ESTUDO DE UMA NOVA PREPARAÇÃO ENZIMÁTICA PARA A PRODUÇÃO DE SUCO DE MAÇÃ POR CENTRIFUGAÇÃO Acácio Antonio Ferreira Zielinski (IC/CNPq – Balcão), Rosilene Aparecida Prestes (PDJ), Alessandro Nogueira (UEPG), Gilvan Wosiacki (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Ponta Grossa – Departamento de Engenharia de Alimentos, Ponta Grossa – PR Palavras-chave: Análise físico-química, análise multivariada Resumo: No presente trabalho foi verificada a influência da temperatura e da quantidade de enzima aplicada sobre a polpa de maçã para a obtenção de suco por centrifugação e comparar as características dos produtos obtidos. Com os resultados físico–químicos das diferentes amostras foram submetidos à análise de componentes principais (PCA) e foi verificada uma distinção entre as amostras, sendo as sem adição de preparação enzimática maiores teores de pH, cor e açúcares e as amostras com adição de preparações em diferentes concentrações maiores teores de glucose, fenóis e graus Brix. Introdução Atualmente busca uma redução nas quantidades de resíduos produzidos no processamento de suco de maçã. Uma alternativa para isto é a utilização de uma tecnologia limpa, no qual ocorre com o emprego de enzimas para aumentar o rendimento na extração de suco e com isso diminuir o impacto ambiental (WILL et al., 2000). A preparação enzimática Novozym 33102 foi desenvolvida para auxiliar na decomposição industrial de pectina de maçã e assim é constituída essencialmente de pectina liase com atividade de 11000 PECTU/ mL isenta de celulases. A sua atividade de despolimerização da cadeia de pectina ocorre pelo mecanismo de β eliminação liberando uma cadeia menor com um terminal não redutor insaturado entre os carbonos C4 e C5, que absorve luz ultravioleta quando submetido a um ambiente com λ352 nm. De acordo com a literatura (ISHII, YOJOTSUKA, 1971) esta enzima tem um maior potencial enquanto agente de maceração de tecidos vegetais. Com um potencial biotecnológico nas indústrias de sucos de frutas entre o fato de degradar a pectina sem distúrbio ao grupo éster o qual é responsável pelo aroma de suco e também não ocorre à formação de metanol que é tóxico, se trata de uma enzima de nova geração, não celulolítica, no qual se torna interessante definir alguns procedimentos de caracterização do preparado industrial visando melhorar o rendimento do processo e a qualidade de seu Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. produto. O objetivo do presente trabalho foi realizar o estudo de uma nova preparação enzimática na produção de suco maçã por centrifugação. Materiais e métodos Amostras de maçã comercial da variedade Fuji da safra de 2010 foram adquiridas no mercado de Ponta Grossa – PR e a preparação enzimática utilizada foi fornecida pelo representante da Novo no Brasil (LSN, Bento Gonçalves RS). Processos O processamento do suco de maçã por tecnologia enzimática preconiza procedimentos de limpeza e sanidade da matéria que é fragmentada em moinhos de faca (liquidificação) e incubada em temperaturas definidas em sistema com ou sem agitação. Após o tempo de reação, os sólidos solúveis são retirados por centrifugação e os insolúveis permanecem como resíduo. Os dois produtos do processo, o extrato líquido e o resíduo sólido são armazenados para as análises dos descritores de qualidade. Experimento A influência da preparação enzimática sobre a extração do suco por força centrífuga foi pesquisada considerando a concentração de enzima (1,25, 6,25 e 11,25 µL.g-1 na massa liquidificada) e a temperatura de incubação (20ºC, 35ºC, 50ºC) segundo planejamento fatorial completo 3x4. Foram medidos os rendimentos de cada teste para efeito de comparação tendo sido feito em paralelo um teste sem adição de enzima em cada temperatura. Análises O rendimento do suco é calculado como a razão do volume de extrato líquido por peso da matéria prima em percentagem. A quantidade de sólidos solúveis por refratometria sendo expressos como graus Brix, ajustados a 20ºC. O pH do suco foi determinado por potenciometria com ajuste da escala em pH 4,0 e em pH 7,0 ajustados com tampões. A acidez total titulável foi determinada por titulometria com solução 0,1 N de NaOH fatorada e expressa como massa de ácido málico por 100 mL de suco. Os teores de açúcares redutores e açúcares redutores totais, após a hidrólise ácida da sacarose, foram determinados pela técnica clássica de redução em meio alcalino (Nelson, 1944; Somogyi, 1945) enquanto o de glucose foi determinado por técnica enzimática (Underkofler, S.D.). Os compostos fenólicos totais, expressos como catequina em ppm foram quantificados pelo reativo de Folin Ciocalteau. Análise Multivariada Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. Para explorar os dados das análises físico-quimicas foi realizada a análise de componentes principais (PCA) mediante uma matriz de oito variáveis (BRIX, ART, AR, glicose, compostos fenólicos, acidez, cor, pH), utilizando o programa Pirouette, versão 4.11 (Infometrix). Resultados e Discussão Os rendimentos dos processos que foram conduzidos sem adição de enzimas apresentaram o valor de 43,13 ± 3,09 g/100mL, um valor baixo com um coeficiente de variação também abaixo de 7% de onde pode ser inferido que a faixa de temperatura não exerce muita influência. Por outro lado, quando os testes foram feitos com adição de enzimas nas diferentes temperaturas apresentaram um aumento de 84% conforme os valores que levam a um resultado geral de 79,91 ± 2,74 g/100 mL com uma variação de apenas 3%. Estes valores confirmam que o efeito da ação das enzimas foi efetivo já na dosagem menor e que a temperatura exerceu pouca influencia sobre o resultado final conforme confirma a Figura 1. Figura 1 – Rendimento do Suco de Maçã extraído por centrifugação. Os resultados das analises físico-químicas foram avaliadas através da PCA. A Figura 2 mostra o gráfico dos escores (PC 1 vs PC 3) de todas as variáveis e com pré-processamento autoescalado, com oito componente principais é possível descrever 100% das informações, sendo que 41,84 % da variância total é descrita por PC1 e 16,73% por PC3. A análise conjunta dos gráficos dos escores e dos pesos (Figura 2) mostra que as amostras sem tratamento enzimático estão deslocadas para maiores teores de pH e cor. Os sucos que tiveram tratamento enzimático a temperatura de 20°C não apresentaram a formação de conjunta de um grupo, apresentando uma distância entre as amostras para as diferentes concentrações de enzimas. Os sucos com tratamento enzimático a 35°C apresentaram a formação de um grupamento sólido, com maiores teores para glucose e fenóis. O último tratamento a 50°C também demonstrou a formação de um grupamento entre as amostras, estas possuindo maiores teores de acidez e açúcares. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. 2,0 0,8 1,25µ L 6,25µ L ART 0,6 1,0 11,25µ L 1,25µ L 0,0 -0,5 6,25µ L AR 0,4 0,5 PC3 PC3 (16,73% de variância total) 1,5 11,25µ L 0,2 Brix Acidez 0,0 6,25µ L Cor -1,0 -0,2 11,25µ L -1,5 1,25µ L -2 -1 0 1 Glicose -0,4 -2,0 -3 Fenóis pH 2 -0,6 -0,4 PC1 (41,84% de variância total) -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 PC1 (A) (B) Figura 2 – Gráfico dos escores (A) e de pesos (B) da análise por PCA. Conclusões A preparação enzimática demonstrou ser efetiva no aumento do rendimento do processo de extração do suco de polpa liquidificada. O produto da extração por centrifuga apresentou menor intensidade de cor e menor pH porém os teores de sólidos solúveis totais e açúcares redutores totais foram praticamente iguais em todos os tratamentos. Agradecimentos Os autores agradecem a UEPG ao CNPq e ao GTM Referências ISHII, S., YOJOTSUKA, T. Maceration of plant tissue by Pecti trans eliminase. Agricultural and Biological Chemistry, v.35, n.7, p.1157-1159. 1971. WILL, F.; BAUCKHAGE, K.; DIETRICH, H. Apple pomace liquefaction with pectinases and cellulases: analytical data of the corresponding juices. European Food Research and Technology, 211, pg. 291-297, 2000. NELSON, N. A photometric adaptation of the Somogyi method for determination of glucose. Journal Biology Chemistry, v.165, p.375-375. 1944. SOMOGYI, M. A new reagent for the determination of sugar. Journal Biology Chemistry, 1945. UNDERKOFLER, L.A. GLUCOSE OXIDASE. Production, properties present and potential applications. S.D. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.