Ampliando horizontes: a comunicação alternativa como um meio de independência Ana Rita Graciola1 Ana Cristina Cypriano Pereira2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul/RS Eixo temático: Comunicação Alternativa para Inclusão Social; O processo comunicativo é uma necessidade inerente à natureza humana e vital para qualquer desenvolvimento cognitivo, social e mental do homem. Diante dessa realidade, muito tem se discutido sobre o papel da comunicação nos mais diferentes contextos. França (2001) postula que essa nova realidade é demandada pela sociedade que sempre precisou usar melhor a comunicação para a consecução de seus projetos. No que se refere às pessoas com deficiência, sabe-se que após diversas fases que incluíram o extermínio, o estágio atual ainda se caracteriza pela segregação em diferentes campos, incluindo o da comunicação. Neste sentido, Bersch (2006) afirma que as Tecnologias Assistivas surgem buscando minimizar as dificuldades enfrentadas por estes sujeitos com o objetivo de contribuir, proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover uma vida independente. Com a pretensão de desenvolver um estudo nesta área, apresentamos o caso de J.F, deficiente físico, sem fala funcional que se comunica apenas pelos movimentos da cabeça, boca e olhos. A investigação baseia-se em como uma Tecnologia Assistiva, criada especificamente para ele, funciona; analisando os benefícios que a mesma vem trazendo à comunicação de J.F, e desta forma, as vantagens que a Comunicação Alternativa proporcionou à sua vida, tanto nas relações pessoais quanto nas relações profissionais. 1 Graduanda do Curso de Comunicação Social - Relações Públicas da UFRGS. Professora do Curso de Comunicação Social - Relações Públicas da UFRGS. Mestre em Educação pela UFRGS. Doutoranda em Educação pela UFRGS. 2 Além disso, nos detivemos na investigação do papel dos profissionais de Comunicação Social em relação à este tema tão importante e atual da Comunicação Alternativa, o qual pouco vem sendo debatido neste contexto. Desta forma, exaltamos as palavras de Vivarta (2003, p. 38), que afirma que os processos comunicacionais vão além da mera reprodução de conceitos, pois para o autor cabe aos profissionais de comunicação “[...] contribuir para a atualização da sociedade, ao difundir, com a maior agilidade possível, novos conceitos, que, quase sempre, vêm associados a novas práticas [...]”. Assim este estudo tem se baseado na contribuição da Tecnologia Assistiva para uma melhor comunicação nas suas relações interpessoais e profissionais e os benefícios à sua vida. Este estudo se estrutura, além da pesquisa teórica envolvendo um levantamento bibliográfico sobre a história da comunicação social, sua origem, principais acontecimentos e temas da Comunicação Alternativa, em entrevistas com J.F, e as observações no seu ambiente natural com o intuito de observar suas atividades, rotinas e fatos pertinentes que auxiliarão num melhor entendimento sobre deficiência, papel da tecnologia e principalmente sobre como se dá a comunicação entre ele e seus familiares, amigos e contatos profissionais. Desta forma, torna-se possível explorar assuntos relacionados às dificuldades enfrentadas pelo sujeito e o papel e o benefício dos aparatos tecnológicos, no que tange aos seus relacionamentos, os quais resultaram, inegavelmente, em significativa melhora na sua comunicação. Por fim, destacamos que este estudo, em sintonia com os movimentos da inclusão social das pessoas com deficiência vem extrapolando as áreas da Saúde e Educação, e direcionando as pesquisas e o tema da deficiência e Comunicação Alternativa também para a área das Ciências Humanas, com foco na área de Comunicação, demonstrando a importância de analisar esta temática de forma multidisciplinar. Para Kunsch (2003, p. 104) o profissional de comunicação lida “[...] com comportamentos, atitudes e conflitos, valendo-se de técnicas e instrumentos relacionamentos efetivos”. de comunicação adequados para promover No que diz respeito ao campo acadêmico a importância deste estudo se intensifica por indagar as origens da comunicação assim como seus principais significados, conceitos e teorias. O questionamento sobre o que é a comunicação e qual a sua relevância em nossa vida torna-se real nessa pesquisa e possui importância aos estudantes e pesquisadores da área, quando atrelados às tecnologias que viabilizam a comunicação, o acesso à informação, a escrita alternativa, o acesso ao texto entre outros, das pessoas com deficiência. No âmbito social, este estudo vem permitindo que as pessoas percebam a importância da comunicação em seu contexto geral e assim, criando juízos de valor a respeito do tema deficiência, das Tecnologias Assistivas e da Comunicação Alternativa. O problema da exclusão social, é portanto, um tema que exalta os princípios de universalidade, da ética, da inclusão, da autonomia e diversidade. Referências BERSCH, Rita. Introdução à Tecnologia Assistiva. Anais do II Seminário Regional de Formação de Gestores e Educadores. Educação inclusiva: Direito à Diversidade. SP: SEESP/MEC. 2006 FRANÇA, Vera Veiga. O objeto da comunicação/a comunicação como objeto. In: FRANÇA, Vera Veiga; HOHFELDT, Antônio; MARTINO, Luiz C.; (org). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003. VIVARTA, V. (Org.). Mídia e Deficiência. Brasília: Fundação Banco do Brasil, 2003.