Estresse no trabalho e a saúde dos trabalhadores em um hospital
universitário
XI Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Jéssika Cefrin Pinto1, Andréia da Silva Gustavo2, Carlos Eduardo Poli de Figueiredo3, Eveline
Hoffmeister4, Janete de Souza Urbanetto5
Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia; Faculdade de Medicina. Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Resumo
Introdução
O estresse tem sido um tema amplamente estudado nas últimas décadas, sob diferentes
abordagens. Com a elucidação dos aspectos fisiopatológicos e a associação do estresse com
agravos importantes à saúde das pessoas, os pesquisadores têm se dedicado a estudar as
implicações do estresse gerado no ambiente de trabalho e na qualidade de vida dos
trabalhadores. Alguns estudos realizados nos últimos anos apontam para a relação entre
eventos estressantes e etiologia de problemas físicos e/ou emocionais (ARAÚJO, GRAÇA,
ARAÚJO, 2003; DANTAS, MENDES, ARAÚJO, 2004 e JUAREZ GARCIA, 2007).
O pesquisador Robert Karasek, no final da década de 70, propôs um modelo teórico
bi-dimensional que relacionava dois aspectos – demandas psicológicas e controle sobre o
trabalho – ao risco de adoecimento, o chamado Modelo Demanda-Controle (Demand-Control
Model) ou "Job Strain", como tem sido mais recentemente nominado (ALVES, 2004).
O Modelo Demanda-Controle foi desenvolvido, inicialmente, para avaliar o risco de
distúrbio cardiovascular em relação às demandas psicológicas, a liberdade de decisão e ao
suporte social recebido pelos colegas de trabalho e chefias (ARAÚJO, 2003).
No Brasil, desenvolveram-se pesquisas com trabalhadores de enfermagem, verificando
associação positiva entre aspectos psicossociais do trabalho (altas demandas psicológicas e
baixo controle sobre o trabalho) e pressão arterial. Estudo testou as hipóteses de que pouco
controle sobre o processo de trabalho - isoladamente ou combinado com muitas demandas
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
408
psicológicas - aumentaria a chance de desenvolvimento de hipertensão arterial. Os trabalhos
passivos (menor controle e menor demanda psicológica) predominaram na população de
estudo (33 %). A prevalência de hipertensão arterial foi de 24,3 %, sendo sua distribuição
heterogênea nos diversos estratos da população feminina. A chance de desenvolver
hipertensão arterial não esteve associada com menor controle no trabalho ou com trabalhos
com alto desgaste (maior demanda psicológica e menor controle) e foi 35 % maior entre
mulheres com trabalhos passivos (ALVES, 2004).
O sofrimento psíquico tem ocorrido com altas prevalências (26 a 33%) entre o pessoal
de enfermagem (ALVES, 2004) e os distúrbios musculoesqueléticos obtiveram prevalência de
30 a 70% dependendo do local da dor muscular. Em região lombar 50%, ombros 40%, joelhos
33,3%, e região cervical 28,6% (GOLDAMAN, 2000; GURGUEIRA, 2003).
No Rio Grande do Sul, em 2006, dentre as doenças ocupacionais notificadas ao
Sistema de Informações em Saúde do Trabalhador (SIST), as doenças relacionadas ao
trabalho e as lesões por esforço repetitivo (DORT/LER) foram os principais agravos
notificados (66,25%), seguidos pelos transtornos mentais (7,3%) (DAPPER, 2007).
O projeto tem como objetivo geral investigar a associação das categorias de estresse
demandas psicológicas e controle sobre o trabalho com a hipertensão arterial, os distúrbios
músculoesqueléticos e os transtornos psíquicos menores entre trabalhadores de um hospital
universitário. Específicos: descrever o perfil de estresse no trabalho dos trabalhadores,
conforme o modelo de demanda- controle de Karasek; descrever a prevalência de hipertensão
arterial nos trabalhadores; descrever a prevalência de distúrbios músculoesqueléticos nos
trabalhadores
e
descrever
a
prevalência
de
distúrbios
psíquicos
menores
nos
trabalhadores.Metodologia
Delineamento: trata-se de um estudo do tipo transversal, que está sendo realizada no
Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (HSLPUCRS). População/Amostra: A população estudada será composta pelos 2.400
trabalhadores que integram as várias áreas da referida instituição. A amostra será
constituída por trabalhadores que aceitarem participar do estudo no período de coleta
(2009 – 2010) Análise dos dados: Para a análise dos dados será utilizada inicialmente a
estatística descritiva. As variáveis contínuas serão descritas por medidas de tendência
central e dispersão (média e desvio-padrão). Para a associação da exposição com os
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
409
desfechos (alterações de saúde) serão utilizados testes de qui-quadrado de Pearson,
razões de prevalências (RP) e odds ratio (OR). Adotar-se-á níveis de significância de
95% (p≤0,05). Considerações Bioéticas: O projeto foi aprovado pelo Comitê de ètica
em Pesquisa da PUCRS, protocolo OF.CEP-1132/09. Será utilizado um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido do Participante.
Resultados Parciais: Até o momento foi realizado coleta de dados parciais nas áreas de
higienização, lavanderia e enfermagem. Do total de 159 profissionais da higienização atingiuse 102 (64,15%), de 40 profissionais da lavanderia atingiu-se 37 (92,5%) e de 1120
profissionais da enfermagem atingiu-se 32 (2,85%).
Conclusão (parciais): espera-se ao final da coleta atingir os objetivos propostos por este
estudo no sentido de identificar se existe ou não associação das categorias de estresse com a
hipertensão arterial, os distúrbios músculoesqueléticos e os transtornos psíquicos menores
entre trabalhadores de um hospital universitário.
Referências
ALVES, M.G.M. Estresse no trabalho e hipertensão arterial em mulheres no estudo
PRÓ-SAÙDE [Tese]. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz – Escola Nacional de Saúde
Pública;
2004.
ALVES, M.G.M. et al. Versão resumida da “job stress scale”: adaptação para o português,
Rev. Saúde Pública, v.38, n. 2. p.164-171.2004.
ARAÚJO, T.M; GRAÇA, C.C; ARAÚJO, E. Estresse ocupacional e saúde: contribuições do
Modelo Demanda-Controle. Ciência e Saúde Coletiva. v 08 n. 4 p. 991-1003. 2003.
AZEVEDO, V.A .Z; KITAMURA, S. Stress trabalho e qualidade de vida. In: VILATRA, R.
Qualidade de vida e fadiga institucional. Campinas: IPES Editorial; 2006.
DANTAS, J.; MENDES, R.; ARAÚJO, T. M. Hipertensão Arterial e Fatores Psicossociais no
Trabalho em uma Refinaria de Petróleo, Rev. Bras. Med. Trab., Belo Horizonte, V. 2, n. 1,
p. 55-68, jan-mar .2004.
DAPPER, V; NUSSBAUMER, L.; KALIL, F. Agravos relacionados ao trabalho notificados
no Sistema de Informações em Saúde do trabalhador, Rio grande do Sul, 2006. Boletim
Epdidemiológico 2007, Ed Especial 9(1); 1-3.
GOLDAMAN, R.H; JARRARD, M.R; KIM, R; LOOMIS, S; ATKINS, E.H. Prioritizing
back injury risk in hospital employees: application and comparation of different injury rates.
JOM, 2000; 42(6): 645-52.
GURGUEIRA, G.P; ALEXANDRE, N.M.C; CORREA FILHO, H.R. Prevalência de
sintomas músculo-esqueléticos em trabalhadores de enfermagem. Rev. Latino Americana
Enfermagem, 2003; 11(5).
JUAREZ-GARCIA, A. Factores psicosociales laborales relacionados con la tensión arterial y
sintomas cardiovasculares en personal de enfermeria en México. Salud Pública de
México.Vol. 49, nº 2, marzo-abril de 2007.
KARASEK, R; THEORELL T. Healthy work: stress, productivity and the reconstruction of
working life. New York: Basic Books, 1990
LIPP, MEN. Blood pressure reactivity to social stress in an experimental situation. Revista de
Ciências Médicas 2005;14(4):317-326.
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
410
Download

Estresse no trabalho e a saúde dos trabalhadores em um