editorial Associação Médica Fluminense M Mais uma vez o ano acabou! Dezembro está começando, as vitrines já estão repletas de Papai Noel, a cidade começa a se enfeitar e as crianças (não somente as minhas) começam a preparar as suas listas infindáveis de desejos, que nem sempre serão atendidos (seja felizmente ou infelizmente). O importante é lembrar-nos que o Espírito Natalino é muito mais do que o consumo. É a união entre as famílias e entre os homens, mesmo os não religiosos, na Ressurreição de Cristo. No entanto, sempre desejamos muitas coisas e acabamos fazendo muitos pedidos e muitas promessas nesta época. Da minha parte, desejo, é claro, aquelas coisas de sempre, para mim, minha família, amigos, conhecidos e até para os desconhecidos. Paz, amor, SAÚDE, prosperidade etc. Mas não para por aí... Para a nossa AMF (nossa Casa do Médico), desejo que continue grande e fortalecida, unida às outras entidades irmãs que sempre participaram da sua existência. União que é e sempre foi o maior objetivo da nossa gestão e de tantas outras que passaram por aqui. Estamos caminhando a passos largos para uma maior conscientização de toda classe sobre a importância de andarmos de mãos dadas, perfazendo uma longa corrente, capaz de abraçar todas as nossas causas. Desejo, por fim, que, neste último final de ano como Presidente desta Casa, sejamos suficientemente sábios para preparar uma equipe nova e revitalizada, capaz de dar sequência às realizações de todas as gestões anteriores. Cada uma, ao seu modo, fez muito para manter vivo o associativismo e a próxima equipe saberá certamente dar continuidade a este esforço. O importante é amar esta Casa, como muitos já amaram. Nostalgias a parte, vamos ao último exemplar do ano da nossa Revista AMF. Recheada pelas comemorações do mês de Outubro e ainda com eventos do mês anterior, este número traduz-se num verdadeiro passeio fotográfico, onde podemos ver inúmeras pessoas que não apenas frequentam os nossos salões, mas os engrandecem com a sua presença e animação. É muito bom ver estampado no rosto de cada um a satisfação por fazer parte da nossa história. Aniversário da AMF, Café da Manhã, Baile dos Médicos, aniversário da Unicred, Torneio da AMF etc. Todos com uma cobertura fotográfica e jornalística de grande qualidade. Artigos científicos e de Opinião, com a participação dos nossos homenageados do ano e de ilustres colegas da cidade. Os habituais colaboradores, com as suas já aguardadas palavras sobre os mais diversos assuntos. Por causa deste inestimado auxílio de nos atender com seus artigos, nossa revista tem sido sempre tão elogiada, por todos que a leem. Sempre cabe lembrar, que nas páginas finais, o leitor poderá encontrar uma ficha de afiliação à AMF, que lhe possibilitará corrigir esta falha gritante que vem cometendo até hoje de não ter ainda se tornado nosso associado. Para que se anime, vale a leitura do “Porque sou sócio da AMF”, brilhantemente escritos por mais dois queridos colegas, que prontamente aceitaram dar seu depoimento. À todos, desejo tudo de bom neste Natal e um Ano Novo cheio de novidades muito boas! Degustem a nossa revista! Glauco Barbieri - Presidente da AMF Ano VII - nº 44 - Set/Dez- 2010 Produzida por LL Divulgação Editora Cultural Ltda. Redação e Publicidade Rua Lemos Cunha, 489 - Icaraí - Niterói - RJ - Tel/Fax: 2714-8896 www.lldivulga.com.br - e-mail: [email protected] Coordenador da Revista AMF Glauco Barbieri Diretor Executivo - Luthero de Azevedo Silva Diretor de Marketing - Luiz Sergio Alves Galvão Editor: Verônica Martins Reg. Mtb RJ 23534 JPMTE Projeto Gráfico: Kátia Regina Silva Monteiro Coordenação: Kátia Regina Silva Monteiro Produção de artes/capa: Luiz Fernando Motta Gráfica: Rower Gráfica Fotos: Sergio Bastos / Olivan Supervisão de Circulação: LL Divulgação Editora Cultural Ltda Os artigos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade de seus autores, não expressando, necessariamente, a opinião da LL Divulgação e da AMF. Revista AMF Avenida Roberto Silveira, 123 - Icaraí Niterói - RJ - CEP 24230-150 Tel.: (21) 2710-1549 Diretoria da Associação Médica Fluminense Gestão: 2008/2011 Presidente: Glauco Barbieri Vice Presidente: Benito Petraglia Secretário Geral: Gilberto Garrido Junior Primeiro Secretário: Marcos de Souza Paiva Primeiro Tesoureiro: Gustavo Emílio Arcos Campos Segundo Tesoureiro: Osvaldo Queiroz Filho Diretor Científico: Wellington Bruno Santos Diretor Sócio Cultural: Sônia Maris Oliveira Zagne Diretor de Patrimônio: Jackson Ferreira Galeno Conselho Editorial da Revista da AMF Glauco Barbieri Gustavo Campos Felipe Carino Sônia Maris Zagne Wellington Bruno Santos Conselho Deliberativo Membros Natos Alcir Vicente Visela Chacar Alkamir Issa Aloysio Decnop Martins Celso Cerqueira Dias Flávio Abramo Pies Herman Lent José Hermínio Guasti Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto Miguel Angelo D’Elia Waldenir de Bragança Membros Efetivos Antonio Chinelli Ary César Nunes Galvão Carlos Murilo Guedes de Mello Carlos Roberto Ferreira Jardim Cláudio Pinheiro Cardoso Emanuel Decnop Martins Junior Ivani Cardoso Jano Alves de Souza Jorge José Abunahman Jose de Moura Nascimento José Emídio Ribeiro Elias Mario Roberto Moreira Assad Miguel Luiz Lourenço Pedro Ivo Bastos Pereira Raul Luiz de Souza Muniz Membros Suplentes Alex Bousquet Amaro Alexandre Neto Anadeje Maria da Silva Abunahman Carlos Esmeraldino de Oliveira Caldas Christina Thereza Machado Bittar Clovis Abrahim Cavalcanti Edson Cerqueira Garcia de Freitas Eliane Bordalo Cathalá Esberard Frederico Valadares de Souza Pena Jairo Roberto Leite Caldas Jorge da Costa Pereira Josemar da Silveira Reis Leonardo Jorge Lage Luiz Fernando Alves do Carmo Paulo Roberto Visela Chácar Conselho Fiscal Membros Efetivos Claudio Costa Ortega Nédio Mocarzel Norma Mattos de Souza Franco Membros Suplentes Daniel Jose da Silva Filho Luiz Armando Rodrigues Velloso Pedro Ângelo Bittencourt Evento Aniversário da AMF marca homenagem à classe médica Pág. 07 Sumário Evento: Dia dos Médicos: um momento de homenagens e reflexão Pág. 10 Evento: Classe festeja Dia do Médico com charme e glamour Pág. 14 Tecnologia: O Google Knol® Pág. 20 Artigo Científico: Psoríase: uma visão atual Pág. 22 Vacinas para Zoster e para Influenza Pág. 25 Sindicato: Pedidos de Natal Pág. 28 UNIMED Pág. 25 Artigo: Os cinco passos da saúde Pág. 30 Fórum: Fórum debate desafios da saúde pública e privada Pág. 32 CREMERJ Manifestação em Copacabana: médicos pedem mudanças urgentes na saúde pública Pág. 34 4 - Jul/Set-09 Revista AMF Artigo: Métodos de imagem em mastologia Pág. 35 Academia Fluminense de Medicina: Já é tempo de pensarmos na valorização do pediatra Pág. 36 Prevenção / Poesia: Pág. 39 Enofilia: Geografia do Vinho - Espanha Pág. 46 Cultura: Livros em foco Pág. 49 Pág. 40 Opinião: Por que sou sócio da AMF? Pág. 42 Revista AMF UNICRED A UNICRED Niterói comemora 15 anos com grande festa no Clube Naval Pág. 50 Set/Dez-10 Jul/Set-09 - 5 evento Aniversário da AMF marca homenagem à classe médica A Associação Médica Fluminense comemorou seus 81 anos, no dia 17 de outubro, com um coquetel dançante. O evento, realizado na sede da AMF, sediou ainda a reunião anual da Somerj, ocorrida no dia seguinte. Na ocasião, marcaram presença os presidentes e representantes de diversas entidades médicas, tais como Clóvis Cavalcante, do Sindicato dos Médicos de Niterói e São Leonardo Laje, Roberto Wermelinger, Luis Fernando Moraes e Nedio Mocarzel Sergio, Sônia, Jose Antonio e Jacira Guasti Paula Ramos Pestana e sua família Alkamir Issa, Vera Fonseca e Alcir Chacar Luis Fernando Moraes, Oscarino Santos, Márcia Rosa, Vera Fonseca, Carlindo e Denize Machado Oscarino Santos e Clovis Cavalcanti Gonçalo; Gilberto Garrido, presidente da Unicred Niterói; Igor Borges de Abrantes, da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro; Carlindo Machado e Silva, da Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro, e Alkamir Issa, secretário Municipal de Saúde de Niterói. A novidade da festa comemorativa deste ano foi a instituição da meda- Revista AMF Marcos de Souza Paiva, Maria Jacqueline e Amaro Alexandre Set/Dez-10 - 7 Luis Fernando Moraes e Alcir Chacar Gilberto Garrido, Luis Fernando Moraes, Glauco Barbieri, Alkamir Issa, Clovis Cavalcanti e Carlindo Machado Glauco Barbieri, Luis Fernando e Alkamir Issa lha José Hermínio Guasti, conferida à Paula Pestana, primeira colocada na prova de Cirurgia Geral da Universidade Federal Fluminense (UFF). Com essa iniciativa, a AMF marca a iniciativa de trazer o jovem profissional para dentro da Casa do Médico, aproximando-o do convívio com a experiente categoria médica já atuante há vários anos na profissão. A personalidade escolhida para dar nome à honraria também tem um simbolismo muito forte como um dos mais importantes membros da sociedade médica Pietro Accetta, Nedio Mocarzel, Gilberto Garrido, Aloysio Decnop, Waldenir de Bragança e Ivani Cardoso Jose Antonio Guasti, Paula Ramos Pestana e Pietro Accetta 8 - Set/Dez-10 Jan/Mar-09 e professor da UFF, falecido recentemente. A residente de Medicina recebeu a medalha das mãos do neurocirurgião José Antonio Guasti, filho de José Hermínio. No dia seguinte ao coquetel dançante, que rendeu muitos elogios à AMF pela ação de reunir a classe médica em um movimento de valorização da profissão, os participantes se concentraram mais uma vez na sede da Associação. Dessa vez, com o objetivo de discutir as questões que envolvem a categoria, durante a reunião itinerante da Somerj, que este ano ocorreu na própria AMF, como uma homenagem da Sociedade a essa instituição que vem prestando relevantes serviços à classe médica. Revista Revista AMF AMF evento Dia dos Médicos: um momento de homenagens e reflexão Um café da manhã realizado na Associação Médica Fluminense (AMF) marcou a comemoração pelo Dia dos Médicos, no dia 18 de outubro, data em que também se homenageia o padroeiro da classe, São Lucas. Na ocasião, uma missa na Capela de São Lucas não só abriu os festejos, como também ressaltou os 40 anos de fundação desta capela e da Casa do Médico. O momento também foi reservado para homenagens àqueles que se destacaram no exercício da profissão, com uma sessão solene no Teatro Eduardo Glauco Barbieri, Jane Marcy Neffá, Luiz Carlos Pacheco, Alexandre Vianna e Hamilton Figueiredo Kraichete. O número de convidados que lotou o salão nobre da AMF revelava, conforme destacou o seu presidente Glauco Barbieri, que a escolha dos médicos homenageados deste ano, Jane Marcy Neffá Pinto, Alexandre Vianna, Luiz Carlos Pacheco e Hamilton Nunes de Figueiredo, este último como Mérito Cooperativista pela Unimed, foi bastante acertada. 10 - Set/Dez-10 Jan/Mar-09 Revista Revista AMF AMF Alexandre Vianna com esposa e amigos “U m momento de comemoração, confraternização, união e valorização das pessoas que fazem uma medicina de primeira linha”. Com essas palavras, o presidente da AMF destacou a importância daquele momento como uma forma de se recuperar do dia a dia que é a vida do médico. “Eu sempre costumo dizer que a vida do médico é uma corda bamba, o nosso sucesso é obrigatório e do outro lado está o paciente. Por causa disso, muitas vezes somos mal compreendidos”, ressaltou Barbieri. Ele explicou que a escolha dos nomes a serem homenageados é fruto de uma votação que ocorre o ano inteiro, ficando para a Associação Médica Fluminense a tarefa de corroborar esses nomes que dignificam a medicina e valorizam o nome do médico, seja na medicina pública ou privada e no ensino médico. “Essas pessoas trabalham com extrema dignidade e merecem ser homenageadas”, concluiu. O presidente da Unimed Leste Fluminense, Carlos Jardim destacou a relevância destas comemorações como uma forma de despertar a atenção das autoridades para a falta de estrutura enfrentada pela classe médica, sobretudo, pelos médicos plantonistas. Ele lembrou que a estrutura da Casa do Médico, que reúne a Unimed, Unicred, Associação Médica, Sindicato e Academia Fluminense de Medicina, está unida na defesa do profissional e que, por Revista AMF Modestino Salles, Jane Marcy Neffa, Neide Kalil, e Antonio Pedro Gustavo Campos e Glauco Barbieri esse motivo, faz questão de organizar uma grande festa para mostrar a organização da classe médica. “A maioria absoluta dos médicos trabalha com um senso de profissionalismo. Apesar das dificuldades, a grande maioria supera tudo isso”, refletiu. Para Jardim, é preciso daqui por diante criar uma força classista para que se consiga em Brasília e nas Assembleias Municipais e Estaduais sanar o problema, pois toda melhoria no atendimento ao médico repercutirá no atendimento à população. Emoção marca homenagens Entre os que receberam as justas homenagens, a emoção era visível, porém entre aqueles que ficaram na plateia havia um consenso sobre a relevância desse reconhecimento no âmbito profissional e pessoal. Para o subsecretário de Saúde, Roberto Carlos de Brito, presente ao evento representando o secretário de Saúde, Alkamir Issa, o dia era não só de co- Sonia Maris Zagne, Alice Regina e Luiz Carlos Pacheco memoração, como também de reflexão sobre a importância do apoio de toda comunidade para a valorização da classe médica. Ele falou ainda da baixa remuneração da classe, tanto na medicina privada quanto na pública. Porém, a despeito das condições de trabalho, ele abordou a importância do profissional da área como formador de opinião na sociedade. O presidente da Academia Fluminense de Medicina, Alcir Chácar lembrou que, em 2011, serão comemorados 50 anos da fundação dessa entidade e que a sua criação deve-se à Associação Médica Fluminense. Em seguida, ele fez questão de mencionar os presidentes que passaram por esta instituição dando uma contribuição inestimável, desde Waldenir Bragança, passando por José Hermínio Guasti até chegar ao atual presidente, Glauco Barbieri. Para ele, cada um dos colegas presentes no auditório é uma Set/Dez-10 - 11 Glauco Barbieri, Arnolpho Briggs, Alexandre Vianna e Osvaldo Queiroz Benito Petraglia, Gustavo Campos, Glauco Barbieri, Sonia Maris, Dr. Arnolpho Briggs, Neide Kalil, Jane Neffá, Alexandre Vianna, Luiz Carlos Pacheco e Waldenir de Bragança história que merece ser lembrada. Em seu discurso, Guilherme Eurico Bastos, representante do presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), reverenciou os médicos homenageados, destacando a passagem gloriosa destes brilhantes profissionais no exercício da medicina. Dos nomes evocados, coube a Bastos evidenciar as qualidades de um deles, Luiz Carlos Pacheco. Ele o conhece desde quando o homenageado ainda era estudante no Hospital Universitário Antonio Pedro, onde até hoje permanece como médico sério e atuante. “Homem galhardo, brilhante, que trabalha honesta e seriamente e, acima de tudo, com uma dignidade ímpar”, enalteceu. A médica Valéria Patrocínio, representando a Unicred, falou das histórias bonitas presentes naquele salão e revelou seu sonho de um dia também receber essa homenagem. Em seguida, Carlos Jardim, presidente da Unimed Leste Fluminense, destacou a força emergente do cooperativismo médico no cenário da medicina suplementar no Brasil. E falou de uma dessas pessoas que luta pela causa, Hamilton Nunes de Figueiredo, que foi homenageado por sua atuação como integrante do Comitê Educativo e professor dedicado a passar os ensinamentos da doutrina cooperativista, proporcionando aos recém-ingressos nas Cooperativas passar por uma atividade societária pluralista em contrapartida ao viés individualista transmitido na universidade. Para Hamilton, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), o cooperativismo, embora seja 12 - Set/Dez-10 Jan/Mar-09 um caminho longo, reflete que é possível acreditar nos principais valores do ser humano e dedicou aquela homenagem a todos os médicos que contribuem com o cooperativismo médico. Homenageada pela médica e amiga Neide Kalil, Jane Marcy Neffá Pinto foi definida como aquela que tem coragem para criar laços, temperança para vencer nos momentos difíceis, capacidade de agregar colegas, fidelidade a seus princípios e a força do trabalho da pesquisa, capaz de mudar culturas. Para finalizar, Neide se referiu à amiga como o modelo ideal do médico que todos querem ser. Em seu discurso de agradecimento, Jane confidenciou a honra que tem de ser médica e da realização de um sonho que ela acalenta desde menina. Ela também atribui suas experiências às pessoas importantes nessa trajetória, como Neide Kalil e Antônio Pedro, que contribuíram para sua capacitação, assim como o seu tio, Marcelo Neffá. Outro homenageado do dia, Alexandre Vianna, teve como orador o seu amigo Arnolpho Ferreira Briggs, que lembrou os 40 anos de atuação profissional conjunta e de amizade. Ele lembrou que Vianna, a despeito da gloriosa carreira de seu pai, Dr Altamiro Vianna, soube marcar a sua própria trajetória, dedicando-se ao exercício da medicina, além de ser uma pessoa humana e caridosa. Essa dedicação se dá sem julgar seu paciente pela classe social e, sobretudo, pela sua contribuição à mastologia, proporcionando às pacientes vítimas de câncer de mama uma cirurgia simples e eficiente, reconstruindo não só a parte afetada do Carlos Roberto Jardim, Hamilton Figueiredo e Benito Petraglia Glauco Barbieri, Sonia Maris Zagne, Luiz Carlos Pacheco e Waldenir de Bragança seu corpo, como também sua dignidade como mulher. Alexandre Vianna lembrou que nada se faz sozinho e que todo o seu trabalho só é possível em função da contribuição de sua família e amigos. “Eu não seria nada se não fossem Arnolpho, Arnaldo, Nadir, Ivan, enfim, se não fossem as pessoas com quem lido no dia a dia. Eu sou um pouquinho de cada um, sem esquecer dos meus pais. Eu quero agradecer a todos porque não conseguiria fazer nada se não fosse por eles”, relatou emocionado. Para finalizar a solenidade, Luiz Carlos Pacheco foi homenageado por Waldenir de Bragança e Sônia Maris, que lhe entregou a placa e o diploma. Bragança falou também sobre os 40 anos da Casa do Médico e da Capela de São Lucas, uma demonstração objetiva do poder de união dos médicos, que transformaram em matéria concreta e visível um símbolo de perseverança e ética. Revista Revista AMF AMF evento A classe médica fez uma pausa no dia a dia corrido para viver o glamour de uma “Noite em Paris”. Realizada no Country Club de Niterói, no dia 29 de outubro, a nona edição da festa promovida pela Associação Médica Fluminense, sob o patrocínio do Hospital de Clínicas de Niterói e Hospital Icaraí e apoio da Unicred, Labs D´Or, Med Imagem, Centro Oncológico de Niterói, Life Imagem, e Unimed Leste Fluminense, proporcionou momentos de deleite para os seus convidados. Logo na entrada, os participantes já eram convidados para um mergulho nos ícones parisienses, tais como uma réplica da torre Eiffel e da Mona Lisa, além da marca Louis Vitton, que traduz uma história de elegância e estilo, arquétipos do estilo parisiense de ser. Durante a noite inteira, os convidados puderam apreciar pratos da mais alta gastronomia francesa em um cardápio único e exclusivo para os médicos com barquetes, canapés e folheados, entre os pratos principais, penne negro com cama- 14- Jun/Ago - 10 Ana Claudia, Osvaldo Queiroz, Davi, Samuel e Rebeca Ana Claudia Ramis e Glauco Barbieri Benito e Tania Petraglia Gustavo e Miriam Campos João Marcos, Marcos Paiva, Debora e Davi Revista AMF Priscila e Felipe Rocha, Monica e Wellington Bruno Rafaela Mello, Tiago Galeno, Pedro Sampaio, Bruna Galeno, Jackson Galeno, Lara Galeno, Larissa Galeno, Maitê Risso, Luiz Galeno, Patricia Canda e Henrique Oliveira. Gilberto e Marli Garrido Cristiane Oliveira e Kerman Gervásio Abdu Kexfe e Monica Farias Mixel e Mathilde Tenembaum Vera Fonseca, Carlos Alberto da Silva Gomes, Ana Claudia Ramis e Glauco Barbieri Carlos Jardim e Vera Carlindo Machado e Silva Filho Ana Dantas e Ilza Fellows Maria Claudia e Alkamir Issa Paulo Cesar Geraldes e Aline Karla e Savio Tinoco Revista AMF Barbosa e Simone Borborema Washington Luis Fernando Moraes e Graciele Márcia Rosa, Ana e Sergio Albieri rões flambados e mix de cogumelos e raviolines de brie ao molho sugo. Pontos marcantes, tais como o Budha Bar e a Creperia La vie Rose, se tornaram um espaço onde os convidados puderam apreciar algumas iguarias da comida japonesa, além de crepes de diversos sabores. Para completar o clima de festividade, o som e a performance contagiante do grupo “Soul de Quem Quiser”, que Jun/Ago - 10 - 15 Nathalia, Jorge Abunahman, Anadeje e Samir Abunahman Luiz Carlos Pacheco e Alice Regina José Luiz Oliveira, Rejane e Leda Barbieri Modestino Salles e Jane Neffá Zila e Gilberto Almeida Felipe Carino e Adriana Paes Nanci e Edson Rosina Ilza Fellows, Paulo Cesar Dias, Valdenia, Ana Dantas e Mauro Bellece José Luiz e Ada Maria Guarino, Ismênia Martins e Aloysio Decnop Rosilene Mattos, Mathilde e Mixel Tenenbaum, Elias Brum, Fabricio Correa e Renata Ferreira, Victor Machado e Flavia 16- Jun/Ago - 10 Emanuel Decnop e Maria Angela Ana Rizzo, Clovis Cavalcanti e Karla Doming Alcir Chacar e Regina relembraram alguns dos maiores sucessos dos anos 70, 80 e 90. Uma pausa para as homenagens O presidente da AMF, Glauco Barbieri, fez uma pausa na festa para uma sucessão de homenagens e agradecimentos, em especial, aos patrocinadores, Hospital de Clínicas de Niterói e Hospital Icaraí. O médico Sávio Tinoco parabenizou a classe e lembrou que daqui a quatro meses a cidade de Niterói ganhará um belo presente, com a inauguração do Hospital Icaraí e os médicos, mais um espaço para o exercício da profissão. Em seguida, Ilza Fellows, do Hospital de Clínicas de Niterói, parabenizou a AMF e cada um dos médicos presentes que a fazem se orgulhar da profissão e, sobretudo, pertencer a uma comunidade diferenciada. “E tenho certeza que só cabe a nós, a mim e ao Sávio, trabalharmos para termos, cada vez mais, também, um espaço digno para que todos vocês possam exercer assim o que nos traz orgulho”, concluiu. Após alguns discursos, os médicos Jane Marcy Neffá, Luiz Carlos Pacheco e Alexandre Vianna foram chamados ao palco pelo mestre de cerimônias para mais uma homenagem aos destaques do ano em suas áreas de atuação. Em seguida, o presidente da AMF utilizou-se de um pout-pourri de várias letras de música para realçar seus sentimentos em relação à sua vida, trabalho e amigos. Neste ponto, chama atenção para seus funcionários e os chama ao palco para homenageá-los, assim como toda a diretoria. E, para brindar o encontro, Glauco ergueu a taça, sendo acompanhado pelos convidados ao som do músico italiano, Peppino Di Cappri, com “Champagne”. Revista AMF Victor Machado e Flávia Wilson, Norma Mattos, Marina e Thiago Felipe Peixoto e Glauco Barbieri Carlos Alberto Martins e Flavio Martins José Luiz e Regina Santos Beto da Pipa e Marcia Guimarães Ane e Paulo Bastos Glauco Barbieri, Gustavo Campos e Alkamir Issa Katia e Claudio Cardoso Nedio e Delva Mocarzel Flavia Caetano e José Luiz Paschoal Depoimentos que permearam a festa dos médicos, no Country Club de Niterói: Dilson Reis e Simone Oliveira Comte e Magda Bittencourt Valéria Patrocínio, Ralph e Helena Yamaguti Revista AMF Andreia e Falcão “Esse é o resultado de uma luta que a gente vem tratando no Conselho, na Associação Médica, e que acaba unificando a classe. A festa pode não ser considerada um coroamento completo, mas sinaliza que os frutos já estão sendo colhidos.” Alkamir Issa, secretário Municipal de Saúde de Niterói, sobre os avanços experimentados pela classe médica depois de anunciada a aprovação do ato médico, há um ano, e o que representa a festa. Jun/Ago - 10 - 17 Eliane e Eduardo Duarte “Realmente, o que nós temos para comemorar é a atuação do médico, sua dedicação e esforço. Afinal, o que os governos investem ainda é pouco diante das condições de trabalho que o médico enfrenta e a baixa remuneração. Isso são coisas que ainda estão aquém e precisam ser melhoradas. Com muita luta, existem alguns avanços, mas ainda é pouco.” Carlindo Machado e Silva, presidente da Sociedade Médica do Estado do Rio de Janeiro (SOMERJ), que falou ainda sobre os nove anos de realização da festa, considerada uma referência entre profissionais e patrocinadores. “Nossas causas são sempre muito nobres porque quando o médico é bem remunerado e trabalha com condição, quem lucra é a população, a saúde pública.” Luís Fernando Moraes, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, destacou a festa refinada e chique como uma forma de proporcionar a confraternização de todos, além da troca de ideias. Renata e Claudio Ortega Sandra e Walter “A festa representa uma união dos médicos, mas de um modo diferente de comemoração, celebração. É, acima de tudo, o reconhecimento de um trabalho que gera orgulho. Nós quanto médicos, um dia estudamos e juramos para sermos médicos e precisamos estar juntos, criando cada vez mais condições de termos um bom local de trabalho e o reconhecimento da população pelo que realizamos. No momento, que estamos aqui, conseguimos simbolizar isso tudo.” Ilza Fellows, diretora do Hospital de Clínicas de Niterói, refletiu ainda sobre a necessidade da classe estar junta em um firme propósito de lutar por melhores condições de trabalho. “Ser médico... Ser médico é um ato altruísta da prática do bem. Participar do congraçamento com a classe médica é elevar, ao ponto máximo, o exercício da benevolência na Associação Médica Fluminense. Somos a profissão mais antiga e, ao mesmo tempo, a mais moderna, pois sempre elaboramos a atividade para melhorar a qualidade do ser humano.” Savio Tinoco - Diretor do Hospital Icaraí Ismênia Martins, Emanuel Decnop e Maria Angela Aline Biz e Natache A. Andreolli Banda Soul de Quem Quiser animou a festa 18- Jun/Ago - 10 Revista AMF tecnologia O Ronaldo Curi Gismondi* O Google Knol® O Google™ parece uma fonte inesgotável de surpresas. Acompanhar o trabalho dos desenvolvedores dessa empresa revela uma novidade a cada dia. Já não bastassem as inúmeras ferramentas que fazem parte do diaa-dia das pessoas, como o Gmail®,1, Orkut®,2, Buscas®,3, descobre-se equipes trabalhando em novas e fascinantes iniciativas. Em um domingo chuvoso, estive a navegar no Mundo Google™, como costumo chamar o trabalho coletivo desenvolvido por essa empresa e seus colaboradores. Destaquei algumas iniciativas, entre novos serviços a serem oferecidos, softwares, etc, os quais apresentarei em sucessivas matérias na Revista AMF. Hoje vamos abordar o Google Knol ® , 4 , que se constitui em uma base de artigos e textos, escritos por especialistas em assuntos os mais variados, os quais são disponibilizados aos usuários, através de http://knol. google.com. Na página inicial do Google Knol, o usuário poderá optar por uma língua diferente do inglês; essa opção deve ser feita no rodapé da página. Para a elaboração deste artigo, considerese que foi feita a opção pelo idioma português. A tela inicial, de http://knol.google. com encontra-se exibida na Figura 1. Pode-se observar que o usuário conta com a interface de busca do próprio Google para procurar textos do seu interesse, baseado em termos que podem estar no título ou conteúdo dos artigos. No canto superior direito, observam-se as categorias mais popu20 - Set/Dez-10 lares, ou seja, aquelas que dispõem de maior números de artigos. Ainda na Figura 1, observe-se, no canto superior direito, a expressão “Fazer login”. Neste caso, o usuário poderá utilizar seu endereço eletrônico e senha do Gmail®, ou de outro serviço do Google™, para registrar-se no sistema, quando então novas opções, espera-se, estarão disponíveis. A página inicial do Knol® exibe textos e artigos sobre assuntos variados, além de disponibilizar acesso àqueles “mais discutidos”, “mais vistos”, “mais votados”, “o que há de novo?”, dentre outras opções. O mais interessante, contudo, será buscar por textos de interesse, com base na busca por palavras. Apenas a título de exemplo, procedeu-se a uma busca pelo termo “mata atlântica” (o acento é opcional). Observe-se, na Figura 2, os seis primeiros textos recuperados, com dados relativos à data de elaboração, número de versões publicadas, número de vezes em que foi consultado, o que serve para orientar o usuário. Se a figura pudesse ser maior, para baixo, o leitor veria outros artigos; isso será fácil de conferir, através de um exercício, com seu próprio navegador Internet. Este artigo é breve, porém apresenta um repositório de informações, acompanhado por um mecanismo de busca que poderá, a conferir, ser muito útil em estudos nos diferentes níveis. O autor deixa ao leitor o sabor e a tarefa de testar bastante o serviço, que ainda se encontra em sua fase experimental Figura 1. Página inicial do Google Knol®. Revista AMF REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Figura 2. Resultado da busca por “mata atlântica”, no Google Knol®. 1. Google Gmail. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://www. gmail.com, julho de 2010. 2. Orkut. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.orkut. com, julho de 2010. 3. Google Search. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://www. google.com, julho de 2010. 4. Google Knol. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://knol. google.com, julho de 2010. Observação: todas as marcas e produtos eventualmente citados são de propriedade de seus respectivos fabricantes, editores ou detentores. Endereço do Autor: Ronaldo Curi Gismondi – [email protected] para isso se encontram na página inicial do serviço. Vale a pena utilizar! Boa navegação a todos e até o próximo número. * Médico, professor adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e Membro Titular da Academia Fluminense de Medicina. de desenvolvimento e, por isso, é chamado de versão “beta”. Por último, o leitor poderá contribuir com a base de dados; instruções Revista AMF Set/Dez-10 - 21 artigo científico Jane Marcy Neffá Pinto* PSORÍASE: uma visão atual A A Psoríase é uma doença inflamatória, eritemato-escamativa, de evolução crônica, com predileção pelo acometimento da pele e articulações. Trata-se de uma doença multifatorial onde fatores genéticos (loci PSORS 1 a 7) e influências ambientais levam à disfunção imunocelular, responsável pelo quadro inflamatório. Apresenta caráter recidivante e pode levar a grandes repercussões clínicas sistêmicas, que envolvem diferentes comorbidades como elevado risco de doença cardiovascular, diabetes, depressão, doença de Crohn e mortalidade. O impacto negativo na qualidade de vida e sua alta prevalência fazem da psoríase uma doença de caráter psicosocial muito importante. A adequada compreensão dos mecanismos imunomediadores, como a ativação do linfócito T pela sua interação com células apresentadoras de antígenos (células de Langerhans da epiderme) que têm na sua superfície vários receptores (IL-1, IL-6, IL 17A, IL22, TNF-2, INF- , GM-CSF, receptor Fc para IgG e IgE) os quais expressam moléculas de adesão, integrinas, e ainda secretam citocinas, as quais vão estimular a imunidade mediada por células (TH1), a imunidade humoral (TH2) e ainda uma linhagem de células T (TH17) que são ativadas por células CD4. O equilíbrio entre TH1, TH2, TH17 são orquestrados pelas citocinas, desencadeando a doença com seu caráter inflamatório e variadas apresentações clínicas. A severidade da Psoríase pode ser observada pela área afetada da pele: leve: 5%; moderada: 5% a 10%; e grave: mais de 10%. Apresenta grande polimorfismo de lesões cutâneas: infiltradas, eritemato-escamosas, pruriginosas e os tipos clínicos são lesões em placa, 90% dos casos, gutata e pustular. O comprometimento ungueal apresenta lesões como: depressões cupuliformes, onicólise, onicodistrofia e anoníquia. As lesões de mucosas e semimucosas são raras e inespecíficas. A forma generalizada da doença cutânea é a psoríase eritrodérmica com manifestações sistêmicas como febre, taquicardia e linfadenopatia. Vale lembrar as formas pustulosas como a Psoríase generalizada (Von Zumbusch), que caracteriza-se por febre alta, erupção súbita generalizada, pústulas estéreis e manifestações sistemicas. A acrodermatite contínua de Hallopeau acomete mãos e pés formando pústulas ou lagos de pus, um curso crônico sem tendência a remissão espontânea. Devemos considerar que 10 a 20% dos pacientes com psoríase podem cursar com artrite. Com relação ao tratamento, até o final do século XX a psoríase foi considerada por muitos pacientes e médicos como uma pura doença de pele, a ser tratada com diversas terapias tópicas (corticosteróides, análogos da vitamina D, 22 - Set/Dez-10 Jul/Set-09 l d l d luz l coaltar, LCD, antralina e imunomoduladores, além da ultravioleta, ou ambos). Embora essas terapias beneficiem pacientes com psoríase leve a moderada, elas tinham eficácia limitada e potencial de efeitos adversos. A terapia sistêmica amplamente utilizada (metotrexato), obteve eficácia no tratamento da psoríase, mas a dose cumulativa foi limitada pela toxicidade hepática. Em geral, a acitretina era mais segura do que o metotrexato, no entanto ambas as drogas são contra-indicadas durante a gravidez. A terceira droga sistêmica aprovada para a psoríase grave foi a ciclosporina, que foi muito eficaz, mas a duração do tratamento foi limitada pelo potencial a hipertensão, lesão renal e pan-supressão do sistema imunológico, podendo levar ao aumento das infecções oportunistas e doenças malignas. O século XXI marcou o início de terapias mais específicas para a psoríase, ou seja, agentes biológicos. O primeiro destes agentes, alefacepte, afeta o tráfico de células T e, como as outras drogas nesta classe, o efalizumabe beneficiou a pele, mas não as articulações. Quando o fator de necrose tumoral alfa foi identificado como mediador da psoríase e artrite psoriásica, inibidores desta citocina (etanercepte, infliximabe e adalimumabe) foram aprovados para ambos os transtornos, oferecendo benefícios concomitantes para a pele e as articulações. Mas, recentemente, foi identificado que as interleucinas 12 e 23 possuem um papel importante na fisiopatologia da psoríase. A administração subcutânea de ustequinumabe, um anticorpo monoclonal humano específico para a proteína p40 das interleucinas 12 e 23 que se ligam com alta afinidade, evitando assim a interação com o seu receptor IL-12R β, tem boa eficácia na psoríase moderada e grave. Os biológicos são medicações de primeira linha, não de primeira escolha, e devem ser usados em pacientes graves, especialmente aqueles com acometimento articular, os que já tenham tentado as terapêuticas tradicionais ou com grave comprometimento da qualidade de vida. O protocolo terapêutico, aprovado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, é de grande ajuda e eficaz. Inicialmente, tratamos os pacientes com as medicações que sempre utilizamos. Porém, quando estas não mais apresentam resultado ou apresentam efeitos colaterais que impossibilitem seu uso, optamos pelos biológicos, procurando evitar a banalização do seu uso. A abordagem multidisciplinar do paciente psoriásico é a opção ideal para controle da doença e suas comorbidades. No sentido de trocar e somar experiências sobre indicações e resultados com o uso de biológicos, foi criado o grupo brasileiro de biológicos (GBB), que se reúne regularmente, buscando melhor acompanhamento dos nossos pacientes. * Dermatologista e Médica Homenageada do Ano Revista AMF artigo científico V VACINAS para ZOSTER e para INFLUENZA Vamos abordar aqui os conceitos atuais sobre duas vacinas para adultos e idosos que apresentaram novidades nos últimos meses. A vacina para prevenção de herpes zoster e por consequência de neuropatia pós-herpética, que é uma novidade promissora, já que este mal acomete tantos pacientes e nós, médicos, sabemos quanta morbidade traz. Também analisaremos as vacinas para Influenza, que tem sido objeto de muitas perguntas por parte dos pacientes, bem como as novas determinações para esta, após o aparecimento da pandemia da assim chamada gripe suína. INFLUENZA Atividade da influenza – Os Centros de Controle de Doenças (CDC), em colaboração com a Organização Mundial da Saúde e sua rede de Laboratórios de referência, traçam a atividade da doença e os vírus influenza isolados através do mundo, assim também programam a composição da vacina a ser desenvolvida para o ano seguinte. Desenho da Vacina – É uma característica do vírus influenza sua alta taxa de mutação e isto compromete a capacidade do sistema imune de oferecer proteção contra as novas variedades. Em consequência, novas vacinas são produzidas, anualmente, na tentativa de produzir imunidade contra os vírus que circularão no ano seguinte. O vírus influenza A é o que apresenta maior variabilidade das glicoproteínas da sua superfície (a hemaglutinina e a neuraminidase). Variações menores destas ocorrem todos os anos e induzem novos surtos de gripe. Variações maiores ocorrem esporadicamente e são responsáveis pelas grandes pandemias, como vimos recentemente em relação a assim chamada gripe suína. As cepas que circulavam antes eram H3N2 (indicando o tipo de hemaglutinina e neuraminidase), e a gripe suína foi provocada por um vírus H1N1, com as consequências de uma pandemia que todos nós pudemos acompanhar. Existem entre os vírus influenza A que afetam humanos três tipos de hemaglutininas (H1, H2, H3) e dois tipos de neuraminidase (N1 e N2) Nas aves e outros animais existem outras hemaglutininas como, por exemplo, no caso da assim chamada gripe aviária, o vírus H5N1 que também afetou humanos de forma localizada e não pandêmica. A OMS e outras instituições mundiais recomendaram que a vacina para influenza a ser utilizada no hemisfério norte, na estação 2010/2011, incluísse os seguintes antígenos virais na sua composição: A / Califórnia/7/ 2009 (H1N1) (contra o H1N1 pandêmico) A/Perth/16/2009 (H3N2)- vírus (contra o vírus influenza sazonal) Revista AMF José Luis Reis Rosati* B/Brisbane/60/2008-contra influenza B vírus Normalmente a vacina é desenhada assim, contra vários tipos, incluindo vírus A e B. São citados ainda, o local onde a amostra foi isolada, o número da amostra, o ano e a composição antigênica do vírus A. Para o hemisfério Sul, com vacinação prevista entre maio e outubro, a mesma composição foi recomendada. O Ministério da Saúde optou pela vacina com vírus inativado sob via intramuscular, que apresenta várias vantagens sobre a vacina de vírus atenuado para uso intranasal (LAIV), pois esta necessita de cuidados especiais, como não aplicação em imunodeprimidos ou grávidas, o que seria uma limitação ao programa de vacinação. Reações adversas - As vacinas inativadas são em geral bem toleradas com efeitos adversos, ocorrendo, em cerca de 6 a 19 % (com exceção de sintomas no local da aplicação), taxas estas similares ao placebo. Como os vírus são incubados em ovos, há pequena quantidade de proteínas do ovo nestas vacinas o que pode provocar alergia. A história de alergia a ovo é uma contraindicação relativa à vacina. Dor ou maior sensibilidade no local da injeção é sentida por 64% dos vacinados. Outros efeitos colaterais consistiram em febre baixa e sintomas gripais leves por 8 a 24 horas, após a imunização. Um aumento do risco de síndrome de Guillain Barré foi associado com a vacinação para influenza em determinados anos, porém este risco é considerado muito menor que o risco da não vacinação. Não houve relato de aumento desse risco durante a vacinação para a gripe H1N1 recente. Indicações – Até 2010, a vacinação para influenza era feita nos indivíduos acima dos 60 anos e naqueles portadores de doenças crônicas, além dos contatos próximos destes e dos profissionais de saúde. Embora a gripe seja uma doença em geral leve e bem tolerada, nos grupos citados há significativo aumento da morbidade e mesmo mortes. Após o aparecimento da gripe H1N1 (assim chamada gripe suína), em 2009, houve mudança na recomendação de vacinação, tendo as autoridades de saúde, nos EUA, passado a recomendar a vacinação para toda a população, a partir dos 6 meses de idade. O mesmo fez o Ministério da Saúde no Brasil com relação à vacina contra o vírus H1N1, tendo sido comemorada, com razão, a vacinação de mais de 80 milhões de pessoas em todo território nacional. Os indivíduos em risco aumentado ao contraírem influenza são: • Os acima de 60 anos, especialmente se portadores de comorbidades; • Residentes em casas de repouso ou lares geriátricos, de Set/Dez-10 Jul/Set-09 - 25 qualquer idade, que possuam doenças crônicas; • Adultos com doenças crônicas como: • Doenças pulmonares, incluindo asma • Doenças cardiovasculares (exceto hipertensão isolada) • Doença maligna ativa • Insuficiência renal crônica • Hepatopatia crônica • Diabetes melito • Hemoglobinopatias, como anemia falciforme • Transplantados de medula óssea • Imunossupressão, incluindo HIV, particularmente se com CD4 < 200 cel / microL, portadores de doenças inflamatórias, tratados com imunossupressores. • Adultos com qualquer doença neurológica que possa comprometer o manejo de secreções respiratórias, como trauma raqui medular, disfunção cognitiva, doenças neuromusculares, risco de crises convulsivas entre outros; • Mulheres grávidas ou que possam engravidar durante a estação da influenza; • Qualquer pessoa que deseja reduzir o risco de influenza em si ou de transmiti-la. A vacina para influenza inativada pode ser dada com segurança para imunodeprimidos e não há evidência de que exacerbe doenças neurológicas crônicas, como a esclerose múltipla. Pode ainda ser dada a indivíduos com sintomas respiratórios menores, mas não deve ser aplicada em pacientes com doença febril aguda até que os sintomas estejam resolvidos. Contraindicações - É prudente não vacinar indivíduos que tiveram síndrome de Guillain Barré nos seis semanas após vacina de influenza dada em anos anteriores. Não deve ainda ser aplicada nos pacientes com alergia a ovo, a não ser em casos muito específicos a serem analisados pelo médico assistente, pesando riscos e benefícios. CASOS ESPECIAIS Grávidas - As grávidas têm preocupação de que a vacina não provoque problemas para seus filhos. Nas avaliações feitas em grávidas da vacina para o vírus H1N1, esta foi geralmente bem tolerada não tendo mostrado problemas para mães ou fetos, mesmo as que contem thimerosal. Este grupo teve morbimortalidade aumentada durante a pandemia H1N1 (gripe suína) sendo grupo prioritário para vacinação e para atenção especial em caso de doença. Vacinação para Pneumococo - Durante os surtos de influenza, a vacinação contra o pneumococo pode ser útil na prevenção das infecções bacterianas secundárias entre os infectados, devendo-se vacinar os grupos de risco. Vacinação conjunta - A vacinação contra a gripe sazonal não imuniza contra a H1N1pandêmica e vice versa. A novidade é que agora ambas vacinas são apresentadas numa mesma injeção, tornando desnecessária a vacinação em duas etapas para os que Crianças abaixo de 10 anos – embora este trabalho foque nos adultos e idosos, a recomendação é que crianças abaixo dos 10 anos de idade recebam duas doses com, no 26 - Set/Dez-10 Jul/Set-09 mínimo, 21 dias de intervalo entre elas, de forma diferente das demais faixas etárias onde se recomenda apenas uma dose VACINA NO BRASIL Vacina - informações importantes sobre a vacina O Ministério da Saúde adquiriu as doses da vacina contra a Influenza H1N1 de três laboratórios: Glaxo Smith Kline (GSK), SANOFI Pasteur (em parceria com o Instituto Butantan) e Novartis, que são fornecedores de vacinas para todos os países. Estes laboratórios já tinham experiência com a produção da vacina contra os vírus de Influenza sazonal (vacina administrada anualmente nos idosos no Brasil), e investiram em tecnologia num processo de preparação para a produção de uma vacina para a prevenção do vírus pandêmico (H1N1). A vacina é segura e já está em uso em outros países, não tendo sido observada uma relação entre o uso da vacina e a ocorrência de eventos adversos graves. A OMS estima que foram distribuídas cerca de 80 milhões de doses da vacina contra a Influenza pandêmica e até o final de novembro foram vacinadas aproximadamente 65 milhões de pessoas. A grande maioria do que vem se apresentando se assemelha à vacina sazonal administrada em idosos, que são reações leves: dor local, febre baixa, dores musculares, que se resolvem em torno de 48 horas. A vacina registra uma efetividade média maior que 95%. A resposta máxima de anticorpos se observa, entre o 14º e o 21º dia, após a vacinação. No Brasil, está sendo utilizada a vacina injetável, administrada por via intramuscular, ou seja, com a introdução da solução dentro do tecido muscular. O Ministério da Saúde orienta que a população busque a vacina em lugares seguros e faça denúncias em caso de dúvidas sobre sua procedência, distribuição e uso. Sumário A vacina para influenza A pandêmica H1N1 é, em geral, segura e bem tolerada, sendo indicada, atualmente, para todas as pessoas acima dos seis meses de idade. Isto representou uma grande mudança na indicação pois antes de 2010 só se vacinavam as faixas consideradas de risco como descrito anteriormente. Após encerrarmos esta revisão, a Organização Mundial da Saúde lançou informe sobre o controle da pandemia de influenza H1N1. Talvez, com isso, a normatização atual de vacinar grande parte da população mude para o próximo ano e volte a ser apenas direcionada às populações de risco, pois sempre são levados em consideração os altos custos destas campanhas de vacinação em massa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Up To Date . com , janeiro 2010 1- Seasonal influenza vaccination in adults Author - Patricia L Hibberd, MD, PhD / Section Editor - Martin S Hirsh, M D / Deputy Editor - Anna R Thorner, MD 2- Pandemic H1N1 influenza (‘swine influenza’) vaccine Author - Anna R Thorner, MD / Section Editor - Martin S Hirsch, MD / Deputy Editor - Barbara H McGovern, MD 3- Site Ministério da Saúde do Brasil - www.saude.gov.br Revista AMF VACINA PARA ZOSTER Tipo de vacina - vacina de vírus vivo atenuado. Indicações - Prevenção de herpes zoster em pacientes acima dos 60 anos . Reduz a incidência de neuralgia pós herpética. Nome - Zostavax. Fabricante- Merck apresentação – frascos para aplicação subcutânea Administração - aplicar um frasco (0,65 ml) Via subcutânea na região deltóidea. No máximo 30 min após reconstituição. O zostavax é estocado congelado e deve ser reconstituído imediatamente, após retirada do congelador. O diluente é estocado separadamente, à temperatura ambiente ou na geladeira. A vacina demonstrou eficácia por quatro a cinco anos e é incerta necessidade dose de reforço após este prazo. Reações adversas - É em geral bem tolerada e eventos adversos sérios são comparáveis aos do placebo. Mais frequentemente encontra-se discreta reação no local da aplicação em cerca de 1/3 dos casos (eritema, dor e aumento de volume). Menos frequentemente há prurido (6,6%), hematomas (1,4%), febre baixa (1,5%) e cefaléia (1,4%). Raramente (menos de 2% dos casos) ocorre quadro gripal, podendo haver febre, diarréia, coriza, erupções cutâneas e astenia. Como se trata de vacina com vírus vivo , atenuado, não se deve usar em pacientes em uso de imunossupressores ou corticosteróides em altas doses. O uso desta vacina é contraindicado em pacientes alérgicos a neomicina, gelatina ou outros componentes da vacina. Pacientes imunossuprimidos, com tuberculose ativa, gravidez, ou possibilidade desta em 1 mês. Revista AMF Quanto à efetividade clínica geral da vacina , considerase que previne herpes zoster em 51% e neuralgia pós herpética em 39% dos casos. A efetividade é maior na faixa etária dos 60 aos 79 anos, decaindo após e não sendo tão significativa após os 80 anos. Nestes casos houve redução em apenas 18% da incidência de HZ. Em geral a vacina para herpes zoster é bem tolerada e proporciona proteção em cerca de metade dos vacinados e diminui o risco de neuralgia pós-herpética. Esta vacina NÃO deve ser confundida com a vacina para varicela e NÃO deve ser dada para crianças A vacina para Zoster é recomendada para pessoas acima dos 60 anos, incluindo os que relatarem episódio prévio de Zoster ou que tenham doenças crônicas (exceto as contraindicações já citadas). Pode ainda ser dada a pacientes que usam doses mais baixas de corticosteróides (por exemplo, menos de 20 mg de prednisona ao dia). Não há necessidade de testes sorológicos para se determinar imunidade para varicela ou mesmo informação sobre varicela na infância. Não há certeza sobre necessidade de dose de reforço. REFERÊNCIAS Rothberg MB, Virapongse A, Smith KJ. Cost effectiveness of a vaccine to prevent herpes zoster and postherpetic neuralgia in older adults. Clin Infect Dis, 2007, vol 44 : 1280-8 Oxman MN, Levin MJ, Johnson GR, et al. A vaccine to prevent herpes zoster and postherpetic neuralgia in older adults. N Engl J Med , 2005 vol 32: 2271-84 Advisory Committee on Immunization Practices [ACIP] Prevention of Herpes Zoster; MMWR 2008 vol 57: 1-30 * Mestrado em Medicina (UFF) e Doutorado em Medicina “Doenças Infecciosas” (UFRJ) Set/Dez-10 Jul/Set-09 - 27 sindicato Clóvis Abrahim Cavalcanti* Pedidos de NATAL Papai Noel: Precisamos de uma visão mais global de tudo o que esta acontecendo. Urge um maior fortalecimento da classe, assim como, uma maior valorização de nosso Sindicato, que continua mantendo acesa, a duras penas, a chama da dignidade médica. Precisamos da união da classe para lutarmos pela valorização da nossa sublime função de curar, minimizar sofrimentos, salvar, devolver sorrisos, terminando com a tristeza e com a dor, dando mais dignidade de vida aos que padecem por falta de acesso aos tratamentos, aos medicamentos e, por conseguinte, à cura. Precisamos acordar definitivamente para os baixos salários que recebemos, não condizentes com a nossa profissão. Precisamos de tempo para nós mesmos e para nossa família, assim como, para darmos continuidade aos estudos atualizados, tão necessários na arte de curar. Precisamos de tempo para tratamento médico, pois também adoecemos e envelhecemos. 28 - Set/Dez-10 Jul/Set-09 Precisamos demonstrar para todos, sem exceção, que apesar dos baixos salários, e das péssimas condições de trabalho, continuamos atendendo aos pacientes, pela honra da medicina. Precisamos lutar pelos médicos aposentados que, após dedicar toda sua vida pela medicina e pelos seus semelhantes, se aposentam com salários miseráveis, sem que consigam levar uma vida digna. Precisamos de férias como qualquer trabalhador, sem a preocupação na queda de nossos vencimentos. Enfim, precisamos de tantas outras coisas importantes para nós, nossa família e para nossos pacientes, que deixarei o bom velhinho, que tudo sabe e sempre lembra dos seus filhos, deixar os presentes que nos faltam, desejando a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, com muita paz, felicidade, melhores salários, mais medicamentos e equipamentos e que a Saúde Pública saia da UTI. Que o idealismo não seja substituído pela desesperança! Visite o nosso site! - www.sindmedniteroi.org.br * Presidente do SINMED Revista AMF unimed Carlos Roberto Ferreira Jardim* Prezados colegas, O cenário atual reserva muitas oportunidades para os empresários em nosso país: aumento de renda da população, em especial das classes c e d, e estabilidade e crescimento econômico, o que gera condições favoráveis para o desenvolvimento das empresas. Ao lado destas oportunidades residem inúmeros desafios que exigem muito cuidado: a alta carga tributária, a informalidade em vários setores e a carência em infraestrutura. De todos esses, o mais estimulante está no próprio cerne do ambiente empresarial: a competitividade entre as empresas. Nesse contexto, a cooperação entre as empresas tem se destacado como um meio capaz de torná-las mais competitivas. Fortalecer o poder de compras, compartilhar recursos, combinar competências, dividir o ônus de realizar pesquisas tecnológicas, partilhar riscos e custos para explorar novas oportunidades e oferecer produtos com qualidade superior e diversificada são estratégias cooperativas que têm sido utilizadas com mais frequência, anunciando novas possibilidades de atuação no mercado. Varias dessas estratégias cooperativas ganham um caráter formal de organização e caracterizam-se como “Empreendimentos Coletivos”. A legislação brasileira possibilita várias modalidades de formalização desses empreendimentos. Destacam-se as Associações, as Cooperativas, as Centrais de Negócios, os Consórcios de Empresas, as Empresas de Revista AMF Participação Comunitárias, as Sociedades de Propósito Específico e a Sociedade Garantidora de Crédito, entre outras. Aprender a trabalhar em conjunto, estabelecendo e mantendo relações de parceria, passa a ser uma nova fronteira para ampliar a competitividade das instituições. A Unimed Leste Fluminense, seguindo esta tendência em seu planejamento estratégico, procurou contemplar essas diretrizes e levar a experiência bem sucedida do modelo cooperativista para as instituições de classe da nossa região, lutando pela UNIÃO MÉDICA, com gestão compartilhada na Associação Médica Fluminense - CASA DO MÉDICO, em Niterói. Saudações cooperativistas, * Diretor presidente da Unimed Leste Fluminense Set/Dez-10 Jul/Set-09 - 29 artigo OS CINCO PASSOS O Os métodos diagnósticos, como ecocardiograma, colordoppler, estudos vasculares, teste ergométrico em esteira computadorizada (prova de esforço), M.A.P.A. 24h, eletrocardiograma de repouso e dinâmico (sistema Holter), são exames fundamentais para o diagnóstico e o acompanhamento de diversas doenças. Para se ter uma idéia do quanto esses exames são essenciais, eu costumo compará-los à importância da ultra-sonografia para a mulher grávida. E o que o ultra-som faz? Nos permite acompanhar a gestante, ainda que ela não apresente nenhum sintoma de problemas na gravidez. O que, como sabemos, não descarta a possibilidade de o bebê ter alguma doença grave, que só será detectada precocemente através do exame. Através dos meus mais de 30 anos de experiência na área da cardiologia clínica, acredito que é imprescindível fazer exames preventivos ao longo de toda a vida, desde antes do nascimento e independentemente da manifestação de quaisquer sintomas, baseando-se principalmente no histórico de doenças na família (genética). Os métodos diagnósticos mais complexos e resolutivos foram incorporados de maneira definitiva ao cenário da medicina a partir dos anos de 1980, mas, ainda assim, as pessoas não adquiriram o hábito de praticar a prevenção quando o assunto é saúde. Sempre me preocupou muito o desconhecimento que as pessoas têm do próprio corpo, da saúde e da história familiar (genética). Com a realização de exames simples e baratos, podemos nos antecipar à doença e agir de maneira curativa e não paliativa, quando nada mais pode ser feito, além de aliviar os sintomas manifestos. Sobre a prática desenfreada de exercícios sem um acompanhamento médico, mostro-me bastante preocupado. Crianças e jovens também podem ter doenças graves, mas, muitas vezes as pessoas se esquecem disso. É comum jovens praticarem exercícios sem saberem se têm patologias que podem por em risco as suas vidas. Estimula-se a prática de atividades físicas, mas se esquece de advertir que é indispensável fazer um check-up antes de dar início a qualquer atividade. Através da realização de alguns exames e do diagnóstico precoce de doenças, podemos evitar o que temos visto hoje - jovens protagonizando cenas de morte súbita em campos de futebol, piscinas e academias. Por tudo isso, aconselho a população a praticar o que chamo de “OS CINCO PASSOS DA MEDICINA PREVENTIVA”: 1) REALIZAR UM CHECK-UP ANUAL, mesmo que não haja sintoma de quaisquer doenças, conforme as seguintes recomendações: a. Crianças: do pré-natal aos 14/15 anos de idade Pediatra (todo ano) b. Jovens: dos 15/16 anos aos 35 anos Clínico Geral (todo ano) 30 - Set/Dez-10 Jul/Set-09 Luiz Carlos Pacheco* DA SAÚDE Q E c. Adultos: dos 35 anos aos 120 anos Quatro Especialistas (todo ano): c.1 - Ginecologista (mulheres) / Urologista (homens) (todo ano) c.2 – Oftalmologista (todo ano) c.3 – Gastroenterologista/Clínico Geral (todo ano) c.4 – Cardiologista (todo ano) Lembrem-se: estamos querendo trabalhar a prevenção dos diversos órgãos do corpo humano, como se trabalha no preventivo ginecológico. 2) CONHECER O HISTÓRICO DE DOENÇAS DA FAMÍLIA (genética): é muito importante o conhecimentos das diversas doenças nos familiares (avós, irmãos, tios de primeiro grau e, principalmente, pais) como auxílio no diagnóstico médico. 3) GUARDAR TODOS OS EXAMES REALIZADOS DURANTE A VIDA, em uma pasta própria (prontuário de saúde), que deverá ser levada a toda consulta (com qualquer especialista), na realização de exames, cirurgias, nos atendimentos em serviços de emergência, nas consultas ambulatoriais, etc. 4) MUDAR HÁBITOS NÃO-SAUDÁVEIS DE VIDA, tais como fumo, exagero na bebida alcoólica, má alimentação (abusos no sal, frituras/gorduras, doces, etc). - A participação do paciente, ao meu ver, representa 50% do sucesso nos tratamentos. Como controlar doenças como diabetes, hipertensão arterial, aterosclerose, obesidade, etc, sem uma alimentação saudável e sem controle do estresse? É fundamental uma orientação nutricional e psicológica, desde o pré-natal, até aos 120 anos de idade, no tratamento das diversas doenças e, principalmente, na prevenção das enfermidades. Recomendo: sempre de olho na história das doenças em familiares. 5) PRATICAR ATIVIDADES FÍSICAS REGULARMENTE - pelo menos 4 a 5 dias na semana e de forma contínua por 30 minutos a 1 hora. - O combate à vida sedentária é muito importante no tratamento de diversas doenças (acidente vascular cerebral, infartos, diabetes, obesidade, períodos pós-operatórios diversos, pós-angioplastias, etc), porém é muito mais importante fazê-lo com o objetivo de prevenir estas mesmas doenças. Nesse sentido, a orientação de profissionais especializados em cultura física e/ou reabilitação cardiovascular é extraordinariamente importante. Quando a pergunta é: ‘o que fazer com exames antigos?’, sou taxativo. Considero criminoso jogar exames fora. Eles devem ser “guardados em mãos” eternamente, servindo inclusive para os filhos, netos e sobrinhos de primeiro grau dos pacientes para prevenção, diagnóstico e tratamento das diversas doenças. Da mesma maneira, acredito que, hoje em dia, o primeiro documento de uma pessoa não é Revista AMF a certidão de nascimento, mas a sua ultra-sonografia. Ou seja, tento passar para os meus pacientes que todo exame deve ficar numa pasta, pen drive ou CD, que é o seu prontuário de saúde. Com esses exames em mãos, como se fossem passaporte ou documento de identidade do carro ou carteira de motorista quando você está dirigindo, o paciente facilita o trabalho do médico. Em qualquer lugar do mundo, este pode, através de comparações, acompanhar a evolução da saúde do paciente, além de ter maior segurança para proferir um diagnóstico, tanto nas cirurgias e consultas, com qualquer especialista, como no pronto-socorro e/ou na realização de diversos exames, como: mamografias, endoscopias, testes de esforço, eletro e ecocardiogramas, ultrassonografias, cateterismos cardíacos, radiografias do tórax, exames de sangue, urina e fezes, enfim, todos e quaisquer exames realizados na vida da pessoa. Não bastasse isso, com o prontuário de saúde em mãos, barateamos os custos, tanto para o paciente quanto para os planos de saúde/ convênios, pois evitam-se as repetições desnecessárias de vários exames e procedimentos às vezes invasivos ao corpo humano. À frente da SEACOR, tenho combatido com sucesso os obstáculos à prática da medicina preventiva. Obstáculos que nada têm a ver com os avanços da tecnologia na área da medicina diagnóstica, mas sim com a cultura das pessoas que não foram capazes de acompanhá-los. Muitos pacientes ainda estão presos a um passado, quando não existiam os meios diagnósticos que temos hoje. Antes dos anos 80, só se procurava médico com sintomas/queixas da evidência de uma doença, enquanto que hoje o diagnóstico precoce nos possibilita agirmos de maneira curativa e Revista AMF não paliativa. Além disso, tem aqueles mais temerosos: “ai, doutor, quem procura acha”. Eles se esquecem de que os exames não são para provocarem a doença. Se a encontramos é porque a pessoa já estava com ela, mesmo sem sintomas. Aliás, a maioria das doenças pode não apresentar sintomas no seu início (hipertensao arterial, diabetes, infarto, câncer, etc). Algumas pessoas têm medo de descobrir uma doença grave, mas elas não sabem que mesmo a doença mais grave, quando diagnosticada precocemente, pode ser na maioria das vezes curada. A medicina não é uma ciência exata, logo todo cuidado é pouco para evitarmos uma catástrofe. No nosso país, ‘preventivo’ tornou-se sinônimo de ir ao ginecologista, quando deveria ser a necessidade de ir aos profissionais das mais diferentes especialidades. Para ilustrar a importância do trabalho preventivo, cito como exemplo o caso da Maria Rita – esposa do cantor Roberto Carlos - que descobriu um câncer tardiamente e, mesmo com todos os recursos financeiros, nada pôde fazer. Vejo várias famílias fazendo esse trabalho de prevenção. Mas, o grande problema é que muitas pessoas procuram o médico para tratar uma doença, quando o enfoque deveria ser a prevenção. Elas agem conforme aquele ditado e esperam a porta ser arrombada para depois colocar a tranca de ferro. Com a saúde isso pode ser fatal. Por isso investimos tanto na prevenção. Tratar a saúde é como saborear uma fruta, como a manga, por exemplo: antes está verde, depois, podre. E como descobrir o momento exato de intervir numa doença? Só com a prevenção! * Cardiologista e Médico Homenageado do Ano Set/Dez-10 Jul/Set-09 - 31 fórum Fórum debate desafios da SAÚDE PÚBLICA E PRIVADA O O I Fórum das Entidades Médicas de Niterói, realizado, em setembro, na Associação Médica Fluminense, reuniu lideranças médicas, gestores e prestadores dos sistemas públicos e privados de saúde de Niterói, São Gonçalo e demais municípios que integram a região Metropolitana II. Na pauta do dia, os graves problemas de atendimento que afetam os dois sistemas e as formas de melhorar esse processo. Essa é a primeira vez que as lideranças de ambos os lados se unem, motivados pela vontade de melhorar o desempenho de suas atividades. A primeira edição do fórum foi idealizada pelo Movimento União Médica, que nada mais é do que uma aliança entre os sistemas públicos e privados da região MetroCarlos Jardim, Alkamir Issa, Alcir Chacar, Glauco Barbieri, Nedio politana II, apoiada pela Unimed Leste Fluminense e Uni- Mocarzel e Gilberto Garrido cred Niterói. Em seu discurso de abertura do encontro, o presidente da Unimed Leste Fluminense, Dr. Carlos Jardim, expressou a sua satisfação em promover o encontro, contribuindo, de alguma forma, em prol da classe médica e da população. O presidente da AMF, Glauco Barbieri, disse que compartilha e apoia a união de toda a classe médica nesse movimento. O fórum teve como palestrantes, a advogada Marta Menezes, representando o Conselho de Defesa do Consumidor; o Dr. Rubens Antunes, que coordena a Central de Regulação, da Secretaria Estadual de Saúde da Metropolitana II; a Dra. Ilza Fellows, que dirige o Hospital de Clínicas de Niterói (maior hospital privado da região), e o Dr. Mário Eckert, um alto dirigente do sistema Unimed, cuja explanação focou os desafios e o futuro da saúde suplementar. Ao final, foi consenso entre todos os participantes a necessidade de prosseguir com eventos como estes que tragam frutos para a comunidade médica. 32 - Set/Dez-10 Jul/Set-09 Revista AMF cremerj MANIFESTAÇÃO EM COPACABANA Médicos pedem mudanças urgentes na saúde pública A A classe médica se reuniu, em Copacabana, liderada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro – CREMERJ, para clamar por melhores condições de trabalho e salários justos. A categoria ocupou uma parte do calçadão da Avenida Atlântica, onde distribuiu panfletos que esclareciam a população sobre como se encontra a saúde pública e o movimento pela valorização profissional. Estiveram presentes à manifestação, realizada no mês de outubro, as lideranças de sociedades de especialidades médicas e de associações médicas de bairro. Para o presidente do CREMERJ, Luis Fernando Moraes, é preciso lutar por condições de trabalho adequadas, assim como vínculos profissionais estáveis e melhores salários. Todas essas melhorias têm como objetivo proporcionar um atendimento mais ético e de qualidade ao cidadão. Entretanto, ele destaca que o médico tem de honrar o seu compromisso com o paciente, acima de qualquer coisa, e, por esse motivo, briga pela sua valorização. “Queremos um cenário mais justo para a saúde deste Estado, deste país”, sentenciou Moraes em meio a faixas e cartazes que inundaram o calçadão. O presidente da Associação Médica Fluminense, Glauco Barbieri, destacou que esse é o momento do médico mostrar que vale muito e que o CREMERJ está trabalhando, juntamente com outras entidades, para demonstrar o peso que tem a saúde na sociedade. O representante do Estado do Rio de Janeiro no CFM, Conselheiro Aloísio Tibiriçá Miranda; o presidente da Associação de Médicos da Barra da Tijuca, Miguel Ângelo Baez Garcia, e a Secretaria-Geral da Associação Médica de Residentes do Estado do Rio de Janeiro (AMERERJ), representado pela residente em cardiologia, Luisa Chuairi Cruz, completaram o coro dos que lutam por melhores condições de trabalho. CREMERJ marca dia dos Médicos com festa no Citibank Hall O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ) comemorou o dia dos Médicos com uma animada festa no Citibank Hall. O evento, ocorrido no dia 11 de outubro, teve como atração musical o cantor Lulu Santos, que levantou a plateia com músicas memoráveis, tais como, “Descobridor dos sete mares”, “Aviso aos navegantes” e “Dancin Days”. Cerca de cinco mil pessoas prestigiaram a comemoração na casa de show carioca. Outro ponto marcante da festa foi a elegante decoração dos vários lounges com pufes e os delicados arranjos de flores das mesas. Porém, o que trouxe maior emoção foram os milhares de balões verdes e brancos que caíram sobre a pista de dança ao final do show, refletindo um grand finale para a noite badalada da classe médica. 34 - Set/Dez-10 Jul/Set-09 Revista AMF artigo Alexandre de Souza Vianna* Métodos de Imagem O em Mastologia O principal objetivo dos profissionais que lidam com patologia mamária é a descoberta precoce do câncer de mama, sendo os métodos de imagem sua principal ferramenta. Mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética são os métodos mais usados. A mamografia é o principal método de rastreio do câncer de mama, diminuindo em cerca de 30% a mortalidade, permitindo também um maior número de cirurgias conservadoras. É amplamente usada em pacientes sintomáticos para fins de diagnósticos. Atualmente dispomos de 2 tipos de equipamentos mamográficos: o convencional ou analógico (mamografia de alta resolução) e o digital. Estudos realizados concluíram que a acurácia dos dois métodos se equivale na detecção do câncer de mama, porém, a mamografia digital mostrou maior eficácia nas mamas densas em mulheres na pré e perimenopausa. A ultrassonografia é amplamente utilizada e importante no diagnóstico do câncer de mama, auxiliando na diferenciação de nódulos sólidos e císticos, permitindo o estudo do interior dos cistos. É utilizada, também,na avaliação de mamas de pacientes jovens, de grávidas, lactantes, para complementar o exame em mamas densas e avaliar implante mamário. Outro método complementar é a ressonância magnética, cada vez mais usada por sua alta sensibilidade, principalmente nas lesões não detectadas na mamografia e na ultrassonografia. É indicada em pacientes de alto risco, na avaliação da mama contralateral em pacientes com diagnósticos de câncer de mama, nas pesquisas de neoplasia sincrônica, na procura de lesões primárias ocultas em pacientes com axila comprometida por câncer de mama, no esclarecimento de achados duvidosos na mamografia e na ultrassonografia e na determinação de extensão local de um carcinoma. É também utilizada na avaliação de doença residual na resposta a quimioterapia neoadjuvante, na recorrência tumoral e na integridade de próteses. Esses métodos permitem realizar biópsia e marcação pré-cirúrgicas de lesões não palpáveis por eles detectados (PAAF, CORE BIOPSY e MAMOTOMIA). Assimetria focal, distorção de parênquima e cistos com vegetação em seu interior devem, preferencialmente, ser agulhados para sua retirada cirúrgica. É relevante, também, correlacionar o resultado da biópsia com o diagnóstico esperado. Em caso de resultados discordantes, deve-se realizar nova biópsia. * Mastologista e Ginecologista e Médico Homenageado do Ano somerj Aproveito a oportunidade para ao final de mais um ano de minha gestão frente à SOMERJ, me dirigir aos médicos de Niterói. A AMF, uma das mais tradicionais e atuantes de nossas filiadas, vem ao longo dos meus seis anos de mandato participando ativamente de todas as lutas encampadas pelas entidades médicas, sempre se fazendo presente em todas as nossas manifestações. Seu presidente, Glauco Barbieri, foi sempre presente em todos os momentos e em todos os lugares, tendo nos ajudado muito em nossa atuação à frente da Associação Médica de nosso Estado. No momento em que nos preparamos para mais uma Festa de Final de Ano, a última em que estarei como Presidente P d da SOMERJ, após duas gestões à frente de nossa entidade, gostaria de trazer meu abraço, meu carinho e minha gratidão a cada um de vocês, sobretudo, pelo apoio e amizade com que me destingiram este tempo todo. Muito obrigado e um 2011 repleto de realizações para todos nós. Dr. Carlindo Machado - Presidente SOMERJ Revista AMF Set/Dez-10 Jul/Set-09 - 35 academia fluminense de medicina Alcir Vicente Visela Chácar* JÁ É TEMPO DE PENSARMOS NA VALORIZAÇÃO DO PEDIATRA (Carta aberta SBP) Examinei com atenção a vossa preocupação em aumentar o período curricular de residência em pediatria de dois para três anos. Felicito aos proponentes pela preocupação em ampliar e melhorar o ensino na especialidade, melhor capacitando os novos profissionais que abraçam esta profissão. Não seria este um motivo para ampliarmos o debate sobre a proposta em tela? Será que antes de pensarmos de forma tão parcial não deveríamos priorizar o debate em torno da valorização do Pediatra, dando melhores condições de trabalho e respeito ao seu ato médico? Observamos que esta é, atualmente, uma das poucas especialidades que não possui procedimentos médicos remunerados a nível ambulatorial! O Pediatra é um profissional que atende desde a prevenção através do pré-natal, passando pela puericultura, até o atendimento médico à criança propriamente dito. Mas só lhe é dado o direito a receber uma consulta por mês, qualquer que seja o seu diagnóstico e o tratamento a ser desenvolvido. Lembrando ainda que ele permanece 24 horas preso ao atendimento que realizou, dando acompanhamento, em tempo integral, não só à criança, mas 36 - Set/Dez-10 Jul/Set-09 também aos seus pais e responsáveis, para quem tudo aquilo que foge ao comum no estado de seus filhos, se torna sempre um caso de emergência médica, qualquer que seja o motivo ou a hora! E tudo isso ao valor de uma só consulta mensal! Em pediatria são raríssimos os procedimentos que podem ser cobrados à parte, a nível ambulatorial, sendo considerados, em sua grande maioria, como procedimentos pertinentes ao ato de atendimento do pediatra durante a consulta médica, e não como mais um serviço prestado por este profissional – ao contrário do que acontece com as demais especialidades. E por que não atentarmos também para um outro fato, ainda mais próximo da proposta dos colegas e que me chama especialmente a atenção: por que estariam as vagas da Residência Pediátrica sobrando em vários Estados brasileiros? Portanto, caros colegas, não seria esta uma ótima oportunidade para repensarmos a pediatria como um todo e não apenas nos focarmos no período de residência a ser cumprido pelos novos pediatras? Já está mais do que na hora que atentemos para a valorização do Pediatra!!!! * Ex-presidente da Sociedade Fluminense de Pediatria, atual SOPERJ, Presidente da ACAMERJ. Revista AMF prevenção poesia Homenagem ao Dia do Idoso – 27 de setembro LAR DE SÃO FRANCISCO* O Caminhada da Saúde do Procordis O PROCORDIS, através de seu centro de estudos (CEPRO), promoveu, no dia 30 de outubro, uma caminhada da saúde destinada a seus funcionários e colaboradores. O movimento, realizado da Praça Arariboia até o restaurante Tibau em Piratininga, reuniu inúmeros participantes, que receberam dos organizadores do evento todo o suporte técnico: camisa de identificação, água, barra de cereal e orientação sobre os benefícios desta iniciativa. De acordo com o presidente do CEPRO, Heraldo Victer, “a caminhada da saúde foi um sucesso!” Sob a organização geral da enfermeira Juliana Silva e apoio logístico e material do deputado Felipe Peixoto, que na época era vereador, os entusiastas do esporte puderam aprender sobre os benefícios da prática do exercício físico, sobretudo, dos chamados aeróbicos, entre eles, a caminhada. Além de ser benéfica para o organismo, aumentando a capacidade física e aumentando a oxigenação sanguínea dos órgãos do praticante, ela também melhora consideravelmente o trabalho cardíaco. Revista AMF Thales Barbosa Pinheiro** Num parque antigo e mal cuidado os três conversavam bem baixinho, comentando coisas do passado: uma árvore, um pássaro e um velhinho. Disse a árvore: “Já fui tronco vigoroso, fui amada e tive amor. Já dei sombra e dei frutos, tive pássaros nos ramos, tive flor. Hoje, árvore morta, ninguém me quer, não sou abrigo e não sou porta, como outrora, por onde entrava um riso de mulher. Aqui estou, sem folhas, ressequida, sem frutos, sem flores e sem vida.” E disse o pássaro: “Já fui jovem também. O céu foi meu caminho, a quadra azul dos meus folguedos. Num galho teu, um dia construí meu ninho e vivia a cantar pelos vargedos, às matas, ao sol, à primavera! Como doce era a vida! Como era! Agora, pássaro tristonho, vivo aqui, sozinho com meu pranto, infeliz e desprezado, já não canto!” E, por fim, disse o velhinho: “Sob tua copa, ó árvore amiga, eu me escondi da tempestade. Ouvi a música do ninho e o trinar do passarinho. Tive consciência do dever cumprido: fui bom filho, bom pai e bom marido”. E o velho, olhando ao longe, olhando o nada, cabeça baixa, terminou chorando: “Mais chocante do que tu, árvore morta, mais triste que pássaro sem canto, mais terrível que criança abandonada, é o velho esquecido num asilo! Sem rumo e sem norte, vagando por aí, fui conduzido a este lar abençoado que me acolheu. Vem ver-me! Vem falar ao velhinho tão tristonho, sem esperança e sem sonho! Dizem que, lá fora, é belo o dia! Deixa que um pouco de alegria me conforte o coração. Pelo menos um sorriso, um aperto de mão! Volve para este lar os olhos teus! Deposita o teu amor, o teu carinho! E receberás em dobro! Pois aqui, meu amigo, é o Banco de Deus!” * Do livro “90 poesias”. ** O autor escreveu este poema aos 74 anos, em 1985, em homenagem ao Abrigo São Vicente de Paula, em Palma – MG, onde, como médico, prestava assistência. Hoje está com 99 anos. Set/Dez-10 Jul/Set-09 - 39 torneio de tênis Ruth e Bianca Stamato (Pinheiro Pereira) Antonio Américo e Mauricio Veloso A Luiz Abelardo, Antonio Américo e Glauco Barbieri 12ª edição do Aberto de Tênis da AMF contou com a participação de mais de 100 médicos, de diversas especialidades. Os tenistas se enfrentaram nas quadras da Academia Total Tennis, em Pendotiba, de 15 de outubro a 07 de novembro, nas categorias Iniciante, Intermediária, Avançada, Máster, Feminina e Duplas. Para sorteio das chaves a AMF promoveu um churrasco, em sua sede, com o apoio do Laboratório Boehriger. Na ocasião, quando grande parte dos inscritos estavam presentes, os adversários foram definidos sob a supervisão do Árbitro Geral, Everton. Também prestigiaram o evento, o colunista da mídia especializada no esporte, Murilo Gomes, do jornal O Fluminense. Os jogos foram disputados de sexta a domingo, por três semanas consecutivas. No último domingo, 40 - Set/Dez-10 Jan/Mar-09 após a disputa das finais, um grande churrasco foi oferecido (realizado pelo Carne e Carvão) para a confraternização dos médicos e seus familiares. Foram sorteadas raquetes de tênis, raqueteiras (Otávio Tênis) e uma pasMaurício Veloso e Alkamir Issa Revista Revista AMF AMF Emanuel Decnop e Gilberto Garrido Neil Machado e Jackson Galeno Carlos Murilo e Mauro Cherman sagem Rio x NY x Rio, da American Airlines. A edição deste ano contou com a organização de Pedro Affonso Mainier da agência BLOOM e da Comissão desportista da AMF (Glauco Barbieri, Carlos Murilo, Jackson Galeno e Luis Abelardo). A empresa atuou em todos os momentos do torneio, desde a captação de recursos até a organização da festa de encerramento do torneio. O objetivo da contratação foi criar um ambiente mais profissional, mas nunca esquecendo que se trata de um torneio de confraternização para reunir a classe médica. Não podemos deixar de ressaltar a importância dos nossos parceiros que, a cada ano, tornam este evento possível. Em 2010, além dos habituais parceiros (Hospital de Olhos de Niterói, Med Imagem, DASA, Pinheiro Pereira, Unimed, American Air Lines e Gatorade), conseguimos novas e importantes empresas, a Rede Tamoio e o CHL. Prêmio: Passagem American Airlines (Rio x NY x Rio) – Antonio Américo Categorias: Feminino: Campeã: Rebecca Soares Vice-Campeã: Ruth Silberman Master: Campeão: Antonio Américo Vice-Campeão: Maurício Velloso Iniciante: Campeão: Emanuel Júnior Vice-Campeão: David França Intermediário: Campeão: Laurinei Cunha Vice Campeão: Mauro Massa Avançado: Campeão: Luiz Alberto Vice Campeão: Guilherme Peralta Dupla Iniciante: Campeões: Ruth Silberman e Rebecca Soares Vice-Campeões: Edgard Porto e Hamilton Filho Dupla Intermediário: Campeões: Mauro Massa e Laurinei Cunha Vice-Campeões: Cláudio Ortega e Ricardo Rangel Dupla Avançado: Campeões: Guilherme Peralta e André Carpi Vice-Campeões: Luiz Alberto e Antonio Américo Revista AMF Mauro Barros e Emanuel Decnop Gustavo Patrão (repres. Hospital de Olhos) e Laurinei Cunha Set/Dez-10 - 41 opinião Por que sou sócio da AMF? Sou médico, Oncologista, Clínico, formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, em 1970. Há quinze anos, abri minha clínica de oncologia, em Icaraí, na Miguel de Frias, e, há quatro anos, me mudei para o Bairro de São Francisco, transformando uma bela residência em uma clínica de oncologia e hematologia num ambiente onde mistura tecnologia, medicina e humanização. Nesta trajetória, fui incentivado por uma funcionária a me aproximar da AMF, através do patrocínio da festa em comemoração ao dia do médico, que a associação promove todo ano com grande alegria e competência. Na época, relutei um pouco em aceitar a ideia porque não tinha noção da grandiosidade do evento e nem da importância da entidade. Após a festa, percebi o quanto a AMF aproxima a classe, tanto no âmbito profissional quanto no social. Após este primeiro relacionamento com a AMF, comecei a observar suas atividades com outros olhos e perceber que fazendo parte da classe médica de Niterói é essencial ser afiliado à casa do médico. Sendo assim, resolvi me tornar um membro desta casa. Desde então, já participei de diversos eventos, científicos e sociais, dentre reuniões de interesse geral da classe, clube da mama, festas e teatro. Neste caminho tive a alegria de reencontrar amigos que frequentam a casa e me aproximar de duas pessoas muito especiais, Dr. Alkamir e Dr. Glauco. Pessoas que nos representam no nosso Conselho Regional com muita dignidade e aos quais parabenizo pela garra e determinação de fazer a AMF se tornar o que ela é hoje, a Casa do Médico de Niterói. Agradeço ao incentivo de me tornar sócio e, principalmente, pelo carinho que fui recebido nesta casa. Desejo que toda a classe médica de Niterói venha a ter, em algum momento, este incentivo e com isso entender que a união faz a força. Mixel Tenenbaum Tornei-me sócia da AMF há dois anos. Confesso que nunca tinha parado para pensar sobre a utilidade da AMF e sua relevância. Andava sempre com pressa, pensando no trabalho de maneira individualista e não na classe médica. Então num momento de confraternização super gostoso (campeonato de tênis anual), que participo desde o início, há 12 anos, pude perceber a importância da AMF como fator aglutinador desta união de médicos. Esta mesma associação que investiu num espaço cultural tão importante para a cidade de Niterói, que é o teatro da AMF, me faz sentir orgulho em ser médica. Tem um patrimônio maravilhoso com sua sede em local nobre de Icaraí, fazendo tudo isto para valorização da classe médica, cuja banalização e desrespeito vem aumentando muito ultimamente. Por esses e outros motivos, a Associação Médica Fluminense merece o nosso reconhecimento e apoio para que cresçamos fortes e coesos. É fundamental que a classe médica seja unida e ter uma associação forte é o primeiro passo para isto. O apoio à associação, através da representatividade dos colegas, permite que nossas reivindicações sejam atendidas. É através da associação que poderemos ter alguém que nos ofereça momentos de prazer, lazer, comunhão, cursos de educação médica continuada e cursos de utilidade pública. Alguém que cuide de nós, para que possamos trabalhar em paz e cuidar dos outros. Rebecca do Monte Lima Aitken Soares 42 - Set/Dez-10 Revista AMF enofilia Vinho & Bem-Estar Geografia do vinho Espanha Por: Dra. Valéria Patrocínio Regiões Espanha possui as seguintes regiões vinícolas: Andalucia Castilla Y León Cataluña Costa Valenciana - Murcia Extremadura Galícia Ilhas Atlânticas Ilhas Mediterrâneas La Mancha - Madrid Norte Central O País A Espanha é o país com a maior área de vinhedos do mundo. Ocupando mais de 80% da Península Ibérica, seu território possui diversos microclimas, conforme sua constituição geográfica e suas diferentes relações com o Oceano Atlântico, o Mar Mediterrâneo, a França e Portugal. Podemos agrupar as localidades produtoras de vinhos em regiões, segundo suas características geográficas e climáticas, constituindo setores que compartilham condições similares para a produção de vinhos. Os vinhos espanhóis estão classificados em três níveis de qualidade, a saber: 1. Vino de mesa - vinho inferior, cuja produção pode ser feita em qualquer região do país, e que não se enquadra na categoria Denominación de Origen (D.O.). 2. Vino de la Tierra - vinho de mesa um pouco mais diferenciado, produzido em região vinícola tradicional do país (Andalucía, Castilla-La Mancha, etc.), e que não se enquadra na categoria D.O. 3. Vino de Denominación de Origen (D.O.) - vinho de qualidade, produzido em região delimitada e sujeito a severas regras que regulam as características do solo, os tipos de uvas utilizadas, o método de vinificação, o teor alcoólico, o tempo de envelhecimento, etc. equivale a AOC francesa e à DOC italiana. 46 - Set/Dez-09 Outras categorias Existem categorias baseadas no tempo de envelhecimento dos vinhos que foram utilizadas, inicialmente, pela região de Rioja, e são adotadas na maioria das D.O.s, a saber: • Vino joven ou Vino Sin Crianza ou Vino del Año - Vinho jovem, um pouco envelhecido, mas não o suficiente para ser considerado “crianza”. • Vino de Crianza - Vinho (tinto, branco ou rosé) de melhor qualidade, envelhecido pelo tempo mínimo de 2 anos, dos quais pelo menos 12 meses em barril de carvalho para os vinhos tintos e 6 meses em barril de carvalho para os brancos e rosados. • Vino Reserva - Vinho superior feito nas melhores safras. Os tintos devem ser envelhecidos pelo tempo mínimo de 3 anos, dos quais pelo menos 1 ano em barril de carvalho, enquanto os brancos e rosés podem envelhecer apenas 2 anos, dos quais 6 meses em carvalho. • Vino Gran Reserva - Vinho superior feito nas safras excepcionais. Os tintos devem envelhecer pelo tempo mínimo de 5 anos, dos quais pelo menos 2 anos em barril de carvalho. Os vinhos brancos e rosés podem envelhecer apenas 4 anos, dos quais 6 meses em carvalho. www.academiadovinho.com.br http://www.e-vinho.com.br Revista AMF Dica de leitura 1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer JOHNSON , HUGH; Beckett, Neil Entre os milhares de grandes vinhos disponíveis no mercado, quais eu deveria experimentar pelo menos um vez na vida? Este livro é a garantia de que você irá encontrar uma ótima resposta para essa e outras perguntas. Reunindo 1001 resenhas sobre os mais notáveis vinhos produzidos em todas as regiões do mundo, ele leva você além da descrição das sensações da desgustação e apresenta a história e as curiosidades escondidas por trás dos rótulos. Vinho sugerido Campillo Gran Reserva tinto Denominación de Origen Calificada Rioja (Espanha) Uva: Tempranillo Grau Alcoólico: 13 %. Vol. 2008 VINUM LAUGARICIO. Eslovaquia - Medalha de Prata 2008 TEMPRANILLOS DE ORO. París (Francia) - Tempranillo de Oro Gastronomia Recomendado com carnes vermelhas suavemente temperadas, caça menor (perdiz) e caça maior (javali). Um vinho poderoso, harmonizado e equilibrado terá sua melhor companhia com receitas clássicas temperadas com ervas aromáticas. Revista AMF Set/Dez-09 - 47 cultura Wellington Bruno, cardiologista e diretor científico da AMF Livro: “As cariocas” Autor: Sérgio Porto Editora: Agir A primeira vez que li uma crônica de Stanislaw Ponte Preta num livro didático do quinto ano ginasial, ora chamado fundamental, fiquei encantado com o que um escritor inspirado podia fazer com palavras e frases organizadas para contar uma história ou estória- de acordo com as preferências de cada um. Era aquela da velhinha que durante anos passava pela fronteira com uma lambreta e o fiscal da alfândega nunca descobria o que ela contrabandeava apesar das inúmeras revistas. Até que o fiscal estava para se aposentar e ele a implorou que ela revelasse seu segredo, deixando a todos nós- o guarda e a nós leitores- perplexos quando ela revela que eram as lambretas. Então, o professor da época nos disse que Stanislaw Ponte Preta era o pseudônimo de Sérgio Porto (1923-1968). Desde então, eu me tornei seu fã (ou de seu pseudônimo). Anos depois eu descobri este livro “As cariocas”, de 1967, reeditado pela Editora Agir em 2006. Era sua estreia como novelista naquele ano, com prefácio de Jorge Amado para a primeira edição e de Aldir Blanc para esta última. Uma turma talentosa da Rede Globo de Televisão também vem transpondo para a tela “As cariocas”, numa versão Revista AMF atualizada. “A grã-fina de Copacabana” virou“A emergente de Ipanema”e surgiu até uma “A internauta da Mangueira”, quando, na verdade, o autor morreu antes do advento desta maravilha da comunicação. Mas a turma trabalha com tal maestria que parece que Sérgio Porto foi ressuscitado através da extensão de sua obra. Sérgio Porto foi uma figura muito admirada em seu meio artístico, como também o foi pelas mulheres e por seus fãs. Com certeza, um legítimo carioca que soube deitar ao papel a alma carioca, e por que não a brasileira, com humor e empatia. Guardado certo exagero de elogios de Jorge Amado em seu prefácio à primeira edição de “As cariocas”, quando ele o compara a Machado de Assis, Lima Barreto, Marques Rebelo e Miécio Táti como novo novelista da vida carioca nas letras, Sérgio Porto conseguia contar histórias divertidas com seu estilo engraçado. Provavelmente, não muito diferente de como ele devia contá-las verbalmente no seu quotidiano. (Aliás, exageros de elogios e de premiação também ocorrem nos nossos dias como no caso de Chico Buarque nas letras. E ai de quem for contra!) Frases como “sua última esperança para trocar de estado civil”, referindo-se à solteirona que se decepciona com um possível candidato ao matrimônio são típicas deste carioca de bom humor no relato de seus casos da gente do Rio de Janeiro. São impagáveis! Mas eu ainda prefiro o Stanislaw Ponte Preta de “Primo Altamirando e elas”, “Rosamundo e os outros” e “Tia Zulmira e eu”. E também “A Revista do Lalau”, todas editadas pela Editora Agir,onde se incluem “As Certinhas do Lalau”e seus conhecimentos sobre “mulherologia”e Jazz. Ótimos livros para se curtir nas férias e afastar o estresse dos nossos dias de trabalho, pois humor e leitura fazem bem à saúde de todas as pessoas. Relaxe, e até a próxima (leitura)! Abr/Jun-09 Set/Dez-10 - 49