UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO" Campus de Marília CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS COMÉRCIO INTERNACIONAL 4º ANO – 2011 Prof. Luís Antonio Paulino UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO" Campus de Marília CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Aula 2 Internacionalização: modelos e dimensões teóricas Tópicos 1. Evolução do campo teórico 2. A internacionalização da produção 3. A natureza das multinacionais 4. Abordagens teóricas Evolução do campo teórico de NI e GI • Predomino de estudos focados em IDE e EMNs. • Insuficiência dos paradigmas construídos. • Duas correntes de estudo: • Adicionar a dimensão internacional aos estudos de negócios domésticos. • Tratar das consequências econômicas nos países de origem e destino. • Evolução do campo teórico de NI e GI • Três âmbitos específicos: • problemas que as empresas enfrentam nas conduções de trocas • problemas que gerentes enfrentam para controlar uma rede internacional • práticas de negócios no exterior • Três tópicos principais • Explicação dos fluxos de IDE (pós-II Guerra) • Existência, estratégia e organização das EMNs (1970-1990) • Desenvolvimento da internacionalização da firma (1980-2000) • A fase atual caracteriza-se pela ausência de uma grande questão empírica • • • • • F&A Gestão do conhecimento Conceito de globalização Papel das ONGs Estudos de determinados países (China, Índia) Evolução do campo teórico de NI e GI Três paradigmas • Extensão • Considera negócios internacionais como extensão da atividade da firma através de fronteiras nacionais. • O foco é ajustamento e adaptação das atividades em virtude das diferenças entre os ambientes dos países de origem e destino das EMNs. • Enfatiza as limitações culturais dos negócios em outros ambientes (cultura, econômico, legal e político) • A firma é o objeto de análise • As questão que orienta a pesquisa são as da firma doméstica, como finanças e marketing Evolução do campo teórico de NI e GI Três paradigmas • Gestão transfronteiras • Está centrado nos problemas causados pelos movimentos de produtos e capitais através de fronteiras nacionais e pela necessidade de monitorar, coordenar e integrar operações e atividades existentes em mais de um país. • Apresenta negócios internacionais com distintos de negócios nacionais • Aborda o desafio das enfrentado pelas organizações quando operam em diversos países ao mesmo tempo. • Sugere que a firma como unidade central de análise deve ser substituída por uma visão hierárquica, com múltiplos níveis de análise. • O fundamental é alterar o foco da investigação da firma para os processos de negócios. Evolução do campo teórico de NI e GI Três paradigmas • Interação emergente • NI é apresentado como um processo hierárquico, com múltiplos níveis de análise, resultante da interação de dois ou mais processos de negócios de múltiplos e que estão socialmente enraizados. • Segundo essa abordagem tanto a disciplina da economia quanto a antropologia, história, economia política e sociologia podem contribuir para a compreensão do fenômeno dos negócios internacionais e também dos processos nacionais de negócios. • Implicações: • intensifica a natureza multidisciplinar de NI • refuta a visão econômica de negócios separados da sociedade • modifica a relação de NI com outros campos de multidisciplinar para interdisciplinar • envolve múltiplos níveis de análise (suprasocietal, societal, indústrias, firmas, grupos, indivíduos) Abordagens Teóricas • Internacionalização da produção pode ocorrer por meio de: • Comércio internacional • Investimento Externo Direto • Relação contratual Internalização da produção Externalização da produção • Deslocamento pessoal dos consumidores e produtores (pessoa natural). Internacionalização da produção A natureza das multinacionais 1. Definição: empresas oligopolísticas cuja propriedade, administração, produção e atividade de comercialização se estendem por várias jurisdições nacionais. 2. Objetivo principal: garantir a produção ao menor custo de bens destinados aos mercados locais/mundiais, baseando-se na existência de alguma vantagem competitiva com relação às empresas locais. A natureza das multinacionais 1. Outros objetivos: Preempção de mercados Acesso a mercados em expansão e relativamente fechados Acesso a fontes de matérias-primas estratégicas (petróleo, minérios) Acesso a novas tecnologias Explorar economias de escala/escopo A natureza das multinacionais 1. Estratégia de localização: aquisição dos locais mais eficientes para suas instalações produtivas ou mediante concessões tributárias dos países hospedeiros. 2. Financiamento: Investimento Direto Estrangeiro (IDE) e/ou financiamento do país hospedeiro. A natureza das multinacionais Variáveis que afetam as opções de localização (positiva ou negativamente) • • • • • • • • • Recursos específicos do país Qualidade e preço dos insumos Qualidade das infra-estruturas e externalidades (P&D, etc.) Custos de transporte e de comunicação Distância psicológica (língua, cultura, etc.) Política comercial (barreiras tarifárias e não-tarifárias, contingenciamento) Ameaças protecionistas Política industrial, tecnológica, social Subvenções e incentivos para atrair as companhias A natureza das multinacionais 1. Tipos mais comuns de IDE: 2. Investimentos industriais Investimentos nas indústrias extrativas Investimentos no setor de serviços Fatores de expansão: Compressão do tempo e do espaço em razão dos aperfeiçoamentos nos transportes e comunicações. Políticas governamentais favoráveis às multinacionais e ambiente internacional propício. A natureza das multinacionais Fonte: L’Altas – Le Monde Diplomatique (2006) A natureza das multinacionais Fonte: L’Altas – Le Monde Diplomatique (2006) Abordagens Teóricas Abordagem econômica enfoca a organização da produção, do investimento e comércio internacional se concentra em agregados macroeconômicos, organização industrial e fenômenos microeconômicos considerados altamente objetivos Abordagem organizacional enfoca o comportamento organizacional dentro da firma para enfrentar o mercado internacional. o comportamento organizacional e o tomador de decisão constituem o enfoque de uma teoria que lida com variáveis mais subjetivas Abordagens Teóricas Há um crescente esforço de integração entre as duas visões: • a abordagem do comportamento organizacional desenvolvese com grande sucesso, mas carece de uma visão “internacionalista”. • “A função do carteiro é entregar cartas, qualquer que seja a cor de seu uniforme” o teóricos das teorias econômicas de negócios internacionais percebem a importância de aspectos institucionais e culturais relacionados a práticas gerenciais/operativas para o sucesso do processo de internacionalização da empresa. Abordagens econômicas Teoria do Investimento em Portfólio (a visão neoclássica). Teoria do Ciclo do Produto – Raymond Vernon (1966, 1979). Teoria do Poder de Mercado – Stephen Hymer (1976). Teoria da internalização – Buckley & Casson com base em Coase (1937) e Willianson (1975). O quadro de referência eclético OLI de Dunning. Teoria do Investimento de Portfólio • Movimentos internacionais de capitais são determinados pelos diferenciais de taxas de juros e rentabilidade. • Comércio internacional responde a diferenças nos preços relativos dos bens entre países. • Movimentos internacionais de fatores é determinado por diferenças absolutas nos preços dos fatores. Teoria do Investimento de Portfólio • O capital que se movimenta o faz como resposta a diferenças absolutas nas taxas de juros ou de rentabilidade • Investimento internacional é função direta do diferencial de taxas de remuneração do capital entre os países. Teoria do Ciclo do Produto • Investimentos horizontalmente integrados • • produção do mesmo produto em diversos locais Todo produto se desenvolve em três fases: 1. fase de introdução 2. fase do desenvolvimento 3. fase madura, da padronização Teoria do Ciclo do Produto 1. fase de introdução produção tende a localizar-se nos países mais avançados industrialmente em razão do grande mercado interno (a demanda) e dos recursos devotados à inovação (oferta). as empresas tendem a gozar de uma posição monopolística, decorrente da tecnologia que detêm. Teoria do Ciclo do Produto 2. fase de desenvolvimento com o tempo, o crescimento dessa demanda, a difusão da tecnologia utilizada por competidores tornam factível e mesmo necessário produzir no exterior. nessa segunda fase, os processos de manufatura continuam a ser aperfeiçoados, o locus da produção tende a deslocar-se para outros países industrializados. Teoria do Ciclo do Produto 3. fase de padronização a padronização do processo industrial possibilita o deslocamento da produção para os países menos desenvolvidos, cuja vantagem comparativa é representada pelo menor custo da mão-de-obra. Dessas plataformas de exportação o produto acabado ou os seus componentes são exportados pra os mercados mundiais. Esse comércio intra-firma passou a ser uma característica importante da economia mundial contemporânea. Teoria do Ciclo do Produto Aspectos importantes que a teoria do ciclo do produto ajuda a explicar o peso das empresas multinacionais e da competição oligopolista. O papel do desenvolvimento e da difusão da tecnologia industrial como fatores importantes do comércio e da localização global das atividades econômicas. Integração do comércio e da produção no exterior na estratégia das empresas. Teoria do Ciclo do Produto Mudanças ocorridas que alteram o ciclo do produto: aceleração das taxas de inovação e difusão tecnológicas aumento da importância competitiva da inovação produção internacional tornou-se elemento importante das estratégias empresariais combinação de produtos e técnicas de produção altamente padronizados com a existência de mão-de-obra relativamente barata fez com as novas economias em desenvolvimento (os chamados mercados emergentes) passassem a ser fonte significativa de produtos industriais e seus componentes. Teoria do Ciclo do Produto • Limitações da teoria do ciclo do produto levaram a um esforço para desenvolver uma teoria das multinacionais e do investimento direto externo direto mais ampla e abrangente: a Teoria do Poder de Mercado • O trabalho pioneiro a tese de doutorado de Stephen Hymer no MIT em 1960 (publicada apenas em 1976) Teoria do Poder de Mercado “Fazer negócios no exterior” implica outros custos para a firma além de simplesmente a exportação a partir das suas fábricas instaladas no país. Por isso a firma precisa ter alguma “vantagem compensatória específica”, tal como o desenvolvimento da sua capacitação tecnológica ou gerencial ou economias de escala, que lhe permitam obter “renda de monopólio” com as operações no exterior. Teoria do Poder de Mercado • Segundo Hymer, as empresas engajam-se em operações externas por três razões: • Vantagens que as firmas do país receptor não têm (vantagem específica). • Antecipar-se à competição (investimento defensivo) • Reduzir riscos por meio da diversificação em termos de número de mercados em que a firma tem atividades (diversificação geográfica de risco) Teoria do Poder de Mercado • Enquanto para a teoria do investimento em portfólio o investimento internacional é determinado pelo diferencial das taxas de retorno, para Hymer, a determinação teórica do investimento externo deve ser tratada não somente em termos de diferenças de atributos entre países (fatores de produção e, portanto, remuneração), mas também, e principalmente, das diferenças existentes entre as empresas dos diferentes países. • fatores locacionais (fatores produtivos) • fatores específicos à propriedade (tecnologia, escala, etc.) Teoria do Poder de Mercado A expansão da forma vertical de empresa multinacional implicam: • internalização ou integração vertical das várias fases do negócio, para reduzir custos de transação. • produção e exploração do conhecimento técnico. • oportunidade de expandir-se no exterior viabilizada pela melhoria das comunicações e dos transportes. Teoria do Poder de Mercado O resultado da internacionalização do processo produtivo tem sido a rápida expansão do comércio intrafirma. Teoria da Internalização O limite de expansão da firma é quando os custos de estruturar mais uma transação dentro da firma se tornam iguais se tornam iguais ao custo de usar as trocas de mercado. Se os custos de mercado são maiores do que o custo de organizar outra firma, a escolha para expansão da firma é organizar uma nova firma. Teoria da Internalização Um elemento importante da teoria é a questão da integração vertical e horizontal: • A firma procura a integração vertical para vencer barreiras de entrada e evita incertezas de mercado, e esta é uma reação a preços não-competitivos. • Ela também procura a integração horizontal para usar economias de escala para gerar novos conhecimentos. Teoria da Internalização A firma (em oposição ao mercado): • • • • ajuda a controlar os custos envolvidos no mecanismo de preços (preços de transferência). diminui a incerteza dominante no sistema econômico. permite a divisão do trabalho por meio da supervisão qualificada. melhora os resultados da experimentação e da tentativa e erro. Teoria da Internalização A idéia fundamental dessa teoria é que a troca administrada pelo grupo (empresa) envolve custos de transação menores do que a troca de mercado, incrementando a eficiência do grupo. Nessa teoria, o arranjo institucional adequado de cooperação entre as partes envolvidas na troca comercial/industrial é o da estrutura organizacional das multinacionais globalmente integradas na qual o controle é centralizado e hierárquico. Teoria da Internalização Vantagens decorrentes da internalização • • • • • • • Economia de transação na aquisição dos insumos (inclusive tecnologia) Redução da incerteza Maior proteção da tecnologia Acesso à sinergias próprias das atividades independentes Controle das iniciativas Possibilidade de evitar ou explorar medidas governamentais (especialmente fiscais) Possibilidade de praticar manipulação de preços de transferência, fixação de preços predatórios, etc. O quadro de referência eclético de Dunning O conceito de paradigma eclético foi desenvolvido na década de 1970 por John Dunning, que tinha por objetivo delinear uma explicação ampla para a teoria da produção internacional da firma, com o auxílio de diversos ramos da teoria econômica. O quadro de referência eclético de Dunning Basicamente, o paradigma eclético explica que a firma, quando decide iniciar uma produção internacional, deve possuir alguma vantagem diferencial sobre seus competidores. De posse dessa vantagem, a firma ira internalizar a produção se perceber que essa é a melhor solução, em vez de ceder seus direitos a outras firmas. Finalmente, deve haver um interesse econômico em localizar a produção em mercados estrangeiros, de modo a capturar os benefícios econômicos existentes em diferentes localidades. O quadro de referência eclético de Dunning Essas são as três colunas do paradigma eclético (OLI): • vantagem específica do proprietário (ownershipspecific advantage – O) • variáveis específicas de localização (locationspecific variables – L) • internalização (internalization – I) O quadro de referência eclético de Dunning • A idéia subjacente ao modelo OLI (ownership, localization, internalization) é que a decisão de produção no exterior exercida por um empresa tem sentido em função das economias de localização no exterior e das diferenças entre as empresas estrangeiras e domésticas, havidas antes do investimento. O quadro de referência eclético de Dunning Variáveis que afetam as opções de localização (positiva ou negativamente) • • • • • • • • • Recursos específicos do país Qualidade e preço dos insumos Qualidade das infra-estruturas e externalidades (P&D, etc.) Custos de transporte e de comunicação Distância psicológica (língua, cultura, etc.) Política comercial (barreiras tarifárias e não-tarifárias, contingenciamento) Ameaças protecionistas Política industrial, tecnológica, social Subvenções e incentivos para atrair as companhias Abordagem organizacional (a Escola de Uppsala) A escola de Uppsala preconiza que as empresas tendem a internacionalizar para países psiquicamente próximos ao seu país de origem e a adotar uma seqüência de estágios em que vão gradualmente aumentando gradualmente o comprometimento de recursos, isto é, o volume e a irreversibilidade no exterior. Abordagem organizacional (a escola de Uppsala) Fonte: Hemais, 2004, V.I, p.84 Abordagem organizacional (a Escola de Uppsala) Esse modelo enfatiza o aumento da internacionalização por meio da aquisição, integração e uso do conhecimento de mercados externos. A firma internacional é uma organização caracterizada por processos baseados em aprendizagem e apresenta uma complexa e difusa estrutura quanto a recursos, competências e influências. Abordagem organizacional (a Escola de Uppsala) O limite de crescimento da firma está associado aos seus recursos humanos e à aquisição de conhecimento coletivo, que seria um processo evolutivo, conseqüência da experiência direta dos funcionários. Uma das idéias centrais da teoria comportamental da firma ampliada para os estudos de internacionalização da firma, é a de que os gerentes evitam riscos e não tomam decisões arriscadas voluntariamente. Abordagem organizacional (a Escola de Uppsala) Quanto mais longe da matriz, maior é a incerteza. Essa distância não se mede somente em quilômetros, mas também pelas diferenças culturais, econômicas, tecnológicas e educacionais entre os países de origem e os de operação. Essa diferença é chamada de psíquica e quanto maior essa diferença, maior a incerteza. Abordagem organizacional (a Escola de Uppsala) O processo de internacionalização da firma se dá em duas etapas: A primeira ocorre por meio de operações no exterior iniciadas em países próximos; a expansão da operação ocorre de forma gradual para regiões mais distantes. A segunda define a entrada no mercado estrangeiro por meio de exportação, raramente começando o processo de internacionalização com a firma implantando unidades de venda no exterior ou subsidiárias. Em geral, o investimento em subsidiárias só ocorre depois de anos exportando para o mesmo local. Abordagem organizacional (a Escola de Uppsala) O pensamento da Escola de Uppsala evoluiu até chegar na questão de redes de relacionamento (networks), seja na esfera industrial ou no relacionamento existente entre firmas e mercados internacionais. Abordagem organizacional (a Escola de Uppsala) Há uma diferença entre o modelo tradicional e esse processo evolutivo de redes de relacionamento: o padrão heterogêneo de oportunidade de entrada. modelo tradicional: padronização do modo e dos motivos de internacionalização das firmas. modelo evolutivo: a heterogeneidade motivaria a firma a escolher mercados e estratégias de entrada que poderiam ser diferentes do modelo tradicional, e os relacionamentos (pessoais ou de negócios) poderiam ser usados como pontes para entrada em outras networks. Abordagem organizacional (a Escola de Uppsala) Nesse modelo, o processo de internacionalização aceita múltiplos modos de entrada, com exportação, licenciamento, subsidiárias de vendas, subsidiárias de produção, instalação de fábricas, gestão de contratos e joint-venture. (heterarquia organizacional). As multinacionais organizam suas atividades para influenciar atores políticos nos países estrangeiros (os legisladores, por exemplo), incorporando assim a gestão desses atores externos à network dos negócios. Abordagem Cultural Cultura é um mecanismo de diferenciação e integração. O caráter multinacional das corporações cria uma complexidade cultural, ocasionando conflitos e confusões que fazem parte da interação entre indivíduos e grupos, e estes não possuem os mesmo códigos culturais. A diversidade cultural também pode ser uma vantagem para a corporação. Abordagem Cultural A multinacionais possuem uma marca cultural, que se refere à sociedade de origem. Quanto maior o poder econômico dessa sociedade, mais óbvia é a marca. Corporações com sede em países menores são menos etnocêntricas, e o fluxo de integração cultural pode ser mais simétrico e recíproco. Os dois modelos – homogeneização e resistência cultural – se interpenetram. Um organização com cultura própria pode inspirar lealdade e tender à homogeneização das subsidiárias Abordagem da Barganha A área de Negociações Internacionais (que é uma sub-área das Relações Internacionais) dedica-se a estudar atividades de negócios que atravessam fronteiras nacionais e, por essa razão, se preocupa com as firmas que realizam esses negócios e com as regulações dos governos nacionais, bem como as regulações internacionais no âmbito de organizações supra-nacionais como a OMC Em Negociações Internacionais a intervenção do governo deve ser a questão central e, portanto, a relação entre governos e firmas multinacionais. Vantagens para o país hospedeiro • Acesso a tecnologias e técnicas de gerenciamento superiores • • • Aumento da produção local e geração de empregos Demanda de insumos locais Economias que possuem grandes mercados locais, um oferta abundante de mão-de-obra qualificada, boa infra-estrutura de comunicações e recursos naturais valiosos e abundantes (como petróleo, por exemplo) estão em melhor condição de barganhar e maximizar as concessões dos investidores estrangeiros do que aquelas cuja única vantagem comparativa é a existência de mão-de-obra barata. Desvantagens para o país hospedeiro • Possibilidade de se beneficiar por possuir alguma vantagem diferencial sobre as empresas competidoras locais: • Superioridade tecnológica, gerencial e de marketing • Acesso privilegiado a informações • Acesso privilegiado a determinados insumos sobre os quais tenha domínio na cadeia produtiva mundial • Acesso a maiores volumes de capital • Falta de interesse em transferir para as empresas locais conhecimentos e capacitação tecnológica. • Falta de interesse em localizar fora dos países de origem as atividades que exijam tecnologia e capacidade gerencial mais avançadas. Vantagens para o país de origem • Aumento do lucro de matrizes, que podem ser utilizados para expandir o investimento doméstico em atividades que gerem alto valor agregado e sejam intensivas em tecnologia e capacidade gerencial. • Acesso a novas tecnologias. • Em uma economia globalizada, empresas multinacionais domésticas podem ser os únicos agentes capazes de sustentar a competição local e internacional na produção de bens de alto valor agregado e conteúdo tecnológico, tanto no mercado externo, quanto no mercado local. Desvantagens para o país de origem • Capacidade de mover-se, dentro de certos limites, para locais onde o custo de produção lhes seja mais favorável, o que pode implicar em fechamento de fábricas e dispensa de trabalhadores. • As desvantagens para os países de origem são muito relativas. Relações governo-empresa multinacional e diplomacia triangular • As mudanças na economia global aumentaram a interdependência econômica e alteraram o relacionamento entre Estados e empresas multinacionais: • mudança tecnológica nos transportes e comunicações, permitindo a organização e o gerenciamento global dos sistemas industriais e de distribuição, reduzindo significativamente os custos da globalização dos serviços e dos setores de produção. • desregulamentação dos mercados financeiros e outros serviços, facilitando o IDE. Relações governo-empresa multinacional e diplomacia triangular • mudanças nos métodos de produção e de organização industrial, “fordismo” para o “toytismo” facilitam o operação das empresas em escala global, por meio de redes de alianças corporativas, como as joint-ventures, sub-contratações, licenciamento e os acordos de produção (terceirização da produção). • num contexto onde a mudança tecnológica se acelerou e os recursos financeiros são mais voláteis, os ativos que atraíam IED para os países em desenvolvimento (matériaprima e mão-de-obra) vão perdendo seu valor. Relações governo-empresa multinacional e diplomacia triangular • A maioria dos governos dos países em desenvolvimento entende que, sem atrair IED, será muito difícil obter acesso a capital, tecnologia e mercado internacional. • Na relação de barganha que se estabelece entre as multinacionais e os governos nacionais, cada lado tenta extrair o máximo de vantagens e concessões da outra parte. • Há um padrão de negociação chamado “padrão de barganha obsolescente”, em que a empresa se encontra em posição mais forte antes de investir e consegue extrair o máximo de concessões, mas perde esse poder depois do investimento ter sido feito na economia hospedeira. Relações governo-empresa multinacional e diplomacia triangular • Estados competem mais por geração de riqueza dentro do próprio território do que por poder no sistema internacional. • O surgimento de novas formas de competição global influencia a forma como os Estados nacionais competem por riqueza. • Países pequenos e menos desenvolvidos enfrentam barreiras para ter acesso às indústrias sujeitas à competição global. • As mudanças anteriores deram origem à “diplomacia triangular”: estados e multinacionais passam a negociar entre si. • As novas dimensões diplomáticas ampliaram as opções políticas e administrativas tanto dos governos quanto das firmas. • Tais mudanças mudaram os resultados da nova diplomacia. Relações governo-empresa multinacional e diplomacia triangular Fonte: Guedes, A. L. 2007, p.85 Políticas Nacionais e Estratégias das Multinacionais • Estratégias industriais são planos do governo para alocar recursos, com a intenção de atingir objetivos econômicos nacionais a longo prazo, inclusive crescimento e competitividade internacional. • A estratégia industrial afeta a estratégia das multinacionais quando faz com que firmas se desviem dos seus critérios estratégicos préestabelecidos. Políticas Nacionais e Estratégias das Multinacionais • Os parâmetros que norteiam as estratégias do governo e das multinacionais são: • a especificidade dos instrumentos utilizados pelos estado (políticas horizontais e verticais) • os graus de liberdade que os governos têm para introduzir políticas consistentes com seus objetivos. • as escolhas estratégicas das firmas dadas as capacidades do Estado. Bibliografia CHESNAIS, F. A Mundialização do Capital. São Paulo: Editora Xama, 1996. GILPIN, R. A Economia Política das Relações Internacionais. Brasília: Editora UNB, 2002. GUEDES, A. L. Negócios Internacionais. São Paulo: Thomson Learning, 2007. GUEDES, A. L. Negócios intenacionais e gestão internacional:evolução do campo teórico. In OLIVEIRA JÚNIOR, M. A. (ORG.) Multinacionais Brasileiras. Internacionalização, Inovação e Estratégia Global. Porto Alegre: Bookman, 2010. p. 21-38. HEMAIS, C. (org). O Desafio dos Mercados Externos. Rio de Janeiro: Mauad, 2005.