Escola Secundária da Boa Nova – Leça da Palmeira Núcleo de Estágio de Francês/ Inglês Ana Lourenço Cristina Macedo José Rodrigues 2003/2004 ÍNDICE REMISSIVO__________________________________________ • Introdução....................................................................................................... .pág.1 Parte teórica: .................................................................................................................2 • • • • • • • • • • • • • • • Considerações gerais sobre a escrita ....................................................................3 Status quo da pedagogia da escrita .....................................................................6 Fontes da escrita .......................................................................................................7 A escrita como processo .........................................................................................8 Tipos de escrita: palavra → frase → texto ............................................................11 1. Escrita convergente: controlada e orientada com actividades de pré-escrita 2. Escrita divergente: 2.1. Escrita criativa 2.2. Produção livre A competência de compreensão escrita (leitura) como rampa de lançamento para a produção escrita .................................................................13 A escrita criativa .....................................................................................................15 Pedagogia da escrita enquadrada numa pedagogia de projecto . A escrita como actividade cooperativa...................................... 16 Produção oral versus produção escrita.............................................................. 18 Como construir uma pedagogia de escrita eficaz . Condições favoráveis à aprendizagem da escrita................................18 Papéis do professor................................................................................................. 23 Ateliers de escrita .............................................................................................……24 Como avaliar a escrita ..Avaliação processual da prática pedagógica ............................................25 Conclusão, balanço e projecção no futuro........................................................27 Parte prática: .............................................................................................................28 • • • • • Caracterização das turmas Actividades realizadas: amostragem prática Resultados obtidos e reflexões Sugestões de actividades Bibliografia INTRODUÇÃO_____________________________________________________________ Ensinar a ler e a escrever são tarefas da escola. Este é um desafio indispensável para todas as áreas escolares, uma vez que ler e escrever são os meios básicos para o desenvolvimento da capacidade de aprender e constituem competências para a formação do aprendente. No que se refere à competência de produção escrita, poder-se-á afirmar que nem sempre esta foi considerada como um objecto de estudo per se. Entendia-se que a sua aprendizagem decorreria da contaminação por outras competências. Ainda hoje, apesar de a avaliação recair sobre a escrita, esta tem sido relegada para segundo plano. Assim se justifica a premência de desenvolver esta competência. Mas será a escrita ensinável? Entendemos que sim, na medida em que muito pode ser feito no sentido de facilitar a sua aquisição. Um dos pontos de partida para que tal se viabilize poderá ser o aproveitamento dos conhecimentos prévios do aprendente. Numa primeira avaliação informativa foi por nós logo detectada uma patente falta de prérequisitos nos nossos alunos, nomeadamente no que dizia respeito à competência de produção escrita. Aliado à falta de bases em língua materna, era aquele um factor de desmotivação para a aprendizagem do francês língua estrangeira. Foi realizado um inquérito com o objectivo de apurar quais as representações prévias dos nossos discentes relativamente à escrita e concluímos que estes manifestavam uma certa displicência em relação ao que se convencionou entender por escrita. Esta evidência constituiu para nós um desafio. Procurámos assim levar a cabo todo um conjunto de actividades, integradas numa metodologia de projecto, no sentido de motivar os alunos para aprendizagem da língua francesa e instilar neles hábitos de escrita e disciplina comportamental. Esta foi uma também uma forma de contrariar alguns dos obstáculos ao trabalho profícuo e à aprendizagem eficaz. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A ESCRITA ______________________________________ A reorganização curricular do ensino básico remete para o desenvolvimento de determinadas competências, uma das quais a competência de produção escrita. Um dos objectivos do professor de francês língua estrangeira deverá ser, pois, capacitar o aprendente para a comunicação na sua acepção mais lata, produzindo aquele de forma simples, breve e articulada, enunciados correspondentes a necessidades específicas de comunicação. Comunicar por escrito consiste em saber comportar-se de forma adequada no âmbito de certas situações de intercâmbio, por intermédio de um código, o código textual, ele mesmo implicando o domínio de um outro código, o código linguístico (Gérard VIGNER: 1982). Tal como o seguinte diagrama indica, a comunicação escrita pressupõe a capacidade de utilizar a linguagem escrita, isto é, a capacidade para elaborar uma mensagem, reproduzindo-a sob a forma gráfica de acordo com o funcionamento de uma dada língua. É a capacidade que a linguagem escrita possui de transcender o tempo e o espaço que torna o seu ensino/aprendizagem uma experiência tão relevante. A escrita, como forma de comunicação, consiste toda ela na resposta a uma solicitação interior e exterior, havendo uma intenção comunicativa que se prende com o surtir de um efeito no leitor. Esta comunicação é permanente, diferida/distanciada e passível de reformulação. Reveste-se, ainda, de uma certa autonomia, pois é independente do feedback directo de um interlocutor, embora tenha em conta as potenciais reacções do receptor do enunciado escrito. Segundo Sophie Moirand, « communiquer implique savoir au moins à qui on écrit et pour quoi faire ». Encara-se assim a escrita como uma actividade orientada para um fim, com uma intenção e para um receptor, mais ou menos virtual. Escrever é um processo complexo de construção de sentidos, na medida em que, por este acto, é efectuada uma retirada material e psicológica do escrevente, o que leva a que a produção escrita contemple uma construção, que se quer rigorosa e de acordo com as normas. (Gérard Vigner) Partindo desta acepção, poder-se-á concluir que a escrita não deve assumir-se como uma mera técnica de transcrição (e transfiguração) do pensamento, mas, antes, como uma elaboração criativa (Marie-Paule DESSAIVRE et alii). No entanto, ensinar a “escrever bem” não equivale a levar o aprendente a elaborar frases extensas. « Écrire, c’est produire des textes, et un texte n’est pas seulement une suite de phrases, quel que soit leur niveau de maturité syntaxique. Si la maturité va de pair avec l’apprentissage de l’écrit, et par conséquent avec le progrès et le bien écrire, ce n’est parce que les phrases complexes ont une marque de qualité, mais parce que les stratégies d’écriture de haut niveau nécessitent une syntaxe complexe». As contextualizações, a hierarquização, o relacionamento de ideias, … são características de uma escrita bem conseguida. As actividades de escrita levadas a cabo no âmbito de uma acção pedagógica ora assumem um carácter instrumental/funcional, ora têm em vista objectivos definidos que se prendem com a aquisição da competência de produção escrita a um nível geral. A escrita total de texto é assim designada na medida em que visa levar o aluno a produzir a totalidade de um texto. A esta estão associados três tipos de produção: a funcional, a recreativa e a extensiva. A produção escrita surge assim simultaneamente como ponto de confluência de aprendizagens várias e como núcleo difusor das mesmas. Qual então a importância de aprender a escrever? É convencionalmente aceite que escrever, pela actividade que pressupõe, promove a organização e o desenvolvimento da parte cognitiva. Sendo auxiliada pela leitura, ela própria permite ler melhor, potencia e acelera a aquisição linguística, permite, enfim, aprender mais e melhor. Escrever é, efectivamente, um meio eficaz de aquisição de conhecimentos e de colmatação de lacunas aos níveis lexical, ortográfico, morfo-sintáctico, bem como ao nível da coerência e coesão textuais. Porquê, então, ensinar a escrita em francês língua estrangeira? -Para reforçar a aquisição da língua, nomeadamente pela reflexão que o sujeito escrevente terá permanentemente de fazer sobre aquilo que está a escrever; -Para arreigar no aprendente os modelos orais da língua. O registro escrito, assim como a visualização, são comprovativamente, muito mais sólidos e indeléveis do que a mera verbalização/ compreensão oral; -Para desenvolver a capacidade de compreensão do funcionamento da língua na medida em que envolve actividade física e intelectual, fomentando, por exemplo, a memorização do vocabulário e de expoentes linguísticos; -O desenvolvimento linguístico será deste modo incrementado pelo próprio processo de escrita. A actividade mental que a tarefa de realizar uma produção escrita implica faz parte de toda uma experiência de aprendizagem permanente; -Para os alunos que necessitam de mais tempo para pensar e produzir linguagem, a actividade de escrita é ideal; -A produção escrita é uma competência por si, tal como as compreensões oral e escrita ou a produção oral. Os alunos necessitam de saber fazer/saber em acção; necessitam de produzir algo na língua. Tal como refere J.L. CHISS (1981) «Si l’écriture constitue aussi le véhicule le plus utile pour l’effectuation de toutes sortes d’opérations, c’est en classe de français qu’elle se charge d’une fonction supplémentaire, il lui faut exister en tant que telle, sans autre but qu’elle-même. » Mais uma vez, porquê a escrita e não a oralidade, por exemplo ? Porque a escola é fundamentalmente uma instituição da escrita, quase toda a avaliação se faz mediante a escrita e no entanto…não se ensina os alunos a escrever (Sérgio NIZA) Perante tal constatação, o professor não deve ignorar esta forma rica de promoção e facilitação da aprendizagem e de construção do saber. STATUS QUO DA PEDAGOGIA DA ESCRITA_______________________________________ A escrita tem sido, um pouco preconceituosamente, relegada para segundo plano e vista como um código adjuvante e secundário em relação à leitura e à oralidade. Paradoxalmente, apesar de maior parte da avaliação recair sobre a mesma, verifica--se que, nos dias de hoje, o ensino/aprendizagem da escrita tem-se restringido ao saber que, sob a forma de “redacção,” como meio para demonstrar aquisição de conteúdos. Tal postulado não concede espaço de integração do saber como, ou seja, a entronização do próprio processo de aprendizagem da escrita em si mesma. Apesar de se vislumbrar uma certa tendência para a mudança de paradigma (mudança do modelo conceptual escrita como produto para o modelo escrita como processo), existe ainda uma certa renitência em relação a esta mesma evolução. Uma das razões por que tal acontece prende-se com o facto de os professores transportarem conscientemente ou inconscientemente para o local de ensino os modelos a que eles próprios foram habituados enquanto alunos. Os professores tornam-se assim, na maior parte das vezes, o primeiro obstáculo à mudança. FONTES DA ESCRITA____________________________________________________ Qualquer que seja a modalidade de escrita, esta terá necessariamente de defluir de algo. Segundo Francis VANOYE existem quatro fontes de escrita. A primeira é do foro pessoal, decorre da experiência passada e compreende os episódios, sensações ou emoções vividas pelo sujeito escrevente. Dá lugar a actividades ligadas à introspecção, auto-análise e expressão do eu, do aqui e agora. Alimenta textos como a autobiografia, o diário, a correspondência, … A segunda fonte é a do imaginário, que induz à actividade de devaneio, à associação e à invenção ligada ao mundo do fantástico e do onírico. A terceira fonte é o saber que se presta a actividades de diferenciação, observação, classificação (texto argumentativo, explicativo, descritivo, …) A quarta é a linguagem em si mesma e os textos existentes sobre os quais é feito todo um trabalho de manipulação, transformação e reescrita. A ESCRITA COMO PROCESSO ___________________________________________________ A investigação levada a cabo nos últimos anos, incidindo sobre a aprendizagem por parte do sujeito escrevente e encarando a escrita como um processo, permitiu atestar a asserção de que a escrita não consiste tanto num produto em conformidade com determinadas regras ou modelos, mas antes num processo deveras complexo. Tal facto deve-se, nomeadamente, à diversidade de componentes que integram este processo: memória a longo prazo, contexto da actividade produtiva e processo de escrita em si mesmo. O processo é bastante mais complexo do que um mero continuum de procedimentos. Na verdade, este processo caracteriza-se por uma certa recursividade, na medida em que cada etapa é susceptível de ser retomada num momento posterior, sendo que os recuos, seguidos de momentos de reflexão, são uma constante ao longo de todo este processo. Ron WHITE e Valerie ARNDT defendem que a escrita é sempre uma reescrita: implica sempre uma pré-escrita e uma pós-escrita, desempenhando a reflexão um papel fulcral no acto de criação de um texto, frase ou palavra. Tal como referido anteriormente, o processo de escrita caracteriza-se por um conjunto de etapas inter-relacionadas e retomáveis. Estes autores apresentam o seguinte modelo do processo de escrita: - Brainstorming de ideias primárias; - Esboço, pré-planificação de conceitos; - Estruturação, ordenamento de informação, organização de tópicos (…); - Revisão para verificar contexto, conexões, trabalhar o esboço; - Focalização, para que se certifique a veiculação da mensagem; -Avaliação, para apreciação genérica do primeiro esboço e reformulações sucessivas. O único inconveniente desta abordagem será o tempo dispendido com o brainstorming de ideias, sua recolha e selecção; com o alinhavar de um primeiro esboço e com o proceder de reformulações constantes (mediante a ajuda de colegas e/ou do professor) revendo-o várias vezes antes de alterar o foco, gerar novas ideias, reesboçar e optimizar o escrito, reapreciar e assim sucessivamente. As várias fases envolvem pesquisa, estudo da linguagem e interacção, não só entre os alunos, mas também entre estes e o professor. Olívia Figueiredo (1994) cinge este processo a 3 etapas essenciais: -Planificação (pré-escrita) que envolve a identificação do tipo de texto a produzir e do discurso adequado, mobilização de conhecimentos, concepção de um esquema organizativo -Textualização (escrita), ou seja, conversão em linguagem escrita do material seleccionado e organizado na fase anterior -Revisão (pós-escrita) em que se retoma o escrito para o corrigir e o aperfeiçoar. Para esta autora o ensino da escrita não se baseia em «práticas declarativas do tipo “saber que” em vez de práticas processuais o tipo “saber como”». BRONCKART apresenta um modelo representativo das operações envolvidas no processo de escrita. - contextualização: do domínio extralinguístico, envolve operações de fixação de variáveis referenciais de acordo com a interacção social, acto de produção e domínio de referência; operações de organização de micro- estruturas proposicionais dotadas de uma relação num lugar central e lugares secundários; operações de instituição no plano semântico que tem em conta as escolhas paradigmáticas e sintagmáticas de cada língua natural; - estruturação/planificação: ancoragem discursiva de acordo com o tipo de texto, planificação; referenciação discursiva que remete para os pontos de construção da trama do texto; planificação discursiva para construção da superestrutura do texto. - textualização: conectividade ou organização das frases no texto, de modo a dotá-lo de coesão; modalização ou adaptação do modo de discurso decorrente da relação enunciador - enunciatário. « Só com a leitura dos próprios textos ou de outrem se poderá analisar estratégias de produção diversificadas e avaliar a sua eficácia comunicativa. Daí a importância da leitura no desenvolvimento da produção escrita. Com isto resultará a explicitação e sistematização de modelos de organização textual (…) a descoberta de estratégias de produção plurais; a aquisição de competência básicas da comunicação que levarão a um aperfeiçoamento futuro.» (Olívia FIGUEIREDO et alii) - TIPOS DE ESCRITA: palavra → frase → texto____________________________________ 1. Escrita convergente: controlada e orientada com actividades de pré-escrita 2. Escrita divergente: 2.1. Escrita criativa 2.2. Produção livre Quando um professor tem em vista uma actividade de produção escrita, tem necessariamente de ter em mente os diferentes tipos de escrita que existem. O tipo de produção mais frequente é a de texto total, no entanto poderá ser solicitada ao aprendente uma pequena produção de frase ou até mesmo de palavra, por exemplo, como aquecimento para uma actividade de âmbito mais alargado. De facto, o aquecimento e a preparação para a escrita, são absolutamente cruciais quando se pretende implementar uma pedagogia eficaz. Assim, deverão ser levadas a cabo toda uma série de actividades de pré-escrita com o intuito de contextualizar o aprendente e lançar alicerces para uma construção sólida que não se desmorone ao primeiro abalo. Esta abordagem insere-se numa pedagogia do e para o sucesso e visa facilitar a aprendizagem a todos os alunos, pois aqueles que, a priori, sentem mais dificuldades poderão aproximar-se dos melhores, em termos de consecução da tarefa, mediante todo um trabalho de orientação. Vem, desta forma, dar-se uma resposta aos docentes que, tendencialmente, cruzam os braços perante o que se lhes revela de difícil resolução. Neste sentido e tendo em conta esta vantagem do nivelamento de alunos de nível heterogéneo, esta abordagem viabiliza a concretização de uma pedagogia diferenciada. Com efeito, tendo em linha de conta a imprescindibilidade da preparação, poder-se-á afirmar que toda a escrita divergente deve ser precedida da escrita convergente, controlada e orientada numa fase de pré-escrita. Tal como salientado anteriormente, a fase da pré-escrita reveste-se de uma importância particular. Esta fase caracteriza-se por um conjunto de actividades tendentes a reactivar a enciclopédia do aluno em relação ao domínio de referência e a redefinir o conhecimento que ele possui do mundo. Com efeito, as suas competências referenciais e culturais devem ser aprofundadas através de experiências directas que o professor deverá facultar: - Conhecimento prévio acerca daquilo que vai escrever; - Aquisição de informação nova; - Processamento de informação. Para tal, deve o professor implementar toda uma série de estratégias, nomeadamente: - Pesquisa de informação pelos alunos; - Exploração de documentos audiovisuais e interpretação de esquemas, … - Intercâmbio de informação com os colegas. A COMPETÊNCIA DE COMPREENSÃO ESCRITA COMO RAMPA DE LANÇAMENTO PARA A PRODUÇÃO ESCRITA____________________________________________________ . A escrita a partir de um modelo As teorias da recepção postulam que o sentido de um texto emerge do estabelecer de uma relação dialógica entre texto e leitor. Ora, a capacidade de produção é favorecida por essa relação dialógica aquando da recepção de um modelo de texto que se pretende produzir. Marie-Paule DESSAIVRE et alii advogam que « lire, c’est comprendre. Tout comme écrire revient à transcrire les idées pré-existantes, lire se résume alors à transformer l’écrit en idées. » A produção escrita, não só porque é subsidiária de outras competências, mas também porque envolve vários processos cognitivos, é uma das que se relacionam com a competência de compreensão escrita. Na verdade, ambas se encontram ligadas por uma relação de interdependência, de tal modo que é frequente ouvirmos testemunhas que confessam ser escreventes competentes graças aos hábitos de leitura. É, pois, mediante a leitura que são desenvolvidas as capacidades receptivas necessárias ao limar de potenciais lacunas ao nível da escrita. Antes de os aprendentes “embarcarem” na sua própria escrita, é necessário fornecer-lhes um modelo do tipo de texto ou forma de texto que se pretende que produzam. Por exemplo, se é pretendido que componham um poema ou redijam um artigo de jornal, deverá ser feito todo um trabalho prévio de recepção de um documento autêntico (ou semi-fabricado) mediante a concepção e preenchimento de, por exemplo, grelhas de leitura, procedendose, assim, a um trabalho de análise das características que tipificam determinada forma textual. Poderá nesta fase, em trabalho de casa, ser pedido aos alunos que façam uma recolha de artigos de jornal e que tomem nota de determinadas características específicas (função da linguagem, destinatário, recursos linguísticos e estilísticos, …) a indicar pelo professor. Este trabalho poderá ser então exposto à turma, a partir do que se procederá ao trabalho de produção. Esta abordagem poderia ser considerada pelos mais cépticos como prescritiva e cerceadora do extravasar da criatividade. Na verdade, uma estratégia orientadora deverá ser implementada numa fase de iniciação à escrita de uma dada forma textual, para que o aprendente, numa fase posterior, tendo já adquirido algumas noções e uma certa autonomia, consiga produzir livremente um enunciado escrito obedecendo às especificidades dessa forma textual. A ESCRITA CRIATIVA___________________________________________________________ A escrita criativa assume-se, pois, como uma modalidade de escrita mais livre, mais imaginativa, que se encontra associada a inúmeras formas textuais, tais como o poema, o conto, a peça de teatro, as técnicas de escrita OULIPO. Este género de actividade é mais estimulante, não só por envolver as experiências e pré--conhecimentos dos alunos, permitindo assim o extravasar do eu, mas, também, por gerar uma maior satisfação e orgulho junto dos mesmos em relação ao seu trabalho e um ímpeto para divulgar aquilo que eles próprios escreveram. A escrita é, pois, uma viagem de auto-descoberta e a autodescoberta promove a aprendizagem eficaz (GAFFIELD-VILE: 1998, 31). Esta actividade poderá, contudo, tornar-se difícil e frustrante junto de certos aprendentes que, desprovidos de ideias, desinspirados, sentem dificuldade em levar a cabo a tarefa. A chave do sucesso da actividade reside na forma como o professor motiva os alunos. Neste sentido, não deverá por exemplo, ser exigido aos alunos, logo à partida uma “redacção”, sem qualquer tipo de preparação prévia, mas sim uma produção orientada e faseada. A título de exemplo, poderá iniciar-se a actividade com pequenas produções de palavra ou frase, para, num momento posterior, proceder à construção alicerçada do texto. Assim, «écrire n’a jamais été “ traduire”, mais “construire” dans un corps à corps difficile d’où surgit la pensée, la connaissance, et notamment celle de soimême.» (Eveline CHARMEUX :1983) PEDAGOGIA DA ESCRITA ENQUADRADA NUMA PEDAGOGIA DE PROJECTO - A escrita como actividade cooperativa A pedagogia tradicional baseava-se na transmissão de saber em que mestre e discípulos eram vasos comunicantes. Esta pedagogia não favorecia aprendizagem pois tornava-se num mero decalque, ancorando-se mais na motivação extrínseca dos alunos do que na motivação intrínseca. A pedagogia de projecto, baseada numa tarefa global, envolve afectivamente os alunos, que aprendem interagindo. Acresce que esta pedagogia mobiliza utensílios linguísticos e semióticos por intermédio de determinados procedimentos: - Realização de uma actividade-problema; - Suporte de escrita por actividades intermediárias (leitura e exploração de modelos textuais, jogos de escrita, …); - Articulação do trabalho de escrita com actividades de observação e manipulação da linguagem; - Apoio à aprendizagem mediante actividades de remediação; - Elucidação dos critérios de consecução da actividade com suporte de grelhas de avaliação. Numa pedagogia de projecto é colocado o enfoque na relação entre situação de aprendizagem, saberes e teoria de aprendizagem. Apesar de se praticar a escrita individual, pelo menos numa primeira fase, não devem escamotear-se os benefícios da escrita colaborativa. Desta forma, será dado pelo professor feedback detalhado e construtivo aos grupos (e já não a um grande número de elementos trabalhando individualmente), e os próprios grupos interagem e cooperam na produção de algo comum. O trabalho revelarse-á assim mais enriquecedor e eficaz ao nível da partilha e do despoletar de ideias, ao nível do próprio produto final e das aprendizagens realizadas. Escrever em grupo, tanto como fazendo parte de um longo processo ou de um pequeno jogo comunicativo, poderá tornar-se extremamente motivador para os alunos, pois é susceptível de incluir, não só a actividade de escrita propriamente dita, como também um determinado número de para-actividades (pesquisa, discussão, auto-avaliação e avaliação dos colegas, competição saudável entre os grupos, …) que envolvem a coesão no seio de um grupo. A pedagogia de projecto presta-se de um modo particular à aprendizagem da escrita. Esta forma de trabalho concretiza-se em produções escritas relativamente extensas, modifica os parâmetros pedagógicos, colocando o aprendente em redes comunicacionais diversificadas: - situações em que professor e alunos negociam e elaboram um projecto; - situação de produção individual ou em grupo, alternada com momentos de reescrita, reflexão e avaliação; - situações de elaboração e transmissão de saberes sob diversas formas (preparação escrita de exposés pelos alunos, debates, inquéritos, …) Nos moldes tradicionais, o acto de escrever assume-se por vezes como uma prática artificial do ponto de vista comunicacional. O aluno adopta o estatuto de produtor simulado e inventor de um destinatário fictício, tudo isto fingindo uma personagem real, o professor corrector. Além disso, o aluno deve produzir um texto parcial, pragmática e semioticamente mutilado porque não inserido num contexto que lhe confira sentido e coerência. Pelo contrário, na pedagogia de projecto, o aprendente dirige-se a leitores - alvo e descobre mais facilmente que contextualizar um escrito é inscrevê-lo num contexto, numa situação de produção que, para além dos pontos de referência enunciativos, atribui ao texto um objectivo e um destinatário visados. Aprende que a interacção escrita possui características específicas. Assim sendo, as noções de escrita e projecto encontram-se intimamente ligadas, cada qual potenciando o desenvolvimento da capacidade de aprender. ORALIDADE versus ESCRITA _____________________________________________________ Numa primeira instância, ler e escrever é alfabetizar, levar o aprendente ao domínio do código escrito. Nesse processo ele não estará apenas transpondo um código para um outro, está sim a aprender uma outra linguagem, a linguagem escrita. Apesar de um isomorfismo parcial entre ambas (Emília AMOR) existe uma discrepância essencial que as demarca. Isto porque a língua que falamos não é a língua que escrevemos, havendo assim aprendizagens específicas que devem ser consideradas por nós professores. A oralidade é um processo único, de interacção imediata com um interlocutor que fornece feedback e ao qual terá de se ajustar e que se reveste de uma certa dependência contextual. (BOUCHARD: 1991) A escrita, essa, é, por oposição, um processo distanciado, diferido em que a produção é permeada pela discursividade e por uma certa autonomia contextual. Neste sentido, pela própria diferença de base, há que atentar à especificidade do discurso escrito e dar conta das suas particularidades junto dos alunos. COMO CONSTRUIR UMA PEDAGOGIA DE ESCRITA EFICAZ_________________________ . Condições favoráveis à aprendizagem da escrita Existem inúmeras abordagens à prática da competência de produção escrita, tanto no interior da sala de aula como no seu exterior. O professor terá então de optar pela metodologia mais adequada, para o que terá de, prépedagogicamente, observar determinados factores e adoptar determinados procedimentos: - Abordagem focalizada no produto ou no processo; - O trabalho de vários tipos de texto ou de um tipo de texto específico; - O tratamento de várias categorias/ formas textuais ou de uma só; - A escrita controlada/ orientada ou a escrita livre/ criativa; (enfoque nas actividades de construção de escrita mediante modelos ou nas actividades de produção propriamente dita); - A escrita perspectivada numa amplitude generalista ou a escrita focalizada num aspecto particular; - O contexto da produção: como trabalho de casa, inserida nas actividades de sala de aula ou trabalho de equipa extra aula; - O próprio tipo de escrita pretendido: produção de palavra, de frase, de texto; - A forma social de trabalho/ interacção: escrita individual ou cooperativa (em pares ou em grupo). Quando o enfoque é colocado no produto, pretende-se que o aprendente atinja o objectivo da tarefa e que o faça de modo a que o produto final seja satisfatório. Actualmente vigora uma outra abordagem que tem em conta todo o processo, isto é, todos os procedimentos e etapas pelas quais toda produção escrita terá obrigatoriamente de passar. Estas etapas reportam-se tanto à fase de pré-escrita (contextualização da tarefa, exploração de um modelo, leitura orientada e levantamento de tópicos, …) passando pelo primeiro esboço, pela revisão, correcção de erros, reescrita/reformulação, avaliação do processo e do produto em si, como à fase da escrita e da pós-escrita. A presente abordagem tem a vantagem de “observar” como que caleidoscopicamente as diversas competências e capacidades a serem desenvolvidas ao longo de uma actividade escrita. A título de exemplo, poder-se-ía apresentar aos alunos uma listagem contemplando os procedimentos que acompanham uma produção escrita, devendo os alunos colocá-los na ordem correcta. a. Verificar o uso da linguagem; b. Verificar a pontuação; c. Verificar a ortografia; d. Verificar repetições de palavras/ informação desnecessária; e. Decidir sobre a organização da informação em parágrafos e a ordem dos mesmos; f. Tomar notas de várias ideias; g. Seleccionar as ideia mais pertinentes de serem incluídas; h. Redigir a limpo a cópia da versão corrigida; i. Delinear plano; j. Alinhavar um esboço; (…) Para levar o aluno a produzir enunciados escritos, há que explicitar primeiramente que tipo de enunciado se pretende: palavra, frase ou texto. No que se refere a este último, é conveniente clarificar os critérios de classificação como sendo um texto ou um não-texto. Um texto não consiste numa sucessão aleatória de frases pois há que ter em conta as regras linguísticas que presidem à disposição das mesmas. A coesão textual contempla os elementos que mantêm relações estruturais, interdependentes umas das outras ao nível interpretativo. Esses elementos podem ser gramaticais ou lexicais. Essas regras existem ao nível local (micro-organização do encadeamento das frases: anáforas, concordâncias dos tempos verbais,..) ou ao nível global (superstruturas ou planos de texto que distinguem as tipologias textuais (narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo, injuntivo,..). A coerência textual (unidade global interna) é função das regulações intrínsecas ao texto, de cariz lógico-semântico, e de regulações extrínsecas, de cariz pragmático. A coerência implica a coesão, a progressão, a repetição, a não – contradição, a relação e a pertinência textuais. (M. CHAROLLES) Em nome desta última e segundo os princípios conversacionais de GRICE (1979), um texto tem sempre uma coerência assumida pela interacção: intenções, acto elocutório da parte do produtor, interpretação da parte do receptor, … (A. PETIT-JEAN) Por conseguinte, uma pedagogia da escrita, para além dos trabalhos da semiótica e da linguística, deve utilizar os contributos de outros campos teóricos, nomeadamente da psicologia cognitiva, por exemplo nos processos de planificação e textualização. Ao nível eminentemente prático, o professor deve adoptar uma perspectiva instrumentalista, encarando esta teoria como meio de conhecimento daquilo que os alunos dominam ou não e como utensílio susceptível de melhorar a performance. A um nível mais pragmático, deve o professor trabalhar as situações pedagógicas profícuas e propícias ao desenvolvimento da competência de produção escrita. Tal como sugerido anteriormente, importa, pois, criar condições favoráveis na aula para que a produção escrita decorra da melhor forma. Deste modo, cabe ao professor o papel de facilitar todo o processo a todos os alunos. -Criando um ambiente propício para a escrita (disposição adequada das carteiras/ alunos na sala de aula, …) -Predispondo os alunos para a escrita, desbloqueando-os e desmontando certas representações prévias negativistas e o pessimismo experimental instalado; -Motivando o aprendente, nomeadamente mediante a escolha de situações problema que careçam de resolução (GRANGEAT) ou de temas que vão de encontro à realidade dos aprendentes: seus interesses, motivações e pré-conhecimentos; -Explicitando junto do aluno o objectivo a atingir com a tarefa, ou seja, aquilo que se espera que ele atinja no final; - Reforçando a auto-estima e segurança do aprendente, minimizando o filtro afectivo ( atribuindo reforço positivo quando o aluno ultrapassou uma dada dificuldade ou foi bem sucedido em algum aspecto em particular); - Fazendo apelo à responsabilidade do aluno, aquilo que se espera que ele cumpra, não só ao nível cognitivo, mas, também, ao nível atitudinal/ comportamental (componente cívica); - Clarificando os aspectos sobre os quais recai a avaliação e em que momentos e sob que modalidades aquela será feita; - -Concedendo tempo suficiente para a realização da tarefa; -Seleccionando, adaptando e concebendo actividades porque não imbuídas de uma certa componente lúdica, como via para suscitar o gosto e prazer pela escrita; -Definindo uma estratégia e gizando um plano de trabalho; -Desdramatizando o erro, entendido já não como um elemento a eliminar a todo o custo, mas sim um importante factor de aprendizagem; -Determinando com o aluno estratégias de remediação das dificuldades observadas, como forma de as ultrapassar, levando aquele a percepcionar o enunciado escrito como algo de constantemente perfectível (processo durante o qual a reflexão é uma componente imprescindível). (inspirado em Pierre BACH) PAPÉIS DO PROFESSOR _____________________________________________ Em todo o processo, o professor deverá desempenhar diferentes papéis, em consonância com as fases do trabalho, bem como com as necessidades específicas do momento. Para além de fornecer alguns dos materiais necessários, cabe ao professor o papel de proporcionar situações de escrita diversificadas, organizando actividades que favoreçam a reflexão na e sobre a escrita, porque é também pensando que se aprende. -Animador/ dinamizador /motivador/facilitador – Uma das funções principais do professor será de criar condições para o despoletar de ideias, persuadindo os alunos da utilidade da actividade e encorajando-os a esforçarem-se ao máximo no sentido de obterem aproveitamento na actividade. -Recurso/ apoio à tarefa/ mediador/ assessor – Ao longo da actividade, sobretudo se ela for extensa, o professor deve estar disponível para fornecer pistas, sugestões, informação ou auxiliar em questões de linguagem quando necessário, mas sempre com tacto e sem demasiada interferência. -Coordenador/ orientador das actividades -Avaliador e fornecedor de feedback – Convém clarificar junto dos aprendentes que estes estão sendo avaliados à medida que o trabalho vai sendo realizado, e não apenas no final. As correcções feitas pelo professor deverão ser feitas com tacto e de forma encorajadora, de modo a não quebrar o entusiasmo dos alunos pela actividade. Deste modo, são possíveis dois tipos de actuação docente: -Uma actuação molecular exercida ao longo do processo e focalizando operações precisas. Esta assegura, pelo treino sistemático, um domínio progressivo de competências essenciais; -Uma actuação de pendor globalizante, pautada pelas características do produto final (baseado em Emília AMOR) ATELIERS DE ESCRITA ____________________________________________________________ Por atelier entende Yves REUTER um espaço-tempo institucional no qual um grupo de alunos produz textos, reflectindo sobre as práticas e as teorias que organizam esta produção, de modo a desenvolver as competências de produção escrita e meta-escrita de cada um dos seus membros. Os ateliers de escrita são sequências de aulas dedicadas exclusivamente à produção escrita. A implementação deste tipo de aula permite não só combater as concepções negativistas dos alunos e o desânimo aprendido, mas também inculcar-lhes hábitos de escrita no seio de um projecto global e grupal de aprendizagem da escrita, bem como a consciência prática das várias fases que esta competência compreende (planificação, textualização, revisão). É pois na sala de aula e em regime de cooperação que o verdadeiro processo da escrita se desenrola. Tricia HEDGE defende que escrever em colaboração na sala de aula gera discussão e trabalho activo, factores que facultam o verdadeiro processo de escrita. Uma das vantagens desta actividade reside na possibilidade de acompanhamento individual e de colaboração professor/aluno e alunos entre si. Sob esse prisma, os ateliers de escrita viabilizam também a diferenciação pedagógica, podendo os alunos serem aglutinados não só em grupos heterogéneos, mas também em grupos homogéneos, nivelados pelas suas competências ou conhecimentos adquiridos. Uma outra vantagem prende-se com o instilar no aluno a concepção de escrita como trabalho, bem como o suscitar de vontade e capacidade de implicação nas actividades. Tal como refere Marie-Paule DESSAIVRE, « les ateliers ont un objectif de remédiation. Il s’agit, par un moyen original,(…) de parvenir à des déblocages qui permettront véritablement l’entrée dans l’écrit, et par là, un réel travail d’amélioration en langue.» Para a implementação deste tipo de actividade, é indispensável proceder à preparação dos alunos para a escrita, informando-os das diferentes etapas que esta implica. A fase de escrita é precedida da fase de pré-escrita/ planificação em que é feito o registo das primeiras ideias e intenções, seguindo-se uma primeira delineação de um plano de estruturação de texto. A escrita é sempre seguida de uma fase de partilha, após o que será feita a revisão correctiva, a reescrita e a remediação. No final é dada a conhecer apreciação qualitativa pelo professor e pelos próprios alunos relativamente ao decorrer do processo. C. Garcia DE-BANC salienta como razões para o sucesso do atelier o seu carácter apelativo, a sua duração mais ou menos longa, o desenvolvimento da competência num procedimento activo. O atelier assume-se assim como uma aula viva, descentralizada e activa, concedendo espaço para a expressão da escrita em contexto, pressupondo a mobilização de várias competências transversais. COMO AVALIAR A ESCRITA___________________________________________________ A escrita constitui um elemento de avaliação importante, concretamente no que se prende com os testes. Além dos conhecimentos dos alunos, é também tida em consideração a forma como esses conteúdos são expostos, ou seja, a forma como o aluno escreve. No entanto, tal não obsta a que seja descurado o processo desenvolvido durante as aulas envolvendo a escrita, pelo que o resultado obtido no teste deve apenas espelhar o progresso conseguido. Entendendo a avaliação como factor de regulação da aprendizagem, é pertinente a elaboração de grelhas de auto e hetero-avaliação. Por outro lado, a revisão das incorrecções e a reescrita sejam feitas de forma faseada e processual, como forma de fomentar o processo de aprendizagem. Uma outra estratégia poderá ser a chamada avaliação por portfolios, em que os trabalhos dos alunos vão sendo remetidos para um dossier individual, o qual deverá ser permanentemente consultado para tomada de consciência dos trabalhos realizados. Mas como deverá ser feita a correcção do trabalho escrito? No caso do trabalho, é conveniente é extremamente importante a forma como o marcamos, corrigimos e devolvemos. - deve-se devolver o trabalho corrigido o mais cedo possível; - não se deve devolver o trabalho completamente marcado, pois tal pode ser desmotivante para os alunos. Deve-se utilizar a sinalética adequada, códigos próprios que assinalam o erro, não dando a solução, para que o aprendente possa por si mesmo reflectir e chegar à solução; - deve-se conceder tempo para o aprendente investigar e reflectir sobre as razões para os erros verificados; - poder-se-á focalizar a correcção num determinado aspecto; - valorizar as ideias, não apenas a língua; - deve-se encorajar o aprendente a reescrever o trabalho corrigido. (baseado em HARMER) CONCLUSÃO_________________________________________________________________ Uma das questões que levantámos no início deste nosso trabalho prendiase com o facto de ser ou não viável ensinarmos os nossos alunos a escrever. Certamente não será nossa pretensão apresentar uma resposta final e conclusiva. Contudo, mediante a nossa pesquisa e após a avaliação das experiências levadas a cabo com as nossas turmas, podemos afirmar convictamente que alunos com diferentes níveis poderão atingir iguais resultados finais. Tal se prenderá, obviamente, com um processo rigoroso e reflexivo dos objectivos a atingir com cada actividade escolhida. Queremos com isto defender a ideia de que o professor não deve preencher as suas aulas com um rol infindo de actividades avulso e descontextualizadas, deve sim, ponderar muito bem sobre a pertinência de suas escolhas metodológicas, para que o aprendente não veja a escrita como uma imposição, mas sim como a descoberta de uma nova forma de linguagem. BIBLIOGRAFIA________________________________________________________________ AMOR, Emília (1994):Didáctica do português fundamentos e metodologia, Texto Editora, 2ª ed. 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