Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento XI MOSTRA NACIONAL DE TRABALHOS DA QUALIDADE NO PODER JUDICIÁRIO APRESENTAÇÃO Identificação do Órgão: Tribunal de Justiça de Sergipe Unidades: Presidência do TJSE: ([email protected]) Secretaria de Planejamento e Administração ([email protected]) Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento ([email protected]) Nome do Trabalho: Reunião de Análise Estratégica: a ferramenta de gestão que virou referência Equipe: Erick Silva de Andrade ([email protected]) Fabrizio Pereira Dantas Silvestre ([email protected]) Delimitação do Tema: Estre trabalho tem por objetivo discutir a implantação e consolidação da Reunião de Análise da Estratégia como ferramenta de gestão que se transformou em referencial para o Tribunal de Justiça e outras instituições a nível nacional. Objetivos e metas: O presente trabalho visa apresentar a estrutura e dinâmica da gestão estratégica, posicionando a Reunião de Análise da Estratégia como instrumento para o monitoramento do planejamento estratégico e de sua execução. Objetivamos contextualizar a Reunião de Análise Estratégica, discutir sobre sua composição, oportunidade e suas atribuições dentro da administração do Tribunal. 1. Introdução Muito se fala em Planejamento Estratégico (PE), e nas organizações de maneira geral ainda se pode encontrar uma série de interpretações em relação a esta ferramenta da administração, que se tornou o foco de atenção da alta administração das organizações. Ela volta-se para as medidas positivas que uma empresa deverá tomar para enfrentar ameaças e aproveitar as oportunidades encontradas em seu ambiente externo, bem como corrigir as fraquezas e reforçar as forças de seu ambiente interno. Empresas de todos os tipos estão chegando à conclusão de que essa atenção sistemática à estratégia é uma atividade muito proveitosa. Empresas pequenas, médias e grandes, distribuidores e fabricantes, bancos e instituições sem finalidade de lucro, privadas e públicas enfim, todos os tipos de organizações devem decidir os rumos 1 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento que sejam mais adequados aos seus interesses. As razões dessa atenção crescente à estratégia empresarial são muitas, algumas mais evidentes que outras. Dentre as causas mais importantes do crescimento recente do Planejamento Estratégico, pode-se citar que os ambientes de praticamente todas as empresas mudam com surpreendente rapidez. Essas mudanças ocorrem nos ambientes econômico, social, tecnológico e político. A empresa somente poderá crescer e progredir se conseguir ajustar-se à conjuntura e, principalmente, à crescente demanda social, para o caso das organizações públicas e o Planejamento Estratégico é um modelo gerencial comprovado para que tais ajustes sejam feitos com inteligência. Trata-se de um instrumento mais flexível que o conhecido Planejamento a Longo Prazo. Um elemento-chave da estratégia é a seleção de apenas algumas características e medidas a serem consideradas. É um instrumento que força, ou pelo menos estimula, os gestores a pensar em termos do que é importante ou relativamente importante, e também a se concentrar sobre assuntos de relevância. O mais importante na utilização do Planejamento Estratégico é a necessidade do seu estreito vínculo com a administração estratégica nas organizações. Não se pode tratar isoladamente o planejamento estratégico sem avançar para a gestão estratégica, contribuindo-se assim de forma mais eficaz na obtenção dos resultados desejados e planejados da organização. 2. Contextos e conceitos da gestão estratégica 2.1. O que é planejamento estratégico? Com a mudança constante dos cenários econômicos no mundo, inclusive no Brasil, surgem alguns fatores negativos sobre os quais deverá se concentrar a atenção dos gestores. Questões como reduzido crescimento econômico, e consequente limitação orçamentária, globalização, regulamentação governamental, crescimento acentuado das demandas sociais, escassez de alguns recursos, protecionismo internacional deverão alertar as organizações para a utilização de inteligência estratégica. No Brasil, apesar de muitas empresas já estarem utilizando a metodologia do Planejamento Estratégico, ainda pairam dúvidas sobre o que realmente este vem a ser e como deve ser formulado. A maior dúvida diz respeito a uma acentuada tendência para a utilização dos termos “Planejamento Estratégico” e “Planejamento a Longo Prazo”, por exemplo, como se fossem sinônimos. Segundo Igor ANSOFF (1990), tem aumentado o número de empresas que utiliza o verdadeiro Planejamento Estratégico, sendo que algumas organizações continuam empregando as antiquadas técnicas do Planejamento a Longo Prazo, que se baseiam em extrapolação das situações passadas. 2 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento A metodologia do Planejamento a Longo Prazo foi desenvolvida nos Estados Unidos na década de 50, com profunda influência da tecnologia de planejamento dos países com economia planejada a longo prazo. Em conseqüência disso, na opinião de Marvin BOWER (1966), os planos a longo prazo tornaram-se projeções de lucro (para dez anos ou mais) sem muita utilidade, representados por uma enorme quantidade de papel e uma limitada quantidade de pensamento estratégico. Tais planos não permitem antever a realidade ambiental futura. Na metade dos anos 60, foi introduzida a metodologia do Planejamento Estratégico mediante proposições do prof. Igor Ansoff, dos pesquisadores do Stanford Research Institute e dos consultores da McKinsey Consulting Co. (TAYLOR, 1975). Philip KOTLER (1975), um dos defensores da sua utilização, propõe o seguinte conceito: “O Planejamento Estratégico é uma metodologia gerencial que permite se estabelecer a direção a ser seguida pela Organização, visando maior grau de interação com o ambiente”. A direção engloba os seguintes itens: âmbito de atuação, macropolíticas, políticas funcionais, filosofia de atuação, macroestratégia, estratégias funcionais, macroobjetivos, objetivos funcionais. Os Planejamentos estratégicos devem ser materializados em um documento chamado Plano Estratégico. Existem dúvidas, também, sobre as diferenças entre Planos Estratégicos, Táticos e Operacionais. Russell ACKOFF (1966) esclarece que o Plano Estratégico é pertinente à organização como um todo, enquanto os Planos Táticos estão relacionados com as diversas áreas da organização. Por exemplo, um Plano Financeiro e um Plano de Marketing são Planos Táticos. Para operacionalizar os Planos Táticos, são preparados os Planos Operacionais, que orientam a alocação de recursos para cada parte dos Planos Táticos. 2.2. O conceito de gestão estratégica O estudo da Administração Estratégica teve sua forma definida pela primeira vez após a Fundação Ford e a Carnegie Corporation patrocinarem, nos anos 50, a pesquisa no currículo das escolas de negócios. Um resumo dessa pesquisa, chamada de relatório Gordon-Howell, recomendou que o ensino de negócios tivesse uma natureza mais ampla e incluísse um curso de capacitação em uma área chamada de política de negócios (GORDON e HOWELL, 1959). Tal curso deveria ter características muito distintas. Em vez de apresentar aos estudantes problemas de negócios para análise em áreas específicas, tais como marketing ou finanças, enfatizaria o desenvolvimento de conhecimentos na identificação, análise e solução de problemas do mundo real em amplas e importantes áreas de negócios. Assim, daria aos estudantes a oportunidade de exercitar qualidades de julgamento que não são explicitamente exigidas em qualquer outro curso. O relatório também recomendou que o novo curso de política se concentrasse em integrar o conhecimento já adquirido em outros cursos e promovesse o desenvolvimento das habilidades dos estudantes usando aquele conhecimento. 3 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento O relatório Gordon-Howell conseguiu ampla aceitação. Por volta dos anos 70, o curso fazia parte do currículo de muitas escolas de negócios. Entretanto, com o passar do tempo, o enfoque inicial do curso foi ampliado, incluindo a consideração da organização global e seu ambiente. Por exemplo, a responsabilidade social e ética, bem como o impacto potencial de fatores políticos, legislativos e econômicos sobre o êxito na operação de uma organização tornaram-se assuntos de interesse. Essa ênfase mais recente e mais ampla induziu os líderes da área a mudarem o nome do curso de Política de Negócios para Administração Estratégica (LEONTIADES, 1982). O conceito de Administração Estratégica tem evoluído e continuará a evoluir (GINTER e WHITE, 1982). Como resultado, é perceptível a falta de consenso sobre o significado preciso do termo (ANSOFF, 1993). Uma organização pode obter vários benefícios praticando de forma correta a administração estratégica. Talvez o mais importante seja a tendência de tais organizações aumentarem seus níveis de eficiência, eficácia e efetividade, Como exemplo, embora estudos anteriores tenham concluído que o aumento da lucratividade normalmente não acompanha a aplicação da administração estratégica, um significativo número de pesquisas recentes sugere que um eficiente e efetivo sistema de administração estratégica pode aumentá-la. “Tenho observado que empresas que implantaram a Gestão Estratégica passaram a ter muitos benefícios reais, como a formulação clara da visão e da missão da organização, consensual e compartilhada pela alta direção, pela média gerência e por todos os profissionais; a explicitação dos princípios e valores da empresa, facilitando o envolvimento e o comprometimento de todos os colaboradores; clareza quanto às grandes estratégias, resultando no maior alinhamento da alta e média gerência; conhecimento das lacunas internas de capacitação que estão a exigir ações imediatas para não comprometerem os resultados assumidos. Também são benefícios o conjunto estruturado de planos de ação, com cronogramas rígidos, articulados de forma a representarem os esforços e investimentos necessários para o aumento da competitividade e para crescimento ou expansão no mercado; revisão cuidadosa e isenta dos segmentos de mercado atuais da organização, principalmente dos mais antigos, visando reestruturações do portfólio de produtos e serviços da empresa.” Eliezer Arantes da Costa 3. O sistema de acompanhamento da estratégia Estatisticamente, muitos planejamentos estratégicos falham por falta de um acompanhamento efetivo de seus resultados, daí a importância de um sistema de acompanhamento que garanta a perenização do processo de implantação da gestão estratégica. O Sistema de Acompanhamento da Estratégia se desenvolve paralelamente ao Sistema de execução da Estratégia e caracteriza-se principalmente pela integração da gestão (alta direção) com a estratégia (Comitê Gestor), através do conhecimento e 4 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento aprovação (o compromisso) pela alta direção das deliberações das Reuniões de Análise Estratégica – RAE, para a adoção das ações corretivas em relação aos resultados porventura não alcançados das metas estratégicas, entre outras atribuições. Ou seja, se garante aí, de fato, um dos principais benefícios de um plano estratégico: a continuidade dos grandes projetos estratégicos através principalmente de um processo de integração interno (entre as áreas) e externo (entre os órgãos, Poderes, instituições, etc.) e do acompanhamento atento e eficaz da execução da estratégia. 3.1 O comitê gestor do planejamento estratégico O Comitê Gestor do Planejamento Estratégico, por exemplo, o do Poder Judiciário do Estado de Sergipe é órgão consultivo, responsável pela análise crítica do sistema de gestão estratégica, etapa de checagem do ciclo PDCA, constituído de: I - um desembargador escolhido pelo Presidente do Tribunal de Justiça; II - um juiz auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça, escolhido pelo Presidente do Tribunal; III - um juiz auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça, indicado pelo Corregedor-Geral; IV - um juiz indicado pelo Diretor da Escola Superior da Magistratura do Estado de Sergipe, após aprovação do nome pelo seu Conselho Administrativo e Pedagógico; V - dois servidores efetivos do Poder Judiciário, escolhidos pela Presidência do Tribunal de Justiça. Figura 1: Reunião de Análise Estratégica realizada a cada 3 meses Fonte: Tribunal de Justiça de Sergipe A reunião conta com a participação dos membros do Comitê Gestor e os Gerenciadores dos projetos estratégicos do Tribunal. É importante a presença do Diretor de Planejamento e do Diretor de Modernização, além dos gestores das áreas de 5 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento finanças, orçamento e obras. Esses gestores podem apresentar resultados e contribuir para que o Comitê Gestor tenha a clara medição do impacto de suas decisões nas mais diversas áreas e setores do Tribunal de Justiça. Os membros do Comitê têm mandato de dois anos, permitida uma recondução, e serão substituídos, quando necessário no curso do mandato. É presidido por um desembargador, que assume o Comitê em períodos não coincidentes (intercalado) ao do Presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, como forma de proteção à execução das iniciativas estratégicas e cujas deliberações são tomadas por maioria, com voto de qualidade do presidente em caso de empate. São atribuições do Comitê Gestor: I - acompanhar a execução do Plano Estratégico; II - requisitar informações aos responsáveis pelos projetos estratégicos; III - avaliar relatórios emitidos pelo órgão de gestão estratégica; IV - reunir-se trimestralmente para realizar análise estratégica; V - avaliar os resultados do planejamento estratégico; VI - sugerir alterações de diretrizes e estratégias contidas no Plano Estratégico, para alcançar os objetivos propostos; VII - emitir parecer com a finalidade de subsidiar decisões estratégicas do Tribunal Pleno, do Presidente do Tribunal de Justiça, do Corregedor-Geral da Justiça ou do Diretor da Escola Superior da Magistratura. Os membros do Comitê, segundo a Resolução 22/2009 do TJSE, são designados pelo Presidente do TJSE, que o fez, através dos Atos 59 e 260 de 2010. O Comitê Gestor do Planejamento Estratégico, por sua vez, recebe suporte e informações de estruturas administrativas, através de seus escritórios de gestão estratégica e de projetos, para o pleno desenvolvimento de suas atividades, principalmente para a realização da RAE – Reunião de Análise Estratégica – que acontece, para atender a uma meta estratégica, a cada 03 (três) meses, e também da RLA – Reunião de Líderes Avançados – que acontece posteriormente à cada RAE. 3.2 A alta administração (a liderança) A alta administração é responsável pelas ações corretivas do sistema de acompanhamento da gestão estratégica do TJSE, devendo ser representada no Comitê Gestor do Planejamento Estratégico. De acordo com Kaplan e Norton (2008, p.21) “de fato, a liderança é tão importante para o sistema de gestão estratégica que a consideramos ao mesmo tempo necessária e suficiente. Afirmamos tratar-se de condição necessária com base em nossa experiência com mais de uma centena de empresas em todo o mundo que se tornaram membros do Balanced Scorecard Hall of Fame.” 6 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento Após cada RAE, as decisões são chanceladas pela Alta Administração, através da assinatura da Ata da reunião, onde constam as decisões tomadas pelo Comitê Gestor em relação aos programas e projetos estratégicos analisados na reunião, além de outras deliberações. Dessa forma, como a alta administração está representada no Comitê, está feito o “link” entre a estratégia e a execução, uma vez que a alta administração é o maior “patrocinador” da gestão estratégica e o gestor da instituição. 3.3 A reunião de análise de estratégia - RAE Depois do desenvolvimento dos planos estratégicos, a instituição parte para a execução da estratégia: produção e entrega de produtos e serviços aos clientes, implementação de iniciativas, melhoria dos processos internos e recursos (estrutura) assegurada. Ela já iniciou a trajetória em busca de metas de desempenho ousadas para os próximos anos. Porém, como o controle da missão depois que se lança a espaçonave rumo a algum ponto distante do universo, a instituição precisa monitorar e ajustar constantemente seu desempenho para alcançar os seus objetivos estratégicos. Figura 2: Ciclo de Gestão Estratégica Os gestores orientam a organização por meio de um conjunto estruturado de reuniões. O propósito é avaliar a estratégia, ajustando-a e modificando-a, conforme as necessidades. Essas reuniões, compõem os estágios de feedback e de controle de sistema gerencial. No dialeto da qualidade total, as várias reuniões gerenciais são os componentes verificar e agir (do ciclo planejar-fazer-verificar-agir) do processo de execução da estratégia. As reuniões de análise da estratégia examinam os indicadores e iniciativas do Balanced Scorecard da instituição, para verificar o progresso, as barreiras e os riscos referentes à implementação bem-sucedida da estratégia. Essas reuniões analisam se a estratégia está funcionando e se suas premissas fundamentais continuam 7 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento válidas à luz de dados recentes sobre os indicadores estratégicos. Os participantes dessa reunião também analisam as mudanças no ambiente externo e consideram novas ideias e oportunidades a serem perseguidas pela empresa. Nas RAE, é proposto inclusão e alterações de projetos estratégicos, o mapa estratégico é analisado pelo Comitê Gestor do Planejamento Estratégico, em função do alcance das metas estratégicas e da execução dos programas e projetos estratégicos. Figura 3: Painel de Bordo, analisado trimestralmente pelo Comitê Gestor Fonte: Tribunal de Justiça de Sergipe A partir desta análise, os objetivos do mapa estratégico são sinalizados em cores: verde para meta 100% alcançada, laranja ou vermelha para meta acima ou abaixo de 80% de alcance, respectivamente. Nessas reuniões, os membros monitoram e discutem o progresso da estratégia. Questões operacionais, a não ser que sejam muito importantes e transfuncionais, não devem ser abordadas nessas reuniões, pois, em condições normais, são temas de operação, mais frequentes e mais funcionais e que não devem ser tratados nesse momento. Os participantes das reuniões de análise da estratégia em geral não discutem a validade da estratégia. As discussões, isto sim, se concentram em se a execução da estratégia está no rumo certo, identificam os entraves à execução bem-sucedida da estratégia, detectam onde as dificuldades na implementação ocorrem, identificam as causas dos problemas, adotam providências, para eliminar esses obstáculos e definem responsabilidades para a consecução dos trabalhos almejados. 3.3.1 Frequência das reuniões de análise da estratégia 8 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento Em geral, as reuniões de análise da estratégia são trimestrais, mas ainda não há consenso a respeito da periodicidade ótima. Porém exigem presença obrigatória e o compromisso de se começar na hora e data marcadas. Algumas instituições promovem reuniões mensais, mais adequadas quando os membros trabalham próximos. No entanto, como a estratégia é um compromisso duradouro, as reuniões trimestrais podem ser adequadas para rever o progresso da estratégia, porque questões estratégicas típicas, como o desenvolvimento de novas competências da força de trabalho, redefinição de processos de trabalho, desenvolvimento de novos serviços ou produtos ou de relacionamentos com os clientes, por exemplo, demoram mais de um mês para gerar resultados mensuráveis. Uma das preocupações quanto à periodicidade trimestral é o fato de, durante os oitenta e nove dias seguintes, a estratégia não ser de interesse imediato da alta administração. Considerando que a cultura gerencial já está dominada pela mentalidade de curto prazo, as instituições devem empenhar-se em destinar com regularidade algum tempo à reflexão sobre questões de longo prazo, referentes à gestão estratégica. As reuniões mensais de análise da estratégia ajudam a desenvolver nova cultura de longo prazo. 3.3.2 Participantes da reunião de análise da estratégia Entre os participantes das reuniões de análise da estratégia devem incluir-se os membros do comitê gestor do planejamento estratégico, composto dos líderes seniors responsáveis pela gestão geral da empresa, pois esse grupo representa todos os públicos da organização e tem autoridade para tomar decisões importantes, além dos gestores de programas ou projetos estratégicos convocados para e reunião, tendo em vista a análise prévia dos indicadores e ações dos projetos, feito pelos escritórios de estratégia e de projetos, que detectaram alguma ineficiência de execução da estratégia que justificasse essas convocações. Outro participante que deve ter assento permanente nessas reuniões deve ser o representante da área de comunicação da instituição, para dar ampla publicidade às decisões da RAE. 3.3.3 Agenda da reunião de análise da estratégia O tempo da reunião não deve ser desperdiçado com a apresentação de relatórios. Em vez disso, seus membros devem debater questões, resolver problemas e propor planos de ação. Dessa maneira, a equipe de liderança executiva é capaz de identificar qualquer questão estratégica que exija atenção imediata, de dedicar algum tempo à análise do desempenho geral da execução da estratégia (painel de bordo) além de concentrar boa parte disponível do tempo a imersões profundas e concentradas em uma das perspectivas do Balanced Scorecard, através da análise dos objetivos estratégicos e suas respectivas iniciativas estratégicas. 3.3.4 Como conduzir a reunião de análise da estratégia 9 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento A importância da promoção da RAE é a conquista do aprendizado e não de acusação, segundo alto executivo da AT&T Canadá: “como reagir aos números reportados é tremendamente importante. No passado, quem relatava número desfavorável ficava sozinho e isolado. Agora, quero pessoas que admitam as discrepâncias e equipes que respondam – Como podemos ajudar? – Nada que aconteça nessa empresa será de responsabilidade exclusiva de um único chefe de unidade de negócio. Se um indicador estiver em zona vermelha (desfavorável), buscamos quem possa influenciar positivamente a situação para que compareça à próxima reunião com um plano de ação. Esse é o um modelo de gestão totalmente novo para a empresa. Estamos compartilhando informações e trabalhando juntos, como equipe, para melhorar as operações e solucionar os problamas. As reuniões de análise ficaram tão interessantes que as pessoas começaram a perguntar-me se poderiam participar. Em breve, todos na sala se mantinham de pé e eu poderia ter vendido ingressos.” O sucesso e efetividade da RAE no alcance dos objetivos estratégicos é o principal divulgador desse modelo, que já foi apresentado e reconhecido como modelo ideal de gestão estratégica por diversas instituições. Abaixo, algumas das importantes instituições que têm o modelo de Gestão Estratégica pautado em Reuniões de Análise de Estratégia como instrumento central de gestão: Figura 4: Instituições que conhecem o modelo de Gestão Estratégica utilizando a RAE Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais e outras instituições, situadas de norte a sul do Brasil, têm conhecido e aprovado esse modelo de gestão. 4 Conclusão Assim, a RAE tornou-se referência de gestão estratégica para muitos órgãos e instituições, pela comprovação de sua eficácia. As reuniões de análise da estratégia e de líderes avançados ajudam a manter a organização na trajetória estratégica certa para 10 Secretaria de Planejamento e Administração Diretoria de Planejamento e Desenvolvimento o alcance de um desempenho revolucionário. As reuniões servem para diferentes propósitos, ocorrem com várias periodicidades e, em geral, envolvem participantes diversos e seguem agendas específicas. Se realizam uma vez por mês ao a cada três meses , com o objetivo de avaliar o desempenho recente da estratégia e fornecer orientação contínua para a sua implementação. Devem ser transfuncionais e envolvem membros do comitê gestor e gestores de programas ou projetos estratégicos. Os participantes executam análise de alto nível da implementação da estratégia, promovem revisão geral da implementação e dos riscos da estratégia e realizam sondagem profunda de um ou mais temas estratégicos ou de uma perspectiva do mapa estratégico. As RAE são hoje o principal instrumento de Gestão Estratégica do Tribunal de Justiça, sendo fundamental para o alcance das metas institucionais e pelo serviço de excelência prestado pelo TJSE. REFERÊNCIAS CERTO, Samuel C, J. Paul Peter. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron Books, 1993. KAPLAN, Robert S. A execução premium; tradução de The execution premium. Rio de Janeiro: Makron Books, 2008. 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