Modernization of Higher Education in Europe Access, Retention and Employability 2014 O relatório “Modernization of Higher Education in Europe 2014”, da autoria da Comissão Europeia (através da rede Eurydice) analisa a experiência do ensino superior europeu em três dimensões que são relevantes para o percurso dos estudantes, nomeadamente os sistemas de acesso, os apoios ao sucesso académico e os mecanismos de transição para o mercado de trabalho. A análise do relatório permite retirar como conclusões relevantes nessas dimensões as seguintes: Acesso e alargamento da participação no ensino superior Apesar da prioridade dada à dimensão social do ensino superior, muito poucos países definiram metas quantificáveis com vista a aumentar a participação de grupos específicos que se encontrem sub-representados. Ainda não existe uma prática de monitorização regular da composição social da classe estudantil, verificando-se uma desconexão entre objetivos políticos e monitorização que necessita de ser corrigida. Mesmo quando a informação é recolhida, normalmente esta não é tratada e isso impede a análise de séries longas relativas à composição do corpo estudantil. A falta de dados indicia que os sistemas estatísticos são recentes ou que a questão de diversidade do acesso não é de interesse público relevante e que não é trabalhada devido a isso. Existem vias de acesso alternativas ao regime geral em diversos países mas a generalidade dos países não tem dados trabalhados sobre o número de estudantes que entram nessas vias. Nos países que recolhem dados, é muito comum existir uma via de entrada claramente dominante no sistema: em regra, os estudantes entram pelos regimes gerais de acesso e as vias alternativas de acesso não contam mais que 10% de entradas. Nos países em que as vias de acesso alternativas têm mais peso, estas são sempre mecanismos de entrada para ensino vocacional/politécnico. Existem “programas de ponte” e mecanismos de reconhecimento prévio de formações em cerca de metade dos países da UE, sendo prevalecentes na Europa do Norte e Ocidental. Permanência no ensino superior/sucesso escolar Há necessidade de uniformização sobre o conceito de retenção/sucesso escolar. Não existe uma definição universal de retenção e de abandono escolar. Para aumentar a manutenção no ensino superior é relevante que as IES identifiquem as necessidades dos diferentes grupos que compõem o corpo estudantil. Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) Edifício O – Campus do Lumiar, Estrada do Paço do Lumiar, 1649-038 Lisboa Tel: 213 602 950 / 213 602 952 Fax: 213 640 011 Alguns países adotaram medidas para que os estudantes terminem os estudos dentro de um determinado tempo, ao mesmo tempo que as IES proporcionam opções mais flexíveis para estudar. Os países que têm sistemas de acesso abertos e não selectivos tendem a ter taxas de abandono escolar superiores aos demais. Uma parte significativa de países não calcula taxas de conclusão ou abandono escolar, o que acontece mesmo em países em que existem medidas específicas contra o abandono escolar. No abandono escolar, há países onde reprovações sucessivas fazem com que estudantes sejam identificados pela IES e lhes seja dado acompanhamento adicional. É raro encontrar países que continuem a seguir os seus estudantes depois de estes terem abandonado o sistema de ensino. Para evitar abandono e aumentar permanência no sistema, diversos países utilizam abordagens personalizadas para apoiar estudantes com a carga de trabalho, com sistemas de reorientação para que mudem de curso sem sair do sistema, através da contratualização com instituições de uma determinada taxa de sucesso ou da facilitação de transferência de créditos numa mudança de curso. A melhoria de indicadores de sucesso e abandono escolar apenas iria afetar o financiamento em cerca de metade dos países já que na maior parte dos casos não há impacto no financiamento de uma IES por esta ter maiores ou menores taxas de sucesso. Há países que recolhem dados sobre as taxas de sucesso na conclusão de cursos mas que não os divulgam. Portugal vai começar a publicar a partir deste ano pois apenas a partir de 2012/13 se implementou um sistema que permite seguir os estudantes inscritos ao longo de todo o seu percurso. Flexibilidade na frequência A frequência em regime de tempo parcial é possível na maior parte dos países mas nem sempre esta é universal. No entanto, mesmo nos países em que não está prevista a frequência em tempo parcial, os estudantes podem aceder a regimes semelhantes através de outros mecanismos, nomeadamente estatutos de atleta de alta competição ou de trabalhador-estudante. Em regra, a frequência em regime de tempo parcial exige maior investimento privado por parte dos estudantes. Para além disso, prática é que os estudantes em tempo parcial sejam elegíveis para apoios sociais mais reduzidos que os estudantes a tempo inteiro. Isto demostra que os regimes de tempo parcial não são definidos com o objetivo de alargar a participação para os grupos mais desfavorecidos. Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) Edifício O – Campus do Lumiar, Estrada do Paço do Lumiar, 1649-038 Lisboa Tel: 213 602 950 / 213 602 952 Fax: 213 640 011 Apenas um terço dos países tem instituições especializadas em formação a distância e, onde estas existem, a maior parte das vezes são pequenas instituições privadas e não representam grandes atores do sistema. É na Europa do Sul onde está a maior concentração de instituições especializadas em ensino a distância. Na maior parte dos países, existe possibilidade de reconhecimento de educação não formal para obter equivalência a cadeiras dos currículos de ensino superior. No entanto, não existe prática de recolher esta informação centralmente. Na maior parte dos países também não existe definição nacional de quem pode ou não solicitar o reconhecimento de experiência não formal. Nos países onde existem regras nacionais, normalmente exige-se um tempo mínimo de experiência ou critérios de idade. A maior parte dos países coloca limites ao número de créditos que pode ser atribuído e, em regra, o processo de creditação não pode conduzir à atribuição de um grau. Empregabilidade A maior parte dos países tem relatórios prospectivos de emprego mas raramente estes são utilizados para definição de políticas de ensino superior. Diversos países estimularam as respectivas IES a melhorar a sua empregabilidade, tendo sido adoptado o mecanismo de tornar pública a informação sobre empregabilidade para atuais e futuros estudantes. Em alguns países, os níveis de financiamento está ligado ao desempenho na empregabilidade. Na maior parte dos sistemas as IES são obrigadas a envolver os empregadores no desenvolvimento de currículos, ensino, participação em órgãos de gestão ou procedimentos de garantia de qualidade. Na maior parte dos países, é obrigatória a inclusão de formação prática ou realização de estágios em determinados graus, especialmente no ensino vocacional. Muitos países concedem incentivos financeiros para que as IES e empresas aumentem o número de estágios disponíveis. A generalidade dos países desenvolveu estudos de empregabilidade dos estudantes, sendo uma parte realizada a nível institucional mas existindo diversos países com estudos de âmbito nacional. Os mecanismos de garantia de qualidade são a principal forma encorajarem as IES a trabalhar para aumentar a empregabilidade dos diplomados sendo que quase todos os países integram a empregabilidade nos critérios de avaliação da qualidade. Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) Edifício O – Campus do Lumiar, Estrada do Paço do Lumiar, 1649-038 Lisboa Tel: 213 602 950 / 213 602 952 Fax: 213 640 011 ANEXO Acesso e alargamento da participação no ensino superior Dimensão avaliada O país tem metas específicas no que toca a alargar a participação no ensino superior nos grupos sub-representados? O país tem medidas concretas para aumentar a participação no ensino superior nos grupos sub-representados? O país monitoriza sistematicamente as caraterísticas do corpo estudantil? Existe informação sobre o modo como evoluiu a diversidade social entre os estudantes nos últimos 10 anos? É garantido direito de acesso ao ensino superior por parte de um estudante que termina o ensino secundário? Há sistemas de acesso alternativos aos regimes gerais? O país tem "programas de ponte" entre o secundário e o ensino superior (ex: CET)? Está previsto reconhecimento de formação anterior no acesso a todos os ciclos de estudo? Existe aconselhamento para os futuros estudantes? Existem medidas para encorajar a entrada direta no ensino superior após a conclusão do ensino secundário? Posição de Portugal Posição maioritária Não Não Não Sim Sim (1) Sim Não Sim (2) Não é garantido (3) Sim Não é garantido (4) Sim Sim Sim (5) Sim Não Sim Sim Não (6) Não (1) - No entanto, PT apenas monitoriza deficiência e condição laboral à entrada do sistema, o que é informação relativamente residual face à generalidade dos outros sistemas; (2) - Apesar da resposta positiva, a maior parte dos países apenas reporta dados sobre género e número, o que se passa também em PT mas não está refletido no estudo. (3) - Não é garantido porque o acesso do estudante está condicionado pela existência de vagas. (4) - Não é garantido porque estudantes têm outro tipo de requisitos a cumprir para além da conclusão do ensino secundário. (5) - PT é o único país do sul da Europa a ter estes mecanismos. (6) - No entanto, existem medidas indiretas que fomentam a conclusão até determinada idade (ex: atribuição de abonos) Permanência no ensino superior/sucesso escolar Dimensão avaliada Há incentivos para os estudantes completarem os estudos dentro de um determinado tempo? Há incentivos para as IES aumentarem o sucesso e reduzirem o insucesso? Os dados relativos ao abandono escolar são utilizados nos mecanismos de garantia de qualidade? Quando são calculadas as taxas de aproveitamento/conclusão? Quando são medidas as taxas de abandono escolar? Posição de Portugal Posição maioritária Não (1) Sim. Incentivos financeiros (2) Não Diverso (3) Critério obrigatório/facultativo No final de 1.º e 2.º No final de 1.º e 2.º ciclo ciclo Não mede abandono No final do 1.º ano escolar sistematicamente Critério obrigatório (1) - É comum não existirem incentivos em países onde se pagam propinas pois é interpretado que ter que pagar mais propinas por chumbar já é incentivo suficiente à conclusão mais rápida do curso. Junta-se ainda que a elegibilidade da bolsa só ocorre enquanto existir sucesso académico, o que também é comum na generalidade dos países da UE. (2) - Há países em que as taxas vão aumentando à medida que se vai reprovando. (3) - 11 países têm contratos de desempenho que ligam parte do financiamento à obtenção de resultados. Esse financiamento pode ser baseado em outputs, como o número de diplomados, ou os inputs como as caraterísticas dos estudantes. 9 países usam fórmula de financiamento e apenas os países nórdicos usam os dois sistemas. Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) Edifício O – Campus do Lumiar, Estrada do Paço do Lumiar, 1649-038 Lisboa Tel: 213 602 950 / 213 602 952 Fax: 213 640 011 Flexibilidade na frequência Dimensão avaliada Existe possibilidade de frequentar estudos em tempo parcial (não inclui trabalhador estudante)? Posição de Portugal Posição maioritária Sim Sim IES têm autonomia IES são obrigadas a para decidir e a maior oferecer em tudo parte oferece Estudantes pagam Qual o impacto de regime de tempo parcial nas propinas Estudantes pagam propinas mais pagas? propinas mais altas baixas Estudante recebe Estudante recebe Qual o impacto de regime de tempo parcial nos apoios valores de apoio valores de apoio mais sociais? mais baixos baixos Existem IES de ensino a distância? Sim Não Existe e-learning, ensino a distância ou B-Learning nas IES Sem oferta ou com Diverso. tradicionais? oferta limitada Há possibilidade de reconhecimento de educação não Sim Sim formal para progressão num ciclo de estudos? Quando existe possibilidade, as instituições oferecem efetivamente cursos nesse regime? Empregabilidade Dimensão avaliada São publicados regularmente relatórios nacionais sobre mercado de trabalho? Existe envolvimento de empregadores na conceção de currículos e no ensino? Existe envolvimento de empregadores na gestão da instituição? Os empregadores são envolvidos nos processos de garantia de qualidade? Existe orientação profissional para os estudantes? Existe orientação profissional para os diplomados? São utilizados critérios de empregabilidade nos procedimentos de garantia de qualidade? Posição de Portugal Posição maioritária Não Sim Pouco ou nenhum Pouco ou nenhum Sim Sim Sim. Requisito obrigatório. Apenas para alguns estudantes Apenas para alguns diplomados. Sim. Requisito obrigatório. Variável. Apenas metade dos países exige. Sim. Para todos os estudantes. Sim. Para todos os diplomados. Sim. Requisito obrigatório. A versão integral do relatório pode ser consultada em http://eacea.ec.europa.eu/education/eurydice/documents/thematic_reports/165EN.pdf Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) Edifício O – Campus do Lumiar, Estrada do Paço do Lumiar, 1649-038 Lisboa Tel: 213 602 950 / 213 602 952 Fax: 213 640 011