THAÍSA GONÇALVES DE SOUZA
ANÁLISE RETROSPECTIVA DOS CISTOS E TUMORES
ODONTOGÊNICOS ATENDIDOS NO SETOR DE CIRURGIA BUCAL
DA CLÍNICA ODONTOLÓGICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
LONDRINA
Londrina
2014
THAÍSA GONÇALVES DE SOUZA
ANÁLISE RESTROSPECTIVA DOS CISTOS E TUMORES
ODONTOGÊNICOS ATENDIDOS NO SETOR DE
CIRURGIA BUCAL DA CLÍNICA ODONTOLÓGICA DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Departamento de Medicina Oral e
Odontologia
Infantil da Universidade Estadual de Londrina.
Orientadora: Profa. Ms. Ligia Pozzobon Martins
Londrina
2014
THAÍSA GONÇALVES DE SOUZA
ANÁLISE RESTROSPECTIVA DOS CISTOS E TUMORES
ODONTOGÊNICOS ATENDIDOS NO SETOR DE CIRURGIA
BUCAL DA CLÍNICA ODONTOLÓGICA DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE LONDRINA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Medicina Oral e Odontologia
Infantil da Universidade Estadual de Londrina.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Ms Ligia Pozzobon Martins
____________________________________
Universidade Estadual de Londrina
Prof. Dr. Ricardo Alves Matheus
____________________________________
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, 20 de Outubro de 2014.
SOUZA, Thaísa Gonçalves. Análise Retrospectiva dos cistos e tumores
odontogênicos
atendidos
no
setor
de
cirurgia
bucal
da
clínica
odontológica da Universidade Estadual de Londrina. 2014. Trabalho de
Conclusão de Curso (Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina,
Londrina, 2014.
RESUMO
Cistos odontogênicos são resultantes da proliferação de remanescentes
epiteliais associados à formação dos dentes. Acometem indivíduos de ambos os
gêneros, todas as idades e raças. Costumam apresentar crescimento lento,
podendo causar alterações nos contornos anatômicos. Mudanças na coloração
da mucosa, deslocamento e/ou ausência dos dentes nos maxilares poderão ser
observados. Sintomas como dor e parestesia são comumente relatados à
medida que as lesões aumentam de tamanho. O diagnóstico depende da
avaliação e consideração de importantes informações interpretadas pelo
cirurgião-dentista a partir de uma anamnese minuciosa, inspeção clínica intra e
extra bucais, exames de imagem incluindo diversas radiografias, tomografia
computadorizada quando necessário e exame histopatológico.
Este trabalho tem como objetivo relatar um estudo retrospectivo dos anos
de 2009 a 2013 quanto à prevalência dos cistos e tumores odontogênicos
diagnosticados no Setor de Cirurgia Bucal da COU – UEL. Por meio da coleta de
dados referentes aos resultados dos exames histopatológicos de pacientes
atendidos, buscou-se uma análise retrospectiva caracterizando o perfil dos
pacientes com lesões confirmadas de cistos e tumores odontogênicos,
mostrando a relevância dessas lesões entre o total de biópsias realizadas
utilizando uma estatística descritiva. Lesões sem confirmação histopatológica
foram excluídas da amostra.
Com um total de 160 biópsias realizadas, os cistos e tumores
odontogênicos representam 41,25% das lesões. Dentre estas, o gênero feminino
representou 61,5%, sendo que o cisto periapical inflamatório mostrou-se a lesão
mais prevalente com 33,3%. A etnia branca obteve maior incidência com 66,7%.
Quanto as queixas álgicas iniciais 86,4% não apresentaram. A pesquisa mostrou
que a maior incidência foi observada na faixa etária de 41 a 50 anos.
O estudo dos tumores que acometem o complexo maxilar apresenta relevância
devido ao papel que o cirurgião-dentista representa no diagnóstico e tratamento
destas lesões.
SOUZA, Thaísa Gonçalves. Retrospective analysis of odontogenic cysts and
tumors attendeded in the dental clinic’s oral surgery sector of the State
University of Londrina. 2014. Completion of course work (Dentistry) - State
University of Londrina, Londrina, 2014.
ABSTRACT
Odontogenic cysts are results from the proliferation of epithelial remaining
associated with tooth formation. They affect all genders, ages and races. It
usually shows a slow growth and can cause anatomical contours modifications.
Mucosa coloration changes, teeth displacement and/or absence in the jaws can
be observed. Symptoms as pain and paresthesia are commonly reported once
the injuries get bigger. The diagnosis is based on Dentist’ interpretation which is
made according to evaluation and important considerations from detailed
anamnesis, clinical intra and extra oral inspection, analysis of as radiographs,
computerized tomography when necessary and histopathological tests.
The aim of this work is to report the retrospective study from 2009 to 2013
about the prevalence of odontogenic cysts and tumours in the dental clinic’s oral
surgery sector of the State University of Londrina. With the data collected from
the results of histopathological examination of the patients assisted, a
retrospective analysis was made featuring the patients profile with attested
odontogenic cysts and tumors wounds, showing the relevance of those among
the total of performed biopsies using a descriptive statistics. Injuries without
histopathological confirmation were excluded from the sample.)
With a total of 160 performed biopsies, odontogenic cysts and tumors
represent 41.25% of the lesions. Among those, women represent 61.5%, while
the inflammatory periapical cyst proved to be the most prevalent lesion with
33.3%. The Caucasians had higher incidence with 66.7%. The percentage of
patients who did not report pain complaints was 86.4%. The highest incidence of
injuries occurs between 41 and 50 years old.
The study about cyists and tumours that affect the maxillary complex is highly
relevant because of the dentist’s role on injuries diagnosis and treatment.
Dedico este trabalho a minha mãe
Luzia Aparecida da Costa.
AGRADECIMENTO
Agradeço a minha orientadora Profa. Ms. Ligia Pozzobon Martins por me
auxiliar na construção desse trabalho, estando sempre disponível para
esclarecer minhas dúvidas e me incentivando a melhorar cada vez mais.
Ao Prof. Dr. Ricardo Alves Matheus por aceitar fazer parte desde trabalho
colocando-se à disposição quando necessário.
Ao Prof. Dr. Ângelo Marcelo Tirado dos Santos por sua ajuda nas análises
estatísticas.
Ao residente Thiago Henrique Martins por permitir a continuidade desta
pesquisa e também por sempre estar disponível para ajudar com o que fosse
necessário.
Agradeço aos meus pais por possibilitarem que eu pudesse chegar a esse
trabalho de conclusão de curso, obrigada por sempre me apoiarem.
Agradeço especialmente a minha mãe, que durante toda a minha vida me
educou e ensinou todos os valores que possuo. Obrigada por sempre me
incentivar a alcançar meus objetivos e por ser umas das razões para eu nunca
desistir.
Ao meu namorado Renato Miyashita, por todo o apoio que recebi durante
toda a realização do trabalho, por me ajudar com tudo o que estava ao seu
alcance, sem você teria sido muito mais difícil.
As minhas amigas e amigos que estavam lá nos momentos de cansaço,
como sempre dizemos, ainda iremos rir de tudo isso! Sei que essa foi só uma
etapa
das
muitas
que
vocês
ainda
estarão
presentes.
Agradeço a Deus, por me abençoar todos os dias, para que eu tivesse a
força de vontade de lutar por meus objetivos.
Finalmente, agradeço a Universidade Estadual de Londrina por
possibilitar a realização desta pesquisa.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 – Gênero.......................................................................................07
Gráfico 2 – Etnia...........................................................................................07
Gráfico 3 – Faixa Etária................................................................................08
Gráfico 4 – Incidência das Lesões ...............................................................08
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO...............................................................................................01
2-OBJETIVO.....................................................................................................03
3-MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................04
4-RESULTADOS...............................................................................................05
5-DISCUSSÃO..................................................................................................09
6-CONCLUSÃO.................................................................................................13
7-REFERÊNCIAS..............................................................................................14
1 INTRODUÇÃO
As lesões odontogênicas originam-se a partir de remanescentes epiteliais
e mesenquimais da embriogênese dentária, visto que o complexo maxilofacial
também é formado por estes elementos. Podemos citar como exemplos os
restos epiteliais de Malassez, restos de Serres e folículo pericoronário. Esta
particularidade confere uma posição de quase exclusividade dos maxilares para
o desenvolvimento dessas alterações.
O cisto é definido como uma cavidade patológica revestida por epitélio,
contendo, usualmente, material líquido ou semi-sólido em seu interior. Quando
são derivados do epitélio, associado ao desenvolvimento do órgão dentário
recebem a denominação de cistos odontogênicos.
Segundo Neville et al. (2011) os Cistos odontogênicos são classificados
em Cistos Odontogênicos de Desenvolvimento que compreendem: Cisto
dentígero, Cisto de erupção, Cisto odontogênico ortoceratinizado, Cisto gengival
do recém-nascido, Cisto gengival do adulto, Cisto periodontal lateral, Cisto
odontogênico
glandular;
e
Cistos Odontogênicos Inflamatórios que compreendem: Cisto radicular ou
periapical, Cisto radicular residual e Cisto da bifurcação vestibular.
Os tumores odontogênicos são um grupo complexo de lesões de
comportamento clínico e tipos histológicos diversos. Conforme os estudos de
Jing et al (2007) os tumores odontogênicos são derivados a partir do epitélio,
ectomesenquima, ou elementos mesenquimais do dente em formação.
Segundo Neville et al. (2011) os tumores odontogênicos são classificados
como tumores de epitélio odontogênico, tumores odontogênicos mistos ou
tumores
de
ectomesênquima
odontogênico.
Os
Tumores
de
epitélio
odontogênico são: Ameloblastoma e suas variantes, Carcinoma odontogênico
de células claras, Tumor odontogênico adenomatóide, Tumor odontogênico
epitelial calcificante, Tumor odontogênico escamoso, Tumor odontogênico
queratocístico. Os Tumores odontogênicos mistos são: Fibroma ameloblástico,
Fibro-odontoma
ameloblástico;,
Fibrossarcoma
ameloblástico,
Odontoameloblastoma, Odontoma composto, Odontoma compelxo. Já os
Tumores de ectomesênquima odontogênico são: Fibroma odontogênico, Tumor
odontogênico de células granulares, Mixoma odontogênico e Cementoblastoma.
Estudos demonstram que os cistos odontogênicos podem apresentar
grande relevância quando suas lesões são causadoras de destruição óssea, pois
alguns apresentam-se de forma inócua enquanto outras de forma agressiva.
Indivíduos de ambos os gêneros, de todas as idades e etnias podem ser
acometidos por Cistos ou Tumores odontogênicos.
Sinais como mudanças na coloração da mucosa e deslocamento e/ou
ausência dos dentes nos arcos maxilares poderão ser observados. Sintomas
como dor e mesmo a parestesia são comumente relatados à medida que as
lesões aumentam de tamanho.
O objetivo do presente estudo foi determinar o perfil epidemiológico deste
heterogêneo grupo de lesões para possível elaboração de hipóteses
diagnósticas além de condutas clínicas e preventivas.
2 OBJETIVO
O estudo tem por objetivo traçar o perfil epidemiológico de indivíduos
acometidos por lesões císticas e tumorais dos ossos gnáticos, levando em
consideração faixa etária, gênero, raça, sintomatologia dolorosa e relatando a
incidência das lesões diante dos casos diagnosticados por meio de exame
histopatológico, após realização de biópsias no Setor de Cirurgia Bucal da
Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina (COU-UEL).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo retrospectivo analisou os prontuários de todos os
pacientes submetidos a biópsias no período de Janeiro de 2009 a Dezembro de
2013. A partir desta análise foram selecionados os prontuários que continham
confirmação histopatológica de cistos ou tumores odontogênicos. Foram
inclusos na pesquisa indivíduos entre 1 e 84 anos de idade, sem restrição de
gênero ou etnia. As lesões foram categorizados, de acordo com uma
classificação histológica da organização mundial de saúde (OMS) de 2005. Os
aspectos relevantes foram analisados descritivamente e expostos na plataforma
Epi Info. Processados e separados, serviram de banco de dados para análise
estatística. Dados coletados sem confirmação de exame histopatológico, ou
informações insuficientes foram excluídos da amostra.
4 RESULTADOS
Através de busca direta pelo serviço especializado ou encaminhamento
interno durante os cinco anos de estudo realizaram-se 160 biópsias, das quais
66 (41,2%) tiveram por resultado algum tipo de cisto ou tumor odontogênico.
Em relação ao gênero, foi encontrada a prevalência de 61,5 % nas
mulheres.
Dentre os 66 pacientes a etnia branca representou 66,7%, seguido por
pardos com 21,2% e negros com porcentagem igual de 12,1%.
Entre os pacientes submetidos aos exames à maioria encontrava-se na
faixa etária de 31 a 50 anos de idade, somando 43,9% dos usuários do serviço.
Crianças entre 0 a 10 anos somam 7,6%. Adolescentes de 11 a 20 anos
representam 18,2%, enquanto adultos jovens 21 a 30 representam a frequência
de 12,1%, adultos e idosos acima de 51 anos somam 18,2%.
Entre as biópsias realizadas no setor de Cirurgia Bucal da COU-UEL,
foram diagnosticadas 28 patologias diferentes, dentre estas, 6 classificadas
entre os cistos e tumores odontogênicos.
Cisto odontogênico inflamatório foi a lesão mais prevalente com 40,9%
dos resultados, sendo 22 lesões periapicais inflamatórias e 5 lesões periapicais
residuais.
O Cisto periapical inflamatório corresponde a 33,3% da amostra. Sendo
mais comum no gênero feminino 19,7%, etnia branca 22,7% e faixa etária entre
41 e 50 anos. Já o Cisto residual corresponde a 7,6% da amostra, com
predileção pelo gênero feminino 6,1%, etnia parda 3% e faixa etária maior que
51 anos.
No grupo dos Cistos odontogênicos de desenvolvimento, foram
encontrados apenas cistos dentígeros, com a porcentagem de 16,7%. Houve
relevância quanto ao gênero feminino 10,6%, 9,1% das lesões foram
encontrados em indivíduos brancos e 10,6% estavam presentes em indivíduos
de 11 a 20 anos.
Na
classe
de
tumores
odontogênicos,
foram
diagnosticados
Ameloblastoma, Odontoma composto e Tumor odontogênico queratocístico. Na
amostra, Ameloblastomas representaram 12,1%, Odontoma composto 1,5% e
Tumor odontogênico queratocístico 28,8%.
Os Ameloblastomas apresentaram maior incidência no gênero masculino
9,1%, cor branca 10,5% e faixa etária de 21 a 30 anos com 6,1%.
Apenas um caso de Odontoma composto foi diagnosticado, este, em
gênero feminino, cor branca e faixa etária entre 41 e 50 anos, todos
apresentando uma porcentagem de 1,5%.
Os Tumores odontogênicos queratocísticos tiveram predileção pelo
gênero feminino 15,2%, cor branca 19,7% e faixa maior que 51 anos 9,1%.
Quanto a sintomatologia álgica, 83,3% dos pacientes não relatavam dor
na primeira consulta. Dentre os que apresentaram queixas, a maior incidência
6,1% foram no casos diagnosticados como Tumor odontogênico queratocistico.
O estudo revelou que todos os casos de AME foram diagnosticados em
mandíbula, enquanto lesões de TOQ representara índices de 92% para a mesma
área. Ocorreu predileção pela mandíbula para lesões de cisto dentígero,
registrando 73% dos casos.
Gráfico 1 – Gênero
Gráfico 2 – Etnia
Gráfico 3 – Faixa Etária
Gráfico 4 – Incidência das Lesões
5 DISCUSSÃO
Segundo Neville et al. (2011) Os cistos revestidos por epitélio nos ossos
do corpo são observados somente nos ossos gnáticos, e constituem um
importante aspecto da patologia oral e maxilo-facial, presentes de forma
relativamente comum na prática odontológica.
De acordo com os relatos da literatura sobre a incidência e a frequência
relativa dos Cistos odontogenicos , as lesões mais comumente diagnosticadas
são respectivamente os cistos radiculares e o dentígero. Dentre os Tumores
odontogênicos, a maioria dos autores concorda que os mais comuns são o
odontoma e o ameloblastoma.
Os Cistos radiculares foram relatados como a lesão de maior incidência
nos estudos. Radden et al (1973) registrou 60% das lesões como cistos
radiculares. Daley et al (1994) encontrou 61,4% das lesões como cistos
radiculares.Jones et al (2006) demonstrou a incidência de 52,3%. Em nossos
dados, foram registrados 40,91% de cisto radicular sendo a lesão com maior
registro de biópsias.
No presente estudo, cisto dentígero ocorreu com maior frequência na
segunda década de vida, mostrou-se assintomático em 72,7% dos casos,
apresentando inclinação para o genêro feminino com 66,6% dos casos e
acometendo a cor branca em 54,5%. Confirmando o perfil epidemiológico L. L
Zhang et al (2010) em um estudo com 2029 cistos dentígeros, 30% dos cistos
biopsiados, encontrou a prevalência entre a segunda e terceira décadas de vida,
decaindo conforme a idade. Segundo Carvalho et al (2011) em um estudo com
192 casos houve predileção pelo gênero masculino na razão de 2:1. Quanto a
etnia, indivíduos brancos mostraram maior prevalência, perfazendo 56,7% da
amostra. Todos os estudos apontam relação dos cistos dentígeros com terceiros
molares.
Em estudos Servato et al (2012) observaram que lesões tumorais
odontogênicas incluem lesões benignas harmatomatosas, neoplasias com
comportamento biológico variado e tumores malignos. As lesões apresentaramse incomuns, algumas sendo extremamente raras, podendo representar
desafios significativos de diagnóstico.
Sobre os Tumores odontogênicos, em um estudo semelhante sobre a sua
prevalência na população brasileira, Osterne et al., (2011) encontraram uma
predileção pelo gênero feminino, com média de idade de 30,5 anos, sendo o
Ameloblastoma seguido do Tumor odontogênico queratocístico os mais
frequentes. Nossos achados mostraram predileção pelo gênero masculino de 41
a 50 anos. Quanto aos tipos de Tumores odontogênicos, nosso estudo encontrou
maior
incidência
de
Tumor
odontogênico
queratocístico
seguido
por
Ameloblastoma.
De acordo com Zhang et al. 2010, o Ameloblastoma é o tumor
odontogênico mais comum, ocorrendo em aproximadamente 1% dos tumores e
cistos dos maxilares e 10% dos tumores odontogênicos. Todavia, Jordan e
Speight (2009) o consideram como o mais comum tumor odontogênico após o
odontoma. Ocorre em todos os grupos etários, mas o pico de incidência é na
terceira e na quarta década
de vida. O presente estudo apontou 8 casos (12,1%) para AME. Sua localização
preferencial em região posterior da mandíbula são condizentes com estudos
realizados em outros países e com os trabalhos de pesquisadores de
várias partes do mundo.
O odontoma apresentou apenas um caso no presente estudo. Esses
resultados não são condizentes com os achados de Waldron (2009), que
consideraram o odontoma como o tipo mais comum de tumor odontogênico.
Em seu estudo retrospectivo de 1642 casos de tumores odontogênicos,
Jing. W et al (2007) encontraram com maior ocorrência o ameloblastoma em
40,3% das lesões, seguido por tumor odontogênico queratocístico em 35,8%.
Ressaltou em seu estudo a baixa incidência de odontomas na população
chinesa, representando apenas 4,7% das biópsias realizadas.
Ao
contrário
dos
cistos
odontogênicos,
o
tumor
odontogênico
queratocístico não cresce e expande de forma centrípeta, mas mostra
crescimento mural no sentido ântero-posterior, com proliferação tecidual para
dentro do osso esponjoso. Pode, então, alcançar considerável tamanho antes de
a expansão óssea tornar-se aparente clinicamente.
Também tem tendência a recorrer, levando à afirmação que é agressivo e tem
um inerente potencial de crescimento.
As taxas de ocorrência desse tumor podem ser significativas. No
presente trabalho, observou-se taxa de ocorrência de 28,8%, sendo que a
região posterior da mandíbula esteve relacionada com 90% dos casos.
A mudança da classificação da OMS em 2005 também afetou os
estudos dos tumores odontogênicos, e o tumor odontogênico queratocístico
ganhou um importante papel na prevalência dessas lesões. Nos estudos
conduzidos por El-Gehani et.al. (2009) e Jing et al. (2007), a inclusão desde
tumor no grupo revelou grande aumento da prevalência, concordando com os
nossos estudos, em que o tumor odontogênico queratocístico representou a
segunda patologia odontogênica mais frequente com um percentual de 28,8%
dos casos.
Quando comparada a população brasileira, especialmente em nosso
estudo, encontramos a maior ocorrência de Tumor odontogênico queratocístico
em relação ao Ameloblastoma. Mas deve-se levar em conta a presença de um
paciente com sindrome de Gorlin, sendo esse diagnosticado com quatro tumores
odontogênicos queratocisticos.
Avelar et al (2011) em uma revisão mundial de casos de tumores
odontogênicos, revelou que entre os tumores odontogênicos queratocísticos a
maior incidência ocorreu entre a segunda e quarta décadas de vida. O dado
corresponde as biópsias realizadas no presente estudo, onde os relatos também
foram mais incidentes nessa faixa etária.
De acordo com Tawfik et al (2010) quando estudaram o perfil
epidemiológico de pacientes com Tumor odontogênico queratocístico, a razão
de homens para mulheres se mostra em 1.7:1 respectivamente. Em nosso
estudo não houve relevância significativa quanto a gênero nesta lesão.
Aplicando outros dados epidemiológicos, como a idade, observamos a
ocorrência desse tumor, desde a primeira até a sétima década de vida. Os
achados de Kaczmarzy et al (2012) em relação a faixa etária vão de acordo com
nossos estudos, onde casos foram encontrados de 11 a 81 anos.
O ameloblastoma em nosso estudo, representou diferenças de ocorrência
em relação ao gênero na razão 3:1 de homens para mulheres, confirmando os
achados de Jing et al (2007) onde a razão de 1.4:1 de homens para mulheres
foi encontrada, demonstrando a prevalencia para o gênero masculino. Para
Sriram et al (2008) a razão de homens e mulheres encontrou-se em 1.6:1
respectivamente. Nesse mesmo estudo, os autores descreveram a idade média
de 32 anos, sendo a segunda, terceira e quarta décadas de vida as que
registraram maior ocorrência. Em nosso estudo a grande maioria dos casos
concentrou-se na terceira e quarta décadas de vida. O fato vai de acordo com
as lesões em estágios avançados, alcançando grandes proporções e
demonstrando a dificuldade diagnóstica em lesões que apresentam-se
assintomáticas.
Os critérios utilizados para estabelecer o perfil epidemiológico dos
pacientes tem se mostrado uma ferramenta importante na ajuda diagnóstica das
lesões císticas e tumorais dos ossos gnáticos.
Mesmo que haja diferença entre estudos, é consenso que algumas lesões
como cisto radicular, cisto dentígero, ameloblastoma e tumor odontogênico
queratocistico tem se mostrado mais frequentes quando realizadas as biópsias,
dessa forma o estudo epidemiológico auxilia nas ações de prevenções e
diagnósticos clínicos precoces.
6 CONCLUSÃO
Na amostra analisada, a maior frequência de pacientes atendidos foi do
gênero feminino, na faixa etária de 41 a 50 anos e de etnia branca, sendo o
diagnóstico mais frequente os cistos periapicais inflamatórios seguido dos
tumores odontogênicos queratocísticos.
Observou-se a necessidade de um acompanhamento clínico e
radiográfico mais rigoroso dos pacientes atendidos na rede pública de saúde,
visto que muitas lesões diagnosticadas e descritas na pesquisa apresentavam
grandes dimensões resultando em uma piora no prognóstico quando submetidos
ao tratamento.
A utilização dos dados epidemiológicos mostraram-se efetivas e
condizentes com a realidade de um centro de referência no tratamento de cistos
e tumores dos ossos gnáticos. Esses dados podem ajudar a promover um alerta
quando se trata de diagnóstico precoce mas também mostram a necessidade de
uma equipe preparada e atualizada para lidar com as lesões mais avançadas.
Sugere-se a continuidade da elaboração do perfil epidemiológico, bem
como o envio de 100% das peças biopsiadas para o exame de confirmação
histopatológico.
7 REFERÊNCIAS
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THAÍSA GONÇALVES DE SOUZA ANÁLISE