FÁBULAS, JOGOS E BRINCADEIRAS: UM PASSEIO PELA
INTERDISCIPLINARIDADE
Danielly Horsth Gouveia, Felipe Santos Monteiro
Isabelle Luisi Corrêa, Lorena Simões do Santos
Simoni Arminio Pessinate, Luiz Alexandre Oxley
Introdução
O PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) é um
programa do MEC que oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos de cursos de
licenciaturas para que eles se dediquem ao trabalho e à vivência nas escolas públicas e que,
quando graduados, se comprometam com o exercício do magistério. Seu objetivo é
antecipar o vínculo entre os futuros professores e as salas de aula da rede pública de
ensino. Com essa iniciativa, o PIBID Linguagens tem cumprido seu objetivo ao nos
aproximar da prática docente, da realidade escolar e de todo o choque pedagógico que esse
encontro demanda.
Fomos selecionados pelos professores coordenadores Francisco Eduardo Caparróz,
Alexandre Oxley (Educação Física), Maria Fernanda Oliveira e Santinho Ferreira (Letras
Português), todos atuais coordenadores do projeto.
Metodologia
Realizamos um diagnóstico com visitas à EMEF Paulo Reglus Freire. Optamos
trabalhar com a pesquisa-ação, por ser uma metodologia de investigação social que
questiona os aspectos teóricos e práticos da nossa profissão. Além disso, ela se apresenta
como a metodologia mais adequada para questionar todos os âmbitos da prática educativa.
A Pesquisa-ação é uma forma de entender a prática docente segundo a qual
tentamos melhorá-la sistematicamente, buscando entender melhor quais são os contextos e
condições da mesma. Não é só uma ajuda para resolver os problemas da prática, é também
um processo para problematizá-la; é dizer, para descobrir a natureza problemática da
erudição e problematizando-a, reorientar o sentido da mesma, assim como nossa valoração
do que esta deveria ser, ao que deveria aspirar.(CONTRERAS DOMINGO, 1994, p. 14;
adaptação nossa)
A escola em questão é de Ensino Fundamental, localizada no bairro Inhanguetá, em
Vitória, ES. Fomos recebidos de modo acolhedor e imediatamente voltamos os nossos
olhares para o espaço físico da escola e para os relatos da professora-supervisora. Foi
solicitado que trabalhássemos, preferencialmente, com as turmas da 3ª série, visto que as
outras já estavam envolvidas em outros projetos.
Enfrentamos diversas dificuldades, pois a leitura que fazíamos do projeto vinha de
encontro com as ideias do professor. Havíamos pensado em melhorar a forma dos alunos
lerem seu mundo, mas, mesmo assim, estávamos nos distanciando da idéia principal do
trabalho. O professor Francisco E. Caparróz se mostrou preocupado com a perda do
direcionamento de conteúdo de Educação Física e de Língua Portuguesa.
Após um conflito de teorias, vivemos um período onde não conseguíamos definir o
que desenvolver como metodologia de trabalho na escola. Optamos por realizar o nosso
trabalho na forma de oficinas, em que a experimentação de práticas corporais permitiria
um trabalho em parceria com a Língua Portuguesa e, ao mesmo tempo, apresentaria itens
da cultura corporal aos alunos. A utilização do termo oficinas foi criticada pelos
coodernadores por se tratar de momentos de aula, segundo eles, o termo é para atividades
extra-curriculares. A princípio, não encontramos o caminho da interdisciplinaridade: o
grupo de Letras se apoiava na educação física, o que era recíproco.
Para superar as questões levantadas em torno do que propusemos, passamos por
várias reuniões e discussões que serviram para amadurecer as noções do que se deveria
trabalhar com as turmas, como dividir o conteúdo no pequeno tempo de aula que teríamos,
entre outros. Então, as bolsistas de Educação Física decidiram trabalhar com Jogos e
Brincadeiras.
Resultados e Discussões
Durante nossas tentativas de construir os planos de aula, tivemos dificuldade em
definir o que deveríamos colocar no mesmo e de que forma faríamos. Procuramos modelo,
escrevemos a nosso modo vários rascunhos, procurando encontrar um plano de aula que
atendesse às cobranças. Após uma reunião com a professora Maria Fernanda, fomos
orientadas a direcionar o foco de nosso planejamento para os alunos, e não nossos fins. A
partir daí, começamos as intervenções.
As intervenções nas aulas de Letras Português tiveram início com o relato oral das
atividades praticadas na aula de Educação Física, onde as crianças relataram sua
experiência em uma folha A4. Foram diagnosticadas neles dificuldades no que diz respeito
á ortografia, gramática, marcas de oralidade, entre outros fatores. Na 3ª série C, os alunos
mostraram muita dificuldade na execução das atividades, e foi preciso que as bolsistas
dessem um apoio maior para a construção do texto. A 3ª D participou mais ativamente das
atividades, todos os alunos as realizaram, mas dificuldades também foram percebidas.
Devido a problemas na realização da proposta, desconstruímos nossos
planejamentos e iniciamos a construção de uma nova ideia, separando os trabalhos de
Educação Física com o conteúdo de Jogos e Brincadeiras (sugestão do professor Alexandre
Oxley). Letras Português manteve o conteúdo, sendo trabalhado até o fim do trimestre.
Reiniciamos o trabalho baseados em uma visão crítica, com a intenção de aproveitar o
conhecimento prévio dos nossos alunos e fomentar, nos mesmos, a criação de novos
conhecimentos, mediados por nós.
Com os temas Jogos e Brincadeiras e Fábulas, almejamos resgatar a ludicidade,
considerando o ambiente escolar no qual nos inserimos. E iniciamos então, um processo de
construção, em que os alunos se tornariam os autores de sua própria prática. Sendo assim,
nas aulas de Educação Física os alunos vivenciaram o jogar peteca e também criaram
formas de se jogar peteca. Em aulas posteriores, levaram brincadeiras que conheciam e as
vivenciaram durante aulas, apresentando suas proposições para toda a turma, dessa forma
as aulas de Educação Física progrediram. Letras Português desmembrou as características
do gênero e em um segundo momento os alunos construíram fábulas e as reescreveram.
Esses trabalhos culminaram em aulas conjuntas com Letras e Educação Física, nas
quais utilizamos os recursos das Fábulas para a criação de brincadeiras, o que,
posteriormente, gerou um retorno para a disciplina de português através da reescrita das
brincadeiras. A partir da leitura de algumas fábulas, os alunos criaram brincadeiras, que
poderiam ser relacionadas com a moral. A turma foi dividida em grupos e após a
construção das fábulas, os alunos foram levados para um espaço aberto, em que cada grupo
ensinou a sua brincadeira para o resto da turma e todos brincaram e recriaram regras ou
formas de jogar diferenciadas. Este foi momento em que conseguimos finalmente trabalhar
de forma interdisciplinar.
Para finalizar o semestre, construímos com os alunos um pequeno livro com suas
próprias criações (fábulas e brincadeiras). Desta forma, conseguimos adquirir um resultado
concreto do nosso trabalho na Paulo Freire, resultado tal que será também uma maneira de
tornar palpável para os alunos o tempo e o trabalho que tivemos com eles durante o nosso
período juntos.
Conclusões
Temos portanto, na pesquisa-ação, a oportunidade de fomentar a autonomia dos
futuros educadores em formação na universidade. A aproximação com o ambiente escolar
nos permite estar a par da dinâmica da escola, dos conflitos entre profissionais e da
amplitude e magnitude de conteúdos, idéias, concepções e artifícios que envolvem a
prática pedagógica de um educador.
O projeto do grupo Paulo Freire para 2011 busca trabalhar a diversidade cultural
através das Histórias Infantis e das Práticas Corporais. Trabalharemos tendo como foco
três continentes: África, Ásia e Europa, mais especificamente os países tenham o Português
como língua. Perpassaremos pelas culturas de cada continente tentando retratar as
características locais aos alunos e trabalhando por meio dos conteúdos específicos de cada
disciplina evolvida no projeto. O objetivo é compartilhar com os alunos os conhecimentos
advindos dos povos de cada continente. O grupo de Educação Física pretende trabalhar
com jogos diferenciados, podendo proporcionar para os alunos uma prática que se
diferencie do cotidiano. O grupo de Letras pretende trabalhar com a cultura expressa por
meio da língua, utilizando como corpus a literatura infantil.
Referências
CONTRERAS DOMINGO, J. La Investigación en la Acción: ¿Qué es? Cuadernos de
Pedagogía, Barcelona, n. 224, p. 8-12, 1994.
CONTRERAS DOMINGO, J. La Investigación en la Acción: ¿Cómo se hace? Cuadernos
de Pedagogía, Barcelona, n. 224, p. 14-19, 1994.
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