, claramente definida, e nos objetivos gerados da organização, possibilitará ações estratégicas e táticas de comunicação mais pensadas e trabalhadas com vistas na eficácia (KUNSCH, 2003, p. 150). 47 Para representar seu pensamento, Kunsch (2003, p.151) desenvolveu um gráfico que mostra as grandes áreas da comunicação organizacional integrada, chamadas pela autora de: comunicação institucional, comunicação mercadológica, comunicação interna e comunicação administrativa: Figura 1 - Comunicação integrada Fonte: Margarida Kunsch (2003, p. 151). Ao transferir o composto de comunicação para um gráfico, Kunsch mostra não só a sinergia que a comunicação proporciona, mas como funcionam os movimentos que a comunicação provoca em um meio organizacional, sempre buscando a integração dos setores, mas, sobretudo das pessoas que são as responsáveis pela existência dos sistemas produtivos e sociais. São essas formas de comunicação que permitem a uma organização se relacionar com seu universo de públicos e com a sociedade em geral. Por isso, não se devem mais isolar essas modalidades comunicacionais. É necessário que haja uma ação conjugada das atividades de comunicação 48 que formam o composto da comunicação organizacional (KUNSCH, 2003 p.150). Considerando que a comunicação tem a necessidade de envolver diversas áreas da organização, com o intuito de criar uma rede de ações estratégicas e estabelecer relações de confiança entre os públicos da organização, ela deve ser pensada em níveis estratégicos, junto ao planejamento geral que estabelece os rumos organizacionais. Por isso que, para melhor compreender cada uma das grandes áreas da comunicação organizacional integrada, faz-se necessário estudá-las separadamente. 3.2.1 Comunicação Administrativa Uma vez que a comunicação torna-se ferramenta estratégica dentro de uma organização, deve-se pensar em como utilizar a administração para disseminar a comunicação. Para isso, deve-se entender o que significa o termo administrar, que segundo Kunsch (2003): Administrar uma organização consiste em planejar, coordenar, dirigir e controlar seus recursos, de maneira que se obtenham alta produtividade, baixo custo e o maior lucro ou resultado, por meio da aplicação de um conjunto de métodos e técnicas. Isso pressupõe um contínuo processo de comunicação para alcançar tais objetivos. E o que se organiza de fato é o fluxo de informações, que permitirão à organização sobreviver, progredir e manter-se dentro da concepção de sistema aberto (KUNSCH, 2003 p. 152153). A comunicação, desta forma, adquire o papel de tornar acessível as informações de cunho administrativo a todos aqueles que compreendem as funções administrativas da organização. Assim sendo, Kunsch (2003), considera que: Comunicação administrativa é aquela que se processa dentro da organização, no âmbito das funções administrativas; é a que permite viabilizar todo o sistema organizacional, por meio de uma confluência de fluxos e redes. [...] a comunicação administrativa relaciona-se com os fluxos, os níveis e as redes formal e informal de comunicação, que permitem o funcionamento do sistema organizacional. Como tal, não se 49 confunde com a comunicação interna nem é substituída por ela (KUNSCH, 2003 p.152-153). É importante enfatizar que a comunicação administrativa é fundamental para o bom desempenho da organização, uma vez que viabiliza todas as informações, criando um sistema de confiabilidade e confiança entre a gestão e os demais públicos. 3.2.2 Comunicação Interna Como meio de integração e de engajamento, a comunicação interna possui considerável importância para integrar os funcionários da uma organização. Ela possibilita aos colaboradores de uma empresa o conhecimento das transformações ocorridas no ambiente de trabalho e faz com que a presença dos colaboradores seja percebida, e com isso, eles passam a se sentir valorizados. A comunicação interna, segundo Kunsch (2003) trata de: [...] um setor planejado, com objetivos bem definidos, para viabilizar toda a interação possível entre a organização e seus empregados, usando ferramentas da comunicação institucional e até da comunicação mercadológica (para o caso do endomarketing ou marketing interno). Portanto, a comunicação interna ocorre paralelamente com a circulação normal da comunicação que perpassa todos os setores de organização, permitindo seu pleno funcionamento (KUNSCH, 2003 p.154). Por se tratar de uma comunicação voltada aos empregados, é importante, segundo Kunsch (2003 p. 154), que seja “pensada, planejada e avaliada de forma constante, não ocorrendo simplesmente de forma fortuita”. Sendo assim, estando a comunicação interna inserida na comunicação integrada supõe-se que se tornam mais assertivas as ações estratégicas planejadas para o âmbito interno da organização. Soares (2013) aponta para o fato de que, para que a comunicação interna seja eficaz, faz-se necessário compreender quem de fato é e o que cada um representa para a organização. Com isso, o autor acredita que: O público interno das organizações é um importante formador de opinião e tem grande impacto na disseminação de informação para os demais 50 interlocutores. Os empregados formam opinião a respeito das organizações em que trabalham, podendo contribuir positivamente com a reputação das empresas além de terem um papel fundamental na manutenção dessas relações (SOARES, 2013, p.248). Considera-se que o empregado, além de exercer funções operacionais, desempenha papel fundamental para que a organização possa se relacionar positivamente com a sociedade, considerando a reputação que o mesmo possui da organização, uma forte aliada na construção de opiniões. Enfatizando esse pensamento, Kunsch (2003), define público interno como: [...] um público multiplicador. Na sua família e no seu convívio profissional e social, o empregado será um porta-voz da organização, de forma positiva ou negativa. Tudo dependerá do engajamento na empresa, da credibilidade que esta desperta nele e da confiança que ele tem em seus produtos ou serviços (KUNSCH, 2003, p.159). Isso significa, no dizer da autora, que a comunicação interna deve contribuir para a integração dos empregados com os gestores da organização, uma vez que a participação de todos, juntamente com a coerência das informações são também norteadores estratégicos para o sucesso da organização. É por isso que as ações de comunicação interna devem ser planejadas estrategicamente, buscando a excelência, a fim de reforçar o compromisso da organização. 3.2.3 Comunicação Mercadológica Considerada a que cria laços entre a organização e o mercado, a comunicação mercadológica, segundo Kunsch (2003): É responsável por toda a produção comunicativa em torno dos objetivos mercadológicos, tendo em vista a divulgação publicitária dos produtos ou serviços de uma empresa. Está vinculada diretamente ao marketing de negócios. [...] A comunicação mercadológica tem, hoje, uma amplitude bem maior e utiliza muitos meios e técnicas para atingir tais propósitos (KUNSCH, 2003, p.162). 51 Neste contexto, a comunicação mercadológica desempenha um papel de estreitamento de relações entre a organização e o mercado, onde o marketing atua como o responsável pelas estratégias e ações a serem planejadas e executadas. Kotler e Armstrong (2003) definem marketing como: [...] um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos de valor com os outros (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p.3). Complementando esse enfoque, Lupetti (2000) acredita que: O marketing de hoje baseia-se no conhecimento e na experiência das empresas e dos consumidores, exigindo das primeiras e de seus administradores um domínio de uma escala de conhecimentos de tecnologia, da concorrência, de seus clientes e de novas fontes de informações que poderão alterar o ambiente competitivo.[...] Aliando conhecimento e experiência, o marketing é constituído de modo a integrar o cliente à organização, criando e mantendo uma relação mais íntima entre ambos (LUPETTI, 2000, p.26). Nesta concepção, é importante considerar que a comunicação mercadológica, ou de marketing, tem como público alvo os consumidores, que são os responsáveis pela formação de opinião com relação aos produtos e serviços gerados pela organização. Por estas razões, Lupetti (2000) entende que marketing: [...] é uma função, ou seja, é uma forma de fazer negócios; é aproveitar o conhecimento do cliente para a elaboração de um produto e desenvolver um processo de integração. O cliente é um alvo em constante movimento e que deve ser perseguido. O marketing cria mercados e é um processo qualitativo, ou seja, não envolve somente números, mas, sobretudo, relacionamentos. Esse relacionamento tem início dentro da organização, começando pelos empregados que nela trabalham para atender às vontades de clientes, que possuem preferências comuns ou individuais (LUPETTI, 2000, p.27-28). Considera-se, então, que entre as milhares de marcas dispostas em prateleiras das lojas aquela que fará parte da vida do consumidor é a que conseguirá promover relacionamentos pelos benefícios oferecidos. Os benefícios e as relações são construtos da comunicação, imprescindível para o sucesso dos planos de marketing, principalmente os relativos aos objetivos de participação da organização no mercado, buscando maximizar os lucros. 52 E, ainda, como processo de comunicação integrada, a comunicação mercadológica se torna um importante instrumento de coleta e interpretação de informações e opiniões dos consumidores. Estas informações e opiniões, quando forem devidamente analisadas, tornam-se aliadas na construção do planejamento estratégico da organização. 3.2.4 Comunicação Institucional Segundo Kunsch (2003), a comunicação institucional, quando inserida no composto da comunicação organizacional integrada, é a responsável direta, por meio da gestão estratégica das relações públicas, pela construção e formatação de uma imagem e identidade corporativas fortes e positivas de uma organização. A comunicação institucional está intrinsecamente ligada aos aspectos corporativos institucionais que explicitam o lado público das organizações, constrói uma personalidade creditiva organizacional e tem como proposta básica a influência político-social na sociedade onde está inserida (KUNSCH, 2003, p.164). Portanto, a comunicação institucional, sob o ponto de vista de Kunsch, é a responsável pela construção da imagem e da identidade das organizações. Inserida neste contexto as Relações Públicas se tornam parte integrante e fundamental na construção do planejamento da comunicação institucional. Por isso, Kunsch (2003), acredita que: A comunicação institucional, por meio das relações públicas, enfatiza os aspectos relacionados com a missão, a visão, os valores e a filosofia da organização e contribui para o desenvolvimento do subsistema institucional, compreendido pela junção desses atributos (KUNSCH, 2003, p.165). Ao enfatizar o papel das Relações Públicas, nos processos de elaboração dos planos de comunicação, a autora acredita que a comunicação institucional deve ser planejada estrategicamente, uma vez que, demonstra em suas ações, a imagem e a identidade da organização. Além disso, para Kunsch: Essas percepções asseguram que fazer comunicação institucional implica conhecer a organização e compartilhar seus atributos (missão, visão, 53 valores, filosofia e políticas), e não uma simples divulgação institucional e de marcas. Portanto, é algo complexo, e as organizações terão de se valer de estratégias e políticas bem definidas de comunicação, delineadas e planejadas estrategicamente pela área de relações públicas, numa perspectiva de comunicação integrada (KUNSCH, 2003, p.165). Cabe, então, ao profissional de Relações Públicas, planejar as ações que compreendem a comunicação institucional da organização. Para isso, o profissional pode-se valer das campanhas institucionais. Lupetti (2000) entende que: A campanha institucional deve ser entendida como aquela que divulga a empresa como um todo. Caracteriza-se por conceituar a empresa, fixar sua imagem, informar seu segmento de atuação, objetivando o estabelecimento e reconhecimento de sua marca (LUPETTI, 2000, p.112). Complementando o pensamento de Lupetti, Kunsch (2003) caracteriza a propaganda institucional como instrumento de relações públicas: Outro instrumento utilizado pelas relações públicas, integrante da comunicação institucional, que visa divulgar as realizações das organizações, transmitir sua personalidade e fixar conceitos construtivos do seu fazer e ser, é a propaganda institucional. [...] a propaganda institucional é, assim, um instrumento que deverá ser planejado e se caracterizar como algo criativo e cujo conteúdo deve ser o mais informativo possível (KUNSCH, 2003, p.174). Caracteriza-se, então, que as ações de comunicação institucional servem como forma de fixar, conceituar e informar os objetivos primeiros da organização, que estão baseados na cultura. Pode-se considerar que esta modalidade de comunicação serve para estruturar a comunicação externa e interna da organização por meio de planejamentos, implementações, gerenciamentos e uso de tecnologias. Com base no pensamento de Kunsch (2003), uma forma de pensar estrategicamente a comunicação institucional, assim como a comunicação integrada como um todo, é feita por meio do planejamento estratégico. Buscar as melhores formas para gerenciar as ações estratégicas das organizações, tendo por base as demandas sociais e competitivas, as ameaças e as oportunidades do ambiente, para que a tomada de decisões no presente traga os resultados mais eficazes possíveis no futuro (KUNSCH, 2003, p. 214). Desta forma, a organização utiliza o planejamento estratégico para prever e pensar no futuro da organização. A partir das definições tomadas no planejamento 54 estratégico, é possível planejar as ações de comunicação integrada, sempre alinhadas com os objetivos estratégicos organizacionais. Com base no pensamento de Kunsch (2003), que visa à comunicação integrada, constata-se que essa forma de pensamento facilita a abordagem do planejamento estratégico, uma vez que esse também exige uma visão global do negócio e sua inserção social. Então, uma nova forma de enxergar os benefícios que a comunicação oferece aos diversos setores da organização. É importante considerar a inserção do profissional de Relações Públicas neste processo, uma vez que as Relações Públicas têm como objeto as organizações e seus públicos, promovendo, de forma estratégica e planejada, os relacionamentos entre eles, através dos programas de comunicação. Para Kunsch (2009, p.199), “a comunicação organizacional deve constituir-se em um setor estratégico, agregando valores e facilitando, por meio das relações públicas, os processos interativos e as mediações”. Portanto, cabe ao profissional de Relações Públicas planejar e aplicar estrategicamente as ações de comunicação organizacional integrada, a fim de atingir os objetivos traçados no planejamento estratégico das organizações. 3.3 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA COMUNICACAÇÃO ORGANIZACIONAL Ao estabelecer os objetivos da comunicação organizacional, é preciso considerar que a excelência dos resultados será determinada pela maneira que os objetivos serão planejados estrategicamente. Por isso, defende-se a inserção do profissional de comunicação, mais precisamente de Relações Públicas, na construção do planejamento estratégico da organização. Nesta perspectiva, Kunsch (2004) defende que As organizações modernas assumem novas posturas na sociedade atual. A velocidade das mudanças que ocorrem em todos os campos impele as organizações a um novo comportamento institucional perante a opinião pública. Elas passam a se preocupar mais com as relações sociais, com os acontecimentos políticos e com os fatos econômicos mundiais. E, nesse contexto, a atuação de relações públicas será fundamental, pois caberá a essa atividade a função de abrir canais de diálogo com os diferentes 55 segmentos da sociedade, administrando estrategicamente a comunicação (KUNSCH, 2004, p. 27). Desta forma, pode-se estabelecer a relação entre o profissional de Relações Públicas e o planejamento estratégico, com a missão de desenvolver projetos, planos e programas das ações de comunicação, isto é, ferramentas indispensáveis para realização dos objetivos de comunicação da organização. Para Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 81), na atuação do profissional de Relações Públicas, o “objetivo é a especificação dos resultados esperados pela organização, a explicação de aonde se pretende chegar e do que se espera alcançar por meio da comunicação”. Complementando esse pensamento, Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 82-85), propõem um modelo de categorização dos 14 possíveis objetivos de comunicação de uma organização, sendo eles: 1) Despertar consciência: onde deve-se despertar as necessidades e carências, que são inerentes aos seres humanos; 2) Chamar atenção: utilizar-se de mensagens criativas e atrativas, que despertem a atenção do receptor; 3) Suscitar interesse: onde se identifica que os elementos utilizados da chamada de atenção, devem estar relacionados com o despertar da consciência; 4) Proporcionar conhecimento: etapa onde a mensagem deve ser mais informativa e consciente, a fim de facilitar a compreensão; 5) Garantir identificação, empatia: onde as informações devem ser elaboradas levando em conta as características do receptor, para que ele se identifique e crie empatia com o objeto de comunicação; 6 e 7) Criar desejo e/ou suscitar expectativa: deve-se lançar elementos que despertem desejo e expectativas no receptor; 8) Conseguir a preferência: manifestar os argumentos que garantam a preferência do receptor; 9) Levar à decisão: a comunicação deverá levar o receptor a realizar aquilo que o objeto de comunicação preconiza; 10) Efetivar a ação: caso a tomada decisão não, imediatamente, seguida da ação, deve-se identificar os fatores que interferiram na efetivação da ação; 56 11) Garantir e manter a satisfação pós-ação: manter relação positiva com o receptor através de canais, meios e recursos, mesmo após a efetivação da ação; 12) Estabelecer interação: estabelecer fluxo de informações, novidades, serviços, a fim de manter uma relação positiva com o receptor; 13) Obter fidelidade: manter e fidelizar clientes, através de ações racionais e/ou emocionais. Este é um dos maiores desafios das empresas; 14) Gerar disseminação: estabelecer estratégias de comunicação específicas para incentivar seus clientes satisfeitos a emitir e compartilhar experiências positivas com a marca/empresa. Com base nos conceitos estudados até o momento, é importante reforçar que o modelo de 14 objetivos da comunicação, segundo Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 86), “remete a um pensamento sistêmico (convergindo estudos de psicologia, marketing e comunicação), que é capaz de guiar e orientar o trabalho dos profissionais de Comunicação”. Complementando este enfoque, Lupetti (2000) acredita que: Os objetivos de comunicação devem ser fixados pela empresa, levando-se em consideração vários elementos: conhecer bem o produto, seu públicoalvo, o mecanismo do mercado, a equipe de vendas, a política comercial, a capacidade de produção, a reação da concorrência, as fraquezas da empresa, dentre tantos outros. [...] Os objetivos de comunicação dizem respeito à divulgação, seja evidenciando os benefícios do produto, seja destacando a marca, seja informando uma promoção e convidando o consumidor a participar. [...] Os objetivos de comunicação não são preestabelecidos. Eles dependerão do que a empresa quer comunicar, levando em consideração os objetivos de marketing e, consequentemente, os objetivos organizacionais da empresa (LUPETTI, 2000, p. 67). Com isso, considera-se que os objetivos da comunicação organizacional estão diretamente ligados às formas de pensar estrategicamente a organização, definidos no planejamento estratégico, o que permite, a partir deste cenário, defender a inserção do profissional de comunicação no ato de pensar e elaborar o planejamento estratégico. Uma vez inserido, esse profissional facilitará a adoção de meios e formas de a comunicação agir junto às demais áreas da gestão, além de contribuir para que os planos de negócios cresçam e apresentem resultados. 57 Dentro desse aspecto é necessário enfatizar que a comunicação é um fator estratégico, sobretudo na forma de pensar os relacionamentos e no cumprimento das ações, a serem realizadas pelos diversos públicos. Ou seja, a comunicação pode ser considerada como um fio condutor no qual poder, planejamento, estratégias e táticas, processos organizacionais e seus ativos, linhas de comando, identidade e imagem se cristalizam nas ações que surgirem quando da formulação inicial do planejamento. Logo, o profissional de Relações Públicas, inserido no planejamento estratégico, poderá estar atuando na tomada de decisões e no gerenciamento estratégico da comunicação a partir de modelos utilizados no mundo contemporâneo, gerido pelos meios digitais e determinantes na gestão social e nos relacionamentos. 58 4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: INTEGRAÇÃO DE INDICADORES E PROCESSOS Este capítulo propõe o estudo do planejamento estratégico e como ele é um elemento vital nas organizações. O espaço reservado a este tema se justifica ao fato de as organizações buscarem, constantemente, a competitividade no intuito de sustentação e sobrevivência. A gestão corporativa não almeja somente gerenciar a empresa com um objetivo específico e sim gerenciar o negócio da empresa envolvendo fatores, recursos e variáveis que interferem diretamente no sucesso da organização. Com o intuito de entender a importância de planejar estrategicamente as ações, planos, projetos, metas, a importância da comunicação e de suas formas de criar relacionamentos e resultados, esse capítulo visa discutir que, antes de um plano estratégico, é importante desenvolver mentalidades estratégicas e criativas, voltadas ao futuro, pressupondo habilidades de perceber tendências, mudanças e criar novas ideias. Desta forma, o planejamento estratégico pode ser visto como uma forma de antecipar cenários, prever mudanças e de preparar-se para os acontecimentos futuros, sejam eles positivos ou negativos para a organização. Uma organização que pensa e planeja estrategicamente suas ações certamente estará à frente de seus concorrentes, uma vez que investirá seus recursos de forma mais assertiva, pois já estará prevendo mudanças de mercado, tendências, recessos na economia, enfim, fatores determinantes para o desenvolvimento da organização. 4.1 CULTURA, DEFINIÇÕES E PROCESSOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Muito fala-se sobre os benefícios de planejar o futuro e definir metas que sejam alcançáveis e que tragam benefícios para a organização. Todavia, sabe-se que muitas organizações ainda resistem a essa forma contemporânea de pensar e agir. 59 Para Kotler e Armstrong (2003), Muitas empresas operam sem planos formais. Em novas empresas, os administradores muitas vezes são tão ocupados que não têm tempo para o planejamento. Em pequenas empresas, eles às vezes pensam que somente grandes organizações precisam de planejamento formal e que, por esse motivo, ele pode não ser tão importante assim (KOTLER; ARMSTRONG, 2003, p. 33). Esse pensamento de muitos gestores não condiz com a realidade, uma vez que a principal função do planejamento é antecipar cenários, isto é, ajudar a organização a compreender e aceitar as mudanças e também a preparar-se para situações inesperadas. Com o intuito de fomentar a prática do planejamento estratégico nas organizações, faz-se necessário ampliar o conhecimento sobre os conceitos e os benefícios dessa prática tão necessária, tanto no âmbito organizacional quanto na vida em sociedade. A função da palavra estratégia é muito importante para uma organização. Nos escritos de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), a estratégia é antes de tudo uma estrutura cognitiva que leva ao sincronismo das atividades. O principal papel da estratégia é mapear o curso de uma organização para que ela navegue coesa através do seu ambiente. [...] A estratégia promove a coordenação das atividades. Sem a estratégia para focalizar os esforços, as pessoas puxam em direções diferentes e sobrevém o caos. [...] A estratégia é necessária para reduzir a ambiguidade e prover ordem. Nesse sentido, uma estratégia é como uma teoria: uma estrutura cognitiva para simplificar e explicar o mundo e com isso facilitar a ação (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 16-17). Traçar as estratégias organizacionais é fundamental para maximizar o tempo usado na elaboração das atividades e, também, para minimizar o desperdício de tempo e de materiais. Para Silva (et al, 2006), planejar é Uma atividade inerente ao ser humano. O sucesso da humanidade está muito ligado ao planejamento, utilizado tanto para organizar uma caçada a um mamute na pré-história, quanto para realizar uma viagem à Lua. Todas as pessoas fazem planos na vida cotidiana para atingir metas pessoais e profissionais. A necessidade do planejamento advém do fato de as atividades humanas exigirem a utilização de recursos, tecnologia, processos e pessoas, coordenados de forma integrada, para que se atinjam resultados (SILVA; et al, 2006, p. 15). 60 Nessa concepção, entende-se que o ato de planejar faz parte da natureza humana e que as mudanças tecnológicas facilitaram a construção de um planejamento coerente, em que é possível mensurar os resultados obtidos, com base nos objetivos inicialmente traçados. Segundo Kunsch (2003), o planejamento é considerado [...] um ato de inteligência, um modo de pensar sobre determinada situação ou realidade, enfim, como um processo racional-lógico, que pressupõe estudos, questionamentos, diagnósticos, tomadas de decisões, estabelecimento de objetivos, estratégias, alocação de recursos, curso de ações, etc. (KUNSCH, 2003, p. 203). Quando Kunsch (2003) afirma que o planejamento está diretamente associado à inteligência, percebe-se que há coerência com o âmbito organizacional, pois entende-se como uma organização visionária a que destina tempo e recursos para a construção de seu planejamento estratégico. Sabe-se que as organizações constituem uma rede de relacionamentos e que para sobreviverem precisam ser lucrativas. No entanto, faz-se necessário investir em diversas ações, as quais poderão auxiliar no sucesso na organização. Ações essas que estão relacionadas ao planejamento estratégico, tais como: comunicação, marketing, equipe de vendas, treinamentos, etc. Cada vez mais, percebe-se que para todo e qualquer investimento feito pela organização, deve haver um retorno tangível ou intangível. Kunsch (2009) enfatiza essa questão quando conceitua planejamento estratégico. Como se pode deduzir, o planejamento estratégico está muito mais voltado para o ambiente, ao contrário de antigamente, quando ele se caracterizava muito mais como um planejamento financeiro e para longo prazo. Visa reduzir a ocorrência de riscos para o encontro e a incerteza no processo de formulação de decisões estratégicas a partir da análise de cenários e das oportunidades e ameaças advindas do macroambiente (KUNSCH, 2009, p. 111-112). Sob o ponto de vista de Kunsch (2009), o planejamento estratégico está voltado à análise de cenários em que a organização está inserida. Esses cenários dizem respeito à política, à economia, aos estudos de mercado, enfim, todos os 61 ambientes que estão relacionados aos interesses da organização. Kunsch (2003) ainda ressalta a importância do planejamento para as organizações. O planejamento é importante para as organizações porque permite um redimensionamento contínuo de suas ações presentes e futuras. Possibilita conduzir os esforços para objetivos pré-estabelecidos, por meio de uma estratégia adequada e uma aplicação racional dos recursos disponíveis. Sem planejamento, as decisões organizacionais ficariam à mercê do acaso, com soluções aleatórias de última hora. Portanto, o planejamento evita a improvisação (KUNSCH, 2003, p. 216). Através desse pensamento, é possível perceber a real importância do planejamento para uma organização, pois é através dele que a organização administra custos, possui controle sobre os investimentos e mede o desempenho de suas ações. A definição de Kotler e Armstrong (2003) também ressalta a importância do planejamento estratégico para a organização. Definimos planejamento estratégico como o processo de desenvolver e manter um ajuste estratégico entre os objetivos, habilidades e recursos de uma organização e as oportunidades de marketing em um mercado em contínua mutação. O planejamento estratégico é a base do planejamento da empresa. Ele conta com uma clara definição da missão da empresa, estabelecimento dos objetivos dela, o desenvolvimento de um bom portfólio (ou carteira) de negócios e a coordenação de estratégias funcionais (KOTLER, ARMSTRONG, 2003, p.33) A partir desse pensamento, considera-se o planejamento estratégico como sendo parte fundamental para a sobrevivência da organização, uma vez que deve ser considerado o alicerce que irá alavancar os níveis de negócios corporativos. Farias (2011) chama a atenção para outro aspecto muito significativo sobre o planejamento estratégico, pois entende que [...] costuma ser elaborado tendo em vista os objetivos gerais da organização, mas nem sempre são levadas em conta as percepções localizadas das diversas áreas componentes dessa mesma organização. Por isso, em geral, a direção encomenda, a determinados setores, um novo planejamento estratégico. Ou seja, é feito um planejamento geral e muitas vezes outros planejamentos localizados sem que se levem em consideração as características uns dos outros, o que é um grande erro (FARIAS, 2011, p. 53). 62 Por essas razões, sendo que as grandes metas e objetivos da organização são definidos no planejamento estratégico, defende-se que o profissional de Relações Públicas deve fazer parte desse grupo seleto, para que possa estar preparado para planejar as ações de comunicação com maior clareza e de forma assertiva, uma vez que terá como premissa os objetivos estratégicos da organização. Galerani (2006, p. 49) afirma que o planejamento estratégico é o “caminho para evitar crises e promover a avaliação num processo cíclico”. Com base nesta afirmação, acredita-se que o profissional de Relações Públicas deve adotar, como função primordial para o cumprimento de sua atividade, a avaliação e a mensuração dos resultados obtidos em comunicação, a fim de tornar tangível e concreto o que ainda muitos entendem ser intangível e abstrato. Nesta concepção, Galerani (2006, p.49) acredita que o planejamento “é a condição primeira para desenvolver programas de comunicação organizacional que pretendem apresentar resultados por meio de avaliação”. Para que isso aconteça é importante que se estabeleçam metas de comunicação baseadas nas grandes metas da organização. Então, novamente, depara-se com a importância de um representante de Relações Públicas inserido no planejamento estratégico da organização. Complementando esse enfoque, Lindenmann (apud GALERANI, 2006, p.49) posiciona-se sobre a importância do planejamento, afirmando que é de extrema importância que antes de avaliar qualquer coisa, faz-se necessário definir metas e objetivos específicos, a fim de poder medir as atividades propostas. Outro aspecto importante que se deve levar em consideração com relação a inserção do profissional de Relações Públicas, no planejamento estratégico da organização, é chamar a atenção para que a comunicação seja vista de forma universal, isto é, segundo Kunsch (2006) Faz-se necessário sensibilizar a alta administração da empresa ou a organização e conseguir seu comprometimento com a comunicação. Conceber a comunicação como fator estratégico na divulgação da missão e dos valores da organização perante todos os membros também é muito importante (KUNSCH, 2006, p. 45). Desta forma, o profissional de Relações Públicas inserido no planejamento estratégico deverá apropriar-se da comunicação na organização. Esse profissional 63 deverá prepara-se estrategicamente para exercer a função de gestor, a fim de levar todos os objetivos da organização para sua equipe de comunicação. Para Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) Os planejadores também podem atuar como catalisadores, não para promover o planejamento formal como uma espécie de imperativo, mas para encorajar qualquer forma de comportamento estratégico que faça sentido para uma determinada organização em determinada ocasião (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. 65). Portanto, vê-se claramente a necessidade de a organização investir no planejamento estratégico e repensar o papel do profissional de Relações Públicas inserido nesse grupo de decisões, como estrategista da comunicação, uma vez que os principais objetivos dessa aliança será antecipar cenários, estreitar relacionamentos com os públicos e agir estrategicamente a fim de alcançar os grandes objetivos organizacionais, demonstrando seu valor através da avaliação e mensuração dos resultados obtidos. 4.2 AS FASES DO PLANEJAMENTO Kunsch (2003, p. 217) entende o planejamento como “processo sistematizado que acontece por meio de sucessivas partes ou etapas”. Com base nos estudos da autora, é possível pensar o planejamento dividido em fases, que sintetizam o processo. A autora complementa esse pensamento afirmando que Existem aquelas que poderíamos considerar instâncias básicas, presentes em qualquer ato de planejar, e as mais específicas, expressas normalmente nos planos e projetos aplicados em determinadas áreas e setores especializados (KUNSCH, 2003, p. 217). Essas etapas ou fases que compõem o planejamento de uma organização podem ser divididas em planejamento estratégico, como já relatado anteriormente, planejamento tático e planejamento operacional. Cabe, aqui, o exercício de conceituar cada uma destas fases. 64 Para Oliveira (2004, p. 44), o planejamento pode ser considerado “um processo contínuo que envolve um conjunto complexo de decisões interrelacionadas que podem ser separadas de forma diferente”. Para demonstrar seu pensamento, Oliveira (2004, p.45) utiliza a “pirâmide organizacional”, que demonstra as fases do planejamento e os níveis hierárquicos das tomadas de decisão. A figura a seguir representa a pirâmide organizacional: Figura 2 - Níveis de decisão e tipos de planejamento Fonte: Reproduzido de Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira (2004, p. 45). Neste contexto, entende-se que o planejamento estratégico está relacionado aos grandes objetivos da empresa que, por sua vez, estão associados à missão da organização. Já o planejamento tático é desenvolvido a partir do estratégico e está associado a uma determinada área ou setor da organização. Enquanto o planejamento operacional, como o nome já diz, relaciona-se às operações, às tarefas que serão executadas, uma vez definidas nas fases anteriores. É importante ressaltar que o planejamento estratégico depende dos planejamentos tático e operacional para compor, de forma integrada, o processo sistemático e contínuo que representa as tomadas de decisões e o futuro das organizações. Ou seja, o planejamento estratégico precisa de plano e de ações para concretizar-se e garantir o sucesso da organização. 65 4.2.1 Os processos e o gerenciamento do Planejamento Estratégico Sabe-se, através dos estudos já relatados neste trabalho, que o planejamento estratégico é gerenciado pela alta administração da organização com base nos objetivos gerais previamente definidos, que vêm de acordo com a economia, a política, o mercado e demais fatores que interferem diretamente na definição de planos e metas a serem alcançados. Para Albuquerque (1983, p. 21), o planejamento estratégico “destina-se tanto à formulação dos objetivos quanto à escolha dos meios para atingi-los. O planejamento estratégico, portanto, se orienta para fins e para meios”. Com essa afirmação o autor entende que o planejamento estratégico é o que orienta as demais tomadas de decisões, que serão aplicadas ao planejamento tático e ao planejamento operacional, sucessivamente. Kunsch (2003) acredita que o planejamento estratégico Ocupa o topo da pirâmide organizacional. É responsável pelas grandes decisões estratégicas que envolvem as organizações como um todo. Caracteriza-se como de longo prazo e em constante sintonia e interação com o ambiente. O planejamento estratégico visa buscar as melhores formas para gerenciar as ações estratégicas das organizações, tendo por base as demandas sociais e competitivas, as ameaças e as oportunidades do ambiente, para que a tomada de decisões no presente traga os resultados mais eficazes possíveis no futuro (KUNSCH, 2003, p. 214). Nesse sentido, considera-se que o planejamento estratégico é o que orienta e conduz as tomadas de decisões gerais da organização. É importante ressaltar que a contribuição do profissional de Relações Públicas na construção do planejamento estratégico permite que os gestores da organização tenham aporte necessário para entender o quão a comunicação pode agregar valor e contribuir para atingir os objetivos gerais da organização. Dessa forma, defende-se a inserção do profissional de Relações Públicas no planejamento estratégico, que poderá participar da definição dos grandes objetivos da organização, os quais proporcionarão uma base sólida para o desenvolvimento e concretização das fases seguintes do planejamento: tática e operacional. 66 4.2.2 Planejamento Tático O planejamento tático pode ser considerado como o planejamento específico para um setor, ambiente ou departamento da organização. É através dele que se estabelecem as ações que serão executadas no planejamento operacional, para atingir os objetivos definidos no planejamento estratégico. Essa fase do planejamento é a responsável pela intermediação entre o estratégico e o operacional, contribuindo para que os objetivos sejam alcançados. Para Oliveira (2004), O planejamento tático tem por objetivo otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo. Portanto, trabalha com decomposição dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidos do planejamento estratégico. O planejamento tático é desenvolvido em níveis organizacionais inferiores, tendo como principal finalidade a utilização de recursos disponíveis para a consecução de objetivos previamente fixados, segundo uma estratégia predeterminada, bem como as políticas orientativas para o processo decisório da empresa (OLIVEIRA, 2004, p.48). Seguindo a hierarquia da organização, o planejamento tático é idealizado pelas pessoas que ocupam cargos intermediários, como os gerentes e os coordenadores, que terão a missão de otimizar os recursos existentes e definir ações e estratégias relacionadas aos objetivos maiores, consolidados no planejamento estratégico. Complementando este pensamento, Kunsch (2003) entende que o planejamento tático [...] atua numa dimensão mais restrita e em curto prazo. Restringe-se a certos setores ou a áreas determinadas das organizações. É, portanto, mais específico e pontual, buscando dar respostas às demandas mais imediatas, por meio de ações administrativas e técnicas eficientes. Serve de meio ou instrumento para implementação do plano estratégico, mediante a correta utilização dos recursos disponíveis com vistas na obtenção dos objetivos propostos ou prefixados (KUNSCH, 2003, p. 214). Analisa-se, através do pensamento de Kunsch (2003, p. 214), que o planejamento tático exige um curto prazo de realização, por isso, deve ser mais objetivo, isto é, nele devem conter as principais ações e os principais meios pelos quais as tarefas serão executadas. Por isso, a importância de se ter objetivos 67 concretos e alcançáveis, que são definidos no planejamento estratégico, para que, na construção do planejamento tático, se estabeleçam, de forma mais eficiente, as ações a serem seguidas. Para Oliveira (2004, p.48), alguns exemplos de áreas que desenvolvem o planejamento tático são: mercadológico, financeiro, recursos humanos, produção e organizacional. No entanto, há de se acrescentar, ainda, nessa relação o planejamento tático de comunicação, no qual o profissional de Relações Públicas será o gestor e terá a função de planejar, controlar e monitorar os processos e apresentar os resultados obtidos, com base na avaliação e mensuração dos retornos em comunicação. Para isso, deverá contar com um setor operacional, que desenvolverá o planejamento operacional, a fim de alinhar as estratégias e concretizar ações preestabelecidas. 4.2.3 Planejamento Operacional O planejamento operacional, por sua, vez, é o responsável pela concretização das ações e operacionalização das funções que se fizerem necessárias para atingir os objetivos que foram definidos no planejamento estratégico da organização. O planejamento operacional é responsável pela instrumentalização e formalização, por meio de documentos escritos, de todo o processo do planejamento, bem como das metodologias adotadas. Controla toda a execução e procura corrigir os desvios em relação às propostas sugeridas. Permite visualizar as ações futuras num contexto operacional em termos de hierarquia funcional (KUNSCH, 2003, p.215). Essa definição de Kunsch (2003, p.215) estabelece a real importância do planejamento operacional, pois é através dele que as ações se concretizam e que se pode medir os resultados obtidos. Os resultados são avaliados visando o alcance dos objetivos definidos no planejamento estratégico, ou seja, para que se possa mensurar os resultados é preciso compará-los com os objetivos, fazendo uma análise do que foi proposto e os resultados obtidos. Enfatiza-se a importância da definição dos objetivos concretos, pois para Yanaze, Freire e Senise (2013, p.49), “planejar significa estabelecer objetivos e 68 metas, bem como definir as estratégias para alcançá-los”. Para a avaliação das ações executadas no planejamento operacional, é fundamental que os objetivos sejam estabelecidos de forma clara e precisa, a fim de evitar desperdícios de tempo e investimentos. Isso significa que de nada adianta um planejamento estratégico alinhado com os grandes objetivos da organização, se os resultados obtidos das ações propostas no planejamento tático e realizadas no planejamento operacional, não forem avaliados, medidos e mensurados. Müller (2004, p. 5) afirma que “não adianta definir um rumo e depois ficar sem saber se a empresa está no caminho certo”. Para Oliveira (2004, p. 49) “os planejadores operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático”. Isso significa que cada um dos planejadores operacionais tem uma função específica e que deve buscar o entendimento necessário para executar sua tarefa. Entre as principais informações que o planejador operacional deve ter estão, segundo Oliveira (2004): . os recursos necessários para seu desenvolvimento e implementação; . os procedimentos básicos a serem adotados; . os resultados finais esperados; . os prazos estabelecidos; e . os responsáveis por sua execução e implantação (OLIVEIRA, 2004, p.49). Dessa forma, os planejadores operacionais são os responsáveis por garantir que todos os objetivos planejados durante o processo, se materializem de fato. Müller (2004, p.46) contribui, afirmando que “qualquer estratégia só é boa se a execução for boa”. Ou seja, as estratégias definidas no planejamento tático só terão sucesso se forem bem executadas no planejamento operacional. Cabe, ainda, afirmar que as três fases do planejamento (estratégica, tática e operacional) formam um ciclo contínuo que deve estar em constante operação, uma vez que fazem com que a organização evolua e tenha sucesso nos resultados planejados. 4.3 DIRETRIZES DA ORGANIZAÇÃO Toda e qualquer organização possui uma cultura própria que vai ao encontro dos pensamentos e objetivos de seus idealizadores. Ou seja, quando uma 69 organização inicia suas atividades, já carrega consigo uma razão de ser e um posicionamento cultural, que traduzem as convicções filosóficas de seus idealizadores, além de uma visão para o futuro, a qual está diretamente associada com os motivos pelos quais a organização existe. O que muitas organizações não sabem é que as diretrizes que a movem (missão, visão e valores) devem ser formuladas, divulgadas e implementadas, de forma estratégica, no dia a dia da organização. Kunsch (2003) analisa a importância de se aplicar as diretrizes organizacionais, uma vez que será a base para o planejamento estratégico da organização. [...] para uma maior efetividade do planejamento estratégico e mesmo para a compreensão do seu processo nas organizações, as concepções de missão, visão e valores são também incorporadas e constituem, na contemporaneidade, palavras-chave que estão presentes tanto no debate acadêmico quanto na gestão cotidiana das organizações (KUNSCH, 2003, p. 241). Compreende-se que as diretrizes estão diretamente associadas ao posicionamento da organização, de sua imagem e de seus interesses estratégicos, uma vez que deverão ser levadas em consideração para criar e manter sua missão, sua visão de futuro e seus valores, que representam, juntos, a sua cultura, que se torna indissociável das práticas organizacionais. Desta forma, segundo Kunsch (2003) A missão, a visão e os valores podem ser considerados elementos focais e norteadores do planejamento estratégico. São vocábulos de alta significação para a vida das organizações que dão sentido à prática de suas atividades. Identificar quais são a missão, a visão e os valores de uma organização, analisando o conteúdo dos seus enunciados, constitui uma tarefa muito importante para equacionar a pertinência, ou não, de tais enunciados e se eles estão coerentes com a prática institucional (KUNSCH, 2003, p.249). Isso significa, por sua vez, que os gestores do planejamento estratégico devem alinhar os grandes objetivos da organização com base nas diretrizes da organização, uma vez que as diretrizes definem o foco e norteiam as decisões a serem tomadas. Essa questão determina uma postura aberta e acessível dos gestores que por sua vez devem levar em consideração os objetivos da organização, abrindo mão, muitas vezes, de interesses pessoais. 70 Cabe, aqui, salientar um aspecto muito significativo para os profissionais de Relações Públicas, pois a inserção desse profissional no planejamento estratégico, possibilitará à organização uma visão ampla e integrada, pois fará com que a comunicação seja conduzida de forma estratégica com seus diversos públicos. 4.3.1 Missão Oliveira (2004) define a missão de uma organização como [...] determinação do motivo central do planejamento estratégico, ou seja, a determinação de ‘onde a empresa quer ir’. Corresponde a um horizonte dentro do qual a empresa atua ou poderá atuar. Portanto, a missão representa a razão de ser da empresa (OLIVEIRA, 2004, p.76). Sendo assim, a missão compreende os motivos pelos quais a organização existe, além de estabelecer uma postura estratégica, que condiz com a maneira como a organização posiciona-se diante de seus públicos. Para Silva et al. (2006, p. 24), a missão de uma organização “implica entendimento do propósito de uma organização e de qual é o seu negócio, permitindo o estabelecimento de prioridades, estratégias e planejamento de alocação de seus recursos”. Ou seja, a missão pode orientar as decisões que a organização irá tomar, uma vez que, estabelecida na concepção da organização, assume o compromisso com os públicos da organização. Silva et al. (2006) complementam esse enfoque, afirmando que a missão [...] implica seleção de crenças norteadoras com base na visão empresarial com a qual as pessoas se identificam, depositando sua fé e esperança no futuro. A declaração de missão é elaborada com a expectativa que dure para sempre (SILVA; et al., 2006, p. 24). Dessa maneira, a missão deve conter informações visando um longo prazo, ou até mesmo prazo eterno, pois a essência e a vocação da organização não devem ser algo instável, que mudam constantemente, conforme a economia, por exemplo. 71 Segundo o pensamento de Kunsch (2003) As organizações, mediante o estabelecimento de sua missão, orientam e delimitam suas ações e seu campo de atuação. A missão expressa a razão de ser de uma organização e o papel que ela exerce na sociedade e no mundo dos negócios. Explicita seus propósitos e suas realizações, descrevendo os produtos ou serviços que se empenha em produzir e oferecer (KUNSCH, 2003, p.249). Constata-se, então, que a missão é estabelecida com base nas estratégias de negócio, ramo de atuação e a contribuição da organização para com a sociedade, visando informar os motivos pelos quais ela existe e as razões que norteiam sua atividade. Müller (2014) estabelece alguns aspectos importantes, pelos quais a organização deve pensar sua missão, sendo eles: . Ela ajuda a concentrar o esforço das pessoas para uma direção comum; . Ela ajuda a assegurar que a organização não persiga propósitos conflitantes; . Ela serve de base lógica geral para alocar recursos organizacionais; . Ela estabelece áreas amplas de responsabilidade por tarefa dentro da organização; . Ela atua como base para o desenvolvimento de objetivos organizacionais (MÜLLER, 2014, p. 26). Os aspectos citados por Müller (2014, p.26) são fundamentais para que a organização, através de seus gestores e idealizadores, pense e escreva sua missão para depois compartilhar com seus públicos, principalmente com os públicos essenciais, como forma de guia ou manual, a fim de uma consciência única e consolidada com relação aos princípios da organização. Afinal, no pensamento contemporâneo torna-se fundamental saber o que se é e para onde se está indo. A contribuição do profissional de Relações Públicas na construção da missão organizacional pode ser um fator decisivo para que haja coerência nas informações ali dispostas. Kunsch (2003) segue este pensamento, afirmando que Um trabalho integrado dessas duas áreas [alta gestão e comunicação] certamente possibilitará às organizações tornar seu conceito de missão muito mais abrangente e sintonizado com os novos tempos. Portanto, a missão de uma organização não deve se restringir aos propósitos com vistas nas realizações de negócios e nas estratégias competitivas, mas deve contemplar os valores, a cultura corporativa, expressa em padrões e comportamentos dos indivíduos nas organizações. Só assim terá sentido e razão de existir (KUNSCH, 2003, p. 252). 72 Com isso, o profissional de Relações Públicas, inserido no planejamento estratégico visando contribuir para o desenvolvimento da missão organizacional, poderá planejar estrategicamente a forma de comunicação para divulgar a missão da organização para seus públicos, uma vez que esse profissional pode ser considerado o gestor dos relacionamentos com os públicos. Rezende (2011) também contribui para este pensamento, pois entende que É muito importante que, além de descrita, a missão seja entendida, divulgada e vivenciada por todos na organização. Na medida em que a missão é efetivamente aplicada, ela pode propiciar inúmeros benefícios para a organização, seus funcionários e seus interessados, contribuindo significativamente para a identidade e a inteligência da organização (REZENDE, 2011, p. 98). Assim, o profissional de Relações Públicas possui papel estratégico, a fim de estruturar uma política de comunicação eficaz para disseminar a missão da organização. Além do mais, o profissional deve adotar indicadores para avaliar e mensurar os resultados das ações realizadas para divulgação, contribuindo para fomentar a cultura dos resultados tangíveis em comunicação. 4.3.2 Visão A visão de uma organização está diretamente associada com o olhar estratégico para o futuro, demonstrando aonde a organização quer chegar, numa abordagem mais ampla que permite estabelecer cenários previsíveis em médio e longo prazo. Para Müller (2014, p. 29), a visão de uma organização “envolve a construção de cenários e objetivos a serem buscados pela empresa em um futuro de médio prazo, considerando as atuais tendências e influências, visando a sua competitividade”. Ou seja, deve-se pensar a visão como algo específico que se deseja alcançar, algo que seja possível e não ilusório, e que contribuirá para o sucesso da organização. 73 Segundo estudos de Rezende (2011), a visão é [...] a descrição do cenário ou do sonho da organização. Está relacionada com a projeção de oportunidades futuras da organização, questionando onde a mesma quer chegar e como quer ser percebida ou reconhecida pelo meio ambiente interno e externo que a envolve (REZENDE, 2011, p.98). Então, a visão pode ser considerada uma forma de mostrar aos públicos o grande objetivo que a organização almeja, visualizando um cenário de mudanças favoráveis e altamente construtivas para o desenvolvimento e crescimento da organização. Complementando esse pensamento, Rezende (2011) entende que A visão da organização deve corresponder a um desafio estratégico, inovador, criativo e empreendedor da organização. Tal desafio deve ser amplamente discutido em atividades participativas e posteriormente divulgado interna e externamente. Depois de entendida e formalizada, deve ser vivenciada por todos na organização. Dessa forma, a organização evita o conformismo, a mesmice cotidiana e a ‘zona de conforto’, planejando, motivando e inspirando as pessoas (REZENDE, 2011, p. 99). Logo, a visão tem como objetivo uma mudança ou um crescimento possível, a fim de permitir que os públicos com os quais ela interage saibam que a organização está trabalhando para atingir objetivos maiores. Cabe ressaltar que a visão, assim como a missão da organização, deve ser vivida e praticada no dia a dia da organização, para que haja coerência dos seus objetivos com suas ações. A prática do profissional de Relações Públicas na construção do planejamento de comunicação e no papel de gestor dos relacionamentos organizacionais com seus públicos, faz com que ele tenha discernimento para apoiar a alta gerência administrativa na construção de sua visão de futuro, decidida no planejamento estratégico. O pensamento de Kunsch (2003) contribui para essa afirmação. A visão da organização está relacionada com o futuro. É como ela deseja ser vista, considerada pelos seus públicos estratégicos, seus clientes, acionistas, etc. Espelha-se no futuro para agir no presente. Em outras palavras, trata-se de ver aonde a organização quer chegar, e como fará e que meios utilizará para alcançar esse objetivo. Assim como a missão, as definições de visão devem ser claras, e apoiar-se em princípios e valores e motivar as pessoas. A área de relações públicas tem um papel importante no sentido de ajudar as organizações a contemplar todos esses aspectos no conceito de visão de uma organização, tornando-o público e convertendo-o em elo comprometedor para atingimento do que foi idealizado ou proposto (KUNSCH, 2003, p. 252-253). 74 Dessa forma, pode-se dizer que o profissional de Relações Públicas possui características importantes para auxiliar na construção da visão da organização, com base na sua especialização em comunicação e sua capacidade de relacionarse estrategicamente com os públicos que a cercam. Para contribuir com esta análise, Müller (2014) cita algumas características fundamentais que a visão de uma organização deve ter. Para o autor a visão deve ser: . Clara, abrangente e detalhada; . Desafiadora e inspiradora; . Compartilhada pelas pessoas da organização; . Motivadora e inovadora; . Desenvolvida pelo líder (MÜLLER, 2014, p.30). Com isso, ressalta-se que os gestores da organização devem ter ideias claras dos objetivos da organização, pois o processo desta definição será o ponto de partida para o rumo da organização. Oliveira (2004) chama a atenção para uma importante questão com relação a visão da organização, pois acredita que é na visão que [...] identificam-se quais são as expectativas e os desejos dos acionistas, conselheiros e elementos da alta administração da empresa, tendo em vista que esses aspectos proporcionam o grande delineamento do planejamento estratégico a ser desenvolvido e implementado (OLIVEIRA, 2004, p.69). São por esses motivos que a visão de uma organização deve ser pensada e planejada de forma estratégica a fim de caracterizar os princípios da organização, seus valores, tendo em vista os anseios e ambições de seus gestores. 4.3.3 Valores A maneira como os gestores da organização enxergam o mundo é transmitida na forma de pensar, planejar e agir da organização, ou seja, a questão cultural que permeia as atividades e as ações organizacionais vem ao encontro dos valores transmitidos pelos seus idealizadores. 75 Müller (2014) considera essa relação cultural diretamente associada aos valores da organização, por isso entende que Valores são padrões profundamente arraigados que influenciam quase todos os aspectos da vida das pessoas, definindo suas atitudes quanto a: julgamentos morais, respostas dos outros, compromissos em relação a metas pessoais e organizacionais... As pessoas são motivadas e tomam decisões com base em seus sistemas de crenças e valores, normalmente inconscientes. Os princípios ou valores ou crenças são guias para o processo decisório e para o comportamento da empresa no cumprimento da Missão e na busca da Visão de Futuro (MÜLLER, 2014, p. 27). Com isso, os valores de uma organização existem antes mesmo de existir a sua missão e sua visão, uma vez que fazem parte das pessoas (não podendo separar o lado pessoal do profissional) que idealizaram e criaram ou administram a organização. Além do mais, se os valores estão relacionados às primeiras concepções da organização, há de se levar em consideração os princípios éticos que norteiam as ações da organização, sua conduta, suas políticas de relacionamentos, suas práticas diárias de comportamento, entre outros. Complementando esse enfoque, Rezende (2011) acredita que Os valores relatam aquilo em que a organização acredita e o que pratica. Também são chamados de princípios da organização. Estão relacionados com ‘algo atribuído’ de grande estima ou valia, apreço, consideração e respeito. Referem-se aos preceitos de talento, coragem, intrepidez, ousadia, valentia, ânimo, força, audácia, vigor e outras palavras correlatas (REZENDE, 2011, p. 100). Dessa forma, entende-se que pelos valores relatarem as atitudes e filosofias da organização devem ser avaliados e determinados pelos gestores no planejamento estratégico, a fim de haver uma consolidação de opiniões e integração das premissas mais importantes que irão nortear as decisões futuras da organização. Mesmo que, segundo Kunsch (2003, p. 253), os valores frequentemente não sejam vistos nos manuais de planejamento estratégico, considera-se que todas as organizações possuem seus valores, estejam eles explícitos ou não. Os valores fazem parte da cultura organizacional da organização. Esta questão é enfatizada, pois se percebe que mesmo tendo seus valores próprios, algumas vezes, as 76 organizações não os divulgam ou até mesmo não os definem. A autora (2003) complementa seu pensamento, afirmando que “cada organização opta por determinados valores, de acordo com o pensamento e a filosofia do seu fundador. O importante é cultivá-los e fixá-los, tornando-os públicos para um maior comprometimento”. Cabe, ainda, citar Silva et al. (2006), que entendem que As organizações que possuem valores positivos arraigados levam vantagem sobre as demais, porque nos períodos de crise eles são muito importantes na construção da reação da empresa. Não basta que apenas a alta administração esteja sinceramente comprometida com os valores da organização; é preciso que todos os seus colaboradores compartilhem dos mesmos ideais. Empresas com valores indefinidos criam uma ambiência interna com ausência de ética, crenças e ideais. Consequentemente, com muitos caminhos para diferentes posturas e atitudes (SILVA et al. 2006, p. 21). Os valores, dessa forma, assim como a missão e a visão da organização, devem ser praticados diariamente no ambiente organizacional para que sejam implantados, afinal, não basta serem idealizados pelos gestores administrativos e não serem coerentes com o dia a dia na organização. Além disso, é importante ressaltar que os valores da organização devem ser sérios e verdadeiros, pois é nos momentos de dificuldade que a organização poderá, a partir dos seus valores, estabelecer as prioridades e também a forma com que conduzirá suas atitudes, suas ações, a fim de transmitir um ambiente ético e comprometido com seus ideais. Tanto a missão, como a visão e também os valores das organizações são fundamentais para que se possa analisar e avaliar os ambientes organizacionais, que podem ser interno e externo, assim como as ameaças e as oportunidades da organização. Essa análise se torna parte integrante e indispensável para a construção do planejamento estratégico. 4.4 A ANÁLISE DOS AMBIENTES ORGANIZACIONAIS Sabe-se que organização é um sistema social e que todo sistema possui partes que o integram, formando um conjunto único com o mesmo propósito. Essas 77 partes ou elementos que integram a organização podem ser as pessoas, os principais objetivos, os processos, os indicadores, etc. Estes elementos, por sua vez, são influenciados pelos ambientes que compõem a organização, sendo eles interno e externo. Segundo Oliveira (2004, p.55), o “ambiente é o conjunto de todos os fatores que, dentro de um limite específico, se possa conceber como tendo alguma influência sobre a operação do sistema, o qual corresponde ao foco do estudo”. Com isso, entende-se que os fatores que correspondem à organização (sistema), influenciam direta ou indiretamente o funcionamento da organização, pois a organização pode sofrer mudanças com base nas influências internas e externas. Ainda para Oliveira (2004, p. 55), alguns exemplos de fatores que influenciam na organização são: mercado de mão de obra, concorrência, consumidores, comunidade, tecnologia, sindicatos, sistema financeiro, fornecedores, governo, etc. O planejamento estratégico se dá a partir dessa análise dos ambientes da organização, afinal, se faz necessário entender os cenários para que se possa planejar as ações futuras. Para Oliveira (2004), Os fatores ambientais aliados a uma aceleração da taxa de mudança e consequente redução do tempo necessário para a tomada de decisões podem trazer impacto mais ou menos contundente sobre a empresa. Os efeitos favoráveis ou desfavoráveis das forças ambientais podem ter caráter temporal variável e, consequentemente, as decisões tomadas no sentido de reagir a esses estímulos terão uma dimensão temporal de curto ou longo alcance. E é dentro desse contexto que se costuma definir o planejamento estratégico e diferenciá-lo do planejamento tático ou do planejamento operacional (OLIVEIRA, 2004, p. 52). Portanto, a análise dos ambientes da organização está diretamente associada ao planejamento estratégico, uma vez que esses fatores interferem na velocidade das mudanças que a organização poderá sofrer e na busca pelo crescimento constante, sempre visando a imprevisibilidade dos acontecimentos externos que independem da organização. Reforça-se, então, a importância do planejamento estratégico para que a organização possa buscar o desenvolvimento através da análise dos ambientes interno e externo, tendo em vista seus pontos fracos e fortes, assim como suas ameaças e oportunidades de crescimento. 78 Este cruzamento de fatores positivos e negativos para a organização permite analisar e avaliar seus ambientes, pois os resultados obtidos através deste diagnóstico nortearão as decisões do planejamento estratégico. Müller (2014) acredita que A Análise do Ambiente também é denominada por Diagnóstico Estratégico, o qual determina a natureza do problema estratégico de uma empresa. [...] o diagnóstico estratégico é o procedimento necessário para responder a duas perguntas: (i) Como diagnosticar os desafios ambientais futuros com os quais se defrontará a empresa? (ii) Como determinar a reação estratégica da empresa que garantirá o sucesso? (MÜLLER, 2014, p. 32). Ou seja, através da análise ambiental organizacional é possível diagnosticar estratégias que possibilitarão o mapeamento do planejamento estratégico, visando ações futuras coerentes e preestabelecidas com base na previsão de mudanças ou não dos cenários avaliados. Tendo em vista a construção de um planejamento estratégico sólido e comprometido com as diretrizes organizacionais, há de se compreender como se dá a análise dos ambientes da organização, uma vez que, segundo Kunsch (2003), As organizações, para sobreviver, precisam necessariamente relacionar-se com seu meio ambiente, não só influenciando e causando impacto sobre eles, mas, sobretudo sendo influenciadas e sofrendo seus impactos. Principalmente na atualidade, com as inúmeras mudanças no campo político, tecnológico, econômico e social, o ambiente é uma força propulsora que ninguém pode desconhecer. [...] As organizações mudam porque a sociedade impulsiona as mudanças e exige novas posturas institucionais (KUNSCH, 2003, p. 255-256). Sob esse aspecto, pode-se pensar as organizações como agentes e reagentes das influências ambientais, pois além de causar transformações na sociedade, recebem, sobretudo, influências externas que transformam suas ações, processos, pensamentos, etc., permitindo uma ampla visão do futuro em que a organização estará inserida. 79 4.4.1 Ambiente Interno: Pontos Fortes e Fracos No ambiente interno das organizações analisa-se os pontos fortes e os pontos fracos existentes, a fim de entender e avaliar o comportamento estratégico das organizações. Para justificar este pensamento, Müller (2014, p. 42), acredita que “voltar-se para dentro da empresa permite a identificação das forças e fraquezas da organização, unificando perspectivas internas divergentes e consequentemente apresentando um quadro mais compreensivo da empresa”. No planejamento estratégico das organizações, há uma necessidade de se antecipar cenários, isto é, deve-se compreender a organização através de seu ambiente interno, no qual a própria organização interfere positiva ou negativamente em seu desempenho, a fim de alcançar seus objetivos. Segundo Almeida (2003), Nesta atividade de análise dos aspectos internos dão identificados, inicialmente, os fatores de sucesso de uma empresa em seu ramo de atividade, de uma unidade de empresa ou de um profissional, que levam a entidade ao cumprimento de sua missão (razão de ser) ou vocação. [...] são fatores considerados como chave, ou seja, cujo desenvolvimento será determinante e principal responsável para que uma entidade se sobressaia em relação a outras entidades (ALMEIDA, 2003, p.16). Com base nesse pensamento, a organização torna-se a principal responsável pela divulgação e compreensão da sua missão para com seu público interno, isto é, seus funcionários, principalmente, precisam entender e vivenciar a missão que a norteia a organização. Isso porque, ao analisar o ambiente interno de uma organização, leva-se em consideração a coerência de suas ações e pensamentos com a sua missão, sua visão e seus valores. Ou seja, se os funcionários estão comprometidos com a missão da empresa ao realizarem as tarefas que a eles são atribuídas, pode-se dizer que este é um ponto forte para a análise ambiental, considerando-se que o contrário também é verdadeiro e caracterizar-se-ia como um ponto fraco. 80 De acordo com estudos de Müller (2014), [...] os pontos fortes são características ou forças internas controláveis da empresa, tangíveis ou intangíveis, que, se bem utilizadas, permitem alcançar vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Já os pontos fracos são características ou forças internas controláveis, tangíveis ou intangíveis, que, se expostas ao ambiente, dificultam alcançar vantagem competitiva sobre seus concorrentes (MÜLLER, 2014, p.42-43). O autor (2014) chama a atenção para um ponto muito importante, falando de estratégias de negócio. Ele analisa os pontos fortes como algo que deve ser usado a favor da organização para se sobressair com relação à concorrência, mas também observa que, os pontos fracos, por sua vez, se não identificados corretamente e trabalhados como forma de correção, poderão ser empecilhos que poderão dificultar e interromper o sucesso da organização. Ainda sob o ponto de vista de Müller (2014), Na análise do ambiente interno, também são importantes a caracterização e o mapeamento dos processos da empresa, a identificação de problemas e a análise de relações para futura definição dos projetos de melhorias (projetos que conduzirão a efeitos sobre os fatores competitivos externos). Nesse ponto são utilizadas técnicas de entrevista e/ou brainstorming para o levantamento dos principais pontos fortes e fracos (MÜLLER, 2014, p.43). Dessa maneira, o que compreende-se é que o ambiente interno, através da análise de seus pontos fortes e pontos fracos, interfere diretamente do ambiente externo, que é o responsável pela análise das ameaças e das oportunidades da organização. Ou seja, é preciso que haja uma relação mútua de confiança entre a organização e seus funcionários, a fim de gerar um ambiente interno seguro e agradável. Desenvolver ações internas que envolvam os funcionários e que tragam suas reais percepções com relação a organização, é uma forma eficaz de obter resultados construtivos para o sucesso da organização. Oliveira (2004) acredita que através do planejamento estratégico e da análise correta de seu ambiente interno, a organização pode a) Conhecer melhor e utilizar seus pontos fortes. Ponto forte é a diferenciação conseguida pela empresa – variável controlável – que lhe proporciona uma vantagem operacional no ambiente empresarial. b) Conhecer e eliminar ou adequar seus pontos fracos. Ponto fraco é uma situação inadequada da empresa – variável controlável – que lhe proporciona uma desvantagem operacional no ambiente empresarial (OLIVEIRA, 2004, p.64). 81 Com isso, entende-se que o ambiente interno oportuniza a análise e avaliação dos pontos fortes e dos pontos fracos da organização, baseados nas ações de seus funcionários, nos processos, nos indicadores, enfim, em fatores que determinam a forma com que a organização considera seu ambiente interno, podendo ser considerados fatores controláveis, isto é, a organização intervém positiva ou negativamente para a construção destes fatores. 4.4.2 Ambiente Externo: Ameaças e Oportunidades O que diferencia a análise do ambiente interno e do ambiente externo, principalmente, é o fato de que os fatores que determinam o sucesso da análise desse último não podem ser controláveis pela organização. Ou seja, são as ameaças externas e as oportunidades de crescimento e desenvolvimento da organização que permeiam a análise deste ambiente e que não possuem interferência da organização. Segundo Kunsch (2003), O ambiente externo ou macroambiente é constituído por um conjunto de variáveis ou fatores externos econômicos, sociais, políticos, legais, demográficos, tecnológicos, culturais, ecológicos que influenciam direta e indiretamente a vida das organizações (KUNSCH, 2003, p. 255). Isso significa que a análise do ambiente externo das organizações de dá através de fatores que independem da organização. É através da análise do ambiente externo que a organização permeia suas ações e impulsiona as mudanças e o crescimento organizacional. Dessa forma, para Oliveira (2004), é através do planejamento estratégico e da análise correta de seu ambiente externo, que a organização pode c) Conhecer e usufruir as oportunidades externas. Oportunidade é a força ambiental incontrolável pela empresa, que pode favorecer sua ação estratégica, desde que conhecida e aproveitada, satisfatoriamente, enquanto perdura. d) Conhecer e evitar as ameaças externas. Ameaça é a força ambiental incontrolável pela empresa, que cria obstáculos a sua ação estratégica, mas que poderá ou não ser evitada, desde que conhecida em tempo hábil (OLIVEIRA, 2004, p. 64-65). 82 Constata-se, então, que na análise do ambiente externo estão concentrados os fatores relacionados às expectativas, ambições, sonhos da organização, assim como, seus obstáculos, seus desafios e suas deficiências. Complementando esse enfoque, Kunsch (2003) pensa que: [...] as organizações contemporâneas e as de qualquer período da história da humanidade sempre sofrerão os impactos da complexidade ambiental de cada era. Para tanto, elas precisam ter susceptibilidade bastante para enfrentá-la e tomar medidas eficazes, de forma que os condicionantes externos não prejudiquem seu crescimento ou sua própria sobrevivência. As organizações têm de se comportar flagrantemente como sistemas abertos (KUNSCH, 2003, p. 256). Com isso, deve-se enfatizar a importância do planejamento estratégico, pois é através da antecipação e previsão de diversos fatores externos, que será possível analisar e avaliar as ameaças e as oportunidades da organização. Afinal, a organização recebe influências que são incontroláveis, mas que poderão ser previsíveis, se analisadas de forma estratégica. Nesse contexto, cabe ressaltar o papel estratégico do profissional de Relações Públicas, sendo que uma de suas principais funções é, segundo Ferrari (2011) [...] preparar a organização para a administração de conflitos e o enfrentamento de ameaças. Diante dos inúmeros desafios que podem atingir as organizações, ele se adianta e analisa os contextos interno e externo em suas dimensões social, econômica, política, tecnológica e comunicacional, com o propósito de identificar um conjunto de pontos fortes e pontos fracos, de ameaças e oportunidades, e de compreender o mecanismo de relacionamento com os públicos que os compõem, o que lhe dá base para a proposição de soluções estratégicas e de objetivos e metas de comunicação coerentes com as metas e objetivos da organização (FERRARI, 2011, p.164). Nessa concepção, vê-se o profissional de Relações Públicas, na construção do planejamento estratégico, como o analista de cenários, uma vez que, esse profissional possui um conjunto de características que possibilita atuar estrategicamente com as novas tecnologias, com as mudanças comportamentais, com a gestão dos relacionamentos organizacionais, enfim, uma série de conhecimentos que formam a postura deste profissional, na constante busca de novos saberes. 83 4.4.3 Análise SWOT como ferramenta de diagnóstico Sabe-se que o planejamento estratégico considera a organização como um todo, integrando seu ambiente interno, que envolve os pontos fracos e os pontos fortes, e também o ambiente externo, que envolve as ameaças e as oportunidades. Por constatar essa integração e auxiliar no diagnóstico desses fatores, cabe analisar o desempenho da matriz SWOT, também chamada por alguns autores de FOFA, que é um termo em inglês que agrupa as Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), considerada, Oportunidades (Opportunities) ainda, uma ferramenta que e Ameaças auxilia a (Threats), organização sendo em seu posicionamento estratégico, com base nos ambientes analisados. A matriz SWOT, segundo Müller (2014) é, Uma ferramenta bastante utilizada no delineamento das ações estratégicas, auxiliando também na sua priorização, onde se faz o relacionamento entre os ambientes interno e externo. Desse relacionamento resulta o que se pode chamar de postura estratégica (MÜLLER, 2014, p.50). Desta maneira, compreende-se matriz SWOT como uma maneira de diagnosticar elementos fundamentais na construção do planejamento estratégico da organização. Atribui-se à matriz SWOT a função de analisar fatores internos e externos que poderão auxiliar as tomadas de decisões da organização. Segundo Oliveira (2012), toda organização que realiza planejamento estratégico obrigatoriamente utiliza a matriz SWOT, pois através dela pode-se obter mais assertividade na definição dos objetivos organizacionais. A imagem a seguir demonstra quais as perguntas que se deve responder sobre os ambientes organizacionais, a fim de utilizar a análise SWOT, lembrando que as forças e as fraquezas remetem ao ambiente interno e as oportunidades e as ameaças remete ao ambiente externo. 84 Figura 3 - Composto da análise SWOT Fonte: SERAFIM, Ana, 2013. Disponível em: https://www.portal-gestao.com/item/6971-aan%C3%A1lise-swot-%E2%80%93comoencontrar-asolu%C3%A7%C3%A3o-certa.html. Complementando seu pensamento, Serafim (2013), entende que A análise SWOT é um quadro de referência simples, mas útil, para analisar as forças e fraquezas da sua empresa e as oportunidades e ameaças que está, ou pode vir, a enfrentar. Ajuda-o a focar-se nas suas forças, a minimizar ou compensar as fraquezas e a tirar o máximo partido das oportunidades disponíveis para si. Também pode usá-la para compreender melhor a sua concorrência, dando-lhe os conhecimentos necessários para desenhar uma estratégia competitiva coerente e bem sucedida (SERAFIM, 2013). Dessa forma, compreende-se a análise SWOT como uma forma útil e estratégica de prever acontecimentos e antecipar cenários, por isso, a importância da sua utilização no planejamento estratégico da organização. Oliveira (2012) acredita que a utilização da análise SWOT no planejamento estratégico da organização permite: . Identificar o que faz a empresa mais efetiva (forças), o que aumenta a confiança nas ações a serem tomadas, além de fornecer um caminho mais seguro para a atuação no mercado; 85 . Identificar os pontos de melhoria da empresa (fraquezas), o que permite planejar ações de correção e ajuste; . Capitalizar nas oportunidades identificadas; . Mitigar os riscos inerentes às ameaças identificadas; . Atingir um maior grau de compreensão do negócio, o ambiente e o mercado da empresa (OLIVEIRA, 2012). Estas vantagens na utilização da análise SWOT são reconhecidas pelos gestores das organizações, fazendo com que se repensem os resultados negativos e também que se valorizem os resultados positivos. No entanto, alguns estudiosos questionam a eficácia da análise SWOT no aprimoramento das atividades da organização, pois consideram, segundo Oliveira (2012), os fatores analisados muito subjetivos, uma vez que não se especifica exatamente o que cada um significa, além de entenderem que não há um questionamento e verificação sobre os fatores levantados, a fim de comprovar os dados e, por fim, acreditam que muitas vezes não é feita a correta distinção dos fatores internos e externos, comprometendo o resultado final da análise. Para Müller (2014), alguns possíveis resultados da análise SWOT, podem ser: Uma incidência de ameaças externas associadas a muitos pontos fracos indica a necessidade de sobrevivência, ou seja, a empresa precisa reduzir custos, desinvestir ou até vender esse negócio. Já se a empresa encontrar forte relacionamento de pontos fracos internos com oportunidades externas deve-se buscar rapidamente o crescimento para solidificar o posicionamento da empresa no setor. [...] Quando se tem maior incidência de pontos fortes aliados a oportunidades, tem-se, provavelmente uma posição, mesmo que potencial, de liderança de mercado, necessitando a empresa desenvolvê-lo. Por fim, um cruzamento de ameaças e pontos fortes indica uma possível estagnação do negócio onde a empresa tem uma posição de liderança e aponta para a necessidade de manutenção da posição da empresa, tentando retirar lucros residuais do negócio (MÜLLER, 2014, p. 50-51). Com isso, deve-se avaliar estrategicamente todos os fatores relacionados aos ambientes interno e externo, a fim de que se possa buscar parâmetros que justifiquem a construção da análise SWOT. Nesse sentido, as organizações devem adotar sistemáticas que permitam a busca e o constante monitoramento de informações que facilitarão as análises ambientas. Este pensamento contemporâneo faz referência à inteligência estratégica, uma vez que requer esforços e investimentos, aliados a disposição de construir análises efetivas, permitindo a contextualização de cenários. 86 Entende-se que inteligência estratégica está diretamente associada às tecnologias da informação, que por sua vez, segundo Rezende (2011), [...] são recursos fundamentais e inexoráveis para a agilidade, a efetividade, o êxito ou sucesso e a inteligência da organização. Mesmo para as pequenas organizações, esses recursos são indispensáveis, pois as relações com o meio ambiente externo requerem sua utilização. É muito difícil construir e utilizar sistemas de informação nas organizações sem envolver a inexorável tecnologia da informação (REZENDE, 2011, p. 61). O que o autor quer dizer é que na construção da inteligência estratégica de uma organização, faz-se necessária a utilização de recursos diretamente ligados e disponíveis na área da tecnologia da informação. Complementando esse pensamento e fazendo referência às análises dos ambientes da organização, Rezende (2011) reforça que: Os Sistemas de Informação Estratégicos [...] contemplam o processamento de grupos de dados das atividades operacionais e transações gerenciais, transformando-os em informações estratégicas. Trabalham com os dados no nível macro, filtrados das operações das funções organizacionais, considerando, ainda, os meios ambientais internos e externos, visando auxiliar o processo de tomada de decisões da alta administração da organização (REZENDE, 2011, p. 63). Essas informações estratégicas, uma vez interpretadas e trabalhadas de forma correta, permitem à organização prever cenários e construir a partir desta previsão a antecipação de decisões estratégicas organizacionais. Cabe, ainda, compreender as diversas áreas ou setores da organização que, juntos, facilitarão a interpretação das informações, sendo conduzidos pela comunicação entre si. Nesse contexto, a área de relações públicas tem de participar, por meio da elaboração de um plano estratégico de comunicação, ajudando a área comercial a descobrir novos públicos e pensar em atividades que agreguem valor econômico às suas práticas institucionais (KUNSCH, 2003, p. 254). A análise de Kunsch (2003) vem ao encontro do pensamento de Ferrari (2011), que propõe a seguinte reflexão: Cada vez mais o papel do estrategista é a chave para que a comunicação seja estimulada pelos membros da alta administração, dessa forma é possível demonstrar o valor tangível que esse processo pode agregar aos negócios da organização. E é nessa dimensão que o profissional de Relações Públicas, com sua expertise em comunicação, assume o papel de 87 analista de cenários para propor alternativas, inclusive, diante de situações de conflitos e crises com os quais convivem todas as organizações (FERRARI, 2011, p. 165). Tanto Kunsch (2003) quanto Ferrari (2011) analisam a importância da comunicação e do profissional de Relações Públicas estarem presentes nas tomadas de decisões estratégicas da organização, isto é, inseridos no planejamento estratégico. Para isso, faz-se necessário que os investimentos em comunicação e ações de Relações Públicas sejam descritos e analisados com avaliações e mensurações em forma de números, gráficos, indicadores, tabelas, etc., a fim de comprovar de forma quantitativa o que, ainda, muitos gestores consideram retornos intangíveis. 88 5 MENSURAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS EM COMUNICAÇÃO É fato que as relações no ambiente organizacional estão em constante mudança, afinal ele reflete a permanente mudança que as próprias relações humanas têm enfrentando e de forma cada vez mais acelerada. Esse contexto atual explica porque hoje as pessoas têm recebido destaque em estudos e discussões sobre a gestão organizacional. Num primeiro momento, as teorias da administração apontavam para um comando mais rígido nas organizações, centrado nas decisões de um gestor que planejava, organizava e coordenava racionalmente as atividades dos subordinados (MÜLLER, 2014). Era a racionalização, sem considerar o ser humano e sua interação com o ambiente. As formas de abordagem das organizações sofrem mudanças, passando de um sistema fechado para um sistema aberto, o que significa a compreensão de um meio onde as relações interpessoais começam a ganhar mais valor. A consciência de mudança de paradigmas, segundo Kunsch (2003), [...] têm forçado as organizações a se adequar às novas exigências da sociedade contemporânea e a criar novas formas de gestão para fazer frente à instabilidade ambiental e aos mercados complexos e difíceis (KUNSCH, 2003, p. 60-61). Esse pensamento faz com que muitas organizações comecem a enxergar a sua comunicação como elemento primordial, a qual se destina um novo olhar e se começa a dispor investimento de tempo e recursos financeiros. Kunsch (2003), ainda, considera que A dinâmica segundo a qual se coordenam recursos humanos, materiais e financeiros para atingir objetivos definidos, desenvolve-se por meio da interligação de todos os elementos ininterruptamente, para a própria sobrevivência da organização. Assim, o sistema comunicacional é fundamental para o processo das funções administrativas internas e do relacionamento das organizações com o meio externo (KUNSCH, 2003, p. 69). Considerando a comunicação como elemento fundamental para o sucesso da organização, buscam-se métodos para avaliar e mensurar os resultados obtidos 89 através dos investimentos em comunicação, uma vez que, mesmo as organizações tendo evoluído de um sistema fechado para um sistema no qual se consideram mais as relações interpessoais, ainda faz-se necessário adotar uma postura de resultados quantificáveis, na qual a área de comunicação e de Relações Públicas possam comprovar seu valor econômico e social perante a organização. Complementando esse enfoque, Kunsch (2006, p. 16), afirma que “[...] a necessidade de provarmos que nossas ações comunicativas são eficazes e trazem resultados para as organizações e à sociedade só será preenchida com e por meio da avaliação”. Desta forma, há de se repensar e reinventar a forma com que as ações de Relações Públicas são avaliadas e medidas. Tendo em vista que o planejamento estratégico é também um indicador de cenários e um instrumento que aponta a sustentação das vantagens competitivas, os planos devem ser concebidos de forma flexível, pois devem acompanhar as mudanças que o mercado aponta. Se os planos não forem pensados para sofrer adequações, eles não exercem o papel de indicador, pois os cenários mudam com muita frequência e a adequação deve ser de acordo com os movimentos do mercado. “As atividades estratégicas contemplam o estabelecimento de objetivos e metas e a manutenção de relações com o ambiente”. (MÜLLER, 2014, p. 53). Por plano entende-se, segundo Kunsch (2003), algo que [...] contém os pressupostos básicos para a tomada de decisão e assume, como instrumento do planejamento, um caráter mais geral e abrangente. [...] No plano são delineados os objetivos gerais a serem alcançados, as diretrizes, a alocação de recursos necessários, as estratégias gerais, os prazos e os indicadores das ações que poderão desencadear projetos e programas específicos e/ou setoriais (KUNSCH, 2003, p. 366). Sendo o plano um instrumento do planejamento que deve ser pensado visando às mudanças e às relações com o ambiente, pode-se considerá-lo um norteador para a execução das decisões da organização. A sintonia com o mercado, a permanência e evolução das relações, quer seja com o ambiente ou com os indivíduos, que são ou não prioritários para a organização e a forma de se comunicar devem seguir a evolução dos processos, que se alteram com muita frequência, principalmente com a chegada da Internet. Para isso, faz-se necessário um pensar mais estratégico do profissional de Relações Públicas perante sua atividade. Isto é, se torna fundamental a busca por 90 ferramentas disponíveis no mercado que auxiliam na medição de desempenho, dos resultados de suas ações. Com os resultados em mãos, o profissional deve mensurá-los através de números, gráficos, planilhas etc., para depois compará-los com os objetivos iniciais de suas ações, que devem ser claros e específicos. Após esta comparação, o profissional apresenta uma avaliação dos resultados, que poderá ser compartilhada com a direção. Müller (2014) traz uma abordagem muito significativa na construção desta nova forma de pensar do profissional de Relações Públicas, pois além dos objetivos macros da organização estarem claros e definidos, cabe ao profissional gerenciar a ferramenta de medição, isto é, o profissional deve empoderar-se desta função gerencial de planejar, executar, mensurar e avaliar as ações de comunicação das organizações. Grunig (2011) apresenta o termo empoderamento como poder e defende esta posição para o profissional de Relações Públicas nas organizações. [...] No Estudo de Excelência definimos o poder como ‘empoderamento’, ou a distribuição do poder em toda a organização e junto aos stakeholders externos. [...] executivos de Relações Públicas adquirem poder quando a coalizão dominante mais necessita de sua expertise. Essas habilidades são mais relevantes quando organizações são confrontadas com ameaças emergentes e crises. Dessa forma, executivos de Relações Públicas deveriam usar técnicas como a análise do ambiente e a construção de cenários para antecipar assuntos emergentes e crises, e para estarem preparados para auxiliar outros gestores na administração dos assuntos críticos e das crises (GRUNIG, 2011, p. 113-114). Cabe ao profissional de Relações Públicas, ao exercer sua função de gestor da comunicação organizacional, planejar estrategicamente suas ações, através dos objetivos gerais da organização, a fim de poder mensurar e avaliar os resultados obtidos. Cabe, ainda, ao profissional fazer com que a alta administração perceba a comunicação como um investimento e não como uma despesa, conforme cita Likely apud Galerani (2006, p. 30). Para Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 94), uma das tarefas mais desafiadoras do profissional de comunicação é transformar os objetivos gerais da organização em metas de comunicação, uma vez que ainda há uma superficialidade na análise dos ambientes da organização, além da falta de histórico de mensuração 91 em comunicação e porque muitos comunicadores ainda preferem trabalhar com dados qualitativos. 5.1 DEFININDO METAS DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL A comunicação organizacional, na sua amplitude, desempenha o papel de funcionalidade de diferentes procedimentos que ocorrem dentro de organizações, estabelecendo e consolidando as relações com seus diversos públicos. Entende-se, então, que para atingir os mais diversos objetivos da comunicação, deve-se planejar as metas a serem seguidas e cumpridas. Segundo Yanaze, Freire e Senise (2013), as metas são: [...] a quantificação dos objetivos, ou seja, a tradução do que se pretende alcançar quanto a volume, valor e tempo. Por exemplo, se uma ação de comunicação tem como objetivo aumentar a exposição da marca junto ao segmento-alvo de mercado faz-se necessário definir o incremento em termos de percentuais (ou quantidade absoluta) de pessoas a serem alcançadas e o tempo previsto para tal. Sem a definição de metas, os objetivos são vagos, demonstrando apenas uma intenção a se seguir, porém, sem parâmetros a definições claras sobre aonde a organização quer chegar por meio do trabalho de comunicação (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 94). Assim sendo, as metas são parte integrante e fundamental do planejamento da organização, pois possibilitam a construção de parâmetros e previsões claras de tempo e de investimento. Por situar-se em áreas estratégicas, as metas devem estar presentes por meio de uma estratégia própria, ou seja, em uma visão de como a empresa precisa funcionar, aliadas às competências internas e ao mercado-alvo. Dentre as competências internas, situa-se o profissional de Relações Públicas, que juntamente aos profissionais de outras áreas, adota uma postura estratégica, voltada ao cumprimento dessas metas. Nesta concepção, Kunsch (2003) enfatiza que: [...] cada vez mais, as organizações em geral têm de se convencer de que a sua comunicação precisa ser trabalhada, gerenciada e conduzida por profissionais especializados e competentes. Caso contrário, estarão sempre improvisando e achando que estão se ‘comunicando’ com o seu universo de públicos, quando na verdade estão apenas ‘informando’ (KUNSCH, 2003, p. 88). 92 Deve-se considerar o fato de que a definição de metas, ainda, “é uma das partes mais difíceis do trabalho do comunicador”. (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 94). É por isso, que busca-se “aumentar sua [do comunicador] capacidade de avaliação e apresentação dos resultados alcançados por meio do estabelecimento de parâmetros quantificáveis”, consideram os mesmos autores (idem). Desta maneira, justificam-se as iniciativas de muitos profissionais de comunicação migrarem do trabalho somente qualitativo para a obtenção de resultados mensuráveis, apresentando-os para os gestores da organização. Enfatizando essa citação, cabe, ainda, o pensamento de Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 94), que acreditam que “no fim das contas, saber definir metas coerentemente traz credibilidade ao profissional, que saberá, por exemplo, justificar possíveis pedidos de aumento de verba de comunicação, quando necessário”. A comunicação planejada e a inserção de indicadores quantitativos, obtidos na mensuração de resultados e pensados ainda no momento da elaboração do planejamento estratégico, são informações que passam a ser compartilhadas e, com isso, o processo comunicacional começa a ser visto como vital para o crescimento, funcionamento e projeção da organização. Enfatizando esse pensamento, Galerani (2006, p. 49) acredita que “[...] o planejamento é a condição primeira para desenvolver programas de comunicação organizacional que pretendem apresentar resultados por meio de avaliação”. É por isso que se deve pensar a mensuração e a avaliação dos resultados em comunicação como um sistema cíclico, isto é, A medição de desempenho é um processo contínuo, não um evento. A essência da melhoria contínua desse processo está no feedback do sistema, proporcionando estabelecimento de novas metas e ajuste de estratégia (MÜLLER, 2011, p. 95) Através dessa consideração há de se pensar as metas de comunicação como um processo contínuo de planejamento, execução, mensuração e avaliação. Por isso, faz-se necessário entender o método PDCA, sigla em inglês que corresponde a Plan, Do, Check, Act, que é um ciclo “focado em resultados, é um método simples e, ao mesmo tempo eficaz quando aplicado à rotina diária” (FALCONI, 2015). 93 Para Kardec, Arcuri e Cabral (2002), o método PDCA consiste em: [...] Planejar, Executar, Avaliar e Agir Corretivamente. Portanto, avaliar faz parte do processo de aprendizado das organizações, sendo importantíssimo na obtenção do diferencial competitivo, que define quem vai liderar e mesmo quem vai ficar no mercado (KARDEC; ARCURI; CABRAL, 2002, p.56). Desta forma, entende-se que as metas de comunicação devem estar inseridas em um sistema contínuo de aprendizado e melhorias, a fim de obter os resultados esperados pela organização e fazendo com que os gestores administrativos considerem a comunicação não como despesa e, sim, como investimento, sendo que esse investimento trará um retorno identificado e em constante aprimoramento. Por esse motivo, Kunsch (2013) defende que: No contexto da sociedade contemporânea, na qual os mercados são altamente competitivos, os profissionais e gestores das organizações enfrentam constantes desafios quanto à produção de uma comunicação eficiente, eficaz e duradoura. Um dos caminhos para perseguir a eficácia e efetividade das ações comunicativas é justamente avaliar e mensurar os resultados previstos e, consequentemente, aprender com os erros e acertos (KUNSCH, 2013, p.17). Isso significa, por sua vez, que havendo a necessidade de definir metas de comunicação para a organização, há também a necessidade de mensurar e avaliar os resultados obtidos através das ações de comunicação que foram propostas nessas metas norteadoras. Cabe ao profissional de Relações Públicas apresentar os resultados quantitativos de suas ações a fim de que os gestores administrativos possam vir a atrelar a contribuição da comunicação para o sucesso da organização. 5.2 INDICADORES E MÉTRICAS DE AVALIAÇÃO EM COMUNICAÇÃO Para que se possa mensurar e avaliar os resultados em comunicação, há de se considerar o auxílio de indicadores e métricas que poderão contribuir nas medições de desempenho das ações realizadas. Para Müller (2014), 94 Um indicador de desempenho deve ser uma forma objetiva de medir a situação real contra um padrão previamente estabelecido e consensado. Ele só deve fazer sentido e ser utilizado pelo profissional completamente responsável por ele. [...] Se não puder medir, não pode controlar; se não controlar, não pode gerenciar; se não gerenciar, não pode melhorar (MÜLLER, 2014, p. 86). Desta forma, os indicadores servem como uma ferramenta capaz de medir os resultados das ações realizadas em comunicação, sempre utilizando as metas e objetivos como parâmetro de desempenho. Além disso, é preciso entender o que são as métricas em comunicação, que, segundo Bendle (apud YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013), [...] é um sistema de mensuração que quantifica uma tendência, uma dinâmica ou uma característica. Em virtualmente todas as disciplinas, os praticantes usam métricas para explicar fenômenos, diagnosticar causas, compartilhar descobertas e projetar os resultados futuros (BENDLE apud YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 95). Com isso estabelece-se uma relação entre indicadores e métricas optando não somente por uma única métrica, mas sim, uma série delas relacionadas entre si, uma vez que, estas métricas devem ser coerentes com as [...] funções estratégicas de comunicação nos contextos administrativo, mercadológico e institucional da empresa, que por sua vez, demandam métricas próprias relacionadas aos seus objetivos intrínsecos, representados por indicadores (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 95). Ainda para Yanaze, Feire e Senise (2013) os indicadores podem ser classificados em financeiros e não financeiros. . Indicadores financeiros: os diretamente relacionados a custos e receitas, que doravamente vamos denominá-los “Moedas financeiras”, pois vamos inseri-los na perspectiva de Retornos de Investimento, que exige “restituição em moedas”. . Pela mesma razão, vamos chamar de “Moedas não financeiras” os indicadores que, num primeiro momento, estão relacionados a porcentagens, volumes, índices, graus, quantidades, etc., mas que podem ser convertidos em indicadores financeiros, direta ou indiretamente (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p.95). 95 Desta maneira, deve-se pensar a comunicação, num primeiro momento, como uma moeda não financeira, uma vez que, os investimentos feitos nas ações de comunicação não terão restituição em moeda, mas, por outro lado, havendo a possibilidade de transformar o retorno em moedas financeiras, os gestores desta área devem “utilizar a linguagem mais aceita e influente dentro das empresas: a linguagem financeira” (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 106). O que os autores querem enfatizar é que os comunicadores devem aproximar-se das áreas financeiras e contábeis da organização a fim de compreender a perspectiva administrativa e financeira do negócio da organização, para que possam utilizar a seu favor, uma vez que se torna [...] fundamental que o profissional de Comunicação detenha certo conhecimento de finanças para poder interagir com os gestores financeiros e os contadores da empresa e, com isso, juntos, tornarem mais clara e coerente a projeção de como mensurar os possíveis retornos gerados pela comunicação (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 108). Faz-se necessária uma postura mais estratégica do comunicador perante seu trabalho, a fim de que ele entenda que é possível mensurar quantitativamente os retornos em comunicação, em contraponto ao pensamento de Fortes (2003), que já não atende mais a nova postura contemporânea adotada pelo profissional de comunicação. O controle e a avaliação dos resultados do trabalho de Relações Públicas constituem tarefa difícil, uma vez que a sua repercussão não é facilmente quantificada em números, os quais, às vezes, não exprimem qualitativamente o reposicionamento conceitual obtido (FORTES, 2003, p. 367). É preciso levar em consideração que para que o profissional de Relações Públicas fortaleça seu valor como gestor da comunicação na organização, deve pensar estrategicamente a fim de perceber que “sem uma projeção tangível de retorno, a comunicação como investimento em nível estratégico torna-se apenas mais uma retórica infundada dos comunicadores” (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 108). Nesse sentido cabe trazer o pensamento de Lorenzetti (2014), que fala sobre uma importante ferramenta de gestão e mensuração de resultados que pode ser aplicada à comunicação, pois ela entende que 96 No início dos anos 90, o conceito balanced scorecard (BSC), criado por Kaplan e David Norton, conquistou divisas ao configurar uma gestão alinhada por meio da conversão das estratégias corporativas em um sistema integrado de perspectivas de negócios, avaliadas por indicadores de desempenho. Ferramenta de gestão, o BSC se propõe a traduzir o planejamento estratégico em indicadores numéricos. A função de mensurador de resultados é consequência e não objetivo principal desta teoria. O principal mérito do BSC foi ter conseguido tornar tangível o, até então, intangível. Trata-se de um inegável avanço nas teorias de gestão de negócios até mesmo porque entende que uma meta não atingida implica a revisão de estratégias e planos de ação – isso é busca contínua pelo aprendizado e pelo conhecimento (LORENZETTI, 2014). A busca constante pelo aprimoramento e crescimento da organização, como já visto, também é muito importante para o profissional de comunicação, uma vez que, a comunicação deve buscar atingir os objetivos da organização, definidos no planejamento estratégico. Uma das formas aqui estudadas para avaliar e medir os resultados das ações de comunicação é o BSC (Balanced Scorecard), que visa disponibilizar em números o que antes era visto somente como avaliações qualitativas. Lorenzetti (2014), ainda acredita que [...] o BSC torna-se uma base para a ferramenta de gestão da comunicação. No Excel nascem planilhas que traduzem objetivos em variáveis que devem ser ponderadas e geram os indicadores. Gráficos demonstram o desempenho de cada um dos objetivos propostos e relatórios analisam os resultados atingidos e sua relação aos resultados pretendidos (LORENZETTI, 2014). Desta forma, o gestor da comunicação passa a ter em mãos uma ferramenta capaz de mensurar em gráficos e números os resultados das ações realizadas em comunicação, sempre associando os objetivos da organização. Complementando esse enfoque, Lorenzetti entende que É possível comprovar e medir o desempenho da comunicação. Ao exercitar essa capacidade de avaliação, valores são resgatados e os profissionais se fortalecem uma vez que saem do intangível e vão ao encontro dos anseios das corporações, que cada vez mais demandam um direcionamento de resultados para a sua comunicação (LORENZETTI, 2014). Através dessa afirmação, é possível compreender o quanto ainda é preciso exercitar a mensuração e avaliação dos resultados em comunicação, até mesmo para os próprios profissionais da área. É por isso que se deve pensar 97 estrategicamente e repensar o papel da comunicação e do gestor da comunicação, a fim de poder buscar espaço no planejamento estratégico da organização. Ainda sobre BSC, Müller (2014), acredita que essa ferramenta visa [...] traduzir a missão e a estratégia das organizações em um conjunto abrangente de medidas de desempenho. Isso vem motivando-as a utilizá-lo como um sistema de gestão estratégica, com a finalidade de administrar as estratégias de longo prazo. No que tange à comunicação, reforça-se o fato de os indicadores e da estrutura do BSC serem uma forma adequada para a tradução da visão e da estratégia da empresa, evitando problemas de má compreensão do desdobramento feito apenas por palavras (MÜLLER, 2014, p. 114). Com isso, fica evidente que o BSC é uma ferramenta importante para a comunicação e a medição dos resultados de suas ações, uma vez que, além de quantificar os resultados atingidos, torna imparcial a avaliação e a compreensão dos resultados, pois possibilita representar os resultados em forma numérica e gráfica, ultrapassando, apenas a interpretação em palavras e textos. Para Yanaze, Freire e Senise (2013), o BSC é uma ferramenta [...] que busca traduzir e comunicar a visão e a estratégia da empresa em um conjunto integrado de medidas de desempenho. O monitoramento desse conjunto integrado permite a identificação das medidas que são importantes para o sucesso da organização. Assim, a empresa pode priorizar os fatores críticos de sucesso, direcionando em torno destes os seus recursos humanos, financeiros e materiais de maneira consensual e com sinergia (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 137). Dessa maneira, esta ferramenta pode ser utilizada como uma forma estratégica de gerenciar o negócio da organização, uma vez que, utilizada e interpretada de forma correta, facilitará aos gestores o planejamento do uso correto de recursos em ações assertivas, visando o sucesso da organização. No entanto, Galerani (2006), acredita que [...] uma mesma técnica de avaliação não servirá para as múltiplas atribuições da comunicação, mas há necessidade de uma base para ação articulada em avaliação. A expectativa é que os profissionais se articulem e redefinam a equação que avalia resultados intangíveis, e isso poderia ocorrer por meio de uma iniciativa dos órgãos de classe (GALERANI, 2006, p. 56). Sabe-se que ainda há restrições e barreiras, que muitos acreditam haver impedimentos a mensuração e avaliação em comunicação, mas o profissional de 98 comunicação deve buscar, cada vez mais, suportes que auxiliam nessa construção de novos paradigmas, a fim de buscar mais credibilidade e espaço como gestor da comunicação na organização. Desta forma, faz-se necessário, ainda, estudar o processo de análise e retorno dos investimentos feitos na comunicação, para que se possa valorar o lucro que foi obtido através da inserção de verbas nas ações de comunicação. Complementando, para Yanaze, Freire e Senise (2013), o profissional de comunicação [...] não conseguirá realizar nenhuma análise de retorno dos investimentos de suas atividades sem saber: como a empresa define os valores a serem investidos; como são aprovadas as projeções orçamentárias dos diferentes setores (comunicação inclusive); como são definidas as prioridades; quais são os critérios para a definição de indicadores de sucesso; e como são monitorados os resultados das diferentes áreas (comunicação inclusive) etc. (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 134). É por isso que, mais uma vez, reforça-se a busca da inserção do profissional de comunicação no planejamento estratégico da organização, para que ele possa participar estrategicamente, além de obter informações fundamentais para a gestão da comunicação e para o sucesso de suas ações. 5.2.1 Análise de Retorno do Investimento - ROI O processo de análise dos retornos de investimento em comunicação é de fundamental importância para que haja uma unificação na forma de compreender as expectativas da organização, com base no desempenho alcançado, isto é, todos os stakeholders passam a utilizar a mesma forma de entendimento e de linguagem, uma vez que todos devem estar inseridos no mesmo universo de melhoria contínua e adotarem a mesma postura na busca da excelência dos negócios da organização. Com isso, Yanaze, Freire e Senise (2013) acreditam que: O processo de Análise de Retorno de Investimento é uma atividade fundamentalmente interna de Planejamento e Controle. Desse modo, deve servir como base de fundamentação de tomadas de decisões estratégicas e para o acompanhamento e ajuste de possíveis variações que ocorram no meio do projeto (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 128-129). 99 Dessa forma, analisam-se os retornos das ações realizadas com base no investimento dispensado para a realização das ações, neste caso, fala-se especificamente, das ações de comunicação, mas sabe-se que se pode analisar e mensurar os resultados de qualquer ação desenvolvida pela organização e que dispõe de investimentos. Yanaze, Freire e Senise (2013) ainda acreditam que o processo de análise de investimentos pode ser definido em duas variáveis, sendo que [...] a primeira denomina-se Taxa de Rentabilidade, ou seja, o rendimento que se espera de tal projeto ou ação. A segunda variável é denominada Período de Retorno, ou seja, o tempo em que o valor investido retornará para a empresa. A tomada de decisão entre alternativas de investimento por parte do investidor se faz pela comparação entre taxas e prazos de retorno, proporcionados pelas diversas alternativas (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 129). A maneira como a organização analisa os retornos dos investimentos se torna fundamental para o crescimento contínuo e constante aprimoramento de suas ações e projetos, pois os mesmos autores acreditam que as organizações que analisam e interpretam corretamente o retorno dos seus investimentos são mais competitivas e ganham vantagem na lucratividade, uma vez que mensuram os resultados obtidos na busca contínua pela excelência e pelo sucesso organizacional. Com base nesse pensamento, faz-se necessário compreender o ROI (Return On Investiment), que é uma sigla em inglês que significa o retorno dos investimentos. Para Yanaze, Freire e Senise (2013), ROI refere-se [...] estritamente aos ganhos ou perdas ocorridos em dado período de tempo. É o cálculo de quanto trará de retorno cada real investido. Ou seja, é o cálculo que diz que uma organização que investe R$ 1 em comunicação, por exemplo, terá R$ 1,50 após um ano. Nesse caso, o ROI é de 50% ao ano (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 129-130). Portanto, sabe-se o fundamental valor de alcançar e apresentar aos gestores da organização resultados numéricos, isto é, resultados quantitativos, sendo essa a linguagem da administração. A área da comunicação, por sua vez, deve preparar-se estrategicamente para alcançar resultados que demonstrem os retornos de suas ações, em forma de gráficos e números, a fim de que possam gerar conhecimento e 100 credibilidade aos profissionais da área e um posicionamento gerencial da comunicação no planejamento estratégico da organização. Complementando esse enfoque, Yanaze, Freire e Senise (2013), entendem que: A partir de um investimento, a empresa alcança determinada receita (faturamento). Subtraindo-se o custo dessa nova operação (custo para vender o produto) se chega à margem de lucro bruto. Desse montante se subtrai a parte equivalente à recuperação do montante de investimento realizado. O restante é considerado o retorno sobre o investimento (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 130). Aqui, cabe ressaltar que os autores Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 132) compreendem como investimento “a soma total de esforços (materiais e imateriais, financeiros e não financeiros) de uma organização para atingir algum objetivo”, o que significa que entendem que investimento também tem relação com bens intangíveis, mas que podem, com a devida análise e mensuração, se tornarem bens tangíveis, como por exemplo, a avaliação em comunicação. Por outro lado, é necessário trazer o pensamento de Müller (2014), uma vez que o autor discorda da forma de avaliar os retornos de investimento somente através do ROI, que constitui de uma ferramenta exclusivamente financeira. Medidas financeiras são um mecanismo de controle de curto prazo. Apresentam falta de flexibilidade, rápida desatualização e dificuldade de quantificação dos melhoramentos. Lucro e Retorno sobre Investimento (ROI), por exemplo, são medidas do sucesso passado da empresa, não permitindo identificar a contribuição de cada uma das diferentes áreas da empresa para esse sucesso, ou seja, é muito agregada (MÜLLER, 2014, p. 83). Dessa maneira, pode-se dizer, segundo o pensamento de Müller (2014), que o ROI pode ser visto como uma ferramenta útil e adequada para a avaliação dos retornos de investimento dos projetos de curto prazo. No entanto, as organizações precisam igualmente mensurar seus retornos a longo prazo, para que possam construir e manter uma boa reputação. No âmbito da comunicação, é fundamental a busca por ferramentas que auxiliam na medição de suas ações, para que se possa criar 101 [...] uma mentalidade de gestão que leva ao aperfeiçoamento das métricas e que, assim, pode levar à inserção cada vez maior da comunicação no nível estratégico (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 133). Baseado nesse conceito faz-se necessário estudar métodos que podem auxiliar o profissional de comunicação na constante busca pelo aperfeiçoamento e mensuração quantitativa de suas ações. 5.3 METODOLOGIAS E PROCESSOS DE AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO EM COMUNICAÇÃO Sabe-se da dificuldade em encontrar autores que apresentam métodos de mensurar e avaliar os retornos em comunicação. É por isso que esse capítulo visa apresentar algumas metodologias estudadas por Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 154) que defendem “o quanto a mensuração de resultados tem caráter urgente e relevante para a empresa, mas principalmente para os gestores da comunicação”. Os autores apresentam metodologias de gestão dos processos e rotinas relacionados às estratégias da comunicação, que podem ser inseridas dentro da própria área da comunicação. Apresenta-se também, ainda que brevemente, alguns modelos de avaliação da comunicação organizacional estudados por Galerani (2006) e utilizadas na sua dissertação de mestrado. Os modelos estudados pela autora podem ser considerados ferramentas para auxiliar a alta administração a medir os resultados dos investimentos em comunicação. Galerani (2006) acredita que: [...] a busca pela comunicação excelente pressupõe, além das estratégias e dos talentos específicos de cada habilitação profissional, também uma visão holística de toda a área pelos comunicadores, num cenário contemporâneo de parceria e dinamismo que apenas deve somar à classe e àqueles a quem os profissionais prestam serviços (GALERANI, 2006, p. 21). Nesse sentido, busca-se compreender como as metodologias e modelos apresentados pelos autores acima citados, possibilitam aos profissionais de comunicação e à organização como um todo constante aprendizado, muitas vezes 102 não obtido nas academias, que visa melhorias contínuas de suas ações. Assim sendo, Yanaze, Freire e Senise (2013), ratificam que há uma... [...] necessidade cada vez maior de o gestor de comunicação buscar conhecimento básico de finanças e de manuseio de números e índices. Estes, aliados à sensibilidade e ao conhecimento do contexto mercadológico, constituem ferramentas de construção de um diálogo mais afeito ao campo dos resultados econômicos – habilidade imprescindível ao que busca a excelência na execução de suas responsabilidades organizacionais (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p.154). Com isso, compreende-se a importância do profissional de comunicação buscar as ferramentas adequadas para a mensuração do resultado de suas ações, uma vez que, apresentar esse resultado de forma numérica, passa a ser requisito do gestor de comunicação, que deve pensar de forma estratégica. É importante ressaltar que os autores Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 247248) acreditam que o investimento é a soma de esforços de uma organização e que não se trata somente de recursos financeiros, mas que também envolve pessoas, tecnologias, tempo, etc. O que os autores querem enfatizar é que mesmo a comunicação sendo um bem subjetivo dentro do investimento, faz-se necessário assumir que ela deve ser vista, também, como uma forma de apresentar resultados quantificáveis. [...] acreditamos que o trabalho de comunicação não precisa ser essencialmente subjetivo para ser considerado estratégico. Quanto maior o nível de objetividade (valores quantificáveis) que conseguirmos inserir no trabalho da comunicação dentro das organizações, mais respeitados serão os comunicadores, ou seja, considerados mais estratégicos e monos táticos ou operacionais (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 248). Sendo assim, o processo de mensuração de resultados em comunicação pode ser considerado um facilitador para que o Relações Públicas demonstre o seu valor e o valor que a comunicação representa para a organização. Ou seja, uma vez apresentados os resultados da comunicação para os gestores da organização e para as demais áreas da empresa, haverá uma percepção maior de que a comunicação é vital para atingir os grandes objetivos do negócio. Galerani (2006, p. 41) acredita que avaliando as ações de comunicação somente através de métodos financeiros pode-se estar cometendo erros e cita “como indicadores mais significativos de comunicação bem sucedida aqueles 103 resultados não financeiros, como reputação da empresa, boa vontade da comunidade, entre outros”. Dentre as diversas metodologias de mensuração e avaliação de resultados em comunicação estudadas por Yanaze, Freire e Senise (2013), optou-se por aprofundar os estudos em dois métodos que são mais associados ao profissional de Relações Públicas, sendo eles: Mensuração de Resultados em Relações Públicas Integradas e Avaliação e Mensuração da Imagem Corporativa. Apresentam-se, a seguir, modelos de avaliação em comunicação organizacional estudados por Galerani (2006). 5.3.1 Mensuração de Resultados em Relações Públicas Integradas – Plataforma Integrada MaxRP da Maxpress Para mensurar os resultados obtidos através das ações de Relações Públicas, Yanaze, Freire e Senise (2013) acreditam na eficácia da plataforma MaxRP, que é [...] uma plataforma tecnológica integrada de relacionamentos com os públicos estratégicos constituída especificamente para o uso do Gestor de Relações Públicas e sua equipe. A plataforma reúne num mesmo ambiente computacional os sistemas de relacionamento com a Imprensa Nacional, Imprensa Latina, com o Governo, com Contatos VIP e com Públicos Corporativos, enfim, alguns dos chamados públicos estratégicos das organizações (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 373). Por meio dessa plataforma digital, o profissional de Relações Públicas pode mensurar e avaliar os resultados de suas ações, uma vez que Todas as transações realizadas pelas ferramentas são armazenadas nos bancos de dados, o que favorece ao profissional de Relações Públicas a aprendizagem no processo de relacionamento, uma vez que a plataforma gera relatórios de controle e mensuração de resultados (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 375). Dessa forma, a plataforma MaxRP permite que o profissional de Relações Públicas, através de relatórios de controle, avalie e apresente os resultados de suas 104 ações aos gestores da organização, fazendo com que o retorno do investimento seja compreendido de forma quantitativa. Além de gerar relatórios, a plataforma MaxRP possui as seguintes ferramentas: Distribuidor, Gestor de Relacionamentos, Monitor Web, Transmissão Web, Gestão do Conhecimento, Gestão do Reconhecimento, Gestão de Crises e Publicador. Para Yanaze, Freire e Senise (2013), o Distribuidor é o, Módulo que faz a distribuição de informações por e-mail, executa o monitoramento de estatísticas de abertura e, posteriormente, fornece um relatório detalhado dos resultados da distribuição (detalhando percentuais de abertura por vários filtros, gráficos contendo os horários de pico de abertura das mensagens, medidas de eficácia dos disparos junto ao público prioritário etc.) (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 374). Dessa forma, o Distribuidor pode ser considerado um facilitador na mensuração da quantidade de pessoas que abriram os e-mails, as newsletters, os convites, enfim, todas as mensagens enviadas a determinados públicos. Essa ferramenta auxilia muito o profissional de Relações Públicas, pois permite um controle automático da comunicação disparada, deixando para trás os controles e confirmações manuais. A ferramenta Gestor de Relacionamento, por sua vez, segundo Yanaze, Freire e Senise (2013), Controla o relacionamento/atendimento aos públicos estratégicos e fornece relatórios e consultas das demandas com os respectivos resultados. É possível, por meio desta ferramenta, registrar, por exemplo, todas as solicitações de jornalistas para um assessor e, ao final de determinado período, analisar o que os veículos de comunicação solicitaram (entrevistas, informações, imagens, etc.) e quais foram de resultados, ou seja, o que eles ‘falaram’ do cliente usuário do Gestor (avaliação dividida em: positiva, negativa ou neutra, por meio de gráficos; separação por conteúdos noticiados etc.) (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 374). Com o auxílio da ferramenta Gestor de Relacionamento, o profissional de Relações Públicas poderá medir o desempenho da demanda enviada para imprensa, por exemplo, pois permite que sejam relatados a quantidade de envios versus a quantidade de informações veiculadas, assim como, se foram noticiadas de forma positiva, negativa ou neutra. Outra ferramenta contemporânea que auxilia o profissional de Relações Públicas é o Monitor Web, pois, segundo Yanaze, Freire e Senise (2013), ela, 105 Faz o monitoramento de palavras-chave e expressões na mídia eletrônica (clippings) e permite aferir o resultado alcançado em publicações que se originam do serviço da assessoria de envio de pautas, possibilitando a mensuração e posterior avaliação do resultado dos trabalhos de RP (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 374). Assim sendo, a ferramenta Monitor Web permite que sejam monitoradas palavras-chave que interessam à organização, fazendo com que os clippings de imprensa sejam mais rápidos, pois conta com a velocidade das informações postadas na Internet. Com isso, a organização saberá de todas as informações veiculadas na mídia em tempo hábil e de forma automática. A ferramenta Transmissão Web é muito parecida com a anterior citada, pois permite a “transmissão ao vivo de coletivas de imprensa ou eventos pela internet com canal para interação (chat)”. (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 374). Além disso, faz com que as informações cheguem para a organização no tempo certo, o que possibilitará a antecipação de cenários e construção de objetivos estratégicos. Gestão de Conhecimento é a ferramenta ideal para o compartilhamento de informações e de preservação do capital intelectual de uma organização, pois é uma “ferramenta para mapeamento, organização, armazenamento e difusão do capital intelectual de uma entidade, com o objetivo de estruturar a memória empresarial” (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 374). Com o auxílio dessa ferramenta, o profissional de Relações Públicas poderá gerar uma cadeia de comunicação, fazendo com que as informações e o conhecimento sejam eficientes e compreendidos por todos os membros da organização, permitindo a utilização da comunicação integrada. A Gestão do Reconhecimento também é uma [...] ferramenta que automatiza todas as etapas de um processo de premiação: inscrição, triagem, digitalização, julgamento, gestão e publicação (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 374). Com essa ferramenta é possível que o profissional de Relações Públicas aja com imparcialidade com relação a premiações internas e externas que envolvem a organização, pois permite que todo o processo de premiação seja inserido no sistema, fazendo com que se automatizem as etapas desenvolvidas, agilizando o processo. 106 Outra funcionalidade é a Gestão de Crises, que é um Sistema de ferramentas para prevenção, gerenciamento e comunicação de crises corporativas, acoplado ao serviço de atualização do banco de dados dos públicos estratégicos (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 374-375). Esse sistema de ferramentas é de fundamental importância para o profissional de Relações Públicas que busca a inserção no Planejamento Estratégico da Organização, pois permite antecipar-se a cenários externos, uma vez que estão diretamente associados aos bancos de dados dos públicos estratégicos. Ou seja, é uma ferramenta estratégica que deve ser constantemente monitorada e avaliada, a fim de auxiliar nas decisões da organização. E, por último, o Publicador que é uma “ferramenta de publicação de informações para a imprensa”. (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 375). Ou seja, essa ferramenta permite disponibilizar as informações e releases para imprensa de forma automática e precisa, pois facilita o dia a dia do comunicador e também da mídia, uma vez que as informações chegam em tempo hábil de serem publicadas, com a agilidade exigida pela mídia. Dessa forma, entende-se que a plataforma MaxRP pode auxiliar o profissional de Relações Públicas no que tange a mensuração e avaliação de suas ações, uma vez que, segundo Yanaze, Freire e Senise (2013) A MaxRP é um complexo sistema integrado de ferramentas de gestão do relacionamento junto a boa parte dos públicos estratégicos das organizações brasileiras. Sem dúvida, o investimento pode se justificar quando se trata de organização com ampla base de stakeholders com os quais precisa manter forte contato e monitoramento, principalmente no concernente aos governos e imprensa em âmbito latino-americano (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 375). É importante considerar que essa plataforma é uma ferramenta de tecnologia da informação que organiza os processos e rotinas do profissional de Relações Públicas. Percebe-se que muitas outras áreas, como compras, finanças, estoque e até mesmo os Recursos Humanos já adotaram essa ferramenta, mas que ainda são soluções incipientes na área da Comunicação. Outro ponto significativo é a questão de, como o próprio nome diz, se trata de uma ferramenta, portanto, para ser utilizada. De nada adiantaria se o trabalho rotineiro não fosse de fato realizado a partir da plataforma. Para isso, são exigidos 107 disciplina e comprometimento da equipe de profissionais de Relações Públicas, para que se cumpram os processos da plataforma, inserindo dados e extraindo indicadores e relatórios. Portanto, cabe ao profissional de Relações Públicas solicitar ao gestor da organização meios e ferramentas capazes de medir os resultados de suas ações. A plataforma MaxRP pode ser um caminho inicial para que os resultados em comunicação sejam compreendidos de forma quantitativa, demonstrando o retorno dos investimentos dispensados nessa área. 5.3.2 Avaliação e Mensuração da Imagem Corporativa– I²R e MCI A fim de mensurar e avaliar a imagem e reputação de uma organização, Yanaze, Freire e Senise (2013) estudaram duas principais ferramentas: I²R (Índice de Imagem e Reputação), da Companhia de Notícias CDN, que segundo os autores é uma “empresa brasileira especializada em comunicação corporativa, pesquisas e análises de tendências e outros serviços”, e o Método de Configuração da Imagem – MCI, desenvolvido pela Professora Doutora Maria Schuler1. A ferramenta I²R (Índice de Imagem e Reputação) tem como objetivos: Colher e avaliar a percepção dos diferentes públicos estratégicos (stakeholders) no contexto social, regulatório e político, trabalhando com fontes primárias; integrar o cenário concorrencial mediante a avaliação dos concorrentes definindo o peso de cada um dos públicos na imagem global da empresa; construir indicadores e índices sintéticos – por público e globais – que traduzem, em valores mensuráveis, o posicionamento, a imagem e a reputação da empresa (CDNEP apud YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 376). Com isso, a ferramenta I²R (Índice de Imagem de Reputação) permite obter e analisar as diversas percepções que os públicos estratégicos possuem na organização. Ou seja, através da mensuração e análise das percepções dos públicos é possível desenvolver indicadores que traduzem em números a imagem e a reputação da organização perante seus públicos de interesse. 1 SCHULER, M. Management of the Organizational Image A Method of the Organizational ImageConfiguration 2000 – PRSA Educator’s Academy 2000 Research Conference – Miami, USA (premiado) e SHULER, M. Management of the organizational image: a method for organizational image configuration. Corporate Reputation Review, London, v.7, n.1, Sping 2004. p.37-53 apud Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 377-379). 108 Além disso, o indicador que resulta dessa avaliação Tem como base o conceito de Image Share (por analogia a Market Share) e pressupõe que: . a imagem de uma empresa ou instituição tem seu valor aferido em um cenário concorrencial; e . a imagem de uma empresa ou instituição é produto da interação das percepções obtidas entre cada um dos públicos (CDNEP apud YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 376). Dessa forma, a imagem e a reputação de uma organização são representadas por um índice, que por sua vez, [...] é representado por um valor único composto pelos indicadores de imagem dos públicos específicos, ponderando segundo seu peso efetivo no setor econômico em que a empresa opera (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 376). Portanto, através da ferramenta I²R (Índice de Imagem e Reputação) é possível obter um número que representa a imagem e a reputação de uma organização perante seus públicos. Esse número deve ser avaliado e comparado com o setor econômico em que a organização está inserida. Quanto ao Método de Configuração de Imagem – MCI, Yanaze, Freire e Senise (2013) acreditam que: Esse método – aplicado e premiado nos Estados Unidos e no Reino Unido – foi criado para dar aplicação prática a teorias fundamentadas sobre a gestão da imagem no mundo dos negócios. Desenvolve um entendimento sobre o que é a Imagem, como ela se forma e qual é sua importância para a administração dos negócios, ao mesmo tempo em que desenvolve a habilidade de gerir essa realidade, no dia a dia organizacional (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 377). Esse método visa entender e explicar como se forma e qual a importância da imagem de uma organização para com seus públicos. Yanaze, Freire e Senise (2013) apresentam o método MCI através dos seguintes procedimentos: Identificação e Escolha dos diversos públicos da organização, Configuração de Conteúdo, Configuração de Agrupamentos e Relatório de Resultados. O primeiro, denominado Identificação e Escolha dos públicos da organização se trata de segmentar e identificar o perfil de cada público, para depois escolher o público específico que será pesquisado e avaliado. 109 A seguir, aplica-se o procedimento intitulado Configuração de Conteúdo, que busca: . a seleção de uma amostra representativa para essa fase da pesquisa; . a identificação dos atributos salientes da imagem de uma organização, marca ou produto na mente dos respondentes; . a classificação dos atributos identificados em categorias de atributos funcionais, simbólicos, cognitivos e emocionais; e . a atribuição de valores de ordem e de frequência aos atributos citados, visando à determinação de suas distâncias em relação ao termos empregado para estimular os respondentes a se manifestarem sobre o produto pesquisado (termo indutor) (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 377). Esse procedimento do método MCI diz respeito a identificação e seleção da imagem de determinado conteúdo que a organização deseja compreender. Ou seja, é necessário estabelecer parâmetros de medição a fim de poder segmentar o que se deseja analisar. Na sequência, o método propõe a abordagem denominada Configuração de Agrupamentos, que visa . a seleção de uma amostra representativa para essa fase da pesquisa; . a mensuração do grau de importância dos atributos levantados na fase da Configuração de Conteúdo, como forma de identificação dos atributos mais importantes para o grupo respondente dentro de seu processo de decisão de compra; . a mensuração do grau de satisfação dos atributos levantados na fase da Configuração de Conteúdo, como forma de identificação dos atributos mais satisfatórios para o grupo respondente; . a verificação do agrupamento dos atributos em fatores de importância, revelando assim grupos de atributos que sejam mais intimamente relacionados entre si; e . a verificação do agrupamento dos atributos em fatores de satisfação, revelando assim os caminhos de satisfação dos públicos com uma organização,marca ou produtos(YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 378). Esse procedimento do método MCI compreende uma relação importante com o procedimento adotado na chamada Configuração de Conteúdo, uma vez que se faz necessário identificar os graus de importância das informações levantadas e que a organização deseja compreender. Isso porque as informações serão agrupadas a fim de que se possa estabelecer os atributos e as relações de importância e de satisfação dos públicos perante o conteúdo pesquisado. Finalmente, o método gera o Relatório de Resultados, que é composto por: 110 . uma disposição gráfica dos resultados das duas fases da pesquisa (Mapa de Configuração da Imagem – MPCI), permitindo uma rápida visualização da estrutura dos atributos na imagem pesquisada; . uma tabela de Sugestões de Ações Estratégicas para a Gestão da Imagem (SAEGIs), na qual os principais atributos são analisados de acordo com as posições possíveis, os valores e as relações encontradas, gerando direções possíveis para a melhor gestão da imagem específica de uma organização, marca ou produto (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 378379). Portanto, o Método de Configuração da Imagem – MCI – propõe um relatório dos resultados obtidos e sugestões de ações estratégicas a serem aplicadas, com base nos resultados. Esse relatório comporta um mapa que permite uma rápida visualização da estrutura do conteúdo pesquisado e seus atributos perante os públicos, enquanto as sugestões de ações direcionam para uma melhoria na gestão da imagem da organização, se for o caso. Figura 4 - Mapa de Configuração da Imagem Fonte: Yanaze, Freire e Senise (2013, p. 379, adaptado de SCHULER, 2004). Através desse mapa, pode-se perceber que o termo indutor é o objeto da pesquisa, ou seja, a imagem do que ou de quem se deseja mensurar. Além disso, as periferias são as distâncias entre as atribuições das categorias do conteúdo, ou seja, determinam os valores de ordem e de frequência com que os atributos são lembrados ou citados pelos públicos. 111 5.3.3 Modelos de Duas Fases Galerani (2006) estudou modelos de processos de trabalho que visam demonstrar o valor econômico da comunicação organizacional perante o investimento realizado. Em relação aos autores de Yanaze, Freire e Senise (2013), Galerani (2006) propõe modelos marcados mais fortemente por seu conteúdo estatístico e suporte de tecnologia da informação. Para sua prática [dos modelos estudados], é importante certo conhecimento de estatística e programas informatizados, mas sua descrição neste trabalho apenas procurou explicar a ideia, sem detalhar técnicas matemáticas. Esses modelos têm o mérito de mostrar que é possível quantificar efeitos de comunicação, mesmo que para isso tenha-se que partir de projeções ou coeficientes, também um tanto subjetivos (GALERANI, 2006, p. 72). Dessa forma, um dos modelos a serem apresentados é o Modelo de Duas Fases, que Galerani (2006) afirma ter sido proposto por Yungwook Kim, pesquisador da Universidade de Illinois e que atualmente leciona na Escola de Comunicação da Universidade da Coréia. Esse modelo de avaliação visa [...] medir o impacto econômico da comunicação organizacional e foi denominado por ele [Kim] de Modelo de Duas Fases, pois testou duas relações: o impacto dos gastos da comunicação na reputação como uma meta e o impacto econômico da reputação no lucro da empresa (GALERANI, 2006, p. 77). Sob esse enfoque, cabe ressaltar que os investimentos realizados em comunicação para manter uma boa reputação de uma determinada organização, podem ser analisados por dois ângulos: o custo destinado para as ações de comunicação e os lucros que a organização obteve com base na sua boa reputação, a qual as ações de comunicação auxiliaram a obter. 112 Figura 5 - Modelo de Duas Fases Fonte: Galerani (2006, p.79, adaptado de KIM, 2001). Analisa- se esse contexto, apontando as três hipóteses: H1 – O aumento dos investimentos com relações públicas fará com que haja um impacto positivo na reputação da empresa. H2 – O aumento da reputação da empresa fará com que haja um impacto positivo no retorno financeiro da empresa. H3 – O mercado de ações terá um impacto positivo com o retorno financeiro positivo da empresa (GALERANI, 2006, p. 77). Através dessas hipóteses, foi desenvolvida uma pesquisa com grandes empresas referente aos investimentos em ações de Relações Públicas e eficácia na reputação da organização. A meta a ser atingida pelas Relações Públicas foi considerada como sendo a reputação da organização, ou seja, as ações de Relações Públicas e sua eficácia na reputação da organização, fazendo jus ao investimento financeiro realizado. Já a meta da organização era obter resultados financeiros desejáveis através do investimento realizado em ações de Relações Públicas com o objetivo de promover a reputação da organização. Kim (apud GALERANI, 2006) concluiu sua pesquisa, constatando que As variáveis usadas para medir o valor econômico das atividades de relações públicas foram confirmadas válidas e confiáveis. Os itens para medir gastos de comunicação e a reputação da empresa mostraram resultados altamente consistentes (KIM apud GALERANI, 2006, p. 78-79). Dessa forma, pode-se entender que O resultado da pesquisa significa, portanto, que se houver aumento de gastos com a comunicação organizacional, pode-se esperar um efeito positivo na reputação da empresa, considerando sempre uma constância de qualidade dos programas. O coeficiente estatisticamente significante demonstrou também o impacto positivo da reputação no retorno financeiro da empresa (GALERANI, 2006, p. 79). 113 Analisam-se esses resultados da pesquisa como exemplo de que é preciso, cada vez mais, investir em ações concretas de comunicação, que demonstrem os resultados desejados e que possam ser medidas, a fim de poder avaliar e melhorar constantemente. Cabe, ainda, analisar a última colocação de Galerani (2006) quanto a esse método, na qual a autora afirma que O desenvolvimento do modelo é complexo e depende de um conhecimento acurado das técnicas comentadas. Entretanto, é um modelo que se propõe a encontrar um valor econômico para a comunicação organizacional e, para isso, estuda também quanto vale a reputação de uma empresa – um cálculo que, se menos complexo, poderia gerar dados de grande utilidade para a rotina dos comunicadores (GALERANI, 2006, p. 79). Mais uma vez, faz-se necessário rever paradigmas de que o comunicador não pode gerar cálculos e que não pode trabalhar com sistemas complexos. O profissional de comunicação deve pensar e agir estrategicamente a fim de gerar e demonstrar seu valor perante a organização. Deve-se, primeiramente, contar com o apoio das áreas que têm mais habilidade para as finanças, para depois assumir sozinho a responsabilidade de gerenciar os sistemas, as ações, as análises e todas as demandas necessárias para assumir o papel de gestor da comunicação. Galerani (2006) apresenta ainda outros modelos para se avaliar a comunicação organizacional, entre eles estão: 1. O Modelo da Compensação Variável: que é a conversão da cooperação mútua em equivalentes monetários, isto é, pretende auxiliar a organização nas mediações de conflitos, transformando e medindo os equivalentes monetários do processo de cooperação dos funcionários. 2. O Modelo de Preparação, Implementação e Impacto (PII): modelo pelo qual são quantificadas as informações e estratégias de ação da comunicação e medida a sua implementação através de pesquisas para depois se verificar e avaliar o impacto e o retorno obtido. 3. Modelo Yardstick – Régua de Efetividade: modelo avaliado como prático e de baixo investimento, pois trata de uma régua composta por um conjunto de diretrizes ou padrões que o profissional de Relações Públicas deseja alcançar através de suas ações de comunicação. As duas etapas principais desse modelo são estabelecer objetivos de comunicação com 114 base no planejamento estratégico da organização e determinar em quais níveis se deseja medir a efetividade das ações. O nível máximo de efetividade seria, segundo Galerani (2006, p. 85-86), quando as ações de comunicação “resultam em qualquer mudança de opinião, comportamento ou atitude por parte da audiência-alvo”. Com base nos estudos realizados e apresentados nesse capítulo, considerase que a mensuração e a avaliação de resultados em comunicação são uma proposta contemporânea dos profissionais estratégicos da comunicação. Ou seja, é possível e de fundamental importância que os profissionais dessa área apresentem os investimentos realizados nas ações de comunicação para a alta administração. A consciência de se ter pensamento mais estratégico com relação à comunicação nas organizações está sendo assumida por muitos profissionais da área, no entanto, ainda há uma resistência cultural de se quantificar a comunicação e de apresentar resultados tangíveis. A esse profissional cabe a inserção e o aperfeiçoamento de métodos que auxiliam na medição de suas ações, a fim de demonstrar disciplina, coerência e efetividade nas suas ações, proporcionando à organização a comprovação do retorno e a segurança de novos investimentos em comunicação. Além disso, deve-se levar em consideração a continuidade da mensuração e da avaliação dos resultados, afinal, para que haja um processo contínuo de planejamento e execução das ações, faz-se necessário haver disciplina no registro de dados e informações e, consequentemente, a possibilidade de comparação ao longo do tempo. É isso também que subsidiará o aperfeiçoamento dos métodos escolhidos para medir e avaliar as ações, a fim de atingir os objetivos propostos. Acredita-se que é chegada a hora do profissional de Relações Públicas libertar-se do medo de correr riscos. Os desafios sempre foram o impulsionador da comunicação e fazem com que sejam constantemente aprimoradas as ações. Então, por mais limitado que seja o pensamento referente à mensuração e avaliação de resultados, não há mais espaço para profissionais indecisos e que não tomem atitudes desafiadoras, sejam elas impostas pela direção, pelos meios externos ou por iniciativas próprias. 115 6 PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo, retoma-se a questão norteadora apresentada na Introdução, uma vez que esse estudo tem o objetivo de pesquisar e compreender em que medida a avaliação em comunicação pode qualificar a atuação estratégica do profissional de Relações Públicas nas organizações. Para responder essa questão, adotou-se como metodologia a revisão bibliográfica, o uso do método qualitativo para estudo das percepções colhidas a partir da ferramenta entrevista e com o auxílio de um questionário constituído de questões semiabertas. A análise das respostas obtidas foi realizada a partir de categorias que análise que agrupam os principais sentidos, fornecendo, por condensação, uma representação simplificada dos dados brutos. Dessa forma, visando ao alcance do propósito de pesquisa, inicialmente, como apresentado nos capítulos anteriores, empreendeu-se uma revisão bibliográfica que subsidiasse a articulação teórica de conceitos relacionados às Relações Públicas, Comunicação e Cultura Organizacional, Planejamento Estratégico e Mensuração e Avaliação. Para isso, levou-se em consideração a constante busca por conhecer a aprofundar a literatura existente sobre Comunicação, Comunicação Organizacional, Planejamento, Planejamento Estratégico, Mensuração e Avaliação de resultados em Comunicação. Para Stumpf (2009), a pesquisa bibliográfica, Por vezes, trata-se da única técnica utilizada na elaboração de um trabalho acadêmico, como na apresentação de um trabalho final de uma disciplina, mas pode também ser a etapa fundamental e primeira de uma pesquisa que utiliza dados empíricos, quando seu produto recebe a denominação de Referencial Teórico, Revisão da Literatura ou similar (STUMPF, 2009, p. 51). Dessa forma, esse trabalho utilizou a pesquisa bibliográfica como técnica, pois está embasado em obras científicas existentes, sendo o pensamento dos autores a principal ferramenta e fonte de conhecimento. Nesta perspectiva de construção do referencial teórico, buscou-se conceituar e estabelecer metodologias de mensuração e de avaliação de resultados em comunicação, o que culminou na apresentação de métodos disponíveis no mercado 116 que podem ser implementados nas organizações, a fim de medir os resultados em comunicação. Após apresentar os conceitos teóricos, sentiu-se a necessidade de buscar opiniões e experiências de profissionais de comunicação que atuam no mercado, a fim de construir paralelos entre os conceitos estudados e as percepções de profissionais da área, compreendendo de que forma se afastam ou de aproximam. Sabe-se que a escolha da metodologia é fundamental no processo de planejamento do estudo, pois ela não só determina que bases teóricas irão sustentar a proposta, como a busca por dados empíricos no campo prático, como afirma Gil (2002, p. 162). Tendo em vista a definição da metodologia como parte indispensável para a descrição dos procedimentos da pesquisa proposta, há a necessidade de entender as etapas aqui seguidas e o método de referência para o desenvolvimento da presente monografia de conclusão de curso. Assim, após a realização da pesquisa bibliográfica que embasou a articulação teórico-conceitual em torno da questão norteadora do trabalho, passou-se ao estudo das percepções de profissionais do mercado sobre essa mesma questão. Para esse estudo, adota-se o método qualitativo. Segundo Lopes e Navarro (2003), estabeleceu-se uma dicotomia “em comunicação entre pesquisas quantitativas e pesquisas qualitativas”. Para defender seu pensamento, a autora acredita que é comum pensar que: [...] o uso de métodos estatísticos gera pesquisas descritivas, enquanto métodos qualitativos produzem pesquisas interpretativas. Trata-se de uma falsa dicotomia, e a questão está invertida. É falsa a dicotomia quantitativo/qualitativo na investigação social, porque, em primeiro lugar, é crescente a dificuldade de estabelecer um limite preciso entre análise quantitativa e qualitativa. Apesar de cada uma ter sua lógica implícita, não se pode esquecer que as operações quantitativas se apoiam em dados qualitativos originalmente coletados e logo transformados. (LOPES; NAVARRO, 2003, p. 154-155). Desta forma, a pesquisa aqui proposta adota o método qualitativo, uma vez busca-se compreender as inter-relações entre o indivíduo e seu contexto de atuação profissional. O método qualitativo, por sua vez, pressupõe a utilização de uma técnica a ser estabelecida pelo pesquisador. Segundo Lakatos e Marconi (2003) as técnicas de coletas de dados podem ser consideradas como “Um conjunto de preceitos ou processos de que se serve 117 uma ciência. [...] a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 222). Com isso, as técnicas estabelecem uma organização e planejamento da pesquisa, fazendo com que o processo de descobertas torne-se estruturado e consistente. Desse modo, entre as opções de técnicas a serem utilizadas, levou-se em consideração a busca pela ferramenta que mais contribuísse para o cumprimento dos objetivos propostos. Por esse motivo, após a realização da revisão bibliográfica, a técnica a ser utilizada nesse trabalho foi a entrevista, a fim de aprofundar as descobertas sobre o tema e permitir a construção de paralelos entre conceitos teóricos e a experiência de mercado. Como premissa para a elaboração de uma entrevista, fez-se necessário estudar os seus conceitos e seus diversos tipos, uma vez que a definição do tipo de entrevista se alicerça nos objetivos propostos para elaboração do trabalho. Para Lakatos e Marconi (2003), a entrevista é: [...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 195-196). Ao analisar que a entrevista é considerada um procedimento para investigação de algo, é importante, ainda, considerar a definição de Gil (2008), que acredita que: Pode-se definir entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interação social. Mas especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar e a outra se apresenta como fonte de informação. A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das ciências sociais (GIL, 2008, p. 109). Através desses conceitos, é possível perceber, ainda, que a entrevista possui enorme ligação com a comunicação, uma vez que o entrevistador interage com o entrevistado, formando um diálogo, o que possibilita a troca de conhecimentos. Por isso que quando se utiliza da entrevista como técnica, se estabelece um 118 planejamento das perguntas que serão propostas e para isso se faz necessário a construção de um instrumento, com perguntas que possibilitam ao entrevistado, pensar e responder de acordo com o grau de conhecimento que detém sobre o assunto. Entende-se, portanto, que para melhor estruturar e conduzir uma entrevista, a elaboração de um questionário é fundamental. Segundo Gil (2008): Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado, etc. (GIL, 2008, p. 121). Dessa forma, o questionário foi estruturado e pensado com base nos objetivos da pesquisa e da entrevista. Definiu-se que, para o trabalho aqui proposto, a utilização de questões semiabertas, uma vez que esta modalidade de pergunta permite a análise e a comparação das respostas dadas pelos entrevistados, traçando um diálogo com o tema proposto. As questões semiabertas, segundo Duarte (2009, p. 66), têm “origem no problema de pesquisa”, sendo elaboradas a fim de possibilitar ao entrevistado a utilização de exemplos, dados, especificações e demais informações pertinentes, que deverão ser solicitadas pelo entrevistador no decorrer da entrevista. Para isso, optou-se por realizar entrevistas com profissionais e empreendedores que possuem características semelhantes, isto é, que têm proximidade com a comunicação ou com o planejamento estratégico nas empresas que atuam e nas suas experiências profissionais – atendendo aos critérios de pertinência e homogeneidade da amostra eleita. A busca, pautada também pela conveniência, foi feita através da rede de contatos do entrevistador, identificando profissionais experientes, de empresas ou consultorias, com cargos de liderança e que pudessem narrar suas ricas experiências, oferecendo materiais que subsidiassem respostas ao objetivo proposto. Dessa forma, elaborou-se um questionário com quinze perguntas constituídas através do problema de pesquisa e da teoria estudada, que foram respondidas no decorrer da entrevista, abrangendo: o perfil dos entrevistados, a importância da comunicação (decorrente da discussão dos capítulos 2 e 3), a relação com o planejamento estratégico (decorrente da abordagem feita no capítulo 4) e, por fim, a 119 relevância da mensuração e avaliação dos resultados em comunicação (decorrente da temática do capítulo 5). Assim, é o aprofundamento permitido pela revisão bibliográfica que direciona e subsidia o questionamento proposto no instrumento. O questionário completo está disponível no Apêndice A. As perguntas foram respondidas com base na experiência profissional e na visão de mercado de cada entrevistado, sendo que optou-se por preservar o nome de cada um, considerando-os apenas como entrevistados A, B, C, D, E, F, G, H e I. O grupo de nove entrevistados constituiu-se através de rede de contados, buscando variedade e representatividade. As entrevistas foram realizadas pessoalmente, por telefone e através de e-mail num período de vinte e três dias, isto é, de quatro a vinte e sete de maio de 2015. Tendo em vista as respostas obtidas dos entrevistados, desenvolveu-se uma análise qualitativa das entrevistas, trazendo a teoria estudada como referencial de interpretação das narrativas, que foi dividida em três categorias de análise: importância da comunicação, planejamento estratégico e inserção do profissional de comunicação e mensuração e avaliação em comunicação. Assim como na proposição dos questionamento, é também a base teórica acionada que subsidia e tematiza a análise em categorias. Para indicar a representatividade de posições dentro do universo constituído, traduz-se as percepções em gráficos e porcentagens. A partir dessa análise, traçaram-se paralelos entre os conceitos teóricos e as percepções narradas pelos entrevistados, o que desencadeou-se no capítulo Estudo da Percepção de Profissionais. 120 7 ESTUDO DA PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS A partir da teoria pesquisada e aqui apresentada, busca-se desenvolver respostas para a questão norteadora desse trabalho, que põe em discussão se a inserção do profissional de Relações Públicas no planejamento estratégico da organização pode se consolidar através da mensuração e da avaliação dos resultados em comunicação. Esse capítulo apresentará a análise das percepções dos entrevistados com relação aos temas propostos nesse trabalho. Por isso, primeiramente, traça-se o perfil dos entrevistados. Em seguida, apresenta-se a análise das percepções dos entrevistados considerando três categorias, que correspondem ao agrupamento dos grandes temas teóricos estudados, sendo elas: (I) a importância da comunicação, (II) a importância do planejamento estratégico para as organizações considerando a inserção do profissional de comunicação nesse planejamento e (III) a relevância da mensuração e da avaliação dos resultados em comunicação para a organização. A leitura qualitativa das entrevistas busca estabelecer paralelos entre os conceitos teóricos estudados e a percepção de profissionais que atuam no mercado, evidenciando onde se aproximam e onde se afastam. Ou seja, buscou-se desenvolver análise das respostas a partir dos conceitos da teoria estudada. 7.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS Com o objetivo de descrever o perfil dos entrevistados, fez-se necessário o preenchimento de alguns dados pessoais, o que permitiu analisar dados importantes, como: sexo, idade, formação, tempo de atuação profissional, empresa em que atua e cargo que exerce no momento. 121 Figura 6 – Sexo Fonte: Elaborado pela autora. Dos nove entrevistados, sete são mulheres e dois são homens, o que corresponde a percentual de 78% do sexo feminino. Figura 7 – Idade Fonte: Elaborado pela autora. 122 Dos nove entrevistados, dois têm entre 20 e 30 anos, dois têm entre 30 e 40 anos, dois têm entre 40 e 50 anos, dois entre 50 e 60 anos e um deles tem entre 60 e 70 anos. Ou seja, neste aspecto o grupo composto é bastante variado e equilibrado com representantes de diferentes gerações. Figura 8 – Formação FORMAÇÃO Comunicação (Relações Públicas, Publicidade e Propaganda ou Jornalismo) Psicologia Administração de Empresas e Engenharia de Produção 11% 11% 78% Fonte: Elaborado pela autora. Sete dos nove entrevistados (78%) possuem formação em Comunicação, sendo que três deles são formados em Relações Públicas. Entre os entrevistados, há também, formações em Psicologia (11%), Administração de Empresas e Engenharia de Produção (11%). 123 Quadro 1 - Tempo de atuação profissional Tempo de atuação A 42 anos B 24 anos C 32 anos D 18 anos E 25 anos F 12 anos G 30 anos H 9 anos I 13 anos Fonte: Elaborado pela autora. Entre os nove entrevistados também há diferentes tempos de atuação do mercado, sendo que o tempo médio de atuação é de 22,77 anos. Considerando essa média, pode-se dizer que possuem tempo considerável de experiência profissional, constituindo uma amostra de profissionais experientes. Quadro 2 - Empresa que atua Empresa que atua A Núcleo de Propaganda B Tramontina Missel Capacitação Empresarial e ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) C D E J. Walter Thompson UCS (Universidade de Caxias do Sul )e serviços de consultoria em estratégia e mercado F Vivo G WMCcann H Jornal O Garibaldense Cooperativa Santa Clara I Fonte: Elaborado pela autora. 124 Os nove entrevistados atuam em instituições diferentes dos setores da indústria e prestação de serviços. De forma geral, todos se envolvem com a área de comunicação, sendo que seis deles também se envolvem com o planejamento das organizações em que atuam. Quadro 3 - Cargo exercido Cargo exercido A Sócia Diretora B Gerente de Marketing Sócia Diretora, Professora Universitária e Consultora C D E Diretora de atendimento Professor Universitário, Pesquisador e Consultor F Gerente de Propaganda G Diretor de Criação H Repórter Supervisora de Marketing I Fonte: Elaborado pela autora. A grande maioria dos entrevistados, com exceção do cargo de repórter, exerce cargos de liderança gerencial ou de consultoria, sendo que utilizam a comunicação como meio principal de suas atividades. Também é importante considerar que, de forma geral, todos os entrevistados exercem cargos relativos as suas formações. 7.2 IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO Nessa etapa, analisou-se o grau de importância que os entrevistados atribuem à comunicação nas suas profissões. Embora o questionário tenha sido constituído de questões semiabertas, analisaram-se as respostas obtidas a fim de resumir a posição assumida pelos profissionais e apresentar de forma visual, com o uso de gráficos, a tendência 125 observada no grupo. O que não significa que seja uma análise quantitativa, mas sim a representação da análise qualitativa desenvolvida. Perguntou-se aos entrevistados se a comunicação teve influência direta na escolha e no exercício de suas profissões e obteve-se o seguinte resultado: Figura 9 – Influência da Comunicação Influência da Comunicação Essencial Muito importante Não houve influência 11% 33% 56% Fonte: Elaborado pela autora. Dos nove entrevistados, 56% (cinco pessoas) disseram que a comunicação foi e é essencial para o exercício de suas profissões, enquanto 33% (três pessoas) afirmaram que a comunicação é muito importante nas suas carreiras e apenas 11% (uma pessoa) disse que não houve influência da comunicação na sua escolha profissional. Entre os entrevistados, o A afirmou: “Não consigo perceber uma empresa voltada para si mesma, que não tenha comunicação”. O entrevistado B afirma que “Sempre me identifiquei com as áreas mais humanas e menos específicas. Mais tarde tive a oportunidade de assessorar o Presidente do Conselho da Tramontina, onde tive muitas noções sobre marketing e agências de propaganda”. 126 O entrevistado C disse que “Sempre estudei sobre a comunicação e gestão de pessoas para compreender melhor os relacionamentos e como obter mais resultados através destes”. Feita essa análise inicial, perguntou-se aos entrevistados como eles percebem a importância da comunicação para que as organizações cumpram seus objetivos, sua missão. Dessa forma, obtiveram-se as seguintes opiniões: Figura 10 – Importância para Organizações Importância para Organizações Essencial Muito importante Importante 11% 22% 67% Fonte: Elaborado pela autora. Dos os nove entrevistados, 67% (seis pessoas) disseram que a comunicação é essencial para que as organizações cumpram seus objetivos, enquanto 22% (duas pessoas) afirmaram que a comunicação é muito importante para as organizações e 11% (uma pessoa) disse que a comunicação é importante para as organizações, desde que “seja feita de estratégias de longo prazo”, como afirmou o entrevistado D. Constatou-se que os entrevistados possuem opiniões muito parecidas, o que pode ser considerado como positivo, uma vez que os profissionais entrevistados atuam em áreas semelhantes, mas em organizações distintas. O entrevistado I justificou sua resposta afirmando que “comunicar faz parte da essência de todo indivíduo social e deve ser prioritário para que as empresas tenham sucesso”. 127 O entrevistado E, igualmente, acredita que a comunicação é muito importante para as organizações, “no sentido de criar e consolidar uma imagem e um posicionamento de mercado adequados”. O entrevistado B afirmou que “a comunicação bem feita, bem dosada e bem planejada é fundamental para a organização dizer o que ela quer”. Com isso, observa-se que os entrevistados são unânimes ao acreditar que as organizações precisam da comunicação para obter sucesso. Ou seja, as percepções dos entrevistados têm coerência com a teoria estudada, uma vez que, para Kunsch (2003, p.149-150) não é possível conceber uma organização sem que haja processos de comunicação que visam à integração de pessoas, de setores e de elaboração de relacionamentos. 7.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E INSERÇÃO DO PROFISSIONAL DE COMUNICAÇÃO Nessa terceira etapa das entrevistas buscou-se compreender qual a percepção dos entrevistados quanto ao planejamento estratégico das organizações e como eles veem o profissional de comunicação inserido nesse processo. Dessa forma, consideraram-se as seguintes percepções: 128 Figura 11 – Importância do Planejamento Estratégico para as Organizações Fonte: Elaborado pela autora. Dos os nove entrevistados 89% (oito pessoas) consideram o planejamento estratégico como parte fundamental de uma organização de sucesso. Já para 11% (uma pessoa) o planejamento estratégico é importante, como afirmou o entrevistado H: “acredito na importância de um planejamento para que haja foco e a organização saiba exatamente que rumo seguir”. Observou-se que os entrevistados, de forma unânime, acreditam que é necessário haver um bom planejamento estratégico para que a organização tenha sucesso. Por isso o entrevistado E afirmou que essa prática é essencial na “definição do foco e da forma com que a empresa deve atuar, aproveitando as oportunidades e minimizando as ameaças do mercado”. O entrevistado A também acredita no planejamento estratégico como sendo essencial para as organizações, pois “quem não sabe aonde vai, não chega a lugar algum”. O entrevistado D enriquece a sua resposta afirmando que “em um mundo de constantes mudanças, o planejamento estratégico surge como condição indispensável para que as organizações aumentem sua competitividade”. Diante das percepções dos entrevistados e considerando o pensamento de Kotler e Armstrong (2003, p. 33), “o planejamento estratégico é a base do planejamento da empresa” e de Galerani (2006, p. 49) que afirma que o 129 planejamento estratégico é o “caminho para evitar crises e promover a avaliação num processo cíclico”, pode-se dizer que a teoria está diretamente associada à prática do mercado, uma vez que, tanto as percepções dos entrevistados quanto os autores estudados apontam para a extrema importância do planejamento estratégico para a organização. Ainda sobre o planejamento estratégico, perguntou-se aos entrevistados como eles enxergam o profissional de comunicação inserido no planejamento estratégico das organizações. Obtiveram-se as seguintes opiniões: Figura 12 – Inserção do profissional de Comunicação no Planejamento Estratégico das Organizações Fonte: Elaborado pela autora. Dos nove entrevistados, 67% (seis pessoas) disseram que sim, que veem o profissional de comunicação inserido no planejamento estratégico das organizações, enquanto 33% (três pessoas) não veem a comunicação dessa forma. É importante considerar a opinião dos entrevistados que disseram não. O entrevistado F acredita que o profissional de comunicação é responsável pelo planejamento de comunicação, pois “através dele podemos traçar estratégias que chegam ao consumidor target, pensando em quais mensagens serão adequadas a 130 ele, em quais momentos e por quais canais vamos alcançá-lo”. Esse entrevistado demarca bem a diferenciação do planejamento de comunicação e do planejamento estratégico da organização como um todo e, deste último, o profissional de comunicação não participa em sua opinião. Para o entrevistado G “o profissional de comunicação é mais um generalista, as empresas tendem a ser mais especializadas. O profissional de comunicação, enfim, é bom em comunicação”. O que o entrevistado G afirmou é muito importante para que se possa entender o quão se faz fundamental que o profissional de comunicação adote uma postura muito mais estratégica do que vem sendo aplicada nas organizações, pois ele comenta que o profissional de comunicação deve fazer comunicação somente e que, de certo modo, não possui as habilidades necessárias para estar inserido no planejamento estratégico da organização. Para complementar esse pensamento, o entrevistado E também aponta para o mesmo sentido quando observa que os profissionais terão espaço no planejamento estratégico quando “tiverem uma melhor formação na área de gestão”. Dessa forma, essas opiniões são fundamentais para que se possa repensar o modo com que os profissionais de comunicação estão sendo percebidos no mercado. Ou seja, como sustentado teoricamente, é importante que o profissional de comunicação esteja apto à linguagem da alta administração, que saiba lidar com gráficos, números e estatísticas, a fim de buscar espaço entre os gestores organizacionais. Como disse Lorenzetti (2014), “é chegada a hora de migrar o raciocínio da comunicação concebido em Word para uma planilha de Excel”. Entre os entrevistados que responderam sim, destaca-se a resposta do entrevistado H, que afirmou que “para um bom planejamento, é preciso que haja comunicação envolvida. A comunicação ‘costura’ os pontos do planejamento e o torna mais fácil e executável por parte de toda empresa”. O entrevistado I também afirmou que sim, uma vez que “a comunicação é estratégica e deve ter acesso e fazer parte de todo o planejamento, pois atuará alinhada e com o objetivo de atingir as metas e posicionar a empresa como marca”. Analisam-se as percepções dos entrevistados e faz-se um paralelo com a teoria estudada, o que demonstra que a presença do profissional de comunicação no planejamento estratégico é muito importante para a organização. Ou seja, o profissional de comunicação inserido e participando efetivamente do planejamento estratégico auxilia a organização a traçar uma comunicação mais eficaz, pois os 131 objetivos da comunicação organizacional estão diretamente ligados às formas de pensar estrategicamente a organização, definidos no planejamento estratégico. Sobre isso, Kunsch (2006) afirma que: Faz-se necessário sensibilizar a alta administração da empresa ou a organização e conseguir seu comprometimento com a comunicação. Conceber a comunicação como fator estratégico na divulgação da missão e dos valores da organização perante todos os membros também é muito importante (KUNSCH, 2006, p. 45). Esse pensamento permite defender a inserção do profissional de comunicação no planejamento estratégico da organização, o que o tornará o facilitador da comunicação junto às demais áreas da gestão, além de contribuir para que os planos de negócios cresçam e apresentem resultados tangíveis. Para Yanaze, Freire e Senise (2013), o profissional de comunicação [...] não conseguirá realizar nenhuma análise de retorno dos investimentos de suas atividades sem saber: como a empresa define os valores a serem investidos; como são aprovadas as projeções orçamentárias dos diferentes setores (comunicação inclusive); como são definidas as prioridades; quais são os critérios para a definição de indicadores de sucesso; e como são monitorados os resultados das diferentes áreas (comunicação inclusive) etc. (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 134). É por isso que considera-se fundamental a inserção do profissional de comunicação no planejamento estratégico da organização, para que ele possa participar estrategicamente, além de obter informações fundamentais para a gestão da comunicação e para o sucesso de suas ações. 7. 4 MENSURAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS EM COMUNICAÇÃO Na quarta e última etapa das entrevistas, buscou-se avaliar a percepção dos entrevistados quanto a mensuração e avaliação dos resultados de comunicação. Para isso, foram aplicadas quatro questões. Na primeira delas foi questionado porque muitas organizações veem a comunicação como despesa e não como investimento e as respostas foram as seguintes: 132 Figura 13 – Investimento x Despesa Fonte: Elaborado pela autora. Perceberam-se três fatores destacados nas respondas. Dos nove entrevistados, 45% (quatro pessoas) disseram que a comunicação não apresenta resultados mensuráveis, que são muito subjetivos. Para 33% (três pessoas) o fator determinante desse pensamento é a cultura das organizações. Já para 25% (duas pessoas) essa afirmação não é condizente com a realidade no mercado. A percepção do entrevistado B é exemplo da opinião da maioria dos entrevistados, ao afirmar que “a comunicação sempre foi considerada uma área muito subjetiva. É fundamental fazer a mensuração, até para que a comunicação não seja mais vista como despesa, mas como investimento”. Concordando com esse pensamento, o entrevistado H disse que “o trabalho do comunicador é complexo, envolvendo colaborações que nem sempre podem ser mensuradas, registradas em relatórios, ao contrário do contador, que registra tudo em tabelas. O comunicador é mais abstrato, o que gera desconfiança para quem investe”. O entrevistado G foi um dos que não percebeu as organizações pensando dessa forma e defende sua posição com a resposta: “Será que enxergam assim? Se enxergam, estão errados”. Já para o entrevistado C, o fator que determina esse pensamento é a cultura empresarial, uma vez que “ainda temos uma cultura proveniente da Era Industrial, de que o mais importante para a empresa são as áreas de produção e comercial”. 133 Segundo o entrevistado C, é por esse motivo que muitos gestores ainda consideram a comunicação como despesa. Do mesmo modo, o entrevistado E afirma que esse pensamento dos líderes é uma “fragilidade de domínio conceitual sobre a área, seus desdobramentos, importância e possíveis resultados para as empresas”. Traçando um paralelo entre as percepções dos entrevistados e a teoria estudada, as organizações, cada vez mais, buscam resultados assertivos que envolvem todas as áreas da organização, principalmente a comunicação. Não há mais espaço para profissionais que não apresentam resultados de suas ações ou que tratam os resultados como sendo subjetivos. Resultados estes que precisam ser apresentados na linguagem mais conhecida pelos gestores da organização, isto é, em forma de números. Por isso que Kunsch (2006), afirma que [...] a necessidade de provarmos que nossas ações comunicativas são eficazes e trazem resultados para as organizações e à sociedade só será preenchida com e por meio da avaliação (KUNSCH, 2006, p.16). Nesse sentido, sabe-se que ainda há uma cultura empresarial que entende a comunicação como despesa e não como investimento. É por isso que o profissional de comunicação deve repensar suas estratégias de atuação para que suas ações sejam vistas como fator que contribui para o sucesso da organização e não o contrário. Na segunda questão foi perguntado aos entrevistados se eles entendem que o profissional de comunicação poderia ser mais estratégico, no sentido de mensurar e avaliar os resultados da comunicação. As respostas foram as seguintes: 134 Figura 14 – Estratégia do Profissional de Comunicação Estratégia do profissional de comunicação Sim Já é estratégica 11% 89% Fonte: Elaborado pela autora. Para a maioria dos entrevistados, 89% (oito pessoas) o profissional de comunicação poderia ser mais estratégico na mensuração e na avaliação dos resultados em comunicação. Enquanto para 11% (uma pessoa), o profissional de comunicação já é suficientemente estratégico no que faz. A opinião de que o profissional de comunicação já está sendo estratégica é do entrevistado G. Ele acredita que “a maioria dos grupos de comunicação tem fortes departamentos de planejamento”, o que os torna estratégicos em suas ações. Para os demais entrevistados, ainda há muito a ser feito para que o profissional seja considerado estratégico. Para o entrevistado F, “entender os resultados nos ajuda a trabalhar a comunicação para melhorar sempre. Utilizar as informações estrategicamente pensando em mudanças rápidas de rumo quando algo não está dando certo”. Analisando as percepções dos entrevistados e a teoria estudada, acredita-se que o profissional de comunicação precisa demonstrar o seu valor perante os gestores da organização. Ou seja, precisa pensar e agir estrategicamente para que os resultados de suas ações sejam percebidos pelos gestores da organização. Para que isso aconteça, Kunsch (2003) acredita que 135 [...] Um dos caminhos para perseguir a eficácia e efetividade das ações comunicativas é justamente avaliar e mensurar os resultados previstos e, consequentemente, aprender com os erros e acertos (KUNSCH, 2003, p.17). Nesse sentido, o profissional de comunicação deve assumir uma postura mais estratégica, que é de apresentar os resultados de suas ações de forma quantificada. Sobre isso, Lorenzetti (2014) afirma que É possível comprovar e medir o desempenho da comunicação. Ao exercitar essa capacidade de avaliação, valores são resgatados e os profissionais se fortalecem uma vez que saem do intangível e vão ao encontro dos anseios das corporações, que cada vez mais demandam um direcionamento de resultados para a sua comunicação (LORENZETTI, 2014). Adotando uma postura mais estratégica, mensurando e avaliando os resultados em comunicação, considera-se que o profissional de comunicação poderá ser o gestor da comunicação organizacional e obter espaço no planejamento estratégico da organização. A terceira questão feita aos entrevistados abordou se eles entendem que as organizações estão efetivamente preocupadas com suas ações de comunicação. As respostas foram as seguintes: 136 Figura 15 – As Organizações estão Preocupadas com sua Comunicação As organizações estão preocupadas com sua comunicação Sim Percebo um movimento para isso Não 11% 45% 44% Fonte: Elaborado pela autora. Nessa questão percebe-se uma tendência positiva nas percepções dos entrevistados, afinal para 45% (quatro pessoas) a resposta foi sim, que as organizações estão efetivamente preocupadas com a sua comunicação. Para 44% (quatro pessoas) dos entrevistados, há um movimento das organizações com relação a preocupação com sua comunicação, enquanto para 11% (uma pessoa) não há uma preocupação aparente das organizações com relação a sua comunicação. Para o entrevistado B, há “um movimento bastante significativo no sentido de que as áreas efetivas devem apresentar resultados e não seria diferente com a área da comunicação”. Para o entrevistado H, “acredito que isso esteja evoluindo de uns anos pra cá, pois as empresas estão percebendo como a comunicação pode colaborar para o processo de crescimento”. Para o entrevistado E, que foi o único a dizer que as empresas não estão preocupadas com a comunicação, ainda há uma carência de conhecimento de profissionais adequados, uma vez que, “as empresas precisam investir mais em comunicação e em profissionais dessa área”. 137 Ao analisar as percepções, percebe-se que há um cenário positivo perante a preocupação das organizações com a comunicação. No entanto, cabe os profissionais da comunicação ocuparem esse espaço. Assim, observou-se que as percepções dos entrevistados apresentam, assim como a teoria estudada, que as organizações estão começando a enxergar a comunicação como diferencial competitivo para o seu crescimento. As organizações estão assumindo um sistema aberto, o que significa a compreensão de um meio onde as relações interpessoais e a comunicação começam a ganhar mais valor. Para Kunsch (2003), essa consciência, [...] têm forçado as organizações a se adequar às novas exigências da sociedade contemporânea e a criar novas formas de gestão para fazer frente à instabilidade ambiental e aos mercados complexos e difíceis (KUNSCH, 2003, p. 60-61). Esse pensamento traz um novo olhar, permitindo que a comunicação seja vista como investimento para que se alcance a liderança do mercado. As organizações líderes investem na comunicação eficiente e eficaz. E, por fim, a quarta questão aplicada aos entrevistados foi se eles concordam que a mensuração e a avaliação dos resultados em comunicação pode ser um caminho para que o profissional dessa área possa estar inserido no planejamento estratégico da organização. As respostas foram unânimes, conforme segue: 138 Figura 16 – Apresentar Resultados Tangíveis Fonte: Elaborado pela autora. Para 100% (nove pessoas) dos entrevistados, o profissional de comunicação pode estar mais próximo de participar do planejamento estratégico da organização quando apresentar resultados que podem ser mensurados e avaliados em comunicação. Se na questão anterior os entrevistados apontam que há espaço para o profissional de comunicação, aqui se vê que consideram decisivo que ele saiba ser estratégico e apresente os resultados de suas ações. Para o entrevistado A, a mensuração ainda é um desafio, mas “chegaremos nesse resultado que deve ser o objetivo do investimento de um trabalho verdadeiramente profissional, planejado e contínuo”. O entrevistado F acredita que mostrar os resultados das ações de comunicação é muito relevante, uma vez que “à medida que o profissional de comunicação se torna parte deste planejamento, a comunicação ganhará cada vez mais espaço”. Com o mesmo ponto de vista, o entrevistado D afirma que “a mensuração e a avaliação farão toda a diferença para o profissional perante seu gestor”. Ao analisar as percepções unânimes dos entrevistados e resgatando a teoria estudada, cabe responder a questão norteadora desse trabalho, cumprindo-se, assim, os objetivos propostos. 139 Ao iniciar essa pesquisa teórica, deparou-se com a questão de quais as qualificações, quais as habilidades que o profissional de comunicação precisa adotar para que os gestores da organização o considerem membro do planejamento estratégico. Logo, deparou-se com o paradigma da área que diz respeito a mensuração e a avaliação dos resultados em comunicação. Ao buscar no mercado percepções sobre essa questão, obteve-se unanimidade nas respostas: sim, para que o profissional de comunicação seja visto como membro decisivo no planejamento estratégico da organização há de se apresentar resultados quantificáveis, há de se mensurar e avaliar os resultados dos investimentos em comunicação. Ao buscar os conceitos teóricos sobre esse tema, também há opiniões que demonstram que o caminho a ser seguido pelos profissionais da área é justamente esse: mensurando e avaliando seus resultados para depois apresentá-los aos gestores da organização. Ao apresentar os resultados de suas ações, o profissional de comunicação deve “utilizar a linguagem mais aceita e influente dentro das empresas: a linguagem financeira” (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 106). Ou seja, os comunicadores devem estar próximos às áreas financeiras e contábeis da organização para compreender a perspectiva do negócio da organização, a fim de utilizar a seu favor sempre que necessário. Complementando esse pensamento, é [...] fundamental que o profissional de Comunicação detenha certo conhecimento de finanças para poder interagir com os gestores financeiros e os contadores da empresa e, com isso, juntos, tornarem mais clara e coerente a projeção de como mensurar os possíveis retornos gerados pela comunicação (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 108). É preciso entender que para que o profissional de comunicação fortaleça seu valor como gestor da comunicação organizacional ele deve pensar e agir estrategicamente a fim de perceber que “sem uma projeção tangível de retorno, a comunicação como investimento em nível estratégico torna-se apenas mais uma retórica infundada dos comunicadores” (YANAZE; FREIRE; SENISE, 2013, p. 108). Com isso, finaliza-se o estudo das percepções dos entrevistados, considerando que os profissionais de comunicação precisam planejar suas ações baseadas nos objetivos da organização. Para isso, precisam estar presentes no planejamento estratégico da organização, sendo a mensuração e a avaliação dos resultados de suas ações um principal qualificador dessa inserção. 140 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio da pesquisa realizada e das entrevistas registradas foi possível perceber que a comunicação auxilia no sucesso organizacional. Ou seja, a comunicação auxilia as organizações a atingirem seus públicos, transmitirem seus valores, conquistarem espaço no mercado e, consequentemente, auxiliam no cumprimento de seus objetivos estratégicos. A comunicação se torna essencial quando vista pelo âmbito social, uma vez que integra as pessoas, constituindo os relacionamentos efetivos. Como indicado na análise das entrevistas realizadas, há a percepção de que muitos gestores ainda não compreendem que os investimentos que a organização realiza nas ações de comunicação podem ser efetivamente medidos, isto é, podem ser mensurados e avaliados. Da mesma forma, nem todos os profissionais da comunicação estão familiarizados com essa linguagem gerencial apesar da produção teórica indicar que é possível apresentar em valores numéricos o quanto as ações de comunicação contribuem para que a marca agregue valor e, por sua vez, trazem resultados positivos para a organização. Fala-se então da necessidade da quebra do paradigma de que a comunicação é muito subjetiva e que não pode ser mensurada de forma tangível, uma vez que a tendência é que o profissional de comunicação passe a utilizar a mesma linguagem administrativa que as demais áreas da organização já utilizam. Ou seja, o profissional de Relações Públicas passará a trabalhar também com números, indicadores, estatísticas e resultados tangíveis. Para que isso aconteça, como os entrevistados apontaram, faz-se necessário um profissional de Relações Públicas mais estratégico, que desempenhe competências para ser um gestor da comunicação, e é nesse ponto que ainda há muito trabalho a ser desenvolvido. Num primeiro momento, o profissional de comunicação precisa buscar parceiros dentro da própria organização que o auxilie na construção de ferramentas de medição de resultados, podendo ter suporte das áreas contábeis, financeiras, de tecnologia da informação e assim por diante. A partir da análise das percepções narradas nas entrevistas realizadas, compreenderse que o profissional de comunicação precisa fortalecer seu valor e obter mais 141 credibilidade no ambiente organizacional, para que possa desempenhar com mais eficiência as funções que lhe foram atribuídas. Um segundo passo seria apresentar, de forma numérica, os resultados de suas ações, já medidas e avaliadas pelas inúmeras ferramentas disponíveis no mercado e algumas apresentadas nesse trabalho, sejam elas do cotidiano do profissional, sejam elas de gestão da comunicação, para a alta administração, com o intuito de, a médio e longo prazo, buscar a sua inserção no planejamento estratégico da organização. Com base nas discussões teóricas e na análise das entrevistas realizadas, é possível concluir que mostrando resultados dos investimentos em comunicação, o profissional de Relações Públicas possa ter mais credibilidade e valor perante a alta administração. Afinal, as organizações investem valores significativos em comunicação e esperam por resultados que atendam à sua expectativa. Uma vez inserido no planejamento estratégico na organização, o profissional de Relações Públicas passa a exercer papel decisivo na definição de metas e objetivos gerais da organização, pois suas habilidades comunicativas e conhecimento dos públicos permitem que contribua de forma estratégica para que os objetivos sejam alcançados. Os profissionais entrevistados têm a percepção de que o profissional de comunicação é o que possui as competências necessárias para o assessoramento, planejamento, pesquisa, avaliação, mensuração de resultados, além da flexibilidade de atuação e integração com as diversas áreas da organização – assim como verificado na defesa teórica da área. É importante considerar que o planejamento, a execução, a mensuração e a avaliação dos resultados em comunicação devem formar um ciclo de melhorias contínuas, para que haja evolução e sejam apresentados resultados sempre melhores e condizentes com as metas organizacionais. Esse ciclo representa a continuidade das ações e investimentos em comunicação, uma vez que serve como aprendizado e definição de novos objetivos. Para que se possa mensurar e avaliar algo, é necessário que os objetivos gerais da organização sejam definidos de forma estratégica, pois serão os norteadores de todas as ações exercidas pelos diversos setores organizacionais. Justamente por essa questão que, mais uma vez, entendese a relevância da inserção do profissional de comunicação no planejamento estratégico da organização. 142 Por fim, verificou-se a importância de se discutir esse tema, da necessidade de aprofundamento e aperfeiçoamento por parte dos profissionais da comunicação e da construção mútua que deve existir por parte de alunos, professores, pesquisadores e academias para que se desenvolvam metodologias eficazes de mensuração e avaliação dos resultados em comunicação. O profissional de Relações Públicas, auxiliando a alta administração no planejamento estratégico, planejando suas ações de comunicação, mensurando e avaliando os resultados de forma eficaz fortalecerá a sua profissão e toda área, uma vez que passará, definitivamente, a exercer a função de gestor estratégico da Comunicação Organizacional. 143 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, Adão Eunes. Planejamento das relações públicas. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 1983. ALMEIDA, Martinho Isnard Ribeiro de. Manual de Planejamento Estratégico: desenvolvimento de um plano estratégico com a utilização de planilhas Excel. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Curso de relações públicas: relações com os diferentes públicos. 6. ed. rev. ampl. São Paulo: Cengage Learning, 2008. ARANHA, Lalá Reinaldo. Cartas a um jovem relações públicas: construindo relacionamentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. BARBOSA, Lívia. Cultura e empresas.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. BOAS, Franz. Antropologia Cultural. Trad. Celso Castro. 6ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. CARVALHO, Cíntia da Silva. SOUZA, Valdemarina Bidone de Azevedo e. GREBIN, Délci. Pensar estratégico na atividade de Relações Públicas: uso da inteligência profissional. In: MOREIRA, Elizabeth Huber. PONS, Mônica (organizadoras). Perspectivas em Relações Públicas. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de empresas: contingencial. 3.ed. São Paulo: Makron Books, 1994. uma abordagem DUARTE, Jorge. Entrevista em profundidade. In: DUARTE, Jorge. BARROS, Antonio (organizadores). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. FARIAS, Luiz Alberto de. Estratégias de relacionamento com a mídia. In: KUNSCH, Margarida M. Krohling (organizadora). Gestão estratégica em comunicação organizacional e Relações Públicas. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2009. ______. (organizador). Relações Públicas estratégicas: técnicas, conceitos e instrumentos. São Paulo: Summus, 2011. FERRARI, Maria Aparecida. Contexto Global e Latino-americano da Comunicação e Relações Públicas. In: GRUNIG, James E. FERRARI, Maria Aparecida. FRANÇA, Fábio. Relações Públicas: teoria, contexto e relacionamentos. 2 ed. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2011. FERREIRA, Ediene do Amaral. A atividade de Relações Públicas sob vários enfoques. In: MOREIRA, Elizabeth Huber. PONS, Mônica (organizadoras). Perspectivas em Relações Públicas. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008. 144 FLEURY, Maria Tereza Leme. FISCER, Rosa Maria (organizadoras) Cultura e poder nas organizações. São Paulo: Atlas, 1996. FORTES, Waldyr Gutierrez. Relações Públicas – processo, funções, tecnologia e estratégias. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Summus, 2003. FRANÇA, Fábio. Públicos: como identificá-los em uma visão estratégica. 2. ed. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2008. ______. A releitura dos conceitos de público pela conceituação lógica. In: KUNSCH, Margarida M. Krohling (organizadora). Relações Públicas: história, teorias e estratégias nas organizações contemporâneas. São Paulo: Saraiva, 2009. ______. Gestão de Relacionamentos Corporativos. In: GRUNIG, James E. FERRARI, Maria Aparecida. FRANÇA, Fábio. Relações Públicas: teoria, contexto e relacionamentos. 2 ed.São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2011. GALERANI, G. S. M. Avaliação em comunicação organizacional. 1. ed. Brasília – DF: Assessoria de Comunicação Social – Emprapa, 2006. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ______. Métodos e Atlas, 2008. técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: GRUNIG, James E. Uma teoria geral das Relações Públicas: quadro teórico para o exercício da profissão. In: GRUNIG, James E. FERRARI, Maria Aparecida. FRANÇA, Fábio. Relações Públicas: teoria, contexto e relacionamentos. 2 ed. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2011. KARDEC, Alan. ARCURI, Rogério. CABRAL, Nelson. Gestão estratégica e avaliação de desempenho. Rio de Janeiro: Qualitymark: ABRAMAN, 2002. KOTLER, Philip. ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. Trad. Arlete Simille Marques, Sabrina Cairo. Rev. técnica Dilson Gabriel dos Santos, Francisco J.S.M. Alvarez. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na comunicação integrada. 4. ed., revisada, atualizada e ampliada. São Paulo: Summus, 2003. ______. Planejamento estratégico para a excelência da comunicação. In: KUNSCH, Margarida M. Krohling (organizadora) Obtendo resultados com Relações Públicas. 4. ed., revista. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. ______. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. In: KUNSCH, Margarida M. Krohling (organizadora). Relações Públicas: história, teorias e estratégias nas organizações contemporâneas. São Paulo: Saraiva, 2009. 145 ______. Prefácio. In: YANAZE, Mitsuru Higuchi. FREIRE, Otávio. SENISE, Diego. Retorno de investimentos em comunicação: avaliação e mensuração. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; Rio de Janeiro, RJ: Editora Senac Rio de Janeiro, 2013. LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. LOPES, Maria Immacolata de. NAVARRO, Raúl Fuentes. Epistemologia da comunicação. São Paulo: Loyola, 2003. LUPETTI, Marcélia. Planejamento de comunicação. 4. ed. São Paulo: Futura, 2000. MARCHIORI, Marlene. Cultura e Comunicação 2. ed. Revisada e ampliada - São Caetano do Sul: Difusão Editora, Organizacional: um olhar estratégico sobre a organização. 2008. MÜLLER, Cláudio José. Planejamento Estratégico, Indicadores e Processos: uma integração necessária. São Paulo: Atlas, 2014. MINTZBERG, Henry. AHLSTRAND, Bruce. LAMPEL, Joseph. Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do Planejamento Estratégico. Trad. Nivaldo Montingelli Jr. Porto Alegre: Bookman, 2000. NASSAR, Paulo. Relações Públicas na construção da responsabilidade histórica e no resgate da memória das organizações. São Paulo: Difusão, 2007. ______. Conceitos e processos de comunicação organizacional. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Gestão estratégica em comunicação organizacional e Relações Públicas. São Paulo: Difusão Editora, 2009. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2004. OLIVEIRA, Maria José da Costa. De públicos para cidadãos: uma reflexão sobre relacionamentos estratégicos. In: FARIAS, Luiz Alberto de. (organizador). Relações Públicas estratégicas: técnicas, conceitos e instrumentos. São Paulo: Summus, 2011. OLIVEIRA, Ivone de Lourdes (organizadoras). Comunicação, Organizações. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013. Discurso, PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação e a complexidade do ser e do saber. Petrópolis: Vozes, 1995. REZENDE, Denis Alcides. Planejamento estratégico público ou privado: guia para projetos em organizações de governo ou de negócios. São Paulo: Atlas, 2011. SANDI, André Quiroga. Tecnologia da informação e comunicação: aportes para o profissional de relações públicas. In: MOREIRA, Elizabeth Huber. PONS, Mônica 146 (organizadoras). Perspectivas em Relações Públicas. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008. SILVA, Helton Haddad, TENCA, Evandro Cesar. SCHENINI, Paulo Henrique. FERNANDES, Sandra (organizadores). Planejamento estratégico de marketing. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. SIMÕES, Roberto P. Relações públicas: função política. 3 ed. ver. e ampl. São Paulo: Summus Editorial, 1995. ______. Relações públicas e micropolítica. São Paulo: Summus Editorial, 2001. SOARES, Paulo Henrique Leal. Comunicação com o público interno no contexto das organizações internacionais: a experiência da Vale. In: MARCHIORI, Marlene. OLIVEIRA, Ivone de Lourdes (organizadoras). Comunicação, Discurso, Organizações. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013. SOUSA, Mauro Wilton de. Teoria da comunicação e gestão simbólica de processos organizacionais. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling (organizadora). Gestão estratégica em comunicação organizacional e Relações Públicas. São Paulo: Difusão Editora, 2009. SROUR, Robert Henry. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 1998. STUMPF, Ida Regina C. Pesquisa Bibliográfica. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (organizadores). Métodos e técnicas de pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, 2009. YANAZE, Mitsuru Higuchi. FREIRE, Otávio. SENISE, Diego. Retorno de investimentos em comunicação: avaliação e mensuração. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; Rio de Janeiro, RJ: Editora Senac Rio de Janeiro, 2013. CONSULTA EM SITES LORENZETTI, Gisele. Mensuração de resultados: o fim da era do intangível. ACM comunicação. Disponível em: <http://www.acmcomunicacao.com.br/wpcontent/midias/Mensuracao-de-resultados-o-fim-da-era-do-inatingivel-GiseleLorenzetti.pdf>. Acesso em 31 ago. 2014. OLIVEIRA, Ruy Flávio de. Análise SWOT: críticas e alternativa. Moneo: métodos, processos e tecnologia, 2 abr. 2012. Disponível em: <http://www.moneo.com.br/conhecimento/blogs/fora-da-caixa/113-analise-swotcriticas-e-alternativas>. Acesso em 18 abr. 2015. SERAFIM, Ana. A Análise SWOT – Como encontrar a solução certa. Portal Gestão, 28 fev. 2013. Disponível em: <https://www.portal-gestao.com/item/6971- 147 aan%C3%A1lise-swot-%E2%80%93comoencontrar-asolu%C3%A7%C3%A3ocerta.html>. Acesso em 18 abr. 2015. FALCONI CONSULTORIA DE RESULTADOS. O Método PDCA. Falconi Consultores de Resultado. Disponível em: <http://www.falconi.com/quem-somos/ometodo-pdca/>. Acesso em 25 abr. 2015. 148 APÊNDICES 149 APÊNDICE A: Instrumento para entrevistas 150 Esta pesquisa destina-se para a elaboração do Trabalho de Conclusão do curso de Relações Públicas da Universidade de Caxias (UCS) e tem como finalidade a busca de opiniões e percepções pessoais de empresários e empreendedores, baseadas em sua experiência profissional, que se envolvem direta ou indiretamente com a comunicação em suas empresas. As respostas serão tratadas de maneira confidencial, as quais apenas o pesquisador terá acesso à identificação. No entanto, faz-se necessário o preenchimento de alguns dados pessoais, para que se possa traçar o perfil dos participantes da pesquisa. Sua participação é muito importante para o sucesso do trabalho de conclusão de curso, por isso, agradecemos muito sua disponibilidade. Questionário 1- Nome: 2- Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 3- Idade: ( ) Entre 30 e 40 anos ( ) Entre 40 e 50 anos ( ) Entre 50 e 60 anos ( ) Entre 60 e 70 anos ( ) Mais de 70 anos 4- Formação: 5- Tempo de atuação profissional: 6- Empresa que atua: 7- Cargo que exerce: 151 8- Conte-me sobre sua experiência profissional e como a comunicação influenciou a sua carreira. 9- Com base na sua experiência profissional, qual a importância da comunicação para que as organizações cumpram seus objetivos/sua missão? 10- Qual a importância do planejamento estratégico para o sucesso das organizações? 11- Na sua percepção, há espaço para a inserção do profissional de comunicação no planejamento estratégico das organizações? 12- Na sua opinião, por que, ainda, muitas organizações veem os investimentos em comunicação como despesa? 13- Você entende que a atuação do profissional de comunicação deveria ser mais estratégica, no sentido de mensurar e avaliar os resultados das ações realizadas em comunicação? 14- No seu ponto de vista, a mensuração, a avaliação e a apresentação de resultados tangíveis das ações desenvolvidas, pode ser um caminho para o profissional de comunicação ser visto pelos gestores como membro gerador de valor no planejamento estratégico da organização? 15- Na sua avaliação, as organizações estão efetivamente preocupadas com a eficácia de sua comunicação, isso é, definem estratégias de comunicação para atingir seus objetivos? 152 APÊNDICE B: Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I 153 UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS KARINA SPIES BORSOI A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PROMOVENDO A AVALIAÇÃO EM COMUNICAÇÃO Caxias do Sul 2014 154 KARINA SPIES BORSOI A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PROMOVENDO A AVALIAÇÃO EM COMUNICAÇÃO Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientadora: Ms. Maria Lúcia Bettega Caxias do Sul 2014 155 1 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Comunicação integrada......................................................................... 33 156 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 05 2 TEMA ................................................................................................................. 07 2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 07 3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 08 4 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................... 12 5 OBJETIVOS ....................................................................................................... 13 5.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 13 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 13 6 METODOLOGIA ................................................................................................ 14 7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 23 7.1 COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL ........................................ 23 7.2 ORGANIZAÇÃO X EMPRESA: DIFERENÇAS ................................................ 26 7.2.1 Cultura organizacional ................................................................................ 29 7.3 COMUNICAÇÃO INTEGRADA ........................................................................ 32 7.3.1 Comunicação administrativa ...................................................................... 34 7.3.2 Comunicação interna .................................................................................. 35 7.3.3 Comunicação mercadológica ..................................................................... 36 7.3.4 Comunicação institucional ......................................................................... 38 7.4 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL ..... 39 7.4.1 Definindo metas de comunicação organizacional ................................... 42 8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................. 44 9 CRONOGRAMA ................................................................................................ 45 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 46 157 1 INTRODUÇÃO O presente estudo tem por objetivo analisar como o profissional de Relações Públicas pode atuar no planejamento estratégico de forma que ele se situe como um gestor de comunicação, atuando não somente na elaboração de um plano de comunicação estratégico, mas de forma sistemática se inserindo no processo de avaliação de resultados, fazendo com que a mensuração faça parte dos planos de ação elaborados de acordo com as necessidades organizacionais. Atualmente, os processos de gestão se voltam para a demonstração de valor. Este cenário tem exigido que os profissionais da Comunicação mensurem os resultados alcançados pela área e demonstrem o quanto ela auxilia as organizações no alcance de seus objetivos de negócio, indicando seu valor. Segundo Kunsch (2003, p.103), a atuação das relações públicas na modernidade precisa perpassar as simples formas de emitir informações, pois ao se apresentar como estratégica, esta área precisa: [...] demonstrar sua contribuição também como um valor econômico para as organizações. Isto é, suas atividades têm de apresentar resultados e ajudar as organizações a atingir seus objetivos, cumprir sua missão, desenvolver sua visão e cultivar seus valores. Com base nestes argumentos, defende-se nesse projeto que o profissional de Relações Públicas possui capacitação para atuar como gestor estratégico, criando parcerias com outras áreas organizacionais, como: financeiro, contábil, recursos humanos, vendas, entre outros. Para melhor conceituar a proposta, o projeto está dividido em: a) Tema: que é a direção a ser seguida; e Delimitação do tema: que delimita de forma mais aberta o tema proposto; b) Justificativa: onde são representados os motivos pelos quais optou-se em escolher o tema proposto, sempre com embasamento teórico que justifique a proposta; c) Questão norteadora: também chamado de problema de pesquisa, é onde define-se uma pergunta que, no decorrer da pesquisa, propõe-se a respondê-la; 158 d) Objetivos: onde define-se um objetivo geral e objetivos específicos, a fim de estruturar de forma sistemática, a realização do trabalho; e) Metodologia: onde define-se a estruturação do trabalho. É onde determina-se o método, que tem como principal função orientar as escolhas do pesquisador; f) Revisão bibliográfica: onde busca-se, através de pesquisas em bases teóricas referentes, responder e/ou entender a respeito dos temas apontados na questão norteadora. O projeto apresenta, ainda, um sumário orientativo, juntamente com o cronograma, onde ambos visam uma organização e um planejamento para melhor percorrer o caminho a ser seguido, na elaboração do trabalho monográfico. E, por fim, tem-se às referenciais bibliográficos, onde constam as obras que foram fundamentais para elaboração da proposta. 159 2 TEMA A atuação do profissional de Relações Públicas no Planejamento Estratégico promovendo a avaliação em comunicação. 2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA A defesa da inserção do profissional de Relações Públicas no Planejamento Estratégico da organização, promovendo a mensuração e a avaliação de resultados em comunicação. 160 3 JUSTIFICATIVA Vive-se em uma sociedade na qual os mercados e organizações estão cada vez mais competitivos, onde os profissionais de comunicação têm a missão de buscar a excelência nos resultados almejados. Com isso, as organizações buscam, através de um planejamento estratégico, resultados cada vez mais assertivos e, essas buscam envolver todas as áreas da organização, principalmente a comunicação. Neste sentido, deve haver uma conscientização de que o retorno pode ser identificado e que a comunicação não é mais vista como despesa, mas sim, investimento que gera resultado e que pode ser mensurado através de métodos que permitem a avaliação da comunicação. Para isso, profissionais e formas de atuação precisam passar por mudanças, de opinião e de atitudes comportamentais. Acredita-se que essas mudanças devem começar pelos gestores e atingir todos os profissionais que atuam em setores como marketing, comunicação interna, comunicação estratégica e pelos envolvidos no planejamento estratégico. As Relações Públicas, dentro da comunicação de uma organização, desempenham um papel estratégico, fazendo com que se estabeleçam relações entre a organização e seus públicos. Desta forma, Freitas (1997, p. 42) afirma que: O relacionamento da organização no âmbito externo será o reflexo do tratamento da comunicação em âmbito interno, facilitando seus negócios. Assim, a comunicação adquire papel estratégico e relações públicas pode ajudar as organizações no seu processo de comunicação estratégica, fazendo com que as organizações conheçam primeiro a si próprias, para, a seguir, melhor se comunicarem com seus públicos externos. Sendo assim, o profissional de Relações Públicas, quando inserido no planejamento da organização, deverá ser estratégico, visando que as formas de comunicação estejam presentes em todas as áreas e setores e que abarque as relações entre a organização e seus públicos, tanto no âmbito interno como no externo. Porém, não basta, ao profissional, pensar e se envolver só com os relacionamentos e com o aperfeiçoamento de meios e ferramentas para estabelecer relações com os públicos. Ele precisa inserir em sua atuação a mensuração dos resultados das ações propostas e realizadas. É através da mensuração dos resultados que o profissional de Relações Públicas consegue mostrar que a 161 comunicação é estratégica e é responsável pelo sucesso que uma marca tem no mercado. Kunsch (2002, p. 203) define planejamento: [...] como um ato de inteligência, um modo de pensar sobre determinada situação ou realidade, enfim, como um processo racional-lógico, que pressupõe estudos, questionamentos, diagnósticos, tomadas de decisões, estabelecimento de objetivos, estratégias, alocação de recursos, curso de ações, etc. Como enfatiza a autora, o ato de planejar requer o pensar estratégico, porém alinhado com a realidade em que a ação se desenvolve, envolvendo uma análise criteriosa do ambiente, sobretudo do conhecimento sobre os públicos que serão beneficiados pelas ações propostas. O planejamento estratégico ocupa o topo da pirâmide organizacional. É responsável pelas grandes decisões estratégicas que envolvem as organizações como um todo. Caracteriza-se como de longo prazo e em constante sintonia e interação com o ambiente. O planejamento estratégico visa buscar as melhores formas para gerenciar as ações estratégicas das organizações, tendo por base as demandas sociais e competitivas, as ameaças e as oportunidades do ambiente, para que a tomada de decisões no presente traga os resultados mais eficazes possíveis no futuro. (KUNSCH, 2002, p. 214) Um aspecto muito significativo em relação ao planejamento estratégico é pensar em um plano que contemple processos de avaliação. Supõe-se que toda e qualquer atividade demanda avaliação e, mesmo sendo atividades comunicacionais, a mensuração de resultados possibilita mostrar que ações de comunicação e, mais precisamente, às de Relações Públicas, podem ser transformadas em fatores numéricos que permitem analisar o retorno que uma empresa ou organização pode ter ao inserir a comunicação no planejamento estratégico. Partindo deste pressuposto, Lindenmann (2003, apud GALERANI, 2006, p. 36) acredita que: Mensurar é fazer pesquisa projetada para determinar a efetividade relativa ou o valor do resultado em relações públicas. Em curto prazo, medir comunicação determina o seu sucesso ou fracasso. Avaliar é considerar os mais largos esforços de comunicação de relações públicas, que têm como meta melhorar ou aumentar as relações de organizações com stakeholders. Considerando a importância do profissional de Relações Públicas, inserido no planejamento estratégico da organização, podemos levantar a questão do papel do 162 profissional como estrategista no comportamento da organização. A partir disso, Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000, p. 65 e 66), consideram que os planejadores: [...] têm papeis importantes a desempenhar em torno da formação de estratégias. Eles podem atuar como analistas, provendo dados de entrada, em particular aqueles que os gerentes são propensos a negligenciar. Eles também podem examinar as estratégias que saíram para avaliar sua viabilidade. Os planejadores também podem atuar como catalisadores, não para promover o planejamento formal como uma espécie de imperativo, mas para encorajar qualquer forma de comportamento estratégico que faça sentido para uma determinada organização em determinada ocasião. Para demonstrar ainda, a importância do papel do profissional de Relações Públicas no planejamento estratégico, pode-se dizer que a mensuração e a avaliação dos resultados das ações de comunicação pode gerar mais credibilidade aos gestores da organização. Pensando nisso, há de se considerar que não basta planejar para executar ações, é necessário pensar no retorno, no benefício e é por isso que: [...] a mensuração de resultados vem confirmar o papel do planejamento estratégico em comunicação. Assim como é impossível construir uma casa sem um projeto de arquitetura e engenharia, é absurdo desenvolver um projeto de comunicação sem um planejamento estratégico – consistente e profissional – com base em diagnósticos precisos e com olhos nos objetivos estratégicos das corporações. Sem um plano de voo, não saberemos para onde estamos indo e não teremos a menor condição de avaliar se o caminho está correto. Investir num bom planejamento estratégico é assegurar a boa alocação dos recursos humanos e financeiros; investir em mensuração de resultados é comprovar, sistematicamente e sem medo, que os recursos foram bem alocados. (LORENZETTI)2 Considerando as questões levantadas e tendo presente a experiência profissional acumulada ao longo de três anos atuando em áreas de marketing de uma empresa, considerada grande, entende-se que ainda há uma resistência dos gestores da organização quanto a inserção do profissional de comunicação, mais precisamente de Relações Públicas, na construção do planejamento estratégico. Sabe-se que há pouco tempo, a comunicação representava algo intangível, isto é, que não se pode avaliar e nem mensurar os resultados. Porém, chega-se à era dos 2 Disponível em http://www.acmcomunicacao.com.br/wp-content/midias/Mensuracao-de-resultados-ofim-da-era-do-inatingivel-Gisele-Lorenzetti.pdf. Acesso em 31/08/2014. 163 resultados, onde já há um consenso, por parte de profissionais e pesquisadores da comunicação, de que é necessário medir os retornos investidos em comunicação. De acordo com Lorenzetti3 “é chegada a hora de migrar o raciocínio da comunicação concebido em Word para uma planilha de Excel”. Nessa nova realidade, apontada por Lorenzetti, percebe-se que abrem novos desafios ao profissional de Relações Públicas, ou seja, quem sabe é chegada a hora de as Relações Públicas revisitarem a atuação, visando uma ampliação das áreas de atuação e um deslocamento de sua visão, normalmente, mais voltada ao foco na construção de imagem e do aprimoramento das relações, em uma perspectiva qualitativa, para abraçar uma forma de atuação voltada ao entendimento da comunicação quantitativa. De acordo com Yanaze (et. alt. FREIRE e SENISE, 2013, p. 248), a comunicação, em nível de objetividade, fornece maneiras de quantificar resultados, com isso ocorre a viabilização de estratégias, pois: O trabalho de comunicação não precisa ser essencialmente subjetivo para ser considerado estratégico. Quanto maior o nível de objetividade (valores quantificáveis) que conseguirmos inserir no trabalho da comunicação dentro das organizações, mais respeitados serão os comunicadores, ou seja, considerados mais estratégicos e menos táticos ou operacionais. Trata-se, também, de uma questão de capital político no âmbito organizacional, ou seja, quanto mais o comunicador apresentar seus resultados de forma que as demais áreas da organização e seu corpo direto os apreendam objetivamente, maior será a percepção de que seu trabalho é essencial para a consecução dos objetivos gerais da organização. Desta maneira, é importante considerar que os trabalhos desenvolvidos e as pesquisas realizadas demonstram o quanto é importante a presença do profissional de Relações Públicas na concepção do planejamento estratégico das organizações. Porém, esses profissionais precisam pensar e agir estrategicamente, a fim de poder gerar segurança e possibilitar o retorno do investimento das ações praticadas nas organizações, assim como fazem as áreas de vendas e finanças. Partindo deste pensamento, deve-se buscar a excelência das estratégias de Relações Públicas a fim de alcançar os resultados desejados e consolidarmos a presença deste profissional no conjunto de gestores que pensam e administram as organizações, atuando de forma compartilhada e linear. 3 Disponível em http://www.acmcomunicacao.com.br/wp-content/midias/Mensuracao-de-resultados-ofim-da-era-do-inatingivel-Gisele-Lorenzetti.pdf. Acesso em 31/08/2014. 164 4 QUESTÃO NORTEADORA A atuação do profissional de Relações Públicas no Planejamento Estratégico pode se consolidar com a inserção da avaliação em comunicação? 165 5 OBJETIVOS 5.1 OBJETIVO GERAL Analisar a importância do profissional de Relações Públicas no planejamento estratégico, adotando estratégias de avaliação de resultados. 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Definir os conceitos de comunicação e comunicação e cultura organizacional; - Conceituar organizações e empresas; - Conceituar planejamento estratégico das organizações; - Estudar qual o papel do profissional de Relações Públicas no planejamento estratégico das organizações; - Entender o processo de mensuração e avaliação em comunicação. 166 6 METODOLOGIA Ao elaborar um projeto de pesquisa, faz-se necessário, estabelecer o planejamento das ações que serão desenvolvidas. Gil (2002, p. 19) acredita que: Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações desenvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. De modo geral, concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa, que envolve a formulação do problema, a especificação de seus objetivos, a construção de hipóteses, a operacionalização dos conceitos, etc. [...] o planejamento deve envolver também os aspectos referentes ao tempo a ser despendido na pesquisa, bem como aos recursos humanos, materiais e financeiros necessários a sua efetivação. Com base no pensamento do autor, pode-se relacionar o desenvolvimento de um projeto de pesquisa, requer planejamento de todas as ações que serão desenvolvidas no decorrer do processo, se faz necessária a criação de roteiros, que determinam os passos que devem ser dado para concretização que envolve a pesquisa. A escolha da metodologia se torna fundamental no processo de planejamento, pois ela não só determina que bases teórica irão sustentar a proposta, como a busca por dados empírico no campo prático. Gil (2002, p.162) define metodologia como a parte em que se: [...] descrevem-se os procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa. Sua organização varia de acordo com as particularidades de cada pesquisa. Requere-se, no entanto, a apresentação de informações acerca de alguns aspectos, como os que são apresentados a seguir: tipo de pesquisa, população e amostra, coleta de dados e análise dos dados. Tendo em vista a definição da metodologia como parte indispensável para a descrição dos procedimentos da pesquisa proposta, há a necessidade de entender as etapas que de seguem, o método a ser adotado a fim de desenvolver um projeto coerente e planejado. 6.2 O MÉTODO 167 Para que o projeto de pesquisa seja considerado coerente e científico, faz-se necessário determinar o método a ser seguido.Para isso, estuda-se Gil (2008, p. 8), que acredita que: Para que um conhecimento científico possa ser considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação. Ou, em outras palavras, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento. Dessa forma, tão importante quanto definir o tema de um projeto de pesquisa, é a definição do método, uma vez que ele será o que vai conduzir o pesquisador às demais etapas da pesquisa. Assim sendo, Gil (2008, p.08) define método como “caminho para se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”. Com isso, acredita-se que o método deve ser definido na concepção do projeto para que se torne o condutor na busca do conhecimento e para que oriente o pesquisador nas suas escolhas. Por isso, Gil (2008, p. 09) pensa que: A adoção de um ou outro método depende de muitos fatores: da natureza do objeto que se pretende pesquisar, dos recursos materiais disponíveis, do nível de abrangência do estudo e, sobretudo, da inspiração filosófica do pesquisador. Conforme o pensamento do autor, a definição do método deve estar relacionada a diversos fatores, mas com destaque ao modo de como a questão norteadora poderá ser respondida e os objetivos explicados. Segundo Gil (2008, p. 42) a pesquisa explicativa “preocupa-se em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, a mesma aprofunda-se no conhecimento da realidade e o porquê das coisas”. Ou seja, as pesquisas explicativas podem ser as continuações de outra descritiva, posto que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado. 6.2.1 Método quantitativo e qualitativo Um projeto de pesquisa consiste, basicamente, em desenvolver e estruturar um caminho por onde o pesquisador deve percorrer, a fim de alcançar os objetivos 168 propostos de estudo. A fim de planejar um caminho que atenda às expectativas do pesquisador, opta-se por um dos métodos de pesquisa: quantitativo ou qualitativo. Segundo Lopes (2003, p. 154-155), estabeleceu-se uma dicotomia “em comunicação entre pesquisas quantitativas e pesquisas qualitativas”. Para defender seu pensamento, a autora acredita que é comum pensar que: [...] o uso de métodos estatísticos gera pesquisas descritivas, enquanto métodos qualitativos produzem pesquisas interpretativas. Trata-se de uma falsa dicotomia, e a questão está invertida. É falsa a dicotomia quantitativo/qualitativo na investigação social, porque, em primeiro lugar, é crescente a dificuldade de estabelecer um limite preciso entre análise quantitativa e qualitativa. Apesar de cada uma ter sua lógica implícita, não se pode esquecer que as operações quantitativas se apoiam em dados qualitativos originalmente coletados e logo transformados. [...] É necessário, enfim, reconhecer metodologicamente as vantagens e desvantagens de um método sobre outro em função do objeto e objetivo da investigação. Através do pensamento de Lopes (2003, p.154-155), entende-se que tanto o método quantitativo quanto o método qualitativo são fundamentais para uma pesquisa social, e que um complementa o outro, porém há de se optar pela predominância de um deles, com base nos objetivos do estudo proposto. Desta forma, definiu-se que, o projeto de pesquisa, aqui proposto adotará o método qualitativo, uma vez que os trabalhos do campo da comunicação voltam-se mais à análise de conteúdos, mesmo que estes conteúdos possam ter resultados numéricos. Afinal, deve-se levar em consideração que as pesquisas no âmbito social, nelas incluídas as pesquisas de comunicação, segundo Baptista (in MARTINELLI, 1999, p. 35): Deixam a verificação das regularidades para se dedicarem à análise dos significados que os indivíduos dão às suas ações, no espaço que constroem as suas vidas e suas relações, ou seja, à compreensão do sentido dos atos e das decisões dos atores sociais, assim como dos vínculos das ações particulares com o contexto social mais amplo em que estas se dão. Desse modo, as pesquisas de comunicação tendem a compreender as interrelações entre o indivíduo e um determinado contexto, fazendo necessária a utilização do método qualitativo, que, por sua vez, pressupõe a utilização de uma técnica a ser estabelecida pelo pesquisador. 169 6.3 AS TÉCNICAS Segundo Lakatos e Marconi (2003, p.222) as técnicas de coletas de dados podem ser “consideradas como um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência, são, também, a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos”. Com isso, as técnicas estabelecem uma organização e planejamento do projeto, fazendo com que o processo de descobertas torne-se estruturado e consistente. Segundo Baptista (in MARTINELLI, 1999, p. 36) “As técnicas mais utilizadas na pesquisa qualitativa são: história de vida, história oral, observação participante, estudo de caso, análise de conteúdo, entrevista, pesquisas ação e estudos etnográficos”. Desse modo, entre as opções de técnicas a serem utilizadas, deve-se levar em consideração a busca pela ferramenta que mais contribua para o cumprimento dos objetivos propostos. Com base nos conceitos estudados, a técnica a ser utilizada será, num primeiro momento, a pesquisa bibliográfica. Para isso, leva-se em consideração a constante busca por conhecer a aprofundar a literatura existente sobre comunicação, planejamento de mensuração de resultados. Para Stumpf (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 51) a pesquisa bibliográfica: Por vezes, trata-se da única técnica utilizada na elaboração de um trabalho acadêmico, como na apresentação de um trabalho final de uma disciplina, mas pode também ser a etapa fundamental e primeira de uma pesquisa que utiliza dados empíricos, quando seu produto recebe a denominação de Referencial Teórico, Revisão da Literatura ou similar. Dessa forma, o estudo que utiliza a pesquisa bibliográfica como técnica deverá basear-se nas obras literárias existentes, sendo o pensamento dos autores sobre determinado tema, a principal ferramenta e fonte de conhecimento. Para que a pesquisa bibliográfica seja coerente, deve-se planejar como será sua elaboração. Para isso, Stumpf (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 55) acredita que o primeiro passo deve ser a identificação do tema e assuntos, sendo que: Nesta etapa o estudante precisa, primeiramente, definir o tema de estudo com precisão. De modo geral, não é problemática porque ele geralmente 170 escolhe para pesquisar um assunto que lhe instiga, que de alguma forma já lhe é familiar ou para o qual vem envidando esforços há algum tempo. A escolha do tema, por sua vez, passa a ter como principal objetivo a curiosidade do pesquisador per determinado assunto. Uma vez identificado e tema e o assunto, segundo Stumpf (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 56), o pesquisador deve seguir o segundo passo, a seleção de fontes, que consiste em: [...] realizar o levantamento bibliográfico, identificando na bibliográfica disponível o material que irá lhe servir de suporte ao estudo pretendido. O produto desta identificação é uma lista, o mais completa possível, de documentos representativos para sua investigação. Para identificar o material pertinente, o aluno deverá consultar algumas fontes e anotar os dados de identificação de cada documento selecionado. Ao consultar as fontes, o pesquisador deve levar em consideração os mais variados tipos de existentes e disponíveis, a fim de buscar a excelência na obtenção de informações e conhecimento. Entre as principais fontes utilizadas, Stumpf (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 56-58), destaca: “bibliografias especializadas”, “índices com resumo”, “portais”, “resumos de teses e dissertações”, “catálogos de bibliotecas” e “catálogos de editoras”. Stumpf (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 5658) acredita que as fontes são as “principais fontes de informação bibliográficas secundárias” e que devem ser exemplificadas “[...] sempre que possível, com o material da área de comunicação”. Após a seleção de fontes, o pesquisador deve seguir a terceira etapa proposta por Stumpf (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 58), que consiste na localização e obtenção do material. Para isso: [...] o primeiro passo é a consulta à biblioteca local e nela começar pelo catálogo. Dificilmente a biblioteca local terá todos os itens identificados no levantamento bibliográfico. Pode-se então recorrer a outras fontes, como os catálogos coletivos e de outras instituições. Os catálogos coletivos localizam os livros de um grupo de bibliotecas. Hoje, grande número de bibliotecas está ligado em redes eletrônicas, podendo-se acessar os catálogos das principais universidades brasileiras e estrangeiras, bem como de várias instituições de pesquisa. Nas bibliotecas locais é possível realizar estas consultas. Depois da localização e obtenção do material necessário, o pesquisador deve iniciar a leitura e transcrição dos dados, que consiste no quarta etapa proposta por Stumpf (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 59-60). Nesta etapa: 171 [...] o estudante procede à leitura, estabelecendo a prioridade e o interesse dos mesmos para cada parte do trabalho. O resultado da leitura poderá ser anotado em fichas – é o que alguns chamam de fichamento do material. Hoje, como forma de substituir as fichas, os pesquisadores utilizam seus computadores pessoais, que permitem guardar as informações em arquivos. Já com as informações necessárias, o pesquisador deve dar início ao desenvolvimento de seu texto. Stumpf (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 61) acredita que: A primeira vez que o aluno produz um trabalho acadêmico seguindo todas as etapas talvez considere o trabalho árduo e desnecessário. Mas aos poucos, ao se familiarizar com o método e com as fontes, verá que o produto é satisfatório. Descobrir o que os outros já escreveram sobre um assunto, juntar ideias, refletir, concordar, discordar e expor seus próprios conceitos pode se tornar uma atividade criativa e prazerosa. Ao enfatizar os estudos realizados através da pesquisa bibliográfica, entendese que para o projeto de pesquisa, aqui proposto, faz-se necessária, ainda, a utilização de entrevistas, a fim de aprofundar o processo de descoberta do tema, possibilitando o fortalecimento do profissional de comunicação nas organizações. 6.3.1 A entrevista Como premissa para a elaboração de uma entrevista, faz-se necessário estudar os seus conceitos e seus diversos tipos, uma vez que para a definição do tipo de entrevista se alicerça nos objetivos propostos para elaboração do trabalho. Para Lakatos e Marconi (2003, p. 195-196), a entrevista é: [...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social. Ao analisar que a entrevista é considerada um procedimento para investigação de algo, é importante, ainda, considerar a definição de Gil (2008, p. 109), que acredita que: 172 Pode-se definir entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interação social. Mas especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar e a outra se apresenta como fonte de informação. A entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das ciências sociais. Através desses conceitos, é possível perceber que a entrevista possui enorme ligação com a comunicação, uma vez que o entrevistador interage com o entrevistado, formando um diálogo, o que possibilita a troca de conhecimentos. Por isso que quando se utiliza da entrevista como técnica, se estabelece um planejamento das perguntas que serão propostas e para isso se faz necessário à construção de um instrumento, com perguntas que possibilitam ao entrevistado, pensar e responder de acordo com o grau de conhecimento que detém sobre o assunto. 6.3.2 Instrumento: questionário Para melhor estruturar e conduzir uma entrevista, a elaboração de um questionário é fundamental. Segundo Gil (2008. p. 121): Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado, etc. Dessa forma, o questionário deve ser estruturado e pensado com base nos objetivos da pesquisa e/ou entrevista. É por isso que o questionário deve ser bem planejado, para que o entrevistado consiga compreendê-lo e para que tenha um bom desempenho em campo. Por isso, Gil (2008, p. 121) acredita, ainda, que: [...] a construção de um questionário precisa ser reconhecida como um procedimento técnico cuja elaboração requer uma série de cuidados, tais como: constatação de sua eficácia para verificação dos objetivos; determinação de forma e do conteúdo das questões; quantidade e ordenação das questões; construção das alternativas; apresentação do questionário e pré-teste do questionário. 173 Ao enfatizar a importância da construção de um questionário eficaz, busca-se entender como serão elaboradas as questões que constituirão o instrumento. Por isso, deve-se estudar os tipos de questionários 6.3.2.1 Tipos de perguntas Quando se planeja a elaboração do questionário, deve-se definir qual será a classificação dada as questões. Neste momento é importante definir as características das perguntas, que podem ser abertas, semiabertas ou fechadas. As questões abertas são, segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 203): Também chamadas livres ou não limitadas, são as que permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria, e emitir opiniões. Possibilita investigações mais profundas e precisas; entretanto, apresenta alguns inconvenientes: dificulta a resposta ao próprio informante, que deverá redigi-la, o processo de tabulação, o tratamento estatístico e a interpretação. A análise é difícil, complexa, cansativa e demora. Compreende-se, por questões abertas, aquelas que o entrevistado tem total autonomia para responder com as suas palavras, sem intervenções ou restrições de alternativas. As questões semiabertas, segundo Duarte (in DUARTE e BARROS, 2009, p. 66), têm “origem no problema de pesquisa”. O autor entende que as entrevistas que se utilizam das questões semiabertas têm: [...] origem em uma matriz, um roteiro de questões-guia que dão cobertura ao interesse de pesquisa. O roteiro exige poucas questões, mas suficientemente amplas para serem discutidas em profundidade sem que haja interferência entre elas ou redundâncias. A entrevista é conduzida, em grande medida, pelo entrevistado, valorizando seu conhecimento, mas ajustada ao roteiro do pesquisador. Desta forma, fica claro que as questões semiabertas devem ser bem elaboradas, a fim de possibilitar ao entrevistado a utilização de exemplos, dados, especificações e demais informações pertinentes, que deverão ser solicitadas pelo entrevistador no decorrer da entrevista. Por sua vez, as questões fechadas ou dicotômicas, segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 203), são” [...] são aquelas que o informante escolhe sua resposta entre duas opções: sim e não. Este tipo de pergunta, embora restrinja a liberdade 174 das respostas, facilita o trabalho do pesquisador e também a tabulação: as respostas são mais objetivas”. Dessa forma, as questões fechadas são mais objetivas e não requerem uma justificativa do entrevistador, que apenas emite a sua opinião, concordando ou discordando do tema proposto. Estudados os três tipos de perguntas, para elaboração do instrumento da entrevista, optou-se pela utilização das questões semiabertas, uma vez que esta modalidade de pergunta permite a análise e a comparação das respostas que serão dadas pelos entrevistados, traçando um diálogo com o tema proposto. 175 7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 7.1 COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL Entende-se que a comunicação é um processo social, onde indivíduos emitem e recebem informações, possibilitando a interação dos mesmos e a coesão da sociedade. Neste aspecto, Freire (1982, apud SOUZA, 2009, p. 48), entende que: O estar-junto social, o expressar a intersubjetividade humana que constrói o pensar, o conhecimento, as relações humanas e sociais, os mundos simbólico e imaginário constituem um processo que acompanha os homens desde sempre e é o que define comunicação como um processo social. A comunicação faz parte do desenvolvimento do ser humano, ao mesmo tempo em que auxilia no progresso da sociedade contemporânea, na evolução dos grupos sociais e dos seres humanos, de forma a promover a mente e o imaginário humano, um olhar a horizontes mais distantes buscando sempre o entendimento das relações, que a cada dia são mais complexas. Nesta perspectiva, Souza (2009, p. 49) destaca que: A comunicação é assumida como uma prática de relação vertical entre emissor e receptor, apoiada pela significação da mensagem e de canais tecnológicos, em busca de efeitos comportamentais no âmbito do consumo de valores e de bens materiais e simbólicos. O esquema emissor/receptor/canal/mensagem em busca desses efeitos comportamentais dá conta desse modo de compreensão da comunicação como instrumento. Constata-se, então, que a comunicação é um processo pelo qual se estabelecem as redes de relacionamento entre o ser humano e a sociedade. Podese dizer, ainda, que a comunicação é uma troca de ideias, de informações, onde, além de se transmitir informações, se estabelecem diálogos e, decorrem os relacionamentos. Complementando este enfoque, Keith Davis e John Newstrom (1996, p. 4 apud KUNSCH, 2003, p. 161), mostram que o profissional da comunicação assume a função de mediador na construção de significados da realidade organizacional, ou seja, é parte atuante na gestão dos processos comunicativos que definem as relações no ambiente de trabalho. Assim a: 176 Comunicação é a transferência de informação e compreensão de uma pessoa para outra. É uma forma de atingir os outros com ideias, fatos, pensamentos, sentimentos e verdades. Ela é uma ponte de sentido entre as pessoas, de tal forma que elas podem compartilhar aquilo que sentem e sabem. Utilizando esta ponte, uma pessoa pode cruzar com segurança o rio de mal-entendidos que muitas vezes as separa. Logo, a comunicação representa mais do que simplesmente repasse de informações, mas a adoção de formas de compreensão e o entendimento dos fatos a serem repassados, para que se crie segurança e credibilidade entre os envolvidos. A esta constatação cabe, ainda, no que diz respeito ao âmbito organizacional, estabelecer diálogo e respeito entre os seus mais diversos públicos. Percebe-se que a comunicação tem, na sua complexidade, a função de determinar o planejamento de suas ações, baseado nos norteadores estratégicos da organização, ou seja, será na tríade missão, visão e valores que a comunicação vai se alicerçar para determinar uma direção estratégica para os planos a ser elaborados, desde a integração das operações até a estratégia da organização e da motivação de seus públicos. Percebe-se que não é com meios simples que se elabora a comunicação organizacional, pois entender o conjunto de elementos norteadores de uma organização é um processo complexo. Petraglia (1995, p. 48) define complexidade como: [...] qualidade do que é complexo. O termo vem do latim: complexus, que significa o que abrange muitos elementos ou várias partes. É um conjunto de circunstâncias, ou coisas interdependentes, ou seja, que apresentam ligação entre si. [...] Dessa forma, a complexidade é o que não atua a partir de suas ações individuais e isoladas, mas suas ações integradas e dependentes assumem outra forma de expressão e adquirem novas faces. Complementando seu pensamento, Petraglia cita Morin (1977, p. 101, apud Petraglia, 1995, p.56), para melhor compreender a complexidade da relação que a organização estabelece com o indivíduo. Portanto: [...] a organização é a disposição de relações entre componentes ou indivíduos, que produz uma unidade complexa ou sistema, dotada de qualidades desconhecidas ao nível dos componentes ou indivíduos. A organização liga de modo inter-relacional, elementos ou acontecimentos ou indivíduos diversos que, a partir daí, se tornam os componentes dum todo. 177 Garante solidariedade e solidez relativa e estas ligações, e, portanto garante ao sistema uma certa possibilidade de duração apesar das perturbações aleatórias. Portanto a organização: transforma, produz, liga, mantém. Portanto, é fundamental compreender que, na sua complexidade, tanto a organização quanto os indivíduos, adquirem papel social, onde a comunicação tem na cultura grande influência para sua existência. Cria-se, então, um sistema onde o papel da comunicação é entender o todo, pois segundo Pascal (s/s – s/p apud MORIN, 2004, p.94) “Considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, tanto quanto conhecer o todo sem conhecer, particularmente, as partes”. Ao entender a cultura dos indivíduos e da organização, pode-se estabelecer estratégias assertivas de comunicação. Com isso, propõe-se o entendimento de como a comunicação está diretamente inserida na organização. Para isso, consideram-se os argumentos de Nassar (in KUNSCH, 2009, p. 78) que mostra que a comunicação é um processo que requer o constante aprimoramento, sobretudo no que diz respeito às relações interpessoais: A comunicação como campo de conhecimento é um processo contínuo e permanente que permeia as interações humanas, atuando como um sistema dialógico com o objetivo de informar, persuadir, motivar e alcançar a compreensão mútua. Sendo a comunicação essencialmente uma dimensão social, podemos considerá-la uma célula indispensável aos sistemas socias, ou seja, se não há comunicação, não há sistema social. Dessa forma, também as organizações são sistemas que, como todo sistema social, estão constituídas por comunicações. Quando se afirma que a comunicação é aquela que articula os sistemas sociais, é por meio dela que a organização se estrutura e se move, uma vez que as organizações são sistemas vivos e se constitui por meio da rede de relacionamentos e diálogos. Logo, a comunicação é parte integrada e fundamental para o bom funcionamento da organização, assim como é na sociedade. Nesse mesmo olhar, Kunsch (2003, p. 149) entende que a “‘comunicação organizacional, comunicação empresarial e comunicação corporativa’ são terminologias usadas para designar [...] todo o trabalho de comunicação levado a efeito pelas organizações em geral”. A autora ainda afirma que: A comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que estuda como se processa o fenômeno comunicacional dentro das 178 organizações no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação entre a organização e seus diversos públicos. [...] A nosso ver, o termo comunicação ‘organizacional’, que abarca todo o espectro das atividades comunicacionais, apresenta maior amplitude, aplicando-se a qualquer tipo de organização – pública, privada, sem fins lucrativos, ONGs, fundações etc., não se restringindo no âmbito do que se domina ‘empresa’. (KUNSCH, 2003, p. 149 e 150). Neste contexto, entende-se que não é possível conceber uma organização sem que haja processos de comunicação que visam à integração de pessoas, de setores e de elaboração de relacionamentos que visam o reconhecimento de determinada organização, no contexto onde a mesma atua. A comunicação organizacional, acima se tudo desempenha um papel estratégico, sobretudo pelo fato de estar inserida nas ações conjuntas com os demais gestores da organização. Para melhor compreender este sistema, Nassar (in KUNSCH, 2009, p.64) afirma que: Todas as organizações, independentemente de seus modelos administrativos e de outros atributos que lhe conferem identidade em relação a outras organizações, têm na comunicação um processo complexo, integrante de suas políticas, seus planejamentos e suas ações. O processo de comunicação – o qual tem como fonte a administração, que cria as mensagens considerando o ambiente e o perfil do receptor, seleciona os canais (meios) mais adequados para a sua veiculação, evita ruídos e controla todo o processo e os seus resultados – é o componente mais importante para o estabelecimento de relacionamentos e a sociedade. É por meio da comunicação que ela estabelece diálogos a respeito de suas políticas, suas ações e suas pretensões; informa, organiza e reconhece os seus públicos de interesse, entre os quais seus colaboradores; legitima a sua existência; e trabalha pela melhoria do ambiente de trabalho, entre outros objetivos. Desta forma, entende-se que de um modo geral, todas as organizações fazem uso da comunicação para estabelecer vínculos com a sociedade e seus públicos. Para melhor compreender a amplitude da organização, faz-se necessário, entender a diferença entre empresa e organização, assim como, a 7.2 ORGANIZAÇÃO X EMPRESA: DIFERENÇAS Antes de traçar as diferenças que se estabelecem entre organização e empresa, se faz necessário conceituar cada uma delas, uma vez que a comunicação e se torna parte integrante de ambas e que o conhecimento sobre como a cultura de 179 cada uma se solidifica, torna-se essencial para o planejamento das ações de comunicação. Segundo Srour (1998, p.107), as organizações podem ser definidas como: Coletividades especializadas na produção de um determinado bem ou serviço. Elas combinam agentes sociais e recursos e se convertem em instrumentos da ‘economia de esforço’. Potenciam a força numérica e tornam-se o terreno preferencial em que as ações cooperativas se dão de forma coordenada. [...] cabe reconhecer as organizações como agentes coletivos, à semelhança das classes sociais, das categorias sociais e dos públicos. Nesta concepção, o autor apresenta as organizações como estrutura coletiva, onde se planejam ações de cunho social, baseadas em uma estrutura estável e sólida. Complementando esse pensamento, Srour (1998, p. 121) acredita que “toda organização constitui um microcosmo social, não importa sua textura ou seu arcabouço (seja ela uma associação voluntária ou uma empresa lucrativa, seja ela um órgão público ou um coletivo comunitário)”. Ou seja, uma organização é formada pelo soma de pessoas, máquinas e outros equipamentos, recursos financeiros e, possui uma cultura própria, disseminada por processos de comunicação adotados pela organização. Então, a organização é o resultado da combinação de todos estes elementos orientados a um objetivo comum. Com isso, deve-se analisar a consideração de Barbosa (2002, p. 29), que acredita que “Embora toda empresa seja uma organização, nem toda organização é uma empresa”. Por esta razão, busca-se entender o conceito de organização e empresa sob o ponto vista de Chiavenato. O autor (1982, apud KUNSCH, 2003 p. 25) define organização: [...] como unidade ou entidade social, na qual as pessoas interagem entre si para alcançar objetivos específicos. Neste sentido, a palavra organização denota qualquer empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir determinados objetivos. As empresas constituem um exemplo de organização social. Chiavenato acredita que organização é um sistema amplo, que engloba pessoas com os mesmos objetivos. Todavia, a empresa é um exemplo de organização. Entretanto, Chiavenato (1994, p.1) considera que: As empresas constituem uma das mais complexas e multifacetadas invenções do homem. Sua complexidade e diversidade emergem na medida 180 em que se visualizam as empresas de um modo global e abrangente, tanto do ponto de vista endógeno de suas características internas de diferenciação e integração organizacional, de objetivos e estratégias para atingi-los de comportamento organizacional, de tipos de participante, de tecnologias utilizadas etc., como do ponto de vista exógeno de seu contexto ambiental envolvido pelos seus domínios, repleto de contingências, restrições, coações, ameaças, pressões e oportunidades que se alteram e se revezam sem jamais se revelar com antecipação, com clareza ou com nitidez. Muito embora a organização seja um sistema amplo e estruturado, a empresa, por sua vez, não deixa de ser uma organização, uma vez que ambas se definem pelo agrupamento de pessoas que se unem para trabalhar, desempenhar funções e atingir objetivos comuns, com o intuito de satisfazer necessidades da sociedade. Sob o ponto de vista de Etzioni (1980, p. 7 apud KUNSCH, 2003, p.20): Nascemos em organizações e quase todos nós somos educados por organizações, e quase todos nós passamos a vida a trabalhar para organizações. Passamos muitas de nossas horas de lazer a pagar, a jogar e a rezar em organizações. Quase todos nós morremos numa organização e, quando chega o momento do funeral, a maior de todas as organizações – o Estado – precisa dar uma licença especial. Desta forma, é possível compreender que as organizações agem para o funcionamento da sociedade e elas são uma sociedade que visa o desenvolvimento econômico, político e social. Ou seja, são forças vivas que precisam do ser humano para sua existência. É possível entender que, no decorrer da vida, desde o nascimento até o funeral, o ser humano está inserido em organizações, dos mais variados segmentos, que atendem e administram todas as necessidades humanas para uma vida plena e satisfatória. Neste sentido, é importante trazer o entendimento de organização que Kunsch (2003, p. 23) elabora para dizer que é a união de pessoas que têm a mesma finalidade, por isso: Quando se procura definir e conceituar as organizações, dois aspectos são amplamente trabalhados pela maioria dos autores; o ato e efeito de ‘organizar’, que é uma das funções da administração; e o uso do termo ‘organização’, como expressão de um agrupamento planejado de pessoas que desempenham funções e trabalham conjuntamente para atingir objetivos comuns. 181 Complementando este enfoque, a autora (2003, p. 30), acredita que a organização deve ser vista de forma ampla, abordando vários fatores vinculados ao sistema organizacional. Assim: O fato é que não podemos considerar uma organização somente em seu âmbito interno e de forma estática. É preciso vê-la em relação a um contexto muito mais amplo, numa perspectiva holística. Temos de considerá-la vinculada ao ambiente em que ela vive, incluindo os aspectos sociais, econômicos, políticos, tecnológicos, ecológicos e culturais, variáveis que interferem enormemente na vida organizacional. Uma organização só existe porque tem em sua direção e condução, pessoas que carregam consigo características e pensamentos próprios e individuais, o que a torna um sistema complexo. A organização deve ultrapassar a barreira dos interesses individuais, incorporando, na sua estrutura, os norteadores estratégicos que possibilitam ampliar seus horizontes e ser coerente no planejamento e prática de suas ações. Como uma combinação intencional, as pessoas agregam tecnologia em suas ações para que possam atingir determinados objetivos o que a faz a organização ainda mais complexa. As estratégias adotadas pelas organizações serão influenciadas pelas oportunidades e pelas ameaças que são apresentadas pelos ambientes interno e externo; pelos objetivos traçados; pelos valores e crenças que compõe a cultura organizacional. 7.2.1 Cultura Organizacional Ao compreender que organização e empresa se assemelham nas suas definições e processos, busca-se entender também, o significado que cultura de cada uma delas representa para o planejamento de comunicação. Neste sentido, Barbosa (2002, p.10) acredita que a terminologia cultura organizacional nasceu da associação feita entre a cultura de determinado povo com as práticas adotadas no universo organizacional. [...] Com este termo os teóricos da administração procuraram chamar a atenção para a importância da esfera simbólica impactavam no comportamento das pessoas, no desempenho econômico e nos processos de mudança organizacional. 182 [...] a expressão ‘cultura organizacional’ tem sido usada para justificar decisões judiciais, explicar a falência na fusão de empresas, o sucesso de outras, as razões para a mudança organizacional e choques culturais, entre outros aspectos. Em muitos casos, cultura organizacional torna-se um tipo de ‘caixa preta’ na qual se coloca tudo aquilo que não se conhece e para o qual não se encontra uma explicação mais tangível e mensurável. Embora a autora defina cultura organizacional como algo intangível, é possível compreender que a cultura está diretamente associada com a concepção da organização, isto é, quando ela nasce e se estrutura, sobretudo nos primeiros anos de vida, pois traz consigo um apanhado de crenças e valores, que são indissociáveis de todo universo organizacional. Barbosa (2002, p. 44) aponta ainda para o fato de que a cultura organizacional e a cultura empresarial possuem “conceitos muito próximos, mas que resguardam uma certa identidade, mesmo que, em algumas circunstâncias, sejam utilizados por vários autores de forma intercambiável”. Sendo assim, a autora define cultura empresarial como algo que: [...] ganhou espaço fora da discussão estritamente organizacional e incorporou uma conotação política e econômica da qual não se encontrava revestida. Cultura empresarial passou a identificar um determinado sistema de valores associados ao credo liberal, à discussão do tamanho do Estado e suas respectivas funções e áreas de atuação, à natureza da liberdade individual e ao lugar e significado do mercado nas sociedades contemporâneas. Com isso, sob o ponto de vista da autora, pode-se analisar que, mesmo tendo muitas semelhanças, a cultura organizacional e a empresarial podem ter uma identidade própria. A fim de fazer a relação entre os conceitos cultura organizacional e cultura empresarial, Barbosa (2002, p. 44), ainda, acredita que: Graficamente, poderíamos pensar a relação entre esses conceitos como formando a copa de uma grande árvore. No topo estaria o conceito de cultura organizacional, que representaria um nível de abstração teórica maior. Nos ramos logo abaixo teríamos os dois grandes tipos de culturas organizacionais: as com fins lucrativos, no interior das quais o conceito de cultura empresarial encabeçaria uma outra grande segmentação, e as organizações sem fins lucrativos. A cultura das organizações com fins lucrativos – cultura empresarial – estaria subdividida em várias modalidades do tipo: empresa privada, estatal, de capital misto, familiar e todas as múltiplas combinações que essas divisões poderiam proporcionar quando combinadas ao tamanho da empresa e ao ramo do negócio. A segunda subdivisão – organizações sem fins lucrativos – poderia ser segmentada em culturas das organizações sociais, de classe, entre outras. 183 Assim sendo, há uma linha tênue entre os conceitos de cultura organizacional e cultura empresarial que se deve levar em consideração na concepção do planejamento, tanto da organização quanto da empresa. Mesmo que as diferenças sejam um tanto insignificantes, elas devem ser de conhecimento do profissional de comunicação, pois podem interferir no ato de planejar as ações após a elaboração do planejamento estratégico. Segundo Fleury (in FLEURY e FISHER, 1996, p.10) “[…] a cultura agrega elementos dos contextos, social, político, psicológico, tecnológico e outros, que configuram o perfil de cada organização”. Ao enfatizar os elementos que compõem a cultura de uma organização, Fleury (in FLEURY e FISHER, 1996, p. 22), ainda afirma que: [...] a cultura organizacional é concebida como um conjunto de valores e pressupostos básicos expresso em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação. Considera-se, então, que a cultura organizacional está diretamente associada aos mais diversos contextos em que a organização está inserida, onde os seus objetivos e metas, por sua vez, norteiam as decisões adotadas. Com base nesta afirmação, é importante relacionar o papel que a cultura da organização representa para a comunicação, na perspectiva traçada por Machiori (2008, p. 31): Cultura e comunicação têm uma das relações mais íntimas do mundo do conhecimento. Sendo a cultura a personalidade de uma empresa, ao vivenciá-la, a organização lhe dá vida, permite trocas e críticas que a toram pulsante e dinâmica e, portanto, real e passível de acompanhar de forma proativa as mudanças do mundo e do mercado. A cultura e a comunicação organizacional vêm chamando a atenção dos profissionais uma vez que elas estão se tornando um tema fundamental e inquestionável nas empresas. Isso porque atuam nas raízes de uma organização e posicionam a área de comunicação de forma estratégica. Considerando as colocações de Marchiori, é possível dizer que a comunicação e a cultura formam uma rede dialógica que não pode ser rompida. E, ainda, a cultura organizacional influencia o cumprimento ou não da missão, da visão e dos valores nas organizações, onde a comunicação exerce papel fundamental para que o plano estratégico migre do status de intangível para a condição tangível. 184 Por isso, a autora defende a ideia de que a comunicação deve ser pensada de forma estratégica, a fim de representar a real cultura da organização: Observar a produção é perceber como as pessoas se relacionam, de que maneira pensa, sentem e interpretam diferentes realidades no interior de uma organização. Cultura pode ser interpretada, na sua forma mais simples de expressão, como uma maneira particular de viver. Para atingir esse estágio, vemos que comunicação é o fundamento. Dessa forma, cultura é continuamente construída por meio da comunicação. Se o processo de cultura é a construção de significados, ela envolve necessariamente comunicação (MARCHIORI, 2008, p. 250). Portanto, quando se fala em cultura organizacional se está falando da comunicação estratégica das organizações, uma vez que, a cultura deve ser continuamente entendida, compartilhada e assimilada por meio de ações da comunicação, que visam a constante integração e satisfação dos públicos que atuam diretamente sobre e com a organização. 7.3 COMUNICAÇÃO INTEGRADA Assim como a cultua de uma organização é elaborada pelas diferentes formas de comunicação, ou seja, em um processo conjunto, a comunicação que acontece em um contexto organizacional também não pode ser elaborada de forma isolada, ou seja, cada setor ou departamento segue um formato. Este pensamento é da professora e pesquisadora, Margarida Kunsch. Para ela (2003), a comunicação é uma filosofia que direciona e convergem as diversas áreas para uma mesma direção, formando uma sinergia. Neste sentido, Kunsch (2003, p.150) diz que a comunicação organizacional, “compreende a comunicação institucional, a comunicação mercadológica, a comunicação interna e a comunicação administrativa”. Desta maneira, a autora entende que há uma junção do composto da comunicação organizacional, onde se pode chamar de comunicação organizacional integrada. [...] Esta deve constituir uma unidade harmoniosa, apesar das diferenças e peculiaridades de cada área e das respectivas subáreas. A convergência de todas as atividades, com base numa política global, claramente definida, e nos objetivos gerados da organização, possibilitará ações estratégicas e táticas de comunicação mais pensadas e trabalhadas com vistas na eficácia. (KUNSCH, 2003, p. 150). 185 Para representar seu pensamento, Kunsch (2003, p.151) desenvolveu um gráfico que mostra as grandes áreas da comunicação organizacional integrada, chamadas pela autora de: comunicação institucional, comunicação mercadológica, comunicação interna e comunicação administrativa: Comunicação integrada Fonte: Margarida Kunsch (2003, p. 151). Ao transferir o composto de comunicação para um gráfico, Kunsch mostra não só a sinergia que a comunicação proporciona, mas como funcionam os movimentos que ela [a comunicação] provoca de um meio organizacional, sempre buscando a integração dos setores, mas, sobretudo das pessoas que são as responsáveis pela existência dos sistemas produtivos e sociais. 186 São essas formas de comunicação que permitem a uma organização se relacionar com seu universo de públicos e com a sociedade em geral. Por isso, não se devem mais isolar essas modalidades comunicacionais. É necessário que haja uma ação conjugada das atividades de comunicação que formam o composto da comunicação organizacional. (KUNSCH, 2003 p.150) Considerando que a comunicação tem a necessidade de envolver diversas áreas da organização, com o intuito de criar uma rede de ações estratégicas e estabelecer relações de confiança entre os públicos da organização, ela deve ser pensada em níveis estratégicos, junto ao planejamento geral que estabelece os rumos organizacionais. Por isso que, para melhor compreender cada uma das grandes áreas da comunicação organizacional integrada, faz-se necessário estudá-las separadamente. 7.3.1 Comunicação administrativa Uma vez que a comunicação torna-se ferramenta estratégica dentro de uma organização, deve-se pensar em como utilizar a administração para disseminar a comunicação. Para isso, deve-se entender o que significa o termo administrar, que segundo Kunsch (2003, p. 152 e 153): Administrar uma organização consiste em planejar, coordenar, dirigir e controlar seus recursos, de maneira que se obtenham alta produtividade, baixo custo e o maior lucro ou resultado, por meio da aplicação de um conjunto de métodos e técnicas. Isso pressupõe um contínuo processo de comunicação para alcançar tais objetivos. E o que se organiza de fato é o fluxo de informações, que permitirão à organização sobreviver, progredir e manter-se dentro da concepção de sistema aberto. A comunicação, desta forma, adquire o papel de tornar acessível às informações de cunho administrativo a todos aqueles que compreendem as funções administrativas da organização. Assim sendo, Kunsch (2003, p.152 e 153), considera que: Comunicação administrativa é aquela que se processa dentro da organização, no âmbito das funções administrativas; é a que permite viabilizar todo o sistema organizacional, por meio de uma confluência de fluxos e redes. [...] a comunicação administrativa relaciona-se com os 187 fluxos, os níveis e as redes formal e informal de comunicação, que permitem o funcionamento do sistema organizacional. Como tal, não se confunde com a comunicação interna nem é substituída por ela. É importante enfatizar que a comunicação administrativa é fundamental para o bom desempenho da organização, uma vez que, viabiliza todas as informações, criando um sistema de confiabilidade e confiança entre a gestão e os demais públicos. 7.3.2 Comunicação interna Como meio de integração e de engajamento, a comunicação interna possui considerável importância para integrar os funcionários da uma organização. Ela possibilita, aos colaboradores de uma empresa, o conhecimento das transformações ocorridas no ambiente de trabalho e fazer com que a presença dos colaboradores seja percebida, e com isso, eles passam a se sentir valorizados. A comunicação interna, segundo Kunsch (2003, p. 154) se trata de: [...] um setor planejado, com objetivos bem definidos, para viabilizar toda a interação possível entre a organização e seus empregados, usando ferramentas da comunicação institucional e até da comunicação mercadológica (para o caso do endomarketing ou marketing interno). Portanto, a comunicação interna ocorre paralelamente com a circulação normal da comunicação que perpassa todos os setores de organização, permitindo seu pleno funcionamento. Por se tratar de uma comunicação voltada aos empregados, é importante, segundo Kunsch (2003 p. 154) que seja “pensada, planejada e avaliada de forma constante, não ocorrendo simplesmente de forma fortuita”. Sendo assim, estando a comunicação interna inserida na comunicação integrada, supõe-se que, se tornam mais assertivas as ações estratégicas planejadas para o âmbito interno da organização. Soares (in MARCHIORI e OLIVEIRA, 2013, p. 248) aponta para o fato de que, para que a comunicação interna seja eficaz, faz-se necessário compreender quem, de fato é, e o que cada um representa para a organização. Com isso, o autor acredita que: O público interno das organizações é um importante formador de opinião e tem grande impacto na disseminação de informação para os demais 188 interlocutores. Os empregados formam opinião a respeito das organizações em que trabalham, podendo contribuir positivamente com a reputação das empresas além de terem um papel fundamental na manutenção dessas relações. Considera-se que o empregado, além de exercer funções operacionais, ele desempenha um papel fundamental para que a organização possa se relacionar positivamente com a sociedade, considerando a reputação que o mesmo possui da organização, uma forte aliada na construção de opiniões. Enfatizando esse pensamento, Kunsch (2003, p. 159), define público interno como: [...] um público multiplicador. Na sua família e no seu convívio profissional e social, o empregado será um porta-voz da organização, de forma positiva ou negativa. Tudo dependerá do engajamento na empresa, da credibilidade que esta desperta nele e da confiança que ele tem em seus produtos ou serviços. Isso significa, no dizer da autora, que a comunicação interna deve contribuir para a integração dos empregados com os gestores da organização, uma vez que a participação de todos, juntamente com a coerência das informações são também norteadores estratégicos para o sucesso da organização. É por isso que as ações de comunicação interna devem ser planejadas estrategicamente, buscando a excelência, a fim de reforçar o compromisso da organização. 7.3.3 Comunicação mercadológica Considerada a que cria laços entre a organização e o mercado, a comunicação mercadológica, segundo Kunsch (2003, p. 162): É responsável por toda a produção comunicativa em torno dos objetivos mercadológicos, tendo em vista a divulgação publicitária dos produtos ou serviços de uma empresa. Está vinculada diretamente ao marketing de negócios. [...] A comunicação mercadológica tem, hoje, uma amplitude bem maior e utiliza muitos meios e técnicas para atingir tais propósitos. Neste contexto, a comunicação mercadológica desempenha um papel de estreitamento de relações entre a organização e o mercado, onde o marketing atua como o responsável pelas estratégias e ações a serem planejadas e executadas. 189 Kotler (1998, apud LUPETTI, 2000, p. 27) define marketing como “um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. Complementando esse enfoque, Lupetti (2000, p. 26) acredita que: O marketing de hoje baseia-se no conhecimento e na experiência das empresas e dos consumidores, exigindo das primeiras e de seus administradores um domínio de uma escala de conhecimentos de tecnologia, da concorrência, de seus clientes e de novas fontes de informações que poderão alterar o ambiente competitivo. [...] Aliando conhecimento e experiência, o marketing é constituído de modo a integrar o cliente à organização, criando e mantendo uma relação mais íntima entre ambos. Nesta concepção, é importante considerar que a comunicação mercadológica, ou de marketing, tem como público alvo os consumidores, que são os responsáveis pela formação de opinião com relação aos produtos e serviços gerados pela organização. Por estas razões, Lupetti (200 p. 27 e 28) entende que marketing: [...] é uma função, ou seja, é uma forma de fazer negócios; é aproveitar o conhecimento do cliente para a elaboração de um produto e desenvolver um processo de integração. O cliente é um alvo em constante movimento e que deve ser perseguido. O marketing cria mercados e é um processo qualitativo, ou seja, não envolve somente números, mas, sobretudo, relacionamentos. Esse relacionamento tem início dentro da organização, começando pelos empregados que nela trabalham para atender às vontades de clientes, que possuem preferências comuns ou individuais. Considera-se, então, que entre as milhares de marcas, dispostas em prateleiras das lojas, aquela que fará parte da vida do consumidor é a que conseguirá promover relacionamentos pelos benefícios oferecidos. E, os benefícios e as relações são construtos4 da comunicação, imprescindível para o sucesso dos planos de marketing, principalmente os relativos aos objetivos de participação da organização no mercado, buscando maximizar os lucros. E, ainda, como processo de comunicação integrada, a comunicação mercadológica se torna um importante instrumento de coleta e interpretação de informações e opiniões dos consumidores. Estas informações e opiniões, quando 4 Entende-se por construto os resultados dos processos de comunicação que promovem uma identidade e um auto conceito. 190 forem devidamente analisadas, tornam-se aliadas na construção do planejamento estratégico da organização. 7.3.4 Comunicação institucional Segundo Kunsch (2003, p. 164), a comunicação institucional, quando inserida no composto da comunicação organizacional integrada, é a responsável direta, por meio da gestão estratégica das relações públicas, pela construção e formatação de uma imagem e identidade corporativas fortes e positivas de uma organização. A comunicação institucional está intrinsecamente ligada aos aspectos corporativos institucionais que explicitam o lado público das organizações, constrói uma personalidade creditiva organizacional e tem como proposta básica a influência político-social na sociedade onde está inserida. Portanto, a comunicação institucional, sob o ponto de vista de Kunsch, é a responsável pela construção da imagem e da identidade das organizações. Inserida, neste contexto, as Relações Públicas se tornam parte integrante e fundamental na construção do planejamento da comunicação institucional. Por isso, Kunsch (2003, p.165), acredita que: A comunicação institucional, por meio das relações públicas, enfatiza os aspectos relacionados com a missão, a visão, os valores e a filosofia da organização e contribui para o desenvolvimento do subsistema institucional, compreendido pela junção desses atributos. Ao enfatizar o papel das Relações Públicas, nos processos de elaboração dos planos de comunicação, a autora acredita que a comunicação institucional deve ser planejada estrategicamente, uma vez que, demonstra em suas ações, a imagem e a identidade da organização. Além disso, para Kunsch: Essas percepções asseguram que fazer comunicação institucional implica conhecer a organização e compartilhar seus atributos (missão, visão, valores, filosofia e políticas), e não uma simples divulgação institucional e de marcas. Portanto, é algo complexo, e as organizações terão de se valer de estratégias e políticas bem definidas de comunicação, delineadas e planejadas estrategicamente pela área de relações públicas, numa perspectiva de comunicação integrada. 191 Cabe, então, ao profissional de Relações Públicas, planejar as ações que compreendem a comunicação institucional da organização. Para isso, o profissional pode-se valer das campanhas institucionais. Lupetti (2000, p. 112) entende que: A campanha institucional deve ser entendida como aquela que divulga a empresa como um todo. Caracteriza-se por conceituar a empresa, fixar sua imagem, informar seu segmento de atuação, objetivando o estabelecimento e reconhecimento de sua marca. Complementando o pensamento de Lupetti, Kunsch (2003, p.174) caracteriza a propaganda institucional como instrumento de relações públicas: Outro instrumento utilizado pelas relações públicas, integrante da comunicação institucional, que visa divulgar as realizações das organizações, transmitir sua personalidade e fixar conceitos construtivos do seu fazer e ser, é a propaganda institucional. [...] a propaganda institucional é, assim, um instrumento que deverá ser planejado e se caracterizar como algo criativo e cujo conteúdo deve ser o mais informativo possível. Caracteriza-se, então, que as ações de comunicação institucional servem como forma de fixar, conceituar e informar os objetivos primeiros da organização, que estão baseados na cultura, pode-se considerar que esta modalidade de comunicação serve para estruturar a comunicação externa e interna da organização por meio de planejamentos, implementações, gerenciamentos e uso de tecnologias. 7.4 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA COMUNICACAÇÃO ORGANIZACIONAL Ao estabelecer os objetivos da comunicação organizacional, é preciso considerar que a excelência dos resultados será determinada pela maneira que os objetivos serão planejados estrategicamente. Por isso, defende-se a inserção no profissional de comunicação, mais precisamente de Relações Públicas, na construção do planejamento estratégico da organização. Nesta perspectiva, Kunsch (2004, p. 27) defende que: As organizações modernas assumem novas posturas na sociedade atual. A velocidade das mudanças que ocorrem em todos os campos impele as organizações a um novo comportamento institucional perante a opinião pública. Elas passam a se preocupar mais com as relações sociais, com os acontecimentos políticos e com os fatos econômicos mundiais. E, nesse 192 contexto, a atuação de relações públicas será fundamental, pois caberá a essa atividade a função de abrir canais de diálogo com os diferentes segmentos da sociedade, administrando estrategicamente a comunicação. Desta forma, pode-se estabelecer a relação entre o profissional de Relações Públicas e o planejamento estratégico, com a missão de desenvolver projetos, planos e programas das ações de comunicação, isto é, ferramentas indispensáveis para realização dos objetivos de comunicação da organização. Para Yanaze (et. alt. FREIRE e SENISE, 2013, p. 81), na atuação do profissional de relações o “objetivo é a especificação dos resultados esperados pela organização, a explicação de aonde se pretende chegar e do que se espera alcançar por meio da comunicação”. Complementando esse pensamento, Yanaze (2011, apud YANAZE, FREIRE e SENISE, 2013, p. 81- 86), propõe um modelo de categorização dos 14 possíveis objetivos de comunicação de uma organização, sendo eles: 1) Despertar consciência: onde deve-se despertar as necessidades e carências, que são inerentes aos seres humanos; 2) Chamar atenção: utilizar-se de mensagens criativas e atrativas, que despertem a atenção do receptor; 3) Suscitar interesse: onde se identifica que os elementos utilizados da chamada de atenção, devem estar relacionados com o despertar da consciência; 4) Proporcionar conhecimento: etapa onde a mensagem deve ser mais informativa e consciente, a fim de facilitar a compreensão; 5) Garantir identificação, empatia: onde as informações devem ser elaboradas levando em conta as características do receptor, para que ele se identifique e crie empatia com o objeto de comunicação; 6 e 7) Criar desejo e/ou suscitar expectativa: deve-se lançar elementos que despertem desejo e expectativas no receptor; 8) Conseguir a preferência: manifestar os argumentos que garantam a preferência do receptor; 9) Levar à decisão: a comunicação deverá levar o receptor a realizar aquilo que o objeto de comunicação preconiza; 193 10) Efetivar a ação: caso a tomada decisão não , imediatamente, seguida da ação, deve-se identificar os fatores que interferiram na efetivação da ação; 11) Garantir e manter a satisfação pós-ação: manter relação positiva com o receptor através de canais, meios e recursos, mesmo após a efetivação da ação; 12) Estabelecer interação: estabelecer fluxo de informações, novidades, serviços, a fim de manter uma relação positiva com o receptor; 13) Obter fidelidade: manter e fidelizar clientes, através de ações racionais e/ou emocionais. Este é um dos maiores desafios das empresas; 14) Gerar disseminação: estabelecer estratégias de comunicação específicas para incentivar seus clientes satisfeitos a emitir e compartilhar experiências positivas com a marca/empresa. Com base nos conceitos estudados até o momento, é importante reforçar que o modelo de 14 objetivos da comunicação, segundo Yanaze (et. alt. FREIRE e SENISE, 2013, p. 86), “remete a um pensamento sistêmico (convergindo estudos de pscicologia, marketing e comunicação), que é capaz de guiar e orientar o trabalho dos profissionais de Comunicação”. Complementando este enfoque, Lupetti (200, p. 67) acredita que: Os objetivos de comunicação devem ser fixados pela empresa, levando-se em consideração vários elementos: conhecer bem o produto, seu públicoalvo, o mecanismo do mercado, a equipe de vendas, a política comercial, a capacidade de produção, a reação da concorrência, as fraquezas da empresa, dentre tantos outros. [...] Os objetivos de comunicação dizem respeito à divulgação, seja evidenciando os benefícios do produto, seja destacando a marca, seja informando uma promoção e convidando o consumidor a participar. [...] Os objetivos de comunicação não são preestabelecidos. Eles dependerão do que a empresa quer comunicar, levando em consideração os objetivos de marketing e, consequentemente, os objetivos organizacionais da empresa. Com isso, considera-se que os objetivos de comunicação organizacional estão diretamente ligados aos grandes objetivos da organização. Por isso, defendese a inserção do profissional de comunicação no planejamento estratégico da organização, onde são estabelecidos os objetivos e se estabelecem as metas de comunicação. 194 7.4.1 Definindo metas de comunicação organizacional A comunicação organizacional, na sua amplitude, desempenha o papel de funcionalidade de diferentes procedimentos que ocorrem dentro de organizações, estabelecendo e consolidando as relações com seus diversos públicos. Entende-se, então, que para atingir os mais diversos objetivos da comunicação, deve-se planejar as metas a serem seguida e cumpridas. Segundo Yanaze (et. alt. FREIRE e SENISE, 2013, p. 94), as metas são: [...] a quantificação dos objetivos, ou seja, a tradução do que se pretende alcançar quanto a volume, valor e tempo. Por exemplo, se uma ação de comunicação tem como objetivo aumentar a exposição da marca junto ao segmento-alvo de mercado faz-se necessário definir o incremento em termos de percentuais (ou quantidade absoluta) de pessoas a serem alcançadas e o tempo previsto para tal. Sem a definição de metas, os objetivos são vagos, demonstrando apenas uma intenção a se seguir, porém, sem parâmetros a definições claras sobre aonde a organização quer chegar por meio do trabalho de comunicação. Assim sendo, as metas são parte integrante e fundamental do planejamento da organização, pois possibilitam a construção de parâmetros e previsões claras de tempo e de investimento. Por situar-se em áreas estratégicas, as metas devem estar presentes por meio de uma estratégia própria, ou seja, em uma visão de como a empresa precisa funcionar, aliadas as competências internas e ao mercado-alvo. Dentre as competências internas, situa-se o profissional de relações públicas, que juntamente aos profissionais de outras áreas, adota uma postura estratégica, voltada ao cumprimento dessas metas. Nesta concepção, Kunsch (2003, p. 88) enfatiza que: [...] cada vez mais, as organizações em geral têm de se convencer de que a sua comunicação precisa ser trabalhada, gerenciada e conduzida por profissionais especializados e competentes. Caso contrário, estarão sempre improvisando e achando que estão se ‘comunicando’ com o seu universo de públicos, quando na verdade estão apenas ‘informando’. Deve-se considerar o fato de que, a definição de metas, ainda, “é uma das partes mais difíceis do trabalho do comunicador”. (YANAZE, et. alt. FREIRE e SENISE, 2013, p. 94). É por isso, que busca-se “aumentar sua capacidade de avaliação e apresentação dos resultados alcançados por meio do estabelecimento de parâmetros quantificáveis”, justifica o mesmo autor (idem). 195 Desta maneira, justificam-se as iniciativas de muitos profissionais de comunicação migrarem do trabalho somente qualitativo para a obtenção de resultados mensuráveis, apresentando-os para os gestores da organização. Enfatizando essa citação, cabe, ainda, o pensamento de Yanaze (et. alt. FREIRE e SENISE, 2013, p. 94), que acredita que “no fim das contas, saber definir metas coerentemente traz credibilidade ao profissional, que saberá, por exemplo, justificar possíveis pedidos de aumento de verba de comunicação, quando necessário”. Nesse contexto, o planejamento deve fazer parte do dia a dia do profissional de comunicação, para que suas ações se tornem cada vez mais, exemplos de resultados quantitativos no âmbito organizacional. 196 8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS: 1 INTRODUÇÃO 2 RELAÇÕES PÚBLICAS 2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES 2.2 ATIVIDADE E ATUAÇÃO 2.3 MEIOS E FERRAMENTAS 2.4 PÚBLICOS 3 COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL 3.1 ORGANIZAÇÃO X EMPRESA: DIFERENÇAS 3.2 CULTURA ORGANIZACIONAL 3.3 COMUNICAÇÃO INTEGRADA 3.3.1 COMUNICAÇÃO ADMINISTRATIVA 3.3.2 COMUNICAÇÃO INTERNA 3.3.3 COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA 3.3.4 COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL 3.4 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL 3.4.1 DEFININDO METAS DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL 4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 4.1 AS FASES DO PLANEJAMENTO 4.2 A CULTURA DO PLANEJAMENTO 4.3 DIRETRIZES DA ORGANIZAÇÃO: MISSÃO, VISÃO E VALORES 4.4 MENSURAÇÃO E AVALIAÇÃO DE RESULTADOS EM COMUNICAÇÃO 5 METODOLOGIA E APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERENCIAS 197 9 CRONOGRAMA Março | 2015 Conclusão do capitulo 3: Comunicação e Cultura Organizacional Abril | 2015 Desenvolvimento do capítulo 2: Relações Públicas Maio | 2015 Desenvolvimento do capítulo 4: Planejamento Estratégico e desenvolvimento do capítulo 5: Metodologia e apresentação dos resultados Junho | 2015 Aplicação de questionários de pesquisa, desenvolvimento dos capítulos 6 e 1: Considerações finais e Introdução Julho | 2015 Desenvolvimento da apresentação e Banca de Defesa 198 REFERENCIAIS BARBOSA, Lívia. Cultura e empresas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002. BAPTISTA, Dulce Maria Tourinho. O debate sobre o uso de técnicas qualitativas e quantitativas de pesquisa. In: MARTINELLI, Maria Lúcia (organizadora). Pesquisa qualitativa: um instigante desafio. São Paulo: Veras Editora, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de empresas: contingencial. 3.ed. São Paulo: Makron Books, 1994. uma abordagem DUARTE, Jorge. Entrevista em profundidade. In: DUARTE, Jorge. BARROS, Antonio (organizadores). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. FLEURY, Maria Tereza Leme. FISCER, Rosa Maria (organizadoras) Cultura e poder nas organizações. São Paulo: Atlas, 1996. FREIRE, P. Extensão ou comunicação. Apud: SOUZA, M. Wilton De. Teoria da comunicação e gestão simbólica de processos organizacionais. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling (organizadora). Gestão estratégica em comunicação organizacional e Relações Públicas. São Paulo: Difusão Editora, 2009. FREITAS, Sidinéia Gomes. Cultura organizacional e comunicação. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling (organizadora). Obtendo resultados com Relações Públicas: como utilizar adequadamente as relações públicas em benefício das organizações e da sociedade em geral. São Paulo: Pioneira, 1997. GALERANI, G. S. M. Avaliação em comunicação organizacional. 1. ed. Brasília – DF: Assessoria de Comunicação Social – Emprapa, 2006. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. 4. ed., revisada, atualizada e ampliada. São Paulo: Summus, 2003. LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003. MARCHIORI, Marlene. Cultura e Comunicação Organizacional: um olhar estratégico sobre a organização. 2 ed. Revisada e ampliada - São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2008. 199 MARCHIORI, Marlene. OLIVEIRA, Ivone de Lourdes (organizadoras). Comunicação, Discurso, Organizações. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013. MINTZBERG, Henry. AHLSTRAND, Bruce. LAMPEL, Joseph. Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do Planejamento Estratégico. Trad. Nivaldo Montingelli Jr. Porto Alegre: Bookman, 2000. MORIN, Edgar. A cabeça bem feita. Trad. Eloá Jacobina. 9ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. MORIN, Edgar. La Méthode, La Nature de La Nature. Trad. Itália, Portugal, Espanha, Japão, Estados Unidos; Peter Lang, 1977. In: PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação e a complexidade do ser e do saber. Petrópolis: Vozes, 1995. NASSAR, Paulo. Conceitos e processos de comunicação organizacional In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling (organizadora). Gestão estratégica em comunicação organizacional e Relações Públicas. São Paulo: Difusão Editora, 2009. PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação e a complexidade do ser e do saber. Petrópolis: Vozes, 1995. SOARES, Paulo Henrique Leal. Comunicação com o público interno no contexto das organizaões internacionais: a experiência da Vale. In: MARCHIORI, Marlene. OLIVEIRA, Ivone de Lourdes (organizadoras). Comunicação, Organizações. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013. Discurso, SROUR, Robert Henry. Poder, cultura e ética nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 1998. STUMF, Ida Regina C. Pesquisa bibliográfica. In: DUARTE, Jorge. BARROS, Antonio (organizadores). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. YANAZE, Mitsuru Higuchi. Gestão de marketing e comunicação: avanços e aplicações. São Paulo: Saraiva, 2011. In: YANAZE, Mitsuru Higuchi. FREIRE, Otávio. SENISE, Diego. Retorno de investimentos em comunicação: avaliação e mensuração. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; Rio de Janeiro, RJ: Editora Senac Rio de Janeiro, 2013. YANAZE, Mitsuru Higuchi. FREIRE, Otávio. SENISE, Diego. Retorno de investimentos em comunicação: avaliação e mensuração. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; Rio de Janeiro, RJ: Editora Senac Rio de Janeiro, 2013. CONSULTA EM SITES 200 LORENZETTI, Gisele. Mensuração de resultados: o fim da era do intangível. Disponível em http://www.acmcomunicacao.com.br/wp-content/midias/Mensuracaode-resultados-o-fim-da-era-do-inatingivel-Gisele-Lorenzetti.pdf. Acesso em 31/08/2014.