EMBOllA ARTERIAL DE MEMBRO SUPERIOR POR M'ERCURIO METALICO RELATO DE DOIS CASaS Fausto Miranda Jr. Professor Livre-docente. Maria del Carmen Janeiro Perez Professora Adjunta, Ooutora. A embolia arterial iatrogenica vern aumentando com 0 emprego de metodos diagn6sticos invasivos como 0 cateterismo utilizado com diversas finalidades. 0 objetivo desta publica9ao e relatar dois casos de embolia arterial por merctirio metalico provocadas pelo manuseio do equipamento de pressao arterial media com canula9ao da arteria radial. Os pacientes evoluiram com isquernia cr6nica da mao, sendo que urn deles teve perda dafalange distal de dois dedos. Recomenda-se 0 manuseio adequado e cuidadoso deste equipamento para evitar acidentes. Unitermos: mercurio; embolia; arteria radial; iatrogenia.. emboli a arterial de membros superiores representa 20,5% dos episodios isquemicos. sendo mais freqiiente a fonte embolfgena cardfaca com 74,2% dos casos 8. A embolia arterial por corpos estranhos de origem iatrogenica vern aumentando de freqiiencia pelo uso de fios guias e cateteres, mas pode tambem ser ocasionada pela inje~ao inadvertida de medicamentos como penicilina benzatina9 e outras substancias como 0 mercurio metalico I.~. 0 nosso objetivo e relatar dois casos de embolia arterial por mercuno metalico em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com controle invasivo da pressao arterial media (PAM). A 10 caso - Paciente do sexo masculino, de 29 anos de idade, submetido a opera~ao cardfaca (dupla troca de valvula), fazendo uso de PAM na UTI atraves da arteria radial direita. Apos manipula~ao do equipo apresentou quadro de dor intensa. com esfriamento e cianose concornitante da mao dire ita. principalmente das CIR VA CANGIO~ 1S: 15~15S:,· falanges distais do polegar e 10 quirodactilo. Apos a retirada da PAM houve melhora com 0 tratamento sintomatico e hepariniza~ao sisternica, apresentando pulsos radial e ulnar palpaveis; a radiografia simples da mao mostrou a presen~a difusa de depositos de mercurio, concentrados nos .locais de maior queixa. 0 paciente evoluiu sem perda tecidual, porem com queixa cronica de esfriamento, dor e fenomeno de Raynaud dos dedos da mao. 2Q caso - Paciente do sexo masculino, de 45 anos de idade, diabetico em choque septico. submetido a arnputa~ao de urgencia de perna direita, necessitando de controle em Unidade de Terapia Intensiva com emprego da PAM em arteria radial direita. Tambem, apos a manipula~ao do equiparnento, apresentou dor intensa. esfriamento e palidez da mao direita, principalmente nas falanges medias e distais do polegar, 12 e 2"- quirodactilos, com melhora discreta apos a retirada do equipo e hepariniza~ao. A radiografia simples mostrava presen~a de mercurio difusament~ espalhado desde 0 antebra~o. com depositos maiores em falanges distais (Figura 1). A arteriografia mostrava oclusao de - Luiz Carlos Uta Nakano Medico contratado. Jorge Eduardo Amorin Professor Adjunto, Ooutor. Wellington Gianotti Lustre Professor Adjun to. Luiz Francisco Poli de Figueiredo Professor Livre-docente. Newton de Barros Jr. Professor Adjun to, Ooutor. Emil Burihan Professor Titular. Trabalho realizado na Oisciplina de Cirurgia VascularUniversidade Federal de Sao Paulo - Escola Paulista de Medicina. Fausto Miranda Jr. R.Estela 515 bloco G conj.81 04011-904 Sao Paulo SP E-mail: [email protected] EMBOLIA ARTERIAL DE MEMBRa SUPERIOR paR MERCURIO METALlCO: RELATa DE DOIS CASaS arterias digitais nos locais de maior concentrac;ao do mercurio. 0 paciente evoluiu com gangrena das falanges distais do polegar e do 1~ quirodactilo. com areas de necrose superficial em mao e antebrac;o (Figura 2). Nenhum dos pacientes apresentou sinais clfnicos de intQ:\:icac;ao sistemica por mercurio. o merculio metalico tem numero atomico de 80. E radiopaco 0 que facilita a sua identific30ao radiografica. E Jiquido a temperatl::ra ambiente e ate 0° , flu indo com facilidade por uma agulha ou cateter e formando multiplas esferas no plasma. que pod em coalescer em tamanhos maiores. Pode entrar acidental ou deliberadamente no organismo por inalac;:ao, ingestao ou injec;ao ocasionando alterac;oes dependentes da via deadministrac;ao. da sua forma ffsica. da quantidade administrada e da distribuic;:ao do metal no tecido. 0 mercurio elementar e pouco absorvido oral mente e ocorre envenenamento quando ele e oxidado biologicamente para fon mercurial, sendo sua toxicidade devida aos complexos dos cations mercuriais com os grupos sulffdlicos das enzimas. A inalac;:ao dos vapores de mercurio aumenta a sua concentrac;ao no cerebro. pois 0 metal atravessa a barreira cerebral causando sintomas como tremores. ataxia e in-itabilidade. Por esta via pode provocar dor toracica, febre. edema alveolo-intersticial exsudativo com uma bronquiolite necrotizante aguda. Uma certa quanti dade injetada intravenosa e relativamente insoluvel no sangue. dissolvendo-se devagar em um lange perfodo de tempo sen do, a pequena quanti dade que se dissolve, rapidamente oxidada para cations mercmiais que sao excretados pelos rins e mucosa intestinal. Os nfveis sangUfneos e urinarios relacionam-se com os nfveis de exposic;:ao, porem nao com a manifestac;:ao de mercurialismo c_ A injec;:ao acidental na arteria pode ocorrer pelo uso de seringas com selo de mercurio para coletas de amostras de sangue 6, nao mais em uso hoje em dia, ou pelo emprego de manometros que usam 0 mercurio para medida da pressao arterial media (PAM)I.~. 0 mercurio, acidentalmente injetado durante 0 manuseio do equipamento, e levado para a periferia ocasionando isquemia transit6ria ou gangrena de falanges distais ou cutanea. 0 mercurio pode ainda ocasionar processo inflamat6rio local Figura 1- Radiografia simples da niiio direita apos infcio do quadro de dOl; esjriamento e presen~'a de dreas de cianose e palide::.. Os P011l0S elm'os na emi/ll?ncia tenar efalanges correspondem a presenr,;a do mercurio metdlico apos emboli~ar,;ao arterial. FAUSTO MIRANDA JR. E COLS. com fonnac;ao de 3bscessos que podem ulcerar e excretar as esferas do metal. A toxicid3de sist~mic3 e rara e se m3nifesta por sialolTei3. gosto metalico, fraqueza. ataxia. tremores. irritabilidade e depressao: pode provocar insuficiencia renal por nefrotoxicidade. A radiografia simples deve ser indicada sempre que manipulac;:oes com equipos de PAM sej3m seguidas de sintomas agudos de isquemia. Ela mostra uma distribuic;:ao caracterfstica, permitindo 0 diagn6stico e definindo a extensao da embolizac;ao. Sao raros os casos descritos de emboli a artelial em pacientes com PAM I.~. Os casos relatados de embolizac;:ao por mercurio geralmente se deveram ainjec;ao intravenosa deliberada em tentati\,as de suicfdio 3.5.7.10, que acidentalmente comprometeram a arteria c. o tratamento nos casos apresentados foi sintomatico e a heparinizac;:iio visou prevenir e lirnitar a trombose secundciria. Conclufmos que. embora rara, a embolia arterial por mercurio pode levar a seqUelas isquemicas cronicas e perda tecidual, de\'endo as manipulac;:6es dos equipos que contenham esse material serem feitas cuidadosamente para evitar acidentes. Figura 2 - Fotografia da mao direita do paciente apos 0 trmamento da fase aguda da embolia arterial por mercurio metdlico. Houve perda dafalange distal do polegar e indicador. EMBOllA ARTERIAL DE MEMBRO SUPERIOR POR MERCURIO METALlCO: RELATO DE DOIS CASOS FAUSTO MIRANDA JR. E COlS. Metallic. mercury arterial embolism of the arm: report of two cases. Iatrogenic arterial embolism is a frequent complication of invasive procedures in the arterial "system.,Two cases of metallic mercury embolization due to arterial pressure monitoring are presented. Chronic ischemic symptoms of the hand were observed in. both patients and gangrene of two distal phalanges in one. Careful attention during the use of this device is strongly recommended. 1 J Key -words: mercury; embolism; radial artery; iatrogenic. REfERENCrASBIB~ . . .,. -. ~ ~- - ~~ ~ 1. Berger RL, Madoff L~. Ryan n. Mercury embolization during arterial pressure monitoring. J Thorac Cardiovasc Surg 53:285-287,1967. 2. Cowan NC, Kane P, Karani J. - Case report: metallic mercury embolism deliberate self-injection. Clin Radiol 46:357-358,1992. 3 Dell'Omo M, Muz GBemard A.Filiberto S, Lauwerys RR Abbritti G.-Longterm pulmonary and systemic toxicit following intra venous mercury injection Arch toxicol 72:59-62, 1997. 4. Fagundes MLA, Meier MA, Assump~ao CR, et al. - Emboliza~ao acidental por mercurio metalico durante a monitoriza~ao de pressao arterial. F med 87:83-87,1983. 5. Fred HL, Marcus D. Metallic mercury embolism. Circulation 91:3020-3021, 1995. 6. Lathem W, Lesser GT, Messinger WJ, et al. - Peripheral embolism by metallic mercury during arterial blood sampling. 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Indicac;Oes: sfndromes varieosas, hemorroidas, (deeras da pema; flebites, tromboflebites, periflebites, sfndromes pos-flebftieas; estases linfaticas, linfangites, linfadenites, linfedemas; estases venosas, edemas, arterites; profilaxia da trombose pre e pos-operatoria e da gravidez; profilaxia e tratamento de edemas e estases linfaticas pos-operatorias e pos-traumaticas, braquialgias, eervicalgias, lombalgias. Contra-indicac;Oes: hipersensibilidade eonhecida aos eomponentes da formula, hepatopatias graves. Precauc;Oes e advertencias: 0 usa de doses altas (mais de 3 drageas ao dia) de Venalot, em tratamentos prolongados (mais de um mes<:le dura9ao), deve ser aeompanhado de avalia9ao da fun930 hepatica. Interac;Oes medicamentosas: ainda nao deseritas. Reac;6es adversas: rubor (vermelhidao), disturbios gastrointestinais e cefaleia. Relatos isolados de hepatites medicamentosas. Posologia: doses diarias de 1 a 6 drageas (2 drageas, tres vezes ao dia). A posologia media recomendada de 1 dragea, tres vezes ao dia. /nforma90es comp/etas para prescri98o: vide bu/a. e VENALO'-® H. Usa adulto ou pediatrico. Apresentac;ao e composic;ao: fraseo com 40 ml, eontendo 200 mg de cumarina, 2000 U de heparina. Indicac;6es: tratamento local de afec96es venosas e linfaticas: sfndrome varicosa, hemorroidas, ulceras da pema, flebites, tromboflebites, periflebites, sfndrome pos-f1ebftica, linfangite, Iinfedema. Infiltra¢es inflamatorias, hematomas e demais sequelas de contusOes e entorses. DistCJrbios circulatorios loeais, afec90es artieulares inflamatoria. Contra-indicac;Oes: les6es abertas (solu9ao de eontinuidade) ou em easos de hipersensibilidade conhecida aos eomponentes da formula. Precauc;Oes e advertencias: nao utilizar proximo a mucosa para evitar irrita9ao local ou absor9ao em exeesso dos princfpios ativos. Interac;6es medicamentosas: ainda nao deseritas. Reac;6es adversas: ainda nao descritas. Posologia e modo de usar: aplicarfina camada na regiao afetada, fazendo leve massagem, 2 ou 3 vezes ao dia. Aguardar absor930 completa do creme. /nforma¢es comp/etas para prescri98o: vide bula.