USO DE COMPÓSITOS MAGNETIZÁVEIS BASEADOS EM POLI (SUCCINATO DE BUTILENO) PARA A REMOÇÃO DE PETRÓLEO André Segadas Figueiredo Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Petróleo da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientador: Fernando Gomes de Souza Junior Rio de Janeiro, Agosto de 2015 USO DE COMPÓSITOS MAGNETIZÁVEIS BASEADOS EM POLI (SUCCINATO DE BUTILENO) PARA A REMOÇÃO DE PETRÓLEO André Segadas Figueiredo PROJETO DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Examinada por: _________________________________________________ Prof. Fernando Gomes de Souza Junior, D.Sc. _________________________________________________ Prof. Santiago Gabriel Drexler, M.Sc. _________________________________________________ Prof. Edson Rodrigo Fernandes dos Santos, M.Sc. ________________________________________________ Prof. Luis Peña Icart, M.Sc. Figueiredo, André Segadas Uso de compósitos magnetizáveis baseados em poli (succinato de butileno) para a remoção de petróleo/ André Segadas Figueiredo. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015. X 40 p.: il,: 29,7 cm Orientador: Fernando Gomes de Souza Junior Projeto Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso de Engenharia de Petróleo, 2015. Referências Bibliográficas: p.36-40. 1. Síntese de compósitos magnéticos para remoção de petróleo. 2. Síntese de partícula magnética. 3. Caracterização de partículas e compósitos magnéticos. I. Souza Junior, Fernando. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de Petróleo. III. Uso de compósitos magnetizáveis baseados em poli (succinato de butileno) para a remoção de petróleo. iii Agradecimentos Agradeço ao CNPq, CAPES, Finep e FAPERJ pelo apoio financeiro para a realização da pesquisa. Aos meus pais, meus irmãos e demais membros da minha família, por todo incentivo e ajuda durante esse trabalho e durante a faculdade. Assim também aos amigos que estiveram presentes na minha vida e me apoiaram sempre que possível. Ao meu orientador Fernando Gomes, pela oportunidade de pesquisa oferecida e toda ajuda dada durante o projeto. A todo o LABIOS (Laboratório de Biopolímeros e Sensores), pelo apoio no desenvolvimento da pesquisa, especialmente aos professores Edson e Luís, por aceitarem o convite para fazer parte da banca, pela ajuda e incentivo na realização do projeto. Ao Professor Santiago, por aceitar fazer parte da banca e pelas sugestões apresentadas para esse trabalho. Ao coordenador do curso Paulo Couto, pelas oportunidades oferecidas. iv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Petróleo. USO DE COMPÓSITOS MAGNETIZÁVEIS BASEADOS EM POLI (SUCCINATO DE BUTILENO) PARA A REMOÇÃO DE PETRÓLEO André Segadas Figueiredo Agosto/2015 Orientador: Fernando Gomes de Souza Junior Curso: Engenharia de Petróleo Vazamentos de petróleo são um grande problema para o meio ambiente e para a sociedade em geral. Ainda hoje eles ocorrem com bastante frequência causando desastres ambientais e perdas econômicas. Diante desse problema, as técnicas de recuperação de áreas atingidas e recuperação do petróleo derramado têm sido amplamente estudadas. Sabe-se que muitos polímeros têm a capacidade de sorver petróleo. Assim, a produção de compósitos poliméricos para a remoção e recuperação de petróleo é uma opção de interesse para as empresas petrolíferas. No presente trabalho foram sintetizados compósitos de poli (succinato de butileno) (PBS) com diferentes quantidades de maghemita, preparados por fusão. Esses materiais foram usados pela primeira vez como sorvedores de petróleo. Os materiais obtidos foram caracterizados por diversas técnicas, como FTIR, TGA, DSC, DRX, força magnética e testes de capacidade de remoção de petróleo. Todos os compósitos magnetizáveis foram capazes de remover petróleo. O que possuía maior quantidade de partículas magnéticas removeu cerca de 11 gramas de petróleo para cada grama de compósito usado, o que provou ser um resultado muito promissor para aplicações com recuperação ambiental, levando-se em conta o baixo custo da obtenção do PBS. Palavras-chave: PBS, maghemita, remoção de óleo, petróleo. v Abstract of the Graduation Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Petroleum Engineer. USE OF MAGNETIZABLES COMPOSITES BASED ON POLY (BUTYLENE SUCCINATE) FOR OIL REMOVAL André Segadas Figueiredo Agosto/2015 Advisor: Fernando, Ph.D. Course: Petroleum Engineering Oil spills are a huge problem for the environment and society. Even today they frequently are the main agent of severe disasters which produce economic losses. Thus, pointing to face this problem, several techniques of environmental recuperation are researched. Among them, the use of polymers is very interesting and the use of polymer composites is an interesting option to the oil companies. In this work, composites of polybutylene succinate (PBS) were synthetized and tested. These composites were prepared by fusion, using different amounts of maghemite and obtained materials were characterized by FTIR, TGA, DSC and XRD. All of the magnetic composites were able to remove petroleum from the water. The material filled with the highest amount of magnetic particles was able to remove 11 grams of oil per gram of composite, which is a very promising result for the oil spill cleanup applications. Keywords: PBS, maghemite, oil spill cleanup, petroleum vi Sumário 1 2 Introdução ............................................................................................................................. 1 1.1 Objetivo ......................................................................................................................... 2 1.2 Objetivos Específicos .................................................................................................... 2 1.3 Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 3 Revisão Bibliográfica ............................................................................................................ 4 2.1 2.1.1 Barreiras ................................................................................................................ 4 2.1.2 Skimmers............................................................................................................... 5 2.1.3 Dispersantes .......................................................................................................... 5 2.1.4 Sorventes ............................................................................................................... 6 2.1.5 Biorremediação ..................................................................................................... 6 2.2 Materiais magnéticos..................................................................................................... 7 2.3 Propriedades das partículas de magnetita e maghemita ................................................ 7 2.4 Técnicas de caracterização usadas ................................................................................ 9 2.4.1 Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier ........................... 9 2.4.2 Análise térmica ...................................................................................................... 9 2.4.3 Difração de Raios-X ............................................................................................ 11 2.4.4 Análise de Força Magnética ................................................................................ 11 2.5 Poli (succinato de butileno) ......................................................................................... 12 2.5.1 Obtenção do PBS ................................................................................................ 12 2.5.2 Características do PBS ........................................................................................ 13 2.6 3 Técnicas de controle e remoção de vazamento de óleo................................................. 4 Compósitos usados para remover petróleo .................................................................. 13 Metodologia ........................................................................................................................ 15 3.1 Materiais e equipamentos ............................................................................................ 15 3.2 Procedimentos ............................................................................................................. 15 3.2.1 Síntese de Maghemita ......................................................................................... 15 3.2.2 Preparo dos compósitos ....................................................................................... 16 3.2.3 Caracterização dos materiais ............................................................................... 16 3.2.4 Espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier........................... 16 3.2.5 Análise térmica .................................................................................................... 16 3.2.6 Difração de Raios-X ............................................................................................ 17 3.2.7 Teste de Força Magnética.................................................................................... 17 3.2.8 Testes de remoção de petróleo ............................................................................ 18 vii 4 Resultados ........................................................................................................................... 19 4.1 Síntese da maghemita .................................................................................................. 19 4.2 Preparo dos compósitos ............................................................................................... 19 4.3 Caracterizações dos materiais obtidos......................................................................... 20 4.3.1 Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier ......................... 20 4.3.2 Análise Térmica (DSC e TGA) ........................................................................... 23 4.3.3 Difração de Raios-X ............................................................................................ 27 4.3.4 Força Magnética .................................................................................................. 29 4.4 Testes de remoção de petróleo .................................................................................... 31 5 Conclusões .......................................................................................................................... 34 6 Sugestões ............................................................................................................................. 35 7 Referências Bibliográficas .................................................................................................. 36 viii Índice de Figuras Figura 1: Barreira para contenção de óleo..................................................................................... 4 Figura 2: Biorremediação .............................................................................................................. 6 Figura 3: Maghemita ..................................................................................................................... 2 Figura 4: Sistema de medida de força magnética ........................................................................ 17 Figura 5: A Magnetita B Maghemita ........................................................................................ 19 Figura 6: Espectro FTIR do PBS................................................................................................. 20 Figura 7: Espectro FTIR da maghemita ...................................................................................... 21 Figura 8: Espectro FTIR dos compósitos .................................................................................... 21 Figura 9: Gráfico transmitância PBS x PBS ............................................................................... 22 Figura 10: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 0,5% ............................................................ 22 Figura 11: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 1,5% ............................................................ 22 Figura 12: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 2,5% ............................................................ 22 Figura 13: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 3,5% ............................................................ 22 Figura 14: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 5% ............................................................... 22 Figura 15: TGA do PBS .............................................................................................................. 24 Figura 16: TGA dos compósitos ................................................................................................. 24 Figura 17: DSC do PBS .............................................................................................................. 25 Figura 18: DSC dos compósitos .................................................................................................. 26 Figura 19: Difratograma DRX .................................................................................................... 28 Figura 20: Difratograma DRX .................................................................................................... 28 Figura 21: Gráfico Força Magnética maghemita e magnetita ..................................................... 29 Figura 22: Gráfico da Força Magnética dos compósitos ............................................................. 30 Figura 23: Balança com petróleo ................................................................................................ 31 Figura 24: Compósito sendo pesado ........................................................................................... 31 Figura 25: Adição de compósito ao petróleo............................................................................... 32 Figura 26: Imã para remover o petróleo ...................................................................................... 32 Figura 27: Imã mergulhado no petróleo ...................................................................................... 32 Figura 28: Remoção do petróleo ................................................................................................. 32 ix Índice de Tabelas Tabela 1: Rendimento dos compósitos........................................................................................ 19 Tabela 2: Análise estatística dos compósitos .............................................................................. 23 Tabela 3: Análise térmica ............................................................................................................ 27 Tabela 4: Força Magnética de maghemita e magnetita ............................................................... 29 Tabela 5: Força Magnética dos compósitos ................................................................................ 30 Tabela 6: Resultados do teste de remoção de petróleo ................................................................ 33 x 1 Introdução A extração de petróleo vem se ampliando ao longo dos anos. Enquanto em 2013 foram 90.922 mil barris por dia, no ano de 2014 o número foi de 93.002 mil barris por dia [1]. Devido à evolução da tecnologia e escassez de petróleo onshore, grande parte da exploração está sendo feita nos oceanos (offshore) e a tendência de exploração por essa via é crescente. Com o aumento da produção offshore há um maior transporte de petróleo por vias marítimas, o que acaba aumentando as chances de derramamento. Ainda que se tenha uma maior preocupação em evitar vazamentos, ainda hoje eles continuam ocorrendo. Um exemplo desastroso de vazamento recente foi o do Golfo do México em 2010, responsável por derramar cerca de 4,9 milhões de barris de óleo no mar [2], e atingir uma área de cerca de 180.000 km² de oceano [3]. Os prejuízos para o meio ambiente desse derramamento foram enormes, estima-se que a região atingida abrigava mais de 8.000 espécies diferentes de animais e plantas [4]. A quantidade de substancias tóxicas no mar se elevou em grandes proporções, por exemplo, a água contaminada passou a conter uma quantidade de Hidrocarbono Policíclico Aromático (HPA) quarenta vezes maior que a anterior ao acidente. Essa substância é altamente cancerígena e apresenta sérios riscos de saúde aos humanos e animais [5]. Não somente o petróleo derramado foi prejudicial, como também o dispersante usado para remediar o vazamento foi responsável por mutações e contaminações dos animais [6]. Além dos impactos ambientais, houve muitos prejuízos econômicos, a empresa responsável gastou cerca de 37 bilhões de dólares em despesas com a recuperação e mais 90 bilhões em multas [7][8]. Além disso, ocorreram danos colaterais, como os sofridos pelas indústrias de pesca e de turismo, que sofreram perdas econômicas consideráveis [9][10]. Esses derramamentos de petróleo também ocorrem no Brasil, um exemplo, é o vazamento de 2011 na Bacia de Campos, que resultou em 3.700 barris de óleo derramados, e atingiu uma área de cerca de 12 km² [11][12]. O vazamento de óleo é um sério problema ambiental, pois afeta todo o ecossistema atingido, provocando a morte de espécies vegetais e animais, impactando a reprodução deles, podendo ser também responsável por enchentes e pelo agravamento do efeito estufa [13]. Além de problemas ambientais, há os problemas colaterais, como por exemplo, para a indústria de pesca, uma vez que há uma redução da população de peixes locais [9]. Não se pode deixar de citar também problemas econômicos para a própria empresa responsável pelo vazamento, que não somente perde óleo, como tem que arcar com os custos de recuperação [7][11]. Atualmente o processo de despoluição é lento e não muito eficiente, tendo uma recuperação muito baixa do petróleo derramado [13]. Um agravante é que, muitas vezes o próprio processo de recuperação acaba sendo 1 responsável por contaminar espécies marinhas, como no caso do uso dos dispersantes [6], o que motiva ainda mais uso de métodos mais eficientes para a remoção, incluindo o uso de materiais provenientes de recursos renováveis, menos agressivos ao ambiente. Sistemas poliméricos são muito usados no preparo de materiais para o saneamento ambiental. Existem vários estudos que reportam o uso desses sistemas para remoção de petróleo. Como exemplos, são usados polímeros como a resina alquílica, a resina fenólica e resinas de poliuretano [14][15][16][17]. Além desses polímeros, o poli (succinato de butileno) (PBS), que é um poliéster alifático, termoplástico e cristalino [18]. Nunca foi, até onde sabemos, usado para a remoção de petróleo. O PBS é obtido pela policondensação do 1,4 butanodiol com o ácido succínico [19] e possui como principais atributos ser um polímero biodegradável com boas propriedades térmicas e mecânicas e, devido às novas rotas biotecnológicas de preparo do ácido succínico, de descrescente valor de produção [20][21]. Os materiais sorvedores podem ser mais eficientes se carregados com nanopartículas magnetizáveis, capazes de, em teoria, aumentar a velocidade de remoção do petróleo do meio além de facilitar o processo de separação do petróleo retido na massa polimérica. Para a síntese de compósitos magnéticos geralmente são usadas partículas de magnetita ou maghemita que são materiais com dureza de aproximadamente 6 mohs, quebradiços e fortemente magnéticos [22][23][24][25]. Especificamente no caso da remoção e recuperação de petróleo em ambientes impactados, já foram utilizados pelo Laboratório de Biopolímeros e Sensores (LABIOS) compósitos magnéticos a base de resinas de poliuretano; cardanol e furfural (carregadas ou não com curauá); bem como resinas alquídicas [14][26]. 1.1 Objetivo O objetivo geral desse trabalho foi sintetizar e caracterizar um compósito magnético a base PBS útil para a remoção de petróleo. 1.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos desse trabalho são: 1. Sintetizar as partículas magnéticas de maghemita, pelo procedimento de coprecipitação homogênea. 2. Preparar compósitos magnéticos do tipo PBS/maghemita, nas seguintes composições de maghemita: 0,5%, 1,5%, 2,5%, 3,5% e 5,0% pelo procedimento de fusão. 3. Caracterizar os materiais obtidos por técnicas de FTIR, DSC, TGA, DRX e força magnética. 4. Avaliar a capacidade de sorção de petróleo dos compósitos preparados. 2 1.3 Estrutura do Trabalho O presente trabalho está dividido em cinco capítulos, a partir desta introdução, conforme apresentado a seguir. No capítulo 1 é introduzido o tema, apresentados os objetivos do projeto e a organização do trabalho. No capítulo 2 é apresentada a revisão da literatura, abordando os principais conceitos expostos no trabalho. No capítulo 3 consta a metodologia e procedimentos usados nos experimentos. No capítulo 4 são expostos os resultados e os mesmos são discutidos. No capítulo 5, constam as conclusões obtidas a partir dos resultados Por fim, no capítulo 6 são feitas algumas sugestões para trabalhos posteriores, a partir desse tema. 3 2 Revisão Bibliográfica 2.1 Técnicas de controle e remoção de vazamento de óleo Há diversos tipos de controle e remoção de vazamentos de óleo. Dentre eles merecem destaques o uso de barreiras, skimers, dispersantes, sorventes e a biorremediação [27]. Cada uma dessas técnicas será abordada em maiores detalhes nesse documento. 2.1.1 Barreiras As barreiras flutuantes são usadas para isolar óleos e para evitar que esta fase orgânica se propague, protegendo áreas mais sensíveis. Além disso, as barreiras também servem para desviar o óleo a um lugar onde possa ser recuperado. Existem diversos tipos de barreiras. Estas podem ser, dependendo da necessidade, permanentes, rápidas, emergenciais, para uso em águas abertas ou fechadas, etc. Essas barreiras costumam ser de fácil lançamento, e bastante flexíveis, o que permite acompanharem o movimento das ondas. Usualmente são feitas para terem uma boa estabilidade diante de correntezas e ventos, bem como serem resistentes à abrasão e tração [28]. Apesar de terem uma boa aplicabilidade, as barreiras não são feitas para remover petróleo e, portanto outros métodos devem ser usados para tal. A Figura 1 [29] mostra a foto de uma barreira em uso. Figura 1: Barreira para contenção de óleo Fonte: www.ocio.net 4 2.1.2 Skimmers Skimmers são equipamentos mecânicos, compostos por bombas, sistemas de vácuo e cilindros rotatórios que removem o óleo sobrenadante. Normalmente são usados junto com barreiras flutuantes [27]. Estes equipamentos são recomendados para remoção da fase contaminada, uma vez que seu sistema possui um flutuador que localiza o sistema automaticamente na interface água/óleo, sendo assim capaz de remover somente o contaminante sem bombear a água [30], o que desonera a operação. Existem diversos skimmers e o seu uso deve ser analisado caso a caso. A seleção do ideal passa por uma análise de vários fatores, como viscosidade e densidade do óleo, considerando ainda a rápida variação que sofrem sob a ação de processos de intemperismo e de emulsificação, que se iniciam imediatamente a partir do instante em que o óleo é derramado sobre a superfície do mar . Os princípios de operação de um skimmer são os seguintes: Vertedouro: Atua, recolhendo o óleo pela ação da gravidade. São projetados para operar em águas calmas e camada espessa de óleo. Esse sistema tem maior eficiência para óleos de baixa e média viscosidade, em águas interiores, portuárias e costeiras; Oleofílico: Recupera petróleo via uso de um material que tenha aderência com a fase orgânica. Costuma ser eficiente para óleos leves a médios, exceto os óleos muitos leves que apresentam dificuldade em formar filmes mais espessos, como gasolina e querosene. Também apresenta melhor desempenho para óleos de baixa e média viscosidade; Mecânico: Usam esteiras mergulhadas na interface água/óleo, retirando mecanicamente o óleo da superfície. Skimmers mecânicos são mais adequados para óleos viscosos. À Vácuo: Recolhem óleo por sucção à vácuo. Esse sistema é bastante eficiente para óleos leves e médios [31][32][33]. 2.1.3 Dispersantes Dispersantes são responsáveis por fragmentar manchas de óleo em pedaços menores, facilitando a degradação por microrganismos marinhos. São moléculas surfactantes anfipáticas, ou seja, com zonas hidrofílicas e zonas hidrofóbicas. Estas moléculas colocam-se nas interfaces entre petróleo e água, reduzindo a tensão superficial na zona, impedindo que as moléculas hidrofóbicas se unam umas às outras. A redução da tensão interfacial reduz a energia necessária para misturar o petróleo como gotículas discretas na fase aquosa [34]. Apesar de ser um método bastante utilizado, os dispersantes podem ser muito danosos ao meio ambiente, uma vez que, até ser degradado por bactérias, o petróleo se mistura 5 intimamente com a água em vez de flutuar. Esse fato significa que seus componentes tóxicos, especialmente os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), apresentam efeitos negativos ao ecossistema marinho, podendo potencializar os danos ao ambiente [35]. 2.1.4 Sorventes Esse método de remoção usa materiais absorventes e adsorventes, depositados sobre manchas em movimento. No caso dos absorventes, o óleo é sorvido para dentro do material poroso, espalhando-se sobre a superfície, enquanto no caso de adsorventes, o óleo é fixado na superfície. Após a saturação de óleo, os sorventes são removidos [27]. Os sorventes podem ser fabricados a partir de materiais sintéticos, orgânicos ou inorgânicos, e apresentam-se em formas de almofadas, travesseiros, colchões, rolos e mantas [36]. Os materiais adsorventes usados na indústria reúnem uma série de características favoráveis de eficiência, seletividade, resistência mecânica, perda de carga, custo, aglomeração inércia química, densidade e principalmente área interfacial [37]. Em geral os materiais sorventes de petróleo são divididos em três classes: minerais orgânicos (zeólitas, grafite exfoliado, argila organofílica, etc); sintéticos orgânicos (espumas de propileno e poliuretano, por exemplo); e vegetais orgânicos (fibra de madeira, fibra de algodão, turfa de musgos, etc) [38][39]. 2.1.5 Biorremediação Biorremediação é um processo no qual utiliza-se organismos vivos, tais como fungos, bactérias e protozoários para remover (remediar) ou reduzir poluentes no ambiente através da aceleração do processo natural de biodegradação. Pode ser usada através da bioestimulação, em que se acelera a reprodução microbiana e de suas atividades metabólicas ou bioaumentação, aplicação direta de microrganismos, com a finalidade de degradar naturalmente o petróleo [40][41]. O sucesso da aplicação da biorremediação depende da presença de microrganismos específicos e de condições ambientais adequadas, para que assim os microrganismos sejam capazes de metabolizar os constituintes do petróleo [42]. A Figura 2 [43] ilustra o uso de microorganismos na degradação natural de petróleo. Figura 2: Biorremediação Fonte: http://www.biogardoln.com/ 6 2.2 Materiais magnéticos O magnetismo está relacionado com o movimento dos elétrons nos átomos. Quando uma carga se movimenta gera um campo magnético. O número e a maneira como os elétrons estão organizados nos átomos dos materiais explica o comportamento das substâncias quando sobre influência de um campo magnético de uma segunda substância [44]. O movimento orbital do elétron ao redor do núcleo e o spin do elétron ao redor do seu eixo originam os momentos magnéticos [45]. Um material magnético apresenta forças ou torques significativos, ao ser colocado sob um campo magnético (campo criado pelo movimento de cargas elétricas). Todos os materiais apresentam alguma força, ou torque, porém só são chamados de magnéticos os que apresentam efeitos mais acentuados ao serem colocados sob um campo magnético [44]. De forma geral, os materiais magnéticos podem ser imãs permanentes, que são os materiais que apresentam uma magnetização espontânea, ou permeáveis, cuja magnetização aparece somente na presença de um campo magnético [46]. Há dois tipos de energia que determinam a magnetização do material. A primeira delas, que se reduz à medida que surgem domínios magnéticos, é a energia magnetostática, responsável por criar polos magnéticos na superfície. O segundo tipo é a energia das paredes de domínio, surgida devido à diferença dos momentos magnéticos ao longo do volume da parede [45]. Os materiais paramagnéticos são aqueles que não apresentam magnetização na ausência de campo magnético, porém passam a apresentar na presença de um campo magnético externo. Possuem elétrons desemparelhados que se movem na direção do campo magnético, sofrendo diminuição de energia. Sem a influência do campo, mantêm os spins de seus elétrons, que são orientados aleatoriamente, permanentes [47] 2.3 Propriedades das partículas de magnetita e maghemita A magnetita é um mineral magnético formado pelos óxidos de ferro II e III (FeO . Fe2O3), e cuja fórmula química é Fe3O4. Apresenta na sua composição, aproximadamente, 69% de FeO e 31% de Fe2O3 ou 72,4% de ferro e 26,7% de oxigênio. Este mineral apresenta forma cristalina isométrica, geralmente na forma octaédrica. É um material de dureza 5.5 - 6,5, quebradiço, fortemente magnético, de cor preta, brilho metálico, e com peso específico entre 5,158 e 5,180 [22]. A maghemita (γFe2O3) é o equivalente oxidado da magnetita(um dos mais importantes materiais ferromagnéticos da natureza). A letra γ é usada para diferenciá-la da hematita, a qual apresenta a mesma fórmula química. Este mineral apresenta estrutura espinélio inversa formando uma rede cúbica de face centrada [23]. A maghemita é diferente da magnetita pelo fato da maior parte do ferro se encontrar no estado trivalente. Como já 7 mencionado antes, ela possui a estrutura de espinélio, Tc1 entre 590 e 675 °C, densidade de 5074 kg/m³ e magnetização de saturação de 74 Am²/kg [24]. A temperatura de Néel (TN2) mais aceita da maghemita é de 645°C. Embora na literatura existam determinações entre 470°C e 695°C, esta variação decorre da dificuldade em se determinar a temperatura de Néel para a maghemita, por ela ser metaestável. Ela inverte para a estrutura da hematita (αFe2O3) quando aquecida no vácuo ou no ar. O tamanho do grão, o grau de oxidação e a incorporação de impurezas na rede cristalina podem influenciar a temperatura de inversão [23]. A constante de anisotropia magneto cristalina3 da maghemita é negativa e tem o valor de -4,6x103 J/m3 (aproximadamente 1/3 do valor da magnetita) a temperatura ambiente. A constante anisotrópica magneto restritiva4 de saturação (λs) vale -8,9x10-6, valor este que corresponde a menos de 1/3 do valor da magnetita e é de sinal oposto [23]. Outras características da maghemita são: sua dureza de 6 mohs; sistema isométrico; sua transparência opaca, e sua coloração marrom avermelhada [25]. Um dos métodos mais utilizados para a síntese da maghemita é a co-precipitação homogênea, descrita por Qu e colaboradores [48]. Em um procedimento típico, se mistura uma solução de FeCl3, com Na2SO3 e NH4OH concentrado. Após a mistura dos reagentes surge um precipitado preto. O sobrenadante é neutralizado e descartado. Em seguida o precipitado é aquecido e oxidado [49]. A Figura 3 [50] mostra uma foto da maghemita. Figura 3: Maghemita Fonte: http://www.snipview.com/ __________________________________________________ 1 Temperatura de Curie (Tc): temperatura na qual o magnetismo de um material se torna induzido. 2 Temperatura de Néel (TN): temperatura acima da qual desaparece o efeito antiferromagnético dos materiais. 3 Anisotropia magneto cristalina: diferença de energia para magnetizar em outras direções em relação à principal. 4 Anisotropia magneto restritiva: conversão de energia magnética para energia cinética 8 2.4 Técnicas de caracterização usadas 2.4.1 Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier A espectroscopia de infra vermelho por transformada de Fourrier (FTIR) é um método de caracterização físico para análise qualitativas e determinações quantitativas de traços de elementos. Isso é possível, porque átomos que formam as moléculas possuem frequências específicas de vibração, que variam de acordo com a estrutura, composição e o modo de vibração da amostra. Para varrer essa gama de frequência utiliza-se o infravermelho [51]. A propriedade física medida da espectroscopia de infravermelho é a capacidade da substância para absorver, transmitir, ou refletir radiação infravermelho. A análise no infravermelho pode ser usada para a caracterização de uma dada amostra, desde que o material seja um composto químico ou contenha compostos químicos. O FTIR é uma análise não-destrutiva útil para o estudo de sub-microgramas da amostra [52]. O método de espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR), é um método de espectroscopia de infravermelho não dispersivo e possibilita através do interferograma fazer a obtenção do espectro. Geralmente é apresentada como transmitância em função do número de onda [53]. O FTIR possui como vantagens em relação a métodos dispersivos: não ter atritos mecânicos e desgastes durante o ensaio; alta precisão de frequência devido ao uso do laser; luz dispersa não afetar o detector; obtenção dos dados ser mais fácil; todas frequências de radiação caírem no detector simultaneamente. Além desses fatores, as altas velocidades de leitura permitem a monitoração das amostras submetidas, mesmo durante rápidas mudanças químicas; a amostra não está sujeita aos efeitos térmicos e qualquer emissão de radiação pela amostra não é detectada [54]. Existem muitas aplicações de caracterização por FTIR em compósitos a base de partículas magnéticas reportadas na literatura [55][56][57]. 2.4.2 Análise térmica Análise térmica é um conjunto de técnicas que monitora em função do tempo ou propriedades físicas ou químicas de uma substância, ou de seus produtos de reação, enquanto a temperatura da amostra é submetida a uma programação controlada. A análise térmica tem como principais objetos de estudo processos como catálises e corrosões, propriedades térmicas e mecânicas, como expansão térmica e amolecimento, diagramas de fase e transformações [58]. Podemos citar como exemplos a análise termogravimétrica (TGA) e a calorimetria diferencial de varredura (DSC), que serão melhor abordados nesse documento. 9 2.4.2.1 Análise termogravimétrica A análise termogravimétrica (TGA) é uma técnica de análise instrumental que mede a variação de massa da amostra em relação à temperatura e/ou tempo enquanto é submetida a uma programação controlada. O TGA possibilita conhecer a faixa de temperatura em que a amostra adquire uma composição química fixa, a temperatura em que se decompõe e o andamento das reações de desidratação, oxidação, combustão e decomposição, entre outros. As análises termogravimétricas podem ter três modos: TG isotérmica, TG quase-isotérmica, e TG dinâmica [59]. O termo TGA é comumente empregado, particularmente em polímeros, no lugar de TG por ser seu precedente histórico e para minimizar a confusão verbal com Tg, a abreviação de temperatura de transição vítrea [60]. No caso da TG isotérmica a variação de massa em função do tempo é constante. Na TG quase-isotérmica a amostra é aquecida a uma temperatura constante até que haja uma variação de massa. Neste momento a temperatura para de aumentar, até que haja uma estabilização da massa, quando então a temperatura volta a aumentar até a próxima mudança de massa. Finalmente, na TG dinâmica, a variação de temperatura é préprogramada, geralmente de maneira linear [59]. A utilidade da análise termogravimétrica na caracterização de compósitos magnéticos já foi muito reportada na literatura [61][62][63]. 2.4.2.2 Calorimetria Diferencial de Varredura A calorimetria diferencial de varredura (DSC) é uma técnica de análise térmica que registra o fluxo de energia calorífica associado a transições nos materiais em função da temperatura ou do tempo à temperatura constante. É um método de variação entálpica, no qual a diferença no fornecimento de energia calorífica entre uma substância e um material de referência é medida em função da temperatura, enquanto ambas são submetidas a um mesmo programa de aquecimento ou resfriamento, rigorosamente controlado [64]. Estas medidas fornecem dados qualitativos e quantitativos em processos endotérmicos e exotérmicos, permitindo obter informações referentes a alterações de propriedades físicas e/ou químicas [64]. Devido à versatilidade e alta significância das saídas analíticas, o Calorímetro Diferencial por Varredura (DSC) é o método mais frequentemente usado para análises térmicas, e pode ser usado para investigar uma grande variedade de materiais [65]. Através de medições de DSC podemos obter alguns dados do material, como as temperaturas características (fusão, cristalização, transições polimórficas, reações, 10 transição vítrea); o grau de cristalinidade de um polímero; o diagrama de fases; as entalpias de transição de fase e reação; a estabilidade térmica e oxidativa; o grau de pureza; a cinética de reações; a decomposição; o calor específico; a compatibilidade entre componentes; a influência de envelhecimento; o impacto de aditivos; etc [64][65]: Na atualidade existem estudos reportados das aplicações de analise térmica na caracterização de compósitos magnéticos [66][67]. 2.4.3 Difração de Raios-X A difração de raios X (DRX) é uma técnica indicada para determinar as fases cristalinas presentes em diversos materiais. Isso ocorre porque os átomos se ordenam em planos cristalinos separados entre si por distâncias da mesma ordem de grandeza dos comprimentos da onda dos raios X. Quando se incide um feixe de raios X em um cristal, o mesmo interage com os átomos presentes, gerando o fenômeno de difração de raios X que ocorre segundo a Lei de Bragg, a qual estabelece a relação entre os planos que a originaram (característicos para cada fase cristalina) [68]. A técnica consiste na incidência da radiação em uma amostra e na detecção dos fótons difratados [68]. Existem muitas aplicações de caracterização por DRX em compósitos magnéticos reportadas na literatura [69][70][71] 2.4.4 Análise de Força Magnética A força magnética, ou força de Lorentz, é resultado da interação entre dois corpos dotados de propriedades magnéticas, como ímãs ou cargas elétricas em movimento. No caso das cargas elétricas, a força magnética passa a existir quando uma partícula eletricamente carregada movimenta-se em uma região onde atua um campo magnético. A medição da força magnética em compósitos a base de partículas magnéticas é importante porque define muitas das aplicações magnéticas desses compósitos. Atualmente existem reportes de diferentes procedimentos de medição de força magnética baseados em magnetometros [72], balanças de suscetibilidade magnética [73], e até magnetometros supercondutivos de alta sensibilidade [74][75]. Entretanto, esses dispositivos são caros e em muitos casos de aquisição restrita, por isso existem desenvolvimentos de novas metodologias mais econômicas e de fácil aquisição, como a desenvolvida pelo LABIOS [56]. 11 2.5 Poli (succinato de butileno) O poli (succinato de butileno), mais conhecido como PBS, é um poliéster alifático. O PBS tem como características o fato de ser um termoplástico cristalino branco, com ponto de fusão cristalina na faixa de 90 a 120ºC e temperatura de transição vítrea entre -45 e -10ºC [18] A biodegradabilidade dos poliésteres está diretamente ligada à presença do grupo éster, que é facilmente hidrolisado, levando à quebra das ligações. Assim, ocorre a despolimerização pela ação de enzimas do tipo esterease, que é proveniente de microrganismos encontrados no solo. Os microrganismos secretam enzimas responsáveis por quebrar o polímero em blocos moleculares menores, hidroxiácidos que são utilizados como fonte de carbono para o crescimento destes microrganismos. Na segunda etapa os pequenos fragmentos do polímero são transportados para o interior dos microrganismos e transformados em biomassa. Com base nesse processo de mineralização, são produzidos gases (CO2, CH4, N2 e H2), água, sais minerais e biomassa [76][77]. 2.5.1 Obtenção do PBS O PBS pode ser sintetizado quimicamente pela policondensação do 1,4-butanodiol com o ácido succínico. O ácido succínico é um dos principais bio-intemediários químicos produzidos a partir de carboidratos, tais como: sacarose, glucose, maltose e frutose, usando o microrganismo Anaerobiospirillumsucciniciproducens [19]. O 1,4-butanodiol, também usado na síntese do PBS, pode ser obtido a partir da hidrogenação do ácido succínico ou por fermentação direta. Dessa maneira o PBS pode ser obtido de forma totalmente renovável [20]. Normalmente, a síntese de um poliéster é feita pela reação de policondensação, usando dióis e um diácido (ou um derivado de ácido) ou então a partir de um hidroxi-ácido. A policondensação é uma reação de equilíbrio, em que a água, produzida como subproduto, deve ser continuamente removida para obtenção de altas conversões e, dessa forma, altas massas molares. Para que a água seja retirada com eficiência, pode-se aplicar vácuo e/ou borbulhar nitrogênio no meio reacional. A temperatura deve ser mantida alta para aumentar a velocidade de reação, de modo que as conversões sejam elevadas. Este método apresenta algumas desvantagens, como a necessidade de aplicar temperatura elevada; longos tempos de reação; necessidade de remoção de subprodutos da reação, para que haja o deslocamento do equilíbrio, bem como a necessidade da existência de um equilíbrio estequiométrico entre os sítios reativos do ácido e os grupos hidroxila. Uma alta conversão é desejável para se obter cadeias de polímero de elevada massa molar, conferindo propriedades mecânicas úteis ao produto final. Apesar de todas as precauções, não é fácil alcançar um elevado grau de polimerização por este método, devido à ocorrência de reações laterais e à volatilização de monômeros, que conduz a um desequilíbrio estequiométrico dos reagentes [78]. 12 2.5.2 Características do PBS O PBS é um polímero biodegradável com boas propriedades e baixo valor de produção, o que o torna um bom candidato a polímero commodity, que pode ser facilmente degradado, controlado e reciclado [20]. Os poliésteres alifáticos são importantes materiais biodegradáveis e têm sido objetos de muito estudo, estima-se que serão os materiais biodegradáveis mais usados no futuro. Estes poliésteres podem ser degradados em CO2 e H2O pela ação de enzimas ou microrganismos [79], porém são estáveis em atmosfera normal. Estes polímeros geralmente apresentam boa processabilidade e boas resistências térmica e química, características que os deixam ainda mais vantajosos [80]. O PBS também possui propriedades térmicas e mecânicas tão boas que podem ser comparadas com as de polímeros tradicionalmente utilizados na indústria, como o polietileno e o polipropileno [21]. Além disso, o poli (succinato de butileno) possui uma ótima processabilidade, o que faz com que possa ser processado com equipamentos convencionais, sendo transformados em fibras têxteis, multifilamentos e até produtos moldados por injeção [81]. Essa versatilidade permite a aplicação do PBS em diversas frentes, que incluem a produção de materiais biomédicos, filmes agrícolas, embalagem, produtos espumados materiais para a indústria automobilística, dentre outros. O campo de aplicação do PBS vem se tornando cada vez mais amplo [82]. De fato, o PBS possui propriedades que favorecem a sua aplicação em diversas utilidades, fazendo-o ser um dos polímeros biodegradáveis de maior destaque na indústria. Pode assim ser potencialmente útil para a remoção de petróleo com compósitos magnéticos. 2.6 Compósitos usados para remover petróleo Uma das principais aplicações das partículas magnéticas é o preparo de compósitos magnéticos para recuperação ambiental [71][26][16][17][83][14][15]. Especificamente na área de remoção de petróleo diversos materiais foram testados pelo grupo do LABIOS, como uma resina preparada pela policondensação de lignina, líquido da castanha de caju e formaldeído na presença de nanopartículas de maghemita. Esta resina foi que foi capaz de remover até 11 gramas de óleo da água por grama de compósito [16]. Outro exemplo pesquisado pelo grupo é o compósito magnetizável baseado em resina de poliuretano (PU), capaz de remover 3 gramas de óleo por resina [14]. Também foi pesquisado pelo grupo uma matriz polimérica baseada em resina alquídica, curada com TDI na presença de maghemita. Este compósito possui uma natureza aromática/alifática que pode ser controlada para otimizar a afinidade química entre o óleo e o compósito, tendo removido cerca de 8 gramas de óleo [15]. 13 Foi também estudada uma matriz de polímero poroso na forma de micro-esferas, na qual são depositadas nanopartículas magnéticas através de síntese química, para despoluição de águas que receberem derramamento de petróleo. As micro-esferas poliméricas têm sua superfície externa tratada quimicamente para que se comporte de forma hidrofóbica. Ao serem colocadas numa mistura de água e óleo, as micro-esferas fogem da fase aquosa para as manchas de óleo. Nas manchas de óleo, as micro-esferas hidrofóbicas tendem a se dispersar homogeneamente, formando. Como as micro-esferas são magnéticas porque contêm nanopartículas magnéticas em sua estrutura nanoporosa, elas são atraídas por um imã e acabam arrastando consigo o óleo, que também se comporta hidrofobicamente [26]. Mais um exemplo encontrado na literatura é uma resina magnética baseada em cardanol, furfural e fibras de curauá com partículas de maghemita. A hidrofobicidade das fibras de curauá é aprimorada pela acetilação, aumentando a capacidade de remoção de óleo por esse compósito, que chegou a 10 gramas. Essa resina pode ser reutilizada, sem comprometer muito seu rendimento na sorção de óleo [83]. 14 3 Metodologia Neste tópico são listados os materiais e equipamentos utilizados nesta pesquisa, bem como os métodos empregados. 3.1 Materiais e equipamentos Foram usados como reagentes os seguintes materiais: Cloreto Férrico(FeCl3), Sulfato Ferroso(FeSO4), Ácido Clorídrico(HCl), Hidróxido de Potássio(KOH), e Álcool Polivinílico, fornecidos pela Sigma-Aldrich. O PBS foi sintetizado e fornecido pelo LABIOS. Os equipamentos utilizados na pesquisa, localizados no Instituto de Macromoléculas (IMA) na UFRJ foram: - Balança Shimadzu Auy 220; -Peneira de análise granulométrica de 400 # Laboratory Test Sieve; -ICEL Manaus OS-4100 -Gaussímetro TLMP-HALL GlobalMag; -Placa de aquecimento FS atom; -Centrifugador CT-6000 Cientec; -Liofilizador L101 Liotop; -Estufa Neleo; -Peneirador Berfel; -Estufa à vácuo SL 104/40; -Agitador mecânico Ika Werke; -Varian 3100 FT-IR; -TGA Q500 TA; -DSC Q1000 TA. 3.2 Procedimentos 3.2.1 Síntese de Maghemita Preparou-se a maghemita por co-precipitação homogênea, seguindo o procedimento descrito por Qu e colaboradores [48], com algumas modificações. Pesou-se 37,5 gramas de cloreto férrico (FeCL3) e 34,75 gramas de sulfato ferroso (FeSO4), ambos foram dissolvidos em 125 mL de água. Em seguida, as soluções foram misturadas. Esse processo produziu um precipitado de cor escura. Em seguida, foi adicionado ácido clorídrico (HCl) concentrado na solução até que ela ficasse clara. Todas essas etapas foram feitas a temperatura ambiente e sob agitação mecânica. 15 Paralelamente, foi preparado 1,5 grama de PVA em 1,5 litro de água, agitado magneticamente por um dia. Passando esse tempo, foi adicionado 65,88 gramas de hidróxido de potássio (KOH). Em seguida, essa solução foi adicionada na primeira e agitada mecanicamente, para depois ser deixada em decantação. Após a solução ser decantada, neutralizou-se o sobrenadante da solução até pH 7. Separou-se o precipitado, o qual foi seco. Em seguida, a magnetita foi posta em estufa a 200ºC, para garantir a oxidação da magnetita em maghemita. No final a maghemita foi triturada e classificada em uma peneira de 400 Mesh. 3.2.2 Preparo dos compósitos Para o preparo dos compósitos pesou-se as seguintes quantidades de poli (succinato de butileno) (PBS): 995, 985, 975, 965 e 950mg. Em seguida colocou-se, separadamente, cada uma dessas quantidades de PBS em uma placa de aquecimento com um banho de silicone a uma temperatura de 150º Celsius, até fusão. Após esse processo a cada amostra de PBS foram acrescentadas as seguintes quantidades de maghemita: 5, 15, 25, 35 e 50mg, respectivamente. Após mistura manual, via uso de um bastão de vidro até mistura homogênea, o compósito foi resfriado, e em seguida triturado até a forma de pó. 3.2.3 Caracterização dos materiais 3.2.4 Espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier Foram pesados 1mg das amostras de PBS, maghemita, PBS-mag 0,5%, PBS-mag 1,5%, PBS-mag 2,5%, PBS-mag 3,5%, e PBS-mag 5% e misturada a 300mg de KBr para preparo da pastilha. A análise de FTIR foi feita em um equipamento Varian modelo 3100 FTIR Excalibur Series com resolução de 4 cm-1, 20 varreduras de 4000 a 400nm. 3.2.5 Análise térmica 3.2.5.1 Calorimetria Diferencial de Varredura As propriedades térmicas das amostras foram estudadas por Calorimetria Diferencial de Varredura (DSC) na faixa de -80 a 140°C, com taxa de aquecimento de 10°C/minuto, com massa da amostra de aproximadamente 15,0mg e sob fluxo de N2 (50 mL.min-1). 16 3.2.5.2 Análise Termogravimétrica As amostras de PBS, maghemita, PBS-mag 0,5%, PBS-mag 1,5%, PBS-mag 2,5%, PBS-mag 3,5%, e PBS-mag 5% foram levadas para a análise termogravimétrica (TGA) pelo método de rampa de aquecimento, em atmosfera inerte de nitrogênio e temperaturas entre 25°C e 800°C com taxa de aquecimento a 20°C/min e isoterma de 3 minutos a 800°C. O gás de purga da balança foi o mesmo utilizado na atmosfera. 3.2.6 Difração de Raios-X As amostras de PBS; maghemita; PBS-mag 0,5%; PBS-mag 1,5%; PBS-mag 2,5%; PBS-mag 3,5%; e PBS-mag 5% foram levadas à análise de difração de raios X no equipamento, marca Rigaku, modelo Ultima IV em ângulo 2θ de 2° a 70° pelo método FT (tempo fixo), sob passo de 0,05° por segundo. A análise foi feita em temperatura ambiente, usando um equipamento ajustado com diferença de potencial de 40kV no tubo e corrente elétrica de 20mA. A radiação utilizada foi de CuKα = 1,5418Å. 3.2.7 Teste de Força Magnética O sistema utilizado para obtenção da força magnética como função do campo magnético foi desenvolvido pelo Laboratório de Biopolímeros e Sensores (LaBioS) [56] e consiste em um sistema composto por uma balança analítica, um porta amostra, uma fonte de tensão, um amperímetro, um gaussímetro e um eletroímã (Figura 4). Figura 4: Sistema de medida de força magnética 17 A primeira etapa da análise consiste em fazer a calibração das medidas de campo magnético em função da variação de corrente. Essa medida é feita utilizando o medidor de campo magnético, que possui uma haste inserida ao suporte utilizado para receber a amostra. Para tal calibração a corrente elétrica é variada entre 0 e 0,80A em intervalos de 0,05A e para cada variação de corrente é anotado o campo magnético correspondente. Estes registros são feitos ao longo de diversos ciclos de aumento e de diminuição da corrente aplicada. Os dados obtidos permitem construir a curva analítica corrente versus campo magnético. O próximo passo consiste em estudar as amostras aplicando a mesma variação de corrente. Para isso, o porta amostra é tarado e carregado a amostra, com massa entre 0,15 e 0,2 g. O sistema é pesado novamente. Após cobrir o porta amostra com filme de vidro e prendê-lo, o suporte é inserido sobre o prato da balança analítica e submetido à variação de corrente (que produz a variação de campo magnético) previamente mencionada. Para cada valor de campo magnético ajustado é anotado a massa aparente correspondente da amostra. Por essa técnica foram avaliadas as amostras de maghemita, PBS-mag 0,5%, PBS-mag 1,5%, PBS-mag 2,5%, PBS-mag 3,5%, e PBS-mag 5%. 3.2.8 Testes de remoção de petróleo Colocou-se petróleo em um vidro-relógio e depois colocou-se o vidro-relógio sobre o prato da balança analítica. Em seguida, com um imã envolto por papel alumínio, mergulhou-se o imã no petróleo, para remover uma determinada quantidade deste, sem compósito. Esse procedimento foi feito com a finalidade de saber quanto de petróleo é retido no papel alumínio e assim descartar a quantidade removida nos futuros cálculos. Essa operação foi repetida três vezes, anotando-se em cada uma delas a diferença de massa indicada na balança, que representa a quantidade de petróleo removido e foi calculada a média entre elas. Pesou-se depois 200 miligramas de um dos cinco compósitos diferentes e inseriu-se em um vidro relógio, que continha petróleo dentro. Em seguida, mergulhou-se um imã envolto por um papel alumínio, com a finalidade de saber a quantidade de massa indicada na balança. Essa operação foi repetida cerca de três vezes para cada compósito e calculou-se a média para cada uma, com desvio padrão, descontando do resultado de remoção obtido sem compósito. 18 4 Resultados 4.1 Síntese da maghemita O procedimento de síntese de magnetita por co-precipitação homogênea originou um mineral que é mostrado na Figura 5-A. Com a oxidação da magnetita a alta temperatura, foi obtido uma modificação de cor escura para a cor avermelhada, como pode ser visto na Figura 5-B. Essa modificação deve-se à oxidação das hidroxilas livres da magnetita pela ação da temperatura, o que pode ser comprovado na literatura [84]. Resultados similares já foram encontrados por outros autores na síntese de magnetita a altas temperaturas [85][86]. Figura 5: A Magnetita B Maghemita 4.2 Preparo dos compósitos Os compósitos magnéticos foram preparados com diferentes quantidades em massa de PBS e maghemita, de modo que cada um dos compósitos tenha 1 grama, entretanto perdas foram sofridas para recolher o material e triturá-lo. A Tabela 1 indica, para cada um dos compósitos: PBS-mag 0,5%, PBS-mag 1,5%, PBS-mag 2,5%, PBS-mag 3,5% e PBS-mag 5%, a quantidade inicial de PBS adicionada, a quantidade inicial de maghemita adicionada, a quantidade final de compósito preparado e o rendimento. Tabela 1: Rendimento dos compósitos Compósito PBS (mg) Maghemita (mg) Massa final (mg) Rendimento Pbs-mag 0,5% 995 5 834 71,7% Pbs-mag 1,5% 985 15 880 88,0% Pbs-mag 2,5% 975 25 878 87,8% Pbs-mag 3,5% 965 35 865 86,5% Pbs-mag 5,0% 950 50 717 71,7% 19 4.3 Caracterizações dos materiais obtidos 4.3.1 Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier A técnica de FTIR foi empregada como método de caracterização para estabelecer as bandas características do PBS e confirmar a sua presença nos compósitos magnéticos obtidos. A avaliação dessas bandas possibilitou a identificação dos grupos funcionais presentes na estrutura do polímero utilizado no preparo dos compósitos. O espectro de FTIR que é obtido para o PBS (Figura 6) apresentou as bandas de transmitância características desse polímero na região entre 4000 e 675 cm-1, cujas principais bandas são 2964, 2945, 2968 cm-1, correspondentes à deformações axiais do grupo -CH- na cadeia principal do PBS. Bandas em torno de 1168 e 1190 cm-1 correspondem a deformações axiais C-O (C=0) do grupo éster do PBS. A banda em 1720 cm-1 é referente às vibrações axiais da carbolina C=0 do grupo éster presente no PBS, já as que aparecem em 1041 e 951 cm-1 correspondem a deformações axiais do tipo C-C. A banda em torno de 3453 cm-1 foi atribuída ao overtone do grupo carbolina. Resultados similares foram reportados por diferentes autores em estudos de identificação de PBS mediante técnicas de FTIR [80][87][82][88]. Figura 6: Espectro FTIR do PBS 20 O espectro de FTIR da maghemita, mostrado na Figura 7, apresentou bandas características em 3400cm-1, correspondente ao estiramento O-H que se encontra no FeOH, em 630 e em 570cm-1 que são atribuídas ao estiramento Fe-O das fases εFe2O3e α-Fe2O3 respectivamente. Esse resultado coincide com outros reportados na literatura, em diferentes estudos de caracterização de maghemita usando técnica de FTIR [89][90][91]. Figura 7: Espectro FTIR da maghemita A Figura 8 mostra os espectros FTIR dos compósitos magnéticos obtidos, onde aparecem as bandas que identificam com os grupos funcionais do PBS mencionados anteriormente (Figura 6), sugerindo que o processo de fusão usado n preparo do compósito não provocou degradações no sistema polimérico. Não foi possível observar as bandas que identifiquem a presença da maghemita nos compósitos obtidos. Entretanto, utilizando uma ferramenta estatística, foi possível estabelecer uma diferença entre os compósitos, causada pelas diferentes proporções de maghemita. As Figuras 9-14 mostram os resultados correspondentes à análise estatística dos espectros estatísticos do FTIR. Figura 8: Espectro FTIR dos compósitos 21 Figura 9: Gráfico transmitância PBS x PBS Figura 11: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 1,5% Figura 13: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 3,5% Figura 10: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 0,5% Figura 12: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 2,5% Figura 14: Gráfico transmitância PBS x PBS-mag 5% 22 Tabela 2: Análise estatística dos compósitos compósitos R² Erro da soma dos quadrados Erro médio quadrático PBS 0% 1 0 0 pbs-mag 0,5% 0,9713 7514,33403 2,08789 pbs-mag 1,5% 0,9699 8117,48746 2,25548 pbs-mag 2,5% 0,95947 1226,5091 3,11934 pbs-mag 3,5% 0,94419 18486,63684 5,1366 pbs-mag 5,0% 0,93318 20337,87836 5,65098 Analisando as Figuras 9-14 e a Tabela 2, percebe-se que entre o PBS puro e ele mesmo, o coeficiente de determinação é 1 e o Erro Médio Quadrático (RMSE) é 0, o que realmente é esperado, levando-se em conta que é o mesmo material. Conforme a concentração da maghemita aumenta, o coeficiente de determinação das transmitâncias se reduz e o RMSE aumenta. Esse resultado sugere uma diferença entre os espectros de FTIR dos compósitos, em comparação ao espectro do PBS, devido ao aumento da concentração de maghemita presente em cada compósito. Resultados similares foram obtidos em estudos de comparação de FTIR de produtos semelhantes utilizando esta ferramenta estatística [57][16]. 4.3.2 Análise Térmica (DSC e TGA) O PBS e os compósitos foram caracterizados por análise térmica (DSC e TGA) com o objetivo de definir se as propriedades térmicas do PBS sofreram alterações após o processo de fusão durante o preparo dos compósitos. A análise de TGA foi usada para estabelecer a temperatura de máxima degradação do PBS com o objetivo de identificar a temperatura até a qual se poderia ocorrer o processo de fusão para preparo dos compósitos. Os resultados de TGA do PBS são mostrados na Figura 15 e os resultados de DSC do PBS na Figura 16. 23 Figura 15: TGA do PBS A temperatura de aproximadamente 383ºC indica o valor de máxima perda mássica do material, ou seja, a temperatura em que há maior degradação do material. Por esse motivo não é recomendado trabalhar com valores acima dessa temperatura, já que a perda mássica do material é alta, também não é recomendado em temperaturas muito próximas. Essa curva justifica o uso de uma temperatura de 150ºC na preparação dos compósitos, uma vez que a perda mássica em valores até 150º é insignificante e a integridade térmica do material é assegurada. Testes posteriores de TGA para os outros compósitos demonstraram ser muito similares ao do PBS. Através da Figura 16 pode-se comparar as curvas do PBS e de cada compósito e a Tabela 3 mostra seus valores. Figura 16: TGA dos compósitos 24 Figura 17: DSC do PBS Os dois primeiros gráficos da Figura 17 indicam um primeiro resfriamento (deslocado no gráfico para efeitos de melhor visualização para 5 mW) e aquecimento (deslocado para 27 mW) do PBS, com a finalidade de apagar a memória termomecânica do polímero, ou seja, as condições do polímero antes do procedimento de fusão. As duas últimas corridas, que são de resfriamento (deslocado para 48 mW) e aquecimento (deslocado para 58 mW), indicam as propriedades do polímero livres de sua história termomecânica pregressa. O PBS apresentou temperatura de cristalização a frio (Tc) de 76,73ºC e temperatura de fusão (Tm) de 113,23ºC. Os testes de DSC para os outros compósitos, após remoção da história termo-mecânica pregressa, apresentaram respostas similares e estão representados na Figura 18, enquanto que a Tabela 3 indica seus valores. 25 Figura 18: DSC dos compósitos 26 Tabela 3: Análise térmica Amostra Tc(ºC) Tm(ºC) TGA(ºC) PBS 76,73 104,53 ; 113,23 382,97 PBS-mag 0,5% 77,64 104,88 ; 113,44 382,89 PBS-mag 1,5% 78,33 104,98 ; 113,25 383,35 PBS-mag 2,5% 78,32 105,06 ; 113,37 383,27 PBS-mag 3,5% 78,77 105,13 ; 113,36 382,99 PBS-mag 5% 79,81 105,48 ; 113,56 383,00 Os resultados de DSC corroboraram que o processo de fusão utilizado no preparo dos compósitos não modificou significativamente os valores de Tc e Tm do PBS presente nos compósitos, em comparação com valores registrados para o PBS puro. Consequentemente, os valores de TGA registrados para o PBS presente no compósito também não apresentaram mudanças em comparação com o valor de TGA registrado para o PBS puro, o que sugere que o processo de fusão não alterou as propriedades térmicas do polímero. 4.3.3 Difração de Raios-X A Figura 19 mostra o difratograma do PBS, dos compósitos e da maghemita. O PBS apresenta os sinais característicos em valores de 2θ iguais a 19,6°; 21,9°; 22,7°; 28,9°; e 44,8°. A Figura 19 permite ver que os mesmos sinais estão presentes nos compósitos, indicando que a estrutura cristalina do polímero é mantida. 27 Figura 19: Difratograma DRX Devido ao fenômeno de fluorescência de raios X, para conseguir observar os sinais característicos da maghemita foi necessário fazer uma ampliação dos difratogramas na faixa entre 30º e 80º. Observando-se o difratograma (Figura 20), os picos característicos da maghemita em, 36º; 57,3º e 63º correspondem aos planos cristalinos de uma estrutura do tipo espinélica em célula ortorrômbica. Resultados similares foram reportados na literatura em estudo de caracterização de maghemita [92]. Figura 20: Difratograma DRX 28 4.3.4 Força Magnética Os resultados da força magnética e o desvio padrão obtidos (duas réplicas) obtidos entre a maghemita e magnetita para uma corrente elétrica de 0,80 A são mostrados na Tabela 4. A Figura 21 mostra os resultados correspondentes aos incrementos da força magnética da magnetita e maghemita em presença de diferentes campos. Tabela 4: Força Magnética de maghemita e magnetita Amostra Força Magnética (mN/g) Desvio Padrão Maghemita 890,22 4,40 Magnetita 488,28 0,65 1000 Força Magnética (mN/g) 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Campo (GAUSS) maghemita magnetita Figura 21: Gráfico Força Magnética maghemita e magnetita A força magnética da maghemita é muito superior a da magnetita (a magnetita é cerca de 45% menos forte magneticamente que a maghemita), por esse motivo foi escolhido a maghemita como partícula magnética para a preparação dos compósitos. Da mesma forma, na Tabela 5 estão explicitados os resultados para a força magnética entre os cinco diferentes compósitos submetidos a uma corrente elétrica de 0,80 A e a um campo magnético de 757 Gauss. A Figura 22 mostra a força magnética dos diferentes compósitos, em presença de diferentes campos. 29 Tabela 5: Força Magnética dos compósitos Compósito Força Magnética (mN/g) Desvio Padrão PBS-MAG 0,5% 5,29 0,06 PBS-MAG 1,5% 11,69 0,16 PBS-MAG 2,5% 21,38 0,61 PBS-MAG 3,5% 25,73 0,64 PBS-MAG 5% 61,22 0,16 70 Força Magnética (mN/g) 60 50 40 30 20 10 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Campo (GAUSS) PBS-MAG 0,5% PBS-MAG 1,5% PBS-MAG 3,5% PBS-MAG 5,0% PBS-MAG 2,5% Figura 22: Gráfico da Força Magnética dos compósitos Como esperado, o aumento da quantidade de maghemita produz um aumento da força magnética dos compósitos, o qual atinge a 61,22 mN/g @ 757 Gauss, no caso do compósito PBS-MAG 5%, o que corrobora o aumento da concentração de maghemita estabelecida no preparo dos compósitos. 30 4.4 Testes de remoção de petróleo Para os testes de remoção de petróleo, foi primeiro medida a diferença de massas de petróleo removido sem compósito, e depois com cerca de 20 miligramas de cada compósito. Foram feitas diferentes medições para cada caso, e em seguida descontou-se delas a quantidade de gramas removidas sem compósito, pois assim pode se ter certeza da real influencia do mesmo, descontando as perdas no papel alumínio. Finalmente foi feito uma medição da quantidade de massa usada de compósito para a quantidade de massa removida de petróleo, ou seja, quanto petróleo é removido por cada grama de compósito. As Figuras 23-28 demonstram o passo a passo dos testes. Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 6. Figura 23: Balança com petróleo Figura 24: Compósito sendo pesado 31 Figura 25: Adição de compósito ao petróleo Figura 26: Imã para remover o petróleo Figura 27: Imã mergulhado no petróleo Figura 28: Remoção do petróleo 32 Tabela 6: Resultados do teste de remoção de petróleo Compósito Petróleo removido(g) por compósito(g) Desvio padrão Pbs-mag 0,5% 9,63 1,46 Pbs-mag 1,5% 10,34 0,74 Pbs-mag 2,5% 10,74 0,20 Pbs-mag 3,5% 10,63 1,35 Pbs-mag 5,0% 11,06 1,48 Através desses resultados, podemos verificar incialmente que há um aumento gradual na remoção de petróleo de acordo com o aumento da quantidade percentual de maghemita contida no compósito, chegando-se a uma correlação de cerca de 22% entre a porcentagem de maghemita e a quantidade de petróleo removido. Considerando porém o desvio padrão, essa diferença observada não é estatisticamente significativa. De qualquer modo, esse é um resultado muito promissor, que constitui uma nova aplicação para o PBS e para os seus compósitos magnetizáveis. 33 5 Conclusões A síntese da maghemita pelo método de co-precipitação homogênea, assim como o preparo dos compósitos do tipo PBS-mag pelo método de fusão foram feitos com sucesso. As técnicas de caracterização, tais como FTIR, DRX, TGA e DSC confirmaram a integridade estrutural do PBS e da maghemita durante o processo de fusão, que manteve suas propriedades após o processo ser feito. As análises térmicas, tais como TGA e DSC puderam confirmar a integridade das características térmicas dos materiais. O teste de força magnética, feito com o uso de diferentes campos, comprovou a maior força magnética da maghemita em relação a magnetita (cerca de 45% maior), assegurando o uso da maghemita como material magnético mais apropriado para o compósito. Esse teste também comprovou que os compósitos mantiveram a propriedade magnética da maghemita e que os que apresentavam maior quantidade dela possuiam uma força maior. O teste de remoção de petróleo demonstrou que os compósitos magnéticos são capazes de remover até 11 gramas de petróleo por grama de compósito. Os resultados variaram de acordo com a composição de maghemita, apresentando uma leve tendência de aumento para compósitos com maior quantidade de maghemita presente, porém devido aos desvios padrões encontrados, as remoções de cada um deles podem ser consideradas como estatisticamente iguais. Considerando a recuperação de petróleo de 11 gramas similar a de outros compósitos estudados, podemos afirmar que os resultados são animadores, uma vez que o PBS é um polímero biorenovável e de baixo custo de obtenção. Os resultados obtidos são relevantes para a área de recuperação ambiental, uma vez que apresentam uma alternativa potencialmente eficiente e econômica para a remoção de petróleo no mar. Considerando-se que muitos dos atuais processos não são muito eficientes, ou são caros, ou por si só danosos ao meio ambiente, o determinado compósito baseado em poli (succinato de butileno) e maghemita pode ser muito benéfico para a vida marinha, às indústrias de petróleo e à sociedade em geral. 34 6 Sugestões - Avaliar, via TGA-DSC o mecanismo de sorção de petróleo no compósito estudado. - Avaliar o efeito do tempo de contato do compósito com o petróleo, via isotermas de sorção. - Avaliar a ocorrência de reações químicas entre o PBS e a maghemita, via técnicas espectrométricas, como o FTIR e o RMN. - Avaliar a reticulação do PBS com reagentes trifuncionais, buscando seu uso na recuperação do petróleo via solventes. 35 7 Referências Bibliográficas [1] “World Crude Oil Production by Year (Thousand Barrels per Day).” *Online+. Available: http://www.indexmundi.com/energy.aspx?product=oil&graph=production. [Accessed: 12Jun-2015]. [2] C. Robertson and C. 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