UTILIZAÇÃO DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE GEOMETRIA MOLECULAR NO ENSINO MÉDIO Sthefen F. Andrade Da Ronch – [email protected] Universidade de Passo Fundo, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Passo Fundo – Rio Grande do Sul Elisena C. Battistela Maidana – [email protected] Universidade de Passo Fundo, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Passo Fundo – Rio Grande do Sul Alana Neto Zoch – [email protected] Universidade de Passo Fundo, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática Passo Fundo – Rio Grande do Sul Resumo: O ensino de Química é tradicionalmente guiado pelos livros didáticos, onde o professor utiliza práticas pedagógicas baseadas em métodos de transmissão de conteúdos superficiais, fragmentados e descontextualizados. Ao atuar desta maneira, não possibilita aos alunos a significação de cada tema, por isto é necessário que o docente reveja os objetivos relacionados aos conteúdos de química, assim como, ressignifique sua prática. A abordagem dos conceitos que envolvem as estruturas químicas dependem da capacidade de abstração do estudante. Como metodologia para a retomada de conceitos sobre Geometria Molecular, os quais são necessários para uma posterior abordagem sobre Propriedades Físicas em uma turma do 3º ano do Ensino Médio, composta por 23 alunos de uma escola pública localizada em Passo Fundo, região norte do Rio Grande do Sul. Foi realizada uma sequência didática utilizando um simulador computacional, com o objetivo de tornar o trabalho com esses conceitos menos abstrato e mais interativo para o estudante. Através de uma avaliação diagnóstica inicial, observou-se a dificuldade de abstração dos estudantes, o que foi superado em grande parte dos alunos após a utilização do simulador. Em atividade realizada em período posterior, os alunos conseguiram transpor os conceitos abordados para resolver os problemas propostos sobre geometria molecular. A simulação computacional demonstrou ser um recurso didático com muitas possibilidades para o Ensino de Química, principalmente na abordagem de conceitos mais abstratos. Palavras-chave: TICs, estratégias de ensinagem, estruturas químicas. 1 INTRODUÇÃO O ensino de Química é tradicionalmente guiado pelos livros didáticos, onde o professor utiliza práticas pedagógicas instituídas nas décadas de 60, 70 e 80, espelhadas em métodos de transmissão de conteúdos superficiais, fragmentados e descontextualizados, não realizando vinculação com a realidade dos seus estudantes, objetivando a reprodução de saberes estabelecidos (JELVEZ, 2013). Ao conduzir o processo de aprendizagem deste modo desconexo, não possibilita aos alunos a significação de cada tema, e de como a Química pode interagir com o meio e lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida. Com isto, o professor coloca o aluno à margem do processo em que ele deveria ter participação ativa. Com os avanços científicos e tecnológicos que a sociedade vem experimentando, não é admissível que o ensino de ciências esteja desvinculado deste cenário tanto no que tange ao aspecto de sua contextualização, quanto na questão do uso de recursos didáticos inovadores. Bonilla defende que “em mundo submetido ao impacto dos meios de comunicação e da alta tecnologia, a escola se vê desafiada a redefinir seus objetivos e suas práticas pedagógicas” (Bonilla, apud Neto 2007, pg. 27). Ainda na mesma linha, o autor complementa: “...que a escola proponha dinâmicas pedagógicas que não se limitem a transmissão, inserindo nessas dinâmicas as tecnologias de informação e comunicação, de forma a reestruturar a organização curricular fechada e as perspectivas conteudistas que vêm caracterizando-a.” (Bonilla, apud Neto 2008, pg. 262). Atualmente os educandos vivem em um mundo tecnológico e conectado, de acesso universal à internet (a qual chamaremos nesse artigo de rede) e de utilização de equipamentos de mídia. Portanto, a utilização de elementos tecnológicos como ferramentas de aprendizagem no ambiente escolar pode facilitar este processo, uma vez que estes já fazem parte da realidade do educando em diversas outras atividades. Isto posto, faz-se necessário ao docente rever os objetivos relacionados aos conteúdos de química, assim como, resignificar sua prática, ancorando-se em diferentes estratégias de ensino, de modo que o educando, percebendo o sentido dos temas abordados e com os recursos adequados, sinta-se motivado e interessado pelo conhecimento químico. Para Souza “a utilização de recursos computacionais nas aulas de Química representa uma alternativa viável, pois pode contribuir no processo educacional e na tentativa de contextualizar a teoria e a prática” (Souza, apud Silveira, 2013, pg. 134). Segundo Silveira (2013) alguns dos motivos do uso da informática no ensino de química são a melhoria da capacidade de compreensão, a intensificação da aprendizagem visual, o desenvolvimento autodidático, o auxílio na visualização de conteúdos mais abstratos e de experimentos potencialmente perigosos para serem feitos no laboratório. Neste sentido, propõe-se a utilização da informática, através da simulação computacional como recurso didático para se trabalhar tópicos de Geometria Molecular com alunos do 3º ano do Ensino Médio (EM). Torna-se fundamental nesta etapa a compreensão dos conceitos sobre Geometria Molecular, tendo em vista a importância do entendimento das propriedades físicas dos compostos orgânicos. A construção da aprendizagem destes conceitos depende do conhecimento químico sobre polaridade da ligação covalente, polaridade da molécula, interações intermoleculares e, por consequência, Geometria Molecular. A abordagem dos conceitos que envolvem as estruturas químicas depende da capacidade de abstração do estudante, onde se observa, muitas vezes, a dificuldade que os mesmos possuem de realizar representação do modelo dos conceitos que estão sendo trabalhados. Moura cita que: Vários professores relatam que a capacidade de visualização tridimensional não é natural para muitos alunos. Tal fato cria um obstáculo considerável no processo de aprendizagem de estudantes que se apresentam limitados diante dessa necessária habilidade. (Moura, 2010) 2 METODOLOGIA A proposta de trabalho consistiu na aplicação de uma sequência didática sobre Geometria Molecular, através da utilização de um simulador computacional chamado de Forma da Molécula, disponibilizado pelo Departamento de Simulações da Universidade do Colorado (https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/molecule-shapes), um material de apoio e uma apresentação multimídia. Abaixo, a imagem da apresentação multimídia utilizada: Figura 1 - Imagem da Apresentação Multimídia, detalhe para que os alunos utilizem o Simulador Computacional, simulando condições para que se observe a Geometria Molecular. O trabalho foi realizado em uma turma do 3º Ano do EM com o objetivo de revisitar os fundamentos de Estrutura Molecular, os quais foram trabalhados no 1º Ano do EM. Inicialmente, realizou-se uma revisão de conceitos sobre Modelo de Ligações Químicas buscando abordar, principalmente, os Modelos de Ligação Covalente e Iônica. A segunda etapa do trabalho consistiu em realizar uma avaliação diagnóstica para verificar as concepções prévias dos estudantes sobre o assunto, principalmente tendo em vista que esses conceitos já haviam sido abordados previamente. Na atividade realizada, foram indicadas as fórmulas moleculares de algumas substâncias, bem como a representação pela notação de Lewis dos átomos ligantes na molécula. Os alunos deveriam prever, com base nas informações fornecidas, a geometria molecular para cada substância. Na terceira etapa, o professor apresentou aos alunos as possibilidades das formas nas quais os átomos ligantes se combinam com o átomo central, construindo cada molécula através das estruturas de Lewis, em conjunto com o simulador e o material de apoio. O próprio site que disponibiliza o simulador computacional destaca os conteúdos que podem ser abordados a partir da utilização do produto: Moléculas, Modelo de Ligação Covalente, Pares de Elétrons Isolados, Teoria de Repulsão dos Pares Elétrons de Valência (T.R.P.E.V.) e Geometria Molecular. Após a abordagem das possibilidades de Geometria Molecular (Linear, Trigonal, Piramidal e Tetraédrica), os alunos deveriam realizar uma atividade de sistematização, com o intuito de fazer a previsão da Geometria Molecular de algumas moléculas. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Dificuldades dos estudantes na compreensão dos conceitos de Geometria Molecular O trabalho com alguns conteúdos de Química no EM possui um limitador, além do comum desinteresse dos estudantes, a dificuldade de abstração. Como ciência focada no estudo do mundo microscópico, torna-se necessário para seu estudo um mínimo nível de abstração e de representação. As ferramentas comumente utilizadas no trabalho dos conteúdos de Química não auxiliam na superação dessa limitação. O quadro e o livro didático – já utilizados há tantos anos – não conseguem descrever e demonstrar de forma efetiva a orientação espacial das moléculas e, de forma genérica, os modelos da ciência química como um todo. Estas moléculas estas são instrumentos de trabalho e de representação da Química, onde reside a necessidade da familiarização de sua representação pelos estudantes para que possam compreender a linguagem química. 3.2 A utilização de softwares simuladores no Ensino de Química Muitos autores têm discutido sobre o potencial da utilização de simuladores no ensino de Química, principalmente por se caracterizarem como alternativas interativas e lúdicas no processo de ensino aprendizagem conforme defende Moura(2010). As vantagens da utilização dos simuladores vão além. Eles tornam possível a representação dos modelos da ciência em um ambiente virtual ao alcance dos estudantes, tornando o mundo microscópico passível de ser manipulado por ele. Lévy destaca que “através de programas de simulação, os conhecimentos podem ser separados de quem os detém e depois ‘recompostos’, modularizados, multiplicados, difundidos, modificados e mobilizados à vontade” (Lévy, apud Martins, 2013). Os ambientes virtuais possibilitados pelos simuladores podem combinar uma infinita quantidade de variáveis e de possibilidades, as quais não seriam possíveis de serem feitas com a utilização de modelos concretos. Essas possibilidades e, principalmente, essa proximidade e interatividade do estudante e do professor com o modelo aproximam o momento de estudo de uma real aprendizagem em ciências. Além destas vantagens, as tecnologias e as mídias fazem parte da vida e da realidade dos estudantes. Contudo, o que se percebe é que os alunos utilizam os recursos tecnológicos apenas para acesso a redes sociais. Neste sentido, reside uma alternativa para o ensino de Química onde, através do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) relacionadas ao conteúdo químico, o professor demonstra aos estudantes que a educação em ciências tem um sentido de cidadania e vivência como acredita Silveira (2013). No mesmo sentido, Neto exemplifica que “a integração das diferentes tecnologias possibilitou aos alunos o contato com outras linguagens e códigos, motivando-os nas aprendizagens, pois embora o conteúdo explorado nas situações de ensino fossem o mesmo, este adquiriu uma outra dimensão, visto que permitiu diferentes percursos de aprendizagem” (NETO,2008). 3.3 Avaliação A proposta de trabalho iniciou com a avaliação diagnóstica, buscando aferir se os alunos possuíam a competência de representação e compreensão em relação aos conceitos, leis e modelos do tema elencado. De modo geral, conceitos de Estrutura e Geometria Molecular são abordados no 1º ano do EM, por se tratarem de noções básicas necessárias à construção do conhecimento químico e também da linguagem química, porém os estudantes têm evidenciado que uma das dificuldades no aprendizado de Química, está no caráter altamente abstrato de seu estudo. Desta forma, objetivando uma proposta centrada na participação ativa do aluno, adequada ao seu ritmo de aprendizagem, buscou-se, através da avaliação prévia, reconhecer a intensidade de conhecimento e as dificuldades apontadas em relação ao tema abordado. Para isso, levase em consideração o pensamento de Hoffmann ao afirmar que o processo avaliativo “é um método investigativo que prescinde da correção tradicional, impositiva e coercitiva. Pressupõe isso sim, que o professor esteja cada vez mais alerta e se debruce compreensivamente sobre todas as manifestações do educando” (HOFFMANN, 1991). Durante este procedimento observou-se que a maioria dos alunos teve dificuldade, mesmo utilizando o livro didático como apoio, na construção dos modelos propostos. Evidenciou-se, na análise das respostas, que não há compreensão da ideia de repulsão entre os átomos ligantes e os pares de elétrons livres, conforme figura 2 e 3. Figura 2 - Representação da estrutura da molécula de água Figura 3 - Representação da Estrutura da Molécula de metano Como resposta à interpretação das atividades avaliativas dos alunos às questões propostas, se justifica que o docente faça uma retomada dos conceitos de geometria molecular, ampliando e aprofundando os conteúdos propostos para o 1º ano, numa perspectiva de organização curricular estruturada por uma sequência que vai do macroscópico para o microscópico, o qual é representado por modelos. O objetivo é estabelecer uma conexão entre as propriedades das substâncias e seus modelos explicativos. A ideia está presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Tratados dessa forma, os conteúdos ganham flexibilidade e interatividade, deslocando-se do tratamento usual que procura esgotar um a um os diversos “tópicos” da Química, para o tratamento de uma situação-problema, em que os aspectos pertinentes do conhecimento químico, necessários para a compreensão e a tentativa de solução, são evidenciados (Brasil, PCN, p. 34). Comumente, na abordagem dos conceitos de Geometria Molecular, o professor tem a sua disposição, além do quadro, a possibilidade da montagem de modelos físicos através da utilização de material alternativo. Esta tem seu valor, contudo, muitas vezes pode levar a uma não representação da ideia do modelo e, por consequência, acabam criando obstáculos epistemológicos, atrapalhando ao invés de ajudar (Bachelard, 1971), sendo então interessante a utilização de outras ferramentas, como um simulador, na sequência didática. O simulador computacional utilizado permitiu ao professor alterar o número de ligações covalentes que os átomos ligantes fazem com o átomo central, alterar a quantidade de átomos ligantes e a inclusão ou retirada do par de elétrons livres (não ligante) que o átomo central possa possuir. O ambiente virtual simulou ainda os ângulos de ligação e demonstrou os efeitos de repulsão entre os átomos ligantes e pelos pares de elétrons livres, conforme imagem abaixo. Figura 4 - Imagem do Simulador Computacional: no canto superior direito a possibilidade de se alterar o número de ligações covalentes, bem como, a inclusão ou retirada do par de elétrons livres. O simulador foi avaliado tomando como referência algumas premissas descritas por Moura (2010) no desenvolvimento de um simulador computacional: Interface com os Alunos e Identificação da Geometria Molecular. A eles adicionamos como critério de avaliação a Interatividade com o usuário, baseando-se no fato da necessidade que os estudantes possuem de interagirem e manipularem os modelos como forma de auxiliar na compreensão. A interface do simulador é de fácil compreensão, uso e manipulação, sendo possível montar os modelos propostos e visualizar as estruturas em 3D. Ele possibilita manipular, girar e tentar aproximar os átomos ligantes e os pares de elétrons livres, observando assim os efeitos de repulsão que atuam e acabam por estabilizar uma determinada estrutura. Moura (2010) também descreve como ponto importante no simulador a possibilidade de identificação da estrutura molecular, nomeando-a. Na sequência didática proposta, o objetivo era de que os alunos revisitassem esses conceitos para melhor compreensão da ideia de polaridade a ser trabalhada posteriormente. Sendo assim, nesse momento, não era o objetivo fazer com que os estudantes assimilassem os nomes das geometrias assumidas pelas estruturas, mas que compreendessem a orientação espacial que assumem devido aos efeitos que estabilizam. O simulador Forma da molécula demonstrou grande potencial para a interatividade. Através da manipulação e alteração dos modelos, os próprios estudantes relataram não imaginar que o efeito de repulsão significasse “isso”, ao se referir à orientação espacial assumida pela estrutura, conforme fala do aluno B6. O uso do simulador computacional Forma da Molécula mostrou-se bastante atraente para os alunos, onde puderam interagir e demonstraram maior participação e interesse acerca dos temas apresentados. Destacamos a fala do aluno B7: “Me interessei pela aula porque o simulador chamou minha atenção, gostei de ter esse tipo de aula”. De acordo com Vasconcelos (2013), o processo de aprendizagem a partir da construção de simulações utilizando o computador possibilita uma maior compreensão dos conteúdos e contribui para o desenvolvimento cognitivo em geral, além de favorecer uma aprendizagem significativa, conforme a fala do aluno A5: “gostei de todo o conteúdo a molécula no espaço é mais fácil de aprender do que no quadro. E sobre a força de repulsão também não imaginava que era assim” (Figura 5). Observa-se que o uso de ferramentas auxiliares no ensino de química promove uma grande interação dos alunos com os conteúdos e entre eles mesmos. Figura 5 - Detalhe do comentário da aluna A5. Após a aplicação da proposta de trabalho com o uso de simulador, realizou-se a atividade de sistematização. Por meio dela, os alunos puderam evidenciar as aprendizagens realizadas. Nesta atividade, além da construção de algumas estruturas moleculares, os alunos puderam expressar suas impressões a respeito da metodologia utilizada e de como ela foi importante para a construção das aprendizagens realizadas. Verificou-se um aumento significativo na compreensão dos alunos em relação ao desenho geométrico da molécula no espaço, bem como a compreensão de que pares de elétrons livres na camada de valência atuam de forma determinante no arranjo molecular (figura 5 e 6). Figura 5 - Representação da molécula de amônia (NH3) levando em consideração os efeitos de repulsão causados pelo par de elétrons livres. Figura 6 - Representação da molécula de água, levando em consideração os efeitos de repulsão causados pelos pares de elétrons livres. No processo de discussão do trabalho proposto, os alunos evidenciaram a possibilidade de utilizar outras estratégias metodológicas para o assunto tratado como, por exemplo, o uso de bolas de isopor e palitos de churrasco para a construção de modelos moleculares, demonstrando a necessidade que os estudantes têm de se aproximarem da perspectiva microscópica de estudo através de alguma forma de representação que seja tateável a eles. Em período posterior realizou-se uma segunda atividade de sistematização, com o objetivo de avaliar se a aula proposta produziu efetivamente aprendizagens. A atividade foi realizada após seis aulas e os estudantes deveriam identificar e explicar corretamente a estrutura e geometria molecular de algumas substâncias. Embora muitos estudantes tenham utilizado as terminologias e explicações baseados nos trabalhos com o simulador, não ficou evidente, para o professor, se houve a compreensão correta, para outro grupo de alunos, dos efeitos de repulsão de elétrons livres e átomos ligantes na determinação da geometria molecular. Na discussão e mediação dos conceitos/conteúdos com os alunos durante a atividade de sistematização, o docente buscou a problematização dos objetos de estudo, promovendo discussões entre os estudantes, criando o que Praia et al (2002) chamam de comunidade científica de alunos. Observou-se na sala de aula, no decorrer desta atividade, um ambiente de discussão, refutação de ideias que não condiziam com o modelo proposto, proposição de modelos e construção e desconstrução de conceitos dos estudantes e entre os estudantes. O objetivo da sequência didática foi o de retomar conceitos necessários à compreensão das propriedades físicas dos compostos orgânicos com foco na solubilidade em água. Após finalizar a sequência didática e introduzir a abordagem das propriedades físicas, verificou-se que os estudantes conseguiram transpor os conhecimentos abordados na sequência didática com os conceitos de propriedades físicas. Torna-se necessário repensar práticas e ações nas quais o Ensino de Química possa ser problematizado entre os estudantes, aproximando a educação escolar do racionalismo científico, capaz de proporcionar a eles um ensino com fundo reflexivo e crítico e com sentido de cidadania, como indicam Praia, Cachapuz e Gil-Pérez (2002): A crítica, a argumentação e o consenso dos pares constituem elementos de racionalidade científica que importa desenvolver conjuntamente – alunos e professores – partilhando e vivendo dificuldades inerentes à própria prática científica. Desta maneira, tal exercício escolar permite uma aprendizagem efetiva, significativa e com sentido de cidadania. (pg.259) 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término do trabalho foi possível concluir que o educador não pode limitar-se a uma comunicação unilateral, caracterizada pela transmissão de conteúdos. Ele passa a ser um orientador que apresenta modelos, faz mediações, dá explicações e oferece opções aos alunos, utilizando, para isso, diferentes ferramentas e metodologias, atendendo assim, às múltiplas formas de aprendizagem que cada estudante possui. Observou-se que o uso de simulação virtual foi muito bem aceito pelos alunos, mostrando que a utilização deste tipo de ferramenta didática como estratégia metodológica possibilita maior interesse, maior interação, novas perspectivas de compreensão e de construção do conhecimento no Ensino de Química. 5 REFERÊNCIAS / CITAÇÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACHELARD, G. A Epistemologia. O Saber da Filosofia. Edições 70. Rio de Janeiro. 1971. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Parte III - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Ministério da Educação. HOFFMANN, J. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da pré-escola a universidade. Porto Alegre, Mediação 1991. JELVEZ, J. A. A pesquisa como princípio pedagógico no ensino médio. In: AZEVEDO, J. C.(Org.). Reestruturação do ensino médio: pressupostos teóricos e desafios da prática. São Paulo: Santiliana, 2013. MARTINS, R. A. R.; et al. Multimídia e Simulação Computacional para o Ensino de Ciências. In: Seminário Nacional de Inclusão Digital – SENID 2014. Universidade de Passo Fundo. Disponível em http://senid.upf.br/2014/wpcontent/uploads/2014/Paineis_1920/123385.pdf. MOURA, J. A. S.; C., A.; LAMOUNIER, E. J. A Realidade Virtual como uma ferramenta para o ensino da Geometria Molecular. Universidade Federal de Uberlândia – Faculdade de Engenharia Elétrica. Disponível em http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/wrva/2009/0012.pdf. NETO, J. R. F.. Tecnologias no Ensino de Geometria Molecular. Uberlândia, 60 p., 2007. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia. PRAIA, J.; CACHAPUZ, A.; GIL-PÉREZ, D. A Hipótese e a Experiência em Educação em Ciência: Contributos para uma reorientação epistemológica. Ciência & Educação, v. 8, n.2, 253-262, 2002. SILVEIRA, L. F.; NUNES, P.; SOARES, A. C. Simulações Virtuais em Química. Revista de Educação, Ciência e Cultura. Canoas, v. 18, n. 2, jul./dez. 2013 VASCONCELOS, F. H. L.; SANTANA, J. R.; NETO, H. B. Aprendizagem mediada por computador: uma experiência de ensino de física com a utilização da simulação computacional. In: XVI Simpósio Nacional de Ensino de Física. Disponível em: http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xvi/ Acesso em 11. Abr. 2013. UTILIZATION OF COMPUTATIONAL SIMULATION AS A TOOL FOR TEACHING MOLECULAR GEOMETRY IN HIGH SCHOOL Abstract: Chemistry teaching is traditionally guided by didactic books, where the teachers use pedagogical practices based on superficial, fragmented and not contextualized methods of transmission the contents. Acting like this, they don’t provide the students to find meaning in the learning process. In this way, it’s necessary that the teachers evaluate their objectives concerning about the topics in chemistry and re-defined the meaning of their practices. The aimed of this work was to apply a didactical sequence using simulator program as a tool to revise the concepts of molecular geometry, which are important for the development of physical properties topics, and to become this concepts less abstract and more interactive for the students. The application was developed with students in the third level of high school. Previously, the students showed more difficulty in abstraction but, after the use of simulator, it was overcome for the majority of them. In an activity realized later, the students achieved to assess the knowledge acquired with the use of molecular modeling simulator to solve proposed problems about molecular geometry. Then, the simulator applied in this work showed to be an effective resource for teaching chemistry, mainly in approaches that involves abstracts concepts. Key-words: ICT, teaching strategies; chemical structures.