Fernanda Silva Gonçalves INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NO SETOR CALÇADISTA: GINÁSTICA LABORAL ASSOCIADA AO PROCEDIMENTO EDUCATIVO Divinópolis 2009 II Fernanda Silva Gonçalves INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NO SETOR CALÇADISTA: GINÁSTICA LABORAL ASSOCIADA AO PROCEDIMENTO EDUCATIVO Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Educação, Cultura e Organizações Sociais da Fundação Educacional de Divinópolis / Universidade do Estado de Minas Gerais, para fins de qualificação para obtenção do título de Mestre. Área de Concentração: Estudos Contemporâneos Linha de Pesquisa: Saúde Coletiva Orientador: Prof. Dr. Daniel S. G. Penha Co-orientadora: Prof.ª Ms. Viviane Augusto Divinópolis Fundação Educacional de Divinópolis / Universidade Estadual de Minas Gerais 2009 III FICHA CATALOGRÁFICA G635i Gonçalves, Fernanda Silva Intervenções fisioterapêuticas no setor calçadista: ginástica laboral associada ao procedimento educativo. [manuscrito] / Fernanda Silva Gonçalves. – 2009. 60 f., enc. Orientador : Daniel Silva Gontijo Penha Co-orientadora: Viviane Gontijo Augusto Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Minas Gerais, Fundação Educacional de Divinópolis. Bibliografia : f. 33-37 1. Ginástica laboral. 2. Educação em saúde. 3. Sintomas osteomusculares 4. Setor calçadista. I. Penha, Daniel Silva Gontijo. II. Augusto, Viviane Gontijo. III. Universidade do Estado de Minas Gerais. Fundação Educacional de Divinópolis. IV. Título. CDD: 615.824 IV V AUTORIZAÇÃO PARA A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DA DISSERTAÇÃO Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadores e eletrônicos. Igualmente autorizo sua exposição integral nas bibliotecas e no banco virtual de dissertações da FUNEDI/UEMG. Fernanda Silva Gonçalves Divinópolis, _____/_____/2009. VI AGRADECIMENTOS A Deus, pela presença constante em minha vida. Às minhas irmãs, Andréia e Cristiane, pelo apoio nos momentos de desânimo. Aos meus irmãos, Geraldinho e Paulinho, pelo incentivo constante. Aos meus pais, pela forte presença em minha vida. A minha vó Iolanda, pelas orações e carinho. A minha co-orientadora, Viviane Gontijo Augusto, que foi mais que orientadora, foi amiga. Obrigada pela dedicação, apoio e sensatez nos momentos mais delicados! Ao meu orientador professor Daniel Silva Penha, pela paciência. Ao Valdir Santos e José dos Santos, por abrirem-me as portas de sua empresa com tanta receptividade para a realização deste estudo. A fisioterapeuta Solange Ribeiro, que me incentivou a trilhar esta trajetória. Aos trabalhadores da empresa, por terem contribuído com este estudo de forma tão paciente e disponível. As minhas amigas Inara e Manu, sempre tão presentes. Aos professores do mestrado. A todos que acreditaram no meu sonho, obrigada! VII . “O sonho pelo qual eu brigo, exige que eu crie em mim a coragem de lutar ao lado da coragem de amar.” (PAULO FREIRE.) VIII LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Porcentagem de trabalhadores, por intervalo de tempo de trabalho na empresa.............................................................................................................................37 Gráfico 2 – Porcentagem de trabalhadores, por intervalo de tempo de trabalho na tarefa atual ..................................................................................................................................38 Gráfico 3 – Presença de sintomas osteomusculares por sexo, antes e após as intervenções, considerando o questionário nórdico de sintomas osteomusculares na semana que antecedeu à aplicação dos questionários inicial e final ...........................39 Gráfico 4 – Porcentagem de sintomas osteomusculares por região anatômica nos últimos sete dias, antes e após as intervenções ...........................................................................42 Gráfico 5 – Número de trabalhadores que relataram sintomas osteomusculares em membros inferiores e/ou superiores antes e após as intervenções fisioterapêuticas..43 IX LISTA DE TABELA 1 – Sintomas osteomusculares por região anatômica em relação aos sete dias antes e após as intervenções .................................................................................................................41 X LISTA DE SIGLAS AET – Análise Ergonômica do Trabalho. DORT –Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. GL – Ginástica Laboral. INPS – Instituto Nacional de Previdência Social. LER – Lesões por Esforços Repetitivos. NR – Norma Regulamentadora QNSO – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares. QVT – Qualidade de Vida no Trabalho. SUS –Sistema Único de Saúde. XI RESUMO A saúde do trabalhador desde a década de 1970 vem sofrendo intervenções, no intuito de proporcionar melhor qualidade de vida ao trabalhador e acréscimo de produção. Desde a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), quando se define saúde com uma amplitude maior, a saúde do trabalhador está sendo tema de constante reestruturação para sua proteção, promoção e recuperação. Dentre as doenças que acometem o trabalhador estão os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), que geram redução da produção e até mesmo, no afastamento das ocupações. Entre as formas de prevenção dos DORT destacam-se a análise ergonômica, a ginástica laboral e a educação em saúde. Sendo assim, este estudo teve como objetivo observar os efeitos das intervenções fisioterapêuticas de ginástica laboral e procedimento educativo em sintomas osteomusculares de trabalhadores de uma fábrica do setor calçadista de Perdigão (MG).Em decorrência da grande demanda de trabalhadores calçadista por atendimento fisioterápico no ambulatório municipal, tornou-se crescente a motivação para entender e intervir nesse ambiente laboral tão agressivo para o sistema osteomuscular de seus trabalhadores. Foram incluídos neste estudo 22 trabalhadores, com carga horária de trabalho semanal de 44 horas e ocupantes de funções diversas numa fábrica calçadista. Por meio de reunião prévia esses trabalhadores foram esclarecidos dos riscos e benefícios da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre esclarecido. A partir daí foi realizada uma entrevista individual composta de três questionários: sócio-econômico, questionário nórdico de sintomas osteomusculares, e de conhecimento sobre ergonomia e ginástica laboral. Após a coleta inicial de dados, deu-se início às intervenções. A ginástica laboral compensatória foi realizada duas vezes por semana com duração de quinze minutos e uma vez por semana; o procedimento educativo com duração também de quinze minutos, fundamentado este na educação popular em saúde. Após três meses de intervenção, foram realizados novamente os três questionários e acrescentou-se uma entrevista gravada e transcrita, em que os trabalhadores eram questionados sobre o que acharam das intervenções. A ginástica laboral obteve boa adesão dos trabalhadores; verificou-se a redução dos sintomas osteomusculares estatisticamente significativa nas regiões de ombros e punho/mãos/dedos. Quanto ao procedimento educativo, observou-se que foi utilizado como uma ferramenta para busca de saúde no trabalho pelos trabalhadores. Em consonância com estudos anteriores, conclui-se que é necessária a implantação da tríade: ginástica laboral, procedimento educativo e ergonomia para conseguir-se efetivamente um programa de saúde do trabalhador. Palavras-chaves: Ginástica laboral, educação em saúde, sintomas setor calçadista. osteomusculares, XII ABSTRACT The worker’s health has undergone interventions since the 1970’s decade in order to provide quality of life for the worker and increase his production. Health is defined with a greater magnitude in the Unified Health System (SUS) and since its implementation the worker’s health has been a subject of constant restructuring for his protection, promotion and recovery. Among the diseases that affect the worker there are the work-related musculoskeletal disorders (WMSD) which reduce production and can even cause sick leave. Ergonomic analysis, labor gymnastics and health education are the highlights in the prevention of the WMSD. Thus this study aimed to observe the effects of physiotherapy interventions using labor gymnastics and educational procedures on the workers’ musculoskeletal symptoms. The workers were from a factory in the sector of footwear in the city of Perdigão (MG). In the municipal clinic there is a high demand for physiotherapy care by the workers from the footwear sector. Due to this high demand it has been increasing the motivation to understand and to intervene on this aggressive work environment to the workers’ musculoskeletal system. 22 workers with 44 weekly working hours and occupants of several functions in a footwear factory were included in this study. They were informed of the risks and benefits of the research in a prior meeting, and then they signed a free informed consent. After that an individual interview was performed and it consisted of three questionnaires: socioeconomic, nordic questionnaire on musculoskeletal symptoms and knowledge about workplace ergonomics and labor gymnastics. Interventions initiated after this initial data collection. The compensatory labor gymnastics was performed twice a week lasting fifteen minutes. The educational procedure was based on the popular health education and was accomplished once a week with the duration of fifteen minutes. After three months of intervention the three questionnaires were performed again added of a recorded and transcribed interview. In this moment the workers were asked about their thoughts about the interventions. The employees had good adherence to the labor gymnastics. There was a statistically significant reduction in the musculoskeletal symptoms in the following areas: shoulder and wrist/hand/ fingers. It was observed that the educational procedure was used by the workers as a tool to seek for health at work. In line with previous studies, it was concluded that it is necessary the implementation of the following triad: labor gymnastics, educational procedures and ergonomics to achieve an effective workers’ health program. Keywords: Labor gymnastics, health education, musculoskeletal symptoms, footwear sector. XIII SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...............................................................................................................14 I – Hipótese.......................................................................................................................18 II – Objetivo .....................................................................................................................18 1 A FISIOTERAPIA NOS SINTOMAS OSTEOMUSCULARES DOS TRABALHADORES CALÇADISTAS .........................................................................19 1.1 Setor calçadista ..........................................................................................................19 1.2 Distúrbios osteomusculares ......................................................................................20 1.3 Teoria do Estresse Fisico X intervenções fisioterapêuticas ...................................22 1.4 Educação em saúde....................................................................................................29 2 METODOLOGIA.........................................................................................................32 2. 1 Caracterização do estudo.........................................................................................32 2.2 Local e sujeitos ...........................................................................................................33 2.3 Instrumentos ..............................................................................................................33 2.4 Procedimentos e técnicas...........................................................................................34 2.4.1 Intervenção fisioterapêutica: ginástica laboral......................................................34 2.4.2 Intervenção fisioterapêutica: procedimento educacional ......................................35 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................37 CONCLUSÃO..................................................................................................................47 XIV REFERÊNCIAS ..............................................................................................................48 ANEXO I – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA DA FUNEDI/UEMG .................53 ANEXO II – QUESTIONÁRIO NÓRDICO DE SINTOMAS OSTEOMUSCULARES ...........................................................................................................................................54 APÊNDICE I – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO .........57 APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO DE INFORMAÇÕES SÓCIO-DEMOGRÁFICAS E OCUPACIONAIS............................................................................................................58 APÊNDICE III – QUESTIONÁRIO SOBRE CONHECIMENTO DE ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL................................................................................................59 APÊNDICE IV – TERMO DE CONSENTIMENTO REFERENTE À ENTREVISTA ...........................................................................................................................................60 14 INTRODUÇÃO No início do século XX, a expressão “Qualidade de Vida no Trabalho” (QVT) apareceu na literatura abordando aspectos como segurança e saúde no trabalho, desenvolvimento das capacidades humanas, adequada e satisfatória recompensa pelo trabalho, integração social, entre outros, sendo notórios os diálogos entre QVT e noções como motivação, satisfação, saúde–segurança no trabalho, que envolvem discussões posteriormente sobre novas formas de organização do trabalho e novas tecnologias. Na década de 1980, a melhor qualidade de vida no trabalho adquiriu importância como um conceito global e como uma forma de enfrentar os problemas de qualidade e produtividade (FREITAS et al., 2005; LACAZ, 2000). Tendo em vista a importância de tornar QVT uma ferramenta gerencial efetiva e, não apenas, modismo, Vasconcelos (2001) define QVT como um conjunto de ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. Enfoca, assim, o âmbito psicossocial1, voltado para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho. Portanto, a QVT buscou a humanização do trabalho, transitando da Saúde Pública para Saúde do Trabalhador, permanecendo ainda arraigada de aplicações da Medicina do Trabalho (LACAZ, 2000). Apesar de evoluir para uma proposta interdisciplinar, baseada na teoria da multicausalidade, na qual um conjunto de fatores de risco é considerado na produção da doença avaliada por meio da clínica médica e de indicadores ambientais e biológicos de exposição e efeito, atua com intervenções pontuais sobre os riscos mais evidentes (MINAYO-GOMES; THEDIM-COSTA, 1997). 1 Pinheiro et al. (2006) define psicossocial como toda variável de natureza não-física, com efeitos sobre a saúde e/ou na esfera do ambiente ocupacional. 15 Em 1988, surgiu a proposta do Estado em intervir na saúde do trabalhador para lidar com o processo trabalho–saúde, por meio da Carta Constitucional de 1988, regulamentada pela Lei Orgânica da Saúde (Lei n.º 8.080), cujo artigo 196 define: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 2001). Cabe, assim, a intervenção do Estado na saúde do trabalhador, por meio da atribuição ao Sistema Único de Saúde (SUS), a responsabilidade de coordenar ações em torno desse conceito ampliado de saúde (DIAS; HOEFEL, 2005). Após vinte anos de regulamentação da Lei Orgânica da Saúde, pode-se dizer que as estratégias utilizadas para a saúde do trabalhador ainda não incorporaram, de forma efetiva, o trabalhador em seu âmbito mais pleno, garantindo-lhe sua proteção, promoção e recuperação no trabalho. Dias e Hoefel (2005) ressaltam que, entre os fatores que têm dificultado a concretização desses objetivos, é a emergência do processo de reestruturação produtiva. “As relações de solidariedade e cooperação no trabalho são substituídas pela competição predatória”, sendo esta estimulada pela lógica da produção. Essas mudanças no processo de reestruturação produtiva vêm refletindo no perfil epidemiológico do adoecimento dos trabalhadores, com o aumento da prevalência de doenças relacionadas ao trabalho. A incidência de doenças relacionadas ao trabalho vem aumentando no Brasil desde o no ano de 2001, e na região sudeste a taxa de incidência2 foi a maior no ano de 2004 (REDE, 2008). Esta alta prevalência de doenças relacionadas ao trabalho tem sido vinculada ao estabelecimento de metas e produtividade, e particularmente da competitividade de mercado que não considera os limites físicos e psicossociais do trabalhador. 2 Dados baseados exclusivamente em informações do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), excluindo os trabalhadores vinculados a regimes próprios de previdência social. 16 Dentre as doenças que acometem o trabalhador estão os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), que são afecções de músculos, tendões, de sinóvias, nervos e de ligamentos, com ou sem degeneração dos tecidos e com dor nos locais anatômicos mais utilizados em funções ocupacionais. Os DORT geram redução da produção e, até mesmo, no afastamento das ocupações (PASTRE et al., 2007). Entre as formas de prevenção dos DORT destacam-se a análise ergonômica, a ginástica laboral e a educação em saúde. De acordo com Soares et al. (2006), a análise ergonômica do trabalho, metodologia francesa de intervenção e estudo das situações de trabalho, tem como centro a análise da atividade e integra conhecimentos psicofisiológicos para recomendar melhorias, identificando elementos críticos sobre a saúde do trabalhador, sendo a análise ergonômica uma forma de atuação da ergonomia. As contribuições da ergonomia, na introdução de melhorias nas situações de trabalho, dão-se pela via da ação ergonômica, que busca compreender as atividades dos indivíduos em diferentes situações de trabalho com vistas à sua transformação. O foco de sua ação é a situação de trabalho inserida em um contexto sócio-técnico, a fim de desvendar as lógicas de funcionamento e suas consequências, tanto para a melhor qualidade de vida no trabalho, quanto para o desempenho da produção (ABRAHÃO, 2000). Associada à análise ergonômica, a ginástica laboral, que é caracterizada como prática de atividades físicas coletivamente dentro do próprio local de trabalho, tem como meta prevenir e/ou amenizar as doenças decorrentes da atividade que desempenham (OLIVEIRA et al., 2007). Como dito anteriormente, uma outra forma de prevenir as doenças ocupacionais é a educação em saúde. Um movimento que representou uma nova concepção de educação em saúde foi resultado da participação de trabalhadores da saúde nas experiências de educação popular, a partir dos anos de 1970. Isto trouxe estratégias de fortalecimento às classes 17 populares na luta por mudanças que favorecem a saúde, surgindo a idéia do empoderamento ou empowerment, que é um processo que oferece maiores possibilidades às pessoas de determinarem suas próprias vidas (ALMEIDA et al., 2005). De acordo com Freire (2007), a educação em adultos não quer dizer alfabetização, mas, sim, condições de luta por seu bem estar físico e psicossocial. Apesar da existência de diversas estratégias para promover a saúde no trabalho, muitas indústrias ainda não implantaram um programa para prevenir os sintomas osteomusculares, como é o caso das indústrias do setor calçadista de Perdigão (MG). A ausência de intervenções em saúde no trabalho dentro desse setor tem provocado uma grande demanda dos trabalhadores aos serviços públicos de atenção à saúde, em busca de tratamento para sintomas osteomusculares. Sendo assim crescente a motivação para entender e intervir nesse ambiente laboral agressivo para o sistema osteomuscular de seus trabalhadores. Desta forma, a proposta deste estudo foi abordar tanto o aspecto físico do trabalhador quanto sua capacidade de entendimento em relação à sua saúde, promovendo uma melhor qualidade de vida no trabalho e prevenindo os DORT. Para isto, foram utilizadas duas abordagens práticas: a ginástica laboral (GL) e a educação em saúde. Como suporte teórico para uso da ginástica laboral, foi utilizada a Teoria do Estresse Físico. Essa teoria, desenvolvida por Mueller e Maluf (2002), tem como premissa básica que a mudança no nível relativo do estresse físico causa uma resposta adaptativa previsível no tecido biológico. O estresse físico é definido como a força aplicada em uma dada área do tecido biológico. O estresse físico adequado pode diminuir as limitações funcionais, incapacidades e dor. O referencial teórico para utilização da prática de educação em saúde foi o proposto por Freire (1987) em seu trabalho intitulado de Pedagogia do oprimido. O autor diferencia a educação problematizadora da educação bancária: 18 (...) enquanto na percepção bancária o educador vai enchendo os educandos de falso saber, que são os conteúdos impostos, na prática problematizadora, vão os educandos desenvolvendo o seu poder de captação e de compreensão do mundo que lhes aparece, em suas relações com ele, em uma realidade de transformação do processo. (FREIRE, 1987, p. 71). De acordo com Freire (1976), a educação problematizadora vem de uma necessidade de educação que possibilitasse ao homem a discussão corajosa de sua problemática. De sua inserção nessa problemática. Que o advertisse dos perigos de seu tempo, para que, consciente deles, ganhasse a força e a coragem de lutar em vez de ser submetido a prescrições alheias. I – Hipótese A ginástica laboral associada a procedimento educativo tem efeitos positivos sobre sintomas osteomusculares em trabalhadores do setor calçadista. II – Objetivo Verificar os efeitos das intervenções fisioterapêuticas, por meio da ginástica laboral, associado ao procedimento educativo, sobre os sintomas osteomusculares em trabalhadores do setor calçadista de uma fábrica no município de Perdigão (MG). 19 1 A FISIOTERAPIA NOS SINTOMAS OSTEOMUSCULARES DOS TRABALHADORES CALÇADISTAS Dentre as doenças que acometem o trabalhador calçadista estão os distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), que geram redução da produção e, até mesmo, no afastamento das ocupações. Entre as formas de prevenção dos DORT, destacam-se a análise ergonômica, a ginástica laboral e a educação em saúde, sendo que o fisioterapeuta pode intervir no ambiente de trabalho, modificando o estresse físico. Dois amplos objetivos podem ser discutidos: o primeiro é reduzir a dor, limitações funcionais que resultam da lesão; e o segundo é aumentar a tolerância às atividades (MUELLER; MALUF, 2002). Acredita-se que as intervenções terapêuticas podem ser benéficas no tratamento e na prevenção dos DORT. 1.1 Setor calçadista A indústria de calçado brasileira possui relevância no contexto mundial; é a quarta maior produtora e o quinto maior mercado consumidor (FRANCISCHINI; AZEVEDO, 2003). A região do centro-oeste de Minas Gerais abriga Nova Serrana, considerado polo calçadista nacional e, de acordo com Suzigan et al. (2005), o município, no ano de 2002, respondia por 55% da produção nacional de tênis, gerando em torno de 25 mil empregos com tendência de essas atividades ramificarem-se para os municípios vizinhos. Perdigão, São Gonçalo do Pará e Araújos desenvolveram-se no setor calçadista pela proximidade com Nova Serrana. Atualmente Perdigão possui uma média de 120 fábricas de calçados, empregando em torno de 1.200 trabalhadores. 20 Uma das características da indústria de calçados é o emprego intensivo de trabalho vivo. É um ramo que apresenta baixo índice de concentração de capital e adota processos de produção que, de modo geral, não fazem uso de tecnologias sofisticadas. Absorve mão-deobra barata e de certa forma especializada, com habilidades coerentes à necessidade da produção do produto. A característica predominante do processo de produção da indústria calçadista é a descontinuidade, com estágios de produção distintos entre si. Assim, a produção divide-se em cinco etapas principais: modelagem, corte, costura montagem e acabamento, podendo variar as etapas de acordo com o modelo e tipo de calçado produzido (NAVARRO, 2003). A indústria de calçado contextualiza-se em um ambiente de trabalho em que o foco é a produção, e a valorização da indústria se dá pelo fato de produzir cada vez mais pares/dia. Desta forma, o trabalhador que sobrevive nesse meio tem que adaptar suas capacidades físicas e psicossociais a essa demanda de mercado. O que se observa na maioria das vezes é que o trabalhador exerce suas atividade sem condições de maquinário e equipamentos para tal atividade, necessitando adaptar instrumentos, como latas e almofadas para realizar suas atividades laborais (MERLO et al. 2003; PARAGUAI, 1990). Contraditoriamente, os processos mecanizados e automatizados tornaram mais leves o trabalho, resultaram, porém, na repetitividade dos movimentos. A atividade é concentrada em determinados grupos musculares e há um aumento na velocidade de execução dos movimentos. 1.2 Distúrbios osteomusculares A percepção pelo trabalhador do desequilíbrio entre as demandas do trabalho e suas habilidades para respondê-las é o que define sua contribuição para o processo trabalho–saúde. 21 O distanciamento entre a percepção da condição e condições para enfrentá-la é o que provoca o desconforto (PARAGUAY, 1990). Na década de 1990 observou-se uma queda dos acidentes e um forte crescimento das doenças relacionadas ao trabalho. Isso pode ser atribuído às mudanças na organização do trabalho (SALIM, 2003). A utilização excessiva imposta ao sistema osteomuscular e a falta de intervalo suficiente para recuperação contribuem para o desenvolvimento de lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), expressões que abrangem distúrbios ou doenças do sistema osteomuscular, caracterizados pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores ou coluna, tais como: dor, parestesia, sensação de peso e fadiga. (BRANDÃO et al. 2005; BRASIL, 2005). Pastre et al. (2007) acrescentam a essa definição o fato de as LER/DORT poderem gerar desordens motoras, psicológicas e sociais, resultando em redução da produção e, até mesmo, no afastamento das ocupações. Ressaltando que bons níveis de saúde geral, incluindo as condições do sistema músculo-esquelético, são de fundamental importância, não só no sentido físico, mas, também, no contexto da socialização ou integração ao trabalho. Para Brandão et al. (2005), o trabalhador, exercendo atividades que exijam esforço físico associado à repetitividade, após certo período, começa a ter seu rendimento prejudicado pela instauração do processo de fadigas muscular e mental, com o incremento de atividade monótona, do esforço físico-postural e da insuficiência de pausas. São ressaltados também os fatores extrínsecos, como a qualidade da comunicação, períodos prolongados de trabalho, não rotatividade de tarefas e fatores psicológicos, tais como o estresse, pressão pela produção e o relacionamento entre chefias e funcionários. (FILHO; BARRETO, 2001; MACIEL et al., 2005). 22 A alta prevalência das LER/DORT tem sido explicada por transformações do trabalho e das empresas, em que as metas e produtividade são vistas em primeiro lugar, provocando a competitividade de mercado, e a busca por qualidade de produtos e serviços, ignorando os limites físicos e psicossociais dos trabalhadores, sendo os sintomas osteomusculares considerados o problema mais frequente relacionado ao trabalho (BRASIL, 2006). Para Pinheiro et al. (2002) o crescimento desses sintomas pode estar associado ao fato de que o trabalho tem se tornado cada vez mais mecanizado, com movimentos repetitivos e rápidos. Carvalho e Alexandre (2006) citam a importância do envolvimento dos caracteres multifatoriais, destacando-se os fatores biomecânicos presentes na atividade, fatores psicossociais, características individuais e os fatores organizacionais. Vale destacar que os sinais e sintomas mais comuns entre os trabalhadores com LER/DORT são: a dor localizada, irradiada ou generalizada; desconforto; fadiga e sensação de peso; formigamento; diminuição de força; edema e enrijecimento articular; falta de firmeza nas mãos; e sudorese excessiva. Esses sintomas podem apresentar graus de gravidade diferentes, sendo predominantes durante o término ou picos da produção. Os sintomas aliviam-se no repouso, com o decorrer do tempo, porém, podem tornar-se contínuos (OLIVEIRA, 2007). 1.3 Teoria do Estresse Físico X intervenções fisioterapêuticas De acordo com Mueller e Maluf (2002), o estresse físico é definido como a força aplicada em uma dada área do tecido biológico. Esses autores, que descrevem a Teoria do Estresse Físico, relatam que as intervenções e exercícios que modificam o estresse físico tem 23 sido eficientes para diminuir limitações funcionais, incapacidades e dor, podendo ajudar indivíduos com e sem doença. A premissa básica dessa teoria são as mudanças nos níveis relativos de estresse físico que causam uma resposta adaptativa previsível em todo o tecido biológico. Os princípios fundamentais são os seguintes, devendo-se enfatizar que os tecidos biológicos exibem cinco respostas características ao estresse físico: a) Diminuição da tolerância (atrofia): níveis de estresse que estão abaixo daquela amplitude de manutenção resultam na diminuição da tolerância do tecido ao estresse subsequente. b) Manutenção: níveis de estresse físico que estão na amplitude de manutenção resultam em nenhuma mudança tecidual aparente. c) Aumento da tolerância (hipertrofia): níveis de estresse físico que excedem a amplitude de manutenção como, por exemplo, a sobrecarga resulta em aumento da tolerância do tecido ao estresse subsequente. d) Lesão: níveis excessivamente altos de estresse físico resultam em lesão tecidual. e) Morte: desvio extremo da amplitude de manutenção do estresse que excedem a capacidade adaptativa do tecido resultado em morte do tecido. A inflamação ocorre imediatamente após a lesão tecidual e faz com que o tecido lesado se torne menos tolerante ao estresse do que era antes da lesão, e o nível de estresse referido para alcançar uma dada resposta do tecido pode variar entre indivíduos, dependendo da presença ou ausência de uma série de variáveis moduladoras que são fatores que afetam o nível de estresse físico do tecido ou a reposta adaptativa do tecido ao estresse físico, sendo elas: 24 a) Fatores de movimento e alinhamento: performance muscular, controle motor, postura e alinhamento, atividade física, ocupacional e atividades domésticas. b) Fatores extrínsecos. c) fatores psicosociais. d) Fatores fisiológicos: medicamentos, idade, patologias sistêmicas e obesidade. Sendo esses modulados por fatores como: a magnitude, o tempo (duração, repetição, frequência) e direção (tensão, compressão, cisalhamento e torção). Portanto, uma magnitude de estresse baixa, mas com alinhamento ruim tem mais chances de lesão do que postura em alinhamento bom. Desta forma, acredita-se que a teoria pode ser aplicada na maioria dos casos dos pacientes com problemas primários, e também tem uma aplicação direta nos casos relacionados ao bem-estar, prevenção e incapacidades físicas. A teoria do estresse físico provém de uma estrutura múltipla para a abordagem no cuidado ao paciente e enfatiza que o papel do estresse físico para direcionar os fatores conhecidos e o nível do estresse físico na resposta tecidual. De acordo com esta teoria, o papel do fisioterapeuta é modificar o estresse físico para alcançar o objetivo desejado; dois amplos objetivos podem ser discutidos: o primeiro é reduzir dor, limitações funcionais que resultam da lesão; e o segundo é aumentar a tolerância às atividades. (MUELLER; MALUF, 2002). O fisioterapeuta pode intervir no ambiente do trabalho, modificando o estresse físico por meio de algumas das variáveis moduladoras. Partindo do exposto, acredita-se que as intervenções fisioterapêuticas podem ser benéficas no tratamento e prevenção das LER/DORT. A abordagem preventiva das LER/DORT deve ser global e avaliar todos os elementos do sistema de trabalho: o indivíduo, os aspectos técnicos do trabalho, ambiente físico e social, a organização do trabalho e as características da tarefa (BRASIL, 2005; SAKATA; ISSY, 2003). Uma das formas de prevenção de sintomas osteomusculares é a ginástica laboral (GL). 25 O primeiro vestígio da GL vem da Polônia, datado de 1925, com o nome “ginástica de pausa”. Na década de 1960, atingiu outros países da Europa e, principalmente, o Japão, onde ocorreu a consolidação e sua obrigatoriedade. No Brasil, a GL iniciou-se em 1973, na escola de educação Feevale, onde estabelecia uma proposta de exercícios baseados em análises biomecânicas. Essa prática vem contribuindo para a melhora das condições de trabalho e do relacionamento interpessoal, além de reduzir os acidentes de trabalho e aumentar a produtividade, gerando um maior retorno financeiro para a empresa (OLIVEIRA et al. 2007). Definida como prática voluntária de atividade física, realizada pelos trabalhadores no próprio local de trabalho durante a sua jornada, sob orientação, tendo como objetivo a principal a prevenção de doenças ocupacionais, a GL é um programa que possibilita ao trabalhador otimizar a relação do que é exigido de seu corpo/mente e o próprio trabalho em si, compensando os movimentos repetidos, a ausência de movimentos, ou as posturas desconfortáveis assumidas durante o período de trabalho no momento em que é realizada a ginástica laboral (BRASIL, 2006; FIGUEIREIDO; MONT’ALVÃO, 2005). Militão (2001) descreve os tipos de GL, referentes ao momento do trabalho e suas indicações: Preparatória ou de aquecimento: quando realizada no início da jornada de trabalho, inclui exercícios de coordenação, equilíbrio, concentração, flexibilidade e resistência muscular. Compensatória: realizada durante a jornada de trabalho, sua principal finalidade é compensar todo e qualquer tipo de tensão muscular adquirido pelo uso excessivo ou inadequado das estruturas músculo-ligamentares. 26 Relaxamento: realizada no final da jornada de trabalho, tem como objetivo a redução do estresse, alívio das tensões, redução dos índices de desavenças no trabalho e em casa, com conseqüente melhora da função social. O desempenho do trabalhador não é algo constante e a GL tem função importante no início do turno, porque o organismo começa progressivamente a adaptar seus processos fisiológicos às exigências do trabalho. Após esse período, gradativamente chega ao ápice de seu rendimento, cuja duração é de aproximadamente duas horas. Em seguida vem o cansaço e a fadiga decaindo, assim, a produção do trabalhador. (FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2005). O uso da GL na empresa tem como base teórica a Teoria do Estresse Físico; sendo assim, a GL pode reduzir o nível de estresse assim como ativar algumas áreas do corpo que estão abaixo do nível de estresse considerado normal. Quanto à frequência e duração da GL, há divergências entre os pesquisadores, mas a maioria afirma que ela deve ser praticada de duas a cinco vezes por semana, com inserções de dez a quinze minutos (OLIVEIRA, 2007). Encabeçando a lista dos efeitos benéficos da GL, evidencia-se a diminuição das LER/DORT. Maciel et al. (2005) relatam que a prática de exercícios físicos é benéfica quando realizada pela livre vontade dos indivíduos, além de ser diversificada. Outra importante contribuição é diminuir o número de acidentes de trabalho, prevenir a fadiga muscular, aumentando a disposição do funcionário ao iniciar o trabalho e ao retornar a ele (FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2005). Para a empresa o benefício da GL é o aumento da produtividade e diminuição dos gastos com afastamentos (MORAES; DELBIN, 2005). Os benefícios da GL, segundo Maciel et al. (2005), vão além do incremento da produção e atinge o amparo ao proprietário em processos trabalhistas, como prova de sua preocupação no âmbito da saúde do trabalhador. 27 Sendo assim, Leite e Almeida (2005) relatam que uma estratégia para reduzir a incidência de sintomas osteomusculares é a implantação de um programa de fisioterapia preventiva e profilática que inclua a GL, mas, que contemple também níveis mais amplos como os aspectos ergonômicos do trabalho (OLIVEIRA et al., 2007). A ergonomia pode ser conceituada como conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência, incluindo o saber do trabalhador como condição indispensável para o sucesso da ação ergonômica (WISNER, 1987, apud BRASIL, 2005). A ergonomia foi regulamentada pela Norma Regulamentadora n.º 17 (NR 17)3, proposta pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa norma obriga as empresas a alterarem a forma como era organizada a produção, reduzindo a aceleração da cadência de trabalho e estabelecendo critérios de conforto para os trabalhadores. Estes critérios envolvem a adequação do mobiliário e do ambiente de trabalho (BRASIL, 2002). A análise ergonômica do trabalho advém do estudo das situações do trabalho integrada a conhecimentos psicofisiológicos, ultrapassando as relações simplistas de causa e efeito (ABRAHÃO, 2000). As intervenções no ambiente de trabalho têm como objetivo mais que obter adicional de insalubridade, “monetarizar riscos”, e instalar equipamentos de proteção, diagnosticar nexos causais entre o trabalho e a saúde. Busca-se chegar às raízes causadoras dos agravos, ou à organização que preside os processos de trabalho instaurados (MINAYOGOMEZ; THEDIM-COSTA, 1997). Uma das formas de chegar-se a essas raízes é considerar a diversidade da população de trabalhadores, bem como as características a ela inerentes, reconhecer e compreender a variabilidade inter e intraindividual nas diferentes etapas de um projeto industrial, possibilitando a valorização do saber constituído ao longo do tempo, 3 Em 23/11/ 1990, o Ministro do Trabalho assinou a portaria (nº. 3.751) que dava nova redação à NR 17 28 incorporado na experiência do trabalhador (ABRAHÃO, 2000). Muitas vezes as instituições ou profissionais implantam programas de GL e os denominam de “programas de ergonomia ou prevenção ergonômica das LER/DORT”. Considerando o custo de implantação da GL, os proprietários preferem aderir a ela, acreditando assim ter uma “maior proteção” legal no âmbito de fazer algo para a saúde do seu trabalhador, o resguardando de problemas futuros (MACIEL et al., 2005). A principal diferença entre a abordagem ergonômica e a GL é que a primeira tem como foco a relação do trabalhador com sua situação de trabalho e a segunda diretamente no âmbito físico do trabalhador, aparecendo o corpo como um fim em si mesmo e objeto direto da intervenção do especialista (SOARES et al., 2006). Figueiredo e Mont’Alvão (2005), consideram ser a GL uma ferramenta da Ergonomia. Os autores afirmam que, quando a GL é realizada de maneira adequada, regular e associada a ergonomia, pode tornar-se um meio de promover a melhor qualidade de vida no trabalho, sendo ambas complementares e necessárias de visão interdisciplinar. Uma outra forma de diminuir e/ou prevenir os sintomas osteomusculares gerados pelas diversas situações ocupacionais é a utilização de procedimentos educacionais. De Vitta e colaboradores (2008) utilizaram procedimentos educacionais baseados na exposição do conhecimento pelo educador e oficinas onde o educador aproveita as experiências trazidas pelos trabalhadores para proporcionar condições de enfretamento de dificuldades laborais do dia a dia e concluíram que a educação pode capacitar o indivíduo para ganhar autonomia e conhecimento na escolha de condições mais saudáveis. 29 1.4 Educação em saúde A questão da educação e sua representação no ambiente de trabalho são fatores que podem propiciar ao trabalhador condições significativas de vivenciar diversos experiências de risco dentro e fora do ambiente de trabalho. A educação em saúde é um espaço para o desenvolvimento humano, tanto para os profissionais da saúde quanto para o seu públicoalvo, sendo essas intervenções nem sempre voltadas para a doença, mas, também, para o âmbito de prevenção e promoção da saúde (PEREIRA, 2003). De acordo com De Vitta et al. (2008), porém, a educação sozinha não tem força para propiciar a saúde desejável à população, mas ela tem condições de capacitar os indivíduos para sua autonomia, proporcionando-lhes, assim, as condições de enfrentamento do processo saúde–trabalho. De acordo com Tavolaro et al. (2006), os trabalhadores têm direito de saber quais os perigos e riscos potenciais de suas tarefas e locais de trabalho; é importante que os trabalhadores tenham o poder para melhorar suas condições de trabalho pelas suas próprias ações, devendo para isso, receber todas as informações necessárias para enfrentar efetivamente seus problemas de saúde ocupacional. Por meio do discurso de maior capacidade de entendimento e enfrentamento dos problemas, nos anos 70 foi sistematizada a educação popular, norteando a relação entre intelectuais e classes populares. A partir daí foi trazida para o setor saúde uma cultura de relação com as classes populares, representando uma ruptura entre a tradição autoritária e normatizadora da educação em saúde aplicada anteriormente, surgindo aí a Educação Popular em Saúde (FREIRE, 1987). Segundo Freire (1987), a educação libertadora, ou problematizadora, é a educação em que os educadores e educandos se fazem sujeitos do seu processo, superando o intelectualismo alienante, superando o autoritarismo do educador “bancário”, superando 30 também a falsa consciência do mundo. Na visão “bancária” da educação, o saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. A educação popular em saúde emerge de um contexto em declínio. As configurações individuais, baseadas em vivências diversas, dificultavam a disseminação da educação por meio do formato normatizador até então vigente, em que se desprezavam o conhecimento e a cultura do outro, sendo o profissional da saúde o “detentor do saber”. Contudo, educação popular em saúde, à medida que problematiza e cria espaços de diálogo entre os atores envolvidos, proporciona a construção e difusão de um novo conhecimento que se inova em relação ao conhecimento crítico em saúde e aponta para caminhos mais adequados à superação dos problemas de saúde (VASCONCELOS, 1998). Luckesi (1994) acrescenta que o contexto pedagógico que atenda a transformação deverá ter clareza de “aonde se quer chegar”, em que os meios serão descobertos a partir da interação reflexiva do educador com os acontecimentos, permitindo-lhe identificar os modos de ação adequados e necessários, o que não será fácil, mas será rico e satisfatório para os objetivos que se tem à frente. Pereira (2003) descreve o método educativo de Paulo Freire como uma relevante contribuição para os programas comunitários, denominando-o de empowerment education, que está diretamente relacionado a programas que promovam uma consciência crítica sobre sua realidade vivida. De acordo com Freire (1976), a cultura fixada na palavra corresponde à inexperiência do diálogo e da investigação. Tavolaro et al. (2006) define empowerment como uma ação social que promove a participação de pessoas, organizações e comunidades para ganhar controle sobre suas vidas, tanto na comunidade como na sociedade como um todo. Mecanismos legais que levem o direito à informação e à melhoria das condições de trabalho são caminhos para mudar-se esta situação, sendo os programas de educação que envolvam os profissionais no setor de trabalho importantes para promover a melhor qualidade de vida. 31 De acordo com Brandão (2001), este é um momento em que se pode bem mais do que nos anos sessenta, falar de uma “experiência de Educação Popular na área da Saúde”, e esta é possível em decorrência da interação do trabalho profissional da saúde pública com o trabalho cultural de educação popular. No que se refere às atividades técnicas do fisioterapeuta, a educação popular em saúde favorece uma reformulação, tendo como base o estabelecimento de uma relação em que o diálogo sirva de elemento enriquecedor. Isso se torna possível a partir do momento em que o conhecimento popular é valorizado. Nesse contexto, o profissional busca o fortalecimento dos atores sociais na luta por mudanças que favoreçam a saúde e, não apenas, levar orientações a serem seguidas pela população, fugindo, assim, das práticas de “depósito” de conhecimentos, fazendo uma abordagem dialógica. A fisioterapia vive um momento de alargamento da sua atuação e, de acordo com Almeida et al. (2005), a educação popular apresenta-se neste contexto como um importante norteador para os profissionais que compreendem a “saúde como direito e como conquista”. Desta forma, o fisioterapeuta pode direcionar sua prática para o fortalecimento do indivíduo e das classes populares numa perspectiva de transformação, baseada na solidariedade e no aprendizado mútuo. 32 2 METODOLOGIA Neste estudo adotou-se o delineamento quase-experimental, de acordo com a classificação de Campbell e Stanley (1971), utilizando grupo único de sujeitos, submetido a pré e pós-testagem na forma de avaliações antes e depois das intervenções. 2. 1 Caracterização do estudo As intervenções utilizadas foram a ginástica laboral e os procedimentos educativos, e a testagem foi feita pelo uso de questionários aplicados antes e após as intervenções. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Educacional de Divinópolis / Universidade do Estado de Minas Gerais (FUNEDI/UEMG), sob Parecer n.º 11/2008 (ANEXO I). Para análise dos dados optou-se pela associação de depoimentos do trabalhador aos dados quantitativos obtidos antes e após as intervenções. De acordo com Minayo e Sanches (1993) e Minayo-Gomes e Thedim-Costa (1997), o estudo quantitativo pode gerar questões para serem aprofundadas qualitativamente, e vice-versa e para contemplar a relação trabalho– saúde de uma forma mais abrangente, “o quantitativo não se opõe ao qualitativo, o mensurável não nega o imensurável”, valorizando o conhecimento tecido no cotidiano dos trabalhadores em associação ao saber teórico dos técnicos. 33 2.2 Local e sujeitos A pesquisa foi realizada em uma fábrica de calçados, na cidade de Perdigão (MG), no estado de Minas Gerais, localizada no Alto São Francisco, a 150 km da capital, Belo Horizonte, com aproximadamente oito mil habitantes. Sua economia ganhou destaque na produção de calçados, tendo hoje devidamente registradas 120 fábricas. A fábrica em que foi desenvolvida a pesquisa insere-se no contexto histórico da indústria de calçados local, por ser a primeira fábrica de calçados do município. Possui 28 trabalhadores com produção diária de seiscentos pares de botinas e chuteiras e jornada de trabalho de 44 horas semanais. Dos 28 trabalhadores que assinaram o Termo de Consentimento (APÊNDICE I), foram incluídos no estudo 22, pois seis trabalhadores não participaram das intervenções. 2.3 Instrumentos Foram utilizados três questionários, todos aplicados antes e após as intervenções. O questionário de informações sócio-demográficas e ocupacionais (APÊNDICE II), questionário sobre conhecimento de ergonomia e ginástica laboral (APÊNDICE III) e o questionário nórdico de sintomas osteomusculares (QNSO) (ANEXO II). O QNSO foi traduzido para a versão brasileira e validado por Pinheiro et al. (2002). Este questionário avalia os sintomas osteomusculares em pescoço, ombro, cotovelo, antebraço, punho/mão/dedo, região dorsal, região lombar, quadril/coxa, joelho, tornozelo/pé. Ao final das intervenções foi realizada entrevista registrada em gravador digital e transcrita, com autorização do trabalhador por meio do Termo Livre Esclarecido da Entrevista (APÊNDICE VI), em que o trabalhador foi indagado sobre o que achou da ginástica laboral e 34 o que achou dos procedimentos educativos, visando assim a captar a percepção dos trabalhadores quanto às intervenções realizadas. 2.4 Procedimentos e técnicas O estudo foi iniciado com uma reunião coletiva na indústria, com a participação dos proprietários e todos os trabalhadores. Os presentes foram esclarecidos dos objetivos e da metodologia da pesquisa e sobre a liberdade de escolha em participar das intervenções fisioterapêuticas, independente de ter aceitado ou não em participar da pesquisa. Em seguida realizou-se uma avaliação individual dos trabalhadores em sala fechada, onde foram aplicados os questionários citados no item 2.3. Na semana seguinte às avaliações, iniciaram-se as intervenções fisioterapêuticas, que foram constituídas de ginástica laboral compensatória e procedimento educativo, realizadas durante um período de três meses. 2.4.1 Intervenção fisioterapêutica: ginástica laboral A GL foi realizada em área livre da empresa, duas vezes por semana e com duração de quinze minutos, perfazendo um período de três meses. A escolha do melhor horário foi feita em reunião inicial com os trabalhadores, que optaram por utilizar o momento que antecede o café da tarde. Assim a GL foi realizada entre 14h50min e 15h05min, sendo o protocolo de GL realizado o compensatório, ou seja, realizado no meio da jornada de trabalho, e teve como objetivo aliviar as tensões provocadas pela atividade laboral, promovendo exercícios 35 específicos de compensação para esforços repetitivos, estruturas sobrecarregadas e posturas solicitadas nos postos de trabalho. A GL foi composta por exercícios de alongamento e movimentação articular, associados a atividades com bolas e elásticos. A ginástica foi ministrada pela pesquisadora, utilizando música, e as atividades foram elaboradas de acordo com a demanda de esforço dos trabalhadores no dia. Em cada GL havia uma atividade diferente da anterior, sendo que assim os trabalhadores não sabiam exatamente quais seriam as atividades do dia. Militão (2001) e Soares et al. (2006) discorrem sobre a importância das modificações e inserções de material didático nos programas de GL, pois assim proporciona a sensação de diversão nos trabalhadores. 2.4.2 Intervenção fisioterapêutica: procedimento educacional O procedimento educacional utilizado foi baseado na educação popular em saúde (FREIRE, 1987), valorizando o conhecimento do trabalhador e estabelecendo interação entre a pesquisadora, o trabalhador e o ambiente de trabalho. A partir de temas relacionados à anatomia humana, saúde do trabalhador, ergonomia, ginástica laboral e efeitos de posturas mantidas para o sistema osteomuscular. A duração do procedimento educativo foi de quinze minutos com a frequência de uma vez por semana durante três meses. Os materiais didáticos utilizados foram revistas para recortes, papel para colagem e construção de definições em saúde com o uso de pincéis pelos trabalhadores para explicitarem seu conhecimento sobre saúde do trabalhador, podendo assim discutir em grupo o assunto. Os temas abordados foram divididos da seguinte forma: 36 1.º: anatomia básica da coluna; 2.º: efeitos da postura sentada para coluna.; 3.º: efeitos da postura de pé para coluna; 4.º: anatomia básica dos membros superiores; 5.º: efeitos da postura sentada para os membros superiores; 6.º: efeitos da postura de pé para os membros superiores; 7.º: anatomia básica dos membros inferiores; 8.º: efeitos da postura sentada para membros inferiores; 9.º: efeitos da postura de pé para membros inferiores; 10.º: ergonomia; 11.º: ginástica laboral e sintomas osteomusculares; 12.º: saúde no trabalho; 13.º: tema livre (esclarecimento de dúvidas). Ao fim dos três meses de intervenção fisioterapêutica, os participantes do estudo responderam novamente os questionários aplicados no início do estudo. Em seguida foi realizada a entrevista gravada citada no item 2.3. Foram realizados no total treze sessões de procedimentos educativos e 25 sessões de ginástica laboral. Os dados quantitativos coletados foram analisados no programa SPSS 13.0®, aplicando o teste de McNemar, usado para a comparação entre os dois ou mais grupos de dados, pareados, com distribuição não-normal, com nível de significância de 5%. 37 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 22 trabalhadores participantes 50% eram do sexo feminino, com idade entre quinze e vinte anos (13,6%), seguida das faixas etárias 21 e 25 anos (31,8%), 26 a trinta anos (22,7%) e 31 a 35 anos (13,6%), 41 a 45 anos (18,3%), demonstrando que o maior contingente de trabalhadores é jovem em idade produtiva. Quanto à escolaridade, 41% dos trabalhadores tinham ensino fundamental; 45,5%, ensino médio; e 13,5%; ensino superior, corroborando com o perfil do trabalhador formal brasileiro traçado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) (2005) em 2003, em que o nível médio agrega a maior parte dos trabalhadores formais do país (38,2%), sendo que na região sudeste a maior parte dos trabalhadores formais (42%) possuía ensino fundamental, seguido de ensino médio (38,2%) e superior (18,5%). Frassetto (2006), em seu estudo sobre a indústria de calçados de São João Batista, Santa Catarina, descreveu que 63% dos trabalhadores do setor obtinham ensino fundamental e somente 6,3% ensino superior. O tempo de trabalho na empresa variou de três meses a quinze anos, ou seja, há quanto tempo o trabalhador está nesta empresa, sendo que 52% dos trabalhadores estão na empresa há mais de seis anos (GRÁF. 1). até 1 ano 24% ma is de 1 até 2 anos 52% 1 9% 0% 5% ma is de 2 até 4 anos ma is de 4 até 6 anos ma is de 6 anos Gráfico 1: Porcentagem de trabalhadores, por intervalo de tempo de trabalho na empresa 38 A porcentagem de trabalhadores (GRÁF. 2) que exercem funções idênticas há mais de dois anos é expressiva (63%). O tempo de trabalho na mesma função é fator de risco para sintomas osteomusculares, pois envolve posturas mantidas e repetitividade no trabalho. Pastre et al. (2007), verificaram que o tempo de exposição ao trabalho de seis meses ou mais caracterizava risco para as condições que levavam ao afastamento do trabalho. 14% até 1 ano 27% mais de 1 até 2 anos 23% mais de 2 até 3 anos mais de 3 até 4 anos 9% mais de 6 anos 27% Gráfico 2: Porcentagem de trabalhadores, por intervalo de tempo de trabalho na tarefa atual O resultado do questionário nórdico de sintomas osteomusculares (QNSO), aplicado antes das intervenções, mostra que 77,3% dos trabalhadores apresentavam algum tipo de sintoma osteomuscular (dor, desconforto ou dormência) na semana que antecedeu à aplicação do questionário inicial. Após as intervenções, a porcentagem de trabalhadores com queixa na última semana caiu para 45,5%. Este achado tende a ser positivo para as intervenções propostas, principalmente se se considerar o relato dos trabalhadores sobre a intervenção: Ah, pra mim foi ótimo; eu achei que deu um bom resultado, melhorou bastante as dores, né? (...) (T4). A ginástica, eu acho que foi boa, porque ajudou a diminuir as dores não só minha, mas do pessoal que eu conversei, principalmente das costureiras (...) (T16). 39 Outro dado destacado no questionário foi que 31,8% dos trabalhadores relataram afastamento de alguma atividade por causa de sintomas osteomusculares nos doze meses anteriores as intervenções. Entretanto, Brandão et al. (2005) encontraram, ao aplicar o QNSO em bancários de Pelotas, Rio Grande do Sul, a seguinte porcentagem: 43% dos entrevistados obtiveram algum episódio de dor na semana anterior à entrevista. Picoloto e Silveira (2006) demonstraram que é grande a prevalência de sintomas osteomusculares em metalúrgicos de Canoas, Rio Grande do Sul, 53,3% nos últimos sete dias. Em relação ao sexo (gênero), houve maior relato de sintomas osteomusculares antes das intervenções pelas mulheres, sendo que 82% relataram algum sintoma osteomuscular na semana antes das intervenções e, após as intervenções, 64% das mulheres e 27% dos homens mantiveram sintomas em alguma região do corpo na semana antecedente ao questionário final (GRÁF. 3). 82% Mulheres 64% Antes Após 72% Homens 27% Gráfico 3: Presença de sintomas osteomusculares por sexo, antes e após as intervenções, considerando o questionário nórdico de sintomas osteomusculares na semana que antecedeu à aplicação dos questionários inicial e final Os sintomas osteomusculares acometem muito mais mulheres que os homens, sendo esta prevalência encontrada em diversos estudos, Filho e Barreto (2001) observaram em cirurgiões dentistas de Belo Horizonte (MG) que 66,5% das mulheres relatavam sintomas 40 osteomusculares. Picoloto e Silveira (2008) comentam sobre a frequência de mulheres nas ocupações mais monótonas e repetitivas. No caso das mulheres do presente estudo, é possível que a dificuldade na redução dos sintomas possa ser influenciada pelo fato de as mulheres assumirem a função de costura, considerada pelos próprios trabalhadores uma atividade desgastante. A ginástica, eu acho que foi boa, porque ajudou a diminuir as dores não só minha, mas, do restante do pessoal que eu conversei, principalmente das costureiras, né?, na região das costas. (T17). Maciel et al. (2006) e Brandão et al. (2005), que argumentaram sobre sintomas osteomusculares e sexo, atribuíram à dupla jornada de trabalho da mulher, as suas obrigações domésticas além da jornada diária na empresa, muitas vezes em posturas inadequadas ou tarefas repetitivas, sendo algumas das justificativas para esse incremento de queixas femininas, que acarretam um grande desgaste físico e mental. Estivalet et al. (2004), analisando ergonomicamente a máquina de costura utilizada para a confecção de sapatos, concluíram que a regulagem do ponto da máquina de costura implica em movimentos inadequados, caracterizando postura desconfortável aos operadores, prejudicando principalmente a região lombar. Para Maciel et al., (2006), a diferença de massa muscular, composição corporal e tamanho das mulheres em relação aos homens pode representar fator de risco predisponente a sintomas osteomusculares. Salim (2003) acrescenta que é importante ir além da divisão do trabalho para compreender a desigualdade da distribuição das LER/DORT entre os trabalhadores e que as condições de precarização se têm-se revelado mais deletérias à saúde das mulheres. Os dados obtidos indicam redução significativa nos sintomas osteomusculares na região dos ombros e também punho/mãos/dedos (TAB. 1). Houve ainda tendência à redução dos sintomas na região de antebraço após as intervenções (p=0,063). 41 Depois Não Sim Antes 13 1 Não Pescoço 7 1 Sim 0,070 Valor-p 15 0 Não Ombros 7 0 Sim 0,016* Valor-p 22 0 Não Cotovelo 0 0 Sim 1,000 Valor-p 17 0 Não Antebraço 5 0 Sim 0,063 Valor-p 12 0 Não Punho/mãos/dedos 9 1 Sim 0,004* Valor-p 11 1 Não Região dorsal 6 4 Sim 0,125 Valor-p 13 2 Não Região lombar 7 0 Sim 0,180 Valor-p 16 2 Não Quadris e/ou coxas 4 0 Sim 0,688 Valor-p 15 2 Não Joelhos 2 3 Sim 1,000 Valor-p 14 1 Não Tornozelos e/ou pés 5 2 Sim 0,219 Valor-p Tabela 1: Sintomas osteomusculares por região anatômica em relação aos sete dias antes e após as intervenções Nota: Sendo Sim ou Não referente à presença de sintomas antes das intervenções indicados pela linha e sintomas após indicados por coluna. *Diferença estatisticamente significativa em nível de 5% pelo teste de McNemar. Antes das intervenções houve um maior relato de sintomas na região dorsal (GRÁF. 4) com punho/mãos/dedos (45,5%), seguido de pescoço (36,4%). Santos et al. (2007), após a realização da ginástica laboral com funcionários da Universidade Paranaense, encontraram maior incidência de comprometimento na coluna lombar, evidenciada por 68% antes do programa de ginástica laboral – 54% obtiveram melhora após o programa –, seguido dos 42 ombros (13%), pescoço (3%), tornozelo/pés (6%), sendo que não houve relato álgico para punho/mão/dedos após o programa. 31,80% Tornozelos/pés 13,60% 22,70% Joelhos Antes 22,70% 18,20% Quadris/coxas Após 9,10% 31,80% Região Lombar 9,10% 45,50% Região dorsal 22,70% 45,50% Punho/mãos/dedos Antebraço Ombros Pescoço 4,50% 22,70% 0 31,80% 0 9,10% 36,40% Gráfico 4: Porcentagem de sintomas osteomusculares por região anatômica nos últimos sete dias, antes e após as intervenções Os efeitos das intervenções foram mais evidentes nos membros superiores (GRÁF. 5). Santos et al. (2007) relaram redução de queixas em ombro e punho/mão/dedos após o programa de ginástica laboral. Carvalho e Moreno (2007) demonstraram a contribuição de tal programa para minimizar as dores corporais, além da diminuição da ansiedade, melhora das relações interpessoais e diminuição da fadiga muscular. Freitas et al. (2005) destacaram os benefícios da GL em melhorar a flexibilidade e mobilidade articular, diminuindo a fadiga decorrente de tensão e repetitividade que acometem tendões, músculos, fáscia e nervos. Os trabalhadores do presente estudo também relatam benefícios semelhantes: (...) (a ginástica) ajuda bastante a tirar as dores, igual eu tinha dores nos dedos, assim na hora de passar a cola, e agora não tenho mais, e é bom. (T20). (...) inclusive, quando eu tava com muita dor, fazia a ginástica e aliviava bem. (T2). 43 7 5 5 4 2 10 1 5 0 7 0 an pu nh o /m ão /d om teb ed ra br os ç o o to rn oz el j o co o/ el pe ho xa 3 antes das intervenções depois das intervenções Gráfico 5: Número de trabalhadores que relataram sintomas osteomusculares em membros inferiores e/ou superiores antes e após as intervenções fisioterapêuticas O maior número de queixas osteomusculares em membros superiores pode ser decorrente do esforço manual do setor calçadista, que exige muito dos membros superiores, evidenciando assim a necessidade de uma maior intervenção neste contexto. Este fato também foi observado por Filho e Barreto (2001) quando avaliaram a prevalência de dor osteomuscular em cirurgiões-dentistas, em que as regiões do segmento superior do corpo foram responsáveis por 58% das queixas. Oliveira (2007) concluiu que a GL pode ser considerada uma alternativa para o problema, pois é considerado um exercício eficaz para prevenir doenças relacionadas ao trabalho e, assim, melhorar a qualidade de vida do trabalhador. Os trabalhadores utilizaram também o momento da GL, não só no aspecto físico da ginástica, mas, na troca de conhecimentos e condições para propiciar sua saúde no trabalho. (...) da ginástica gostei também, porque ela, o que você ensinou e os exercícios que a gente tinha que fazer pra não ficar com dor (...) (T1). 44 Esta fala remete à discussão a respeito do conhecimento desses trabalhadores sobre saúde no trabalho. Somente um trabalhador conhecia ginástica laboral e ergonomia antes das intervenções. Mesmo após as intervenções, 9% dos trabalhadores não compreendiam o que era ginástica laboral, e 32% ainda não entendiam o que era ergonomia. Embora nem todos tenham compreendido a importância das intervenções, muitos aproveitaram a oportunidade para aprender: As aulas o que eu achei que é bom pra gente saber o modo certo de trabalhar... até pra não machucar no serviço, né?, e não ter um problema igual você falou, né?, DORT, essas coisas... (T13). Com os procedimentos de educação em saúde, acredita-se que agentes agressivos no trabalho possam ser modificados. Fonseca (2006) relata a importância de a GL ser ministrada por profissionais graduados, pela inclusão de educação em saúde no momento da atividade, com o intuito de otimizar o programa. Sendo assim, os trabalhadores buscaram levar os exercícios ali realizados para o seu dia a dia, relatando muitas vezes que certos alongamentos eram feitos também no momento de trabalho quando surgia a dor, trazendo assim alívio dos sintomas. Carvalho e Moreno (2007) concluem que a prática da GL pode motivar os trabalhadores a reivindicarem melhores condições de trabalho, uma vez que estimula os trabalhadores à reflexão sobre sua saúde. De Vitta et al. (2008) afirmam que a educação sozinha não tem forças para possibilitar a saúde desejável à população, fornece, porém, elementos que capacitem os indivíduos a ganharem autonomia e conhecimento na escolha de condições mais saudáveis. Sobre o conhecimento da relação entre GL e sintomas osteomusculares na percepção do trabalhador, antes das intervenções, dezesseis deles não sabiam qual era essa relação; um trabalhador relatou que a GL não reduz os sintomas e cinco disseram que reduz. Após as 45 intervenções, vinte trabalhadores disseram que a GL reduz os sintomas osteomusculares e apenas dois deles disseram não saber qual a relação entre os sintomas e a GL. Contudo, alguns trabalhadores ressaltaram a importância do desenvolvimento prático das questões discutidas nos procedimentos educativos. As aulas no meu caso foi, no caso do meu problema, da minha dor, se você não tivesse falado aí, como eu ia saber desse trem de levantar um tiquinho a lata, aí ia ter que agüentar. (T15). A prática seria a vivência das modificações citadas durante o processo educativo. Outros exemplos seriam a mudança dos assentos, o apoio dos pés no chão e as pausas durante o trabalho. Pereira et al. (2006) relatam que a solução para os problemas de saúde ocupacional deveria partir dos próprios trabalhadores, por meio de participação democrática e ativa. Soares et al. (2006), porém, na análise ergonômica do trabalho de teleatendimento, observaram que os trabalhadores expressaram o desejo de ter um programa de ginástica laboral, entretanto, quando implantado o programa, não houve adesão dos trabalhadores. Durante os procedimentos educativos, a principal indagação desses trabalhadores era em relação à sua condição de modificar um ambiente de trabalho de forma eficaz, que para tal necessitariam de apoio dos proprietários, surgindo aí a demanda para a análise ergonômica do ambiente de trabalho. Na análise ergonômica do trabalho (AET), o trabalhador é abordado em sua situação de trabalho como um todo, as relações entre as condições e organização do trabalho e as manifestações expressas ou indiretas de fadiga, desgaste, desconforto, mal-estar, doenças (PARAGUAI, 1990). Os modelos utilizados atualmente nas intervenções ergonômicas buscam estabelecer uma relação entre a atividade e a multiplicidade de fatores que a determina e compreender como se processa a inter-relação entre as características da população com aquelas do contexto do trabalho (ABRAHÃO, 2000), perfazendo o caminho 46 extremo da visão geral do processo de trabalho até a análise detalhadíssima para detectar uma série de pontos importantes (FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2005). A fala deste trabalhador evidencia a necessidade de intervenção ergonômica nesse ambiente de trabalho, para o qual se necessita de parcerias entre trabalhador–empregador a fim de consolidar-se a saúde no trabalho na empresa. (...) eu acho que os proprietários, os donos deviam também participar, porque não adiante nós sabermos e eles, não, entendeu? Porque aí como a gente vai fazer? Sabe? a gente faz e eles não fazem? Eu acho que eles tinham que participar das aulas também, isso ia ajudar todo mundo... (T17). Soares et al. (2006), em seu estudo sobre a baixa adesão dos trabalhadores ao programa de GL, justifica que a implantação da GL sem “reorganizar” o trabalho pode provocar constrangimentos aos trabalhadores. A inclusão da AET faz-se necessária para a prescrição das atividades e intervenções ambientais e organizacionais; sem a AET as sessões de ginástica laboral são apenas paliativas, já que ela não é capaz de atuar com eficácia sobre a má postura ocasionada por um mobiliário inadequado, entretanto vale ressaltar que a GL é importante complemento da AET (FONSECA, 2006; MARTINS, 2000). Maciel et al. (2005) descrevem alguns benefícios para a empresa quando implantado o programa de GL, dentre eles o baixo custo de sua implantação, justificativa que apresenta este programa como primeira escolha, em vez da AET que acarretaria custos para reorganizar o ambiente de trabalho na empresa. De acordo com Martins (2000), a relevância da ergonomia num programa de ginástica laboral dá-se em consideração ao trabalhador que passa a maior parte do seu tempo em um ambiente que, se não for adequado e confortável, pode reprimir grande parte dos benefícios conquistados pela prática da ginástica laboral. Dessa forma, as intervenções da GL e o procedimento educativo devem ser somadas a outras atitudes preventivas como a AET. 47 CONCLUSÃO Através da análise dos resultados há confirmação da hipótese que a ginástica laboral associada ao Procedimento Educativo reduz sintomas osteomusculares em trabalhadores do setor calçadista. Os resultados apresentados após três meses de Ginástica Laboral, duas vezes por semana e Procedimento Educativo uma vez por semana, levaram a crer que ocasionaram alterações significativamente importantes nos sintomas osteomusculares e em educação em saúde dos trabalhadores do setor calçadista pesquisados, além de ter sido boa a aceitação das intervenções por estes trabalhadores. Foi clara a interferência positiva da intervenção em ginástica laboral, visto que 31,8% dos trabalhadores relataram redução de sintomas osteomusculares após as intervenções, sendo a região do punho/mãos/dedos a que houve maior redução dos sintomas, lembrando que esta região é a mais acometida devido a característica do trabalho calçadista, onde exigi-se mais esforço de membro superior durante a jornada de trabalho. O procedimento educativo possibilitou a esses trabalhadores vivências de autonomia de sua saúde no trabalho, proporcionando conhecimento na escolha de condições mais saudáveis. Após as intervenções, 91% dos trabalhadores disseram que a ginástica laboral associada ao procedimento educativo reduz os sintomas osteomusculares. Conclui-se que a associação da GL com a Educação em saúde do trabalhador lhe traz benefícios, entretanto, para a maximização dos efeitos positivos, é necessária a análise ergonômica do trabalho. 48 REFERÊNCIAS ABRAHÃO, J. I. Reestruturação produtiva e variabilidade do trabalho: uma abordagem da Ergonomia. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 16, n. 1, jan./abr. 2000. ALMEIDA, A. S. B.; OLIVEIRA, A. M. B.; RIBEIRO, K. S. Q. A fisioterapia na atenção básica a partir de uma experiência de educação popular. Fisioterapia em movimento, Curitiba, v. 17, n. 2, p. 51–58, 2004. BRANDÃO, C. R. A educação popular na área da saúde. Interface – Comunicação, Saúde e Educação, Campinas, p. 127–131, fev. 2001. BRANDÃO, A. G.; HORTA, B. L.; TOMASI, E. 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Pescoço Ombros Região Dorsal Cotovelos Antebraço Região Lombar Punhos/Mão/Dedos Quadris e Coxas Joelhos Tornozelos/Pés 55 Considerando os últimos 12 meses, você tem tido algum problema (tal como dor, desconforto ou dormência) nas seguintes regiões: Você tem tido algum problema Durante os últimos 12 meses você teve que evitar suas nos últimos 7 dias, nas atividades normais (trabalho, seguintes regiões: serviço doméstico ou passatempos) por causa de problemas nas seguintes regiões: 1. Pescoço? Não Sim 1 2 2. Pescoço? Não Sim 1 2 3. Pescoço? Não Sim 1 2 4. Ombros? Não Sim 1 2 , no ombro direito 3, no ombro esquerdo 4, em ambos 5. Ombros? Não Sim 1 2 , no ombro direito 3, no ombro esquerdo 4, em ambos 6. Ombros? Não Sim 1 2 , no ombro direito 3, no ombro esquerdo 4 em ambos 7. Cotovelo? Não Sim 1 2 , no cotovelo direito 3, no cotovelo esquerdo 4 em ambos 8. Cotovelo? Não Sim 1 2 , no cotovelo direito 3, no cotovelo esquerdo 4 em ambos 9. . Cotovelo? Não Sim 1 2 , no cotovelo direito 3, no cotovelo esquerdo 4 em ambos 10. Antebraço? Não Sim 1 2 no antebraço direito 3 no antebraço esquerdo 4 em ambos 11. Antebraço? Não Sim 1 2 no antebraço direito 3 no antebraço esquerdo 4 em ambos 12. . Antebraço? Não Sim 1 2 no antebraço direito 3no antebraço esquerdo 4 em ambos 13. Punhos/Mãos/Dedos? Não Sim 1 2 no punho/mão/ dedos direitos 3 no punho/mão/ dedos esquerdos 4 em ambos 14. Punhos/Mãos/Dedos? Não Sim 1 2 no punho/mão/ dedos direitos 3 no punho/mão/ dedos esquerdos 4 em ambos 15. . Punhos/Mãos/Dedos? Não Sim 1 2 no punho/mão/ dedos direitos 3 no punho/mão/ dedos esquerdos 4 em ambos 56 Considerando os últimos 12 Você tem tido algum problema meses, você tem tido algum nos últimos 7 dias, nas problema (tal como dor, seguintes regiões: desconforto ou dormência) nas seguintes regiões: Durante os últimos 12 meses você teve que evitar suas atividades normais (trabalho, serviço doméstico ou passatempos) por causa de problemas nas seguintes regiões: 16. Região dorsal Não Sim 1 2 17. Região dorsal Não Sim 1 2 18. Região dorsal Não Sim 1 2 19. Região lombar Não Sim 1 2 20. Região lombar Não Sim 1 2 21. Região lombar Não Sim 1 2 22. Quadris e/ou coxas Não Sim 1 2 23. Quadris e/ou coxas Não Sim 1 2 24. Quadris e/ou coxas Não Sim 1 2 25. Joelhos Não Sim 1 2 26. Joelhos Não Sim 1 2 27. Joelhos Não Sim 1 2 28. Tornozelos e/ou pés Não Sim 1 2 29. Tornozelos e/ou pés Não Sim 1 2 30. Tornozelos e/ou pés Não Sim 1 2 57 APÊNDICE I – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO N.º___________ Título da pesquisa: “Intervenção fisioterapêutica na atividade laboral do setor calçadista”. Objetivo: O objetivo desta pesquisa é verificar os efeitos da intervenção fisioterapêutica, pó meio da ginástica laboral associada ao procedimento educativo sobre os sintomas osteomusculares em trabalhadores do setor calçadista. Esta pesquisa está sendo desenvolvida pela mestranda em Educação, com linha de pesquisa em Saúde Coletiva da Fundação Educacional de Divinópolis / Universidade do Estado de Minas Gerais / Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (Funedi/UEMG\Inesp). Responsáveis: Fernanda Silva Gonçalves (fisioterapeuta mestranda), Viviane Augusto (fisioterapeuta, docente do curso de fisioterapia da Funedi/UEMG e co-orientadora do projeto), Daniel Silva Penha (fisioterapeuta, docente do curso de fisioterapia e do mestrado em Educação da Funedi/UEMG). Telefones para contato: (37) 9111-9611 ou (37) 3287-0177. Procedimentos: Será realizada uma avaliação individual prévia para levantamento de informações sócio-demográficas e ocupacionais, com os funcionários que aceitarem participar da pesquisa. Em seguida será aplicado o questionário nórdico de sintomas osteomusculares para avaliação dos sintomas, seguido pelo questionário sobre o conhecimento de ergonomia e ginástica laboral. Após a avaliação inicial, será realizada a intervenção fisioterapêutica, envolvendo a ginástica laboral e o procedimento educacional. O protocolo de GL será realizado no meio da jornada de trabalho e ao ar livre, duas vezes por semana e com duração de quinze minutos, por um período total de três meses. Será composta por exercícios de descontração muscular, alongamento e movimentação articular, associados a atividades lúdicas com bolas, elásticos, balões e cones. O procedimento educacional será baseado na pedagogia tradicional associado à educação para saúde e será implementado por meio de aulas expositivas com duração de vinte minutos. O empregado é livre para recusar-se a participar ou retirar o seu consentimento a qualquer momento, sem qualquer prejuízo para si. Riscos e benefícios: A realização desta pesquisa não oferece qualquer risco e em nenhuma situação será revelada a identidade dos participantes. Nenhum participante receberá compensação financeira ou terá qualquer tipo de despesa participando do estudo. Os resultados deste trabalho poderão ajudar os fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde a compreenderem a relação da ginástica laboral, procedimentos educativos e sintomas musculoesqueléticos. Consentimento: Declaro que li e entendi a informação acima e que todas as dúvidas foram esclarecidas Data: ___________________________ Assinatura:__________________________ 58 APÊNDICE II – QUESTIONÁRIO DE INFORMAÇÕES SÓCIO-DEMOGRÁFICAS E OCUPACIONAIS NOME: IDADE: SEXO: ESTADO CIVIL: GRAU DE INSTRUÇÃO: CARGO NA EMPRESA: TEMPO DE TRABALHO NA EMPRESA: TEMPO DE TRABALHO NA OCUPAÇÃO ATUAL: SITUAÇÃO DE SAÚDE: 1) EXISTÊNCIA DE PROCESSO PATOLÓGICO DIAGNOSTICADO? 2) USO DE MEDICAMENTOS? 59 APÊNDICE III – QUESTIONÁRIO SOBRE CONHECIMENTO DE ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL 1) Você conhece ginástica laboral? ___Sim. ___Não. _____Já ouvi falar. 1.1) Qual a relação entre ginástica laboral e sintomas musculoesqueléticos? ____Reduz os sintomas. ____Não reduz. ____Não sei. 2) Você conhece ergonomia? ____Sim. ____Não. _____Já ouvi falar. 3) Qual a relação entre ergonomia e sua saúde? _____Ergonomia ajuda a manter a saúde. _____Não ajuda. _____Não sei. 4) Cite três fatores importantes para manutenção de sua saúde no trabalho. 60 APÊNDICE IV – TERMO DE CONSENTIMENTO REFERENTE À ENTREVISTA Título da pesquisa: “Intervenção fisioterapêutica na atividade laboral do setor calçadista”. Objetivo: O objetivo desta pesquisa é verificar os efeitos da intervenção fisioterapêutica, por meio da ginástica laboral associada ao procedimento educativo sobre os sintomas osteomusculares em trabalhadores do setor calçadista. Esta pesquisa está sendo desenvolvida pela mestranda em Educação, com linha de pesquisa em Saúde Coletiva da Fundação Educacional de Divinópolis / Universidade do Estado de Minas Gerais / Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (Funedi/UEMG/Inesp)). Responsáveis: Fernanda Silva Gonçalves (fisioterapeuta mestranda), Viviane Augusto (fisioterapeuta, docente do curso de fisioterapia da Funedi/UEMG e co-orientadora do projeto, Daniel Silva Penha (fisioterapeuta e docente do curso de fisioterapia e do mestrado em Educação da Funedi/UEMG). Telefones para contato: (37) 9111-9611 ou (37) 3287-0177. Este se refere ao consentimento individual do participante para que sua fala seja gravada, transcrita e analisada, com finalidade exclusiva de pesquisa. Declaro aceitar conceder entrevista de livre e espontânea vontade e consinto que os dados coletados na entrevista sejam utilizados com fins de pesquisa, mediante explicação prévia. Assinatura:________________________________________________________ Data:____________________________________________________________