Bolsa PROBIC - FAPERGS
Ana Paula Ody Batista
Profº. Dr. Rafael José dos Santos (orientador)
Escravismo e herança cultural na representação regional do Nordeste em
Gilberto Freyre: um estudo bibliográfico
SIGLA: Regionalidade
OBJETIVO
Identificar e discutir o papel do elemento africano e
afrodescendente na construção da representação do nordeste
como região cultural no pensamento de Gilberto Freyre.
METODOLOGIA
O Plano de Trabalho vincula-se ao Programa de Pósgraduação em Letras, Cultura e Regionalidade da UCS.
Focaliza o movimento regionalista encabeçado por Gilberto
Freyre, com especial atenção às ideias do pensador
pernambucano acerca das contribuições culturais africanas na
formação da representação simbólica da região Nordeste. Para
isso, a pesquisa se constituiu pela leitura estrutural do corpus da
pesquisa que são as obras Casa Grande & Senzala (Freyre,
1992) e Manifesto Regionalista (Freyre, 1996). Para o
momento da análise, se tornou necessário o recurso à História e
à Antropologia, em particular as referências sobre a questão
racial no Brasil entre a segunda metade do século XIX e início
do XX.
DISCUSSÃO
A ideia de região é de natureza simbólica e se produziu no
Brasil, conforme SANTOS (2011) “antes pela literatura e
crítica literária do que pela Geografia”. No caso do Nordeste,
segundo Albuquerque Júnior (2001), trata-se de uma produção
imagético-discursiva. É a partir dessas considerações que
analisamos os escritos de Freyre sobre o Nordeste, com especial
atenção ao papel que o autor atribui ao elemento negro.
Entre os aspectos analisados ressaltamos a visão de Freyre
sobre a culinário do Nordeste, considerada um fator cultural
hereditário africano no Brasil, delimitando uma determinada
regionalidade. Segundo Freyre: “As negras de tabuleiro e de
quitanda como que guardam maçonicamente segredos que não
transmitem às sinhás brancas (...) os valores culinários do
Nordeste. A significação social e cultural desses valores (...) A
necessidade de serem todos defendidos pela gente do Nordeste
contra a crescente descaracterização da cozinha regional.”
(FREYRE, 1996, p. 51).
CONSIDERAÇÕES FINAIS E RESULTADOS
Ponderando as leituras realizadas nas fontes de pesquisa,
pode-se afirmar que o Nordeste simbólico de Gilberto Freyre é
um Nordeste marcado pela história da escravidão no Brasil. É
açucareiro, praieiro, e de rios pequenos, onde melhor se deu a
mistura através da mestiçagem. Segundo o sociólogo
pernambucano, foi também onde coube ao elemento africano
deixar heranças culturais mais salientes.
Algumas heranças culturais que Freyre atribui ao
elemento africano no Brasil:
1ª Culinária (FREYRE, 1996, pg. 51)
2ª “Amolecimento” do português falado (ex.:
bumbum; papá). (FREYRE, 1992, pg. 215)
3º Mímica na comunicação (FREYRE, 1992, pg.
191)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREYRE, Gilberto. Manifesto Regionalista. 7ª ed. Org. de
Fátima Queiroz e prefácio de Antônio Dimas. Recife: Fundação
Joaquim Nabuco. Massangana, 1996.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. Formação da
família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 28 ed.
RJ: Record, 1992
ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira & Identidade Nacional.
SP: Brasiliense, 2003.
ROMERO, Sílvio. História da Literatura Brasileira Tomo I.
Rio de Janeiro: Imago, 2001.
SANTOS, Rafael José dos. Regionalidade, literatura e
pensamento social. Cenários, Porto Alegre, v. 1, n. 3, 1°
semestre 2011.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas,
instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo:
Companhia das Letras, 1993.
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