ENTREVISTA Gabriel Souza JUNHO - JULHO / 2015 Pedro Belo Garcia | Agência ALRS Nossa função é liderar a defesa do Governo do Estado nas discussões da Casa, defendendo as políticas de reorganização do Estado e ajustes nas contas públicas para retomada do investimento. A que você credita a sua participação na Executiva Estadual como secretário-geral? O que lhe diferencia para assumir este cargo? A composição da Executiva Estadual é uma média do partido. E o partido está vivendo um processo de renovação interna muito importante. Nesse processo, alguns líderes jovens estão sendo colocados em evidência e a minha presença na secretaria geral é bastante simbólica porque coloca um jovem a frente deste cargo. Da minha parte eu gostaria de incentivar a renovação, preservando a história do partido e os companheiros que contribuem muito, ainda hoje, com o fortalecimento do PMDB – inclusive servindo de exemplo para as novas gerações que estão chegando. Que renovação seria essa? Essa é uma renovação natural. A política é feita de ciclos e estamos no período intermediário de muitos ciclos que estão se encerrando e outros se iniciando. A postura do governador José Ivo Sartori que está fazendo um debate sincero sobre a realidade, por exemplo, é um indicativo de que ele quer renovar o jeito de pensar o Governo do Estado. E isto também deve contagiar o partido, no sentido de renovar seus quadros – preservan- do sua história e valorizando os companheiros de luta. Além disso, temos uma Executiva bastante simbólica, onde o presidente é extremamente experiente, um dos homens públicos mais qualificados do Brasil, e ao mesmo tempo um secretário-geral deputado de primeiro mandato e ex-presidente da juventude do partido, ou seja, uma Executiva que mostra o momento do PMDB: estamos no intermédio de ciclos que estão iniciando e encerrando. E esse é um momento muito rico para o PMDB e que poderá representar o fortalecimento partidário nas próximas eleições. Como secretário-geral, a organização das convenções municipais passa pelas suas mãos. Quais são os próximos passos? O partido tem a meta de ter diretório municipal organizado em 100% dos municípios gaúchos. Esses diretórios terão uma tarefa extremamente importante: conduzir, em seus municípios, o PMDB à vitória nas eleições municipais de 2016. Para isso, acatamos a orientação do diretório nacional de realizarmos, de forma simultânea, as Convenções Municipais em todo o Estado no dia 29 de agosto. Com isso, queremos propiciar aos novos diretórios oportunidade e tempo para realizarem novas filiações, que poderão compor as nossas nominatas de vereadores e majoritárias, até a data limite que é 1º de outubro de 2015. E como o senhor encara esse desafio de preparar os diretórios municipais para as próximas eleições? Apesar da vida partidária não ser uma novidade, pois desde os meus 15 anos eu faço isso da minha vida: organizar o partido e a juventude, além de filiar novos companheiros. Gabriel Souza, 31 anos, é o secretário-geral mais jovem da história do PMDB-RS O grande desafio da vez é ajudar na condução do partido, junto com o presidente Ibsen Pinheiro, rumo à vitória nas eleições municipais. De fato esse é um grande desafio. Estar à frente do Governo do Estado traz vantagens, mas também um desgaste natural. Qual deve ser a estratégia utilizada pelo PMDB gaúcho para aumentar a representatividade nas eleições municipais em todo o Estado? Acredito que o PMDB deve ajudar o Governo a se comunicar com a sociedade. Porque o Governo está adotando medidas que são importantes para a reorganização do Estado – ajustando as finanças para retomar o investimento público. Nesse sentido, para o partido absorver a agenda positiva do Governo do Estado, que é isso que vai nos ajudar a ganhar as eleições municipais do ano que vem, é preciso um esforço coletivo para ajudar o Governo a se comunicar com a população. E realizar essa comunicação é uma tarefa mais fácil para o PMDB, através da capilaridade de seus núcleos, movimentos, diretórios, vereadores, prefeitos, vices e todos os militantes – já que eles são a base do partido e os responsáveis por fazer o partido funcionar. Desde os teus 15 anos o senhor milita na Juventude peemedebista, mas a participação dos jovens está cada vez mais escassa. O que você acredita que o partido pode fazer para que eles voltem a se interessar pela política? Primeiro eu quero dizer que eu discordo que as pessoas não gostam de política. Porque política é cuidar da polis, ou seja, cuidar do seu Estado, País, municípios. Isso atinge positiva ou negativamente, de maneira direta, a todos nós. A juventude pode não gostar dos partidos políticos, dos mandatos parlamentares, do método como são feitas as coisas, mas da política? Não. Quer um exemplo? Posta algo sobre um tema polêmico nas redes sociais sobre política e você não vai ter opinião meio termo, é só opinião quente. Ou a pessoa comenta completamente a favor ou completamente contra. Eles têm opinião. O que está errado é que a classe política se afastou da agenda da sociedade. Outro fato importante é que nós E como fazer isso? Atualmente é complicado porque há a resistência da grande mídia em divulgar as agendas positivas da classe política. Porém, hoje existem outros instrumentos para realizar essa divulgação. Vou de novo citar o caso das redes sociais onde você consegue levar a informação com muito mais rapidez e veracidade. É importante dizer que a recíproca é verdadeira, as más e falsas notícias também chegam muito rápido. A classe política precisa se inserir nesse novo contexto do mundo, do país, do estado – que exige uma classe política que custe pouco aos cofres públicos, seja eficiente, qualificada e atenta aos anseios da população. E a participação das mulheres na política? Como incentivar essa participação? As mulheres vão ter um espaço maior nos parlamentos quando tiverem uma participação maior na política. O PMDB tem um movimento feminino forte, tem três mulheres na Executiva Estadual, tem vereadoras e prefeitas atuantes, teve candidaturas a deputadas estaduais e federais que por muito pouco não se elegeram. Então o PMDB é um partido que propicia a participação feminina, cabe as mulheres ocuparem esse espaço. Como você acredita que o PMDB pode contribuir para a garantia e consolidação da democracia no País? O PMDB é o maior partido do Congresso Nacional, é o partido do vice-presidente da PERFIL Gabriel Souza, 31 anos, é médico veterinário, especialista em Gestão Pública e tem como principal base de atuação o Litoral Norte, onde iniciou sua vida política como presidente da JPMDB de Tramandaí. Entre 2005 e 2009 foi presidente da Juventude do PMDB/RS e em 2010 foi eleito presidente da Juventude Nacional do partido. Também foi membro do Conselho Nacional da Juventude e coordenador de Relações Institucionais da Secretaria de Juventude da Presidência da República, em 2011. Depois, atuou como Secretário de Planejamento de Tramandaí até março de 2014. Atualmente, é um dos deputados estaduais mais jovens da Assembleia. República (Michel Temer) e está contribuindo na governabilidade do Brasil. Não é bom para ninguém que o País fique ingovernável e que haja uma crise institucional. Você pode ter crises políticas, que é comum da agenda da democracia, pois ela é justamente o confronto de opiniões e muitas vezes isso vai para um ponto que gera uma crise na política. Agora, a crise institucional pode afetar a governabilidade do País. Nós temos uma chapa em que o vice-presidente é o companheiro Michel Temer, presidente nacional do nosso partido, e na equipe de governo da presidente Dilma existem diversos ministros entre os quais eu destaco o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, por ser o principal articulador político do governo hoje. Isso mostra que o PMDB não é coadjuvante, o PMDB está exercendo o papel de protagonista e esse deve ser o nosso papel. Se outrora ele exerceu um papel que não este, isso sim não estava correto. Tudo isso converge para uma candidatura própria à presidência da República em 2018 como, aliás, já adiantaram e defenderam o ministro Padilha e o vice-presidente Temer e que é o principal anseio da base do PMDB. Eu andei pelo País inteiro como presidente nacional da Juventude e desde sempre ouvi dos companheiros, quase de forma unânime, a vontade expressa de termos um candidato próprio à presidência da República para sermos nós os líde- res maiores de um projeto nacional. Como maior partido do País, sendo governo em diversos estados do país, o que você acha que falta para o PMDB realizar este projeto? O PMDB tem muitos quadros, muita história, um bom debate programático que está sendo feito pela Fundação Ulysses Guimarães (FUG), que, aliás, irá atualizar o programa partidário – uma bandeira que defendi quando estive a frente da Juventude nacional. Esse programa, de 1996, reúne um conjunto de propostas e opiniões que o partido tem sobre diversos temas, como política externa, defesa nacional, soberania, logística, energia, meio ambiente, segurança, políticas sociais, política fiscal, monetária e tantas outras. Porém, de 1996 até 2015 houve uma completa desatualização do programa e eu fico muito animado que haverá, conforme afirmou o presidente nacional da FUG, Moreira Franco, um processo de debate que culminará em um grande congresso onde será apresentado um novo programa partidário. Isso me deixa particularmente entusiasmado porque aproxima o PMDB de uma candidatura nacional. Este programa posiciona politicamente o discurso do partido em relação à agenda da sociedade – a partir de uma média do que pensam os seus militantes. 4-5 Marcelo Bertani | Agência ALRS “O PMDB está exercendo o papel de protagonista” estamos vivendo um tempo em que a juventude tem mais escolaridade que a geração anterior, os pais.E os jovens são os que possuem mais acesso às redes sociais, aos meios de comunicação e a internet. A dinamicidade de informação chega muito mais rápido e fácil nos jovens e eles formam opinião para as outras gerações. Sendo assim é preciso fazer com que a juventude se envolva com a política, porque senão nós vamos ter uma classe política num futuro de médio prazo muito mais desqualificada do que hoje. E corremos o risco de termos manifestações pedindo o fim dos partidos, o fim do Congresso e na verdade isso não resolve, só piora. A primeira coisa que qualquer ditadura faz, seja de direita ou de esquerda, é terminar com o Parlamento – que é onde se debate, se discute, se dá o contraponto, se representa as maiorias e as minorias. Então uma crise institucional é muito perigosa porque atenta contra a democracia. De maneira que, na minha opinião, o PMDB como maior partido e com uma juventude muito grande tem também esse papel de envolver os jovens na política para qualificá-la e trazê-la para perto da população. Jornal do E qual a tua avaliação dos primeiros seis meses de mandato da bancada na Assembleia Legislativa? A bancada do partido tem cumprido uma função importante na Assembleia Legislativa que é apontar os problemas do Estado deixados por Tarso Genro ao mesmo tempo em que dialoga com a oposição e defende o projeto do Sartori fortalecendo o partido. E este é o nosso papel: liderar a defesa do Governo do Estado nas discussões da Casa, defendendo as políticas de reorganização do Estado, os ajustes nas contas públicas para retomada do investimento, além de apontar e lembrar a oposição dos desmandos feitos pelo governo anterior. Como deputado estadual e secretário-geral do PMDB-RS, qual o seu desejo para o PMDB gaúcho para os próximos anos? Qual o caminho que o partido deve trilhar? Precisamos incentivar a renovação dos quadros, fomentar o trabalho realizado pelos movimentos sociais, se aproximar da população e eleger o maior número de vereadores, prefeitos e vice-prefeitos da sua história. Para isso, as próximas tarefas do partido, dos companheiros, são organizar grandes convenções no dia 29 de agosto, aproveitar as agendas positivas do Governo Sartori e comunicar bem as políticas para colher bons resultados nas eleições do ano que vem.